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Dopplerfluxometria renal em macao-prego (Sapajus apella) de cativeiro

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE

MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

DOPPLERFLUXOMETRIA RENAL EM MACACO-PREGO (Sapajus apella) DE CATIVEIRO.

LUCIANA CARANDINA DA SILVA

Botucatu – SP

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE

MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

DOPPLERFLUXOMETRIA RENAL EM MACACO-PREGO (Sapajus apella) DE

CATIVEIRO.

LUCIANA CARANDINA DA SILVA

Dissertação apresentada junto ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária para obtenção do título de Mestre.

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Nome do Autor: Luciana Carandina da Silva

Título: Dopplerfluxometria renal em macaco prego (Sapajus apella) de cativeiro.

COMISSÃO EXAMINADORA

ProfªDrª Vânia Maria de Vasconcelos Machado

Presidente e Orientadora

Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária

FMVZ – UNESP - Botucatu

Prof. Dr. Carlos Roberto Teixeira

Membro

Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária.

FMVZ – UNESP - Botucatu

Prof.Dr. Milton Kolber

Membro

Departamento de Radiologia Veterinária

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO – São Bernardo do Campo.

(4)

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”

(5)

A Deus, pela vida e pela certeza de Sua constante presença ao meu lado.

A Nossa Senhora de Fátima, pela proteção a cada passo.

Aos meus pais Alexandre e Rení, pelo apoio e incentivo de cada dia, por serem meu

porto seguro e exemplo de caráter, amor e família.

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AGRADECIMENTOS

diária.

A professora Vânia, pela confiança, pela oportunidade de crescimento e amizade

Ao professor Luiz Vulcano pelo apoio.

Ao professor Carlos Teixeira por nos possibilitar a realização deste projeto.

A Roberta, Sharlenne e Ramiro pela ajuda neste trabalho e pela disponibilidade.

Aos amigos, pela paciência e compreensão da distância.

A Ivana (Xevs) pela sincera amizade nestes anos de Botucatu, e por ter me acolhido tão bem quando cheguei. Meu presentinho 2011. Sem você as coisas seriam bem mais difíceis.

A Adriana pelas correções de inglês.

A Luciana pelas correções das referências bibliográficas.

A CAPES pelo auxílio à pesquisa através da bolsa de mestrado.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Atual classificação da família Cebidae... 6

Tabela 2- Valores de referência de bioquímicos para Sapajus apella ... 13

Tabela 3- Valores de referência de bioquímicos para Sapajus apella, de acordo com diferentes autores. ... 14

Tabela 4- Resultados dos exames laboratoriais dos Sapajus apella ... 31

Tabela 5- Média e desvio padrão dos exames laboratoriais dos Sapajus apella. 32

Tabela 6- Média e desvio padrão do IR das artérias arqueadas (arq) e renais ... 37

Tabela 7- Média e desvio padrão do IR das artérias interlobares (IL). ... 38

Tabela 8- Média e desvio padrão da VPS das artérias arqueadas (ARQ) e renal. ... 40

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Representação esquemática da antiga classificação taxonômica da

família Cebidae ... 5

Figura 2- Representação esquemática da atual classificação taxonômica da família Cebidae ... 6

Figura 3- Diferenças anatômicas entre Cebus e Sapajus, onde A representa Cebus e B representa Sapajus... 7

Figura 4- Diferenças anatômicas entre Cebus e Sapajus, onde A representa Cebus e B representa Sapajus... 8

Figura 5- Ramificação da artéria renal de Sapajus apela em ramo dorsal e ventral, antes de entrar no rim... 11

Figura 6- Desenho esquemático da arquitetura vascular renal ... 12

Figura 7- Mensuração IR da artéria renal, em região hilar renal. ... 28

Figura 8- Doppler colorido das artérias interlobares e arqueadas. ... 28

Figura 9- Gráfico demonstrando a média do comprimento, espessura e largura renais dos Sapajus apella. ... 32

Figura 10- Ultrassonografia renal de Sapajus apella, demonstrando a mensuração do comprimento e espessura renal.... 33

Figura 11- Gráfico demonstrando a média da espessura da região cortical renal dos Sapajus apella ... 33

Figura 12- Gráfico demonstrando a média dos volumes renais ... 34

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Figura 14- Gráfico demonstrando a média com desvio padrão do índice de resistividade das artérias arqueadas (ARQ) em rim esquerdo (RE) e rim direito (RD), em polo médio (M), cranial (CR) e caudal (CD). ... 36

Figura 15- Gráfico demonstrando a média com desvio padrão do índice de

resistividade das artérias renais em rim esquerdo (RE) e rim direito (RD). ... 36

Figura 16- Gráfico demonstrando a média com desvio padrão do índice de resistividade das artérias interlobares (IL) em rim esquerdo (RE) e rim direito (RD), em polo médio (M), cranial (CR) e caudal (CD). ... 37

Figura 17- Doppler espectral renal de Sapajus apella. Seta demonstrando local onde se realiza a mensuração da VPS. ... 38

Figura 18- Gráfico demonstrando a média com desvio padrão da VPS das

artérias arqueadas (ARQ) de rim esquerdo (RE) e rim direito (RD), em polo médio (M), cranial (CR) e caudal (CD). ... 39

Figura 19- Gráfico demonstrando a média com desvio padrão da velocidade de pico sistólico (VPS) da artéria renal em rim esquerdo (RE) e rim direito (RD). .... 39

Figura 20- Gráfico demonstrando a média com desvio padrão da velocidade de pico sistólico (VPS) das artérias interlobares em rim esquerdo (RE) e rim direito (RD), em polo médio (M), cranial (CR) e caudal (CD). ... 40

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

RE- rim esquerdo

RD – rim direito

Cm – centímetros

VDF – velocidade diastólica final

VPS – velocidade de pico sistólico

IR- índice de resistividade

IP – índice de pulsatlidade

MHz – megaheartz

Mg/dl- miligramas / decilitros

PRF – frequência de repetição de pulso

FMVZ – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia.

UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

CEMPAS – Centro de Medicina e Pesquisa em Animais Selvagens

® - marca registrada

EDTA - ácido etilenodiamino tetra-acético

SISBIO - Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade

Comp – comprimento

Esp – espessura

Larg – largura

EC – espessura cortical

Vol – volume

AR – arqueada

IL- interlobar

Cr- cranial

M- médio

Cd – caudal

(11)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 1

2 REVISÃO DE LITERATURA ... 4

2.1 TAXONOMIA DA FAMÍLIA CEBIDAE. ... 5

2.2 MACACO PREGO (Sapajus apella) ... 8

2.3 ANATOMIA RENAL ... 9

2.4 VASCULARIZAÇÃO RENAL ... 11

2.5 PARÂMETROS URINÁRIOS E PLASMÁTICOS PARA AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL ... 12

2.6 ULTRASSONOGRAFIA RENAL ... 15

2.6.1 Ultrassonografia Modo-B Para Avaliação Renal ... 15

2.6.2 Ultrassonografia Doppler... 17

3 OBJETIVOS ... 24

4 MATERIAL E MÉTODOS ... 25

4.1 ANIMAIS... 26

4.2 PREPARO DOS ANIMAIS ... 26

4.3 HEMOGRAMA E ANÁLISE BIOQUÍMICA... 27

4.4 URINÁLISE ... 27

4.5 ULTRASSONOGRAFIA RENAL ... 28

4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA ... 30

5 RESULTADOS ... 30

5.1 ANÁLISES LABORATORIAIS ... 31

5.2 ULTRASSONOGRAFIA MODO B ... 32

5.3 ULTRASSONOGRAFIA DOPPLER... 35

5.3.1 ÍNDICE DE RESISTIVIDADE ... 35

(12)

5.3.3 VELOCIDADE DIASTÓLICA FINAL (VDF) ... 41

6 DISCUSSÃO ... 43

7 CONCLUSÕES ... 49

REFERÊNCIAS ... 51

ARTIGO CIENTÍFICO ... 56

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CARANDINA, L.S. Dopplerfluxometria renal em macaco prego (Sapajus apella) de cativeiro. Botucatu, 2013. 94 p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu, Universidade Estadual Paulista.

RESUMO

O macaco prego se encontra amplamente distribuído no Brasil. Ainda são poucos os estudos realizados nesta espécie, não obtendo um padrão de normalidade para diversos parâmetros, entre eles a dopplerfluxometria renal. Realizou-se um estudo ultrassonográfico em modo B e Doppler dos rins de 10 macacos- prego, com o objetivo de padronizar os valores ultrassonográficos modo B e valores dopplervelocimétricos renais da espécie. Estes animais foram anestesiados com Ketamina e Miadzolam como medicação pré anestésica e Isoflurano para manutenção. Na análise Doppler, os valores obtidos do índice de resistividade, apresentaram diferenças estatísticas entre rim esquerdo e rim direito nas artérias arqueadas, renal e interlobares. A velocidade de pico sistólico também mostrou diferença estatística entre as artérias interlobares e artérias arqueadas. A velocidade diastólica final não apresentou diferença estatística entre rim esquerdo e direito. A diferença destes valores foi atribuída ao tempo de anestesia e ao estresse que os animais apresentavam logo após a captura. Desta forma, conclui-se que o exame ultrassonográfico Doppler é útil para monitorar alterações renais, porém quando submetidos à anestesia, o protocolo anestésico e o grau de estresse do animal pode influenciar diretamente no cálculo do índice de resistividade.

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CARANDINA, L.S.. Renal dopplerfluxometry in capuchin monkey captive (Sapajus apella). Botucatu, 2013. 94 p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu, Universidade Estadual Paulista.

ABSTRACT

The capuchin monkeys are widely distributed in Brazil. There are only few studies on this species, that do not allow a normal range on various parameters, including renal Doppler. This study evaluated ten capuchin monkeys on ultrasound B-mode and Doppler, in order to standardize ultrasound B-mode and Doppler renal values of this specie. The animals were anesthetized with Ketamine and Miadzolam as premedication and Isoflurane for maintenance. On Doppler analysis, resistivity index values presented statistical differences between the left and right kidney on renal, inrterlobar and arcuate arteries. VPS also showed statistical difference between the interlobar arteries and arcuate arteries. VDF showed no statistical difference between left and right kidney. The difference between these values was attributed to anesthesia time and capture related stress. Thus, it is concluded that Doppler ultrasonography is useful in monitoring renal diseases. However, when undergoing anesthesia, the anesthetic protocol and the level of stress can directly influence the calculation of the resistivity index.

