• Nenhum resultado encontrado

Análise ultra-estrutural do líquido cefalorraquiano de parkinsonianos.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Análise ultra-estrutural do líquido cefalorraquiano de parkinsonianos."

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

ANÁLISE ULTRA-ESTRUTURAL DO LÍQUIDO

CEFALORRAQUIANO DE PARKINSONIANOS

JAMES PITÁGORAS DE MATTOS * — ALEXANDRE ALENCAR ** ANGELA GONÇALVES DA SILVA ***

R E S U M O — P e l o m é t o d o d a c o l o r a ç ã o n e g a t i v a , o e s t u d o u l t r a - e s t r u t u r a l do l i q ü i d o cefalor¬ r a q u i a n o , em 20 c a s o s d e p a r k i n s o n i s m o , m o s t r o u p r e s e n ç a d e e s t r u t u r a s n ã o - i d e n t i f i c a d a s , com configurações g e o m é t r i c a s , em 30%. C o n s i d e r a d a s como s u s p e i t a s d e c o n t e r e m p a r t í c u l a s virais, por q u e s t ã o d e m é t o d o , n ã o l e v a r a m a d a d o s e s t a t i s t i c a m e n t e significativos se c o m p a r a d o s à incidência d e m o r t a l i d a d e e n t r e os a n i m a i s d e e x p e r i m e n t a ç ã o . A r t e f a t o s ou n ã o , e s t a s e s t r u t u r a s m e r e c e m r e g i s t r o .

Ultrastructural cerebrospinal fluid analysis of parkinsonians.

SUMMARY — U l t r a s t r u c t u r a l c e r e b r o s p i n a l fluid of 20 p a r k i n s o n i a n p a t i e n t s e x a m i n e d b y n e g a t i v e s t a i n i n g s h e w e d n o t r e c o g n i z a b l e s t r u t u r e s t h o u g h t t o b e of v i r a l o r i g i n in 6 c a s e s (30%). H o w e v e r , m o r t a l i t y r a t e a n a l y s i s failed t o disclose s i g n i f i c a n t differences b e t w e e n t h e i n o c u l a t e d a n i m a l s . E i t h e r a r t e f a c t o r not, s u c h s t r u c t u r e s d e s e r v e to b e r e p o r t e d .

Um d o s mais notáveis e óbvios fatores ambientais a s s o c i a d o s a o parkinsonismo,

até a g o r a , foi encefalite viral, p a r t i c u l a r m e n t e a letárgica. A p e s a r de a distinção d a

síndrome pós-encefalítica desenvolvida nos sobreviventes n ã o ser p r o p r i a m e n t e a

doença de P a r k i n s o n , s u g e r i u - s e a idéia de que esta poderia ser d e origem viral.

iNos últimos anos, s a b e m o s que vários controles sorológicos de p a r k i n s o n i a n o s foram

realizados p a r a comprovar títulos de a n t i c o r p o s elevados de uma v a r i e d a d e de viroses

comuns. N o entanto, nos testes sorológicos efetuados — influenza, herpes simples,

citomegalovírus, varicela-zóster, s a r a m p o , rubéola, coxsackie, para-influenza, parotidite,

entre o u t r o s — n e n h u m a p r o v a s u s t e n t o u a a s s o c i a ç ã o com a doença de P a r k i n s o n

ou, mesmo, com o parkinsonismo pós-encefalítico. O s e s t u d o s sorológicos podem,

contudo, falhar em m o s t r a r a evidência de um vírus defectivo, incompleto ou latente.

À luz da experiência com o Kuru e com a doença de Creutzfeldt-Jacob, p a r e c e - n o s

plausível s u s p e i t a r de um a g e n t e viral n ã o convencional como fator etiológico. T e n t a

tivas p a r a transmitir, similarmente, t a n t o a doença de P a r k i n s o n como o p a r k i n s o

-nismo pós-encefalítico a o s p r i m a t a s , como fizeram G i b b s e G a j d u s e k

2

, no e n t a n t o ,

fracassaram. A a t r a e n t e hipótese de origem viral p e r m a n e c e , ainda, em face de

a l g u m a s experiências que a s u s t e n t a m . O s r e s u l t a d o s negativos, todavia, n ã o

neces-sariamente afastam a etiologia infecciosa. Talvez viroses i n a d e q u a d a s tenham sido

