REVISTA
BRASILEIRA
DE
ANESTESIOLOGIA
PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologia www.sba.com.brARTIGO
CIENTÍFICO
Estudo
comparativo
entre
cloridrato
de
benzidamina
em
gel,
lidocaína
a
5%
em
gel
e
lidocaína
a
10%
em
spray
no
balonete
do
tubo
endotraqueal
em
relac
¸ão
à
dor
de
garganta
pós-operatória
Nashwa
Abdallah
Mekhemar
a,∗,
Ahmed
Samy
El-agwany
b,
Wafaa
Kamel
Radi
ae
Sherif
Mohammed
El-Hady
aaDepartmentofAnaesthesiaandSurgicalIntensiveCare,FacultyofMedicine,UniversityofAlexandria,Alexandria,Egito bDepartmentofObstetricsandGynaecology,FacultyofMedicine,UniversityofAlexandria,Alexandria,Egito
Recebidoem18dejunhode2014;aceitoem10desetembrode2014 DisponívelnaInternetem15demarçode2016
PALAVRAS-CHAVE Dordegarganta; Benzidamina; Lidocaína; Tuboendotraqueal
Resumo Adordegargantapós-operatória(DGPO)éumacomplicac¸ãocomumapósaintubac¸ão traqueal.Emseguidaaesseprocedimento,aincidênciadedordegargantavariade14,4a50%. Oobjetivo doestudofoicompararosefeitosdaaplicac¸ãodecloridratodebenzidamina em gel,lidocaína a5% em gel e lidocaína a10% em spray nobalonete do tubo endotraqueal, noquediz respeitoà dordegargantapós-operatória.Opresente estudofoi feitocom124 pacientesinternadosemhospitaisuniversitáriosdeAlexandriaparacirurgiadefixac¸ãolombar quenecessitavamdeanestesiageral.Ospacientesforamaleatoriamentealocadosemquatro grupos.Procedeu-seàaplicac¸ãodecloridratodebenzidaminaemgel,cloridratodelidocaínaa 5%emgel,cloridratodelidocaínaa10%emsprayousalinanormalnosbalonetesdoTETantes daintubac¸ãoendotraqueal.Ospacientesforamexaminadosparadordegarganta(nenhuma, leve,moderadaouintensa)a0,uma,seis,12e24horasapósaextubac¸ão.Osresultadosforam coletados,analisadoseapresentadosemtabelasefiguras.AmaiorincidênciadeDGPOocorreu seishorasapósaextubac¸ãoem todososgrupos.Houveincidênciasignificativamentemenor deDGPOnogrupo debenzidaminaversusgruposdelidocaína a5%em gel,lidocaínaa10% em sprayesalinanormal.Ogrupotratadocombenzidaminaexibiureduc¸ãosignificativana intensidadedaDGPO,emcomparac¸ãocomosgruposdelidocaínaa10%,lidocaínaa5%esalina normalnopontonotempodeobservac¸ão.Emcomparac¸ãocomlidocaínaa5%,ogrupotratado comlidocaína a10%exibiuincidênciaeintensidadesignificativamenteaumentadasnaDGPO apósaextubac¸ão.Em comparac¸ãocomsalinanormal,ogrupo tratadocomlidocaínaa10% exibiumaiorincidênciadeDGPO.Nãoforamobservadasdiferenc¸assignificativasentregrupos
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:Nashwaabdallah287@gmail.com(N.A.Mekhemar). http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2016.02.011
quantoaefeitoscolateraislocaisousistêmicos.Assim,emconclusão,ousodecloridratode benzidaminaemgelnobalonetedoTETéummétodosimpleseeficazparareduziraincidência e agravidadeda DGPO.Deve-seevitar aaplicac¸ãode lidocaínaa10% emspray, devidoao agravamentodaDGPO,vistoterocorridoaumentonaincidência,masnãonaseveridade,em relac¸ãoàlidocaínaa5%emgel.Aaplicac¸ãodelidocaínaa5%nobalonetedoTETnãoimpede aocorrênciadaDGPO,masasuaaplicac¸ãooferecemelhoresresultadosdoquelidocaínaa10% emspray,ousoluc¸ãosalina.
©2014SociedadeBrasileira deAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todosos direitosreservados.
