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A equação de morse e o índice de Conley

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Academic year: 2017

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(1)

A equa¸c˜

ao de Morse e o ´ındice de Conley

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(3)

SERVI ¸CO DE P ´OS-GRADUA ¸C ˜AO DO ICMC-USP

Data de Dep´osito: 28 de Janeiro de 2008

Assinatura:

A equa¸c˜

ao de Morse e o ´ındice de Conley

Eduardo Favar˜ao Botelho1

Orientadora: Maria do Carmo Carbinatto

Disserta¸c˜ao apresentada ao Instituto de Ciˆencias

Matem´aticas e de Computa¸c˜ao - ICMC-USP como parte

dos requisitos para obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em

Matem´atica.

USP - S˜ao Carlos

Janeiro/2008

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(7)

Agradecimentos

Agrade¸co aos meus pais, Dorvalino e Romilde, pelo privil´egio de ter sido criado

pelas grandes figuras humanas que s˜ao. Sem eles, tenho certeza, nem uma s´o palavra

deste trabalho teria sido escrita.

Agrade¸co aos meus amados irm˜aos, Daniela e Robson, pelo companheirismo ao

longo destes anos, e a minha tia Mercedes, pelo carinho perene e incondicional, um

tra¸co reservado apenas `as pessoas que amam verdadeiramente.

Agrade¸co aos grandes amigos Castilho e Giu pela parceria e por compartilharem

n˜ao s´o momentos de alegria, mas tamb´em de indecis˜ao. Agrade¸co tamb´em aos amigos

da p´os-gradua¸c˜ao: Catal˜ao, Claudinei, Leit˜ao, Marcos, Wescley, Yuri e todos os demais.

Finalmente, mas n˜ao menos importante, agrade¸co `a Prof. Dra. Maria do Carmo

(8)
(9)

Resumo

O ´ındice de Conley ´e uma ferramenta utilizada no estudo de

sistemas dinˆamicos. Em particular, as decomposi¸c˜oes de Morse

combinadas com uma apropriada vers˜ao do ´ındice de Conley e uma

correspondente equa¸c˜ao de Morse freq¨uentemente nos permitem obter resultados de multiplicidade de solu¸c˜oes. Neste trabalho,

apresentamos a teoria do ´ındice de Conley e a equa¸c˜ao de Morse

associada a uma decomposi¸c˜ao de Morse e aplicamos os resultados

(10)
(11)

Abstract

The Conley index is a well known tool used in the analysis

of dynamical systems. In particular, Morse decompositions

com-bined with an appropriate version of the Conley index and a

cor-responding Morse equation, often allow us to obtain multiplicity

results for solutions. In this work we introduce the Conley index

theory and the Morse equation relative to a Morse decomposition

(12)
(13)

Sum´

ario

Introdu¸c˜ao 1

1 Preliminares 5

1.1 Equa¸c˜oes diferenciais ordin´arias . . . 5

1.1.1 Teoria geral . . . 5

1.1.2 Resultados de continuidade . . . 6

1.1.3 Sistemas autˆonomos . . . 7

1.2 Topologia . . . 9

1.2.1 Categorias . . . 9

1.2.2 Homotopias . . . 11

1.2.3 Espa¸cos quocientes . . . 13

1.2.4 Aplica¸c˜ao induzida por inclus˜ao . . . 14

1.2.5 A adi¸c˜ao wedge . . . 16

2 O ´ındice de Conley 21 2.1 Semifluxos . . . 21

2.2 Conjuntos limites . . . 23

2.3 Vizinhan¸cas isolantes e blocos isolantes . . . 28

2.4 Admissibilidade . . . 36

2.5 Par ´ındice para um conjunto invariante isolado . . . 41

(14)

xiv SUM ´ARIO

2.7 O caso linear hiperb´olico . . . 45

2.8 O ´ındice de Conley homol´ogico . . . 49

3 Propriedades do ´ındice de Conley 51 3.1 A propriedade de adi¸c˜ao . . . 51

3.2 Irredutibilidade . . . 52

3.3 A Propriedade de Continua¸c˜ao . . . 57

3.4 Pontos de equil´ıbrio e o ´ındice de Conley . . . 73

3.5 A propriedade de adi¸c˜ao e de continua¸c˜ao e a existˆencia de solu¸c˜ao limitada 76 3.6 Equa¸c˜oes diferenciais assintoticamente lineares . . . 79

3.7 Solu¸c˜oes de onda de choque e propriedade de irredutibilidade . . . 83

4 A equa¸c˜ao de Morse 91 4.1 Par atrator-repulsor . . . 92

4.2 Decomposi¸c˜ao de Morse . . . 97

4.3 Par bloco e trio-´ındice . . . 100

4.4 A Equa¸c˜ao de Morse . . . 106

4.5 A Equa¸c˜ao de Morse e um resultado de multiplicidade . . . 113

(15)

Introdu¸

ao

O ´ındice de Conley ´e uma ferramenta utilizada no estudo de sistemas dinˆamicos.

Na sua forma original, a teoria foi desenvolvida por Conley. Na monografia [4]

encon-tramos a vers˜ao original desta teoria, que teve como objetivo principal as aplica¸c˜oes em

problemas provenientes de equa¸c˜oes diferenciais ordin´arias. O ´ındice foi definido para

fluxos definidos em espa¸cos localmente compactos. Enquadram-se em tal situa¸c˜ao, por

exemplo, as equa¸c˜oes diferenciais ordin´arias definidas em espa¸cos de dimens˜ao finita.

No trabalho [9], Rybakowski estendeu a teoria do ´ındice de Conley para uma classe

de semifluxos definidos em espa¸cos n˜ao compactos. Em particular, n˜ao somente as

equa¸c˜oes diferenciais parciais parab´olicas e equa¸c˜oes diferenciais funcionais retardadas

puderam ser tratadas por essa extens˜ao, mas tamb´em certas classes de equa¸c˜oes

dife-renciais funcionais neutras e equa¸c˜oes hiperb´olicas. No livro [10] e nos trabalhos citados

nele, algumas aplica¸c˜oes para essas classes de equa¸c˜oes s˜ao apresentadas.

A teoria do ´ındice de Conley pode ser vista como uma generaliza¸c˜ao da teoria

cl´assica do ´ındice de Morse em variedades compactas. A teoria de Morse apresenta um

´ındice para todo equil´ıbrio n˜ao degenerado, ao passo que a teoria de Conley apresenta

um ´ındice a todo conjunto invariante isolado compacto de uma equa¸c˜ao diferencial

ordin´aria. O ´ındice de Conley estendido para semifluxos definidos em espa¸cos n˜ao

compactos apresentado por Rybakowski pode ser entendido como an´alogo `a extens˜ao

de Palais-Smale para espa¸cos n˜ao compactos do ´ındice de Morse cl´assico.

Recordemos que um conjunto compacto invariante S ´e chamado isolado se admite uma vizinhan¸ca fechadaN de modo queS ´e o conjunto invariante maximal contido em

(16)

2 Introdu¸c˜ao

N. Ao conjunto invariante isolado S podemos associar um par de conjuntos fechados (N1, N2), chamado par ´ındice, satisfazendo as seguintes propriedades:

(i) N2 ⊂N1 ´e o “conjunto sa´ıda” de N1,

(ii) S ´e um subconjunto do interior de N1\N2 e

(iii) S ´e o subconjunto invariante maximal contido em N1.

O tipo de homotopia do espa¸co com um ponto base (N1/N2,[N2]), denotado por

[(N1/N2,[N2])], n˜ao depende da particular escolha do par ´ındice. O ´ındice de

Con-ley homot´opico de S ´e definido por h(S) := [(N1/N2,[N2])]. Utilizando uma

teo-ria de homologia, temos bem definido o ´ındice de Conley homol´ogico de S dado por

H∗(S) := (H∗(N1/N2,[N2])). A Propriedade de Continua¸c˜ao satisfeita pelo ´ındice de

Conley torna a teoria uma ferramenta ´util em problemas de an´alise funcional n˜ao-linear,

permitindo muitas aplica¸c˜oes em equa¸c˜oes diferenciais.

Por meio de ferramentas mais refinadas, como as decomposi¸c˜oes de Morse

combi-nadas com uma apropriada vers˜ao do ´ındice de Conley e uma correspondente Equa¸c˜ao

de Morse, podemos obter resultados de multiplicidade de solu¸c˜oes para problemas

varia-cionais.

O objetivo geral desse trabalho ´e apresentar a Equa¸c˜ao de Morse para uma

decom-posi¸c˜ao de Morse de um conjunto invariante isolado proveniente um semifluxo local

definido num espa¸co m´etrico e apresentar algumas ilustra¸c˜oes do uso de tal equa¸c˜ao no

estudo de sistemas dinˆamicos com exemplos obtido das equa¸c˜oes diferenciais ordin´arias.

O trabalho est´a organizado da seguinte forma. No Cap´ıtulo 1, apresentamos

re-sultados b´asicos da teoria de equa¸c˜oes diferencais ordin´arias e de topologia que ser˜ao

utilizados ao longo do texto.

No Cap´ıtulo 2 apresentamos a defini¸c˜ao do ´ındice de Conley homot´opico e

ho-mol´ogico para semifluxos locais definidos em espa¸cos m´etricos e calculamos o ´ındice

de Conley de um ponto de equil´ıbrio hiperb´olico de um sistema linear de equa¸c˜oes

diferenciais ordin´arias.

No Cap´ıtulo 3, discutimos trˆes propriedades b´asicas do ´ındice de Conley: a

Pro-priedade de Adi¸c˜ao, de Irredutibilidade e de Continua¸c˜ao. Conclu´ımos o cap´ıtulo com

(17)

Introdu¸c˜ao 3 Finalmente, no Cap´ıtulo 4, apresentamos a Equa¸c˜ao de Morse associada a uma

decomposi¸c˜ao de Morse de um conjunto invariante isolado. Inicialmente, apresentamos

o par repulsor-atrator, que representa a decomposi¸c˜ao de Morse mais simples que um

conjunto invariante pode ter. Utilizando o conceito de trio-´ındice e o ´ındice de Conley

homol´ogico, definimos a Equa¸c˜ao de Morse. Fechamos o cap´ıtulo com um resultado de

(18)
(19)

Cap´ıtulo

1

Preliminares

Neste cap´ıtulo, apresentaremos alguns resultados e conceitos b´asicos da teoria de

equa¸c˜oes diferenciais ordin´arias e de topologia alg´ebrica.

