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Expressão de topoisomerase II alfa e de caspase-3 ativada em lesão intra-epitelial cervical escamosa de baixo grau

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(1)

EXPRESSÃO DE TOPOISOMERASE II

α

E DE CASPASE-3

ATIVADA EM LESÃO INTRA-EPITELIAL CERVICAL ESCAMOSA

DE BAIXO GRAU

Tese apresentada à Universidade

Federal de São Paulo - Escola Paulista

de Medicina para obtenção do título de

Doutor em Ciências

(2)

EXPRESSÃO DE TOPOISOMERASE II

α

E DE CASPASE-3

ATIVADA EM LESÃO INTRA-EPITELIAL CERVICAL ESCAMOSA

DE BAIXO GRAU

Tese apresentada à Universidade

Federal de São Paulo - Escola Paulista

de Medicina para obtenção do título de

Doutor em Ciências

Orientadora: Prof. Dra. Julisa Chamorro Lascasas Ribalta

Co-orientador: Prof. Dr. Ismael Dale Cotrim Guerreiro da Silva

(3)

Coelho, Raquel Autran

Expressão de topoisomerase IIα e de caspase-3 ativada em lesão intra-epitelial cervical escamosa de baixo grau. / Raquel Autran Coelho -- São Paulo, 2008.

xii, 81f.

Tese (Doutorado) Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-graduação em Ciências.

Título em inglês: Expression of topoisomerase II alpha and active caspase-3 in cervical low-grade squamous intraepithelial lesion.

(4)

iii

ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE GINECOLOGIA

Chefe do Departamento:

Prof. Dr. Afonso Celso Pinto Nazário

Coordenador da Pós-graduação em Ginecologia:

(5)

iv

Ao meu querido esposo, Arnaldo,

pelo amor, apoio e enorme paciência sempre

Aos meus pais,

pelo incentivo na busca dos meus ideais

Ao meu filho, Gustavo,

(6)

v

Agradeço a todos aqueles que tornaram possível a realização deste trabalho,

em particular:

Às pacientes, que viabilizaram a execução deste estudo.

À Profa. Dra. Julisa Chamorro Lascasas Ribalta, pelo carinho, competência,

exemplo, e particularmente pela amizade e incentivo à vida acadêmica.

Ao Prof. Dr. Ismael Dale Cotrim G. da Silva, pela orientação e participação

fundamental na origem deste trabalho, além dos inúmeros incentivos durante

vários momentos desta trajetória.

Ao Prof. Dr. Edmund Chada Baracat e ao Prof. Dr. Manoel Batista Castello

Girão, exemplos de ética e dedicação à vida acadêmica.

Ao Prof. Dr. José Focchi, pelos sábios ensinamentos em Patologia Cervical e

em Medicina.

Ao Prof. Dr. Gustavo Rubino de Azevedo Focchi, pelos ensinamentos na

avaliação histológica e imunohistoquímica, e pelas orientações preciosas na

elaboração desta tese.

À Profa. Dra. Neila Maria de Góis Speck, pela carinhosa acolhida, pelo

incentivo à pesquisa sempre.

Ao Laboratório de Ginecologia Molecular do Departamento de Ginecologia da

UNIFESP – EPM, em especial à Dra. Naiara Corrêa Nogueira de Souza, que

não mediu esforços para auxiliar na realização da técnica de biologia

molecular.

Às senhoras Sandra de Moraes Fernezlian e Esmeralda Eher, profissionais de

enorme competência e dedicação na tarefa de confeccionar e corar as lâminas

(7)

vi

Ao Prof. Dr. João Aragão Ximenes Filho, pelo auxílio na execução da análise

estatística.

Aos pós-graduandos e residentes do ambulatório de Patologia do Trato Genital

Inferior da UNIFESP-EPM, pela amizade sincera e contribuição na realização

de coleta do material junto às pacientes.

Ao Dr. Francisco Edson de Lucena Feitosa que, apesar de distante, sempre

soube transmitir incentivo e positivismo.

Às secretárias do Departamento de Ginecologia da UNIFESP-EPM, Karim

Martins dos Santos, Valéria Miranda dos Santos Medina, Zélia Maria Gomes

Macedo e Maria Cecília Silva Rocha Santos, pela amizade e apoio constantes.

A todos os professores e funcionários do Departamento de Ginecologia da

UNIFESP-EPM, pelo auxílio e pela amizade conquistada.

A todos que, direta ou indiretamente, estiveram ao meu lado e suportaram as

minhas constantes ausências para completar os meus objetivos.

(8)

vii

Apoio Financeiro

Apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

(9)

viii

Felix qui potuit rerum cognoscere causas

“Feliz daquele que pôde conhecer as causas das coisas”

(10)

ix

Dedicatória... iv

Agradecimentos... v

Listas... ix

Resumo... xii

1. INTRODUÇÃO... 1

2. PROPOSIÇÃO... 18

3. PACIENTES E MÉTODOS... 20

3.1 Pacientes... 21

3.2 Métodos... 21

3.2.1 Método clínico... 21

3.2.2 Método citopatológico... 23

3.2.3 Método colposcópico... 23

3.2.4 Método histopatológico... 23

3.2.5 Método de biologia molecular... 24

3.2.6 Método imuno-histoquímico... 26

3.2.7 Interpretação da expressão imuno-histoquímica... 28

3.2.8 Método estatístico... 30

4. RESULTADOS... 31

5. DISCUSSÃO... 43

6. CONCLUSÕES... 55

7. ANEXOS... 57

8. REFERÊNCIAS... 63

Abstract

(11)

x

Lista de figuras

Figura 1. Fotomicrografia de corte histológico de colo uterino da paciente número 4 mostrando a reação imuno-histoquímica da

topoisomerase IIα (400x)... 29 Figura 2. Fotomicrografia de corte histológico de colo uterino da paciente

número 27 mostrando a reação imuno-histoquímicada caspase-3 ativada (400x)... 29 Figura 3. Distribuição da imunoexpressão de topoisomerase IIα nas

pacientes do grupo de casos e de controles... 32 Figura 4. Curva ROC para imuno-histoquímica de topoisomerase IIα... 34 Figura 5. Fotografia da placa de eletroforese em gel de agarose 2% /

brometo de etídio mostrando os produtos de PCR do Gp5/Gp6... 37 Figura 6. Fotografia da placa de eletroforese em gel de agarose 2% /

(12)

xi

Lista de tabelas

Tabela 1. Distribuição das pacientes segundo a expressão imuno-histoquímica

para caspase-3 ativada... 35 Tabela 2. Distribuição das pacientes segundo a expressão imuno-histoquímica

para topoisomerase IIα e para caspase-3 ativada... 35 Tabela 3. Distribuição das pacientes segundo a infecção por DNA-HPV... 36 Tabela 4. Distribuição das pacientes segundo a média de expressão

imuno-histoquímica para topoisomerase IIα e a presença de DNA-HPV... 39 Tabela 5. Distribuição das pacientes segundo a expressão imuno-histoquímica

para caspase-3 ativada e a presença de DNA-HPV... 39 Tabela 6. Distribuição de pacientes infectadas por DNA-HPV nos grupos caso e

controle, de acordo com a expressão de topoisomerase IIα e caspase-3 ativada... 40 Tabela 7. Distribuição de idade, paridade, coitarca, número de parceiros, tabagismo

e contracepção hormonal entre os grupos de pacientes com LBG e sem LBG... 41 Tabela 8. Distribuição de idade, tabagismo, uso de contracepção hormonal, PCR e

imuno-histoquímica para topoisomerase IIα e caspase-3 ativada entre pacientes com regressão e não regressão da lesão em seguimento de

(13)

xii DD domínio de morte

DED domínio efetor de morte

DNA ácido desoxirribonucléico

E1,E2,E3,

E4,E5,E6,E7 genes “early” do HPV

EBV Epstein-Barr vírus

Fas “fibroblast associated”

HER-2 receptor de crescimento epidérmico humano 2

HIV vírus da imunodeficiência humana

HPV papilomavírus humano

HSV herpes vírus humano

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IC 95% Intervalo de confiança de 95%

IL interleucina

INCA Instituto Nacional do Câncer

Ki-67 antígeno imuno-histoquímico de proliferação

L1, L1 genes “late” do HPV

LAG lesão de alto grau

LBG lesão de baixo grau

LCR “long control region”

NIC neoplasia intra-epitelial cervical

p53 proteína do gene 53

pRb proteína do gene retinoblastoma

PCNA antígeno nuclear de proliferação celular

PCR reação de polimerase em cadeia

RNA ácido ribonucléico

TH-1 linfócito T helper tipo 1

TH-2 linfócito T helper tipo 2

TNF fator de necrose tumoral

TUNEL terminal deoxynucleotidyl transferase mediated dUTP nick-end labeling method

