1 ArtigoderivadodaDissertaçãodeMestrado:Usocombinadodees-tratégiascomportamentaisefarmacológicasnomanejodacriançanão -colaboradoraduranteoatendimentoodontológico.Agradecimentosà psicólogaFabíolaCristinaTrivelattoeaoTécnicoemImagemeSom: PauloRobertoRizzodoAmaral.
2RuaPrudentedeMoraes,n°1835.Piracicaba-SP.CEP13416-720. E.mail:possobon@fop.unicamp.br
OComportamentodeCriançasDuranteAtendimentoOdontológico
1RosanadeFátimaPossobon2
FaculdadedeOdontologiadePiracicaba-UNICAMP
AntonioBentoAlvesdeMoraes
FaculdadedeOdontologiadePiracicaba-UNICAMP
ÁdersonLuizCostaJunior
UniversidadedeBrasília
GláuciaMariaBoviAmbrosano
FaculdadedeOdontologiadePiracicaba-UNICAMP
RESUMO-Estetrabalhoavaliouocomportamentode6criançascomhistóriadenão-colaboraçãodurantetratamento odontológico,quepassarampor5sessõesodontológicas,nasquaisempregou-seoplaceboouodiazepamdemaneiraduplo -cega,alémdeestratégiaspsicológicasdemanejodocomportamento(distração,explicação,reforçamentoeestabelecimento deregras).Assessõesforamilmadasemvídeo–tape,commarcassonorasacada15segundos,indicativasdosmomentos emqueoscomportamentosemitidospelosparticipantes(choro,movimentosdecorpoe/oucabeça,fugaeesquiva)eases-tratégiasdemanejodocomportamentoseriamregistrados.Osresultadosmostraramqueomedicamentonadoseutilizadafoi eicazparacontrolaroscomportamentosde1participante,sendoqueosdemaisnãopermitiramarealizaçãodotratamentoe exibiramaumentocrescentedaresistênciaaotratamento.Parecenecessárioqueacriançasejaauxiliadaaenfrentarasituação detratamentonassessõesiniciais,impedindooaumentodaresistência.
Palavras-chave:criançasnão-colaboradoras;comportamento;controlefarmacológico;estratégiasdemanejo;odontologia infantil.
ChildBehaviorDuringDentalTreatment
ABSTRACT -Thisresearchintendedtoinvestigatetheuseofdiazepaminconjunctionwithbehavioralstrategiestoman-ageuncooperativebehaviorofchilddentalpatients.The6participantsreceiveddentaltreatmentduring9sessions.Usinga double-blinddesign,childrenreceivedplaceboordiazepamandatthesametimeweresubmittedtobehaviormanagement produces(distraction,explanation,reinforcementandsetruleandlimits).Allsessionswererecordedinvideo-tapesbipedin 15secondsintervals,inwhichobserversrecordedchild’s(crying,bodyand/orheadmovements,escapeandavoidance)and dentist’sbehavior.Theresultsindicatedthatdiazepam,consideringtheuseddose,wasonlyeffectivewithonesubject.The otherparticipantsdidn’tpermitthetreatmentandshowedanincreaseintheirresistance.Thebehavioralpreparationstrategies fordentaltreatmentshouldhavebeenmorepreciselyplannedinordertohelpthechildtofacetherealdentaltreatmentcondi-tionsmainlyintheirstsessionsavoidingtoreinforceinappropriatebehaviors.
Keywords:uncooperativechildren;behaviorcontrol;pharmacologicalcontrol;dentalchild.
aversivasrepresentamumconjuntosigniicativodevariáveis predisponentespararespostasdemedoemcrianças.Fazem partedessashistóriasaqualidadedainteraçãodentista-crian-çaesensaçõesdolorosasmuitasvezesinevitáveis(Moraes, 1999).Assim,aexperiênciaclínicademonstraqueémais fácillidarcomoscomportamentosdeumacriançaquenão temexperiênciaodontológicadoquemanejaroscomporta-mentosdaquelasquejátiveramexperiênciasdesagradáveis nodentista(Piedalue&Milnes,1994).
