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DE
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INTRODUÇÃO
Aincidênciadecâncerdecólonocupa,nomundo,aterceira posição,sendoresponsávelpormaisde570.000casosnovos acadaano(27).
NoBrasil,ocóloneoretoestãoentreasseislocalizações maisfreqüentesdeneoplasia,emambosossexos.Segundoa últimapublicaçãodosRegistrosdeCâncerdeBasePopulacional Brasileiros(5),acidadedeSãoPauloapresentava,em1997-1998, amaiselevadataxapadronizadadeincidênciadecâncerdecólon (21,73/100.000)paraosexomasculinoeoDistritoFederal, noperíodo1996-98,ataxamaisalta(15,16/100.000)parao sexofeminino.Osvaloresmaisbaixosforamobservadosem Manaus(1999)eemBelém(1996-98),comtaxaspadronizadas deincidênciade1,62/100.000e4,16/100.000,respectivamente, entreoshomenseasmulheres.
Observa-seumaheterogeneidadenadistribuiçãodamortalidade porcâncerdecólonnasregiõesbrasileiras,comasregiõessul esudesteapresentandovaloresdetaxassemelhantesàqueles depaísesaltamenteindustrializados(16).OsdadosdoSistema deInformaçõessobreMortalidadedoMinistériodaSaúde(4) indicam,paraoanode2001,taxasbrutasdemortalidadepor tumoresdecóloneretovariando,nosexomasculino,entre 1,98/100.000e15,89/100.000,respectivamente,emManaus ePortoAlegre.Nomesmoano,nosexofeminino,essastaxas variaramentre3,21/100.000,emBeléme16,40/100.0000em PortoAlegre.
Devidoàdificuldadeparaobterinformaçõesdeincidência nonívelpopulacionaleàaltaletalidadedemuitasneoplasias, osestudosdemortalidadetêmsidobastanteutilizadospara descriçãodospadrõesdedistribuiçãodecâncer(19,20,21).Esses estudosrepresentam,assim,parcelaconsideráveldaprodução
MORTALIDADEPORCÂNCERDE
CÓLONERETONASCAPITAIS
BRASILEIRASNOPERÍODO1980-1997
FabríciaJunqueiradas
NEVES
1,InêsEchenique
MATTOS
2eRosalinaJorge
KOIFMAN
2RESUMO-Racional-NoBrasil,ostumoresdecóloneretoestãoentreascincolocalizaçõesanatômicasmaisimportantesemtermosde mortalidade,paraambosossexos.Aetiologiadessaneoplasiaécomplexaeváriosfatoresestãoenvolvidosnasuagênese,entreestesos relacionadosàdieta.Estepaísapresentaperfisalimentaresheterogêneosnassuasregiõesgeográficas,quepoderiamestarinfluenciandoa distribuiçãodastaxasdemortalidadeporessestumores.Objetivo-Descreveropadrãodemortalidadeporcâncerdecóloneretonascapitais brasileiras,noperíodode1980-1997.MaterialeMétodos-ForamutilizadososdadosdemortalidadedoSubsistemadeInformaçõessobre MortalidadedoMinistériodaSaúdeparaosanosde1980a1997,paraindivíduosdeambosossexos,residentesnascapitaisdosEstados brasileiros,comexceçãodePalmas,Tocantins.Foramconsideradoscomoóbitosporcâncerdecólonederetoaquelescujacausabásica haviasidocodificadacomo153.0a153.9,154.0e154.1,segundoaClassificaçãoInternacionaldeDoenças(CID)9,noperíodo1980-95; C18.0aC18.9,C19eC20,segundoaCID10,noperíodo1996-97.Atendênciadastaxaspadronizadasdemortalidadeporcâncerdecólon eretofoianalisadacombaseemmodelosderegressãolinear.Resultados-Asmaiorestaxaspadronizadasdemortalidadeparacâncer decólon/retoforamobservadasnasregiõessulesudeste,variandoentre8,0e10,7/100.000habitantes.PortoAlegre(11,9),SãoPaulo (10,8)eRiodeJaneiro(9,6)apresentaramastaxasdemaiormagnitudenoperíodoestudado.NaregiãoSul,PortoAlegreeFlorianópolis apresentaramtendênciacrescentedamortalidadeporessaneoplasia,sendoomesmocomportamentoobservadoparaSãoPauloeVitória, naregiãoSudeste.Brasíliaeascapitaisdaregiãocentro-oeste,comexceçãodeGoiânia,mostraramtendênciadecrescimentodastaxasde mortalidade.Entreascapitaisdasregiõesnorteenordeste,verificou-setendênciacrescentedamortalidadeemRioBrancoeFortaleza.A análiseisoladadastaxasdemortalidadeportumoresdecólonederetomostroucomportamentosemelhante,comvaloresmaisaltospara câncerdecólon.Conclusões-Astaxasdemortalidadepadronizadasporcâncerdecólon/retoapresentaramimportantesdiferençasregionais eentreascapitaisbrasileiras,observando-setaxasmaiselevadasnasregiõessulesudeste.Todasasregiõesapresentaramtendênciade incrementodastaxasdemortalidadepadronizadasporcâncerdecólon/reto,noperíodo1980–1997.
DESCRITORES–Neoplasiasdocólon,mortalidade.Neoplasiasretais,mortalidade.Brasil.
TrabalhorealizadonoDepartamentodeEpidemiologiadaEscolaNacionaldeSaúdePública,FundaçãoOswaldoCruz,RiodeJaneiro,RJ.
