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O uso das redes sociais como estratégia de sobrevivência no trabalho

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Academic year: 2017

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(1)

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA

MESTRADO EXECUTIVO EM GESTÃO EMPRESARIAL

DISSERTAÇÃO APRESENTADA POR IZABEL CRISTINA TAVARES DA CUNHA

TÍTULO

O USO DAS REDES SOCIAIS COMO ESTRATÉGIA DE SOBREVIVÊNCIA NO TRABALHO

PROFESSOR ORIENTADOR ACADÊMICO HERMANO ROBERTO THIRY-CHERQUES

(2)

O uso das redes sociais como estratégia de sobrevivência no trabalho

Por

Izabel Cristina Tavares da Cunha

Dissertação apresentada à Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas para obtenção do grau de Mestre em Gestão Empresarial

Orientador: Hermano Roberto Thiry-Cherques

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IZABEL CRISTINA TAVARES DA CUNHA

O USO DAS REDES SOCIAIS COMO ESTRATÉGIA DE SOBREVIVÊNCIA NO TRABALHO

Dissertação de Mestrado Executivo em Gestão Empresarial, apresentada como requisito essencial para obtenção de grau de Mestre pela Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas.

Banca Examinadora

__________________________________________________ Professor Hermano Roberto Thiry-Cherques, EBAPE-FGV-RJ

Orientador

________________________________________________ Professo

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, por me dar saúde e conforto nos momentos difíceis, me fazendo concluir esse curso.

À minha mãe que sempre acreditou no meu potencial e nos meus estudos, me apoiando para a realização desse curso.

Agradecimento especial ao estimado professor Hermano, que nessa trajetória de dois anos de curso, me deu o prazer de ser sua monitora, passando seu conhecimento, me fazendo apreciar ainda mais o mundo acadêmico. E que como orientador, me fez ter calma e sabedoria para desenvolver esse trabalho. Obrigada pela oportunidade, compreensão nos momentos difíceis, e pelo aprendizado.

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LISTA DE FIGURAS

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Empregos...39

TABELA 2 – Perfil dos entrevistados...68

TABELA 3 – Perfil dos respondentes dos questionários...69

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RESUMO

A presente pesquisa teve como objetivo verificar as diversas formas de utilização do relacionamento interpessoal por meio das redes sociais como estratégia para sobreviver no trabalho. O arcabouço teórico fundamentou-se nos conceitos de relacionamento interpessoal, rede social, capital social e sobrevivência no trabalho. O processo metodológico, baseado no estruturalismo, aventou o estudo das redes sociais e de seu processo de interação, mostrando os elementos dessas redes que influenciam na sobrevivência no trabalho. Foram definidas três grandes áreas de pesquisa: o indivíduo (e sua auto-percepção), os relacionamentos como âncora para a formação das redes sociais e seus principais tipos, e a forma de utilização dessas redes como estratégia de sobrevivência. O estudo teve caráter explicativo, compreendendo uma etapa exploratória e outra descritiva. A coleta de dados foi realizada por de meio entrevistas e questionários, ambos semi-estruturados. Foi utilizado o critério de saturação para definir o número de dados coletados. Foram entrevistados profissionais que atuam em empresas localizadas no Rio de Janeiro. Para análise dos dados foram construídas duas matrizes: uma contendo as respostas dos entrevistados, outra as dos questionários. A técnica da triangulação deu base à validade dos resultados obtidos, buscando identificar como as redes sociais podem ser usadas como estratégia de sobrevivência no trabalho, mediante a identificação das relações entre o profissional e a forma com que ele utiliza as mesmas. As informações analisadas sugerem que as redes sociais constituem-se em elemento chave na sobrevivência no trabalho na atualidade, mas não operam autonomamente, devendo ser associadas às características pessoais, competências técnicas, e habilidades.

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ABSTRACT

This study aimed to verify the use of various forms of interpersonal relationships through social networks as a strategy to survive in the workplace. The theoretical framework was based on the concepts of interpersonal relationships, social networking, social capital, and work survival. The methodological process, based on structuralism, suggested the study of social networks and their interaction process, showing the elements of these networks that influence survival in the workplace. We defined three major research areas: the individual (and their self-perception), the relationships as an anchor for the formation of social networks and their main types, and how to use these networks as a survival strategy. The study had an explanatory character, including an exploratory and descriptive phase. Data collection was collected by questionnaires and interviews, both semi-structured. We used the saturation criteria to define the number of collected data. We interviewed professionals that work in companies located in Rio de Janeiro. For data analysis, we constructed two arrays: one containing the respondents' answers, the other questionnaires. The technique of triangulation provided the basis for validity of the results, trying to identify how social networks can be used as a survival strategy at work, by identifying the relationships between the professional and the way he uses them. The study indicated that social networks constitute a key element in survival at work nowadays, but they do not operate independently and must be attached

to personal characteristics, expertise, and skills.

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SUMÁRIO

1 O PROBLEMA ... 12

1.1 Introdução ... 12

1.2 Objetivos ... 13

1.2.1 Objetivo final ... 13

1.2.2 Objetivos intermediários... 13

1.3 Relevância do Estudo ... 14

1.5 Delimitação do Estudo... 14

1.6 Estruturação da Dissertação ... 15

2. REFERENCIAL TEÓRICO ... 16

2.1 A Teoria Ator- Rede (ANT), e a formação das redes sociais ... 16

2.2 As relações interpessoais ... 17

2.2.2 A influência da personalidade nas relações interpessoais. ... 20

2.2.3 Competência Interpessoal e as relações interpessoais. ... 22

2.3 Redes Sociais ... 27

2.3.1 Tipos de redes sociais ... 34

2.3.2 Redes de Informação ... 36

2.3.3 Redes sociais virtuais e o trabalho ... 37

2.4 Estratégias de sobrevivência ... 41

2.4.1 Marketing Pessoal ... 42

2.4.2 O poder do conhecimento e fluxo de informações ... 46

2.4.3 Capital Social ... 48

2.4.4. O Indivíduo, a organização e o uso do capital social ... 52

3. LEVANTAMENTO DOS DADOS ... 58

3.1. O indivíduo e sua auto-percepção - o sobrevivente ... 58

3.2 Os relacionamentos como âncora para a formação das redes sociais e seus principais tipos ... 59

3.3 Os elementos pertencentes à estrutura das redes sociais usados como estratégia de sobrevivência no trabalho ... 59

4. METODOLOGIA DE PESQUISA ... 60

4.1 Quanto aos fins... 60

4.2 Quanto aos meios ... 60

4.3 Sujeitos ... 61

4.4 Tipo de pesquisa... 61

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4.5 Coleta de Dados ... 64

4.6 Tratamento de Dados ... 65

4.7 Limitação do Método... 66

5. INTERPRETAÇÃO DAS INFORMAÇÕES ... 67

5.1. Definição do processo de análise ... 67

5.2. Perfil dos entrevistados ... 68

5.3 Perfil dos respondentes dos questionários ... 68

6 ANÁLISE DOS DADOS ... 70

6.1 O Indivíduo e sua auto-percepção – o sobrevivente ... 70

6.2 Os relacionamentos como âncora para formação das redes sociais e seus principais tipos. ... 72

6.3 Os elementos pertencentes à estrutura das redes sociais usados como estratégia de sobrevivência no trabalho ... 75

7. CONCLUSÃO ... 78

8. REFERÊNCIAS ... 82

9. ANEXO ... 93

9.1 Roteiro para entrevista semi-estruturada ... 93

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1 O PROBLEMA

1.1 Introdução

Em um mundo empresarial cada vez mais competitivo, toda estratégia utilizada como forma de sobrevivência no trabalho é tida como diferencial. O conhecimento técnico adquirido por meio da educação ou treinamento está se tornando comum. A concorrência no mercado de trabalho impõe ao executivo habilidades técnicas específicas para a realização de tarefas, ou ocupação de cargos, fazendo com que esses profissionais se especializem cada vez mais. As próprias organizações, a fim de se diferenciarem e também sobreviverem, oferecerem treinamentos para seus funcionários. As empresas estão mais competitivas e conseqüentemente, as pessoas também. Não basta ter o conhecimento especializado e focado na execução de funções específicas, é preciso que profissional se diferencie por meio de outras estratégias.