1.1

Equa¸

oes diferenciais ordin´

arias

Os conceitos e resultados desta se¸c˜ao podem ser encontrados em [6] ou [13].

1.1.1

Teoria geral

Sejam Ω um subconjunto aberto de R×Rn. Um ponto de R×Rn ´e denotado por (t, x), comt Re xRn.

Seja f : Ω → Rn uma aplica¸c˜ao cont´ınua e seja I um intervalo n˜ao degenerado da reta, isto ´e, um subconjunto conexo deRn˜ao reduzido a um ponto. O intervaloI pode ser aberto, fechado ou semi-fechado, finito ou infinito.

Defini¸c˜ao 1.1.1. Uma fun¸c˜ao diferenci´avel ϕ : I → Rn ´e uma solu¸c˜ao da equa¸c˜ao

diferencial ordin´aria

dx

dt =f(t, x) (1.1)

(20)

6 Cap´ıtulo 1 — Preliminares

no intervalo I se o gr´afico de ϕ em I est´a contido em Ω e

dt(t) = f(t, ϕ(t)) para todo t∈I. (1.2)

Observa¸c˜ao 1.1.2. Na defini¸c˜ao anterior, se t I ´e um ponto extremo do intervalo, a derivada em (1.2) ´e a derivada lateral correspondente.

Temos o seguinte resultado de existˆencia e unicidade de solu¸c˜oes.

Teorema 1.1.3. SejamΩR×Rn um subconjunto aberto e f uma fun¸c˜ao cont´ınua

em Ω e localmente lipschitziana com rela¸c˜ao a x em Ω. Seja (t0, x0) ∈ Ω. Ent˜ao

existem um α >0 e uma ´unica solu¸c˜ao ϕ: (t0−α, t0+α)→Rn de

˙

x=f(t, x)

com ϕ(t0) = x0.

Suponhamos as hip´oteses do Teorema 1.1.3. Ent˜ao, para cada (t0, x0) ∈ Ω, existe

uma ´unica solu¸c˜ao (maximal)ϕ =ϕ(·, t0, x0) de

˙

x=f(t, x), com x(t0) = x0, (1.3)

definida num intervalo maximal de existˆencia deϕ. Denotaremos este intervalo por (ω−(t0, x0), ω+(t0, x0)) ou, simplesmente, por (ω−, ω+). Recordemos que ω− pode ser

−∞e que ω+ pode ser +∞.

Teorema 1.1.4. Suponhamos as hip´oteses do Teorema 1.1.3 e sejaϕ(·, t0, x0)a solu¸c˜ao

maximal de

˙

x=f(t, x) com x(t) =x0

definida em(ω−(t0, x0), ω+(t0, x0)). Ent˜ao (t, ϕ(t)) tende `a fronteira deΩ quando t→

ω−(t0, x0) ou t →ω+(t0, x0).

1.1.2

Resultados de continuidade

Sejam ΛRkum subconjunto fechado e ΩR×Rn um subconjunto aberto. Seja

(21)

1.1 Equa¸c˜oes diferenciais ordin´arias 7 a x em Ω×Λ com constante de Lipschitz independente de λ ∈ Λ. Seja (t0, x0) ∈ Ω.

Para cadaλ ∈Λ, segue do Teorema 1.1.3 que existe uma ´unica solu¸c˜ao maximal de ˙

x=f(t, x, λ) com x(t0) = x0

definida no intervalo maximal (ω−(t0, x0, λ), ω+(t0, x0, λ)). Al´em disso, o seguinte

re-sultado ´e v´alido:

Teorema 1.1.5. O conjunto

D={(t, t0, x0, λ) : (t0, x0)∈Ω, λ∈Λ e t∈(ω−(t0, x0, λ), ω+(t0, x0, λ)}

´e aberto em R×R××Λ e a fun¸c˜ao

Φ :DRn

dada por Φ(t, t0, x0, λ) =ϕ(t, t0, x0, λ) ´e cont´ınua em D.

Proposi¸c˜ao 1.1.6. Seja Ω R×Rn um conjunto aberto. Para cada k N∪ {0},

sejafk: Ω→Rn uma fun¸c˜ao cont´ınua localmente lipschitziana com rela¸c˜ao a x em Ω. Suponhamos ainda que a seq¨uˆencia(fk)kconvirja uniformemente para f0 em cada parte

compacta de Ω. Seja ((tk, xk))k uma seq¨uˆencia em Ω convergindo para (t0, x0) ∈ Ω.

Para cada k∈N∪ {0}, seja ϕk =ϕk(·, t0, x0) a ´unica solu¸c˜ao maximal de ˙

x=fk(t, x) com x(tk) =xk

definida no intervalo maximal (ω−(k), ω+(k)). Seja [a, b] ⊂ (ω−(0), ω+(0)). Ent˜ao

existe um k0 = k0(a, b) tal que, para cada k ≥ k0, temos [a, b] ⊂ (ω−(k), ω+(k)) e

ϕk →ϕ0 uniformemente em [a, b].

1.1.3

Sistemas autˆ

onomos

Consideremos um importante caso particular de equa¸c˜oes diferenciais ordin´arias.

(22)

8 Cap´ıtulo 1 — Preliminares existe uma ´unica solu¸c˜ao maximal ϕ=ϕ(·, x0) de

˙

x=f(x) com x(0) =x0

definida em (ω−(x0), ω+(x0)). Al´em disso, o conjunto

D={(t, x0) : x0 ∈Ω e t∈(ω−(x0), ω+(x0))}

´e aberto em R×Ω e a aplica¸c˜ao π :DRn, xΩ e t (ω(x), ω+(x)), definida por

π(t, x) = ϕ(t, x), ´e cont´ınua. Al´em disso:

Proposi¸c˜ao 1.1.7. A aplica¸c˜ao π possui as seguintes propriedades:

(1) π(0, x) =x, para todo x∈Ω;

(2) π(t +s, x) = π(t, π(s, x)) para todo x Ω e todos t, s R tais que t +s (ω−(x), ω+(x)) e t ∈(ω−(π(s, x)), ω+(π(s, x))).

Observa¸c˜ao 1.1.8. A aplica¸c˜ao f ´e tamb´em chamada campo de vetores.

Umponto de equil´ıbrio do campo de vetoresf ´e um ponto x0 ∈Ω tal quef(x0) = 0.

Notemos que, sex0´e um ponto de equil´ıbrio def, ent˜ao a fun¸c˜ao constanteϕ :R→Ω,

dada porϕ(t) =x0, t∈R, ´e uma solu¸c˜ao de

˙

x=f(x). (1.4)

Reciprocamente, se uma fun¸c˜ao constante ϕ : R Ω, dada por ϕ(t) = x0, t R, ´e uma solu¸c˜ao de (1.4), ent˜ao x0 ´e ponto de equil´ıbrio de f.

Um caso particular de sistemas autˆonomos s˜ao os sistemas lineares. Seja A uma matrizn×n e consideremos o sistema linear

˙

x=Ax. (1.5)

Sejax0 ∈R. A ´unica solu¸c˜ao maximal de

˙

(23)

1.2 Topologia 9 definida emR ´e denotada poretAx.

Segue que 0 ´e o ´unico ponto de equil´ıbrio de f(x) = Ax. Dizemos que o sistema (1.5) ´e um sistema linear hiperb´olico se a parte real dos autovalores deA´e diferente de zero. O n´umeros=s(A) de autovalores com parte real negativa, contando suas multi-plicidades, chama-se´ındice de estabilidade do sistema. O n´umerok(A) de autovalores com parte real positiva, contando multiplicidades, chama-se´ındice de Morse de 0.

Proposi¸c˜ao 1.1.9. Suponhamos que

˙

x=Ax (1.6)

seja um sistema linear hiperb´olico. Ent˜ao Rn ´e decomposto em soma direta de dois

subespa¸cos S e U satisfazendo as seguintes propriedades:

(1) S ´e um subespa¸co invariante de (1.6), isto ´e, se x S, ent˜ao etAx S para todos t∈ R e x S. Al´em disso, A|S possui todos os autovalores com parte real

negativa;

(2) U ´e um subespa¸co invariante de (1.6), isto ´e, etAx U para todo t R e todo

x∈U, e A|U possui todos os autovalores com parte real positiva;

(3) Existem constantes µ >0 e K 1 tais que

||etAx|| ≤Ke−µt||x||, xS e t 0,

||etAx|| ≤Keµt||x||, xU e t 0.

Nesta disserta¸c˜ao, exemplificaremos a teoria do ´ındice de Conley e a equa¸c˜ao de

Morse atrav´es de equa¸c˜oes diferenciais autˆonomas.

1.2

Topologia

Para os conceitos apresentados e demonstra¸c˜ao dos resultados enunciados,

sugeri-mos [7], [8] e [14].

1.2.1

Categorias

(24)

10 Cap´ıtulo 1 — Preliminares (1) uma classe de objetos;

(2) para todo par ordenado de objetosX, Y, um conjunto hom(X, Y) dos morfismos com dom´ınio em X e imagem em Y. Se f ∈hom(X, Y), escrevemos f :X →Y; (3) para toda terna ordenada de objetos X, Y e Z, uma fun¸c˜ao associando ao par

de morfismosf :X →Y e g :Y →Z sua composi¸c˜ao

gf :X Z.

Al´em disso, as seguintes propriedades est˜ao satisfeitas:

(4) sef :X→Y,g :Y →Z e h:Z →W, ent˜ao h◦(g◦f) = (h◦g)◦f :X →W; (5) para todo objeto Y, existe um morfismo IdY : Y → Y, chamado morfismo identidade, tal que, se f : X → Y, ent˜ao IdY ◦f = f, e se h : Y → Z, ent˜ao

hIdY =h.

Seja C uma categoria. Se a classe de objetos ´e um conjunto, dizemos que C ´e uma

categoria pequena. Um morfismog :Y X ´e a inversa de f :X Y segf : IdX e

fg = IdY. Neste caso, denotamos g porf−1 e dizemos quef ´e um isomorfismo.

Mostremos o seguinte resultado, que ser´a utilizado na demonstra¸c˜ao da Propriedade

de Continua¸c˜ao do ´ındice de Conley.