1DepartamentodeNutriçãoClínicadaUniversidadeFederalFluminense,Niterói,RJ;2DepartamentodeEpidemiologiadaEscolaNacionaldeSaúdePública,FundaçãoOswaldo
Cruz,RiodeJaneiro,RJ.
científicanaáreadeepidemiologiaesaúdepública,possibilitandoa avaliaçãodetendênciasedepossíveiscorrelaçõesentreospadrões observadoseosfatoresambientais(2,20).
No Brasil, os estudos de mortalidade de base populacional costumam utilizar os dados processados pelo Subsistema de InformaçõessobreMortalidadedoMinistériodaSaúde(SIM/MS). AoperacionalizaçãodoSIM/MStemcomobaseopreenchimentoe coletadodocumentopadrão-adeclaraçãodeóbito(DO)-,sendo esteodocumentodeentradadosistemanosestadosemunicípios. AssecretariasdesaúdecoletamasDOsdoscartórioseentramno SIM/MScomasinformaçõesnelascontidas.Umadasinformações primordiaiséacausabásicadeóbito,queécodificadaapartirdo declaradopelomédicoatestante,segundoregrasestabelecidaspela Organização Mundial de Saúde. Limitações quantitativas, como sub-registro de óbitos e deficiências no fluxo das declarações, e limitações qualitativas, como informações incorretas, e erros no processamento de codificação da causa básica no sistema de mortalidade de nosso país têm sido mencionados(26). Entretanto, sabe-se que as declarações de óbito cuja causa básica de morte é uma neoplasia, apresentam melhor qualidade devido à própria naturezadadoença,comseucarátercrônicoque,geralmente,requer tratamentohospitalaremaiorquantidadedeinternaçõeseexames complementares(17,18).
Até onde se tem conhecimento, não existem estudos recentes, publicadosnaliteraturacientífica,acercadasituaçãodamortalidade porcâncerdecóloneretonasregiõesbrasileirasesuascapitais.
Arelevânciaqueassumemaincidênciaeamortalidadedessas neoplasiaseaexistênciadepoucosestudossobreotema,justificam umaanáliseepidemiológicacomoobjetivodedescreveropadrãode distribuição da mortalidade por câncer de cólon/reto nas regiões e capitaisbrasileiras,noperíodode1980–1997.
LITERATURA
COLEMANetal.(9)analisaramatendênciadastaxasdeincidência e mortalidade de 25 localizações anatômicas de neoplasias, em indivíduos entre 30 e 74 anos, em alguns países e regiões da Europa,Ásia,OceaniaeAmérica,porperíododecercade35anos. Considerandoostumoresdecóloneretoemconjunto,osautores observaramtendênciadeaumentodastaxasdeincidêncianamaioria dospaíses,ediminuiçãodastaxasdemortalidade.Odeclíniodastaxas demortalidadefoiexplicadocomopossívelreflexododiagnóstico precoceedeconseqüenteinícioimediatodotratamento,acarretando aumentodasobrevida.
Emestudorealizadonoperíodode1975-88,foiobservadoaumento daincidênciadostumoresdecóloneretonocontinenteeuropeu.Em relaçãoàmortalidade,amaioriadospaíseslocalizadosnonorteda EuropaedospaísesmembrosdaComunidadeEuropéiaapresentaram estabilidadeoutendênciadedeclínio.Nomesmoperíodo,paísesdo lesteeuropeuapresentaramaumentodastaxasdemortalidadeporessas neoplasiasentre15%e5%,parahomensemulheres,respectivamente, acada5anos(8).
NaAustrália,entreosanosde1973e1987,astaxasdeincidência apresentaram tendência de aumento, enquanto a mortalidade mostroupequenodeclínio,somenteentreasmulheres.NoJapão, foiobservadoaumentodastaxasdeincidênciaedemortalidade, que foi maior em indivíduos entre 45 e 64 anos, de ambos os
sexos;apartirde1965,astaxasdemortalidadeaumentaramem tornode25%(8).EmoutroestudorealizadonoJapão,observou-se, também,aumentonastaxasdemortalidadede,aproximadamente, 4,5vezesparaoshomense3,0paraasmulheres,noperíodode 1955a1993(31).
NasAméricas,noperíodode1973-87,observou-setendênciade aumentoconstantedaincidênciaemambosossexos.Entretanto,em relaçãoàstaxasdemortalidade,EstadosUnidos,CanadáeUruguai apresentaram declínio de 5% e 10%, entre homens e mulheres, respectivamente(8).Também nos Estados Unidos, RIES et al.(24), observaram, no período de 1973 a 1991, decréscimo das taxas de mortalidade por neoplasia de cólon em homens brancos (11,2%) e mulheresbrancas(23,6%),eaumentodessastaxasentreoshomens negros(25,1%)emulheresnegras(3,8%).
No Brasil, PINTO e CURI(21) examinaram a mortalidade por neoplasiasreferenteaosanosde1980,1983e1985,utilizandodados publicados pelo Ministério da Saúde que abrangiam 26 Unidades daFederaçãoe13diferenteslocalizaçõesneoplásicas.Ocâncerde cólon estava entre as oito principais localizações neoplásicas nas regiõesestudadas,apresentandotendênciadecrescimentodataxade mortalidadenoperíododeestudo.