Acredita-se que este diferencial pode ser obtido por meio de características inerentes aos indivíduos como, por exemplo, um perfil de liderança e pró-atividade, como também pode ser construído com o relacionamento interpessoal com o grupo ou comunidade em que estão inseridos, criando as redes sociais, isto é um grupo de indivíduos unidos informalmente, mas que possuem normas, valores, e objetivos em comum.

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profissionais, seus vínculos com as redes sociais e as estratégias de sua utilização visando a sobrevivência do indivíduo no mercado.

A literatura estudada aponta que as redes, as relações de dependência e cooperatividade com os colegas de trabalho são fundamentais para a realização das tarefas do dia-a-dia e para estabelecer parcerias, mantendo elos que servirão para melhoria e rapidez da execução do trabalho. A construção de uma base sólida de relacionamentos pode ser utilizada como facilitador para alcançar estes objetivos.

Portanto um profissional pode ter como diferencial não somente sua competência técnica, como também sua competência interpessoal, ou seja, a capacidade de gerenciar suas relações interpessoais. A forma com que ele utiliza suas relações nas diversas redes sociais a que ele pertence, em prol de um benefício próprio ou da organização, pode ser fator que determine ou não sua sobrevivência no mercado de trabalho, tema central de nosso trabalho.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo final

A pesquisa de dissertação teve por objetivo verificar o uso das redes sociais como estratégia de sobrevivência no trabalho.

1.2.2 Objetivos intermediários

Como objetivos intermediários deste estudo, destacam-se:

• Descrever redes sociais e os conceitos ligados à ela.

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• Identificar se existe uma estrutura por trás redes sociais com elementos que possam ser usados como estratégia de sobrevivência no trabalho.

1.3 Relevância do Estudo

Com esse estudo buscamos mostrar elementos envolvidos na criação, e manutenção dos relacionamentos interpessoais e conseqüentemente das redes sociais a que eles pertencem e as diversas formas e situações que estas podem ser utilizadas como estratégia de sobrevivência. A relevância deste estudo resiste na possibilidade de auxílio para o profissional na busca de seus objetivos dentro do mercado de trabalho e na organização, por meio de relações com seus colegas, familiares, amigos, fornecedores e clientes. Buscamos contribuir também para os pesquisadores sociais e da área do trabalho, a importância das redes para os movimentos sociais e para a melhoria das tarefas relacionadas a realização do trabalho. Como enriquecimento para a academia, podemos citar também as relações entre os diversos temas ligados às redes sociais, como o estudo dos perfis profissionais existentes e a questão da ética nas organizações.

1.5 Delimitação do Estudo

Em nosso estudo abordamos os efeitos do relacionamento interpessoal por meio das redes sociais que influenciam para a sobrevivência no mercado de trabalho.

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1.6 Estruturação da Dissertação

Neste tópico tratamos de descrever todas as etapas que foram fundamentais para a consecução deste estudo.

Neste capítulo foi descrito uma introdução com o problema objeto do estudo, contendo os objetivos, a justificativa, sua relevância e delimitações. No capítulo a seguir temos o referencial teórico, que serviu como base para a formulação da pesquisa empírica.

No capítulo três e quatro abordamos o tipo de metodologia adotada, os sujeitos da pesquisa, a forma de coleta de dados, como foi conduzida a pesquisa bem como o seu tratamento.

No capítulo cinco e seis apresentamos a interpretação das informações coletadas, contemplando o método de pesquisa selecionado.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A Teoria Ator- Rede (ANT), e a formação das redes sociais

Para desenvolvermos o referencial teórico de nosso estudo utilizamos como base alguns conceitos relacionados a teoria da ação social, que tem como principais atributos a concepção da sociedade como um processo e do indivíduo como parte da sociedade (Thiry-Cherques, 2008b). A teoria diz que a interação social se dá pelas percepções do indivíduo sobre aquilo que o rodeia, ou seja, o contexto que está inserido. Ela enfatiza o comportamento humano perante sua manutenção no contexto social e também o conceito do indivíduo com ele mesmo.

Dentro do contexto social, e na busca do entendimento do indivíduo e de suas percepções e atuação nas redes sociais, utilizamos as características da teoria ator-rede (Actor Network Theory – ANT), para conceituar os elementos de estudo de nosso referencial teórico.

A ANT é fruto de estudos realizados no campo da sociologia, dos estudos de ciências e tecnologia (STS) de Bruno Latour e Michel Callon e posteriormente de John Law, entre outros (Teles, 2010). A ANT foi a opção feita pelo seu caráter ontológico de concepção da realidade (ou do social) como uma construção cotidiana e de sua abertura para receber influências como é o caso da estrutura que existe por trás das redes sociais e seu impacto no trabalho.

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reconhecer o processo de formação das redes, a mobilidade e a estabilidade dos atores e de seus relacionamentos.

O ator (indivíduo) é qualquer pessoa ou artefato que seja capaz de impor sua linguagem a outros. Latour (2005) chama o esforço contínuo de manutenção da estabilidade das redes como o ator em uma rede (network) ou em uma worknet. Por sua vez, Callon (1999) destaca o termo ator-rede como ser cuja atividade é botar em rede elementos heterogêneos, e conseqüentemente esta é capaz de redefinir e transformar aqueles elementos de que é feita. As redes devem ser consideradas ferramentas que ajudam a descrever um fenômeno, e os atores podem ser identificados pelos seus traços, pelas associações e conexões que forem capazes de estabelecer e pelos interesses ou objetivos em uma rede (Teles, 2010). Os grupos devem conter atores com poder de ação para representar, intermediar informações ou atuar na rede com força suficiente para modificá-la. Latour (2005) reitera dizendo que o importante é seguir os atores e aprender deles aquilo que a consciência coletiva tomou como base para a existência da rede, quais métodos elaboraram para fazer as coisas se encaixarem e o que definem as relações estabelecidas.

Portanto, sociedade e seus fenômenos podem ser explicados pelo ponto de vista da ANT, visando combater várias dicotomias presentes nas ciências sociais e sua estrutura, tanto micro como macrossocial, seus atores (indivíduo) e suas relações, suas redes, e seu ambiente social (organização) que são o tema central deste trabalho.

2.2 As relações interpessoais

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diversos tipos de situação. Essas relações se dão por duas ou mais pessoas por meio da comunicação. Elas vão desde as interações e sentimentos de amor, cooperação, respeito e amizade, assim como as situações de trabalho compartilhadas pelas atividades predeterminadas a serem executadas.

Esse tema teve como um de seus primeiros pesquisadores o psicólogo Kurt Lewin. MAILHIOT (1976), ao se referir a uma das pesquisas realizadas por Kurt, afirma que “A produtividade de um grupo e sua eficiência estão estreitamente relacionadas não somente com a competência de seus membros, mas sobretudo com a solidariedade de suas relações interpessoais”. Schutz, outro psicólogo, trata de uma teoria das necessidades interpessoais: necessidade de ser aceito pelo grupo, necessidade de responsabilizar-se pela existência e manutenção do grupo, necessidade de ser valorizado pelo grupo. Essas necessidades formam o que Mailhiot (1976), se refere aos estudos de Schutz: necessidades de inclusão, controle e afeição, respectivamente.

Para nosso estudo, definimos relações interpessoais como o processo de interação de duas ou mais pessoas que compartilham sentimentos, valores e crenças por meio da comunicação.

As relações interpessoais são um dos elementos que contribuem para a formação dos relacionamentos na organização. Os elementos formais (estrutura administrativa) e informais (relacionamento humano, que emerge das experiências do dia-a-dia) integram-se para produzir o padrão real de relacionamento humano na organização: como o trabalho é verdadeiramente executado e quais as regras comportamentais implícitas que governam os contatos entre as pessoas. (Da Costa, 2004).