(14)

xiii

Objetivos: Estudar a expressão imuno-histoquímica de topoisomerase IIα e de caspase-3 ativada, marcadores de proliferação e de apoptose, respectivamente, a

detecção de DNA HPV e a evolução da lesão cervical em mulheres portadoras de

lesão intra-epitelial escamosa de baixo grau (LBG). Métodos: Foram avaliadas 40 mulheres portadoras de LBG e 32 sem neoplasia cervical, diagnosticadas por

exame cito-colpo-histopatológico, quanto à imunoexpressão de topoisomerase IIα e

de caspase-3 ativada e quanto à detecção de DNA HPV por PCR consensual

(GP5+/GP6+) em material de esfregaço cérvico-vaginal. Os achados foram

relacionados às variáveis clínicas das pacientes e à evolução clínica das lesões

cervicais em 12 meses. As pacientes assinaram termo de consentimento livre e

esclarecido. Resultados: A média percentual de células imunomarcadas por topoisomerase foi de 11,71% e 4,13%, no grupo com LBG e controle,

respectivamente, com diferença estatisticamente significante. Observou-se que

houve expressão de caspase-3 em 17 (42,5%) e em 5 (15,63%) pacientes com e

sem LBG, respectivamente, com diferença estatisticamente significante. Foi

detectado HPV DNA em 65% das pacientes com LBG e em 59,4% das pacientes

sem lesão cervical, sem relação com a expressão de topoisomerase IIα ou

caspase-3. Na presença de DNA-HPV, a expressão de topoisomerase IIα no grupo

com LBG foi significativamente maior do que em fragmentos sem lesão. Não foi

observada diferença quanto à evolução da lesão cervical em 12 meses de acordo

com a imunoexpressão de topoisomerase IIα. Com relação à caspase-3 ativada, a

maioria das pacientes com imuno-histoquímica negativa teve regressão da lesão

cervical. Conclusões: A imunoexpressão de topoisomerase IIα e de caspase-3 ativada podem ser considerados marcadores de proliferação e de apoptose em

lesão cervical de baixo grau, sem relação com a presença de DNA-HPV.

Palavras-chave: DNA topoisomerases tipo II, caspase 3, neoplasia

(15)
(16)

O carcinoma de colo uterino é a segunda neoplasia maligna mais

comum entre mulheres no mundo (Parkin et al., 2005). No Brasil, representa a

terceira neoplasia maligna mais comum entre as mulheres e a quarta causa de

morte por câncer em mulheres, com incidência estimada de 18.680 mulheres em

2006, e risco estimado de 19 casos a cada 100 mil mulheres (INCA, 2008). Apesar

da alta incidência e mortalidade, é das neoplasias malignas mais preveníveis, por

meio de detecção precoce da lesão intra-epitelial e da doença microinvasiva.

Em países com boa infra-estrutura de saúde pública e com alta

aderência das mulheres aos programas de rastreamento, a introdução do

exame citopatológico para detecção precoce da neoplasia de colo permitiu

reduzir em dois terços a incidência e a mortalidade por esse câncer

(Monsonego, 2000b; Crum et al., 2003).

A maioria desses tumores parece evoluir em uma seqüência de

lesões displásicas de severidade crescente, as neoplasias intra-epiteliais

cervicais (NIC), que representam os precursores do carcinoma invasor, e são

passíveis de cura (Johnson et al., 1968; Focchi et al., 2000).

Ao longo dessa evolução tem-se a chance de rastrear a doença em

seus diversos níveis, mas falhas na assistência à saúde propiciam o

diagnóstico tardio, principalmente nos países em desenvolvimento.

Baseando-se em registros hospitalares brasileiros, obBaseando-serva-Baseando-se que metade das pacientes

com câncer de colo tem diagnóstico inicial já em estádio avançado (INCA,

2008). Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2005

mostraram cobertura de 68,7% dos casos no exame citopatológico do colo

uterino em mulheres acima de 24 anos de idade, sendo que 20,8% das

mulheres nessa faixa etária nunca tinham sido submetidas ao exame.

O carcinoma cervical escamoso é reconhecido como doença de

transmissão sexual há mais de um século (Villa, 1997). Com o advento

tecnológico de experimentos utilizando DNA recombinante, a associação entre

o papilomavírus humano (HPV) e o câncer cervical uterino pôde ser

confirmada. Esse vínculo é demonstrado em vários estudos, nos quais o vírus

foi encontrado em até 94% das neoplasias intra-epiteliais e em 99,7% dos

carcinomas cervicais (Hildesheim et al., 1990; Walboomers et al., 1999;

(17)

Estudo em nosso meio, utilizando reação em cadeia de polimerase

(PCR), encontrou prevalência de 16% de DNA do HPV em mulheres

assintomáticas (Nonnenmacher et al., 2002). Em análise de citologias

falso-negativas colhidas até seis anos antes do desenvolvimento de câncer cervical

uterino, observou-se DNA de HPV em grande parte dos esfregaços,

especialmente os tipos 16 e 18 (Walboomers et al., 1995).

A infecção por HPV, isoladamente, não é suficiente para que haja

carcinogênese genital. Apenas uma pequena fração de mulheres infectadas pelo

DNA-HPV evolui até lesão de alto grau ou câncer (Southern, Herrington, 1998). Há

necessidade da presença de co-fatores essenciais para que a malignização se

instale em mulheres infectadas pelo HPV-DNA, como persistência do HPV

oncogênico, tabagismo, multiparidade, início precoce da vida sexual, infecção por

outras doenças sexualmente transmissíveis, história de múltiplos parceiros e

deficiência imunológica (Schiffman, 1995; Viscidi, 2002; Schiffman, Castle, 2003).

Além da associação marcante com o HPV, o vínculo do carcinoma

cervical com o herpes vírus humano (HSV) foi aventado há pelo menos duas

décadas, ao se comparar sua presença em tecidos normais e neoplásicos (Zur

Hausen, 1989). Santos (2002), avaliando a presença do vírus Epstein-Barr

(EBV) em lesões cervicais, mostrou associação positiva com lesões de alto

grau e invasoras. Em relação à Clamydia trachomatis, nada foi estabelecido,

pois não se confirmaram evidências moleculares de sua relação com o câncer

de colo (Sasagawa et al., 2000).

O HPV é um vírus icosaédrico, não envelopado, com DNA circular de

dupla-fita. O diâmetro do capsídeo é de 55nm. Seu genoma possui cerca de

8000 pares de bases, e seu peso molecular é de 5,2 x 106 Daltons (Brown, Fife, 1990; Chang, 1990). O DNA circular é dividido em regiões precoce, que

contém os genes E1 a E7, e tardia, com os genes L1 e L2. Há também uma

região regulatória LCR, “Long Control Region”, não codificante. Os genes “L”

codificam proteínas do capsídeo viral, enquanto os genes “E” codificam proteínas

com funções reguladoras da atividade celular, atuando na replicação e transcrição

do DNA, além da proliferação e transformação celular (Schoell et al., 1999; Zur

(18)

Existem mais de 100 tipos virais de HPV descritos até o momento.

Podem ser classificados em dois grupos: os de alto risco, como 16 e 18, e os

de baixo risco oncogênico, como 6, 11, 42, 43 e 44 (Syrjanen, 1989).

A infecção por HPV é comum em mulheres sexualmente ativas, com

prevalência variando de 20 a 60%, mas a maioria dos episódios é de curta

duração, com média de oito meses (Fairley et al., 1994; Hinchliffe et al., 1995;

Ho et al., 1998; Monk, Wiley, 2004). A persistência da infecção por esse vírus

associa-se ao maior risco de desenvolvimento de lesão intra-epitelial,

sobretudo na presença dos tipos virais 16 e 18 (Schlecht et al., 2001).

Richart (1967) organizou as lesões histológicas displásicas cervicais

em graus crescentes de gravidade, isto é, NIC 1, 2 e 3, enfatizando o potencial

evolutivo dessas lesões. Quanto mais intensa a atipia celular, menor seria a

diferenciação e maior o número de mitoses. Posteriormente, Richart e Wright

(1993) agruparam essas mesmas lesões em NIC de baixo e de alto grau,

aproximando-se do Sistema Bethesda. Lesões de baixo grau (LBG) abrangem a

infecção por HPV e a NIC 1. Já as lesões de alto grau (LAG) compreendem as

NIC 2 e 3, que são parecem ser clinicamente semelhantes.