FARALDO et al.(11) examinaram a mortalidade por doenças do sistemadigestórionoBrasil,utilizandodadosoficiaisdoMinistério daSaúdereferentesaosanosde1980,1983e1985,abrangendo26 UnidadesdaFederaçãoe10diferentesdoenças.Aneoplasiadecólon foiaquelaqueapresentoumaiorvariaçãoentreosEstados,estando entreasprincipaiscausasdemortalidadeporessegrupodedoenças noperíododeestudo,comtendênciadecrescimentodastaxas.Quando os autores analisaram a distribuição geográfica dos dados obtidos, constataramqueosEstadosdasregiõesSuleSudeste,emespecialRio deJaneiro,RioGrandedoSuleSãoPaulo,apresentavamasmaiores taxasdemortalidadeporneoplasiadecólon.
EmSantaCatarina,aanálisedastaxasdemortalidadeparadiversas localizações neoplásicas, no período de 1980 a 1991, mostrou que o câncer de cólon/reto se situava em sétimo lugar, apresentando o segundomaiorincrementonosexomasculino(razãodetaxas=1,31; IC1,06–1,62)e,entreasmulheres,apresentavaaquintamaiortaxade mortalidadepadronizada,sendoarazãodetaxasde1,15(IC0,92-1,44). Comparando-seastaxasdemortalidadeentreossexosparaoanode 1991,verificou-sepredomínioparaosexomasculinocomarazãode 1,20(IC0,99–1,45)(26).
NomunicípiodeSãoPaulo,REIS(22)analisouocomportamentodas taxasdemortalidadeporcâncerdecólon,verificandoqueessaneoplasia ocupavaaquartaposiçãoentreasdemaislocalizaçõesneoplásicas,em ambosossexos.Comparandoessastaxassegundoaáreadeinserção socioeconômicadomunicípio,esseautorobservouosvaloresmais elevadosnaáreademelhorinserção,emquasetodasasfaixasetárias eemambosossexos.
MATERIAL
Osregistrosdosóbitosporcâncerdecóloneretoforamobtidos nobancodedadosdoSistemadeInformaçõessobreMortalidadedo MinistériodaSaúde(6).
populacionaisparaosanosintercensitáriosdoInstitutoBrasileirode GeografiaeEstatística(IBGE)(13).
Foramconsideradoscomoóbitoporcâncerdecólon,todosaqueles codificadoscomo153.0–153.9,segundoaClassificaçãoInternacional deDoenças,9arevisão(CID-9),noperíodode1980–1995,ecomo C18.0–C18.9,segundoa10aRevisão(CID-10),nosanosde1996e 1997,deindivíduosdeambosossexos,residentesnascapitaisdos estados brasileiros. Foram considerados como óbito por câncer de reto,todosaquelescodificadoscomo154.0e154.1segundoaCID-9, noperíodode1980–1995,ecomoC19eC20segundoaCID-10,nos anos de 1996 e 1997, de indivíduos de ambos os sexos, residentes nascapitaisdosestadosbrasileiros,comexceçãodePalmas,TO,no períodode1980-1997.
MÉTODO
Realizou-seestudoobservacionaldescritivodamortalidadepor câncerdecólonereto.Paraisso,osdadosdemortalidadedapopulação emestudoforamagrupadosemseisfaixasetárias(<20anos,20-29 anos,30-39anos,40-49anos,50-59anos,60-69anose70anosou mais)eemperíodosdetempode1980-1982,1983-1985,1986-1988, 1989-1991,1992-1994,1995-1997.
As taxas de mortalidade para as neoplasias de cólon e reto foramcalculadasparatodasascapitaisetambémparaasregiões brasileirassegundosuascapitais.Osdadosrelativosaessasduas localizaçõesforamagrupadosparaumaanáliseconjuntadocâncer decólonereto.
Parafinsdecomparação,buscando-secontrolaroefeitodasdiferentes estruturasetáriasdaspopulações,foiutilizadoorecursoestatísticode padronizaçãodiretaporidadedastaxasdemortalidade,tendocomopadrão dereferênciaapopulaçãomundialpreconizadapeloIARC/OMS(28).
Foramcalculadasastaxademortalidadeespecíficasporsexoe faixa etária e também as razões de taxas entre faixas etárias, entre sexos(masculinoefeminino),entreperíodosdetempoeentrecâncer decóloneretonascapitaisbrasileiras.
Aanálisedatendênciafoiefetuadaatravésdaestimaçãodemodelos deregressãolinear.Paraoprocessodemodelização,astaxaspadronizadas demortalidadeporcâncerdecólon/retoforamconsideradascomovariável dependente(y)eosanosdeestudocomovariávelindependente(x).O primeiromodelotestadofoioderegressãolinearsimples(y=β0+β1x), seguindo-seosmodelosdesegundo(y=β0+β1x+β2x2)eterceiro graus(y=β0+β1x+β2x2+β2x3).OsmodelosqueapresentaramP valor<0,05foramconsideradossignificativos.Considerou-secomo melhormodeloaquelequeapresentoumaiorsignificânciaestatística. Quandodoismodelosseapresentaramsemelhantes,sobopontode vistaestatístico,escolheu-seomaissimples.
ParaaanáliseestatísticaforamutilizadososprogramasExcel2000 eSPSSversão9(30).
RESULTADOS
Aanálisedamortalidadeporneoplasiadecólon/retomostrouas maiorestaxasnaregiãosul,comaumentodamagnitudedestasentre o primeiro e o último período do estudo; a região sudeste também apresentou taxas elevadas, variando entre 8,03 e 9,90 nos triênios 1980-82e1995-97,respectivamente.Aregiãocentro-oesteapresentou taxasintermediárias,comaumentoaolongodoperíodo,fatotambém
evidenciadonaregiãonorteondeforamencontradasastaxasdemenor magnitudeparaessaneoplasia.Astaxasdaregiãonordesteseaproximam dasdaregiãonorte,emborasejammaiselevadas(Figura1).