Emboramedoecomportamentosdenão-colaboração possamrepresentarumamesmamanifestaçãopsicológica, nemtodocomportamentodenão-colaboraçãorepresenta omedoenemtodacriançatemerosaénão-colaboradora (Ingersoll,1982).Pinkham(1993)airmaqueomedo(como umsentimento)podeserumfatorpredisponenteparacom-portamentos de esquiva, mas que estes comumsentimento)podeserumfatorpredisponenteparacom-portamentos tambémpodemocorrercomcriançasjáfamiliarizadascom otratamento.Istoequivaledizerqueapresençadeestímulos aversivosaumentaaprobabilidadedeocorrênciaderespostas deesquiva.Opadrãoeafreqüênciaderespostasdeesquiva O tratamento odontológico, em muitas circunstâncias,
éumgrandedesaioparaopacienteeparaoproissional, devido às condições aversivas presentes (César, 1988). O medo leva o indivíduo a cancelar ou adiar suas consultas odontológicas, agravando a sua condição de saúde bucal (Costa&Moraes,1994).
sãoparâmetrosnecessáriosparaoreconhecimentodeuma criançatemerosa.
Acriançanão-colaboradorapodeserconsideradaum pacienteespecial,porapresentardiiculdadesemajustar-seàs exigênciasdotratamentoodontológicoconvencional,neces-sitandodealteraçõesnarotinadoatendimento,pormeioda introduçãodeestratégiasdemanejo,quenãosãoutilizadas regularmentepeloscirurgiões-dentistas.EmOdontologia,o termomanejosigniicaumainteraçãocontínuacomacriança, direcionadapelacomunicaçãoeeducaçãoemumesforço parareduziroueliminaromedoeaansiedadeepromover ummelhorentendimento,nãoapenasdanecessidadedeuma boa saúde dentária, como também do processo pela qual é conseguida (American Academy of Pediatric Dentistry, 1996-1997).
Adespeitodetodoocuidadonaescolhaeimplementação daestratégiademanejomaisadequadaacadasituação,algu-mascriançasmostram-serefratáriasoumaisresistentes.
Allen,Loiben,AlleneStanley(1992)utilizaramacon-tingênciadefugaparamanejaroscomportamentosdequatro criançasqueapresentavamníveisbaixosdecolaboração.Esta estratégiaconsisteeminterromperotratamentoporalguns segundosparaqueacriançadescanse,apósmanifestações decolaboração.Ascriançasapresentaramumareduçãonos comportamentosnão-colaboradoresduranteassessõesem quehouveousodafugacontingente.Entretanto,osautores sugeremque,seoníveldenão-colaboraçãodascrianças fossemaior,estaestratégiateriasidoinsuicienteparama-nejá-las.
Ingersoll(1982),aoestudarpacientesodontopediátricos considerados “incontroláveis”, ou seja, com alto nível de comportamentos de não - colaboração, airma que, para estas crianças, estratégias psicológicas como a distração, nãopromovemmudançascomportamentaisquepermitama adequadaatuaçãododentista. Nívelaltodenão-colabora-çãoéumtermoutilizadoparadesignarumaforterecusada criançaemaceitarasregrasdotratamentoouumamedidada duraçãodasmanifestaçõesdenão-colaboraçãoqueexcedea 90%dotempodeumasessãodeatendimentoodontológico. Aautoracitaque,amesmaestratégia,utilizadacomcrian-çascomníveismaisbaixosdenão-colaboração,apresenta resultados mais favoráveis. Isto parece ocorrer porque a criança considerada “incontrolável” não entra em contato comoscomportamentosdodentista(oqueeledizoufazpara acalmá-la),maspermanecesobcontroledeoutrosestímulos relevantesparaamanutençãodaresistênciaourebeldia.