Em lesões cervicais de baixo grau, há fraca relação entre os

achados citológicos e histológicos. Vários fatores podem contribuir para esta

discordância, como: evolução natural da doença que pode ocorrer entre o

exame citopatológico e posterior avaliação colposcópica e histopatológica; erro

de amostra ou de interpretação; e variabilidade intra e inter-observacional no

diagnóstico cito e histopatológico (Lee et al., 1998). Resultados falso-negativos

são mais comuns em LBG do que em LAG, com relatos de até 30% dos

exames citopatológicos (DeMay, 1996). A citologia em meio líquido melhorou a

qualidade da amostra e aumentou a sensibilidade diagnóstica para LBG e LAG

(Biran, Levy, 2004).

O reconhecimento de lesão de baixo grau cervical à colposcopia é

por vezes difícil, pois há alta variabilidade inter e intra-observador. Os achados

mais comuns são acetobranqueamento discreto e fugaz, pontilhado e mosaico

finos, assim como captação incompleta e irregular de iodo (Monsonego 2000c;

(19)

A utilização de técnicas de biologia molecular permite a detecção

direta do DNA de HPV. A escolha do método depende da disponibilidade de

equipamento para diagnóstico, da característica da amostra, da facilidade de

uso laboratorial, da aprovação pelos órgãos controladores de saúde e do custo

(Miranda Pereira et al., 2006). A biologia molecular pode ser empregada em

triagem de alterações citológicas leves, no esclarecimento de resultados

cito-histológicos discordantes, em avaliação de qualidade de laboratório e no

rastreio de infecção persistente por HPV (Monsonego, 2004).

As lesões cervicais por HPV podem regredir, persistir, progredir ou

recidivar. A maioria das infecções é eliminada pelo sistema imunológico dentro

de 12 meses após o contágio, atingindo 92% de regressão em dois anos. O

índice de regressão espontânea aumenta em paralelo à extensão do tempo de

acompanhamento. Já as lesões destinadas à progressão clínica o fazem

rapidamente, não parecendo variar conforme o período de acompanhamento

(Handsfield, 1997).

As lesões NIC 1 regridem espontaneamente em sua maioria.

Aproximadamente 32% delas persistem e 11% evoluem para NIC 3. Somente

1% delas evolui até lesão invasora, diferentemente do que ocorre com 12%

das mulheres com NIC 3 (Ostor, 1993; Syrjanen, 1996). Os fatores que

determinam essa evolução ainda não são bem definidos.

Franco et al. (1999) avaliaram a aquisição e eliminação do HPV em

1.425 mulheres brasileiras. Houve 1,3% de novas infecções pelo vírus por

mês, com duração média de infecção de 13,5 meses para os tipos

oncogênicos, e de 8,2 meses para os não-oncogênicos. Apenas 35% das

mulheres avaliadas permaneceram infectadas após 12 meses.

Os tipos de HPV encontrados nas LBG são: 16 em 30%; 6 e 11 em

20%; e 31,33 e 35 em 25% dos casos. Os outros 25% correspondem, em ordem

decrescente de freqüência, aos tipos 51, 18, 56, 30, 39, 58, 59, 45, 68, 70, 42, 52,

43 e 44 (Nuovo, 1998). Ramael (2003) também observou HPV de alto risco (16,

18, 31, 33, 35, 39, 45, 52, 58, 61, 66, 68) na maioria dos casos (75%) de LBG.

A identificação de um HPV de alto risco nos cânceres de colo não

(20)

das lesões pré-invasoras. Trata-se de um marcador sensível para pacientes de

risco para câncer cervical, mas tem valor preditivo positivo relativamente pobre

para identificar mulheres com lesões pré-invasivas (Wang et al., 2004).

Algumas observações clínicas demonstraram a participação da

imunidade celular no controle das infecções por HPV, como o aumento da

prevalência da infecção pelo HPV em pacientes com deficiência imunológica

de células T (De Sanjose, Palefsky, 2002) e a presença de infiltrado de células

T no local de regressão espontânea dos condilomas e verrugas cutâneas

(Coleman et al., 1994).

A defesa contra organismos estranhos é mediada pela imunidade

inata (inespecífica) e pela específica. A primeira compreende a barreira epitelial

da mucosa vaginal, o muco cervical, a presença dos lactobacilos e das células

fagocitárias, o pH ácido, a reação inflamatória, a ação de citocinas e o sistema

complemento. A resposta inespecífica independe do contato com o agente

infeccioso e protege o organismo temporariamente até que se desenvolva a

imunidade específica. Esta engloba as imunidades humoral e celular, sendo

constituída por linfócitos B, T e “natural killers” (Abbas et al., 2000).

Os linfócitos B produzem anticorpos. Diversas imunoglobulinas estão

presentes nas secreções cérvico-vaginais normais, sendo parte importante na

defesa do hospedeiro pelo bloqueio da aderência do agente nas células

epiteliais da mucosa (Tjiong et al., 2001).

Os linfócitos T reconhecem antígenos associados à superfície das

células. Estes são subdivididos em auxiliares (com glicoproteína de membrana

CD4) e citotóxicos (com glicoproteína de membrana CD8). Os linfócitos

“natural killers” não possuem marcadores de membrana e podem lisar células

infectadas por vírus sem evidente estimulação antigênica. A resposta

imunológica específica pode utilizar células T “helper” 1 (TH-1) ou T “helper” 2

(TH-2). No primeiro caso, predomina a resposta celular, com produção de

interferon gama e interleucina-2 (IL-2). No segundo, a resposta humoral, com

produção de IL-4, IL-5 e IL-10 (Abbas et al., 2000).

O HPV, ao infectar as células epiteliais basais, mantém seu DNA no

(21)

hospedeiro, driblando o sistema imunológico. Após um período de tempo variável,

macrófagos, monócitos e células dendríticas liberam citocinas, fator de necrose

tumoral e várias interleucinas. Isso permite o reconhecimento e a apresentação

do antígeno HPV a linfócitos T indiferenciados. Segue-se a ativação de células T

citotóxicas HPV-específicas e de linfócitos “natural killers”, que promovem a

destruição das células infectadas por HPV (Konya, Dillner, 2001).

1.1 Apoptose

O processo de destruição celular pode ocorrer por apoptose ou por

necrose. Ambos os eventos interferem na dinâmica histopatológica de lesões

teciduais, tais como regressão, persistência ou evolução.

As primeiras evidências de morte celular programada ocorreram há

cerca de 100 anos. O termo apoptose deriva do grego, designando a queda de

folhas de árvores no outono. Por analogia, foi aplicado para perda celular

programada.

O processo de apoptose foi originalmente descrita por Kerr et al. em

1972. Desde então os critérios de reconhecimento citopatológico de apoptose

são: condensação nuclear e citoplasmática, fragmentação nuclear e formação

de corpos apoptóticos com membrana plasmática intacta.

A necrose celular é forma passiva de morte celular, com perda de

integridade da membrana plasmática, reação inflamatória local e ausência de

fragmentação nuclear (Mcconkey et al., 1998).

A apoptose não envolve perda de conteúdo celular para o espaço

extracelular. As células apoptóticas em geral são reconhecidas por macrófagos e

fagocitadas antes que se desintegrem. Desta forma, não há indução de resposta

inflamatória local ou de dano às células adjacentes (Horta, Young, 1999). Ocorre

em inúmeros eventos fisiológicos, como na embriogênese, na homeostase do

sistema imunológico, na diferenciação e renovação de tecidos normais. É

(22)

parece ocorrer, por exemplo, na destruição de neurônios após lesão isquêmica

(Wyllie et al., 1980; Ellis et al., 1991; Raff, 1992; Namura et al., 1998). É

importante mecanismo regulatório da proliferação de células endometrióticas e

de células malignas (Tarkowski et al., 2001).

O controle da imortalização celular depende do equilíbrio entre o

crescimento e a morte celular. A infecção viral estimula a proliferação celular

contínua, enquanto o hospedeiro gera mecanismos de defesa contra a multiplicação

das partículas virais, por ativação de apoptose (Tarkowski et al., 2001).

A indução de apoptose tem sido reconhecida como possível solução

ao dano celular há mais de vinte anos (Wyllie et al., 1980). Os mecanismos

que desencadeiam a apoptose, após dano ao DNA celular, sobrepõem-se

àqueles que iniciam a parada do ciclo celular e o reparo ao DNA. Há muitos

indutores de apoptose, como a supressão de fatores de crescimento (IL-2), a

radiação ionizante, o influxo de íons cálcio, o fator de necrose tumoral (TNF), a

infecção viral e os glicocorticóides (Golstein, 1997).