Emtodooperíododeestudo,asregiõesbrasileirasapresentaram taxasdemortalidadedecâncerdecólon/retosegundofaixaetáriacom valoresmaiselevadosnosgruposetáriosde60–69anose70anosou mais.Paratodasasfaixasetárias,asmaioresmagnitudesdastaxas foramobservadasnasregiõessulesudeste,variandoentre0,12no grupoetáriomenorde30anose128,66nafaixa70anosoumais.As regiõesnorteenordesteapresentaramtaxasdemortalidadecercade 2vezesmenoresquandocomparadascomadosulemtodasasfaixas. Noperíodoanalisado,osgruposetários40-49e50-59anosdasregiões centro-oesteesudesteapresentaramaumentodasmesmas.
Aanáliseisoladadastaxasdemortalidadepadronizadasporneoplasia decólonnasregiõesdoBrasilmostroupadrãosimilaraoobservado quandoseanalisaramostumoresdecóloneretodeformaconjunta.A comparaçãodastaxasdemortalidadepadronizadasdecâncerdereto, nasregiõessulesudeste,evidenciouqueaprimeiraapresentava,nos triênios1980/82e1989/91,taxasmaiselevadas,enquantonoúltimo período,foramregistradastaxasmenoresdoqueasdosudeste.Aanálise darazãodetaxasdecóloneretoparaasdiferentesregiõesmostrou variaçãode1,45a2,69.Asregiõessulesudesteapresentaramelevação dessarazãonoúltimotriênio(Figuras2,3,4).
FIGURA1-Taxasdemortalidadepadronizadasporneoplasiadecólon/ reto,nasregiõesbrasileiras,segundosuascapitais,período 1980–1997
Sul Sudeste CentroOeste Norte Nordeste 12,00
10,00
8,00
6,00
4,00
2,00
0,00
80/82 83/85 86/88 89/91 92/94 95/97
8 7 6 5 4 3 2 1 0
Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul
Sequência1 Sequência2 Sequência3 Regiões
T
axasdemortalidadepor100.000
NaTabela1encontra-seadistribuiçãodastaxasdemortalidadepor câncerdecólon/reto,noperíododeestudo,nascapitaisbrasileiras.As taxasmaiselevadasforamobservadasemPortoAlegre,RS,durante todooperíododeestudo.
ComexceçãodeBeloHorizonte,MG,asdemaiscapitaisdas regiõessulesudesteapresentaramtaxasmaiselevadasparaosexo masculino nos dois períodos analisados. Na região centro-oeste, verificou-se que, nos últimos anos, as razões homem/mulher se aproximaramdaquelasobservadasnascapitaisdosulesudeste.As taxasdascapitaisdonorteenordestenãoapresentaramcomportamento estável(Tabela2).
NaTabela3,encontram-seosresultadosdaanálisedetendência. Naregiãosulfoipossíveldefinirtendênciassignificativaspara PortoAlegre,RS,eCuritiba,PR.Pode-seobservar,emambasas cidades,tendênciacrescentedastaxaspadronizadasdemortalidade paracâncerdecólon/reto,emboraessanãotenhasidoconstante nacapitaldoRioGrandedoSuletenhatendidoàestabilidade em Curitiba, PR, nos últimos anos. A cidade de São Paulo apresentoupadrãosemelhanteaodePortoAlegre,enquantoem Vitória, ES, foi observada tendência constante de aumento das taxas de mortalidade. No Rio de Janeiro, RJ, o melhor modelo foiodesegundograu,mostrandotendênciadecrescente,porém nãoconstante.Ascapitaisdaregiãocentro-oeste,comexceçãode Goiânia, GO, apresentaram tendência de crescimento constante dastaxasdemortalidadeporneoplasiasdecólon/reto.Naregião
nordestesófoipossívelajustarummodelosignificanteparaMaceió, AL,ondefoiobservadatendênciadedeclínio,eparaFortaleza, CE, que apresentou o mesmo padrão observado para Curitiba, PR.Padrãosimilaraoapresentadopelascapitaisnordestinasfoi observadoparaaregiãonorte.Nessaregiãomodelossignificantes foramajustadosparaManaus,AM,eMacapá,AP,evidenciando tendência de decréscimo das taxas de mortalidade, e para Rio Branco,AC,mostrandotendênciadeaumento,entretantoháem todoseles,tendênciadeestabilidadenosúltimosanos.
DISCUSSÃO
Neste estudo foram constatadas diferenças marcantes nas taxas demortalidadepadronizadasporcâncerdecólon/retoentreasregiões brasileiras,segundosuascapitais,comasmaiorestaxasdemortalidade observadasnasregiõessulesudeste;aregiãocentro-oesteapresentou taxasintermediáriaseasregiõesnorteenordeste,taxasmenores.Estes achadossãosimilaresaosdeFARALDOetal.(11)que,estudandoasdoenças dosistemadigestório,noperíodode1980a1985,verificaramqueas neoplasiasdecólonederetoestavamentreaquelasqueapresentavam maiores variações entre os estados e regiões brasileiras e taxas de mortalidademaiselevadasnosestadosdasregiõessulesudeste,em especial,RioGrandedoSul,SãoPauloeRiodeJaneiro.