T r a b a l h o r e a l i z a d o n o I n s t i t u t o d e N e u r o l o g i a D e o l i n d o C o u t o ( I N D C ) d a U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d o R i o d e J a n e i r o (TJFRJ) e n o D e p a r t a m e n t o de V i r o l o g i a d o I n s t i t u t o de M i c r o ¬ biologia d a U F R J : * P r o f e s s o r Adijunto e D o u t o r ; ** P r o f e s s o r A d j u n t o e Chefe d o L a b o r a -t ó r i o d e N e u r o p a -t o l o g i a d o I N D C ; *** T é c n i c a d e nivel s u p e r i o r d a F I N E P .

(2)

e s t u d a d a s ou, e n t ã o , a s e n s i b i l i d a d e d a s t é c n i c a s e m p r e g a d a s t e n h a sido insuficiente. A p e s a r de a lista de v i r o s e s e s t u d a d a s ser muito e x t e n s a , m u i t a s o u t r a s permanecem p a r a c o n s i d e r a ç õ e s p o s t e r i o r e s . L a m e n t a v e l m e n t e , h á p o u c o s indícios a v a l i a d o s no p r e s e n t e p a r a g u i a r a seleção de a g e n t e s a serem e x a m i n a d o s e é possível que esteja envolvido um v í r u s a i n d a n ã o r e c o n h e c i d o . P r e s u m e - s e , de a c o r d o com Duvoisin i, que um a g e n t e n ã o convencional, incompleto ou defectivo p e r s i s t a em e s t a d o latente, n ã o replicante, e c a u s e p r e m a t u r a m o r t e ou " e n v e l h e c i m e n t o " d o s n e u r ô n i o s p i g m e n -t a d o s do -t r o n c o c e r e b r a l . P a r a Duvoisin 1, a o r i g e m d e um a g e n -t e q u e p r e e n c h a com nitidez t o d o s e s t e s critérios a p r e s e n t a e n o r m e s o b s t á c u l o s .

O escopo d e s t e t r a b a l h o é c o n t r i b u i r p a r a o e s c l a r e c i m e n t o etiológico d a doença de P a r k i n s o n , e s t u d a n d o . p e l o m é t o d o d a c o l o r a ç ã o n e g a t i v a , o a s p e c t o u l t r a - e s t r u t u r a l do líquido c e f a l o r r a q u i a n o ( L C R ) de 20 p a c i e n t e s .

M A T E R I A L E M É T O D O S

U t i l i z a m o s , como m a t e r i a l , o L C R d e 20 p a c i e n t e s D a r k i n s o n i a n o s q u e s e r v i u p a r a o e s t u d o u l t r a - e s t r u t u r a l pelo m é t o d o d a c o l o r a ç ã o n e g a t i v a . D o s 20 casos, 11 e r a m femininos

e 9 m a s c u l i n o s : 17 e r a m b r a n c o s , d o i s p r e t o s e u m p a r d o ; t i n h a m a m é d i a d e i d a d e d e 60 a n o s e t o d o s p e r t e n c i a m a o t i p o etiológico i d i o p á t i c o .

Aoós a r e t i r a d a d e 15 m i d e L C R d e c a d a p a c i e n t e , e s t e s f o r a m a c o n d i c i o n a d o s em «freezer» a —20oC. P a r a o e s t u d o u l t r a - e s t r u t u r a l , c o n c e n t r a m o s e s t e m a t e r i a l em 15 vezes d o s e u v o l u m e inicial e m t u b o d e diálise d e celulose, p e r m e a ç ã o d e 12000 a 14000 ( M W «cut off»), com a a i u d a d e p o l i e t i l e n o glicol 6000 ( C a r b o w a x ) . Assim, ficamos c o m o volume

final c o n c e n t r a d o d e 1 m l . A s e g u i r , u t i l i z a m o s a c o l o r a ç ã o pelo ácido f o s f o t ú n g s t i c o a 2% ( P T A ) e pelo s i l i c o t u n g s t a t o d e sódio a 2% ( S T S ) .