Alémdoníveldenão-colaboraçãoinicial,parecehaver umatendênciaaaumentararesistênciadascriançasaotra-tamentoaolongodassessões,quandoodentistaintroduz gradualmentenotratamentoosprocedimentosconsidera-dosmaisaversivos,seguindo,emtermosdeprocedimento, umaorientaçãoderivadadadessensibilizaçãosistemática (Wolpe,1971).Emumestudocomdoispacientesespeciais (umnão-colaboradoreumportadordedeiciênciamental), César(1988)encontrouníveiscrescentesderesistênciaao longo das sessões de atendimento odontológico. Vale a pena ressaltar que, neste caso, as crianças foram atendi-das por alunos de graduação pouco experientes para as tarefasclínicasedemanejodocomportamento.Achados semelhantesforamobtidosporStark,Allen,Hurst,Nash,
RigneyeStokes(1989),quetestaramaeicáciadatécnica dedistração,duranteoatendimentoodontológicodequatro criançasnão-colaboradoras.Osresultadosmostraramque, apósasvisitassucessivas,houveumcrescenteaumentonos níveisdenão-colaboração.Istotornaclaraanecessidadede investigarasrelaçõesdecontingência,explícitasounão,da situaçãodeatendimentoodontológicoe,comodecorrência, proporestratégiasparadiminuiraansiedadeepromover a manutenção dos comportamentos colaboradores até o términodotratamento.
Nestescasos,emqueousoexclusivodocontrolecom-portamentalnãopermiteumaadequadaatuaçãoproissional, oempregodesubstânciasfarmacológicas,taiscomoosan-siolíticos(exemplo:diazepam),podeauxiliardiminuindoa ansiedadedacriançaepermitindoarealizaçãodoseutrata-mento,umavezqueaansiedadepodesercompreendidacomo umcomponenteimportantedasreaçõesdenão-colaboração (Moraes&Pessotti,1985).
Autilizaçãodesedaçãoleveempacientesodontopedi-átricosparecereduzirotempooperatóriodecadasessão, proporcionarummenorgraudeagitaçãoechoroeaumen-tar a sonolência e a cooperação (Album, 1961; Badalaty, Houpt, Koenigsberg, Mawell e Desjardins, 1990; Sams, Cook,JacksoneRoebuck,1993).Entretanto,algunsauto-res,taiscomoYanase,Braham,Fukuta&Kurosu(1996)e Healy&Hamilton(1971),acreditamque,dependendodo graudenão-colaboraçãodacriança,omedicamentopode serpoucoeicaz,necessitandodoempregoconcomitantede outrasestratégias.
Oobjetivodesteestudofoiveriicaronívelderesistência aotratamentoapresentadoacadasessão,comparandosessões emqueacriançarecebeuumamedicaçãoansiolíticacom sessõesemquerecebeuumplacebo.
Método
Este trabalho avaliou o comportamento de 6 crianças na faixa etária de 4 a 5 anos completos, com história de não - colaboração que impediu a realização de tratamen-tosodontológicosanteriores.Estesparticipantespassaram por5sessõesdeatendimentoodontológico,realizadasno Laboratório de Psicologia Aplicada (LPA), uma unidade do Centro de Pesquisa e Atendimento Odontológico para PacientesEspeciais(Cepae)daFaculdadedeOdontologiade Piracicaba,UniversidadeEstadualdeCampinas-SãoPaulo. Antesdaescolhadosparticipantes,oprojetodesteestudofoi avaliadoeaprovadopeloComitêdeÉticaemPesquisadesta Faculdade.Alémdisto,osresponsáveispelosparticipantes autorizaramarealizaçãodotratamento,assinandoumtermo de“InformaçãoeConsentimentoLivreeEsclarecido”.