KEYWORDS Sorethroat; Benzydamin; Lidocaine; Endotrachealtube
Comparativestudybetweenbenzydaminehydrochloridegel,lidocaine5%geland lidocaine10%sprayonendotrachealtubecuffasregardspostoperativesorethroat
Abstract Postoperativesorethroatisacommoncomplicationafterendotrachealintubation. Aftertrachealintubation,theincidenceofsorethroatvariesfrom14.4%to50%.Theaimofthe studywastocomparebetweenbenzydaminehydrochloridegel,lidocaine5%gelandlidocaine 10% sprayonthe endotrachealtubecuff asregardspostoperative sorethroat. Thepresent studywascarriedouton124patientsadmittedtoAlexandriauniversityhospitalsforlumbar fixationsurgeryrequiringgeneralanesthesia.Patientswererandomlyallocatedinto4groups. Benzydamine hydrochloridegel,5%lidocainehydrochloridegel,10%lidocainehydrochloride spray,ornormalsalinewereappliedonendotrachealtubecuffsbeforeendotracheal intuba-tion.Thepatientswereexaminedforsorethroat (none,mild,moderate,orsevere)at0,1, 6,12,and24hafterextubation.Theresultswerecollected,analyzedandpresentedintable andfigure.Thehighestincidenceofpostoperative sorethroatoccurredat6hafter extuba-tioninallgroups.Therewasasignificantlylowerincidenceofpostoperativesorethroatinthe benzydaminegroupthan5%lidocainegel,10%lidocainespray,andnormalsalinegroups.The benzydaminegrouphadsignificantlydecreasedseverityofpostoperativesorethroatcompared withthe10%lidocaine,5%lidocaine,andnormalsalinegroupsatobservationtimepoint. Com-paredwiththe5%lidocainethe10%lidocainegrouphadsignificantlyincreasedincidenceand severityofpostoperativesorethroatafterextubation.Comparedwithnormalsalinethe10% lidocainegrouphadincreasedincidenceofpostoperative sorethroat.Therewereno signifi-cantdifferencesamonggroupsinlocalorsystemicsideeffects.Soinconclusion,benzydamine hydrochloridegelontheendotrachealtubecuffisasimpleandeffectivemethodtoreducethe incidenceandseverityofpostoperativesorethroat.Applicationof10%lidocainesprayshould beavoidedbecauseofworseningofpostoperativesorethroatwhereincidenceincreasedbut nottheseverityinrelationto5%lidocainegel.Applying5%lidocaineontheendotrachealtube cuffdoesnotpreventpostoperativesorethroatbutitsapplicationisbetterthanlidocaine10% sprayorsaline.
© 2014SociedadeBrasileirade Anestesiologia.Publishedby ElsevierEditoraLtda.Allrights reserved.
Introduc
¸ão
Adordegargantaéumaqueixacomumnopós-operatório. Aincidênciadedordegargantavariade14,4%a50%após a intubac¸ão traqueal e de5,8% a 34% após a inserc¸ão de máscaralaríngea.Amaiorincidênciadedordegargantaede outrossintomasrelacionadosàsviasaéreastendeaocorrer empacientesqueforamsubmetidosàintubac¸ãotraqueal.1
As complicac¸ões relacionadas à intubac¸ão traqueal podemserclassificadascomoimediatas,precocesetardias. Sabe-se bem que a intubac¸ão prolongada pode ter con-sequênciasgraves, massabe-semenosque umaintubac¸ão sem intercorrênciapara procedimentocirúrgico de rotina também pode causar alterac¸ões patológicas que podem
forneceruma baseorgânica para sintomasdedor de gar-gantanopós-operatório.2
Vários métodos farmacológicos foram sugeridos para reduzir a dor de garganta no pós-operatório (DGPO), incluindo inalac¸ão de beclometasona; aplicac¸ão de lido-caína spray ou gel de lidocaína ao tubo endotraqueal (TET);administrac¸ãodeaspirina,cetaminaoucloridratode benzidamina.3
soluc¸ãotópicaparaanestesiadeviaaéreasuperiorantesde intubac¸ãocomopacienteacordado.3
Namaioria doscasos,asqueixasdedordegargantano pós-operatório se resolvem espontaneamente, sem trata-mentoespecífico.Em casosmoderadosagraves,podeser benéficotratar a dor e a disfagia com umgargarejo con-tendoum fármaco, como cloridrato de benzidamina, que estáaprovadoparaotratamentosintomáticodadorde gar-gantaaguda.4
Cloridratodebenzidaminaéumagenteanti-inflamatório nãoesteroidetópicoquetambémtematividadeanestésica local.5 O cloridrato de benzidamina tem um pH alcalino,
o que significaque o fármaco ficaconcentrado notecido inflamadoeháumaabsorc¸ãosistêmicamínima.5
Relatou-sequeadordegargantamoderadaagravepode serresolvidacomgargarejodecloridratodebenzidamina.6
Relatou-se que o uso preventivo de cloridrato de benzi-damina tópicoaplicado na cavidade orofaríngea antes da intubac¸ãoendotraquealouantesdaintubac¸ãoendotraqueal econtinuamentepor48horasdepós-operatóriodiminuiua incidênciaegravidadedaDGPOapósainserc¸ãodoTETeda máscaralaríngea.6
Objetivodoestudo
O objetivo doestudo foi fazer umacomparac¸ão entre os efeitosdecloridratodebenzidaminaemgel,lidocaínaa5% emgelelidocaínaa10%emspraynobalonetedoTETpara DGPO.