Lema 1.2.1. Seja C uma categoria. Sejam a : X → Y, b : Y → Z e c : Z → W

morfismos tais que c◦b : Y → W e b◦a : X → Z s˜ao isomorfismos. Ent˜ao ent˜ao

a, b, c s˜ao isomorfismos.

Demonstra¸c˜ao. Seja a1 : Y → X a aplica¸c˜ao dada por a1 := (b◦a)−1 ◦b. Ent˜aoa1 ´e

um morfismo emC e

a1◦a = (b◦a)−1◦(b◦a) = IdX . (1.7)

Notemos que (ba)a1 =b. Logo, (c◦b)◦(a◦a1) = c◦b. Portanto,

a◦a1 = (c◦b)−1◦(c◦b) = IdY . (1.8)

As equa¸c˜oes (1.7) e (1.8) implicam quea´e isomorfismo e quea1 =a−1. Desta maneira,

(25)

1.2 Topologia 11

Defini¸c˜ao 1.2.2. Uma categoria C ´e chamada sistema simples conexo se, para todo par (A, B) de objetos em C, o conjunto hom(A, B) de morfismos de A em B cont´em exatamente um elemento.

Uma conseq¨uˆencia imediata da defini¸c˜ao acima ´e dada pela seguinte proposi¸c˜ao.

Proposi¸c˜ao 1.2.3. Suponhamos que C seja um sistema simples conexo e sejam X e

Y objetos em C. Ent˜ao, o ´unico elemento f em hom(X, Y) ´e um isomorfismo.

Demonstra¸c˜ao. Seja g o ´unico elemento em hom(Y, X). Logo, g f ´e um elemento em hom(X, X). Por´em, hom(X, X) = {IdX}. Portanto, g◦f = IdX. Analogamente,

podemos mostrar que f◦g = IdY.

Para maiores informa¸c˜oes sobre os conceitos de categoria, indicamos a leitura de

[14].

1.2.2

Homotopias

Sejam Y ´e um espa¸co topol´ogico e A ⊂ Y um subespa¸co de Y. O par (Y, A) ´e chamado par topol´ogico. No caso especial em queA =∅, identificamos (Y, A) com Y. Mais ainda, se A ={y0}, y0 ∈Y, identificamos (Y, A) com (Y, y0) e chamamos (Y, y0)

deespa¸co com ponto base y0 oucom ponto distinguido y0.

Sejam (Y, A) e (Z, B) dois pares topol´ogicos. Um morfismo f : (Y, A) → (Z, B) ´e uma aplica¸c˜ao cont´ınua f :Y Z tal que f(A)B.

A classe de todos os pares topol´ogicos (respectivamente, de todos os espa¸cos com

ponto base) e seus morfismos correspondentes definem uma categoria denotada porT P

(respectivamente, T).

Defini¸c˜ao 1.2.4. Sejam (X, A), (Y, B) pares topol´ogico e X′ X. Sejam f

0, f1 :

(X, A) → (Y, B) morfismos tais que f0|X′ = f1|X′. Denotando (X×[0,1], A×[0,1])

por (X, A)×[0,1], dizemos que f0 ´e homot´opico a f1 relativamente a X′, denotando

f0 ≃f1 rel X′, se existe uma aplica¸c˜ao

F : (X, A)×[0,1]→(Y, B)

tal que F(x,0) = f0(x) e F(x,1) = f1(x) para todo x ∈ X e F(x, t) = f0(x) para

(26)

12 Cap´ıtulo 1 — Preliminares Uma tal aplica¸c˜ao F ´e chamada homotopia de f0 em f1 relativamente a X′. Caso

X′ =, escrevemos f

0 ≃f1 e dizemos apenas que f0 ´e homot´opico af1 e que F ´e uma

homotopia entre f0 e f1.

Diremos que um espa¸co com ponto base (X, x0) ´e contr´atil quando existe uma

homotopia entre a aplica¸c˜ao identidade Id(X,x0) e a aplica¸c˜ao constante f : (X, x0) →

(X, x0) dada por f(x) = x0 para todo x∈x0.

Proposi¸c˜ao 1.2.5. A rela¸c˜ao ≃ ´e uma rela¸c˜ao de equivalˆencia no conjunto de todos os morfismos de (Y, A) em (Z, B).

Observemos ainda que, se (W, C) ´e um terceiro par e ˜f e ˜g s˜ao dois morfismos de (Z, B) em (W, C) tais quef g e ˜f ˜g, ent˜ao ˜fg g.

Dois pares topol´ogicos (Y, A) e (Z, B) s˜ao ditos homotopicamente equivalentes, e escrevemos (Y, A) ≃ (Z, B), quando existem morfismos f : (Y, A) → (Z, B) e g : (Z, B) (Y, A) tais que f g Id(Z,B) e g ◦f ≃ Id(Y,A), sendo Id(Y,A) e Id(Z,B) os

morfismos identidade em (Y, A) e (Z, B) respectivamente.

Seja f : (Y, A) (Z, B) (respectivamente, f : (Y, y0) → (Z, z0)) um morfismo

de pares topol´ogicos (respectivamente, de espa¸cos com ponto base). Ent˜ao a classe de

equivalˆencia def, isto ´e, o conjunto de todos os morfismos homotopicos af, ´e denotada por [f].

Seja (Y, A) um par topol´ogico (respectivamente, seja (Y, y0) um espa¸co com ponto

ponto base). Denotaremos por [(Y, A)] (respectivamente, [(Y, y0)]) sua correspondente

classe de equivalˆencia, isto ´e, a classe de todos os pares topol´ogicos (respectivamente,

de todos os espa¸cos com ponto base) homotopicamente equivalentes a (Y, A) (respecti-vamente, (Y, y0)).

Se Y = {y0}, o tipo de homotopia de ({y0}, y0) ´e chamado trivial e denotado por

¯0. Notemos que, se (Y, y0) ´e contr´atil, ent˜ao [(Y, y0)] = ¯0.

SejamSk a esfera unit´aria emRk+1 es

0 ∈Sk. O tipo de homotopia de (Sk, s0) ser´a

denotado por Σk.

Denotaremos por HT∗ a categoria cujos objetos s˜ao espa¸cos com ponto distinguido

e seus morfismos s˜ao as classes de equivalˆencia [f] dos morfismos f deT∗.

(27)

1.2 Topologia 13

que r◦i = IdA, ou seja, se r(x) = x para todo x ∈ A. Uma tal aplica¸c˜ao ´e chamada

retra¸c˜ao deX em A.

Defini¸c˜ao 1.2.7. Sejam A um subespa¸co do espa¸co X e i : A → X a aplica¸c˜ao inclus˜ao. O subespa¸co A´e chamado retra¸c˜ao por deforma¸c˜ao forte deX se existe uma retra¸c˜ao r de X em A tal que IdX ≃ i◦r rel A. Uma homotopia F : IdX ≃ rel A ´e chamada retra¸c˜ao por deforma¸c˜ao forte deX em A.

1.2.3

Espa¸

cos quocientes

Sejam Z um espa¸co topol´ogico e A e Y subespa¸cos de Z. Suponhamos primeiro que Y ∩A 6= ∅. Definamos uma rela¸c˜ao de equivalˆencia em Y da seguinte maneira:

x∼y se, e somente se, x=y oux, y ∈Y ∩A.

Parax∈Y, seja [x] a classe de equivalˆencia dex. Portanto, [x] ={x}sex /∈Y∩Ae [x] =Y∩Aparax∈Y ∩A. Denotaremos o conjunto de todas as classes de equivalˆencia de por Y /A.

Seja agora qY :Y →Y /A a aplica¸c˜ao quociente. Isto significa queqY(x) = [x] para

xY.

Consideremos em Y /A a topologia quociente com respeito a qY, ou seja, U ⊂ Y /A

´e aberto se, e somente se, q−Y1(U) ´e aberto emY.

O espa¸co quociente Y /A´e tratado como um par topol´ogico com ponto base, escol-hendo a classe deY A, denotada por [A], como ponto base.

Se Y ∩A = ∅, escolhemos um ponto p /∈ Y. Munindo o conjunto Y∪{˙ p} com a topologia da soma, definimosY /A:= (Y∪{˙ p})/{p}.

Escolhemos p como ponto base para Y /A, mas escrevemos, assim como antes, p= [A]. Neste caso, a aplica¸c˜ao qY :Y → Y /A, qY(x) = [x] ´e tal que a topologia de Y /A

´e a quociente com respeito a qY, ou seja, U ⊂Y /A´e aberto se, e somente se,qY−1(U) ´e

aberto em Y.

Notemos que, seV ⊂Y ´e um subconjunto de Y eV ⊃Y ∩Aou V ∩A=∅, ent˜ao

q−Y1(qY(V)) =V. Portanto, neste caso, V ´e um aberto emY se, e somente se, qY(V) ´e

um aberto emY /A.

(28)

14 Cap´ıtulo 1 — Preliminares

quociente. Ent˜ao existe uma fun¸c˜ao cont´ınua g :X/∼→ Y satisfazendo f =g◦q se, e somente se, x∼y implica f(x) = f(y).

Defini¸c˜ao 1.2.9. Seja B um espa¸co topol´ogico e A ⊂ B um subespa¸co munido da topologia induzida. A aplica¸c˜ao inclus˜ao i : A B, i(x) = x, x A, ´e chamada

cofibra¸c˜ao se satisfaz a propriedade da extens˜ao de homotopia com respeito a qualquer espa¸coY, isto ´e, se dadas duas aplica¸c˜oes cont´ınuasg :B →Y eG:A×[0,1]→Y tais que g(x) = G(x,0) para todo xA, existe uma aplica¸c˜ao cont´ınua F :B×[0,1]Y

com F(x,0) =g(x) para xB e F|A×[0,1] =G.

A seguinte caracteriza¸c˜ao de cofibra¸c˜ao ´e muito ´util e ser´a utilizada no Cap´ıtulo 2.

Proposi¸c˜ao 1.2.10. Se B ´e um espa¸co m´etrico e AB ´e fechado, ent˜ao a aplica¸c˜ao inclus˜ao i : A B, i(x) = x, x a, ´e uma cofibra¸c˜ao se, e somente se, existem uma vizinhan¸ca aberta U de A e uma aplica¸c˜ao cont´ınua H : U ×[0,1] → B tal que

H(x,0) = x, H(a, t) = a e H(x,1)A para todo xU, todo aA e todo t[0,1].