Todasassessõesforamgravadasemvídeo-tape(VT), comsonsde“bip”acada15segundos,quemarcavamos momentosemque,posteriormente,foramfeitososregistros doscomportamentosobservados.
Naprimeirasessão,acriançaeseuacompanhanteeram encaminhadosaoconsultórioe,pormeiodeatividadelúdica (brincadeirasutilizandofantocheseinstrumentosodontoló-gicos)adentistaexplicavaedemonstravaosprocedimentos queseriamrealizadosecomodeveriaserocomportamentoda criançaduranteotratamento.Adentistatambéminformava que,casoacriançacolaborasse,emitindooscomportamen-tosensinados(permanecendocomabocaabertaduranteo exameclínico,porexemplo),aoinaldasessãoelareceberia umbrinde(balãodear).Nacadeiraodontológica,adentista realizavaexameclínico,aplicaçãodeumcorantesobreos dentesdacriançautilizandoumpincel,paraevidenciaras superfíciesdentaisquecontinhamaplacabacteriana(matéria formadaporbactériasedetritosalimentares,responsávelpela cárie)eorientavaamãesobreatécnicadehigienebucaldo-miciliar.Antesdarealizaçãodecadaprocedimento,adentista mostravaoequipamentoeosinstrumentosqueseriamutili-zadosepermitiaqueacriançaosmanipulasse.Emseguida, realizava-seotreinodeescovaçãoealimpezaproissionaldos dentes, utilizando equipamento odontológico. Terminados estesprocedimentos,acriançarecebiaobrindemesmosenão houvesse colaborado plenamente, permitindo a realização somentedealgunsdosprocedimentosplanejados.
Apartirdasegundasessão,adentistamostravaàcriança osbrinquedosplanejadosparaaatividadelúdicaeestabelecia aseguintecontingência:casoelacolaborasse,poderiabrin-carnoinaldasessãoereceberobrinde.Paraqueacriança entendesseestacontingência,adentistautilizavaoseguinte argumento:seelaajudasseadentista,icandoquietaeabrindo suabocaparaarealizaçãodotratamento,esteseriafeitoo maisrápidopossíveleentãosobrariatempoparaarealização daatividadelúdicaaotérminodasessão.
Durante um período de tempo que durou em média 24 minutos, a dentista utilizava estratégias de manejo do comportamento,taiscomoadistração(conversandosobre osbrinquedosqueestavamsobreamesadeatividadelúdica ousobrealgumassuntodeinteresseparaacriança),aex-plicação (mostrando os equipamentos e instrumentos que seriamutilizados,permitindoqueacriançamanipulasseestes objetosepedindosuacolaboraçãoparaotratamento),orefor-çamentoespecíico(elogiandoacriançaquandoestaemitia algumcomportamentocolaborador)eoestabelecimentode regras(lembrandoacriançasobreacontingência)(Possobon, Moraes&Caetano,1998).Casoacriançanãopermitisseo tratamento,adentistaencerravaasessãoeexplicavaquenão haveriaatividadelúdicaeentregadobrinde,poisnãohavia sobradotempodevidoàsuanão-colaboração.
A dentista não utilizava nenhum tipo de restrição ou ajudafísicaparaforçaracriançaapermitirotratamento. Otratamentoeraconsideradorealizadoquando,comaco-laboraçãoespontâneadacriança,fossemfeitososseguintes procedimentos:anestesiatópica(pomadaanestésica),anes-tesiainjetável,instalaçãodeisolamentoabsoluto(lençolde borracha preso ao dente a ser tratado com auxílio de um grampo especial, que proporciona um campo seco para o trabalhododentista),preparocavitárioutilizandoaltae/ou baixa-rotação(remoçãodecáriecomo“motor”)erestau-raçãodeinitivadodente.
Oscomportamentosemitidospelopacienteepeladen-tistaduranteassessõesdeatendimentoforamobservadose registradosposteriormente,utilizandoasitasdeVT.