Métodos
Opresenteestudofoiconduzido com124pacientes inter-nadosemhospitaisuniversitáriosdeAlexandriasubmetidos àcirurgiadefixac¸ãointerna decolunalombarquerequer anestesiageral.
Critériosdeinclusão
Pacientes com estado físico ASA Iou II, de acordo com a
classificac¸ão daSociedadeAmericana deAnestesiologistas (ASA),submetidos à cirurgiade fixac¸ão interna de coluna lombarsobanestesiageral.
Critériosdeexclusão
Históriadedordegargantanopré-operatório,maisdeuma tentativade intubac¸ão,grau de Mallampati> 2,alergia a cloridratodebenzidaminaoulidocaínaetabagismo.
Após aaprovac¸ãodoComitê deÉticalocal e obtenc¸ão dostermosdeconsentimentoinformado,ospacientesforam categorizadosdeformaaleatória,comométodode envelo-peslacrados,emquatrogrupos(31cada):
GrupoI:obalonetedoTETfoilubrificadocomcloridrato debenzidaminaemgel.
GrupoII:obalonetedoTETfoilubrificadocomcloridrato delidocaínaa5%emgel.
Grupo III:obalonetedoTETfoiborrifadocomcloridrato delidocaínaa10%emspray.
GrupoIV:obalonetedoTETfoiborrifadocomsoro fisioló-giconormal(grupocontrole).
Aanestesiafoiinduzidacom2-3g.kg−1defentanile
2-2,5mg.kg−1depropofol.Aintubac¸ãotraquealfoifacilitada por0,6mg.kg−1derocurônioeatraqueiafoiintubadacom TETestéril decloretodepolivinil,combalonete debaixa pressão.Obalonetefoiinsufladocomareapressãofoi man-tidaem20cmH2Ocomummedidor.Aanestesiafoimantida com isoflurano a 1,2% (CAM) e incrementos de fentanil e rocurônio.
Amonitorac¸ãoconsistiu em eletrocardiografiadecinco derivac¸ões, pressão arterial não invasiva, oximetria de pulso, temperatura nasofaríngea e dióxido decarbono no fimdaexpirac¸ão,quefoimantidoentre30e35mmHg.No fimdacirurgia,orelaxamentomuscularfoirevertidocom o uso de uma combinac¸ão de neostigmina (0,05mg.kg−1) e atropina (0,02mg.kg−1). Após uma suave aspirac¸ão das secrec¸ões orais por um cateter de succ¸ão de 12F, os pacientes foram extubados e transferidos para a sala de recuperac¸ãopós-anestésica.
Asseguintesvariáveisforamregistradas:
- Idade,sexo,pesoealturadospacientes. - Durac¸ãodacirurgia.
- Consumototaldefentanil. - Sinaisvitais.
- Analgesianopós-operatório.
- Potenciaisefeitos colaterais associadosàintubac¸ão tra-queal.
ADGPOfoiavaliadaem(0horas)apósarecuperac¸ão com-pletae,posteriormente,emum,seis,12e24horasapósa extubac¸ão,comumaescalade4pontos(0-3):70-semdorde
garganta;1-dordegargantaleve(queixadedordegarganta somentequandoquestionado);2-dordegargantamoderada (queixadedordegargantasemserquestionado);3-dorde gargantagrave(mudanc¸adevozourouquidão,associadaà dordegarganta).