O pr´oximo resultado resultado apresenta uma importante rela¸c˜ao entre espa¸cos

quocientes e a propriedade de cofibra¸c˜ao.

Proposi¸c˜ao 1.2.11. Sejam B um espa¸co topol´ogico e A B um subespa¸co munido da topologia induzida. Suponhamos que a inclus˜ao i : A B seja uma cofibra¸c˜ao. Ent˜ao a aplica¸c˜ao quociente qY : (B, A) → (B/A,[A]) induz um isomorfismo (qY)∗ :

hn(B, A) → hn(B/A,[A]) para todo n ∈ Z, sendo h∗ uma teoria de homologia n˜ao

reduzida em HT.

Para a demonstra¸c˜ao do resultado acima, veja a Proposi¸c˜ao 7.14 em [15].

1.2.4

Aplica¸

ao induzida por inclus˜

ao

Sejam Y um espa¸co topol´ogico e A, B, C eD subconjuntos de Y. Sejam qA: A→

A/B e qC : C → C/D aplica¸c˜oes quocientes. Uma aplica¸c˜ao j : A/B → C/D ´e

chamadainduzida por inclus˜ao se as seguints propriedades forem satisfeitas: (1) AB ´e fechado em A eCD ´e fechado emC;

(29)

1.2 Topologia 15 (3) se z ∈A/B, ent˜ao

j(z) =

 

qC(x) se z =qA(x), x∈A\B

[D] caso contr´ario.

Observa¸c˜ao 1.2.12. Notemos que a aplica¸c˜ao inclus˜ao induzida preserva ponto base.

Uma aplica¸c˜ao inclus˜ao induzida ´e chamadaadmiss´ıvel sej´e cont´ınua e Cl(A\B)∩

BC D. A dificuldade em mostrar que uma dada aplica¸c˜ao induzidaj ´e admiss´ıvel est´a na continuidade de j. O pr´oximo resultado apresenta condi¸c˜oes para que j seja cont´ınua.

Proposi¸c˜ao 1.2.13. Seja j : A/B → C/D uma aplica¸c˜ao inclus˜ao induzida. Se

Cl(A\B)AC, ent˜ao j ´e cont´ınua.

Demonstra¸c˜ao. Definamos a aplica¸c˜ao G:AC/D por

G(x) =

 

qC(x) sex∈A\B

[D] caso contr´ario.

Se x A B, ent˜ao G(x) = [D]. Mostremos que j ´e a ´unica aplica¸c˜ao que satisfaz G = j ◦qA e que preserva ponto base. De fato, sejam z ∈ A/B e x ∈ A

tais que z = qA(x). Se x ∈ A\ B, segue que qC(x) = G(x) = j′(qA(x)) = j′(z).

A defini¸c˜ao de j implica que j(z) = j′(z). Suponhamos que x / A \B. Portanto,

[D] =G(x) =j′(q

A(x)) =j′(z). Novamente, a defini¸c˜ao dej implica que j(z) =j′(z).

Isto mostra nossa afirma¸c˜ao.

Al´em disso, como qA´e uma aplica¸c˜ao quociente, j ´e cont´ınua se, e somente se,G ´e

cont´ınua. Portanto, basta mostrar que G´e cont´ınua para concluir a demonstra¸c˜ao. Sejam x0 ∈ A e U um conjunto aberto em C/D tais que G(x0) ∈ U. Temos que

existe um conjunto aberto W Y tal que WC =qC−1(U). Consideremos dois casos.

Primeiro caso: Suponhamos que x0 ∈A\B.

Definamos Ω := W ∩(A\B). Como A∩B ´e um conjunto fechado em A, temos que Ω ´e aberto em A. Al´em disso, como G(x0) =qC(x0)∈ U, segue que x0 ∈W ∩C,

o que implica que x0 ∈ Ω. Seja x ∈ Ω. Ent˜ao x ∈ W ∩(A\B) ⊂ W ∩C. Logo,

(30)

16 Cap´ıtulo 1 — Preliminares

Segundo caso: Suponhamos que x0 ∈A∩B.

Nesta situa¸c˜ao, temos C∩D ⊂ W. Definamos Ω := (W ∪(Y \Cl(A\B)))∩A. Ent˜ao Ω ´e aberto emA. Sejax∈A∩B. Temos duas situa¸c˜oes poss´ıveis: x /∈Cl(A\B) ou x Cl(A\B). Na primeira situa¸c˜ao, ´e claro que x Ω; na segunda, a hip´otese Cl(A\B)∩A ⊂C implica que x∈C. Portanto, como A∩B∩C ⊂D, temos x∈D

e obtemos x∈C∩D⊂W. Logo, A∩B ⊂Ω e, conseq¨uentemente, x ∈Ω. Comox ´e um ponto arbitr´ario em AB, temos AB Ω. Em particular, segue que x0 ∈Ω.

Para finalizar, seja x Ω. Suponhamos que x A\B. A defini¸c˜ao de aplica¸c˜ao induzida por inclus˜ao implica que x C. Al´em disso, G(x) = qC(x). Portanto,

x ∈ Cl(A\B)∩A ⊂ C, ou seja, x ∈ W ∩C, e G(x) = qC(x) ∈ qC(W ∩C) = U.

Finalmente, suponhamos que x A B. Temos G(x) = [D] U. Conclu´ımos a demonstra¸c˜ao da continuidade da aplica¸c˜ao G.

1.2.5

A adi¸

ao wedge

Discutiremos uma opera¸c˜ao entre os espa¸cos topol´ogicos com ponto base.

Defini¸c˜ao 1.2.14. Sejam(Y, y0)e(Z, z0)dois espa¸cos com ponto base. A adi¸c˜ao wedge

(Y0, yo)∨(Z0, z0)´e o espa¸co com ponto base(W, w0), sendoW =Y × {z0} ∪ {y0} ×Z ⊂

Y ×Z, w0 = (y0, z0).

Por uma quest˜ao de simplicidade, a adi¸c˜ao wedge ´e freq¨uentemente denotada por

Y Z.

Observa¸c˜ao 1.2.15. Por resultados que n˜ao demonstraremos nesta disserta¸c˜ao mas que podem ser encontrados em [14], a adi¸c˜ao wedge depende somente dos tipos de homotopia dos pares (Y, y0) e (Z, z0).

Mostremos o seguinte resultado que ser´a relevante para demonstrar a Propriedade

da Adi¸c˜ao do ´ındice de Conley.

Proposi¸c˜ao 1.2.16. SejamBi um espa¸co topol´ogico e Ai um conjunto fechado em Bi,

i = 1,2. Escrevamos Y = (B1∪˙B2)/(A1∪˙A2), y0 = [A1∪˙A2], sendo que ∪˙ denota a

reuni˜ao disjunta munida da topologia da soma. Al´em disso, definamos Zi = Bi/Ai,

(31)

1.2 Topologia 17

Demonstra¸c˜ao. Vamos mostrar que (Y, y0) e (Z1, z1)∨(Z2, z2) s˜ao homeomorfos por

um homeomorfismo que preserva ponto base. Sejam qi : Bi → Bi/Ai, i = 1,2, e

q : B B/A as aplica¸c˜oes quocientes, sendo B = B1 ∪B2 e A = A1 ∪A2. Sejam

tamb´em

F1 = (B1/A1)× {[A2]} e F2 ={[A1]} ×B2/A2.

Para cada i = 1,2, seja fi : Bi/Ai → B/A a aplica¸c˜ao induzida por inclus˜ao.

Recordemos que, para cada i= 1,2,

fi(z) =

 

q(x) se z =qi(x), x∈Bi\Ai

[A] caso contr´ario.

Al´em disso, ´e claro que Cl(Bi\Ai)∩Bi ⊂B. Logo, segue da Proposi¸c˜ao 1.2.13 quefi

´e cont´ınua, i= 1,2.

Como Ai ´e fechado em Bi para cada i= 1,2, segue queFi ´e fechado em (B1/A1)∨

(B2/A2) para cadai= 1,2. Para cadai= 1,2, sejapi a proje¸c˜ao de (B1/A1)∨(B2/A2)

sobre (Bi, Ai). Definamos f : (B1/A1)∨(B2/A2)→B/A porf|Fi =fi◦pi|Fi, i= 1,2.

Segue que f ´e cont´ınua e preserva ponto base.

Finalmente, definamos G:B1∪˙B2 →(B1/A2)∨(B2/A2) por

G(y1) = (q1(y1),[A2]), y1 ∈B1,

G(y2) = ([A1]), q2(y2)), y2 ∈B2.

Como G´e cont´ınua nos fechados Bi, i= 1,2, e B1∩B2 = ∅, segue que G´e cont´ınua.

Al´em disso, G leva A em {([A1],[A2])}. Nestas condi¸c˜oes, segue da Proposi¸c˜ao 1.2.8

que existe uma ´unica aplica¸c˜ao cont´ınua g : B/A → (B1/A1)∨(B2/A2) que preserva

ponto base e satisfazg◦q =G.

Al´em disso, g ´e a inversa de f. De fato, como G ´e sobrejetora, g tamb´em o ´e. Portanto, basta mostrar que f g = IdB/A para mostrar que g ´e a inversa de f. Para

(32)

18 Cap´ıtulo 1 — Preliminares generalidade, suponhamos que x∈B1. Ent˜ao

f(g(z)) =f((g◦q)(x)) = f(G(x)) =f(q1(x),[A2])

= (f1◦p1|F1) (q1(x),[A2]) =f1(q1(x)) = q(z) =z.

Caso contr´ario, z = [A] e (f ◦g)(z) =f([A1],[A2]) = [A]. Isto que encerra a

demons-tra¸c˜ao.

O pr´oximo resultado mostra que a adi¸c˜ao wedge ´e n˜ao negativa.

Proposi¸c˜ao 1.2.17. Se(Y, y0)e(Z, z0)s˜ao espa¸cos com ponto base e[(Y, y0)∨(Z, z0)] =

¯0, ent˜ao [(Y, y0)] = [(Z, z0)] = ¯0.

Demonstra¸c˜ao. Seja (W, w0) = (Y, y0)∨(Z, z0). Como [(W, w0)] = ¯0, segue que (W, w0)

´e contr´atil. Logo, existe uma contra¸c˜ao H : W ×[0,1] → W satisfazendo H(w,0) =

w, H(w,1) = w0 e H(w0, s) = w0 para todo w ∈ W, s ∈ [0,1]. Mostremos que

[(Y, y0)] = ¯0. Definamos a imers˜ao e: (Y, y0)→(W, w0) por e(y) = (y, z0) e a proje¸c˜ao

p: (W, w0)→(Y, y0), por p(y, z) =y. ´E claro que ee p s˜ao cont´ınuas.