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(16)

1 INTRODUÇÃO

O Brasil, dentre os países, apresenta significativa biodiversidade de fauna e flora. Atualmente existem diversas espécies sendo descobertas, enquanto outras já são consideradas ameaçadas de extinção. Portanto, o médico veterinário possui grande responsabilidade sobre o manejo e a preservação dos animais silvestres.

Sabe-se que os macacos- pregos estão amplamente difundidos por toda a Amazônia e no Cerrado, porém são raras as referências encontradas sobre padrões de normalidade da espécie. Desta forma, aprimorar os conhecimentos dos primatas em cativeiro pode ajudar a compreender os aspectos de comportamento e bem estar destes animais.

Com a evolução da Medicina Veterinária, observa-se um aumento significativo na expectativa de vida dos animais, e consequentemente o diagnóstico de doenças senis têm se apresentado cada vez mais frequênte. As doenças renais já são bem descritas, e quando diagnosticadas precocemente, possuem tratamento efetivo, fornecendo ao paciente melhor sobrevida, e com qualidade de vida.

Para concluir um diagnóstico de doença renal, faz-se o uso de diversos exames, entre eles hemograma, bioquímicos como uréia e creatinina, urinálise e recentemente, a ultrassonografia Doppler.

A ultrassonografia Doppler têm se mostrado útil para o fornecimento de informações anatômicas e hemodinâmicas de diversos órgãos, entre eles o rim. Este exame pode indicar alterações renais, mesmo quando os exames bioquímicos ainda não apresentam alterações, fornecendo ao clínico um diagnóstico precoce.

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(18)
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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 TAXONOMIA DA FAMÍLIA CEBIDAE.

Os macacos-prego e caiararas existem na América Central, na Amazônia inteira, no cerrado, na caatinga e em toda a mata atlântica, chegando até a Argentina. Nessa extensão variam muito em forma, cor, tamanho, preferências alimentares e comportamento (GUIMARÃES, 2012).

Até as últimas décadas, todas as espécies de macacos-prego eram consideradas do mesmo gênero, Cebus spp.(SILVA, 2001; GUIMARÃES, 2012; ALFARO et al., 2012;) (figura 1). Silva (2001) foi o primeiro pesquisador a apontar diferenças anatômicas entre as espécies desse gênero, onde macacos-pregos (que colonizam a Mata Atlântica) eram distintos dos caiararas (que colonizam a Mata Amazônica), tanto em aparência quanto em comportamento; os macacos- prego são mais robustos e, em sua maioria, apresentam um topete na cabeça.

Figura 1. Representação esquemática da antiga classificação taxonômica da

família Cebidae (SILVA, 2001).

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Cebus compreende quatro espécies e o gênero Sapajus compreende oito espécies (tabela 1) (SILVA, 2001; ALFARO et al., 2012; GUIMARÃES, 2012).

Figura 2. Representação esquemática da atual classificação taxonômica da família

Cebidae (SILVA, 2001; ALFARO et al, 2012).

Tabela 1. Atual classificação da família Cebidae

Cebus Sapajus

Cebus albifrons Sapajus macrocephalus

Cebus capucinus Sapajus apella

Cebus olivaceus Sapajus libidinosus

Cebus kaapori Sapajus flavius

Sapajus xanthosternos

Sapajus robustus

Sapajus nigritus

Fonte: Adaptação de Alfaro et al (2012)

(21)

Diferenças anatômicas cranianas também possibilitaram a divisão dos gêneros Sapajus e Cebus: a sutura zigomaticomaxilar em Cebus é encontrada no centro da margem inferior da órbita, já em Sapajus, é lateral à margem inferior da órbita; a abertura nasal dos Cebus é mais larga quando comparada com a abertura nasal dos Sapajus; as aberturas para o meato auditivo nos Sapajus são grandes e posicionadas mais para baixo quando comparadas com as aberturas para o meato auditivo dos Cebus, as quais estão posicionadas lateralmente; os caninos dos Cebus são longos e delgados, enquanto os caninos dos Sapajus são curtos e robustos; a base da mandíbula dos Cebus é reta, enquanto a base da mandíbula dos Sapajus é curva; os Cebus não apresentam crista sagital, diferentemente dos Sapajus (figura 3 e 4) (ALFARO et al., 2012).

Figura 3. Diferenças anatômicas entre Cebus e Sapajus, onde A representa Cebus e B

(22)

Figura 4. Diferenças anatômicas entre Cebus e Sapajus, onde A representa Cebus e B

representa Sapajus (adaptação de ALFARO et al., 2012).

2.2 MACACO PREGO (Sapajus apella)

Os macacos-prego são animais que apresentam porte médio (GUERIM, 2001). De acordo com Fragaszy et al. (2004), eles pesam entre 2,5 a 5,0 quilogramas, apresentam corpos robustos, exibem dimorfismo sexual, possuem pêlos de cor e formas variadas em suas cabeças, e apresentam caudas longas e preênsis, o que lhes proporciona grande agilidade nos movimentos e deslocamentos. Silva, 2001 refere que são animais onívoros. A alimentação destes é composta por sementes, folhas, frutos e pequenos insetos, de acordo com Auricchio (1995). É uma espécie muito comum em cativeiros, parques, zoológicos e centros de triagem no Brasil (LEVACOV; JERUSALMSKY, 2006). Em cativeiro, podem viver até 40 anos, sendo que suas capacidades reprodutivas iniciam-se aos quatro anos de idade quando passam a serem considerados adultos (FRAGASZY et al., 2004).