Resultados
Asidadesdospacientesvariaramde35a60anosnoGrupoI,
commédiade48,74±6,21anos;de39a61anosnoGrupoII,
commédiade49,55±6,81anos;de35a60anosnoGrupoIII,
commédiade48,39±6,49anosede40a61anosnoGrupo
IV, com média de49,84±6,08 anos. Não houve diferenc¸a
significativaentreasmédiasdeidadenosquatrogrupos. Asporcentagensdepacientesdosexofemininoe mascu-lino,respectivamente,nosgruposforamasseguintes:67,7% e32,3%noGrupoI;58,1%e41,9%noGrupoII;61,3%e38,7%
noGrupoIIIe58,1%e41,9%noGrupoIV.Nãohouvediferenc¸a
significativaentreosgrupos.
Opesodospacientesvarioude82a130kgnoGrupoI,com
médiade97,77±10,57kg;de82a120kgnoGrupoII,com
médiade97,32±9,36kg; de70a120kgnoGrupoIII,com
médiade93,90±11,30kg,ede79a120kgnoGrupoIV,com
médiade95,32±8,87kg. Nãoouve diferenc¸asignificativa entreosgrupos.
Aalturadospacientesvarioude160a189cmnoGrupoI,
commédiade171,94±7,51cm;de160a183cmnoGrupoIII,
commédiade172,19±6,95cm,ede163a185cmnoGrupo
IV,commédiade173,26±6,56cm.Nãohouvediferenc¸a
sig-nificativaentreosgruposemrelac¸ãoàaltura.
Adurac¸ãodacirurgiavarioude60a110minutosnoGrupo
I,commédiade77,74±12,30;de63a113 noGrupoII,com
médiade76,29±8,94;de65a110noGrupoIII,commédia
de74,65±8,85,ede70a100minnoGrupoIV,commédia
de80,65±9,64min.Nãohouvediferenc¸asignificativaentre osgruposemrelac¸ãoàdurac¸ãodacirurgia.
Adosetotaldefentanilvarioude200a350gnoGrupo I,commédiade245,81±39,73;de200a300noGrupoII,
commédiade245,81±41,78;de200a300noGrupoIII,com
médiade237,10±34,08,e de200a350noGrupo IV,com
médiade251,61±45,61.Nãohouvediferenc¸asignificativa entreosgrupos.
A frequênciacardíaca dos pacientesvariou de 70 a 80 bpmnoGrupoI,commédiade74,03±4,17;de68a83no GrupoII,commédiade74,90±5,26;de70a 78noGrupo III,com média de74,06±3,24, e de 70 a80 noGrupo IV,
commédiade76,23±3,29.Nãohouvediferenc¸a significa-tivaentreosgruposemrelac¸ãoàfrequênciacardíaca.
Apressãoarterialsistólicadospacientesvarioude100a 120mmHgnoGrupoI,commédiade110,97±8,31,de100 a120noGrupoII,commédiade115,16±5,70,de100a120 noGrupoIII,commédiade111,29±7,18,ede100a120no
GrupoIV,commédiade110,32±8,36.Nãohouvediferenc¸a significativaentreosgrupos em relac¸ão àpressão arterial sistólica.
Apressãoarterial diastólicados pacientesvariou de70 a80mmHgnoGrupo I, commédia de73,87±4,95,de 60 a 80 noGrupo II, com médiade 73,55±6,61, de 70 a 90 noGrupo III,com média de75,81±5,64, e de70 a84 no
GrupoIV,commédiade76,94±4,81.Nãohouvediferenc¸a significativaentreosgrupos em relac¸ão àpressão arterial diastólica.
A temperatura dos pacientes variou de 35,80 a 36,50 graus noGrupo I,com média de36,15±0,27, de 35,80 a 36,50noGrupo II, commédiade36,18±0,27,de35,90 a 36,50noGrupoIII,commédiade36,18±0,21,e de35,70 a36,50noGrupoIV,commédiade36,24±0,26.Nãohouve diferenc¸asignificativaentreosgruposemrelac¸ãoà tempe-ratura.
ASpO2dospacientesvarioude98a100mmHgnoGrupo
I,commédiade99,03±0,87,de98a100noGrupoII,com
médiade98,97±0,71,de98a100noGrupoIII,commédia
de99,19±0,79,ede98a100noGrupoIV,commédiade
98,90±0,83.Nãohouvediferenc¸asignificativaentreos gru-posemrelac¸ãoàSpO2.