Aobservaçãoeregistrodoscomportamentosdospacien- tesforamrealizadoscombasenoCódigoHBCD,desenvolvi-doporAllardeStokes(1980),utilizadotambémporStokes &Kennedy(1980),comalgumasmodiicações.Ascategorias decomportamentoobservadaseregistradasforam:
(1) Movimentosdecorpoe/oucabeça:qualquermovimento decorpoe/oucabeça,manifestadoduranteaexecução deumprocedimentoodontológico,queatrapalhassea atuaçãododentista,porémseminterromperoprocedi-mento,concomitanteounãocomchoro;
(2) Chorooureclamações:presençadechoro,gemidoou reclamaçãosobreosprocedimentos,registradosomente quandoocorriaisoladamente.
(3) Fuga:quandoacriançainterrompiaumprocedimento que estava sendo realizado, por meio de movimentos bruscosdecorpoe/oucabeça,napresençaounãode choro;
(4) Esquiva:comportamentosquenãopermitiamoinícioda realizaçãodoprocedimento.Exemplo:quandoacriança nãoseguiainstruções,recusando-seadeitar-senacadeira ouaabriraboca.
Após as sessões, a pesquisadora e uma assistente de pesquisa treinada assistiam aos VTs e faziam registros independentes dos comportamentos emitidos pela criança edasestratégiasusadaspeladentista,acada15segundos, utilizandoumaichadeobservação.Posteriormente,erave-riicadaaconcordânciaentreosobservadores,paraconferir idedignidadeaosdadoscoletados(oníveldeconcordância obtidofoiemmédia99,06%).Emseguida,foramcalcula-dasasfreqüênciascomqueocorreramoscomportamentos, avaliando o grau de colaboração da criança ao longo das sessões.
ResultadoseDiscussão
Odelineamentoplanejadoparaesteestudoestabelecia queotratamentofosserealizadosomentesehouvessecola-boraçãoporpartedacriança.Estadeterminaçãopermitiuque acriançativesseaoportunidadedecolaborarnassessõesem querecebeuplaceboenaquelasemquerecebeudiazepam. Alémdisso,possibilitouaobservaçãosistemáticadoscom-portamentosdascriançasnasduascondiçõesexperimentais planejadas, utilizando-se estratégias comportamentais não -aversivasdecontroledocomportamento.
AFigura1apresentaasfreqüênciasrelativasdoscom-portamentosdenão–colaboraçãoqueocorreramemcada Quadro1:Esquemarepresentativododelineamentoexperimentalutilizado
nestetrabalho.AdrogaArepresentavaoplaceboeadrogaBcontinhao princípioativododiazepam(comidentiicaçãoefetuadaapósacoletados dados).
Sessão GrupoA GrupoB
1ª Semdroga Semdroga
2ª DrogaA DrogaB
3ª DrogaA DrogaB
4ª DrogaB DrogaA
sessãodosseispacientes.Oscomportamentosdospartici-pantesforamagrupadosdestamaneiraporqueindicamos momentosemqueadentistaestáatuando(quandoacriança choraoumovimenta-se)eosmomentosemqueacriança nãopermiteaatuaçãodadentista(ocorrênciaderespostas defugaeesquiva).
Observando-seascolunaspreenchidasempreto(compor-tamentosdefugaouesquiva),veriica-seumaumentogradual nafreqüênciarelativadestescomportamentos,excetonoque dizrespeitoaosdadosdeP-I.Parecequeofatodacriança perceberqueotratamentonãoseriarealizadocasoelanão permitisse,fortaleceuaemissãodecomportamentosdees-quiva,aumentandoanão-colaboraçãoaolongodassessões. Alémdisso,houvetambémumaumentonaintensidadedestes comportamentos,ouseja,acriançapareciaestarcadavez maisfamiliarizada,masdemonstravacomportamentoscada vezmaisfortes,reagindocomagressividadeaocontatoda dentista.Estefato,impossíveldeservistopelaobservação destaigura,foipercebidopelapesquisadoraepelaassistente depesquisaeregistradosobaformaderelatocursivoao inaldecadasessão.