(23)

para estes animais (FERRARI, 2003). A criação em cativeiro já é uma realidade, contudo, não é muito discutida a utilização de técnicas minimamente invasivas para avaliação de órgãos e estruturas abdominais nestes animais (FERRARI, 2003). De acordo com Alves (2007), ao se realizar uma ultrassonografia abdominal dos macacos-prego, é possível a caracterização da aparência ultrassonográfica dos órgãos e estruturas abdominais, fornecendo ferramentas mais precisas para o tratamento clínico e cirúrgico, sendo assim, contribuindo diretamente para a conservação e manutenção desta espécie, visando o bem estar animal.

As patologias renais são importantes causas de morbidade e mortalidade em mamíferos, portanto a determinação da etiologia e da gravidade do processo é fundamental para a aplicação do manejo adequado (RIVERS et al, 1996).

2.3 ANATOMIA RENAL

Os rins têm a manutenção do meio interno como sua principal atividade (REECE, 2006; DYCE et al, 2010). Essa função é realizada por meio da filtração do plasma, inicialmente extraindo enorme volume de fluido antes de submeter esse ultrafiltrado a um processamento adicional, no qual as substâncias úteis são seletivamente reabsorvidas, os catabólitos são concentrados para a eliminação e o volume é ajustado pela conservação suficiente de água para manter a composição do plasma dentro de valores apropriados. Como função endócrina, os rins produzem e liberam dois hormônios: renina, a qual tem o papel importante na regulação da pressão sanguínea sistêmica, e eritropoetina, a qual influencia na eritropoiese (DYCE et al, 2010).

O rim dos primatas (incluindo os humanos) segue o mesmo padrão do rim dos demais mamíferos, sendo um órgão par, localizado posteriormente ao peritônio parietal, o que identifica-o como um órgão retroperitoneal, topograficamente situados à direita e a esquerda da coluna vertebral (DANGELO; FATTINI, 2005). Nos animais, são suspensos na parede abdominal dorsal por uma prega peritoneal e vasos que os irrigam (REECE, 2008).

(24)

esquerdo, mantendo contato com o processo caudado do fígado e o lobo lateral direito, o que determina uma impressão renal nestes lobos hepáticos (REECE, 2008). As demais características seguem o padrão renal humano, sendo circundados por tecido adiposo, apresentando forma semelhante ao formato de um feijão, duas faces (anterior e posterior) e duas bordas (medial e lateral). Suas extremidades são comumente denominadas de polos (DANGELO; FATTINI, 2005).

O rim direito relaciona-se medialmente com a glândula adrenal direita e a veia cava caudal, lateralmente com a última costela e a parede abdominal, e cranialmente com o fígado e o pâncreas. Por sua vez, o rim esquerdo relaciona- se cranialmente com o baço, medialmente com a glândula adrenal esquerda e a aorta, lateralmente com a parede abdominal e ventralmente com o cólon descendente (DYCE et al, 2010). O ureter, artéria renal, veia renal, vasos linfáticos e nervos estão localizados no hilo renal, o qual localiza-se no centro da borda medial renal, e constituem, em conjunto, o pedículo renal (ELLENPORT; GETTY, 1975; DANGELI; FATTINI, 2005).

Cada rim tem uma face anterior e posterior lisa, coberta por uma cápsula fibrosa. São constituídos por um córtex renal exterior e uma medula renal interna. O córtex renal é uma faixa contínua de tecido pálido que rodeia completamente a medula renal. Extensões do córtex renal (colunas renais) projetam para a face interna do rim, dividindo a medula renal em agregações descontínuas de tecido em forma triangular, as pirâmides renais (DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2012). As bases das pirâmides renais são direcionadas para fora, em direção ao córtex renal, enquanto o ápice de cada pirâmide renal projeta para o interior, em direção ao seio renal (DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2012).

(25)

2.4 VASCULARIZAÇÃO RENAL

O suprimento vascular dos rins se faz através dos ramos da aorta abdominal, as artérias renais esquerda e direita. As artérias renais originam-se da parede lateral da aorta (DYCE et al, 2010).

Usualmente, a artéria renal se ramifica antes de entrar no rim, em ramo dorsal e ventral (figura 5) (NYLAND et al, 2005; SPAULDING, 1997).

Figura 5. Ramificação da artéria renal de Sapajus apela em ramo

dorsal e ventral, antes de entrar no rim. CEMPAS – FMVZ – UNESP Botucatu.

(26)

irrigam glomérulos individuais, dando origem às arteríolas aferentes (DYCE et al, 2004; SPAULDING, 1997).

As veias seguem paralelamente ventrais às suas artérias correspondentes, recebendo desta forma a mesma denominação, porém o sangue é drenado sempre no sentido oposto das artérias (DYCE et al, 2010).

Figura 6. Desenho esquemático da arquitetura vascular renal (DYCE et al, 2010).

2.5 PARÂMETROS URINÁRIOS E PLASMÁTICOS PARA AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL

2.5.1 Bioquímica Plasmática

(27)

Os exames bioquímicos têm sido extensivamente utilizados na medicina veterinária na avaliação clínica de animais e, uma vez interpretados adequadamente, representam uma importante ferramenta para o estabelecimento do diagnóstico, prognóstico e na instituição de terapêuticas de enfermidades que acometem os animais domésticos (FERREIRA, 2009).