Em células infectadas por HPV, o genoma viral apresenta-se como DNA

circular extra-cromossomal. Já em células de neoplasias cervicais, o genoma viral

encontra-se integrado ao DNA do hospedeiro. A proteína E2 codificada pelo

DNA-HPV tem efeito importante na integração viral e na defesa do hospedeiro, podendo

gerar sinal pró-apoptótico nos queratinócitos infectados (Webster et al., 2000;

Webster et al., 2001). A proteína E7 também pode induzir a apoptose (Qin et al.,

1994; Field et al., 1996). A expressão da proteína E6, por sua vez, pode bloquear o

sinal apoptótico induzido por E2 e E7, seja por ligação à proteína supressora

tumoral p53 ou por proteólise ubiquitina-dependente (Scheffner et al., 1990;

Werness et al., 1990; Demers et al., 1994; Nair et al., 1999).

A função da proteína p53 em interromper o ciclo celular e permitir o

reparo do DNA já foi bem demonstrada (Ryan et al., 1993; Levine, 1997). A perda

de sua ação foi observada em vários tipos de tumores em humanos. A função

principal da p53 está mais vinculada a apoptose do que à parada do ciclo celular

na fase G1 ou G2, atuando como ativadora da transcrição de genes que codificam

(23)

Estudos experimentais mostraram a influência de oncogenes e genes

de supressão tumoral, como Bcl-2, c-myc, APO-1 (Fas) e p53, tanto no processo

apoptótico tumoral quanto na proliferação celular. A perda de função de

reguladores pró-apoptóticos, como a proteína p53, ou a hiperexpressão de

proteínas anti-apoptóticas, como a Bcl-2, pode favorecer a sobrevivência de

células tumorais após processos terapêuticos baseados em dano ao DNA (Evan

et al., 1992; Arends et al., 1993; Carson, Ribeiro, 1993; Leithauser et al, 1993;

Ramqvist et al., 1993; Cory, 1994; McGahon et al., 1994).

A apoptose envolve a participação de caspases, proteases

pró-apoptóticas da família das cisteinoproteases, mediadoras centrais da cascata

proteolítica que leva à apoptose (Walker et al., 2005). A primeira descrição foi a da

ICE (“interleukin-1b converting enzyme”), hoje conhecida como caspase 1, sem

papel importante na apoptose. As caspases são semelhantes em estrutura,

seqüência de aminoácidos e especificidade ao substrato. Sua ação é complexa,

caracterizada por destruição de proteínas essenciais, ativação de proteínas tóxicas

ou destruição das que protegem a célula contra a apoptose (Horta, Young, 1999).

As caspases, cisteína-aspartato proteases, agem por meio de

clivagem de proteínas, alterando sua função e ativando outras caspases.

Algumas são iniciadoras, como as caspases-2, 8, 9 e 10, ativadas por sinais de

apoptose. Outras são efetoras, como as caspases-3, 6 e 7, ativadas por outras

caspases em cascata após a ruptura da membrana mitocondrial (El-Mahdy et

al., 2005). Uma vez ativadas, as caspases-3 e 7 atuam permeabilizando a

membrana mitocondrial, em alça amplificadora da cascata de ativação de

caspases, gerando lise de proteínas celulares, como polimerases e receptores

de fator de crescimento epidermal. Exercem função de desarranjo na

organização da cromatina e lise de proteínas reguladoras do citoesqueleto

celular, precipitando a apoptose. Dentre as caspases identificadas em

humanos, a caspase-3 é a que melhor se relaciona com o mecanismo de

apoptose (Thorneberry, Lazebnik, 1998; Liang et al., 2001).

Krajewski et al. (1997) observaram imunoexpressão de caspase-3

inversamente proporcional à de Bcl-2 em tecidos linfóides, com marcação

principalmente citoplasmática, mas também podendo ser localizada no núcleo

(24)

O sinal de morte origina-se de dois mecanismos distintos de apoptose:

o tipo I, forma extrínseca, e o tipo II, forma intrínseca. No primeiro, a caspase-8

ativa as caspases-3 e 6 a partir dos receptores de morte. No segundo, a apoptose

ocorre com participação de mitocôndrias, que secretam citocromo c, o qual, por

sua vez, irá ativar as caspases-3, 6 e 9 em cascata (Scaffidi et al., 1999).

A sinalização para sensibilizar a célula para o processo de apoptose

pode começar por diversas proteínas transmembranas, como o elemento Fas

(“fibroblast associated”) e membros de uma grande família de receptores para fator

de necrose tumoral (TNFR). Os receptores de superfície transmitem sinais de

apoptose iniciados por ligantes específicos, permitindo a ativação de caspases em

segundos. O fator de necrose tumoral-α (TNF-α), que se liga ao TNFR, é produzido

principalmente por células do sistema imunológico (Garcia-Velasco et al., 1999). A

dimerização TNFR-TNFα produz alterações em domínios citoplasmáticos de

TNFR, chamados de domínio de morte (DD) e domínio efetor de morte (DED),

que irão disparar a apoptose (Riedl et al., 2004; El-Mahdy et al., 2005).

O segundo mecanismo implica na penetração de moléculas

protéicas, perforinas e granzimas no citoplasma e no núcleo da célula

comprometida (Kondo et al., 2005). Estímulos tóxicos diretos nas mitocôndrias,

como radiação e quimioterápicos, resultam na formação de poros na

membrana externa, o que gera a liberação de citocromo c, que promove

ativação de caspase-9, seguida de ativação de outras caspases efetoras, com

conseqüente fragmentação do DNA (Li et al., 1997).

A mitocôndria atua no evento apoptótico, tanto na indução como na

supressão de sinais pró-apoptóticos, pela ativação de caspases e por

alterações no transporte de elétrons e no potencial celular de

redução-oxidação. Diversas moléculas seqüestradas no espaço intramembranoso da

mitocôndria participam da indução (Bax, Bcl-x, Bak) ou supressão (Bcl-2, BclxL,

Mcl-1) da apoptose. Essas proteínas pertencem à família Bcl-2, que parecem

regular a permeabilidade da membrana mitocondrial. A descoberta do gene

Bcl-2, que provoca resistência à apoptose em linfócitos, foi crucial para o

(25)

Os índices de apoptose em células tumorais permitem predizer a evolução clínica em alguns tumores, sendo os mais estudados os de próstata,

cólon e mama. Além disso, muitas drogas podem destruir células tumorais por meio da ativação de apoptose, contrapondo-se à ação de alterações genéticas

inibidoras de apoptose e geradoras de multiresistência a drogas (Clynes et al., 1998). A menor expressão de caspase-3 pode traduzir resistência à químio e à

radioterapia (Yang et al., 2001).

As proteínas E6/E7 do HPV alteram os índices de apoptose, interferindo na atividade da p53, da pRB e agindo diretamente no DNA da

célula hospedeira. O controle de apoptose, entretanto, pode ocorrer de maneira independente do HPV e da proteína p53 em algumas neoplasias

cervicais (Sheets, Yeh, 1997).

1.2 Proliferação celular

A infecção por HPV parece estimular aumento na atividade proliferativa das células epiteliais, podendo definir uma subpopulação celular predisposta à

transformação maligna. Na análise da proliferação celular, os testes imuno-histoquímicos rotineiros avaliam, dentre outros, os anticorpos monoclonais contra

o antígeno Ki-67 e o antígeno nuclear de proliferação celular (PCNA).

No ciclo de proliferação celular são reconhecidas: fase G1, de repouso aparente, em que a célula decodifica o RNA mensageiro e sintetiza

proteínas; fase S, de síntese, onde há separação e duplicação das alças de DNA; fase G2, em que ocorre síntese protéica e preparo para a fase de mitose

(M), seguida da fase quiescente G0. Para progredir de G0 a G1, as células necessitam de fatores de crescimento.

O antígeno Ki-67 é uma proteína nuclear expressa durante as fases G1

tardia, S, G2 e M, mas ausente em G0 (Cattoretti et al., 1992). O PCNA, por sua vez, é detectado nas fases G0, G1, S, G2 e M; é um indicador menos acurado

que o Ki-67 (McCormick et al., 1993). O uso do PCNA tem sido recentemente questionado, porque pode ser prontamente destruído em fixação prolongada e

(26)

As DNA-topoisomerases são enzimas nucleares presentes em todas

as células, capazes de alterar a morfologia do DNA. Representam 1 a 2% da

proteína total de cromossomos em mitose. Têm estrutura e mecanismo

enzimático bem conhecidos, atuando na condensação, na segregação

cromossômica e na expressão gênica (Hsiang, 1992). São marcadores de

proliferação celular em tecidos normais e neoplásicos (Holden et al., 1995).