A incidência de dor gargantanos pacientesdo Grupo I
foi aseguinte: em 0h 6,5% +ve, em 1h 9,7% +ve, em 6h 16,1%+ve,em12h6,5%+veeem 24h 3,2%+ve.Todosos casosobtiveram grau 1de gravidade.Aincidência de dor degargantanospacientesdoGrupoIIfoi:em0h9,7%+ve,
em 1h 19,4%+ve,em 6h 32,3% +ve,em 12h 19,4%+vee em24h16,1%+ve.Oscasosobtiveramgrau1degravidade, excetoem6e12h,quandotodososcasosobtiveramgrau2 degravidade.Aincidênciadedordegargantanospacientes doGrupoIIIfoiaseguinte:em0h19,4%+ve,em1h32,3%
+ve,em6h45,2%+ve,em12h38,7%+veeem24h25,8% +ve.Oscasosobtiveramgrau1degravidade,excetoem 6 e12h,quandotodososcasosobtiveragrau2degravidade.
Aincidência dedordegargantanospacientesdoGrupoIV
foiaseguinte:em0h19,4%+ve,em1h25,8%+ve,em6h 38,7%+ve,em12h32,3%+veeem24h19,4%+ve.Oscasos obtiveramgrau1degravidadeem0hegrau2degravidade emuma,seis,12e24h.
Não houve diferenc¸a significativa entre os grupos em relac¸ãoàincidência dedordegargantaem 0h, emboraa relac¸ãoentreosgrupostenhasidoGrupoI<II<III=IV.Houve
diferenc¸a significativa entre os grupos I e III em 1h, mas
a diferenc¸a não foi significativa entre os outros grupos, emboraarelac¸ãoentreosgrupostenhasidoGrupoII<III>IV.
Houvediferenc¸asignificativaentreosgruposI,IIIeIVemseis
e12h,quandohouvemenoscasosnoGrupoI,masnãohouve
diferenc¸a significativa entre os outros, embora a relac¸ão entreosgrupostenhasidoGrupoII<III>IV.Amaior
incidên-ciadeDGPOocorreuem 6hapósaextubac¸ãoemtodosos grupos.
Nãohouvediferenc¸asignificativaentreosgruposem0h, quandotodososcasosobtiveramgrau1degravidade.Houve diferenc¸asignificativaem1hentreostrêsprimeirosgrupos eoGrupoIV,quandotodososcasosdessegrupoobtiveram
grau2eosoutros,grau1.Houvediferenc¸asignificativaem seise12hentreosgrupos,quandotodososcasosnoGrupo
Iobtiveramgrau1eosoutros,grau2.Nãohouvediferenc¸a
significativaentreosgruposem4h,quandotodososcasos noGrupoIVobtiveramgrau2eosoutros,grau1.
A dose de petidina variou de 40 a 60mg no Grupo I,
com média de48,87±6,02, de40 a 60 noGrupo II, com
médiade48,23±5,71,de35a60noGrupoIII,commédia
de47,26±6,56, ede 40a 60 noGrupo IV,com médiade
47,10±4,79.Nãohouvediferenc¸asignificativaentreos gru-posemrelac¸ãoàpetidinacomoanalgesianopós-operatório. OsefeitosadversosnospacientesdoGrupoIforam:
náu-seae vômito(19,4%);tosse(9,7%);rouquidão eboca seca (29,5%e58,1%).GrupoII:náuseaevômito(30%);tosse(20%);
rouquidãoebocaseca(50%e70%).GrupoIII:náuseaevômito
(32%);tosse(25%);rouquidãoebocaseca(55%e72%).Grupo
IV: náuseae vômito (33%); tosse (26%); rouquidão e boca
seca(57%e73%).Nãohouvediferenc¸asignificativaentreos gruposemrelac¸ãoaefeitosadversos.
Análiseestatística
Osdadosforaminseridosnocomputadoreanalisadoscomo programadaIBMSPSSversão20.08,9.Acomparac¸ãoentre
os diferentes grupos em relac¸ão às variáveis categóricas foifeitacomo testedoqui-quadrado.Quandoseesperou que umadas células apresentasse contagem inferior a 5, acorrec¸ãodoqui-quadradofoifeitocomotesteexatode Fisheroucorrec¸ãodeMonteCarlo.