Valeapenaressaltarque,excetoP-I,nenhumparticipante permitiuarealizaçãodeprocedimentosdaSegundaaquinta sessão.Portanto,aporcentagemdetempodassessõesem quenãoaparecemcomportamentosdenão-colaboração, reletemperíodosemqueadentistaestavarealizandotarefas preparatóriasparaasintervenções,enãoqueacriançaestá colaborandoepermitindootratamento.
Aocorrênciadoreforçamentorequerasatisfaçãodedois critérios:ocomportamentoalvoprecisaserseguidoporuma conseqüênciaque,porsuavez,aumentaafreqüênciadeste
comportamento.Oreforçamentopodeserusadopelodentista demaneiradeliberadaouocorrerdeformanãoplanejada (Moraes&Pessotti,1985).Obrinquedoeobrindeforam estabelecidos como estímulos reforçadores na primeira sessãodecadaparticipante.Todavia,aexplicitaçãodanão ocorrênciadoestímuloreforçadorpositivo,estabelecidana contingência,podeteratuadocomoumestímulodiscrimi-nativoparanãocolaborar,umavezque,nãocolaborando, a criança era dispensada e, desta maneira, negativamente reforçada. Assim, entre a primeira e a quinta sessão, os comportamentosdenão–colaboraçãoforamnegativamente reforçados,ouseja,acriançanãocolaboravaeotratamento nãoerarealizado.AlleneStokes(1987)tambémconcluíram queoferecerumprêmiocontingenteacomportamentosde colaboraçãoduranteotratamentoodontológiconãofoisu-icienteparareduziranão-colaboração.
Asverbalizações(estratégiasdedistração,explicaçãoe reforçamento),demaneirageral,forambastanteutilizadas. Tal como airmaram Ten Berge, Veerkamp e Hoogstraten (1999),oscomportamentosdodentistasãodependentesdo comportamentodopacientee,portanto,quantomaisaltofor oníveldenão-colaboração,maiorafreqüênciadeutilização de estratégias de manejo do comportamento, empregadas para obter a colaboração. Neste sentido, pode-se supor que,emmuitascircunstâncias,quemcontrolaexatamente otranscorrerdasessãoéopacienteenãoodentista.Como adistraçãoeaexplicaçãonãopodemserrealizadasaomes-motempo,quandoacriançanãoestácolaborandoutiliza-se maisaexplicação,comoumaformadeconvenceracriança a colaborar. Entretanto, parece que a explicação reforçou oscomportamentosdeesquiva,umavezquedeixavaclaro que,seacriançanãocolaborasse,asessãoseriaencerradae otratamentonãorealizado.
Pinkham(1993)airmaquepedidosepromessas,me-canismoscomumenteutilizadosparapersuadiraspessoas, nãoproduzemosefeitosesperadosquandoutilizadoscom pacientesindisciplinados.Estascriançasparecemteraversão àautoridadedoadultoeestãoacostumadasaquebrareter suaspromessasquebradas.Assimsendo,odentistamuitas vezesnãoconsegueacolaboraçãodestascriançasquando fazpedidosepromessas.
Aoinaldassessõesemquenenhumaintervençãohavia sidofeita,adentistacumpriaaregraestabelecidanacontin- gência,ouseja,ascriançasnãopoderiambrincarenemre-ceberobrinde.Nestascircunstâncias,osparticipantessaíam doconsultórioapresentandocomportamentosquepareciam revelarraivaoufrustração.Mostravam-se,porvezes,agres-sivoscomoacompanhanteechoravam.