As diferenças regionais das taxas de mortalidade por câncer de cólon/reto têm sido ressaltadas por diferentes autores, que
T
axasdemortalidadepor100.000
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul
Sequência1 Sequência2Regiões Sequência3
FIGURA3-Taxasdemortalidadepadronizadasporneoplasiadereto,nas regiõesbrasileiras,períodos1980-82,1989-91e1995-97
Razõescólon-reto
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
Sul Sudeste Centro-Oeste Nordeste Norte
1980-1982 1989-1991 1995-1997 Regiões
FIGURA4-Razãocólon-retonascapitaisbrasileiras,períodos1980-82, 1989-91e1995-97
TABELA1-Taxasdemortalidadepadronizadasporneoplasiadecólon/reto, nascapitaisbrasileiras,período1980–1997
apontamacontribuiçãodehábitosculturaisealimentares,diferenças socioeconômicasedeestilodevida,paraessaheterogeneidade,além deoutrosaspectosrelevantescomooacessoaosserviçosdesaúde,a qualidadedoatendimentohospitalaredosserviçosdeprevenção(7,12, 27).Essesfatoresdevemserconsideradosnaavaliaçãodasdiferenças encontradasentreasregiõesecapitaisbrasileiras,jáqueasregiõessul esudeste,emcomparaçãocomasdemais,apresentamprovavelmente, hábitosdevidaquepoderiamlevaramaiorriscodedesenvolvimento decâncerdecólon/reto,comoobaixoconsumodefibraseoaltoteor delipídiosnadieta,ingestãoelevadadeálcooleprevalênciasmais altasdetabagismo.
Emboraascapitaisdasregiõessulesudesteapresentemtaxas mais elevadas do que as de outras regiões brasileiras, as taxas demortalidadedePortoAlegreedoRiodeJaneiro,noperíodo de 1983-85, eram cerca de 3 vezes menores do que aquelas observadas, no ano de 1985, em países como Estados Unidos, CanadáeFrança(8)e,assimcomoemCuritiba,PR,eSãoPaulo, SP, apresentavam valores similares aos observados em alguns paísesdasAméricasCentraleSul,comoChile(10,9/100.000)e CostaRica(8,7/100.000),enquantoBelém,Manaus,Salvadore Recifeapresentarammagnitudesdetaxaspróximasdosvalores observadosnaVenezuela(5,3/100.000).
Opadrãodedistribuiçãoporsexodastaxasdemortalidadepor neoplasiadecólon/retonascapitaisbrasileirasnãofoiuniforme,com
taxasdemaiormagnitudenosexomasculino.SANTAHELENA(25), em estudo realizado em Santa Catarina, em 1991, havia verificado predomíniodastaxasdemortalidadeparaosexomasculinocomrazão de1,20(IC0,99–1,45).
HORMetal.(12)assinalaramdiferençasnamagnitudedessas taxas,entreosdoissexos,nosEstadosUnidosonde,noperíodo de 1977-83, os homens brancos e negros apresentaram taxas demortalidadepadronizadasmaiselevadasdoqueasmulheres brancas e negras (25,7 e 25,3/100.000; 18,4 e 20,4/100.000, respectivamente).Nomesmopaís,SCHOTTENFELDeWINAWER(27) observaram,entre1985e1989,taxasdemortalidadepadronizadas deneoplasiadecólon/retomaioresemhomensbrancosenegros (24,2e27,6/100.000),excedendoataxaparamulheresbrancase negras(16,4e20,8/100.000).
Emtodasasregiõesbrasileiras,observou-setendênciadeaumento dastaxasdemortalidadeporcâncerdecólon/reto,noperíodoanalisado, padrãoque,emboracomdiferentesgradientes,foiobservadoemvários paísesdomundo(8,24,31).
COLEMANetal.(8)assinalaramtendênciadeaumentodastaxas demortalidadeporneoplasiadecólon/retonaNoruega(12,7%em homense4,1%emmulheres,acada5anos),Tchecoslováquia(11,2% emhomense7,1%emmulheres),Hungria(12,8%e4,7%),Polônia (10,0%e6,7%),Iugoslávia(14,2%e8,2%)eJapão(10,7%e3,9%). Essesautoresobservaram,porém,tendênciadedecréscimodessas taxasnaAustrália,EstadosUnidoseCanadá,noperíodode1965a 1985,quepoderiaserexplicadapelodiagnósticoprecocecominício imediatodotratamento,acarretandoaumentodasobrevida,jáque nomesmoperíodoverificou-seaumentodastaxasdeincidênciade neoplasiasdecólon/reto.
SegundoRIESetal.(24),entre1973e1985,astaxasdeincidência decâncerdecólon/retonosEstadosUnidosapresentaramtendência de aumento e, entre 1985 e 1995, de declínio, com decréscimo significativonadécadade90.Astaxasdemortalidadevêmdeclinando nosúltimos20anos(1,10).Asrazõesparaodecréscimodaincidência edamortalidadedestaneoplasianosEstadosUnidosaindanãosão bemconhecidas,porémtemsidosugeridoqueestariainfluenciada pordiferentesfatorescomoorastreamento,oaumentodaremoção depóliposeosavançosnosprotocolosdetratamentos(10).Embora tenha ocorrido no mesmo período pequena melhora da dieta da populaçãoamericana,asaltasprevalênciasdeobesidadedepõem contraahipótesedequemudançasnopadrãoalimentarpoderiam estarcontribuindoparaocomportamentoobservado(10,32).
CASTROetal.(7)observarammagnitudeselevadasetendênciade incrementodastaxasdemortalidadeporcâncerdecólonnoMéxico, atribuindo esse fato à falta de programas adequados de prevenção primáriaparaocânceremgeralededetecçãooportunadetumores emdeterminadaslocalizaçõesneoplásicas.