Asdistribuic¸õesdasvariáveisquantitativasforam testa-dasparanormalidadecomostestesdeKolmogorov-Smirnov, deShapiro-Wilk edeD’Agostino,alémdohistogramaedo gráficoQQparaumtestevisual.Quandohouvedistribuic¸ão normal dos dados, testes paramétricos foram aplicados. Seosdadosfossemanormalmentedistribuídos,testes não paramétricoseramusados.
Para dados distribuídos normalmente, a comparac¸ão entre os diferentes grupos foi analisada com o teste F
0 2 4 6 8 10 12 14 16 Grupo IV Grupo III Grupo II Grupo I
Número de casos
0 hr
1 hr
6 hr
Figura1 Comparac¸ãoentreos diferentesgruposestudados emrelac¸ãoàincidênciadedordegargantanosintervalosde0, uma,seis,12e24h.
testedeKruskal-Wallis foiusadoparaacomparac¸ãoentre osgruposeparaaanáliseposthocotestedeMann-Whitney foiusado.
Osresultadosdotestedesignificânciaforamexpressos comoprobabilidadesbicaudais.Asignificânciados resulta-dosobtidosfoijulgadanonívelde5%.
Discussão
Deacordocomosresultadosdesteestudo,amaior incidên-ciadeDGPOocorreunasextahoraapósaextubac¸ão,mas nãonaprimeirahora.Adordegargantanasprimeirashoras apósaextubac¸ãopodesermascaradapelosefeitos analgé-sicosresiduaisapósaanestesiageraloupelocontroledador nopós-operatório.
Nãohouvediferenc¸asignificativaentreosgruposquanto à incidência de dor degarganta em 0h. Houve diferenc¸a significativaentreosgrupos Ie IIIem1h. Houvediferenc¸a
significativaentreosgruposI,IIIeIVemseise12h.Amaior
incidência deDGPO ocorreu em 6h após a extubac¸ão em todososgrupos(fig.1etabela1).
Houvemaiscasoscomgrausériodedordegargantaem nossoestudonoGrupoIIIdoquenoGrupoII,oquepodeser
atribuídoaotamanhopequenodenossaamostraetambém aomododiferentedeaplicac¸ãodelidocaínacomirritac¸ão damucosacometanoleoutros.10,11
Não houve diferenc¸a significativa entre os grupos em relac¸ãoàgravidadeem0h, quandotodososcasos obtive-ramgrau1.Houvediferenc¸asignificativaemuma,seis,12 e 24h entregrupos, quando houve menor gravidade com benzidaminaemaiorgravidadecomlidocaínaa10%.Outros achados do trabalho apresentaram diferenc¸a significativa entreogrupobenzidaminaeosoutrostrêsgruposemtodos ostemposmensurados.Houvediferenc¸asignificativaentre lidocaínaa10%elidocaínaa5%.Houvediferenc¸a significa-tivatambémentrelidocaínaa10%esorofisiológico.Houve maiscasoscomgrausériodegravidadeemnossosgruposIII
eIV,emrelac¸ãoaoutrosestudos.10,11
Osefeitoscolateraisdousotópicodecloridratode ben-zidaminaincluemdormênciaouqueimac¸ãolocal,sensac¸ão deardor,náuseaouvômito, tosse,bocaseca, desconforto na garganta,sonolência e dor decabec¸a,o que podeser evidente antes da induc¸ão da anestesia. Para evitar tais efeitos adversos, aplicamos o cloridrato de benzidamina nobalonete do TET em vez da aplicac¸ão tópica na cavi-dadeorofaríngeanoperioperatório.Descobrimos queessa
abordagem proporcionouexcelente prevenc¸ão de DGPOe reduziusuaincidênciaem50%emrelac¸ãoaosorofisiológico oulidocaínaa10%emspray.12
Portanto,a aplicac¸ão de cloridrato debenzidamina no balonete doTETpodeserummétodosimples eeficaz de atenuaraincidênciaegravidadedaDGPOapósaintubac¸ão traqueal.Aaplicac¸ãodelidocaínaemspraynacavidade oro-faríngeaantesdaintubac¸ãopareceaumentaraincidência dedordegarganta.13,14Nesteestudo,tambémdescobrimos