Há dois tipos distintos de topoisomerases, I e II, que possuem ação

catalítica em tecidos normais e malignos (McLeod et al., 1994). A atuação de

ambas é necessária para a função celular normal, controlando a configuração

do DNA em eventos de replicação, de recombinação e de transcrição. A

topoisomerase I, de 100-KDa, produz quebras na cadeia simples do DNA e tem

expressão elevada nos tumores de colo uterino e de cólon. A topoisomerase

IIα, de 170-KDa, e a IIβ, de 180-KDa, são enzimas com alta semelhança, mas

codificadas por genes separados. A primeira é codificada por gene próximo ao

do HER 2 no cromossomo 17q12-q21 (Knoop et al., 2005). São de grande

utilidade durante a replicação celular, pois permitem quebras e ligações da

cadeia dupla de DNA.

Ambos os tipos enzimáticos formam pontes transitórias com o DNA,

por meio de ligação covalente, via ponte de fosfodiéster. A topoisomerase IIα

separa os cromossomos no final da mitose. Estudos “in vivo” demonstraram

que sua concentração aumenta rapidamente no final da fase S, na G2 e na M,

diminuindo ao final da mitose em células não neoplásicas. Isso permite melhor

estimativa do número de células em proliferação ativa (Heck et al., 1988;

Hsiang et al., 1988; Berger, 1998; Kaufmann, 1998; Horibe et al., 2000). Entre

as diferentes espécies, essa enzima compartilha uma subunidade que envolve

o domínio de quebra/ligação com o DNA celular, alvo de drogas

anti-cancerígenas, como o etoposide e a doxorrubicina, em organismos eucariontes

(Brustmann, Naudé, 2002).

A proteína topoisomerase IIα também pode atuar como marcador

morfológico útil em diferenciar as duas formas de morte celular: necrose e apoptose.

Em células necróticas, essa proteína concentra-se em nucléolos, estando ausente na

(27)

Foi demonstrada a expressão das topoisomerases em vários

tumores sólidos humanos (Holden et al., 1990; Keith et al., 1993; Tanoguchi et

al., 1998). Os estudos mais expressivos trataram de sua atividade nos tumores

ovarianos (Van Der Zee et al., 1991) e nos de cólon (Giovanella et al., 1989),

havendo maior expressão da topoisomerase IIα em tumores com maior

estadiamento clínico. A vantagem de se avaliar a expressão

imuno-histoquímica de topoisomerase IIα é que sua função celular é bem

caracterizada, enquanto a função biológica da proteína Ki-67 permanece pouco

esclarecida (Kuropkat et al., 2003).

A análise da topoisomerase IIα em amostras de carcinoma de mama,

pulmão, colo uterino e cólon mostrou variação significativa inter-tumoral, com

maior expressão em tumores de colo uterino, cólon e pulmão (McLeod et al.,

1994). Estudo retrospectivo identificou alterações de topoisomerase IIα em 84%

de pacientes com câncer de mama com alterações de HER 2 (Knoop et al., 2005).

Comparando-se a análise imuno-histoquímica de topoisomerases I e

IIα, de Ki-67 e de p53 em lesões pré-neoplásicas e carcinoma escamoso oral,

observou-se que a expressão de topoisomerase IIα pode avaliar a atividade

proliferativa, porém, sem mostrar associação com parâmetros clínicos e

patológicos (Hafian et al., 2004). Em neoplasias de adrenal, de mama, de

hipofaringe e em linfoma não-Hodgkin registrou-se valor prognóstico ao se

avaliar a atividade proliferativa por meio de análise imuno-histoquímica de

topoisomerase IIα e de Ki-67 (McGurrin et al., 1987; Hall et al., 1988; Iino et al.,

1997; Kuropkat et al., 2003). Em linfoma não-Hodgkin de células pequenas

clivadas, tipo de linfoma com curso clínico agressivo, o uso de drogas

inibidoras da topoisomerase, como a doxorrubicina e o etoposide, mostrou

maior sobrevida em tumores com menor expressão de topoisomerase IIα,

constituindo-se em fator prognóstico mais importante do que a expressão de

Ki-67, com diferença significante (Schrader et al., 2004).

Os índices de Ki-67 e de topoisomerase IIα devem ter os mesmos

valores em células malignas e em tecidos normais, desde que o ciclo celular

ocorra na mesma velocidade. No entanto, a meia-vida de topoisomerase IIα é

(28)

pode refletir na alteração quantitativa e qualitativa da atividade proliferativa

(Yabuki et al., 1996; Horibe et al., 2000). A elevada atividade de topoisomerase I e

II em carcinoma de colo uterino motivou vários estudos com o uso de inibidores

dessas enzimas no tratamento de tumores (Look et al, 1998; McLeod et al., 1994).

Como o valor preditivo positivo do grau de NIC em predizer a

progressão é baixo, 10% para NIC I, evidenciam-se em altos índices de

tratamentos desnecessários. Certos marcadores moleculares, como o Ki-67,

têm valor preditivo positivo de cerca de 30%, que pode ainda ser aumentado

associando-se marcadores adicionais (Baak et al., 2005). A relação entre

expressão de topoisomerase IIα e prognóstico das lesões em colo uterino foi

ainda pouco analisada.

1.3 Equilíbrio entre proliferação e morte celular

O balanço entre proliferação celular e apoptose tem papel importante

no controle de homeostase. Alterações nos genes envolvidos na regulação de

proliferação ou de apoptose são eventos fundamentais para o crescimento

celular neoplásico.

Há evidências de índices de apoptose inalterado e de proliferação

crescente com a progressão de neoplasia oral (Birchall et al., 1996). Em

epitélio mamário, há elevação de ambos os índices com a progressão de

lesões hiperplásicas (Allan et al., 1992; Christov et al., 1996). Em progressão

de lesões mamárias bem diferenciadas, parece ter maior importância o

aumento da proliferação do que a diminuição de apoptose. Em lesões pouco

diferenciadas, a redução de apoptose também parece ser importante na

carcinogênese (Mommers et al., 1999). Em linfoma não-Hodgkin, o índice

apoptótico aumenta com o grau de malignidade e com a atividade proliferativa,

avaliada pela imunoexpressão de ki-67 (Korkolopoulou et al., 1998). Em tecido

endometrial, há aumento tanto nos índices de topoisomerase IIα, como nos de

corpos apoptóticos relacionados à atividade mitótica, porém, com os índices de

(29)

porque a apoptose pode ocorrer em qualquer fase do ciclo celular, com pico

em G1; já a topoisomerase IIα expressa-se apenas nas fases S, G2 e M

(Brustmann, 2005).

Na mucosa cervical uterina, estudos sobre o balanço entre proliferação

celular e apoptose foram realizados principalmente por meio de análise de

imunoexpressão do Ki-67 e de método TUNEL (“terminal deoxynucleotidyl

transferase mediated dUTP nick-end labeling method”), respectivamente.

A relação entre infecção por HPV e apoptose é ainda controversa.

Ahmed et al. (2001) revelaram índice apoptótico maior em tumores negativos para

o HPV, o que sugere efeito inibidor desse vírus sobre a apoptose. Alguns autores

observaram aumento de apoptose com a progressão da neoplasia cervical, de

NIC a carcinoma invasor, mas sem associação com infecção por HPV (Isacson et

al., 1996; Shoji et al., 1996; Duttagupta et al., 2001; Lee et al., 2002). Outros

estudos mostraram diminuição de apoptose enquanto progride a atipia cervical

(Sheets et al., 1996; Zanotti et al., 2003).

Sheets et al. (1996) demonstraram a presença de corpos apoptóticos

no terço médio do epitélio escamoso em lesão cervical de baixo grau, e no

terço superior em lesão de alto grau.

Métodos visando identificar pacientes com LBG em colo uterino de

maior risco de progressão para LAG já foram propostos por vários autores

(Vince et al., 2001). A relação entre infecção por HPV, corpos apoptóticos e

Ki-67 foi avaliada em lesões cervicais uterinas por Shoji et al. (1996), que

observaram associação entre o índice apoptótico e a progressão neoplásica,

mas não com a presença de HPV ou com a expressão de Ki-67. Outro estudo

verificou haver associação de expressão de Ki-67 e de apoptose com o aumento

do grau de lesão de colo, mas não com o tipo de HPV (Isacson et al., 1996).