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prejudicar sua vida profissional. Ainda segundo Da Costa (2004), o relacionamento interpessoal saudável, por exemplo, às vezes não encontra espaço no âmbito organizacional, gerando os mais diversos conflitos e, portanto, “desumanizando” as organizações. A desconsideração dos valores humanos e da ética também são exemplos de realidades “desumanizadoras”.

A diminuição das interações pode levar ao afastamento da comunicação e desfavorecimento das atividades. Profissionais podem ser competentes individualmente, mas podem render muito abaixo de sua capacidade por influência do grupo e da situação de trabalho caso não haja sinergia e interação adequados.

O relacionamento interpessoal pode tornar-se e manter-se harmonioso e prazeroso, permitindo trabalho cooperativo, em equipe, com integração de esforços, conjugando as energias, conhecimentos e experiências para um produto maior que a soma das partes, ou seja, a busca da sinergia. (Moscovici, 1996)

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2.2.2 A influência da personalidade nas relações interpessoais.

A nossa personalidade vem sendo moldada desde o dia que nascemos. Tudo e todos a nossa volta contribuem para a construção da mesma. Alguns dos fatores que influenciam em sua formação são os valores que aprendemos e que passamos a utilizar por julgarmos ser mais justos. Os valores individuais são fortemente influenciados pelo sistema cultural e social no qual as pessoas foram criadas (Erez & Earley, 1993). Vivendo em sociedade, numa rede de relacionamento, esses valores podem ser mudados ou influenciados pela rede social a qual pertencemos. Para Mooij (1998), os valores desempenham importante papel no comportamento do indivíduo, na sua personalidade e em suas escolhas. Enquanto os valores sociais definem certo padrão de comportamento em uma rede social, os valores pessoais definem o comportamento do indivíduo nessa rede. E são essas convergências ou divergências de valores que definem as relações interpessoais dos indivíduos.

Portanto, a forma com que suas relações interpessoais são conduzidas depende muito do seu estilo pessoal de interação, dos aspectos comportamentais, com gradações diversas, de acordo com a estrutura e a dinâmica de nossa personalidade.

Voltando para a questão do trabalho, os tipos de personalidade de executivos e a forma com que ele lida com cada emoção, tarefa ou situação é o que vai moldar a sua personalidade dentro da organização.

Thiry-Cherques (2004), numa abordagem diferente classifica os trabalhadores e suas relações com o trabalho em 5 categorias:

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controle e muitas vezes da compreensão dos processos produtivos. Seus relacionamentos interpessoais acabam por formar uma rede social profissional que muitas vezes acaba fazendo parte de sua vida pessoal.

• Kafka Assalariado - o trabalhador que não tem consciência do que lhe acontece e que para manter a sanidade seciona radicalmente a vida privada da vida no trabalho. Suas relações e redes sociais pessoais e profissionais tendem a ser separadas.

• Weber Profissional – É o profissional que utiliza como estratégia o distanciamento entre o trabalho que realiza, e a organização que o remunera. Suas relações em ambiente de trabalho se dão exclusivamente para esse fim. Suas redes sociais se formam por laços de interesses profissionais afins.

• Maquiavel funcionário - São os trabalhadores que utilizam as estratégias de poder – as formas de dominação política - para que sujeitando as organizações e as pessoas nas organizações, concilia seu mundo privado com a necessidade de sobrevivência material. Talvez aqui é onde as relações interpessoais seriam mais utilizadas em próprio benefício não só como sobrevivência no trabalho mas também para alcançar poder e altos cargos.

• Borges Inspetor – essa categoria tem como estratégia básica a ausência física do trabalhador na qual a relação entre o trabalhador e a organização é marcada não só pela distância como principalmente pela indiferença. As relações tendem a ser mais fracas, mas nem por isso possam servir também como ferramenta de sobrevivência.

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de trabalho o vêem, como ele se comporta perante eles, e assim, tentar trabalhar de forma a desenvolver sua competência interpessoal.

2.2.3 Competência Interpessoal e as relações interpessoais.

As pressões em torno da competitividade, o processos de globalização e as constantes e rápidas mudanças nas estruturas dos mercados evidenciam a relevância das organizações revisitarem seus modelos e instrumentos de gestão, em particular os direcionados ao gerenciamento de seus elementos humanos. As organizações que outrora concorriam por clientes e mercados agora são levadas a concorrer por mais um recurso: as pessoas e suas competências. Em 1990, Bartlett & Ghoshal, e Prahalad & Hamel salientam que na medida em que fontes de vantagem competitiva, tais como tecnologia e mão-de-obra barata, não são suficientes para proverem uma posição competitiva sustentável, os indivíduos e suas competências passam a ser enfatizados como elementos centrais de diferenciação estratégica.

O conceito de competência possui uma idéia consideravelmente antiga, porém reconceituada e revalorizada no presente em decorrência de fatores como os processos de reestruturação produtiva, a imprevisibilidades das situações econômicas, organizacionais e de mercado, resultantes dos processos de globalização (FLEURY; FLEURY, 2001). A competência é comumente apresentada como uma característica ou conjunto de características ou requisitos - saberes, conhecimentos, aptidões, habilidades - indicados como condição capaz de produzir efeitos de resultados e/ou solução de problemas (SPENCER e SPENCER, 1993; BOYATZIS, 1982; MCCLELLAND e DAILEY,1972).

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• Domínio de novos conhecimentos técnicos associados ao exercício do cargo ou função ocupada;

• Capacidade de aprender rapidamente novos conceitos e tecnologias;

• Criatividade;

• Capacidade de inovação;

• Capacidade de comunicação;

• Capacidade de relacionamento interpessoal;

• Capacidade de trabalhar em equipes;

• Autocontrole emocional;

• Visão de mundo ampla e global;

• Capacidade de lidar com situações novas e inusitadas;

• Capacidade de lidar com incertezas e ambigüidades;

• Iniciativa de ação e decisão;

• Capacidade de comprometer-se com os objetivos da organização;

• Capacidade de gerar resultados efetivos;

• Capacidade empreendedora.

Podemos ver que das competências individuais necessárias para a realização do trabalho três delas

estão relacionadas a questões de relações interpessoais e classificaremos como competências

interpessoais.

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atuar de forma diferenciada perante situações parecidas testando novas condutas percebidas como alternativas de ação também aumentam a capacidade de perceber se isso foi benéfico para a relação ou não.

Outro componente da competência interpessoal refere-se ao relacionamento em si e compreende a dimensão emocional afetiva, predominantemente. Segundo C. Argyris (1968), essa habilidade de lidar eficazmente com relações interpessoais seguem três critérios:

• A percepção acurada da situação interpessoal, de suas variáveis relevantes e respectiva inter-relação;

• Habilidade de resolver os problemas interpessoais, de forma pacífica;

• Prover soluções de tal forma que as pessoas envolvidas continuem trabalhando juntas tão eficientemente, como quando começaram a apresentar problemas.

Em se tratando da questão de resolução de problemas, existe uma série de aspectos que devem ser considerados. Uma delas é a interpretação da comunicação feita pelo locutor-interceptor que pôde ser o causador de conflitos entre as partes. Outro fator se trata dos diferentes pontos-de-vista em relação a certo tipo de assunto juntamente com a complexidade de entendimento da natureza humana.

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escopo maior e se torna uma luta entre empregado e subordinado, a questão da resolução do conflito é fundamental para que se sobreviva na organização.

Segundo Adler & Towne (2002), os conflitos interpessoais se dão por diversos motivos entre eles:

• Poder (tomada de decisões, controle da conversa);

• Questões sociais (política, religião);

• Defeitos Pessoais (arrogância, prepotência);

• Desconfiança (desonestidade);

• Intimidade;

• Distância pessoal;

Como sabemos que é impossível evitar conflitos, a melhor forma de sobreviver à eles no ambiente de trabalho é a clareza da comunicação e o registro dos mesmos. Em um ambiente de negociação, tomada de decisões ou até mesmo rumo de execução de tarefas, tanto o fluxo das informações como sua documentação devem ser registrados. Para isso muitas empresas criam o código de normas, buscando padronizar procedimentos internos para que não ocorram conflitos. Seguir as normas da empresa e seu código de ética não evitará que os indivíduos entrem em conflito, mas lhe dará respaldo, caso a organização ache necessário tomar decisões mais drásticas, como por exemplo, uma advertência ou demissão.