Definamos a aplica¸c˜ao ˜H :Y ×[0,1]Y por ˜H(y, s) = p(H(e(y), s)). Afirmamos que ˜H ´e uma contra¸c˜ao. De fato, ´e claro que ˜H ´e cont´ınua. Al´em disso, ˜H(y,0) =

p(H(e(y),0)) = p(e(y)) = p((y, z0)) = y para todo y ∈ Y. Mais ainda, ˜H(y,1) =

p(H(e(y),1)) = p(y0, z0) = y0 para todo y ∈ Y. Por fim, ˜H(y0, s) = p(H(e(y0), s)) =

p(H((y0, z0), s)) =p(y0, z0) = y0 para todo s∈[0,1]. Isso prova nossa afirma¸c˜ao.

Portanto, [(Y, y0)] = ¯0. De maneira an´aloga, mostramos que [(Z, z0)] = ¯0.

Dado um objeto (A, a0) emT∗, denotemos on-´esimo grupo de homotopia de (A, a0)

por πn(A, a0). De acordo com o Exerc´ıcio B.6 do Cap´ıtulo 7 de [14], temos o seguinte

resultado.

Proposi¸c˜ao 1.2.18. Dado X Y = X × {y0} ∪ {x0} ×Y ⊂ X × Y, existe um

isomorfismo

πn(X∨Y,(x0, y0))∼=πn(X, x0)⊕πn(Y, y0)⊕πn+1(X×Y, X∨Y,(x0, y0)).

(33)

1.2 Topologia 19

Lema 1.2.19. Sejam(Y, y0)e(Z, z0)dois espa¸cos com ponto base e(W, w0) := (Y, y0)∨

(Z, z0). Se h(W, w0) = Σm para algum m≥0, ent˜ao

[(Y, y0)] = ¯0 ou [(Z, z0)] = ¯0.

Demonstra¸c˜ao. Consideremos o casom 1. Para cada n N, o Lema 1.2.18 implica queπn(Y, y0)⊕πn(Z, z0) pode ser mergulhado injetivamente emπn(W, w0) eπ(Sm, s0) =

Z. Segue que

πm(Y, y0) = 0 ou πm(Z, z0) = 0.

Suponhamos que πm(Y, y0) = 0. Como (W, w0) e (Sm, s0) possuem o mesmo tipo

de homotopia, segue que existem aplica¸c˜oes

f : (W, w0)→(Sm, s0) e g : (Sm, s0)→(W, w0)

tais que g f ´e homot´opica a Id(W,w0). Logo, existe uma aplica¸c˜ao cont´ınua H :

W ×[0,1]→W tal que H(w,0) = (f ◦g)(w), H(w,1) = we H(w0, t) =w0 para todo

wW e todo t[0,1].

Definamos as aplica¸c˜oes eY : (Y, y0)→(W, w0) poreY(y) = (y, z0) para todo y∈Y

epY : (W, w0)→(Y, y0) porpY(y, z) = ypara todo (y, z)∈W. ´E claro queeY epY s˜ao

cont´ınuas. Consideremos as aplica¸c˜oes cont´ınuas ˜f :=f eY e ˜g :=py ◦g. Definamos

˜

H :Y ×[0,1]→Y por ˜

H(y, t) =pY(H(eY(y), t)) para todo (y, t)∈Y ×[0,1].

Temos que ˜H ´e cont´ınua, ˜H(y,0) = ( ˜f ◦g˜)(y), H(y,1) = y e H(y0, t) = y0 para todo

y ∈ Y e todo t ∈ [0,1]. Portanto, ˜g◦f˜´e homot´opica a Id(Y,y0). Como πm(Y, y0) = 0,

temos que ˜g ´e homot´opica `a aplica¸c˜ao constante. Portanto, ˜gf˜´e homotopicamente nula, ou seja, (Y, y0) ´e contr´atil e o lema est´a demonstrado para o caso m= 1.

Consideremos o caso m= 0. Definamos

(34)

20 Cap´ıtulo 1 — Preliminares tais que as composi¸c˜oes f ◦g e g ◦f s˜ao homot´opicas `as correspondentes aplica¸c˜oes identidade. Afirmamos que f ◦g = Id(S0,s

0). De fato, ´e claro que (f ◦ g)(−1) =

f(g(1)) =f(w0) =−1. Por outro lado, h´a duas possibilidades para (f ◦g)(1): 1 ou

−1.

Se (f ◦g)(1) =−1, temos que f ◦g ´e constante. Segue que Id(S0,s

0) ´e homot´opica

a uma fun¸c˜ao constante e, portanto, [(S0, s

0)] = ¯0, o que ´e uma contradi¸c˜ao. Logo,

(f◦g)(1) = 1 e a afirmativa est´a demonstrada.

Em particular, g ´e uma aplica¸c˜ao injetiva. Como g(−1) = (y0, z0), temos que

g(1)6= (y0, z0). Recordemos queW =Y ×{z0}∪{y0}×Z. Logo, se g(1) = (y′, z′) para

algum y′ Y e z Z, temos y=y

0 ouz′ =z0. Suponhamos que z′ =z0. Portanto,

g(1) = (y′, z

0) para algum y′ ∈Y com y′ 6=y0. Afirmamos que (Z, z0) ´e contr´atil. De

fato, consideremos as aplica¸c˜oes

eZ : (Z, z0)→(W, w0) e pZ : (W, w0)→(Z, z0)

dadas por eZ(z) = (y0, z) para todo z ∈ (Z, z0) e pZ(y, z) = z para todo (y, z) ∈

(W, w0). Definamos ˜H :Z×[0,1]→Z por ˜H(z, s) =pZ(H(eZ(z), s)), (z, s)∈Z×[0,1],

sendo H uma homotopia entre g◦f e Id(W,w0).

Afirmamos que ˜H ´e uma contra¸c˜ao de (Z, z0). De fato, a aplica¸c˜ao ˜H ´e cont´ınua e

˜

H(z,0) = pZ(H(eZ(z),0)) =pZ(e(z)) =pZ((y0, z)) =z para todoz ∈Z. Al´em disso,

˜

H(z,1) = pZ(H(eZ(z),1)) = pZ(H((g ◦f)(eZ(z)))). Temos dois casos a condiderar:

se f((y0, z)) = 1, ent˜ao ˜H(z,1) = pZ(H(g(1))) = pZ((y′, z0)) = z0 para todo z ∈ Z;

se f((y0, z)) = −1, ent˜ao ˜H(z,1) = pZ(g(−1)) = pZ((y0, z0)) = z0 para todo z ∈ Z.

Em qualquer dos casos, temos ˜H(z,1) = z0 para todo z ∈ Z. Por fim, ˜H(z0, s) =

pZ(H(eZ(z0), s)) = pZ(H((y0, z0), s)) = pZ((y0, z0)) = z0 para todo s ∈ [0,1]. Isso

(35)

Cap´ıtulo

2

O ´ındice de Conley

Neste cap´ıtulo, apresentamos a defini¸c˜ao do ´ındice de Conley homot´opico.

Iniciare-mos com as defini¸c˜oes b´asicas (Se¸c˜oes 1 e 2) e demonstrareIniciare-mos diversos resultados. O

conceito de bloco isolante ´e apresentado na Se¸c˜ao 3 e o de admissibilidade, na Se¸c˜ao 4.

Na Se¸c˜ao 5, apresentamos o conceito de par ´ındice e enunciamos o resultado que nos

permite definir o ´ındice de Conley (ver Se¸c˜ao 6). Ilustramos os conceitos com exemplos

provenientes de equa¸c˜oes diferenciais ordin´arias e calculamos o ´ındice de um ponto de

equil´ıbrio hiperb´olico na Se¸c˜ao 7. Finalizaremos o cap´ıtulo com a defini¸c˜ao do ´ındice

de Conley homol´ogico.

A exposi¸c˜ao a seguir ´e baseada em [10] e [9].

2.1

Semifluxos

Defini¸c˜ao 2.1.1. Sejam X um espa¸co m´etrico, D um conjunto aberto de [0,)×X

e π :D→X uma aplica¸c˜ao. Denotaremos os pontos π(t, x) por xπt. A aplica¸c˜ao π ´e chamada um semifluxo local em X, se as seguintes propriedades forem satisfeitas:

(1) π ´e cont´ınua em D;

(36)

22 Cap´ıtulo 2 — O ´ındice de Conley (2) para cada x ∈ X, existe um ωx ∈ (0,∞] tal que (t, x) ∈ D se, e somente se,

0≤t < ωx;

(3) xπ0 = x para todo xX;

(4) se (t, x)∈D e (s, xπt)∈D, ent˜ao (t+s, x)∈D e vale xπ(t+s) = (xπt)πs. Observa¸c˜ao 2.1.2. Se ωx = ∞ para todo x ∈ X, ent˜ao π ´e chamado um semifluxo

global em X.

O pr´oximo exemplo coloca as equa¸c˜oes diferencias autˆonomas descritas na Subse¸c˜ao

1.1.3 no contexto de semifluxos.

Exemplo 2.1.3. Sejam Ω um subconjunto aberto de Rn e f : Ω Rn uma

apli-ca¸c˜ao cont´ınua e localmente lipschitziana. Para cada x0 ∈Ω, consideremos a equa¸c˜ao

diferencial ordin´aria

˙

x(t) = f(x(t)), x(0) =x0. (2.1)

Utilizando os fatos descritos na Subse¸c˜ao 1.1.3, para cada x Ω, existe uma ´

unica solu¸c˜ao maximal t 7→ x(t, x0) de (2.1) definida em algum intervalo maximal

(ω−(x0), ω+(x0)).

Definindo, x0πft :=x(t, x0) para x0 ∈Ω e t ∈ (ω−(x0), ω+(x0)), os fatos descritos

na Subse¸c˜ao 1.1.3 e a Proposi¸c˜ao 1.1.7 implicam que πf ´e um semifluxo local em

X := Ω.

Observa¸c˜ao 2.1.4. Nas condi¸c˜oes do Exemplo 2.1.3,πf ´e, na verdade, um fluxo local em Ω.