Diversos estudos têm avaliado a relação entre a infecção por HPV e

a expressão da proteína p53 no colo uterino (Ngan et al., 1994; Hachisuga et

al., 1996; Cavuslu et al., 1997), alguns deles considerando o papel de

oncoproteínas codificadas por oncogenes (Bernard et al., 1994; Roland et al.,

1997). Faltam, entretanto, estudos com análise das relações mútuas entre a

expressão de oncoproteínas, a atividade proliferativa das células e a presença

(30)

Muitas lesões cervicais de baixo grau são tratadas sem necessidade,

visto que a maioria delas regride espontaneamente. Faz-se necessário,

portanto, um teste laboratorial que possa predizer, com acurácia, o prognóstico

dessas lesões. Frente à paucidade de ensaios nesse sentido e à diversidade

de comportamento das enzimas, interessou-nos avaliar a imunoexpressão da

caspase-3 ativada e da topoisomerase IIα, além da presença e tipagem de

DNA-HPV, em pacientes com lesão intra-epitelial cervical de baixo grau e sem

lesão cervical. Buscar-se-á, por meio destas análises, definir a potencialidade

(31)
(32)

Propõe-se, em pacientes com lesão intra-epitelial cervical escamosa

de baixo grau e em pacientes sem lesão genital HPV induzida, a avaliar:

1. A imunoexpressão de topoisomerase IIα e de caspase-3 ativada

em material de biópsia;

2. A relação entre o índice de topoisomerase IIα e de caspase-3

ativada e a presença de HPV;

3. Se há relação entre o índice de topoisomerase IIα, o índice de

caspase-3 ativada e o tipo de HPV com a evolução de lesão

intra-epitelial cervical escamosa de baixo grau ao longo de 12 meses;

(33)
(34)

3.1 Pacientes

Foram selecionadas 72 pacientes atendidas no ambulatório do Setor

de Patologia do Trato Genital Inferior do Núcleo de Prevenção de Doenças

Ginecológicas da Disciplina de Ginecologia Geral do Departamento de

Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de

Medicina (UNIFESP-EPM), no período de 24 de maio de 2004 a 13 de maio de

2005. Dessas, 40 eram pacientes portadoras de lesão intra-epitelial cervical

escamosa de baixo grau, diagnosticada por exames citopatológico,

colposcópico e anatomopatológico. O grupo controle incluiu 32 pacientes sem

lesão cito-histopatológica HPV induzida.

Foram excluídas pacientes com tratamento prévio para lesão

intra-epitelial de qualquer grau e de carcinoma em trato genital inferior, bem como

aquelas submetidas a cirurgias por via vaginal ou a cauterizações. Pacientes com

antecedentes de imunossupressão, diabéticas, HIV soropositivas, portadoras de

transplante de órgãos, gestantes e lactantes também não foram incluídas.

As pacientes foram adequadamente esclarecidas quanto aos

interesses e desenvolvimento da pesquisa, segundo o termo de consentimento

informado livre e esclarecido assinado (Anexo I). O projeto foi apresentado ao

Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFESP – Hospital São Paulo, para análise,

tendo sido aprovado sob o protocolo número 193/04 (Anexo II).

3.2 Métodos

3.2.1 Método clínico

O estudo foi constituído de duas fases: uma primeira etapa

transversal, e outra de seguimento das pacientes portadoras de lesão

intra-epitelial cervical de baixo grau durante doze meses.

Na primeira consulta, as pacientes foram submetidas a anamnese, a

(35)

cérvico-vaginal e para pesquisa de DNA-HPV. Efetuou-se colposcopia, com biópsia

dirigida de aspectos anormais, caso fossem encontrados, com auxílio de pinça

Gaylor-Medina.

Foram incluídas apenas as mulheres em que havia concordância nos

diagnósticos citopatológico e histopatológico. Desta forma, de 153 pacientes

encaminhadas por LBG a citopatologia, somente 53 com diagnóstico

histopatológico comprovado de LBG foram incluídas. Destas, excluíram-se 13 por

problemas técnicos na marcação imuno-histoquímica. Assim, restaram 40

pacientes. No grupo controle, dentre 43 pacientes referendadas ao serviço sem

lesão cervical cito-histopatológica HPV induzida, apenas 32 foram passíveis de

avaliação pela reação imuno-histoquímica.

Justifica-se o maior número de casos que de controles pela

dificuldade em se obter exames colposcópicos falso-positivos, com lesão

cervical HPV-induzida não confirmada aos exames citopatológico e

histopatológico. Por questões éticas, não se biopsiou pacientes sem evidência

de lesão colposcópica.

Nas 72 pacientes estudadas, a idade variou entre 14 e 57 anos, com

média de 28,2 ± 9,4 anos. Em relação à paridade, apresentaram média de 1,19

partos, variando de 0 a 9 partos. Quanto à coitarca, a média de idade foi de 18

anos e, o número de parceiros, em média 3. Essas taxas foram semelhantes

entre os grupos com e sem lesão cervical (Anexo III).

As pacientes portadoras de lesão intra-epitelial cervical escamosa de

baixo grau foram seguidas trimestralmente por doze meses, com coleta tríplice

para estudo citopatológico e colposcopia, até julho de 2006.

Em caso de não comparecimento as pacientes eram reconcovadas por

telefone ou correio e, na ausência de retorno, eram excluídas da etapa de coorte.

As mulheres que apresentavam progressão da lesão cervical eram

encaminhadas para o devido tratamento, bem como aquelas que

(36)

3.2.2 Método citopatológico

Utilizou-se espátula de Ayre e escova endocervical para a coleta de

material dos fórnices vaginais, da ectocérvice e da endocérvice para exame

citopatológico. As amostras foram depositadas em lâminas de vidro

previamente identificadas e fixadas em álcool absoluto, sendo encaminhadas

ao Laboratório de Citopatologia da Disciplina de Ginecologia Geral do

Departamento de Ginecologia da UNIFESP-EPM, para coloração pela técnica

de Papanicolaou modificada.

O relato do diagnóstico citopatológico dos esfregaços cervicovaginais

obedeceu aos critérios estabelecidos pelo Sistema de Bethesda modificado, em

que se classificam as lesões intra-epiteliais escamosas em lesões de baixo grau

e de alto grau. Foram ainda identificadas alterações citológicas inflamatórias e

referidas as infecções por bactérias, protozoários e fungos.

3.2.3 Método colposcópico

Foi realizada colposcopia, seguindo técnica de exame preconizada

pela Associação Brasileira de Genitoscopia descrita no Manual de Normas e

Rotinas em Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia (1998). Durante o

exame, foi feita biópsia dirigida dos achados anormais com pinça de

Gaylor-Medina e os fragmentos encaminhados para procedimento histopatológico.

O laudo colposcópico foi baseado na Nomenclatura Internacional de

Aspectos Colposcópicos estabelecida em Barcelona, em 2002.

3.2.4 Método histopatológico

Os fragmentos obtidos pela biópsia dirigida foram fixados em

solução de formol tamponado a 10% e, posteriormente, desidratados em

concentrações crescentes de álcool etílico, diafanizados pelo xilol e incluídos

em parafina por processador automático de tecido, conforme rotina

estabelecida no Laboratório do Departamento de Patologia da UNIFESP-EPM.

Os blocos de parafina foram encaminhados para corte em micrótomo

(37)

espessura obtidos foram montados em lâminas de vidro e corados pela

hematoxilina-eosina. Após a montagem entre lâmina e lamínula selada com

“Entellan”, os espécimes foram analisados ao microscópio óptico por

patologista experiente. As alterações encontradas foram classificadas de

acordo com Richart e Wright (1993).

A preparação e leitura das lâminas para avaliar a expressão dos

corpos apoptóticos seria, inicialmente, realizada de acordo com Ahmed (2001),

por método de hematoxilina-eosina. Entretanto, a análise de apoptose em

microscopia ótica apresenta problemas devido à fixação, isquemia ou autólise.

Os corpos apoptóticos são difíceis de serem reconhecidos por seu pequeno

tamanho, especialmente em tumores escamosos (Staunton, Gaffney, 1995).

Optou-se, então, pela utilização de método imuno-histoquímico para avaliar a

expressão de apoptose nas amostras selecionadas.

3.2.5 Método de biologia molecular

A detecção biomolecular do HPV foi realizada pela técnica de Reação

em Cadeia de Polimerase (PCR), teste de alta sensibilidade, que consiste na

amplificação do DNA viral e posterior hibridização. Foi executada no Laboratório

de Ginecologia Molecular do Departamento de Ginecologia da UNIFESP-EPM.

As amostras de material celular, obtidas por meio de escova

endocervical friccionada contra a mucosa cérvico-vaginal, foram colocadas em

tubo “eppendorf” contendo um mililitro de tampão TE [10 mmol/L Tris-HCl (pH

7.5), 1 mmol/L EDTA], solução conservadora do DNA. As amostras citológicas

assim obtidas foram conservadas em -20°C até posterior extração de DNA

genômico. As coletas para PCR foram realizadas, no máximo, em 30 dias da

coleta do esfregaço citopatológico e da realização da biópsia dirigida.