Os exames laboratoriais na medicina de animais silvestres são considerados como importantes ferramentas para diagnosticar, prevenir doenças e até mesmo como biomarcadores de agressões ambientais. O conhecimento dos valores hematológicos e bioquímicos é importante para determinar os limites entre a saúde e a doença, e para a compreensão das alterações ocasionadas por agentes patogênicos (MOORE, 2000).

Na clínica de animais silvestres ainda há uma escassez muito grande em recursos laboratoriais devido à falta de informações na literatura sobre valores de referência (FERREIRA, 2009).

De acordo com o estudo realizado por Ferreira (2009), os valores hematológicos podem sofrer influência regional, considerando o clima, temperatura e umidade; desta forma, foi padronizado para macacos- prego os seguintes valores (tabela 2):

Tabela 2. Valores de referência de bioquímicos para Sapajus apella.

BIOQUÍMICO Macacos jovens Macacos adultos

URÉIA (mg/dl) 61, 20 + 14, 27 67,95 + 2,74

CREATININA (mg/dl) 0,66 + 0,34 1,67 + 0,24

Fonte: Ferreira (2009).

(28)

Tabela 3. Valores de referência de bioquímicos para Sapajus apella, de acordo com diferentes

autores.

Autores Rosner et al (1986) apud Ferreira (2009) Larsson et al (1997) apud Ferreira (2009) Riviello; Wirz (2001) apud Ferreira (2009)

Wirz et al (2008) apud

Ferreira (2009)

URÉIA

(mg/dl) 25,7 + 2,5 41,3 + 14,4 14,9+ 5,0 24,4 + 7,8 CREATININA

(mg/dl) referenciaNão 1,2 + 0,2 0,6 + 0,1 0,8 + 0,1 Fonte: adaptação de Ferreira (2009).

2.5.2 Urinálise

Outro exame importante a ser avaliado para comprovação da higidez renal é a bioquímica urinária, a qual, ao contrário da bioquímica plasmática, raramente realiza a mensuração quantitativa acurada. A informação a respeito dos constituintes normais da urina que é importante é a taxa de excreção pelos rins, não a concentração na urina, a qual é totalmente dependente da quantidade de água excretada no momento da coleta. Pelo fato de muitos constituintes da urina demonstrar ritmo diurno pronunciado de taxas de excreção, a mensuração adequada seria a quantidade de urina excretada em 24 horas, o que é impraticável na rotina veterinária. Desta forma, a análise clínica da urina é geralmente qualitativa, apontando-se o aparecimento de substâncias que não estão normalmente presentes na urina (KEER, 2003).

A urinálise avaliará a presença de nitrito, sangue, proteína, glicose, cetonas, bilirrubina e urobilinogênio na urina, além de nos fornecer densidade específica e o pH urinário (KEER, 2003).

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amostra e, indiretamente, a capacidade renal de concentração da urina. Para cães e gatos, o valor de referência é 1013 a 1029 e 1013 a 1034 respectivamente. Uma baixa densidade urinária pode ser indicativo de insuficiência renal crônica, porém deve-se realtar que os valores da densidade específica da urina podem sofrer alterações fisiológicas, em geral transitórias, ou patológicas, mais permanentes (GARCIA-NAVARRO, 1996). A presença de proteína na urina (proteinúria) sempre é clinicamente significante, podendo indicar uma infecção no trato urinário, ou uma nefropatia com perda de proteína. Deve-se suspeitar de nefropatia quando não há presença concomitante de proteinúria e hematúria (KEER, 2003).

Não há referências na literatura quanto aos valores de referência da urinálise para Sapajus apella.

2.6 ULTRASSONOGRAFIA RENAL

2.6.1 Ultrassonografia Modo-B Para Avaliação Renal

A ultrassonografia renal tornou-se rotina na medicina veterinária por ser um método não invasivo, não ionizante e indolor, que permite e obtenção de informações quanto à posição topográfica renal, dimensões renais, forma e arquitetura interna, além de detectar alterações nos ureteres, principalmente na presença de dilatações, já que os estes, quando normais, não são visibilizados (CARVALHO, 2004).

Walter et al (1987) refere-se a ultrassonografia modo B como uma valiosa ferramenta diagnóstica para avaliar doenças renais na rotina clínica, porém ressalta que sua utilização é limitada, visto que há doenças parenquimatosas que resultam em um exame ultrassonográfico normal (WALTER et al, 1987). Carvalho (2004) também cita que, como todo método diagnóstico, a ultrassonografia modo B possui limitações (CARVALHO, 2004).

(30)

2004). Nyland et al (2005) referem que para cães, um transdutor de 5 MHz é adequado, enquanto para gatos, é necessário um transdutor de 7,5 MHz.

Os rins devem ser avaliados nos planos sagital e transversal, mas para a avaliação completa dos rins, cortes suplementares como o coronal são necessários (WIDMER et al, 2004; CARVALHO, 2004). Sempre deve-se examinar os rins nos sentidos cranial a caudal e lateral a medial, com o intuito de avaliar todas as regiões, incluindo córtex, medula e sistema coletor (Nyland et al, 2005).

Normalmente o rim esquerdo é mais facilmente identificado devido à sua localização mais caudal, e pela janela acústica proporcionada pelo baço (WALTER et al, 1987; CARVALHO, 2004). A posição cranial do rim direito, abaixo do gradil costal, dificulta sua visibilização (CARVALHO, 2004).