Ainda segundo os autores Adler & Towne (2002), a habilidade da comunicação é um dos pontos chave para a resolução dos conflitos. Existem alguns passos que podem ser seguidos para a resolução dos mesmos:

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• Marque um encontro ou reunião;

• Descreva seus problemas e necessidades;

• Considere o ponto de vista do colega;

• Negocie uma solução;

• Confira a solução.

A solução apresentada deve de alguma forma tentar sanar parte ou o todo do real problema identificado previamente, o importante é o problema e a solução e não a discussão sobre o que cada um considera o melhor a ser feito.

A forma com que lidamos com os conflitos interpessoais pode se tornar fator fundamental na sobrevivência dentro da organização. Muitas empresas em seu processo seletivo buscam profissionais capazes de lidar com situações de conflitos e mediação para os mesmos. Saber manter a harmonia e o equilíbrio dentro da equipe e da organização faz com que as informações tenham seu fluxo corrente podendo tornar a execução das tarefas mais rápida e eficaz.

“Competência interpessoal, portanto, é resultante da percepção acurada realística das situações interpessoais e de habilidades específicas comportamentais que conduzem a conseqüências significativas no relacionamento duradouro e autêntico, satisfatório para as pessoas envolvidas” (Moscovici, 1996).

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competência interpessoal. Esta por sua vez, junto com suas competências técnicas o fazem diferenciar no mercado de trabalho.

2.3 Redes Sociais

Uma rede é um agrupamento de indivíduos,

organizações ou agências organizadas em bases não

hierárquicas em torno de questões ou preocupações,

as quais atuam proativamente e sistematicamente

baseadas no compromisso e confiança. (WHO 1998)

A análise de redes sociais (ARS) é uma abordagem oriunda da sociologia, da psicologia social e da antropologia (Freeman,1991). Essa abordagem estuda as relações entre atores sociais. Os atores na ARS podem ser tanto pessoas, consideradas como unidades individuais, ou unidades sociais coletivas, como, por exemplo, departamentos dentro de uma organização. ARS é usada para se estudar a troca de recursos entre atores, sendo a informação um dos recursos estudados (Haythornthwaite, 1996). A ARS possibilita o delineamento da estrutura social por meio de uma rede e, assim, permite proceder a sua análise. No diagrama da rede social, atores são representados por “nós” e suas relações por linhas que as demonstram (Tomaél, 2007). Ela vem sendo aplicada nas organizações uma vez que as pessoas contam com a sua rede de relacionamentos para encontrar informações e resolver problemas. (TOMAÉL, 2005, p.103). Ela investiga os padrões de relacionamento com base nas interações e procura identificar, os efeitos dessas interações nos atores e nas organizações.

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Em Ciências Sociais, rede seria o conjunto de relações sociais entre um conjunto de atores e também entre os próprios atores. Designa ainda os movimentos pouco institucionalizados, reunindo indivíduos ou grupos numa associação cujos limites são variáveis e sujeitos a reinterpretações. (Colonomos, 1995). A expressão rede social total cunhada por Radcliffe-Brown na década de 50, pretende caracterizar a estrutura social enquanto uma rede de relações institucionalmente controladas ou definidas. Redes Sociais são formadas a partir dessas relações interpessoais por meio de situações sociais onde um comportamento individual vai ao encontro com os valores de um grupo e com a interação dos os outros membros desse grupo, produzindo mudanças nos mesmos. Pessoas com interesses comuns ou pertencentes a uma comunidade ou organização estabelecem relações que possuem um objeto em comum. A ênfase no aspecto pragmático visualiza a rede como “um conjunto de participantes autônomos, unindo idéias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados” (Marteleto, 2001).

Para nosso estudo definimos Redes Sociais como sendo um agrupamento de indivíduos que compartem normas e valores comuns pertencentes a uma comunidade, grupo, ou organização que possui o mesmo objetivo.

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O estudo das redes sociais pode ser dividido em dois: as redes completas e as redes pessoais. As primeiras têm como objeto a relação estrutural da rede com os grupos sociais. Trata da distribuição do poder na rede ou na relação desta com outros grupos. O estudo das redes pessoais tem como ponto focal a análise dos papéis dos indivíduos nos diversos grupos sociais de que participa, além de verificar o que compõe, direciona e reforça esses laços (Villasante, 2002). Portanto, analisar as redes sociais envolve um mapa da trajetória do campo dos relacionamentos, no qual o indivíduo pode descobrir a quem suas ações afetam e por quem ele é afetado (Prattis, 1978). As redes estão em contínua construção por resultado das ações dos atores. Elas podem ser entendidas como processo e como estrutura simultaneamente, sendo continuamente remodeladas pelos atores que são, por sua vez, limitados pelas posições estruturais nas quais se encontram. As ações (atitudes e comportamentos) dos atores nas organizações são explicadas em termos de posição nas redes de relações (Lopes & Baldi, 1999). Os funcionários que são estruturalmente equivalentes tendem a ver uns aos outros como semelhantes ou substitutos um para o outro (Ho & Levesque, 2005). Como resultado, indivíduos equivalentes estruturalmente muitas vezes adotam atitudes e percepções parecidas, devido ao fato de que eles têm laços com outros semelhantes e são, portanto, na maioria das vezes, expostos às mesmas informações.

Minarelli (2001) define em grupos esses três níveis de relacionamento (ou laços) e as posições com os quais convivemos dentro da rede:

• Grupo primário: é formado por pessoas mais próximas, com as quais temos forte envolvimento emocional e disposição imediata de colaborar e compartilhar objetivos comuns.

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• Grupo de referência: são as pessoas que nos ajudam a moldar nossas características pessoais, pois seus valores e suas expectativas ordenam nosso padrão de comportamento.

Tais grupos podem ser analisados sobre a perspectiva de características das redes. De acordo com Tichy, Tuschman & Fombrum (1979) são elas:

• Conteúdo transacional - o que é trocado pelos atores sociais;

• Natureza das ligações - a natureza qualitativa e a força das relações;

• Características estruturais - padrão geral de relacionamento entre os atores do sistema.

Com relação a esses atores da rede, Wasserman & Faust (2007) apresentam três categorias básicas de medidas de centralidade e importância do seu papel na rede:

• Potencial de centralidade (degree) - quanto maior o degree do ator, maior o seu nível de atividade por estar conectado a um grande número de elementos. Ele é a definição de quantos laços o ator possui na rede.

• Potencial de acesso (closeness) - É à distância dos outros atores. Foca na proximidade do ator com os outros atores no conjunto da rede.

• Potencial de controle (betweenness). – A importância do ator na difusão da comunicação e informação dentro da rede.

Considerando a questão do trabalho, para Castells (1999) nas organizações estruturadas em rede é realizada nova forma de divisão do trabalho. Dimensões desta nova divisão seriam:

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que estão presos a suas tarefas específicas, definidas por instruções unilaterais não interativas.

• Capacidade de atuação – Se refere à capacidade de atuação no processo decisório, distinguem-se entre os participantes que dão a última palavra na tomada de decisão; os participantes envolvidos no processo decisório; e os que implantam as decisões.

Outros indicadores da rede, que focam aspectos além das características e centralidade dos atores na rede, referem-se à sua estrutura equivalente e aos buracos estruturais. Segundo Burt (1992), os atores que prosperam são os que possuem redes imediatas densas e, também, estão ligados às redes mais distantes, caracterizadas por vários contatos não redundantes. Contatos redundantes são aqueles dirigidos às mesmas pessoas e, portanto, levam às mesmas informações e aos mesmos benefícios. Quanto maior for a rede social, mais heterogêneas são as características sociais dos membros da rede e maior a complexidade na estrutura dessas redes (Garton; Haythornthwaite; Wellman, 1997) .