Os participantes deste estudo apresentavam história préviadecomportamentosdenão-colaboração,fatoque tambémpodeexplicaraineicáciadasestratégiasutilizadas para manejar seus comportamentos. Os comportamentos apresentados pelas crianças na sessão de avaliação (antes desuainclusãocomoparticipantedesteestudo)enasessão delinhadebase(primeirasessãodeatendimento),impediram arealizaçãodeprocedimentossimplesenão-invasivos,tais comooexameclínico,evidenciaçãodeplacaouaplicaçãode lúor.Destamaneira,pode-seinferirque,seosparticipantes apresentassemmenorgraudenão–colaboraçãoinicial,as estratégiascomportamentaisemassociaçãocomamedicação ��
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utilizadapoderiamtersidoeicazes.Entretanto,estaéuma inferênciaprematuraapartirdosdadosdisponíveis.
ObservandoaindaaFigura1,veriica-sequeparaP-II, P-III(grupoA)eP-IV(grupoB),acolaboraçãofoimenor, ou seja, houve uma maior freqüência na ocorrência dos comportamentosdefugaeesquiva(queimpedemaatuação dadentista)nassessõescomdiazepam(colunascomlinhas oblíquas)comparadasàssessõescomplacebo.ComP-Ve P-VI(grupoB),houvemaiorfreqüênciadestescomporta-mentosnassessõescomplacebo.Entretanto,principalmente paraP-IIeP-III(grupoA)eparaP-VeP-VI(grupoB), houveumatendênciaaaumentaroscomportamentosdefuga eesquivaaolongodassessões.Portanto,aquartaequinta sessõesforamaquelasemquehouveumafreqüênciamaior defugaeesquiva,sejacomplacebooudiazepam.Porisso, nãosepodeairmarqueodiazepamtenhatidoumainlu-êncianegativanoscomportamentosdeP-IIeP-III;apenas mostrou-seineicaznadoseempregada.
Sabendoquenestassessões,excetoparaP-I,nenhuma criançapermitiuarealizaçãodotratamento,conirma-seque odiazepamnãofoieicaznocontroledoscomportamentos dospacientes,nemtampoucoasestratégiascomportamen-tais.Emboracolaborador,P-Inãoadormeceuenãoestava sonolentonassessõescomdiazepam.
Paratersidoconsideradaeicaz,amedicaçãonãoprecisa-riaterprovocadosedação,levandoacriançaadormirdurante todaasessão.Oobjetivodoempregodoansiolíticoeratran-qüilizaracriança,deixando-amaisreceptivaàsestratégias demanejoempregadas,possibilitandoarealizaçãoplenado tratamento,semnecessidadedecontençãofísica.
ConsideraçõesFinais
Odiazepam(0,3mg/kg,p.o.)nãosereveloueicazpara ocontroledoscomportamentosdenão-colaboração.
Nãohouvemudançasnograudecolaboraçãodospar-ticipantes quando comparadas as sessões com medicação ecomplacebo,excetoparaumparticipante,cujonívelde colaboraçãojáeramaiordoquedosdemaisparticipantes.
Anãorealizaçãodotratamentoenquantoacriançanão colaborou,reforçouasmanifestaçõesdoscomportamentosde não-colaboração,aumentandosuafreqüênciaaolongodas sessões.Acriançapareceaprenderqueocomportamentode esquivaalivradarealizaçãodotratamento.Pareceimportante auxiliaracriançaaenfrentarasituaçãodeatendimentoodon-tológicoassimqueumainteraçãoinicialsejaestabelecida comoproissional(2ªou3ªsessão).Istopodeserconsegui-dopormeiodautilizaçãodeestratégiasquerestrinjamos movimentosdacriança,associadascomprocedimentosque induzam colaboração e possibilitem o enfrentamento dos eventosaversivosinerentesasituaçãoodontológica.
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Recebidoem09.04.2002 Primeiradecisãoeditorialem16.08.2002 Versãoinalem05.04.2003