O exame ultrassonográfico renal em cães e gatos permite a visibilização da arquitetura do parênquima deste órgão, sendo possível a identificação das regiões cortical, medular, e pelve renal, por possuírem ecogenicidades diferentes (KONDE, 1989). A cápsula renal também é identificada ultrassonograficamente, por produzir um eco brilhante quando a onda sonora incide perpendicularmente (KONDE, 1989; CARVALHO, 2004). A região cortical é mais ecogênica que a região medular pois é formada pelos glomérulos, possuindo uma quantidade maior de células que a região medular, a qual é composta pela maioria dos túbulos do sistema coletor, possuindo uma maior quantidade de fluido, o que a torna hipoecogênica; a porção mais central do rim é hiperecogênica, chamada de complexo ecogênico central, correspondendo à pelve e gordura peripélvica (CARVALHO, 2004).

É possível a delimitação entra as regiões cortical e medular, o que é nomeado de junção córtico medular, onde localizam-se artérias e veias (Nyland et al, 2005)

(31)

Carvalho (2004) refere que existe uma variação de tamanho e volume renal entre animais com o mesmo peso corpóreo, então as dimensões são julgadas subjetivamente.

Em macacos- prego, um estudo realizado por Alves et al, 2007, onde foi realizada a ultrassonografia renal de dez Sapajus apella, padronizou a média de comprimento renal entre 6,24 + 0,31 cm, não havendo diferença entre rim direito e esquerdo. Também foi padronizada a espessura média para a região cortical, sendo de 0,75 + 0,11 cm. O estudo ainda mostrou, como descrito por Konde (1989) e Carvalho (2004), que as estruturas visibilizadas em cães e gatos, como região cortical, medular e pelve renal, também são visibilizadas em macacos- prego, seguindo o mesmo padrão de ecogenicidade. A cápsula renal dos macacos- prego é levemente hiperecogênica, segundo Alves (2007).

Há uma relação de ecogenicidade normal do rim quando comparado com o fígado e o baço (NYLAND et al, 2005). Rins normais possuem a córtex ligeiramente hipoecogênica em relação ao fígado e hipoecogênica em relação ao baço (WIDMER et al, 2004).

Os achados ultrassonográficos de doenças renais podem ser difusos, focais ou multifocais, sendo encontrados no córtex, medula, seios renais ou generalizados (WALTER et al, 1987).

2.6.2 Ultrassonografia Doppler

A inespecificidade de alguns achados na ultrassonografia modo- B sugere que a ultrassonografia Doppler pode ser útil para auxiliar a interpretação das imagens em escala de cinza (CARVALHO, 2004).

(32)

2.6.2.1 Princípios físicos

No exame ultrassonográfico Doppler, a onda sonora é refletida por células e outros componente do sangue que estão em movimento em determinada velocidade e direção, em relação ao transdutor. A frequência da onda emitida é alterada após ser refletida por estas partículas. A diferença entre a onda sonora transmitida e refletida é denominada mudança de frequência Doppler. A frequência aumenta quando o fluxo vai em direção ao transdutor (mudança positiva) e diminui quando em direção contrária (mudança negativa). Sendo assim, quanto maior a velocidade do fluxo, maior será a mudança de frequência (SZATMÁRI et al, 2001).

Quanto maior a mudança de frequência Doppler, maior será a velocidade que a hemácia está se deslocando. Entretanto, o vaso deve estar paralelo ao feixe de ultrassom para que a velocidade seja acurada (Nyland et al, 2005). Quando estes estão perpendiculares (ângulo 90º), não há detecção de fluxo. Este ângulo não deve exceder 60º para que a estimativa de velocidade detectada não represente um erro (SZATMÁRI et al, 2001).

2.6.2.2 Doppler espectral ou pulsado

Uma melhor avaliação do fluxo sanguíneo tornou-se possível com a introdução da técnica de ultrassonografia Doppler de onda pulsada ou Doppler espectral, a qual, nos equipamentos modernos, fornece imagem Doppler associada a uma imagem em modo B. Por unir as duas formas de imagem, a técnica é também conhecida como duplex Doppler. A união dos dois métodos fornece diagnósticos anatômico e funcional concomitantes (CERRI et al, 1998).

(33)

Nesta técnica, o transdutor possuí apenas um cristal piezoelétrico que transmite pequenos pulsos de onda sonora a intervalos regulares, o que permite que seja realizada a avaliação e mensurações de uma região específica do vaso, a qual é chamada de volume de amostra. A quantidade de vezes que o pulso é emitido é denominada de frequência de repetição de pulso (PRF) (SZATMÁRI et

al, 2001). A PRF deve ser adequada às características de frequências dos sinais captados, ou seja, quanto maior a variação de frequência gerada pelo fluxo de alta velocidade, maior deve ser a PRF (CERRI et al, 1998; GINTHER ; UTT, 2004; NYLAND et al, 2005).

O fluxo sanguíneo é representado por um gráfico chamado espectro Doppler, onde o eixo horizontal demonstra o tempo e o eixo vertical a velocidade. O fluxo em direção ao transdutor é representado acima da linha de base (linha zero) e o fluxo em direção contrária, abaixo da linha de base (FINN-BODNER; HUDSON, 1998; SZATMÁRI et al, 2001).