A idade é um dos fatores de risco mais importantes no desenvolvimentodocâncerdecólon/reto.NosEstadosUnidos,a incidênciadessasneoplasiasé6vezesmaiorentrepessoascom 65oumaisanos,emcomparaçãocomaquelasentre40e64anos deidade(27).
Nasregiõesbrasileiras,acomparaçãodastaxasdemortalidade decâncerdecólon/retoporfaixaetária,noperíodode1980a1997, evidenciouaumentodasmesmasnosgruposetáriosde40-49e50-59 anosnosudesteecentro-oeste.Nadécadade80,emPortoAlegre, KOIFMAN(15)haviaobservadoaumentosuperiora25%nastaxas TABELA2-Razãodastaxasdemortalidadepadronizadasporneoplasia
de cólon/reto por sexo, nas capitais brasileiras, período 1980/82e1995/97
Capitais Tx.Mortalidade 1980/82
Razão M/F
Tx.Mortalidade 1995/97
TABELA3-Tendênciadastaxaspadronizadasdemortalidadeporcâncerdecólon/reto,nascapitaisbrasileiras,1980-1998
Capital Modelo R2 P Tendência
RegiãoSul
PortoAlegre y=10,16+0,13x+0,02x2 40 0,02 Crescente,nãoconstante
Florianópolis y=8,27+0,12x 11 0,17 Nãosignificante
Curitiba y=9,19+0,26x+0,01x3 31 0,05 Crescenteamaiorpartedoperíodo,porémestávelnofinal
RegiãoSudeste
SãoPaulo y=8,21+0,19x+0,02x2 95 0,00 Crescente,nãoconstante
RiodeJaneiro y=10,30-0,17x+0,04x2 53 0,00 Decrescente,nãoconstante
BeloHorizonte y=6,28+0,03x 03 0,45 Nãosignificante
Vitória y=8,06+0,22x 24 0,03 Crescenteeconstante
RegiãoCentroOeste
Cuiabá y=4,60+0,20x 31 0,01 Crescenteeconstante
CampoGrande y=5,89+0,20x 41 0,00 Crescenteeconstante
Brasília y=5,98+0,12x 36 0,01 Crescenteeconstante
Goiânia y=4,82+0,04x+0,02x2 28 0,07 Nãosignificante
RegiãoNordeste
Salvador y=6,66-0,03x 07 0,28 Nãosignificante
Aracajú y=3,92+0,06x 05 0,35 Nãosignificante
Recife y=5,26+0,24x+0,01x3 29 0,06 Nãosignificante
Maceió y=3,74-0,13x 25 0,03 Decrescenteeconstante
JoãoPessoa y=3,30-0,03x 02 0,54 Nãosignificante
Natal y=5,09-0,04x 02 0,57 Nãosignificante
Fortaleza y=3,86+0,10x+0,01x3 38 0,02 Crescenteamaiorpartedoperíodo,porémestávelnofinal
Teresina y=2,98+0,05x 03 0,48 Nãosignificante
SãoLuis y=4,57-0,38x+0,01x3 30 0,06 Nãosignificante
RegiãoNorte
RioBranco y=2,66+0,30x-0,01x3 42 0,01 Crescenteamaiorpartedoperíodo,porémestávelnofinal
Manaus y=4,09-0,19x+0,01x3 44 0,01 Decrescenteamaiorpartedoperíodo,porémestávelnofinal
BoaVista y=2,12+0,15x 07 0,26 Nãosignificante
PortoVelho y=2,44+0,01x 00 0,80 Nãosignificante
Belém y=5,61-0,02x 01 0,66 Nãosignificante
Macapá y=0,34-0,11x+0,01x3 39 0,02 Decrescenteamaiorpartedoperíodo,porémestávelnofinal
deincidênciadessaneoplasia,nogrupoetáriode45a64anos,em ambosossexos.
Doisestudosdescritivosdesériedecasoshospitalaresrealizados noBrasil,observarampercentuaisconsideradoselevadosdecasosna faixaetáriaabaixodos40anos.RESENDEetal.(23)verificaramque, de120pacientescomcâncerdecólon,retoeânusdiagnosticadosno HospitalDocenteAssistencialdoDistritoFederal,entre1973e1989, cercade17(14%)doscasostinhamaté39anos.Emoutroestudo(29), comumasériedepacientesdoServiçodeColoproctologiadoHospital doAndaraí,noperíodode1980a1987,foiassinaladaaltaocorrência decasosdeneoplasiadecólon/retoempacientescomaté40anosde idade (9,3%), sendo também observado que esses indivíduos eram diagnosticados em estádios mais avançados, em comparação com aquelescomidademaiselevada.
RIES et al.(24), analisando separadamente os tumores de cólon e reto nos Estados Unidos, observaram que a taxa de incidência dosprimeiros(34,5)foi2,5vezesmaiorqueaqueladasneoplasias dereto(13,8).Emestudorealizadoem1996,SCHOTTENFELDe WINAWER(27)mostraramqueemregiõescombaixaincidênciade neoplasiadecólon/reto,comoÍndia,SenegaleospaísesdaEuropa oriental,astaxasdeincidênciadecâncerderetoexcediamastaxas decâncerdecólon.Nopresenteestudo,observaram-seresultados similaresemrelaçãoàmortalidade,jáqueascapitaisqueapresentavam
baixastaxasdemortalidadeparacâncerdecólon/reto,mostravam tambémtaxasdecâncerderetocommagnitudesmaioresoupróximas àsdastaxasdecâncerdecólon.