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indivíduos têm relações fortes, é provável que haja uma superposição em suas relações e valores; e a rede, como um todo, é limitada. Porém se a relação entre os entes é fraca existem diferenças de valores e crenças e os relacionamentos provenientes desta, tendem a enriquecer o grupo ou rede social. Os laços das redes sociais proporcionam oportunidades para os funcionários a entender o que os outros pensam e reagem a respeito de determinados assuntos dentro da organização, e são, portanto, o meio pelo qual ocorre a influência social nas organizações (Ibarra & Andrews, 1993; Krackhardt & Brass, 1994).

Nelson (1984) faz um apanhado desses agrupamentos definindo os contatos como fortes ou fracos, freqüentes ou raros, altamente emocionais ou puramente utilitários.

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empresas nas quais passamos em nossa experiência de trabalho e por todos os colaboradores externos a essa experiência.

2.3.1 Tipos de redes sociais

As redes sociais constituem um recurso teórico e metodológico especialmente útil para os estudos que tomam as organizações como sistemas de significados construídos nas relações e conexões existentes entre seus membros. Podemos classificar as redes em dois tipos: as redes interorganizacionais e as redes intra-organizacionais.

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A rede social formal é uma serie de ligações ou laços prescritos entre posições sociais formais ou padronizadas (Kuipers, 1999). Os problemas ligados à horizontalidade ou verticalidade das relações sociais entre os atores e o exercício do poder tornam-se mais evidentes quando a rede se formaliza (Pinto e Junqueira, 2009).

Por outro lado as redes informais não são explicitadas ou prescritas pelas organizações, e baseiam-se em interações que dependem dos atributos pessoais dos participantes, que ligados por diferentes tipos de laços realizam trocas ou transações e fazem suas próprias escolhas voluntárias. Os mesmos autores consideram que, embora um laço possa ser usado para transferir múltiplos conteúdos, estes são específicos aos contextos no qual são formados e não podem ser usados para transferência indiscriminada de todo tipo de recursos. São identificados 3tipos de rede informais:

• Rede estratégica de informação: compõe-se de informações sobre o que esta acontecendo na organização e que afeta seus membros;

• Rede de amizade: é baseada na troca de afeto, amizade e socialização;

• Rede de confiança: é uma rede na qual um ator se permite correr riscos, abrindo mão do controle dos resultados e tornando-se dependente de outro ator, sem a força ou coação da relação contratual, estrutural, legal ou de terceira pessoa.

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2.3.2 Redes de Informação

Como vimos, os indivíduos estão inseridos em redes sociais dentro e fora das organizações. Como conseqüência, essas redes podem constituir unidades de análise potencialmente mais ricas para compreender o posicionamento das pessoas e a dinâmica dos processos coletivos. As abordagens mais recentes sobre mudança organizacional enfatizam o papel da percepção dos indivíduos ao reconhecerem que as empresas são ambientes ordenados e moldados a partir de interpretações dessas mesmas pessoas. (Bastos e Viana, 2007). Assim, os estudos baseados na análise das redes sociais (ARS) dentro das empresas foram, em geral, realizados com a intenção de descrever o fluxo de informações e seus efeitos sobre os indivíduos, departamentos (ou outro subconjunto da organização) e na própria empresa (Oliveira e Silva & Ferreira, 2007). As redes sociais, estruturadas pelas interações entre atores, propiciam o compartilhamento da informação e a construção do conhecimento determinante para o desenvolvimento de inovações (Tomaél, 2007). Relações e redes não podem ser entendidas sem o conhecimento do processo de comunicação que ocorre nelas e este processo está relacionado com as características estruturais de cada rede (CUNHA E MEDEIROS, 2007).

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de todas as oportunidades existentes em todos os grupos; e como sua difusão demanda tempo, alguns indivíduos possuem vantagens por serem informados antes dos demais.

Alguns autores identificaram os seguintes atores críticos da rede de informação:

• Conector central: é o ator que liga a maior parte das pessoas de uma rede informal umas com as outras (Cross & Prusak, 2002). O envolvimento nas relações o toma mais visível para os outros, podendo ser encontrado na rede por estar recebendo ou enviando muitas ligações (Wasserman e Faust. 2007);

• Expansor de fronteiras: é o ator que conecta uma rede com outras partes ou subgrupos entre si. Ele serve de olhos e ouvidos do grupo para o mundo externo e tem importante papel no fluxo de informações (Cross & Prusak , 2002).

Alguns indivíduos, portanto têm vantagens sobre os demais atores por construírem uma rede de informações que garante o acesso às oportunidades existentes, de três formas: i) controle sobre o acesso e o conhecimento de quem melhor pode usar a informação; ii) uso privilegiado e antecipado em relação aos demais, iii) ampliação de sua legitimação(Oliveira e Silva & Ferreira, 2007).

A informação e seu processo de comunicação se tornam importante ferramenta do indivíduo (ator) dentro das organizações. Não só para sua sobrevivência, como também para o desenvolvimento da empresa. Para Luthra & Desouza (2003) as estruturas em rede das organizações são impulsionadas pela busca de economias relativas à gestão da informação.

2.3.3 Redes sociais virtuais e o trabalho

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Com o avanço do uso da internet os grupos pessoais e profissionais ganham o universo virtual. Sites de relacionamento e comunidades são desenvolvidos para criar e manter; e desenvolver relacionamentos em um ambiente cada vez mais utilizado.

Em uma pesquisa realizada na Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, constatou-se que o cérebro humano é capaz de administrar um máximo de 150 amigos nas redes de relacionamento disponíveis na internet. Fato que já fora outrora comprovado nos anos 90, pelo cientista Robin Dunbar, que desenvolveu uma teoria batizada de "Número de Dunbar", que estabelece que o tamanho do neocortex humano (a parte do cérebro usada para o pensamento consciente e a linguagem) limita a capacidade de administrar círculos sociais em até 150 amigos, independente do grau de sociabilidade do indivíduo.

Ao ser questionado se os sites de relacionamento teriam aumentado o tamanho dos círculos sociais, ele percebeu que não. "É interessante ver que uma pessoa pode ter 1,5 mil amigos, mas quando você olha o tráfego nesses sites, percebe que aquela pessoa mantém o mesmo círculo íntimo de cerca de 150 pessoas que observamos no mundo real", afirmou Dunbar, em entrevista ao jornal The Times.(UOL TECNOLOGIA, 2010)

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de informalidade e segurança. Elas podem se tornar uma alavanca ou um ponto de partida para se atingir os objetivos profissionais.

Outras fontes de contatos profissionais do mundo virtual são os sites de emprego ou headhunter. Na tabela 1, segue o resultado de nossa pesquisa nos dois maiores sites brasileiros de busca de empregos: Catho (2010) e Manager (2010).

Site Nº de vagas de emprego Nº de pessoas contratadas

Catho 232.259 411

Manager 175.779 Não disponível

Tabela 1 - Empregos - Pesquisa realizada dia 20/05/2010. Vagas e número de contratados do dia.

Vimos na tabela 1, grande oportunidade de vagas de trabalho, assim como também a quantidade de pessoas contratadas por meio dos mesmos. Essas redes sociais virtuais devem ser vistas não apenas uma fonte de informação rápida e atual, como também para melhorar os conhecimentos de nosso mercado de atuação profissional e como preciosa fonte de conexão. Essas plataformas nos facilitam o contato com quem levaríamos tempos para encontrar, ou ainda descobrir uma oportunidade de trabalho ou realocação de mercado que não estaria disponível por meio dos canais convencionais.

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2.4 Estratégias de sobrevivência

Em um mundo cada vez mais dominado pela tecnologia e pela rapidez das informações e dos acontecimentos o trabalhador tende a se especializar em suas funções. Além disso, para algumas tarefas, a presença física do profissional no ambiente de trabalho já não é mais tão necessária, podendo realizar o trabalho em home-office. O profissional cada vez mais precisa se adaptar e se ajustar as novas modalidades de emprego, elaborando e colocando em prática estratégias que lhe permitam sobreviver no trabalho.