A análise da quantidade de DNA obtida nas extrações foi feita pela

espectrofotometria com comprimento de onda de 260nm (espectrofotômetro

Spectronic modelo Genesys 5).

As seqüências iniciadoras genéricas Gp5 e Gp6 detectam região L1

(38)

3.2.5.1 Reação de cadeia polimerase para Gp5/Gp6

Nas reações foram usados 200ng do DNA genômico em um volume

final de 25µl de reação contendo: 10pmol/µl de cada “primer” Gp5 (5’-TTT GTT

ACT GTG GTA GAT ACT AC-3’) e Gp6 (5’-GAA AAA TAA ACT GTA AAT CAT

ATT-3’), 11µl de mix Promega (50UN/ml de Taq DNA polimerase com “buffer” de

reação – pH8,5, 400µM de dATP, 400µM de dCTP, 400µM de dGTP, 400µM de

dTTP e 3mM de MgCl2; Promega Coorporation, Madison, WI, USA) e 11µl H2O

de “nuclease-free” Promega, que foram submetidos ao termociclador (GeneAmp

PCR System 9700, Applied Biosystems) por 40 ciclos, onde a primeira etapa de

desnaturação foi de 94ºC por um minuto, anelamento à 55ºC por um minuto e

polimerização à 72ºC por um minuto. A eletroforese foi em gel de agarose 2% /

brometo de etídio e o padrão obtido nesta reação foi de 150pb.

3.2.5.2 Reação de cadeia polimerase para HPV 16 e HPV 18

As amostras positivas para HPV, detectadas pelo “primer” Gp5/Gp6,

foram testadas para os “primers” específicos HPV 16 e HPV 18.

Nas reações para o HPV 16, foram usados 200ng do DNA genômico

em um volume final de 25µl de reação contendo: 10pmol/µl de cada “primer

sense” (5’-ATT TAC TGC AAC ATT GGG TAG-3’) e “anti sense” (5’-AAT GCT

AGT GCT TAT GCA GC-3)”, 11µl de mix Promega (Promega Coorporation,

Madison, WI, USA) e 11µl H2O de “nuclease-free” Promega, que foram

submetidos ao termociclador (GeneAmp PCR System 9700, Applied

Biosystems) por 40 ciclos, onde a primeira etapa de denaturação foi de 94ºC

por 1 minuto, anelamento à 55ºC por 1 minuto e polimerização à 72ºC por 1

minuto. A eletroforese foi em gel de agarose 2% / brometo de etídio e o padrão

obtido nesta reação foi de 152pb.

Já nas reações para HPV 18, também foram usados 200ng do DNA

genômico em um volume final de 25µl de reação. Os “primers” estavam na

concentração de 10pmol/µl de cada, sendo o: “sense” (5’-AAC GAT GAA ATA GAT

GGA GT-3’) e “anti sense” (5’-CTG GCT TCA CAC TTA CAA CAC-3)”, adicionados

(39)

“nuclease-free” Promega. As condições para o PCR no termociclador foram as

mesmas utilizadas para o HPV 16. A eletroforese foi em gel de agarose 2% /

brometo de etídio e o padrão obtido nesta reação foi de 101 pb.

3.2.6 Método imuno-histoquímico

As reações imuno-histoquímicas foram efetuadas no Laboratório de

Imuno-histoquímica do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina

da Universidade de São Paulo.

Foram preparados cortes histológicos com 3µm de espessura, a partir de

material blocado em parafina, em lâminas tratadas com 3-aminopropiltrietoxisilano

(APTS) e deixadas por 24 horas em estufa a 60ºC para melhor adesão do tecido

à lâmina.

Para verificar a eficácia do anticorpo primário, fez-se a contraprova

utilizando-se espécimes teciduais de tonsilas palatinas, com imunorreação em

estudo-piloto.

As reações imuno-histoquímicas utilizadas para a pesquisa do

anticorpo topoisomerase IIα e do anticorpo caspase-3 ativada foram realizadas

pelo método biotina-estreptavidina peroxidase. Os cortes histológicos a 3 µm

de espessura foram feitos em lâminas silanizadas (3-aminopropil-trietoxi-silano

da marca Sigma) e seguiu-se o protocolo descrito abaixo, para cada reação:

3.2.6.1 Topoisomerase IIα a) Hidratação e Bloqueio

As lâminas foram desparafinizadas com xilol quente por 30 minutos

e à temperatura ambiente por 15 minutos. Foram hidratadas em álcool etílico

em concentrações decrescentes de 100, 95, 80 e 70%, por 30 segundos cada,

e lavadas em água corrente.

Seguiu-se o bloqueio da peroxidase endógena com água oxigenada

(H2O2) 10V a 3% vol/vol com Metanol, por sete vezes de cinco minutos cada.

(40)

b) Recuperação antigênica

A recuperação antigênica foi obtida por meio de calor irradiado em

forno microondas, na potência de 700 watts, com imersão das lâminas em

tampão citrato de sódio 10mM, a pH 6,0, por 50 minutos. Após este período, as

lâminas foram resfriadas à temperatura ambiente por 30 minutos e lavadas em

PBS. Em seguida, fez-se nova lavagem em água corrente e imersão em

solução salina tamponada com fosfatos (PBS 10 Mm pH 7,4), com a finalidade

de bloquear reações não-específicas.

c) Incubação com o anticorpo primário

Após os bloqueios, o anticorpo monoclonal anti-humano

topoisomerase II alfa, marca Dako Cytomation S/A Denamrck, código M7186,

título 1:50, diluído em BSA, foi aplicado sobre os cortes e controle positivo de

tecido, e as lâminas incubadas “overnight ” à temperatura de 2 a 8ºC.

As lâminas foram lavadas em PBS e incubadas pelo Kit System-HRP

(Dako Cytomation K0690). Houve então revelação pelo cromógeno 3,3

Diaminobenzidine (DAB) (Sigma Chemical Co, St Louis, MO, EUA), lavagem

em água corrente e contra-coloração com hematoxilina de Harris (Merck,

Darmstadt, Alemanha). Seguiu-se nova lavagem em água corrente,

desidratação, diafanização e montagem com resina para microscopia Entellan

(Merck, Darmstadt, Alemanha).

3.2.6.2 Caspase-3 ativada a) Hidratação e Bloqueio

As lâminas foram desparafinadas, hidratadas e seguiu-se o bloqueio

da peroxidase endógena com água oxigenada (H2O2)10V a 3% vol/vol com

Metanol, por sete vezes de 5 minutos cada. Após isso, fez-se lavagem com

água e PBS.

b) Recuperação antigênica

A recuperação antigênica foi obtida por meio de calor irradiado em

forno microondas, na potência de 700 watts, com tampão Tris-EDTA, pH 9,9,

durante 50 minutos. Após este período, as lâminas foram resfriadas por 20

(41)

c) Incubação com o anticorpo primário

Após os bloqueios, o anticorpo policlonal de coelho anti-caspase-3

ativada (“Rabbit anti-active Caspase-3 polyclonal antibody”), da marca

Chemicon International Inc., a título 1:25, diluído em BSA, foi aplicado sobre os

cortes e controles positivos de tecido, e as lâminas incubadas “overnight”.

As lâminas foram lavadas em PBS e incubadas pelo Kit System-HRP,

da Vector Laboratories Inc, Burlingame, CA, Vectastain ABC Elite Kit, cód.

PK-6101, Rabbit IgG. Houve então revelação pelo cromógeno 3,3 Diaminobenzidine

(DAB) (Dako Cytomation, Liquid DAB Chromogen System, Carpinteria CA,

USA, cód. K3468), lavagem em água corrente e contra-coloração com

hematoxilina de Harris (Merck, Darmstadt, Alemanha). Seguiu-se nova

lavagem em água corrente, desidratação, diafanização e montagem com resina

para microscopia Entellan (Merck, Darmstadt, Alemanha).

3.2.7 Interpretação da expressão imuno-histoquímica

A imunoexpressão da topoisomerase IIα e da caspase-3 ativada

foram analisadas no Laboratório de Imunopatologia e Técnicas Especiais do

Departamento de Patologia da UNIFESP-EPM.

A leitura foi realizada com microscópio óptico da marca Nikon, modelo

Eclipse E 400, com aumento de 400 vezes. As imagens foram capturadas por

sistema computadorizado, que consiste em videocâmara colorida (Samsung

modelo SCS 131), acoplada a computador Pentium 64 MB de memória RAM, e

foram graficamente analisadas por programa Image Pro Plus.