O Doppler espectral nos fornece então, avaliações qualitativas da onda gerada, ou seja, a presença ou ausência de fluxo sanguíneo, a direção do fluxo em relação ao transdutor e a identificação das características do fluxo em arterial ou venoso, laminar ou turbilhonado, e avaliações quantitativas da onda, visto que é possível mensurar a velocidade de pico sistólico (VPS), velocidade diastólica final (VDF), e calcular índices de resistividade (IR) e índices de pulsatilidade (IP) (CERRI et al, 1998). Cerri et al (1998) ainda referem que estes índices são calculados de forma automática nos aparelhos, porém consistem de um resultado de: IR= VPS- VDF/ VPS. , e IP= VPS- VDF/ velocidade média.

(34)

levando a uma vasoconstrição, aumentando então a resistência vascular e consequentemente o IR (FINN-BODNER ; HUDSON,1998).

RIVERS et al (1996) referem que a sedação do animal avaliado pode influenciar no cálculo do IR realizado pelo Doppler espectral.

Algumas drogas anestésicas utilizadas para contenção química dos animais silvestres, como a Ketamina, durante o pico plasmático, exercem influência sobre a pressão arterial (SILVA et al, 2010).

2.6.2.3 Doppler colorido

O Doppler colorido segue os mesmos princípios do espectral, porém há múltiplos volumes de amostra dentro de uma região circunscrita, denominada “Box” (SZATMÁRI et al, 2001).

O mapeamento Doppler colorido evidencia a arquitetura vascular do órgão, facilitando a localização dos vasos de interesse, produzindo imagens concomitantes com a imagem do modo B em tempo real (CARVALHO, 2004).

Esta modalidade Doppler permite saber a direção do fluxo sanguíneo (o fluxo em direção ao transdutor é designado vermelho, e o fluxo contrário azul) e a velocidade do fluxo, a qual é determinada pela intensidade da cor, sendo que o azul e o vermelho demonstram fluxos de baixa velocidade e, as mesmas cores claras, fluxo mais rápido (FIIN-BODNER; HUDSON, 1998; SZATMÁRI et al, 2001).

2.6.2.4 Power Doppler

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2.6.3 Doppler Renal

O Doppler colorido renal mapeia prontamente as artérias e veias renais, as artérias e veias interlobares e as arqueadas. A diferenciação entre fluxo arterial e venoso é feita de maneira mais criteriosa com o auxílio do Doppler espectral (FIIN-BODNER; HUDSON, 1998).

A artéria e veia renal podem ser observadas desde a região hilar renal até sua origem da aorta e da veia cava caudal, respectivamente. As artérias interlobares podem ser vistas ao redor do complexo ecogênico central, sendo um total de 4 a 7, irradiando-se da pelve em direção à junção córtico medular. As artérias interlobares ramificam-se em artérias arqueadas cursando na mesma direção da junção córtico medular (CARVALHO, 2009). As artérias arqueadas dividem-se em múltiplos ramos interlobulares que irradiam em direção à periferia da cortical e são visíveis ao Doppler colorido (SZATMÁRI et al, 2001).

As veias correm paralelamente às artérias e usualmente são mais largas que as artérias adjacentes (CARVALHO, 2009).

O índice mais utilizado na avaliação da vascularização renal é o índice de resistividade (IR). A alteração deste índice auxilia na identificação de alterações na resistividade vascular. É importante salientar que estes índices podem ter variações com a frequência cardíaca e a pressão arterial, e geralmente refletem a impedância vascular. A impedância vascular é definida como o impedimento a passagem do fluxo sanguíneo em um vaso (CERRI et al, 1998).

Um aumento do IR pode ser útil para detectar alterações renais antes que doenças parenquimatosas possam ser observadas ao modo B, e antes que a perda da função renal possa ser detectada pelos achados laboratoriais (MORROW et al, 1996).

Já existe em literatura a padronização do IR normal para cães não sedados, sendo IR da artéria renal direita 0,64 + 0,04 e para a esquerda de 0,63 + 0,028, sem diferença estatística significante entre os lados (MELO, 2006). Nyland et al (2005) referem que um IR renal menor que 0,7 é considerado normal para cães e gatos.

(36)

Em felinos sedados com Cloridrato de Ketamina, a média do IR das artérias arqueadas foram de 0,59 + 0,05 para rim direito e 0,56 + 0,06 para rim esquerdo. Com estes valores, foi padronizado para felinos sedados com Cloridrato de Ketamina um limite de 0,69 como limite superior de normalidade (RIVERS et al, 1996).

(37)
(38)

3 OBJETIVOS

Diante do exposto, com o presente trabalho objetivou-se realizar ultrassonografia renal modo B e Doppler de macacos- prego (Sapajus apella) para definir os seguintes valores de referência para a espécie:

- Comprimento, altura, largura e volume renal; - Espessura cortical renal;

(39)
(40)

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 ANIMAIS

Este estudo foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), campus Botucatu, sob protocolo número 208 / 2012 (anexo 1). Também teve sua aprovação pelo Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBIO), sob protocolo número 38801-1 (anexo 2).

No presente estudo foram avaliados 10 macacos- prego (Sapajus apella), sendo três machos e sete fêmeas. Destes, oito adultos com idade acima de quatro anos, e dois jovens com idade até quatro anos.

Os animais eram provenientes do CEMPAS (Centro de Medicina e Pesquisa em Animais Selvagens) – FMVZ UNESP Botucatu, e não apresentavam doença renal ou sistêmica. A higidez desses foi comprovada pela realização de hemograma, exames bioquímicos de perfil enzimático renal (uréia e creatinina), urinálise e ultrassonografia abdominal.