Sejam X um espa¸co m´etrico e π um semifluxo local em X. Denotemos por d a m´etrica emX.

Sejam π e πn, n ∈ N, semifluxos locais em X. Dizemos que a seq¨uˆencia (πn)n converge para π (e escrevemos πn → π quando n → ∞) se, para quaisquer que sejam

x∈X,t∈R+e seq¨uˆencias (xn)nem Xe (tn)nem [0,) comxnxetn tquando

n → ∞ e xπt estiver definido, ent˜ao existe um n0 ∈ N tal que xnπntn est´a definido

(37)

2.2 Conjuntos limites 23

Exemplo 2.1.5. Seja Ω ⊂ Rn um conjunto aberto e, para cada k N∪ {0}, seja

fk : Ω →Rn uma aplica¸c˜ao cont´ınua e localmente lipschitziana. Denotemos por πfk o

semifluxo local em Ω gerado pelas solu¸c˜oes de

˙

x=fk(x), x(0) =x0,

sendo x0 ∈Ω.

Suponhamos que a seq¨uˆencia (fk)k converge uniformemente para f0 em cada

sub-conjunto compacto de Ω. A Proposi¸c˜ao 1.1.6 implica que πfk →π0 quando k → ∞.

Seja J um intervalo em R. Uma aplica¸c˜ao σ : J X ´e chamada solu¸c˜ao (de

π) se, para todos t J, s [0,) tais que t+s J, tivermos σ(t)πs definido e

σ(t)πs=σ(t+s).

Se 0∈ J e σ(0) =x, a aplica¸c˜ao σ ´e dita uma solu¸c˜ao por x. Se J = (−∞,∞), a aplica¸c˜ao σ ´e chamada de solu¸c˜ao completa.

Defini¸c˜ao 2.1.6. Um ponto x0 ∈ X ´e chamado um equil´ıbrio de π se a fun¸c˜ao

cons-tante σ(t) = x0, t∈[0,∞), ´e uma solu¸c˜ao de π.

2.2

Conjuntos limites

Nesta se¸c˜ao, X denota um espa¸co m´etrico e π, um semifluxo local em X.

Seja σ uma solu¸c˜ao de π definida em [0,∞). O conjunto ω-limite, ω(σ), de σ ´e o conjunto de todos y X para os quais existe uma seq¨uˆencia (tn)n em [0,∞), com

tn → ∞quando n → ∞, tal que σ(tn)→y quando n→ ∞.

Seja σ uma solu¸c˜ao de π definida em (−∞,0]. De forma an´aloga, podemos definir o conjuntoα-limite, ω∗(σ), de σ.

Observa¸c˜ao 2.2.1. Notemos que, seσ´e uma solu¸c˜ao definida em[0,), ent˜ao σ(t) =

σ(0)πtpara todot [0,)e, portanto, o conjuntoω(σ)depende apenas de x0 :=σ(0).

Neste caso, tamb´em escrevemosω(x0)para denotar ω(σ). Para o caso de fluxos locais,

como ´e o caso de equa¸c˜oes diferenciais ordin´arias, tamb´em podemos escrever ω∗(x

0)

em vez de ω∗(σ).

(38)

24 Cap´ıtulo 2 — O ´ındice de Conley

t∈[0, ωx). O semifluxo π ´e chamado do tipo gradiente com respeito a V se V ´e uma fun¸c˜ao de Liapunov para π e a aplica¸c˜ao t7→V(σ(t))´e n˜ao constante sempre que σ ´e uma solu¸c˜ao completa n˜ao constante de π.

Exemplo 2.2.3. Seja F : Ω Rn Rn uma fun¸c˜ao de classe C2. Consideremos a

equa¸c˜ao diferencial ordin´aria

˙

x=−∇F(x) (2.2)

e seja π o semifluxo local gerado pelas solu¸c˜oes de (2.2). Ent˜ao F ´e uma fun¸c˜ao de Liapunov associada a π, ou seja, π ´e um semifluxo (do tipo) gradiente.

Lema 2.2.4. Seja Ω um subconjunto aberto de X. Para cada xΩ e cada solu¸c˜ao σ

por x, temos que σ(t)∂Ωquando tωx. Formulando de outra maneira, para todo compacto K ⊂Ω, existe ǫ(K)>0 tal que, se t∈[ωx−ǫ, ωx), ent˜ao σ(t)∈/ K.

Demonstra¸c˜ao. Suponhamos, por absurdo, que existam um compacto K ⊂ Ω e uma seq¨uˆencia (tn)n em [0,∞) tais que tn ր ωx < ∞ quando n → ∞ e σ(tn) ∈ K

para todo n N. Passando a uma subseq¨uˆencia se necess´ario, podemos supor que (σ(tn))n converge a um ponto x0 ∈ K. Como d(K, ∂Ω) > 0, seja α > 0 tal que

Bα := {x ∈ X : d(x, x0) < α} ⊂ Ω e o aberto b´asico Bα ×[0,2α) esteja contido no

conjunto aberto{(t, y) :yΩ e t [0, ωy)}. Logo existe umn0 ∈Ntal queσ(tn)∈Bα

e ωx−tn < α para n ≥ n0. Portanto, se n ≥ n0, σ(tn+s) est´a definida para todo

s∈[0,2α). Por´em, comoωx < tn+α < tn+ 2α, isto ´e uma contradi¸c˜ao.

Proposi¸c˜ao 2.2.5. SejamS um conjunto positivamenteπ-invariante eK um conjunto compacto tal que S K X. Ent˜ao ωx =∞ para todox∈S.

Demonstra¸c˜ao. Seja x S e suponhamos que ωx < ∞. Pelo Lema 2.2.4, existe um

ǫ >0 tal que xπt /K para todot [ωx−ǫ, ωx). Logo, xπt /∈S para t ∈[ωx−ǫ, ωx).

ComoS ´e positivamente invariante, temos uma contradi¸c˜ao.

Observa¸c˜ao 2.2.6. A demonstra¸c˜ao da Proposi¸c˜ao 2.2.5 tamb´em segue do Lema 4.2 de [2].

Teorema 2.2.7. Sejam x ∈ X e σ : [0,∞) → X uma solu¸c˜ao por x. Se o conjunto

(39)

2.2 Conjuntos limites 25

Demonstra¸c˜ao. Temos que ω(σ) ⊂ Cl (σ([0,∞))). Por conseguinte, para mostra que

ω(σ) ´e compacto, ´e suficiente mostrar queω(σ) ´e fechado.

Seja (yn)n uma sequˆencia em ω(σ) tal que yn → y quando n → ∞ para algum

y∈X. Mostremos quey ∈ω(σ). Como y∈ω(σ), para cadayn, existe uma seq¨uˆencia

(t(mn))m tal que t(mn) → ∞e σ(t(mn))→yn quandom → ∞.

Escolhamos, para cada seq¨uˆencia (t(mn))m, um pontotn=t(mn()n)> n tal que

d(σ(tn), yn)<1/n. Temos ent˜ao:

d(σ(tn), y)≤d(σ(tn), yn) + d(yn, y)<

1

n + d(yn, y).

Segue que d(σ(tn), y)→0 quandon → ∞. Comotn→ ∞quandon → ∞, segue-se

quey ω(σ). Isto mostra queω(σ) ´e um conjunto fechado.

Para mostrar que ω(σ) ´e invariante, mostremos primeiro que ω(σ) ´e positivamente invariante. Sejam y ω(σ) e y1 := yπt0 para algum t0 ∈ [0, ωy). Mostremos que

y1 ∈ω(σ).

Como yω(σ), existe uma seq¨uˆencia (tn)n em [0,∞) tal que tn → ∞ e xπtn→ y

quando n→ ∞. Comoπ ´e cont´ınua, segue que

y1 =yπt0 =

³

lim

n→∞xπtn ´

πt0 = lim

n→∞(xπtn)πt0 = limn→∞xπ(t0+tn).

Definindo, para cadan N, a seq¨uˆencia (sn)n por sn := (t0+tn), temos que sn → ∞ e xπsn → y1 quando n → ∞, ou seja, y1 ∈ ω(σ). Logo, ω(σ) ´e positivamente π

-invariante.

Mostremos que ω(σ) ´e tamb´em negativamente invariante. Sejay∈ω(σ). Devemos mostrar a existˆencia de uma solu¸c˜aoµporydefinida em (−∞,0] tal queµ((−∞,0]) ⊂

ω(σ). Como y ω(σ), existe uma seq¨uˆencia (tn)n em [0,∞) tal que tn → ∞ e

σ(tn)→y quando n→ ∞.

Como tn → ∞ quando n → ∞, temos que existe um n0 ∈ N tal que tn−1 ≥ 0

para todo n n0. Consideremos a seq¨uˆencia (σ(tn − 1))n≥n0. Como σ([0,∞)) ´e

relativamente compacto, podemos assumir que existem uma subseq¨uˆencia (σ(t1

n))n de

(σ(tn))n≥n0 e uma−1 ∈X tais que

(40)

26 Cap´ıtulo 2 — O ´ındice de Conley Segue quea−1 ∈ω(σ). Comoω(σ) ´e positivamente invariante eω(σ)⊂Clσ([0,∞)),

segue da Proposi¸c˜ao 2.2.5 queωa−1 =∞. Logo, a aplica¸c˜aoσ1 : [−1,0]→X, dada por

σ1(t) =a−1π(t+ 1),t ∈[−1,0], est´a bem definida. Al´em disso,σ1(t)∈ω(σ) para todo

t∈[−1,0]. ´E claro que σ1(0) =y.

Como t1

n → ∞ quando n → ∞, temos que existe um n10 ∈ N tal que t1n−2 ≥ 0

para todo n n1

0. Consideremos a seq¨uˆencia (σ(t1n − 2))n≥n1

0. Como σ([0,∞)) ´e

relativamente compacto, podemos assumir que existem uma subseq¨uˆencia (σ(t2

n))n de

(σ(t1

n))n≥n1

0 e uma−2 ∈X tais que

σ(t2n)a−2 quando n → ∞.

Segue quea−2 ∈ω(σ). Comoω(σ) ´e positivamente invariante eω(σ)⊂Clσ([0,∞)),

segue da Proposi¸c˜ao 2.2.5 queωa−2 =∞. Logo, a aplica¸c˜aoσ2 : [−2,0]→X, dada por

σ2(t) =a−2π(t+ 2),t ∈[−2,0], est´a bem definida. Al´em disso,σ2(t)∈ω(σ) para todo

t∈[−2,0]. ´E claro que σ2(0) =y.