Segundo Thiry-Cherques (2004), a palavra sobrevivência ora tem a concepção etimológica de continuar vivendo depois de determinado evento, ora tem o sentido coloquial de viver, apesar de. No nosso contexto utilizaremos o sentido se manter profissionalmente ativo apesar das mudanças no mercado de trabalho e na organização. Mencionaremos “sobreviver no trabalho” ao fato de alguém que para permanecer trabalhando, aceita fazer determinado tipo de trabalho, se sujeitando a executar tarefas repetitivas, perigosas ou sem sentido.

Em se tratando de sobrevivência e de frente a tanta tecnologia e comodidades nos questionamos quais as estratégias os profissionais se utilizam para permanecerem ativos no mercado de trabalho. Uma das possibilidades é a idéia de pertencimento, a segurança de se sentir parte das formações sociais profissionais, de estar contribuindo para o crescimento de algo ou da organização. Nos sub-capítulos a seguir mostraremos alguns desses elementos que colaboram para que o profissional se mantenha ativo e a forma com que são utilizados.

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2.4.1 Marketing Pessoal

Uma das formas de se utilizar de seus relacionamentos interpessoais para sobreviver no mercado de trabalho é fazendo o uso de marketing pessoal. Segundo Kotler (2000) “Marketing é um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com os outros.” No nosso caso, o que os indivíduos procuram e desejam é a valorização profissional. A troca de produtos pode ser desde informações, conhecimento, contatos e cooperação com outros indivíduos da sua rede. Já a valorização pessoal se dá por meio da divulgação positiva de sua imagem perante os outros. Portanto, a maneira com que ele faz essa divulgação se trata de uma das técnicas do marketing pessoal.

O palestrante e estrategista Mario Persona define em entrevista para o portal mundo do marketing: “marketing pessoal é um conjunto de ações que ajudam uma pessoa a obter maior sucesso em sua vida pessoal, nos relacionamentos e no trabalho” (PERSONA, 2010). Já Peters (2000, p.72), conceitua marketing pessoal como a capacidade individual de atrair e manter relacionamentos pessoais e profissionais entre a equipe, clientes, gerentes, diretores etc., de forma permanente para que através e por meio deles se realizem ciclos de atendimento de necessidades mútuas, gerando satisfação a todos. Definimos Marketing Pessoal como uma técnica de auto-valorização de imagem com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento profissional e pessoal do indivíduo.

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conhecimento específico), e então começar a se divulgar, entre seus colegas, clientes, e outros.

As pessoas então são vistas como verdadeiros produtos, originários de uma produção que vem desde início de sua vida, considerados matéria-prima (do fundamental até o término do ensino médio), entrando em elaboração (a procura da especialização), e chegando à fase da venda propriamente dita. Essa técnica de “se vender” vê como o produto da venda, o profissional, e como vendedor, o próprio. Assim, como toda venda, devem-se exacerbar as qualidades do produto e mascarar seus pontos negativos. “Prejudicar ou jogar fora uma reputação pessoal ou uma marca de fábrica preestabelecida é negligência imperdoável – e num grau importante, a personalidade corporativa é a soma da reputação passada e marcas de fábrica estabelecidas.” (Heller, 1990).

Outros fatores que influenciam nessa auto-venda são: a simpatia, a lábia e o poder de envolvimento que fazem tanto parte do vendedor como do atributo do produto. “Ter ciência de seus pontos fortes e fracos, de suas necessidades de aprimoramento, de seus vícios e defeitos é o primeiro passo para retornar sua conduta para a linha de montagem e dar uma melhorada nela” (PERSONA, 2010).

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você ser aceito em uma rede social. Ela deverá realçar competências e habilidades para fortalecer as redes sociais e o status da pessoa no mundo do trabalho, favorecendo a consolidação de espaços neste universo cada vez mais competitivo. (Tascin & Servidoni, 2005). Segundo o consultor americano William Arruda, da Reach Communications, que agora atende uma clientela individual: “Esses processos não são feitos para criar uma falsa imagem de alguém, algo sem substância”, explica Arruda. “Os profissionais aprendem a mostrar o que têm de mais autêntico e, assim, a ressaltar aquilo em que são melhores que os outros. Fala-se aqui de ensinar as pessoas a usar melhor suas qualidades.” (MUNHOZ, 2010).

Segundo Rogar (2007), há apenas duas décadas, tudo o que um candidato a uma vaga tinha para impressionar eram um bom currículo, talento, dinamismo e ousadia. Agora é preciso ter artigos publicados, uma presença marcante na internet e um estilo definido, como uma marca. Outra mudança vem acontecendo: permanecer muito tempo no emprego era sinal de confiança e estabilidade. Segundo Antônio Carlos Martins - Headhunter, hoje, não importa mais que o profissional não fique muito tempo trabalhando na mesma empresa. O que se busca é um funcionário global, capaz de entender de todos os mercados um pouco e a interagir com outras culturas. (Rogar, 2007).

Segundo Kotler (2000), o marketing pessoal não se faz apenas por um processo unilateral, pois, para se obter reconhecimento, uma pessoa precisa interagir com o meio. O marketing pessoal existe quando:

• Há pelo menos duas partes envolvidas.

• Cada parte tem algo que pode ser de valor para a outra.

• Cada parte tem capacidade de comunicação e entrega.

• Cada parte é livre para aceitar ou rejeitar oferta.

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Diferente de uma organização que oferece produto físico ou serviço, uma pessoa pode oferecer a terceiros a amizade, confiabilidade, liderança, amor, educação, entre vários de outros benefícios pessoais. O marketing pessoal é válido, não apenas quando aquele que o pratica consegue obter seus objetivos, mas sim quando as pessoas e grupos com os quais se relaciona obtiveram satisfação também. Quem pratica marketing pessoal deve focalizar suas características de tal forma, que também gere valor aos demais.

Outra forma de se fazer marketing pessoal é utilizar das ferramentas do mix de comunicação de marketing que são mais voltadas para essas ações. São relações públicas (ou publicidade), assessoria de imprensa e agentes profissionais de venda pessoal. Esses instrumentos do marketing em benefício da carreira profissional buscam valorizar os seus diferenciais, colocar o profissional em evidência e analisar suas vantagens competitivas a fim de catalisar os processos que facilitem o melhor posicionamento no mercado e em suas redes sociais. Uma das chaves para o desenvolvimento de uma carreira é que determinadas pessoas (colegas de trabalho, superiores, ou até mesmo pessoas de fora da empresa) saibam quem você é e conheçam suas habilidades, talentos e atitudes. Ao construir um nome e uma reputação dentro de um contexto de negócios, a pessoa está essencialmente criando sua própria marca.

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2.4.2 O poder do conhecimento e fluxo de informações

Ao se analisar o fenômeno do acesso à informação devemos pontuar o nível de conhecimento que ela transmite e sua relevância de utilização. A informação como base para a geração do conhecimento tem sido investigada em várias áreas, como a ciência da informação, a sociologia, a economia e a ciência política. Os fluxos de informação e o conhecimento produzido pelos laços existentes entre os membros da comunidade dependem de características culturais, sociais, econômicas e políticas, que também determinam a participação de cada um e as sanções para os não-participantes. Em suma, orientam os valores e normas de cada rede supondo que em cada comunidade existam superpostas, várias delas, muitas criadas ad hoc (Marteleto & Oliveira, 2004).

A margem de decisão de um indivíduo inserido em uma rede social está sujeita à distribuição de poder, à estrutura de interdependência e de tensões no interior do grupo. O fluxo das informações também depende dos laços de confiança que os entes da rede têm pelo gerador do conhecimento e por quanto esse indivíduo tem a capacidade de convencer e influenciar os outros participantes da rede. Consideram-se as redes não apenas como metáfora da estruturação das entidades na sociedade, mas também como método para a descrição e a análise dos padrões de relações nelas presentes (Marques, 2000).