queborrifarlidocaínaa10%sobreobalonetedoTETtambém aumentouagravidadedaDGPOemcomparac¸ãocom lido-caínaa5%emgelousorofisiológico.Asoluc¸ãodelidocaínaa 10%contémetanol,polietilenoglicol400,mentolesacarina comoaditivosnosolvente,enquantoasoluc¸ãodelidocaína a5%queusamoscontémcloretodesódiocomoaditivo.De fato,tantoomentol quantoo etanolpodemirritare cau-sardanosàmucosatraqueale,assim,levaraoaumentoda gravidadedaDGPO.Soltani15relatouqueousodelidocaína
intrabalonete(balonetedeTETpreenchidocom7-8mLde lidocaína a2%por90minutosantesdaintubac¸ãoe preen-chidosnovamentecomosuficientedelidocaínaa2%apósa intubac¸ão)foisuperioraoborrifotópicodelidocaínaa10% sobreasestruturaslaringofaríngeasousobreaextremidade distal doTETparadiminuir aincidência deDGPO.A lido-caínacomo agentelubrificantepodecausaroaumentode efeitosadversosaodespertardaanestesiae,àsvezes,até a rupturado balonete.A injec¸ão deanestésico local(AL) embaloneteéumatécnicaparadiminuiradoraoengolir. Aalcalinizac¸ãodoALcomaadic¸ãodeNAHCO3aumentaa difusãodoALatravésdaparededobalonete.15
Teoricamente, irritac¸ão química dos aditivos pode ser evitadacomousodelidocaínaintrabalonete.Também des-cobrimosquelidocaínaa5%emgelnãodiminuiuaincidência e a gravidade daDGPO em comparac¸ão com soro fisioló-gico normal. A durac¸ão do efeito analgésicode lidocaína
em spray aplicadasobre amucosaoral é de15minutos.16
Nesteestudo,nofimdacirurgia(médiade180minutosapós aintubac¸ãotraqueal),oefeitoanalgésicodelidocaínaem
sprayjáhaviadesaparecido.Issoprovavelmenteexplicapor
quenãodescobrimosdiferenc¸aentreosgruposlidocaínaa 5%esorofisiológicoemrelac¸ãoàincidênciadeDGPO.
Esteestudomostrouqueaaplicac¸ãodecloridratode ben-zidaminasobreobalonetedoTETpodereduziraincidência e gravidadedeDGPO emcomparac¸ão coma aplicac¸ão de lidocaína a 10%, lidocaína a 5% e soro fisiológico normal. Aplicac¸ão de lidocaína a 10% em spray deve ser evitada devido aoagravamento daDGPO,cuja incidência e gravi-dadeforamaumentadasemrelac¸ãoàlidocaínaa5%ousoro fisiológico.Aaplicac¸ãodelidocaínaa5%nobalonetedoTET nãoprevineaDGPO,masémelhordoquesorofisiológico.
Tabela1 Comparac¸ãoentreosdiferentesgruposestudadosemrelac¸ãoàincidênciadedordegarganta
Incidência/dordegarganta GrupoI GrupoII GrupoIII GrupoIV 2 p
0h
−ve 29(93,5%) 28(90,3%) 25(80,6%) 25(80,6%) 3,477 MCp=0,346
+ve 2(6,5%) 3(9,7%) 6(19,4%) 6(19,4%)
p1 FEp=1,000 FEp=0,255 FEp=0,255
p2 FEp=0,473 FEp=0,473
p3 p=1,000
1h
−ve 28(90,3%) 25(80,6%) 21(67,7%) 23(74,2%) 5,066 p=0,149
+ve 3(9,7%) 6(19,4%) 10(32,3%) 8(25,8%)
p1 FEp=0,473 p=0,029a p=0,096
p2 p=0,246 p=0,544
p3 p=0,576
6h
−ve 26(83,9%) 21(67,7%) 17(54,8%) 19(61,3%) 6,522 p=0,078
+ve 5(16,1%) 10(32,3%) 14(45,2%) 12(38,7%)
p1 p=0,138 p=0,013a p=0,046a
p2 p=0,297 p=0,596
p3 p=0,607
12h
−ve 29(93,5%) 25(80,6%) 19(61,3%) 21(67,7%) 10,377a p=0,016a
+ve 2(6,5%) 6(19,4%) 12(38,7) 10(32,3%)
p1 FEp=0,255 p=0,002a p=0,010a
p2 p=0,093 p=0,246
p3 p=0,596
24h
−ve 30(96,8%) 26(83,9%) 23(74,2%) 25(80,6%) 6,200 p=0,071
+ve 1(3,2%) 5(16,1%) 8(25,8%) 6(19,4%)
p1 FEp=0,195 FEp=0,026a FEp=0,104
p2 p=0,349 p=0,740
p3 p=0,544
2,valordoqui-quadradoparaacomparac¸ãoentreosdiferentesgruposestudados;p1,valor-pparaacomparac¸ãoentreoGrupoIe cadaumdosoutrosgrupos;p2,valor-pparaacomparac¸ãoentreoGrupoIIcomosgruposIIIeIV;p3,valor-pparaacomparac¸ãoentreos gruposIIIeIV;MC,testedeMonteCarlo;FE,testeexatodeFisher.