Repetindo indutivamente estes argumentos para um k N, obtemos uma solu¸c˜ao

σk : [−k,0]→ X, dada por σk(t) = a−kπ(t+k) para t ∈[−k,0], e tal que σk(0) = y .

Al´em disso, sek′ N´e tal que k< k, temos queσ

k(t) = σk′(t) para todot ∈[−k′,0].

Deste modo, podemos definir uma solu¸c˜aoµ: (−∞,0]X dada porµ(s) =σk(s),

sendo k N tal que k s. Segue que µ est´a bem definida, µ(0) = y e µ(t) ω(σ) para todot ∈(−∞,0]. Logo, ω(σ) ´e negativamente invariante e, portanto, invariante. O teorema est´a demonstrado.

Observa¸c˜ao 2.2.8. Um resultado an´alogo vale para ω∗(σ). Mais precisamente, se σ : (−∞,0]→X ´e uma solu¸c˜ao do semifluxoπ e σ((−∞,0])´e um conjunto relativamente compacto, ent˜ao ω∗(σ) ´e compacto e invariante.

Proposi¸c˜ao 2.2.9. Seja V : X → R uma fun¸c˜ao de Liapunov para π. Se J = R+ (respectivamente, J =R−) e σ :J X ´e uma solu¸c˜ao de π com σ(J) relativamente

compacto, ent˜ao V ´e constante em ω(σ) (respectivamente, em ω∗(σ)). Al´em disso, se

π ´e do tipo gradiente com respeito a V, ent˜ao ω(σ) (respectivamente, ω∗(σ)) cont´em

somente equil´ıbrios de π.

Demonstra¸c˜ao. Suponhamos que J = [0,). Seja σ : [0,) uma solu¸c˜ao de π com

(41)

2.2 Conjuntos limites 27 que a afirma¸c˜ao seja falsa. Logo, existem pelo menos dois pontos distintos x1 ex2 em

ω(σ) de tal modo que

V(x1)< V(x2). (2.3)

Definamos ǫ := 12 (V(x2)−V(x1)). Da continuidade de V, segue que existe um

δ >0 tal que

d(x, xj)< δ implica|V(x)−V(xj)|< ǫ para j = 1,2.

Comox1,x2 ∈ω(σ), podemos encontrar uma seq¨uˆencia (tn)nestritamente crescente

em [0,∞) tal que

σ(t2n)→x1 eσ(t2n+1)→x2 quando n→ ∞.

Sejan0 ∈Ntal que, para todon ≥n0, temos que d(σ(t2n), x1)< δ e d(σ(t2n+1), x2)

< δ. Portanto, para todo n≥n0,

V(x2)≤V(σ(t2n+1)) +ǫ≤V(σ(t2n)) +ǫ < V(x1) + 2ǫ.

Logo,

V(x2)−V(x1)<2ǫ para todo ǫ >0.

Fazendoǫ→0+, conclu´ımos que V(x

2)≤V(x1), o que contradiz (2.3).

Suponhamos agora que π seja do tipo gradiente com respeito a V e, por absurdo, que exista um x∈ω(σ) que n˜ao seja um ponto de equil´ıbrio de π. Segue do Teorema 2.2.7 que ω(σ) ´e invariante. Portanto, existe uma solu¸c˜ao completa σ′ por x tal que

σ′(t) ω(σ) para todo t R. Como x n˜ao ´e ponto de equil´ıbrio, temos que σ´e n˜ao

constante e, portanto, a aplica¸c˜ao t ∈ [0,∞) 7→ V(σ′(t)) = V(xπt) ´e n˜ao constante.

Por´em, isto ´e uma contradi¸c˜ao.

A demonstra¸c˜ao para o caso J = (−∞,0] ´e an´aloga.

Corol´ario 2.2.10. Sejam π um semifluxo do tipo gradiente com respeito a V e σ : R X uma solu¸c˜ao completa n˜ao constante de π com a propriedade de que σ(R) ´e

relativamente compacto. Nestas condi¸c˜oes, os conjuntos ω(σ) e ω∗(σ) s˜ao disjuntos,

(42)

28 Cap´ıtulo 2 — O ´ındice de Conley

Demonstra¸c˜ao. Comoσ(R) ´e relativamente compacto, segue que ω(σ) e ω(σ) s˜ao n˜ao vazios. A Proposi¸c˜ao 2.2.9 implica queω∗(σ) eω(σ) contˆem somente equil´ıbrios de π.

Para completar a demonstra¸c˜ao, mostremos queω∗(σ) e ω(σ) s˜ao conjuntos disjuntos.

Suponhamos, por absurdo, que exista um ponto comum x0 ∈ ω∗(σ)∩ω(σ). Isto

implica a existˆencia de seq¨uˆencias (tn)n em (−∞,0] e (sn)n em [0,∞) tais que tn →

−∞, sn → ∞, σ(tn) → x0 e σ(sn) → x0 quando n → ∞. Al´em disso, dado ǫ > 0, a

continuidade deV garante a existˆencia de um δ >0 tal que

|V(x)−V(x0)|< ǫpara d(x, x0)< δ.

Fixemost R. Existe um n0 =n0(t)Ntal que, se nn0, temost (tn, sn). Al´em disso, podemos tomar n0 ∈ N de modo que max{d(σ(tn), x0),d(σ(sn), x0)} < δ para

todon ≥n0. Ent˜ao temos

V(x0)−ǫ≤V(σ(sn))≤V(σ(t))≤V(σ(tn))≤V(x0) +ǫ para todo n≥n0.

Portanto,

|V(σ(t))−V(x0)|< ǫ para todoǫ >0.

Fazendo ǫ → 0+, temos V(σ(t)) = V(x

0). Como t ∈ R ´e arbitr´ario, isso significa que

V ´e constante ao longo da solu¸c˜ao σ, o que ´e uma contradi¸c˜ao com o fato de que V

´e uma fun¸c˜ao de Liapunov para π e σ ´e uma solu¸c˜ao n˜ao constante. Isto encerra a demonstra¸c˜ao.

2.3

Vizinhan¸

cas isolantes e blocos isolantes

Seja X um espa¸co m´etrico e π um semifluxo local emX.

Defini¸c˜ao 2.3.1. Seja Y um subconjunto de X. Definimos

Inv+π(Y) = {x∈X :xπ[0, ωx)⊂Y}

Inv−π(Y) ={xX :existe uma solu¸c˜ao σ : (−∞,0]X por x com σ(−∞,0]Y}

(43)

2.3 Vizinhan¸cas isolantes e blocos isolantes 29 (a) Y ser´a chamado positivamente invariante se Y = Inv+π(Y);

(b) Y ser´a chamado negativamente invariante se Y = Inv−π(Y);

(c) Y ser´a chamado invariantese Y = Invπ(Y).

A pr´oxima defini¸c˜ao ´e essencial na defini¸c˜ao do ´ındice de Conley.

Defini¸c˜ao 2.3.2. Seja N um subconjunto fechado de X. Dizemos que N ´e uma vizi-nhan¸ca isolante com rela¸c˜ao a π se

Invπ(N)⊂IntX(N).

Seja K um conjunto fechado em X. Dizemos que K ´e um conjunto invariante isolado com rela¸c˜ao a π se existe um conjunto fechado N tal que

K = Invπ(N)⊂IntX(N).

Neste caso, dizemos que N ´e uma vizinhan¸ca isolante de K com rela¸c˜ao a π.

Exemplo 2.3.3. H´a conjuntos invariantes que n˜ao s˜ao isolados. Consideremos a equa¸c˜ao diferencial ordin´aria em R2 dada por

˙

x1 =x2

˙

x2 =−x1.

(2.4)

O conjunto K ={(0,0)} ´e invariante, mas n˜ao ´e isolado. O retrato de fase de (2.4)´e representado pela Figura 2.1.

(44)

30 Cap´ıtulo 2 — O ´ındice de Conley

Defini¸c˜ao 2.3.4. Seja N um subconjunto de X. Dizemos que o semifluxo local π n˜ao explode em N, se, sempre que x∈X e xπ[0, ωx)⊂N, temos ωx =∞.

Exemplo 2.3.5. SejamΩ, f e πf como no Exemplo 2.1.3. Seja N ⊂Rn um conjunto compacto. Segue que πf n˜ao explode em N.

O pr´oximo teorema, sobre conjuntos invariantes isolados, foi aplicado para

demons-trar resultados de persistˆencia de popula¸c˜oes modeladas por sistemas de equa¸c˜oes de

rea¸c˜ao-difus˜ao e equa¸c˜oes diferenciais ordin´arias (ver [5]).

Teorema 2.3.6. Sejam π um semifluxo local, K um conjunto invariante isolado e

N uma vizinhan¸ca isolante de K tal que π n˜ao explode em N. Seja y X tal que

ωy =∞ e yπ[0,∞) ´e relativamente compacto. Se ω(y)∩K 6=∅ e ω(y)\K 6=∅, ent˜ao

Inv+π(N)∩∂N ∩ω(y)6=∅ e Inv−π(N)∩∂N ∩ω(y)6=∅.

Observa¸c˜ao 2.3.7. Intuitivamente, o Teorema 2.3.6 nos diz que, se uma solu¸c˜ao fica infinitamente pr´oxima deK sem, no entanto, permanecer sempre pr´oxima, ent˜ao esta solu¸c˜ao fica infinitamente pr´oxima de Inv+(N)\K e Inv−(N)\K.

Demonstra¸c˜ao do Teorema 2.3.6. Seja z0 ∈ ω(y)∩K. Ent˜ao, existe uma seq¨uˆencia

(tn)n em [0,∞) tal que tn → ∞ e yπtn → z0 quando n → ∞. Como N ´e uma

vizinhan¸ca isolante deK ez0 ∈K, podemos assumir, sem perda de generalidade, que

yπtn∈IntX(N) para todo n∈N.