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poderá contribuir para suas relações externas e internas, enriquecendo sua participação nas redes sociais.

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2.4.3 Capital Social

Marx no século XIX definiu capital como produto da mais valia (trabalho não pago) produzida pelo trabalhador e apropriada pelos donos dos meios de produção. A palavra nos remete ao mercado, propriedade privada, trabalho assalariado, recursos econômicos, riqueza e miséria. (D’Araújo, 2003)

As organizações provem de capital para se manterem vivas e funcionando. Elas possuem seu patrimônio (capital próprio) que são seus bens físicos imóveis, móveis e financeiros; e seu capital humano, seus funcionários. Já o trabalhador dessa instituição possui seu capital intelectual conseguido por meio de estudos, treinamentos, experiência, habilidades, técnicas, e por fim, seu capital social construído por meio das suas relações interpessoais e suas redes sociais.

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dos indivíduos depende não primariamente de suas próprias escolhas, mas das escolhas de seus pares em suas redes relevantes de interações.

As redes são portanto, uma forma de capital social na qual os indivíduos estão relacionados entre si por normas e valores comuns, além dos laços econômicos. (Franco, 2001). Já o capital social é a “habilidade das pessoas trabalharem juntas, em grupos e organizações, para atingir objetivos comuns” (Coleman, 1988:95). Para Coleman, o capital social é um recurso para o indivíduo que pertence a uma determinada estrutura, tratando-se de um recurso coletivo. Já Lin (2001) define capital social como recursos incorporados em uma estrutura social que são mobilizados em ações intencionais. Ele é proveniente das relações entre indivíduos, organizações, comunidades ou sociedades. Putnan (1995), de forma semelhante aos outros autores, trata o capital social como um recurso coletivo baseado em normas e redes de intercâmbio entre os indivíduos. Ele define capital social como “aspectos da organização social como redes, normas e confiança social, que facilitam a coordenação e a cooperação em benefício mútuo”. Ainda se pautando no discurso do recurso, Kostova & Roth (2003) classificam como sendo “recursos potenciais que os atores sociais podem mobilizar para conseguir seus objetivos e que estão disponíveis para eles por causa de suas relações sociais com os outros”. Já Oliveira e Silva & Ferreira (2007) definem como um conjunto de redes e normas que permitem a redução dos riscos decorrentes das relações entre desconhecidos e, conseqüentemente, dos custos de transação. O capital social é composto por normas sociais e de estruturas que garantem que as pessoas evitem comportamentos de maximização da utilidade em detrimento dos objetivos do coletivo.

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uma rede de relações de reconhecimento mútuo institucionalizada. Os recursos são usados pelas pessoas em uma estratégia de progresso dentro da hierarquia social, prática resultante da interação entre o indivíduo e a estrutura (Marteleto, 2002). O Capital social é um meio de reforçar as normas de comportamento entre indivíduos de uma organização agindo como recurso (Walker et al., 1997). Ainda segundo Bourdieu (1985), o capital social pode ser entendido como um conjunto de redes e normas, permitindo a redução dos riscos decorrentes das relações entre desconhecidos e, conseqüentemente, dos custos de transação. Bourdieu (1980) afirma que uma rede tende a reproduzir um padrão de relações de valores individuais na preservação do capital social. A noção de capital social implica uma estratégia de manter a estrutura existente das relações.

Conceituaremos capital social um recurso construído pelos indivíduos por meio de laços de confiança interpessoal dentro das redes utilizado para alcançar seus objetivos profissionais.

Para Nahapiet e Ghoshal (1998), o capital social nas empresas está associado à existência de recursos existentes nos relacionamentos pessoais que podem ser usados em proveito dos indivíduos e das organizações. Eles apontam três aspectos do capital social:

• Estrutural – O indivíduo obtém vantagens, pois inclui a interação social e sua posição na rede, e seus contatos permitem que ele obtenha informações vantajosas (vantagem no acesso a recursos). Ele diz respeito ao padrão geral das relações encontradas nas organizações.

(51)

• Cognitivo - dimensão de conteúdo ou da comunicação que facilitam a compreensão dos objetivos da coletividade e das normas para atuar naquela sociedade. Ele diz respeito a como os indivíduos das redes sociais compartilham uma perspectiva ou entendimento comuns.

Focando no aspecto relacional, o capital social reflete os potenciais benefícios para os atores que são derivados a partir do conteúdo e da natureza das suas relações com os outros, como indicado pelas crenças e atitudes que os indivíduos detêm para com os outros. Tais crenças e atitudes incluem a confiança e confiabilidade (Fukuyama, 1995; Putnam, 1993; Tsai e Ghoshal, 1998), normas e sanções (Coleman, 1990; Putnam, 1995), as obrigações e expectativas (Burt, 1992; Coleman, 1990; Granovetter , 1985), identidade e identificação (Hakansson & Snehota, 1995; Merton, 1968). Como outras características do capital social, podemos citar como sendo tanto “apropriável” (Coleman, 1988) quanto "conversível" (Bourdieu, 1985). É apropriável no sentido de que a rede de um ator, digamos, os laços de amizade podem ser usados para outros fins, tais como a recolha de informações ou conselhos; e conversível, pois se torna um recurso tanto para o indivíduo como para a organização.

Existe, portanto uma forte relação entre os elementos da estrutura de redes por trás do conceito de capital social que passa a ser um recurso do indivíduo podendo ser utilizado por ele, pela comunidade ou pela instituição, mas que foi construído por meio de suas relações. Um ator cria oportunidades para operações de capital social, pois suas relações externas para outras redes e atores dão a oportunidade de alavancar seus recursos de contatos (Adler & Kwon, 2002).

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estrutura. Portanto, o Capital social é o recurso disponível para os atores em função de sua localização na estrutura de suas relações sociais (Adler & Kwon, 2002). A posição de cada indivíduo na rede depende do quanto ele agrega ao capital social do conjunto; e a margem de decisão de cada um está sujeita à distribuição de poder, e dos fluxos de informação (Oliveira e Silva & Ferreira 2007). O capital social, portanto, pode trazer dois tipos de benefícios. Leana & Van Buren (1999) usam os termos benefícios primário e secundário para descrever a forma com que os indivíduos utilizam essas informações: para benefícios pessoais, quando ele utiliza para si mesmo; e quando ele “sofre” os benefícios; ou seja, quando os recursos são utilizados para o bem comum ou da organização. O capital social torna-se, portanto, um “bem” disponível para indivíduos ou grupos. Sua fonte situa-se na estrutura e no conteúdo das relações sociais do ator. Seus efeitos se dão pelos fluxos surgidos a partir da informação, influência e solidariedade disponíveis para o ator (Adler & Kwon, 2002).

2.4.4. O Indivíduo, a organização e o uso do capital social

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Quando existe o problema de coordenação de organizações altamente descentralizadas é a rede espontânea que emerge como resultado das interações dos participantes descentralizados, criando uma autoridade centralizada. Para que essas redes produzam realmente ordem, elas dependem necessariamente de normas informais tomarem o lugar das organizações formais – em outras palavras, do capital social (Fukuyama, 1999:206-7).

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Putnam (1993) ainda argumenta que o capital social torna mais fácil o trabalho coletivo e, finalmente, facilita o desenvolvimento econômico e comunitário. O capital social ainda ajuda os trabalhadores encontrar emprego (Granovetter, 1973, 1995, Lin & Dumin, 1996; Lin, Ensel & Vaughn, 1981) e reduz as taxas de turnover

(

Krack Hardt & Hanson, 1993).

Portanto redes, indivíduos, comunidades e capital social acabam se convergindo. Redes formam comunidades, ou comunidades se caracterizam por apresentar um padrão de rede. “Redes são capital social e comunidades produzem capital social” (Franco, 2001 p. 389). A partir daí que se busca compreender a diferença de desempenho institucional do trabalhador recorrendo a outras variáveis que acaba por valorizar sobretudo a cultura cívica, a cultura política, as tradições, ou seja , fatores importante para a existência de capital social.

