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Ruim para fazer negócios - Marcos Cintra
Revista Siderurgia Brasil
Dezembro de 2011
RUIM
PARA FAZER NEGÓCIOS
O Brasil passou dct
120a
para a
126a
posição no
ranking
dos
países com capacidade para atrair negócios, elaborado pelo
Banco Mundial. Isso coloca em evidência problemas amplamente
conhecz'dos, mas cujas soluções são cronicamente p1'0teladas.
Marcos Cintra •
Brasil segue fazendo feio no ranklng dos países mais propícios para atrair negócios. O Banco Mundial publicou
dias atrâs o relatório Ooíng Bus/ness 2012 e, nele,
o país aparece na 126• posiÇão em uma lista
com
183 nações. Na edição do ano passado, a econo-mia brasileira ficou em
120"
lugar. Entre os dez itensconsiderados para a classificação de cada pais no ranking final, a melhor posição do Brasil refere-se
à
obtenção de energia (51" oolocação). Depois vêm a
proteção ao 1nvestidor (79"), a obtenção de crédito
(98"), o registro de propriedade (114°), o
cumpri-mento de contrato {118"},
a
abertura de empresas(120"), o comércio internacional (121"), a concessão de alvarás (127"), a resolução de insolvência (136")
e o pagamento de impostos (150').
A eoooomia brasileira tem sérios obstáculos que
Impe-dem que seu potencial de desenvolvimento seja
con-cretizado.
o
relatÓfiO do Banco Mundial identifiCa há aros questões relevantes que difOJitam a produÇão nopaís, mas nada anda de acordo
com
as necessidadese, assim, o Brasíl segue perdendo oportunidades.
O maior problema brasileiro continua sendo a com· plexidade dos Impostos. segundo o relatório, uma empresa no Brasil gasta em média 2.600 horas no ano para ficar em dia com suas obrigações
tnbutá-イ ゥ ウZセセ@ nセ@ aュヲ|イャセa@ I セエゥョa@ n t·omnn m.érlin ウZセョBG@ ó rio
nallzar seu sistema tributáriO. Alguns avanços isolados foram realizados nos últimos anos, corno o Simples e a CPMF, mas, em seguida, o vício burocrático acabou se 1mpondo e a estrutura retrocedeu.
o
Simples foi umpasso
importante para ヲ。」ゥセ。イ@ avida do empreendedor quando ele foi implantado. em 1997, mas anos depois, essa forma simplificada de
tributação foi signifiCativamente alterada. Foram
cria-das vátias tabelas, novas alíquotas e outros penduri-calhos, que fizeram o imposto único das miCro e
pe-quenas empresas se tornar confuso e de custo mais elevado quando comparado ao sistema original. A CPMF fOi outro
caso
que expôs opoder
daburo-cracia fiscal no país. O "imposto do cheque", o mais
simples e mais barato tnbuto que o Brasil já teve nos últimos anos, foi objeto de uma sórdida campanha política e acabou sendo extinto em :1007. Mesmo com as evidentes qualidades desse tributo, como sua simplicidade e
seu
baixo custo, ele foi colocadopara a
sociedade
como um vilão a ser combatido na estrutura tributária brasileira. Foi um momento impor-tante, que vale a pena ser destacado. para mostrar que a complexidade na área dos impostos predomi-na frente às medidas simplifiCadoras., '""""'' 0 セ@... o ",ovo, ..,.,. ._...,,,.ou, V ' V ' o ' t-'V 1 1 I V V I V U I 1\.I QI Q \,10
382 horas. e nos países da OCDE, o empreendedor despende em média
186
horas por ano para atender as exigências do fiSco.
A burocracia trbutária brasieira
é
uma praga Que exige
um sacrifício descomunal do empreendedor e in1beínlleStimentos.
t
um entrave que gera custos elevadose que compromete a competitividade da produção in· terna. Muitas vezes a sonegação acaba sendo a salda para uma empresa continuar funcionando em meio a tanta insanídado fiscal. O Brasil não consegue raclo·
continua engavetada. Enquanto isso, a burocracia agradece e o trabalhador vai pagando a conta.
' Marcos Cintra
é
doutorem
Eco-nomia pela Universidade Harvard
(EUA), professor titular
e
vice-presidente da Fundaçllo Getulio Vargas. •
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