a Estatisticamentesignificativoemp≤0,05.
terceiralimitac¸ãoéqueosaditivosdasoluc¸ãodelidocaína a 5% e 10% sãodiferentes,o que podeter influenciadoo resultado.
Conclusões
O cloridratode benzidamina em gelaplicadono balonete doTETé ummétodosimplese eficazparareduzir a inci-dênciaegravidadedeDGPOemrelac¸ãoàlidocaínaesoro fisiológico.Aaplicac¸ãodelidocaínaa10%emspraydeveser evitadadevidoaoagravamentodaDGPO,cujaincidênciae gravidadesãoaumentadas.Aaplicac¸ãodelidocaínaa5%em gelnobalonetedoTETnãoprevineaDGPO,masémelhor doquelidocaínaa10%emsprayousorofisiológico.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Referências
1.StridePC. Postoperative sore throat:topicalhydrocortisone. Anaesthesia.1990;45:968---71.
2.StanleyTH,LoeserEA.Minimizingsorethroat[letter;reply]. Anesthesiology.1979;51:488---9.
3.JensenPJ,HommelgaardP,Sondergaard P.Sore throat after operation:influenceoftrachealintubation,intracuffpressure andtypeofcuff.BrJAnaesth.1982;54:453---7.
4.KeaneWM,RoweLD,DennenyJC.Complicationsofintubation. AnnOtolRhinolLaryngol.1982;91:584---7.
5.AgarwalA,NathSS,GoswamiD.Anevaluationoftheefficacyof aspirinandbenzydaminehydrochloridegargleforattenuating postoperativesore throat:aprospective,randomized, single--blindstudy.AnesthAnalg.2006;103:1001---3.
6.OgataJ,MinamiK,HorishitaT.Garglingwithsodiumazulene sulfonatereducesthepostoperativesorethroatafterintubation ofthetrachea.AnesthAnalg.2005;101:290---3.
8.LeslieE,GeoffreyJ.In:JamesM,editor.Statisticalanalysis. Interpretationand uses ofmedical statistics, 4th ed.Oxford
ScientificPublications;1991.p.411---6.
9.KirkpatrickLA,FeeneyBC.AsimpleguidetoIBMSPSSstatistics forversion20.Studented.Belmont,CA:Wadsworth,Cengage Learning;2013.p.115.
10.Huang Yuan-Shiou, Hung Nan-Kai, Lee Meei-Shyuan. The effectiveness of benzydamine hydrochloridespraying onthe endotrachealtubecuffororalmucosaforpostoperativesore throat.IntAnesthResSoc.2010;111:882---6.
11.Hung Nan-Kai, Wu Ching-Tang, Chan Shun-Ming. Effect on postoperative sore throat of spraying the endotra-cheal tube cuff with benzydamine hydrochloride, 10% lido-caine, and 2% lidocaine. Soc Ambul Anesthesiol. 2010;111: 887---92.
12.PassaliD,VolonteM,PassaliGC.Efficacyandsafetyof ketopro-fen lysinesaltmouthwashversus benzydaminehydrochloride
mouthwashinacutepharyngealinflammation:arandomized, single-blindstudy.ClinTher.2001;23:1508---18.
13.Maruyama K,Sakai H,Miyazawa H. Laryngotracheal applica-tionoflidocainesprayincreasestheincidenceofpostoperative sore throat after total intravenous anesthesia. J Anesth. 2004;18:237---40.
14.Hara K, Maruyama K. Effect of additives in lidocainespray on postoperative sore throat, hoarseness and dysphagia aftertotalintravenousanaesthesia.ActaAnaesthesiolScand. 2005;49:463---7.
15.SoltaniHA,AghadavoudiO.Theeffectofdifferentlidocaine applicationmethodsonpostoperativecoughandsorethroat.J ClinAnesth.2002;14:15---8.