A t é c n i c a d e p r e p a r o d a s g r a d e s o b e d e c e u a s e g u i n t e o r d e n a ç ã o : a ) g o t e j a m o s a a m o s t r a — u m a g o t a d e L C R — s o b r e a g r a d e c o b e r t a com colódio e c a r b o n o ( g r a d e s c a r b o n a d a s ) ; b ) a d i c i o n a m o s u m a g o t a d e solução d e P T A ou S T S a 2 % ; c) e s p e r a m o s d e u m a d o i s m i n ; d ) l a v a m o s a s g r a d e s com p a p e l d e f i l t r o t o c a n d o a p e n a s e m s u a s b o r d a s , e s t a n d o a s s i m p r o n t a s p a r a a o b s e r v a ç ã o a o microscópio e l e t r ô n i c o d e t r a n s m i s s ã o . D e c a d a caso d e p a r k i n s o n i s m o , p r e p a r a m o s u m a g r a d e com P T A e o u t r a com S T S .

R E S U L T A D O S

O m a t e r i a l p r o v e n i e n t e d e 20 casos d e p a r k i n s o n i s m o r e v e l o u os s e g u i n t e s r e s u l t a d o s — a) n o r m a l : 14 c a s o s (70%) — o s d e n ú m e r o s 1, 2, 3, 5, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 17, 19 e 20; b ) s u s p e i t o s d e c o n t e r e m e s t r u t u r a s s e m e l h a n t e s à s p a r t í c u l a s v i r a i s : 6 casos (30%) — os d e n ú m e r o s 4, 6, 7, 8, 16 e 18.

Os q u e s e m o s t r a r a m a l t e r a d o s t ê m a s s e g u i n t e s d e s c r i ç õ e s : caso 4 — d u a s p a r t í c u l a s esféricas, e n v o l v i d a s p o r d u p l a m e m b r a n a e s p e s s a ( F i g . 1 ) ; c a s o 6 — p a r t í c u l a poliédrica

d e c o n t e ú d o d e n s o , com n í t i d a s e p a r a ç ã o e n t r e o e n v o l t ó r i o e a p a r t e c e n t r a l ( F i g . 2 ) ; caso 7 — p a r t í c u l a esférica e n v o l v i d a p o r m e m b r a n a d e d u p l o c o n t o r n o , , c o m e s p a ç o e n t r e o con-t e ú d o e a m e m b r a n a ( F i g . 3 ) ; caso 8 — p a r con-t í c u l a esférica envolvida p o r d u p l a m e m b r a n a e d e c o n t e ú d o d e n s o ; c a s o 16 — e s t r u t u r a t u b u l a r , e n o v e l a d a , l e m b r a n d o p a r a m i x o v í r u s ; caso 18 — d u a s p a r t í c u l a s esféricas d e n s a s , e n v o l v i d a s p o r m e m b r a n a e s p e s s a ( F i g . 4 ) .

P e l o f a t o d e , s u r p r e e n d e n t e m e n t e , t e r m o s e n c o n t r a d o 30% d e c a s o s s u s p e i t o s d e c o n t e

-r e m e s t -r u t u -r a s s e m e l h a n t e s a s p a -r t í c u l a s v i -r a i s , e m o u t -r o e s t u d o c o m p a -r a m o s a i n c i d ê n c i a d e m o r t a l i d a d e a p ó s i n o c u l a ç õ e s i n t r a c e r e b r a i s d e m a t e r i a l d o L C R e m c a m u n d o n g o s ,

(3)
(4)
(5)

C O M E N T Á R I O S

O estudo u l t r a - e s t r u t u r a l do LCR pelo método d a coloração negativa, foi iniciado

com g r a n d e expectativa. Os primeiros r e s u l t a d o s d e s p e r t a r a m - n o s s u r p r e s a s e, em

seguida, dúvidas que persistiram até a conclusão d a pesquisa. Isto se deveu ao

encontro de elementos e s t r a n h o s em nosso material, a despeito dos tradicionais

cuida-dos c o n t r a a c o n t a m i n a ç ã o .

E x a m i n a d o s os 20 casos, 6 deles ( c a s o s 4, 6, 7, 8,16 e 18) pareciam conter

estru-t u r a s não-idenestru-tificadas, com configurações geoméestru-tricas, que poderiam ser confundidas

com partículas virais, em alto g r a u de significado estatístico ( 3 0 % ) ( F i g s . 1 , 2 , 3 e 4 ) .