Aincidênciadecâncerdecólonapresentamaiorvariaçãointernacional doqueadecâncerdereto(27).Comportamentosemelhantefoiverificado nesteestudo,emrelaçãoàstaxasdemortalidade.
Quanto ao câncer de cólon, especificamente, observou-se que as taxas de mortalidade por esta neoplasia são mais elevadas nas regiõessulesudestedopaísemenoresmagnitudesdastaxasforam encontradasnascapitaisdasdemaisregiõesbrasileiras,queapresentam nívelsocioeconômicomenoselevadoemaiorconcentraçãodeáreas rurais.SCHOTTENFELDeWINAWER(27)eMUIReNECTOUX(19) assinalaram que o câncer de cólon é mais comum em populações economicamente mais desenvolvidas e que apresentam padrões de vidacomparáveisaosocidentais.
BALBIetal.(3)evidenciaramdiferençasimportantesentreastaxas demortalidadeporcâncerdecólonemMontevidéu,Uruguai,com taxasdemortalidadeelevadasparaocâncerdecólon,similaresàs observadasempaísesdesenvolvidos,eointeriordopaís,comvalores maissemelhantesaosverificadosempaísesemdesenvolvimento.Os homensemulheresresidentesemMontevidéuapresentaramrisco relativoajustadoporidadeparaamortalidadeporcâncerdecólon de,respectivamente,1,48(IC95%1,36–1,62;P<0,001)e1,01(IC 95%0,93–1,09,P>0,05),tendoosautoresassociadoesseriscoao maiornívelsocioeconômicodapopulação,emrelaçãoaosresidentes deáreasrurais.
JIMÉNEZ eAHUMADA(14), em estudo realizado na província deSantaFé,Argentina,observaramqueostumoresdecólon,retoe ânusapresentaramelevaçãodassuastaxasdemortalidadeentreos períodos 1985–1987 (17,2/100.000) e 1995–1997 (19,1/100.000), emboraosresultadosnãotenhamsidoestatisticamentesignificativos (χ2=0,11;P=0,74).
CASTRO et al.(7) também observaram incremento das taxas de mortalidadeporcâncerdecólonnoMéxico,emambosossexos,sendo que nas mulheres, o câncer de cólon apresentou uma das maiores variações,quandocomparadocomasdemaisneoplasiasanalisadas.
No estudo presente, com exceção de Belo Horizonte, MG, as demais capitais das regiões sul e sudeste apresentaram taxas de mortalidadeporneoplasiadecólonmaioresnosexomasculino,no períodode1995-1997.
Emrelaçãoàmortalidadeporcâncerdereto,observou-sequeas maioresmagnitudesdetaxasocorreramnascapitaisdasregiõessule sudeste.EssesachadosforamsimilaresaosobservadosporPINTOe CURI(21)eFARALDOetal.(11).Entretanto,asmaiorestaxasdemortalidade porcâncerderetoobservadasnestasérietiverammagnitudesmenores queasencontradasnoestudodeBALBIetal.(3),tantoemMontevidéu (7,2nosexomasculinoe4,0nofeminino),comonointeriordoUruguai (4,6e2,9,respectivamente),noperíodode1979-1987.
Ascapitaisdasregiõessulesudesteapresentaramasmaiorestaxas demortalidadepadronizadasparaocâncerderetonosexomasculino. OmesmopadrãofoiobservadonoestudorealizadoporRIESetal.(24), comdadosdeincidência,sendoobservadastaxasmaioresparahomens brancos(18,3)enegros(14,7),quandocomparadoscomasmulheres damesmaraça(10,4e9,9,respectivamente).MUIReNECTOUX(19) tambémcitaramamaiorincidênciadessaneoplasiaemhomens,com razãodetaxasvariandoentre1,5e2,0.
Seguindoopadrãosimilaraoobservadoparaocâncerdecólon, astaxasdemortalidadeporneoplasiaderetoemtodasasregiões brasileirasapresentaramtendênciadeaumentoaolongodoperíodo deestudo,emboracomritmodecrescimentobemmenor.Emseus estudos, PINTO e CURI(21) e FARALDO et al.(11) observaram um comportamento inverso, com percentual de variação negativa da mortalidadeporcâncerderetosigmóide/ânus,entre1980e1985. SCHOTTENFELDeWINAWER(27),nosEstadosUnidos,também
observaramdecréscimodastaxasdemortalidadepadronizadaspara a neoplasia de reto, incluindo a junção retossigmóide tanto para homens,quantomulheresbrancasenegras,particularmentenaqueles com70anosoumais.
PERCYetal.(20)assinalamquedevidoàinexatidãodasdeclarações deóbitos,astaxasdemortalidadeparaocâncerdecólonsãogeralmente superestimadasequeostumoresderetoeretossigmóidesãosubestimados emaproximadamente30%.SegundoSCHOTTENFELDeWINAWER(27), essaseriaumaimportantecausadatendênciadedeclíniodastaxasde neoplasiaderetonosEstadosUnidos.Devidoaessespossíveiserros declassificação,RIESetal.(24)consideraramquenãoseriaapropriado analisar, separadamente, as taxas de mortalidade por neoplasias de cólonereto.
NaCID10ocorreumudançanaclassificaçãodessestumores,sendo introduzidaumacategoriaseparada(C19)paraasneoplasiasdajunção retossigmóide.Essasalteraçõespoderiamterocasionadosubestimação dastaxasdemortalidadedotriênio1995-1997nesteestudopois,apartir de1996,essaediçãodaCIDfoiutilizadaparacodificaçãodosóbitos doSIM/MS.Entretanto,observou-seaumentodastaxasdemortalidade deambasasneoplasiasnesseperíodo.