Na análise da cada caso, selecionaram-se dez campos microscópicos

consecutivos de epitélio e dez campos consecutivos do estroma adjacente,

padronizados nas áreas de maior concentração de células imunomarcadas. A

contagem foi realizada manualmente.

As contagens nucleares, representando a percentagem de células

com imunorreação nuclear, foram avaliadas por dois observadores

independentes, contando-se um número mínimo próximo de 200 células,

(42)

A expressão de topoisomerase IIα foi considerada positiva nas

células cuja coloração nuclear apresentou-se acastanhada, e negativa na sua

ausência ou naquelas fracamente coradas (FIGURA 1). Quanto à caspase-3

ativada, haveria da mesma forma, expressão nuclear e citoplasmática com

coloração acastanhada (FIGURA 2).

FIGURA 1 – Fotomicrografia de corte histológico de colo uterino da paciente nº 4 mostrando a reação imuno-histoquímica da topoisomerase IIα (400x).

(43)

3.2.8 Método estatístico

As variáveis qualitativas foram descritas por meio de tabelas e, as

variáveis quantitativas, por figuras e tabelas com medidas de tendência central,

variabilidade e separatrizes. O teste de normalidade da distribuição das

variáveis quantitativas foi feito pelo teste de Kolmogorov-Smirnov.

O teste exato de Fisher e o teste de qui-quadrado foram utilizados

para análise de homogeneidade e de associação em tabelas de contingência.

Estimativas de razão de chances, “odds ratio” (OR), e de seus respectivos

intervalos de confiança (IC) também foram realizadas nos casos em que

ocorreu diferença significativa na distribuição de dados das variáveis.

O teste de comparação entre duas populações independentes em

relação à média de variáveis cuja distribuição é normal foi realizada pelo

teste t de Student.

A Curva de ROC foi utilizada a fim de determinar um ponto de corte

para diagnosticar LBG em função da Topoisomerase (%), onde o teste deverá

satisfazer uma sensibilidade mínima de 80% e especificidade de 70%.

O nível de rejeição para a hipótese de nulidade foi fixado sempre em

(44)
(45)

Foram avaliadas, por imuno-histoquímica, 72 pacientes, sendo 40

destas com lesão cervical de baixo grau e 32 do grupo controle. Não houve

diferença estatisticamente significante quanto à idade de pacientes com LBG

(casos) e sem LBG (controle), com média de 26,3 anos no primeiro grupo e de

30,6 anos no grupo controle (p=0,051).

A avaliação por imuno-histoquímica para topoisomerase IIα

comparou contagens de células marcadas entre os grupos de pacientes com

LBG e sem LBG (QUADRO 1). A média de células imuno-marcadas no grupo

de casos foi de 11,71% (desvio padrão ± 7,38), enquanto no grupo controle foi

de 4,13% (desvio padrão ± 3,48).

O teste t de Student aplicado a esses resultados revelou

significância estatística (p<0,001) (FIGURA 3). Houve predomínio da coloração

nuclear com distribuição epitelial, especialmente nas camadas basal e

parabasal.

FIGURA 3 – Distribuição da imunoexpressão de topoisomerase IIα (porcentagem de células coradas) nas pacientes do grupo de casos e de controles.

caso controle

0 5 10 15 20 25

Legenda:

┬ - desvio padrão ─ - Média

Teste t de Student (p < 0,001)

T

opoi

som

e

ra

s

e

II

α

(%

(46)

QUADRO 1 – Distribuição das 40 pacientes com LBG e das 32 pacientes sem LBG (controle) segundo número de ordem, idade, imunoexpressão de

topoisomerase IIα e de caspase-3 ativada e pesquisa de DNA-HPV

No idade topo II% CAS-3 PCR No idade topo II% CAS-3 PCR

1 40 16,88 + - C1 36 0 - -

2 21 16,43 - - C2 16 1,47 - +

3 40 3,65 - + C3 30 0 - -

4 22 23,33 + + C4 30 1,80 - +

5 36 19,37 - + C5 24 2,01 + +

6 16 14,06 - + C6 46 2,06 - +

7 26 14,49 - + C7 30 0 - +

8 24 15,31 + + C8 31 10,85 - -

9 19 1,44 - + C9 22 13,15 - +

10 16 9,62 + + a C10 30 0 - -

11 21 10,20 + + C11 45 7,5 - +

12 18 0,99 - + C12 43 4,83 - +

13 26 19,69 + - C13 24 3,15 - +

14 37 8,59 - - C14 22 4,65 - +

15 18 27,03 - + C15 28 5,52 + +

16 32 8,89 - + C16 23 3,53 - -

17 25 5,76 - - C17 56 5,66 - +

18 23 5,71 + + a C18 42 10 - -

19 57 14,29 + + a C19 44 7,65 + -

20 32 18,43 - + C20 26 8,11 - +

21 27 25,93 + + C21 43 0,9 - -

22 27 11,66 - + C22 22 5,96 + +

23 21 23,08 + + a C23 26 8,33 - +

24 16 11,43 - + C24 27 1,07 - +

25 40 28,21 + - C25 30 3,96 - -

26 26 10,45 - + C26 30 6,10 - +

27 17 13,82 + - C27 36 4,19 - -

28 19 15,51 - + C28 23 3,27 + -

29 27 9,80 - - C29 17 0,5 - +

30 33 8,65 - + C30 33 0 - +

31 25 1,06 + - C31 16 3,35 - -

32 39 12,05 + - C32 28 2,56 - -

33 19 7,06 + -

34 14 6,53 - +

35 19 0 - +

36 31 4,05 - +

37 23 4,10 - -

38 29 6,23 - -

39 27 8,08 + -

40 22 6,34 + +

M 26,25 11,71 M 30,59 4,13

Legenda: + = positivo; - = negativo

PCR = Técnica utilizada para detecção de HPV-DNA C = número do controle

a

= pesquisa positiva para HPV 18 M = média

(47)

Usando a curva ROC (“receiver operating characteristic”), observou-se

que a percentagem de células coradas por imuno-histoquímica para

topoisomerase IIα é bom parâmetro para diagnóstico de LBG. Sendo a área sob a

curva de ROC = 0,829 (±0,048), p< 0,001, verifica-se ser o ponto de corte igual a

5,7% que permite sensibilidade de 82,5% e especificidade de 71,9%, usando

como padrão-ouro o grupo caso-controle. Desta forma, valores maiores ou iguais

a 5,7% implicam em chance maior para ocorrência de LBG (FIGURA 4).

FIGURA 4 – Curva ROC para imuno-histoquímica de topoisomerase IIα.

A acurácia de topoisomerase IIα ≥ 5,7% foi estimada em 72,94%.

Estima-se que 2,63% dos resultados topoisomerase IIα < 5,7% (diagnóstico

positivo) sejam falso-negativos, com valor preditivo negativo de 97,37%, e que

75,42% dos resultados topoisomerase IIα ≥ 5,7% sejam falso-positivos, com

valor preditivo positivo de 24,58%.

100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0

área sob a curva = 0,829 (+/-0,048) ; p< 0,001

S e n s ib ili d a d e (% )

(48)

Quanto à avaliação imuno-histoquímica para caspase-3 ativada,

observou-se marcação nuclear e principalmente citoplasmática de coloração

acastanhada mal delimitada, mais evidente nas camadas epiteliais próximas da

basal. Devido à dificuldade em se quantificar essa marcação, optou-se por

analisar apenas a presença ou não de expressão de caspase-3 ativada nas

amostras. A expressão do marcador ocorreu em 17 pacientes com LBG

(42,5%) e, em cinco, sem LBG (15,63%) (QUADRO 1). Houve significância

estatística na diferença entre os dois grupos (p=0,014), pelo teste qui

quadrado, com razão de chances de 3,99 (IC 95%: 1,27-12,5) (TABELA 1).

TABELA 1 – Distribuição das pacientes segundo a expressão imuno-histoquímica para caspase-3 ativada

Caspase-3 ativada (N) Grupo

positiva negativa total

p

caso 17 23 40 0,014

controle 5 27 32

total 22 50 72

Legenda: N = número de pacientes; p= nível de significância

Teste Qui-Quadrado

A média de imunoexpressão de topoisomerase IIα entre as pacientes

com pesquisa de caspase-3 positiva e negativa mostrou diferença

estatisticamente significante (p= 0,0024), pelo teste t de Student (TABELA 2).

TABELA 2 – Distribuição das pacientes segundo a expressão imuno-histoquímica para topoisomerase IIα e para caspase-3 ativada

Caspase-3 Topoisomerase IIα (%) p

N Média DP

Positivo 22 12,05 7,94 0,0024

negativo 50 6,71 5,99

Legenda: N = número de pacientes; DP = desvio padrão; p= nível de significância

Referências

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