E n c a r a n d o estes a c h a d o s com extrema cautela, como bem recomenda o método

cien-tífico, ficamos decepcionados com a q u a s e total inexistência, n a literatura consultada,

de estudos similares p a r a que p u d é s s e m o s cotejá-los.

Em outro estudo, s e p a r a m o s os casos c o n s i d e r a d o s como suspeitos e n ã o s u s

-peitos de conterem e s t r u t u r a s e s t r a n h a s no LCR. Em seguida, c o m p a r a m o s a

inci-dência de mortalidade d o s c a m u n d o n g o s a p ó s inoculações i n t r a c e r e b r a i s do material

do LCR de p a r k i n s o n i a n o s . A e x p e r i m e n t a ç ã o n ã o conduziu a d a d o s estatisticamente

significativos, isto é, a incidência de m o r t a l i d a d e foi similar nos dois g r u p o s de

animais. Concluímos que o a c h a d o d e s t a s e s t r u t u r a s com configurações geométricas,

embora não-identificadas ( a r t e f a t o s ou n ã o de t é c n i c a ) , devem merecer r e g i s t r o .

S a b e m o s , com a s observações de T i m a k o v e Zuev 3, do g r a n d e problema do

diagnóstico l a b o r a t o r i a l no que se refere ao isolamento do a g e n t e causai persistente.

A dificuldade s u r g e p o r q u e os métodos l a b o r a t o r i a i s , comumente u s a d o s p a r a detectar

infecções virais a g u d a s , podem n ã o ser aplicáveis à identificação d a s m e s m a s viroses

q u a n d o estas c a u s a m p r o c e s s o infeccioso do tipo lento, p a r t i c u l a r m e n t e n a s doenças

neurológicas. Assim, em que pese a n e g a t i v i d a d e do e s t u d o u l t r a - e s t r u t u r a l no LCR

de parkinsonianos, a c r e d i t a m o s , de a c o r d o com a literatura, que a teoria d a infecção

viral não pode ser, ainda, a f a s t a d a em definitivo.

R E F E R Ê N C I A S

1. Duvoisin R C — T h e c a u s e of P a r k i n s o n ' s d i s e a s e . I n M a r s d e n CD, F a h n S ( e d s ) : Movement D i s o r d e r s , B u t t e r w o r t h , L o n d o n , 1981, p g 8.

2. G i b b s C J J r , G a j d u s e k DC — An u p d a t e on l o n g - t e r m in vivo a n d in v i t r o s t u d i e s d e s i g n e d t o i d e n t i f y a v i r u s a s t h e c a u s e of a m y o t r o p h i c l a t e r a l sclerosis, p a r k i n s o m i s m -- d e m e n t i a , a n d P a r k i n s o n ' s d i s e a s e . I n R o w l a n d L P ( e d ) : H u m a n Motor N e u r o n D i s e a s e s . R a v e n P r e s s , N e w York, 1982, p g 343.

Referências

Documentos relacionados

Ultrastructural analysis of goat preantral follicles For better evaluation of follicular quality, ultrastructural analysis was performed using morphologically normal preantral

c) Em todos os outros casos, quando o contrato tenha sido concluído com uma pessoa que tem actividade comercial ou profissional no Estado-Membro do domicílio do

To demonstrate the potential of McCoy cells for the isolation of rabies virus from the cerebrospinal (CSF) fluid of a patient with a diagnosis of rabies, McCoy cells were

Dada a escassez conceituai dos bens econômicos, a proprie- dade privada terá de reservar-se, necessàriamente, a alguns, não podendo, pois, ser um direito natural de cada homem ou

Portanto, com o presente trabalho, objetivou-se avaliar a eficiência do emprego de extratos e óleos essenciais vegetais, microrganismos antagonistas, indutores de resistência

Todos os solos da Zona Litoral-Mata de Per- nambuco, com exceção do Bruno Não Cálcico de Timbaúba, têm teor de molibdênio solúvel (em soluçãõ ácida de oxalato de amônio)

Auxiliary methods for ante-mortem diagnosis of BoHV-5 infection, such as blood cell count and cerebrospinal fluid (CSF) analysis, are particularly important in animals

INDEX TERMS: Acute phase response, protein, serum, cerebrospinal fluid, cattle, neurological diseases, polyacrylamide gel electrophoresis, cerebrospinal fluid