Aselevadastaxasdemortalidadeporneoplasiadecóloneretoem algumascapitaisbrasileiraseoincrementodessastaxas,entreosanos de1980e1997,colocamestaslocalizaçõesneoplásicasemposição de destaque no quadro epidemiológico do país, sendo importante a implementação de políticas públicas de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento desses tumores e o estímulo a estudos que analisemmaisprofundamenteasdiferençasobservadaseosfatores deriscoeproteçãoassociadosaoseudesenvolvimento.Asregiões sulesudeste,ondeseobservamasmaisaltastaxasdemortalidade, merecematençãoespecial.
CONCLUSÕES
Astaxasdemortalidadepadronizadasporcâncerdecólon/reto apresentaramimportantesdiferençasregionaiseentreascapitaisbrasileiras, observando-setaxasmaiselevadasnasregiõessulesudeste.
Todasasregiõesapresentaramtendênciadeincrementodastaxas de mortalidade padronizadas por câncer de cólon/reto, no período 1980–1997.
Osexomasculinoapresentoutaxasdemortalidadepadronizadas porcâncerdecólon/retomaiselevadasdoqueofeminino,nascapitais dasregiõessulesudeste.
Aanáliseisoladadastaxaspadronizadasdemortalidadeporcâncer decólonederetomostroucomportamentosimilaraoobservadopara oconjuntodasduasneoplasias,commagnitudesmaiselevadasnas capitaisdasregiõessulesudeste,etendênciadeincrementodastaxas emtodasasregiões.
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Recebidoem6/4/2004. Aprovadoem2/9/2004.
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ABSTRACT–Background-InBrazil,colorectaltumorsareamongthefivemoreimportantsitesofneoplasms,forbothsexes,intermsofmortality.Theetiology ofcolonandrectalcanceriscomplexandsomeofthefactorsinvolvedinitsgenesisarerelatedtodiet.Braziliangeographicregionspresentheterogeneous alimentaryprofiles,thatcouldbeinfluencingthedistributionofthemortalityratesforthesetumors.Objective-Todescribethepatternsofmortalityfrom cancersofthecolonandtherectuminBrazilianStatecapitalsintheperiod1980-1997.MaterialandMethods-Mortalitydataforindividualsofbothsexes, residentsinBrazilianStatecapitals(exceptPalmas,Tocantins)wasobtainedfromtheMinistryofHealthMortalitySystem(SIM/MS).Weconsideredasdeath fromcolonandrectumcancersthosewhoseunderlyingcauseofdeathwascodedas153.0to153.9,154.0and154.1,accordingtoICD9,intheperiod1980-95; C18.0toC18.9,C19andC20,accordingtoICD10,intheperiod1996-97.Thetrendsofthestandardizedmortalityratesfromcolonandrectumcancerwere analyzedthroughlinearregressionmodels.Results-ThehigheststandardizedmortalityratesforcolorectalcancerwereobservedintheSouthandSoutheastern regionsandvariedbetween8,0and10,7/100000inhabitants.PortoAlegre(11,9),SãoPaulo(10,8)andRiodeJaneiro(9,6)presentedthegreatestratesamong theStatecapitalsinthestudyperiod.IntheSouthregion,ratesofmortalityforPortoAlegreandFlorianópolispresentedanincreasingtrendinthestudyperiod andthesamebehaviorwasobservedforSãoPauloandVitóriaintheSoutheasternregion.BrasiliaandtheothercapitalsoftheMidwest,withtheexception ofGoiânia,showedatendencyofincrementofthemortalityrates.AmongthecapitalsoftheNorthandNortheastregions,anincreasingtrendofmortality wasobservedinRioBrancoandFortaleza.Theseparateanalysisofthemortalityratesfortumorsofthecolonandfortumorsoftherectumshowedasimilar pattern,withhighervaluesbeingobservedforcolonneoplasia.Discussion-Regionaldifferencesinthemortalityratesforcolonandrectumneoplasiashave beendiscussedfordifferentauthors,whopointtothecontributionofculturalandalimentaryhabits,anddifferencesoflifestyleandsocioeconomicstatustothis heterogeneity,besidesotheraspectsrelatedtoaccesstohealthservicesandqualityofhospitalcareandpreventiveservices.Thesefactorsmustbeconsideredin theevaluationofthedifferencesobservedinBraziliancapitals.AlthoughtheStatecapitalssituatedinSouthandSoutheasternregionspresentedhigherrates thantheothers,mortalityratesofPortoAlegre(9,8/100.000)andRiodeJaneiro(9,0/100.000),inperiod1983-85,wereaboutthreetimeslowerthanthose observedintheUnitedStates,CanadaandFrance,in1985.ThesexdistributionpatternofthemortalityratesinBraziliancapitalswasnotuniform,withhigher ratesinmen.WeobservedatrendofincrementofthemortalityratesofcolorectalcancerinallBrazilianregions,similartothatwasobservedinsomecountries oftheworld,althoughwithdifferentgradients.Conclusions-Thestandardizedmortalityratesforcolonandrectumneoplasiaspresentedimportantregional differencesamongBrazilianStatecapitals.ThehighestrateswereobservedintheSouthandSoutheasternregions.Atrendofincrementofthestandardized mortalityratesforcancersofthecolonandtherectumwasobservedinallBrazilianregionsintheperiod1980-1997.