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Os relacionamentos como âncora para formação das redes sociais e seus

5. INTERPRETAÇÃO DAS INFORMAÇÕES

6.2 Os relacionamentos como âncora para formação das redes sociais e seus

“Fazendo bons contatos no ambiente de trabalho e com profissionais do mercado, podemos criar uma rede de relacionamento. As vantagens são inúmeras como: aprimorar conhecimento, ter acesso a informações, pessoas ou ambientes que normalmente não teria e ainda, fazer up grade na carreira por indicações pessoais.” (Gerente de empresa de médio porte.)

Uma vez detectadas as características do indivíduo, partimos para a análise dos seus relacionamentos interpessoais. Buscamos levantar como as relações tanto profissionais quanto fora do ambiente de trabalho podem ajudar o respondente profissionalmente e de que forma cada rede social auxilia, tentando identificar elementos em comum ou divergentes. Em ambiente de trabalho, na rede social profissional, o fenômeno encontrado aponta que as relações, baseadas no sentimento de ajuda mútua, empatia e cordialidade são facilitadores para obtenção de conhecimento e informação, assim como o fluxo dos mesmos. Servem também para conseguir resolver questões de forma mais rápida e também por outras vias que não seria possível caso não houvesse essa boa relação. Os bons relacionamentos também são facilitadores nas resoluções das tarefas, assim como a troca de experiências. Aqui identificamos a primeira rede social relacionada à questão da sobrevivência: a rede profissional.

“ Os relacionamentos interpessoais me ajudam a conhecer atividades que outros colegas fazem e assim ter noção a quem recorrer para buscar certo tipo de informação; tornar o ambiente de trabalho mais agradável; obter acesso a pessoas ou informações que não teria sem um relacionamento; divulgar o meu trabalho; ser lembrado em tarefas ou projetos do meu interesse.” (Analista de grande empresa)

“A relação profissional é formada de rede. Indiretamente, todos esses agrupamentos sociais se encaixam nessa rede influenciando e sendo influenciados.”( Coordenador de grande empresa.)

Com relação às redes sociais profissionais dentro da organização, procuramos levantar como os grupos são formados levando em consideração a identificação da relação. Classificamos em dois grupos: os que possuem afinidade e os que não possuem. O fenômeno encontrado foi disposto da seguinte forma: As pessoas se identificam com os colegas de trabalho da mesma equipe ou que possuem funções semelhantes dentro da organização. Ou ainda aqueles que possuem a mesma base de formação profissional e cargo. Vemos ainda, que há um cruzamento entre as características próprias pessoais apontadas como facilitadoras de seus relacionamentos e as características do grupo social com que o respondente mais se identifica na organização. Os resultados mais encontrados foram: Os comprometidos, pró- ativos, comunicativos e executores. Todas as características pessoais dos indivíduos as quais os entrevistados se identificam, demonstraram aspectos positivos de postura profissional.

Em se tratando do grupo de não-identificação com os entrevistados encontramos aqueles cuja função, área ou formação seja completamente o oposto do respondente (ex: área de RH X financeiro). As características da personalidade e da postura profissional que contribuem para a não-identificação mais encontradas foram: acomodados, antiéticos, arrogantes, bajuladores e preguiçosos, ou seja, características que apontam aqueles que não se preocupam com o trabalho a ser realizado e nem com a forma com que é feito.

Em se tratando das redes sociais fora do trabalho, os grupos de identificação com os entrevistados mais apontados foram: família e amigos. O primeiro grupo apontado foi a rede família. O fenômeno observado foi basicamente de apoio e suporte psicológico em momentos de necessidade, dificuldade, stress ou tomada de decisão. A família foi citada com um grande peso no que diz respeito ao apoio das tomadas de decisão no trabalho e acolhimento nos momentos profissionais mais difíceis. Ela é a base de fortalecimento da estrutura do indivíduo.

“Minha família sempre me deu apoio para me qualificar profissionalmente, seja durante a faculdade seja depois, quando por exemplo, eu cogitei largar

um emprego para estudar para concursos. Os amigos podem ajudar a me atualizar a respeito de boas oportunidades de mercado ou me indicar para determinada vaga. Além disso, conversamos sobre o mercado de trabalho, e a troca de experiências e a reflexão que é conseqüência dessas conversas podem me fazer mudar meu jeito de agir no trabalho, minha postura em relação a tarefas, e sobre que rumo tomar na carreira.” (Analista de grande empresa)

Portanto, outro grupo de relações identificado fora da organização foi a rede de amigos. Esse grupo foi apontado como meio de se estabelecer outros contatos, aumentando suas redes sociais profissionais, para divulgação do trabalho e para a troca de experiência. A diferença vista nos agrupamentos família e amigos se deu basicamente, porque a primeira serve como apoio e o segundo como forma de aconselhamento. Porém em ambos os grupos foi citado que a ajuda também pode vir na indicação de novas oportunidades de emprego e realocação de mercado, verificando também que alguns grupos de identificação fora da organização podem desenvolver papéis semelhantes, convergindo para o mesmo objetivo. Podemos concluir essa etapa, identificamos basicamente a estrutura das redes sociais profissionais com suas três principais redes sociais influenciadoras do trabalho: família, amigos, colegas de trabalho, como pode ser visto na figura 2.