O capital social refere-se ao conhecimento e à informação aos quais as organizações podem ter acesso, utilizando seus funcionários, seus vínculos formais e informais com agentes externos, tais como clientes, organizações parceiras e funcionários conectados de outras organizações (ANAND, GLICK & MANZ, 2002).

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As organizações usufruem do capital social de seus funcionários por meio da comunicação. No entanto, nem todos os meios de comunicação são equivalentes – cada meio tem características específicas que podem torná-lo adequado para o acesso a algumas formas de conhecimento e ineficaz para o acesso a outras formas. Nahapiet e Ghoshal (1998) afirmam que o desenvolvimento do capital social dentro de uma organização é uma fonte de vantagem competitiva para uma empresa. No entanto, muitas organizações não têm capacidade de tirar vantagem do capital social por inúmeras razões. Em alguns casos os gerentes podem desconsiderar o conhecimento e a informação que vêm de fora da organização, porque não seria consistente com seus valores. Em outros casos, os gerentes podem não saber tirar proveito da informação adquirida.

Definiremos essa informação como conhecimento organizacional que seria traduzido como qualquer informação, crença ou habilidade que a organização possa aplicar às suas atividades (Anand, Glick & Manz, 2002). E esse é um ponto chave que difere um gerente de outro na luta pela sobrevivência no seu trabalho dentro da empresa.

A Hierarquia é uma dimensão importante da estrutura social que indiretamente influencia na forma com que o capital social molda a estrutura das relações sociais. O trabalho, os fluxos de decisão, e a hierarquia dentro das organizações podem influenciar a oportunidade, porque muitos laços vêm com posições formais e não são voluntariamente escolhidos (Podolny & Baron, 1997).

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para compreender o novo conhecimento localizado fora de seus limites, e juntá-lo ao conhecimento atual utilizando-o em suas atividades e na condução de seus subordinados.

Apesar de haver numerosas fontes de capital social e várias formas de obtê-lo, eles podem ser categorizados com base na natureza do conhecimento – explícito versus tácito – e no volume de conhecimento que se está buscando. O conhecimento explícito pode ser obtido a partir de fontes externas mediante o uso de meios de comunicação impessoais, como o intercâmbio eletrônico de dados, bem como por meio de fax e carta. O conhecimento tácito, por sua vez, exige meios de comunicação pessoais que permitam a interação direta e intensa entre os indivíduos (Daft e Lengel, 1986). As redes de forte relação interpessoal dentro de uma organização facilitam essa troca e fluxo de conhecimento e o desenvolvimento desse capital social pelo indivíduo pode contribuir pra sua permanência na organização.

Os contatos e relações de suas redes sociais profissionais e pessoais fazem com que o indivíduo esteja de posse de uma grande ferramenta que poderá auxiliá-lo para se manter no mercado de trabalho. A estratégia de utilização das mesmas, ou seja, seu capital social, utilizado para se alcançar seus objetivos profissionais é o que pode determinar sua sobrevivência.

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3. LEVANTAMENTO DOS DADOS

A pesquisa empírica realizada teve como objetivo levantar, por meio das entrevistas, questionários e observação direta, as estratégias do uso das redes sociais para a sobrevivência no trabalho.

Para tal, o estudo foi dividido em três grandes áreas que buscaram mostrar a estrutura de interação que envolve os diversos tipos redes sociais. Levantamos também a forma como se dá o funcionamento dessa estrutura, seus elementos e como é feito tipo da ligação dos indivíduos (atores da rede) com a finalidade de impulsionar seus objetivos profissionais.

Segue abaixo as áreas que fazem parte da estrutura dessas redes que foram estudados:

• O indivíduo e sua auto-percepção (o sobrevivente).

• Os relacionamentos como âncora para a formação das redes sociais e seus principais tipos.

• Os elementos pertencentes a estrutura das redes sociais usados como estratégia de sobrevivência no trabalho.

3.1. O indivíduo e sua auto-percepção - o sobrevivente

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3.2 Os relacionamentos como âncora para a formação das redes sociais e seus principais tipos

Por meio dos questionários levantamos a dinâmica das relações, identificando como os tipos de interação vão moldando os principais tipos de redes sociais (sejam família, amigos, ou colegas de trabalho) e seu nível de relacionamento dentro delas (afinidade, objetivos em comum, interesses). Separamos as redes de acordo com o grau de impacto em que elas auxiliam o indivíduo a se manter profissionalmente. (suporte, participação direta ou intervenção indireta, aconselhamento), montando assim as interações dentro e entre as redes sociais.

3.3 Os elementos pertencentes à estrutura das redes sociais usados como estratégia de sobrevivência no trabalho

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4. METODOLOGIA DE PESQUISA

Neste capítulo apresentamos a metodologia utilizada, os sujeitos estudados, assim como a explicação de todas as fases do trabalho empírico, incluindo o método de coleta e tratamento de dados. Classificamos a pesquisa pela taxionomia proposta por Vergara (2009) que se baseia em duas análises: quanto aos meios e quanto aos fins.

4.1 Quanto aos fins

Quanto aos fins a pesquisa teve caráter explicativo, compreendendo uma etapa exploratória e outra descritiva. Explicativa, pois pretendemos esclarecer como as redes sociais são utilizadas para se atingir um objetivo profissional. A etapa exploratória se deu porque apesar das redes sociais serem debate de diversos estudos, pouco se conhece sobre o impacto das redes como estratégia de sobrevivência no trabalho. Por fim, descritiva, porque buscamos descrever os diversos tipos de redes sociais formadas por meio das relações interpessoais, e os elementos que compões essas redes responsáveis pela sobrevivência do indivíduo no trabalho.

4.2 Quanto aos meios

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4.3 Sujeitos

Os sujeitos da pesquisa são profissionais atuantes no Estado do Rio de Janeiro, pertencentes a empresas privadas tanto de pequeno (até 50 funcionários), médio (de 50 a 200) e grande porte (acima de 200).

Para o estudo, a exigência foi de que todos os envolvidos possuíssem relações interpessoais não somente dentro da organização, como fora dela. Foi utilizado o critério de saturação para definir a quantidade de entrevistas realizadas. O critério de saturação é um processo de validação objetiva em pesquisas que adotam métodos, temas e colhem informações em setores e áreas em que é impossível ou desnecessário o tratamento probabilístico de amostra. (THIRY-CHERQUES, 2009b). Ainda segundo o autor, é um instrumento que diz que novos dados deixam de ser necessários, quando nenhum novo exemplo consegue ampliar o número de propriedades do objeto investigado. É quando não há mais respostas que possam vir a mudar o fenômeno observado.

4.4 Tipo de pesquisa

(62)

A pesquisa qualitativa caracteriza-se pela análise e compreensão de informações que podem ser colhidas por meio de depoimentos, entrevistas ou citações, e é utilizada para interpretar um dado fenômeno em profundidade.

Como se optou por colher dados através da interação direta pesquisador - pesquisado , esse tipo de pesquisa leva em consideração pelo pesquisador em sua análise, a visão do pesquisado, os comportamentos apresentados no momento da mesma e os sentimentos com relação aos assuntos abordados.

Na terceira parte do estudo empírico aplicamos um questionário semi-estruturado que buscou reforçar algumas informações coletadas nas entrevistas. É válido ressaltar que em ambos os casos o estudo apresentou um corte seccional, apresentando interesse na questão das redes sociais e sua forma de utilização por parte dos pesquisados com relação à questão da sobrevivência no trabalho. Tanto no aspecto do indivíduo como sobrevivente, assim como na estrutura das redes existente e os elementos pertencentes a ela.

4.4 Opção metodológica

Como opção metodológica de interpretação dos dados coletados utilizamos o método de caráter estruturalista.

Imagem

Tabela 1 - Empregos - Pesquisa realizada dia 20/05/2010. Vagas e número de contratados do dia
Tabela 2: Perfil dos entrevistados
Tabela 3: Perfil dos respondentes dos questionários
Figura 1 - Competências
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