Recordemos que K ´e o conjunto invariante maximal em N e que ω(y) ´e invariante, com ω(y)K. Logo, ω(y)6⊂N. Seja z′

0 ∈ω(y)\N. Portanto, existe uma seq¨uˆencia

(t′

n)nem [0,∞) comt′n→ ∞eyπt′n→z0′ quandon → ∞. ComoN ´e fechado, podemos

assumir que yπt′

n ∈/ N para todo n ∈N. Tomando subseq¨uˆencias e reenumerando-as,

se necess´ario, podemos assumir que

t′2n < tn< t2′n+1, para todo n∈N.

Definamos

s2n= inf{t:t′2n< t < tn e yπ[t, tn]⊂N}

(45)

2.3 Vizinhan¸cas isolantes e blocos isolantes 31 Temos que t′

2n < s2n< tn < s2n+1 < t′2n+1 para todon∈N e

yπ[s2n, s2n+1]⊂N, yπs2n∈∂N e yπs2n+1 ∈∂N para todon ∈N. (2.5)

Como yπ[0,∞) ´e relativamente compacto, podemos assumir que

yπs2n →z1 e πs2n+1 →z2 quando n → ∞

para elementosz1, z2 ∈X.

Segue da rela¸c˜ao (2.5) que z1, z2 ∈ ∂N. Portanto, z1, z2 ∈ ω(y) ∩ ∂N. Para

completar a demonstra¸c˜ao, mostremos quez1 ∈Inv+π(N) ez2 ∈Inv−π(N). Como π n˜ao

explode em N,K IntX(N) eK ´e invariante, temos quez0πt est´a definido para todo

t∈[0,∞) e z0π[0,∞)⊂IntX(N).

Afirmamos que s2n+1 − tn → ∞ quando n → ∞. De fato, suponhamos que a

afirmativa seja falsa. Ent˜ao existe uma subseq¨uˆencia (s2nk+1−tnk)k de (s2n−tn)n tal

que (s2nk+1−tnk)k → τ quando k → ∞ para algum τ ∈[0,∞). A continuidade de π

implica que

yπs2nk+1 = (yπtnk)π(s2nk+1−tnk)→z0πτ ∈K.

Por outro lado, yπs2nk+1 →z2 quando k → ∞. Portanto, z2 =z0πτ ∈K∩∂N, o que

contradiz o fato deN ser uma vizinhan¸ca isolante de K. Logo,s2n+1−tn→ ∞quando

n → ∞. Como s2n+1 −s2n > s2n−tn, temos tamb´em que s2n+1−s2n → ∞ quando

n→ ∞.

Sejam t ∈ [0, ωz1) e n0 ∈ N tal que s2n+t < s2n+1 para todo n > n0. Portanto,

yπ(s2n+t)→z1πt∈ N para todot ∈[0, ωz1). Como π n˜ao explode em N, segue que

ωz1 =∞ e z1 ∈Inv

+

π(N).

Comos2n+1 → ∞quandon → ∞, temos que existe umn0 ∈Ntal ques2n+1−1≥0

para todo n n0. Consideremos a seq¨uˆencia (yπ(s2n+1 −1))n≥n0. Como yπ[0,∞) ´e

relativamente compacto, podemos assumir que existem uma subseq¨uˆencia (yπs2n1+1)n

de (yπs2n+1)n≥n0 e um a−1 ∈X tais que

(46)

32 Cap´ıtulo 2 — O ´ındice de Conley Segue que a−1 ∈ ω(σ). Como ω(σ) ⊂ Cl(yπ[0,∞)) e ω(σ) ´e positivamente

invari-ante, segue da Proposi¸c˜ao 2.2.5 que ωa−1 = ∞. Logo, a aplica¸c˜ao σ1 : [−1,0] → X,

dada por σ1(t) = a−1π(t+ 1) para todo t ∈ [−1,0], est´a bem definida. Al´em disso,

σ(t)∈N para todot ∈[−1,0] e σ1(0) =z2.

Comos2n1+1 → ∞quandon→ ∞, temos que existe umn1

0 ∈Ntal ques2n1+1−2≥

0 para todonn1

0. Consideremos a seq¨uˆencia (yπ(s2n1

+1−2))n≥n1

0. Como yπ[0,∞) ´e

relativamente compacto, podemos assumir que existem uma subseq¨uˆencia (yπs2n2+1)n

de (yπs2n1+1)

n≥n1

0 e um a−2 ∈X tais que

yπ(s2n2

+1−2)→a−2 quandon → ∞.

Segue que a−2 ∈ ω(σ). Como ω(σ) ⊂ Cl(yπ[0,∞)) e ω(σ) ´e positivamente

invari-ante, segue da Proposi¸c˜ao 2.2.5 que ωa−2 = ∞. Logo, a aplica¸c˜ao σ2 : [−2,0] → X,

dada por σ2(t) = a−2π(t+ 2) para todo t ∈ [−2,0], est´a bem definida. Al´em disso,

σ(t)∈N para todot ∈[−2,0] e σ2(0) =z2.

Repetindo indutivamente estes argumentos para um k N, obtemos uma solu¸c˜ao

σk: [−k,0]→X, dada por σk(t) = a−kπ(t+k) parat ∈[−k,0], e tal que σk(0) =z2 .

Al´em disso, sek′ N´e tal que k< k, temos queσ

k(t) = σk′(t) para todot ∈[−k′,0].

Deste modo, podemos definir uma solu¸c˜aoσ: (−∞,0]X dada porσ(s) =σk(s),

sendo k Ntal que k s. Segue que σ est´a bem definida, σ(0) =z2 e σ(t)N para todot∈(−∞,0]. Portanto,z2 ∈Invπ(N), o que completa a demonstra¸c˜ao.

Corol´ario 2.3.8. Sob as hip´oteses do Teorema 2.3.6, os conjuntos(Inv+π(N)\K)∩ω(y)

e (Inv−π(N)\K)ω(y) s˜ao infinitos.

Demonstra¸c˜ao. SejaV = IntX(N). Ent˜aoK ⊂V ⊂N. Como X´e um espa¸co normal,

existem conjuntos abertosV1, W1tais queV1∩W1 =∅eK ⊂V1,X\W1 ⊂V. Portanto,

K ⊂V1 ⊂X\W1 ⊂V. Repetindo este argumento, obtemos seq¨uˆencias (Vn)n e (Wn)n

de abertos tais que

K ⊂Vn+1 ⊂X\Wn+1 ⊂Vn⊂X\Wn ⊂V para todon ∈N.

Para cadan N, definamosNn :=X\Wn. ´E claro que

(47)

2.3 Vizinhan¸cas isolantes e blocos isolantes 33 Aplicando o Teorema 2.3.6 e usando (2.6), obtemos seq¨uˆencias (un)n, (vn)n com

un ∈Inv+π(N)∩∂Nn∩ω(y) e vn∈Inv−π(N)∩∂Nn∩ω(y) para todo n∈N.

Para cadanN, temos que∂NnVn=. Como∂Nn+1 Vn, segue que∂Nn∂Nn+1 =

∅. Logo, para todosn, m∈N com n6=m, temos que un6=um evn6=vm. Isto prova o corol´ario.

Um objeto importante na teoria do ´ındice de Conley ´e o bloco isolante.

Apresente-mos sua defini¸c˜ao.

Sejam B X um conjunto fechado e x ∂B um ponto de fronteira. O ponto x

ser´a chamado pontoestritamente egresso deB se, para toda solu¸c˜aoσ : [−δ1, δ2]→X

porx=σ(0), com δ1 ≥0 e δ2 >0, valerem as seguintes propriedades:

(1) Existe umǫ2 ∈(0, δ2] tal queσ(t)∈/ B para t∈(0, ǫ2];

(2) Seδ1 >0, ent˜ao, para algum ǫ1 ∈(0, δ1), σ(t)∈IntX(B) parat ∈[−ǫ1,0).

Um pontox∂Bser´a chamadoponto estritamente ingressose valerem as condi¸c˜oes: (1) Existe umǫ2 ∈(0, δ2] tal queσ(t)∈IntX(B) parat∈(0, ǫ2];

(2) Seδ1 >0, ent˜ao, para algum ǫ1 ∈(0, δ1), σ(t)∈/ B para todo t∈[−ǫ1,0).

Da mesma maneira, por ponto de tangˆencia entendemos um ponto x∂B tal que: (1) Existe umǫ2 ∈(0, δ2] tal queσ(t)∈/ B para t∈(0, ǫ2];

(2) Seδ1 >0, ent˜ao, para algum ǫ1 ∈(0, δ1), σ(t)∈/ B para todo t∈[−ǫ1,0).

Denotamos por Be,Bi eBb os conjuntos de todos os pontos estritamente egressos,

estritamente ingressos e de tangˆencia do conjunto fechado B, respectivamente. Por fim, definimos B+ =BiBb eB=BeBb.

Defini¸c˜ao 2.3.9. Um conjunto fechado B de X ´e chamado bloco isolante se

(1) ∂B=BeBiBb;

(48)

34 Cap´ıtulo 2 — O ´ındice de Conley

i

B x1∈

e B x2∈

b B x3∈

B

Figura 2.2: Bloco isolante

O Teorema 2.3.11 apresenta a propriedade fundamental dos blocos isolantes. Para

demonstr´a-lo, precisaremos do seguinte resultado auxiliar.

Lema 2.3.10. Sejam π um semifluxo local e B um bloco isolante relativamente a π. Assumamos que π n˜ao exploda em B. A aplica¸c˜ao sB :B →R+∪ {∞} definida por

sB(x) = sup{t < ωx :xπ[0, t]⊂B} ´e cont´ınua.

Demonstra¸c˜ao. Dado x B, seja (xn)n uma seq¨uˆencia em B tal que xn → x quando

n→ ∞.

Suponhamos quesB(x)∈[0,∞). Comoπ n˜ao explode emB, segue quesB(x)< ωx

e xπsB(x) ∈ ∂B. A Defini¸c˜ao 2.3.9 implica que xπsB(x) ∈ B−. Portanto, existe um

ǫ0 >0 tal que, para todoǫ∈(0, ǫ0], temos

xπ(sB(x) +ǫ)∈X\B.

A continuidade deπimplica que existe umn0 ∈Ntal que, sen ≥n0, temosxnπ(sB(x)+

ǫ) est´a definido e xnπ(sB(x) +ǫ)∈X\B para todon ≥n0. Portanto,

sB(xn)< sB(x) +ǫ para todon ≥n0. (2.7)

Como B ´e bloco isolante, segue que xπt est´a definido para todo t [0, sB(x)) e

xπ(0, sB(x))⊂IntX(B).

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