Ator Ator Ator Ator Amigos Rede Social Ator Rede Social Trabalho Rede Social Ator

Estrutura das Redes Sociais

Família Ator

Portanto vimos que algumas características facilitadoras dos relacionamentos já nascem com o indivíduo, porém muitas delas podem e devem ser desenvolvidas pelo mesmo ao longo de sua vida profissional.

Por fim, buscamos também levantar a questão do grupo de pessoas os quais os respondentes dedicavam maior ou menor respeito e admiração. Aqui a questão da ética, caráter e da honestidade, tanto pelo lado positivo e negativo, apontam o antagonismo entre o grupo de maior e menor afinidade, fatores base para a formação das relações e construção das redes sociais.

6.3 Os elementos pertencentes à estrutura das redes sociais usados como estratégia de sobrevivência no trabalho

Ao analisarmos a sobrevivência e o trabalho, levamos em consideração os pontos mais importantes identificados como base para a solidez das relações e das redes sociais já vistas no item o indivíduo como sua personalidade, a ética, e a honestidade. Depois separamos em blocos: os fatores que o indivíduo acredita contribuir para sua permanência na empresa, o que ele julga importante no desempenho de uma pessoa, também visando a permanência, e a estratégia de utilização de suas redes sociais prol de seus objetivos e ascensão profissionais. Visamos também em como essa utilização traria os benefícios para a execução de suas tarefas e para o seu desenvolvimento dentro da organização.

“comprometimento, determinação, conhecimento técnico, facilidade de comunicação e relacionamento” – Coordenador de grande empresa

Conforme apontado no relato do entrevistado, o que mais encontramos como fatores de permanência na organização foram características ligadas a postura profissional perante o

trabalho, as tarefas e a organização. O comprometimento, responsabilidade, foco no resultado, habilidade de se relacionar e trabalhar em equipe, juntamente com o conhecimento técnico adquiridos são os mais citados e considerados como pontos fortes. Essas características também foram vistas com relação direta ao se julgar o desempenho profissional (já visto anteriormente).

“Responsabilidade, competência técnica, habilidade relacional, capacidade de negociação, disponibilidade e interesse em servir.”( Gerente de pequena empresa)

Uma vez identificadas algumas características de permanência na organização, avançamos para o próximo ponto: o estudo do impacto do uso das redes sociais em prol dos objetivos profissionais, levando em consideração a questão da ética . Perguntamos aos profissionais se elas julgavam correto utilizar de seus relacionamentos de suas redes para conseguir algo para si, que por meio apenas das relações profissionais não seria possível. Das 34 pessoas, 23 responderam sim, completando que se não for prejudicar ninguém, ou fazer algo considerado antiético ou ferindo valores que acreditam serem corretos, as relações podem ser utilizadas para esse fim. Cinco entrevistados responderam depende, também baseados na mesma resposta. Somente seis responderam não alegando não ser ética tal postura.

“Os relacionamentos pessoais muitas vezes se misturam com os profissionais, então se for bom para a organização, porque não?” (Gerente de grande empresa).

Complementando essas respostas, perguntamos se os entrevistados acreditam que conseguir um cargo ou uma posição de prestígio em sua organização derivados das relações com seus superiores seria burlar as normas da organização. Vinte pessoas responderam que não. Como resultado, verificamos que desde que o profissional tenha competências técnicas e habilidades suficientes para ocupar o cargo em questão, isso não seria um problema, visto que manter relações cordiais também é fator para uma promoção de cargo, principalmente se for ter subordinados provenientes destes. Apontam também que um bom relacionamento com

seus superiores facilitaria como diferencial num momento de escolha. Aqui verificamos mais uma vez como as redes impactam no trabalho.

“Acredito que não, porque em qualquer organização de pessoas, faz parte importante das lideranças saber se relacionar. Logo, usar relações para subir na carreira é algo natural, contanto, que não seja uma "embalagem vazia", ou seja, prometer algo que não pode entregar. Se uma pessoa se relaciona bem com os superiores e desenvolve um bom trabalho, é competente, esse relacionamento teve apenas o papel de chamar a atenção dos superiores para o desempenho ...” . (Analista de grande empresa )

“Não. Acho natural que os superiores escolham pessoas que tenham facilidade de se relacionar para ocupar cargos mais altos. Mas também não deixaria de pensar que a escolha foi feita pela minha capacidade profissional.” Coordenador de grande empresa

Por meio desta análise, identificamos os elementos existentes na estrutura redes sociais profissionais. Verificamos que as relações entre os indivíduos baseadas em valores, afinidades e objetivos em comum são responsáveis para a formação das redes sociais. A partir daí foram encontradas três principais redes no que se diz respeito a sobrevivência no trabalho. Verificamos que a informação, conhecimento e o fluxo de comunicação entre as redes são elementos chave para que essa estrutura permaneça viva. Já no ambiente de trabalho vimos que na rede-profissional, os relacionamentos baseados em ética e honestidade são facilitadores de tarefas, e até ascensão profissional. Usar seus relacionamentos no ambiente de trabalho não é visto como antiético nem como algo que venha prejudicar os relacionamentos existentes, desde que estejam voltados para a execução das tarefas, ou para o bem comum da equipe ou organização. Porém, eles não podem ser considerados fatores únicos de sobrevivência. As competências técnicas, habilidades, a postura profissional de comprometimento perante o trabalho são fundamentais para que o indivíduo se mantenha como “sobrevivente”.

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