Os procedimentos foram realizados no Serviço de Radiologia Veterinária da FMVZ- UNESP Botucatu, e para a realização dos exames ultrassonográficos, foi utilizado um aparelho ultrassonográfico da marca Esaote®, modelo My Lab 30 VET GOLD, com transdutor multifrequencial linear (6 a 10 MHz). As imagens foram gravadas em disco compacto.

4.2 PREPARO DOS ANIMAIS

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Os animais foram capturados com puçá, e em seguida anestesiados com:

• Ketamina – 10 mg/kg

• Midazolam – 0,5 mg/kg Via intramuscular

• Manutenção com anestesia inalatória – Isoflurano.

4.3 HEMOGRAMA E ANÁLISE BIOQUÍMICA

Após terem sido anestesiados, foram coletados 2 mililtros (ml) de sangue da

veia femoral, e colocados em um tubo plástico contendo anticoagulante EDTA. O

material coletado foi encaminhado para o laboratório clínico do hospital veterinário

FMVZ- UNESP Botucatu, para a realização dos testes bioquímicos de uréia e

creatinina.

4.4 URINÁLISE

Por meio de cistocentese guiada por ultrassonografia, foi coletado 5 ml de urina

diretamente da bexiga para análise laboratorial, preconizando a avaliação da

densidade urinária. A análise bioquímica da urina foi realizada imediatamente

após a coleta, com o kit de tiras reativas URI – TEST 11®, e a densidade urinária

(42)

4.5 ULTRASSONOGRAFIA RENAL

Foi realizada tricotomia ampla do abdômen ventral, desde o oitavo espaço intercostal até o púbis, e lateralmente, na mesma extensão até a região dos músculos sublombares. Como meio de contato para transmissão ultrassonográfica foi utilizado Carbogel®. Os animais estavam posicionados em decúbito dorsal.

Primeiramente foi realizada a ultrassonografia modo B de todo o abdômen, com a finalidade de detectar alterações que pudessem excluir o animal da pesquisa. Confirmada a higidez, a ultrassonografia modo B do rins foi realizada, analisando o rim por cortes longitudinais, transversais e coronais, medindo assim altura, espessura e largura renal e espessura da região cortical. Ainda no modo B, foi calculado de forma automática no aparelho o volume dos rins, e comparado este volume obtido com a seguinte fórmula já conceituada para volumes renais, segundo Nyland et al (2005): Volume renal= comprimento renal x largura renal x espessura renal x 0,523.

Para a realização da ultrassonografia Doppler, foi padronizado:

• X View 2. • PRF 1,4.

• Velocidade de 70%.

• Angulação menor ou igual a 60º.

• Artéria renal – mensurações realizadas na região hilar

• Artérias interlobares e arqueadas – mensuradas em polo cranial, médio e caudal de cada rim.

(43)

Para calcular o IR, a VPS e a VDF da artéria renal, esta foi visibilizada em região hilar do rim, o qual estava posicionado ultrassonograficamente em corte transversal (figura 7).

Figura 7. Mensuração IR da artéria renal, em região hilar renal.

O IR, VPS e VDF das artérias interlobares e arqueadas foram mensurados em polo cranial, médio e caudal de cada rim, o qual ultrassonograficamente estava em corte longitudinal (figura 8).

Figura 8. Doppler colorido das artérias interlobares e arqueadas.

(44)

4.6 ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Para todos os parâmetros avaliados, foram realizadas três mensurações e,

posteriormente, realizada análise descritiva através de gráficos de média e desvio

padrão. Para o índice de resistividade (IR) e velocidade de pico sistólico e

velocidade diastólica final, foi realizado o teste T studant, com o intuito de realizar

uma comparação do rim esquerdo e do rim direito, com nível de significância de

5% (p< 0,05).

(45)
(46)

5 RESULTADOS

Seguindo a metodologia descrita, os resultados serão apresentados na seguinte sequência:

• Análises laboratoriais. • Ultrassonografia modo – B. • Ultrassonografia Doppler.

5.1 ANÁLISES LABORATORIAIS

Os exames laboratoriais tiveram como objetivo a seleção dos animais para este estudo. Os parâmetros de uréia e creatinina foram comparados com os descritos por Larsson et al (1997) apud Ferreira (2009), onde todos os animais estavam dentro dos valores de referência citados (tabela 4 e 5).

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Tabela 5. Média e desvio padrão dos exames laboratoriais dos Sapajus apella

Média e desvio padrão

Uréia (mg/dl) Creatinina

(mg/dl) D. Urinálise PH Urinálise

32,55 ± 10,23 0,76 ± 0,25 1021,60 ± 7,28 6,90 ± 0,55

.

5.2 ULTRASSONOGRAFIA MODO B

O valor médio obtido para comprimento dos rins de Sapajus apella foi de: rim esquerdo 3,17 ± 0,53 cm e rim direito 3,14 ± 0,47 cm. A espessura renal teve seu valor médio de rim esquerdo 1,13 ± 0,24 cm e rim direito 1,24 ±0,20 cm. A largura renal média do rim esquerdo foi de 1,18 ± 0,21 cm e do rim direito de 1,25 ± 0,18 cm (figura 9 e 10).

Figura 9. Gráfico demonstrando a média do comprimento, espessura e largura

(48)

Figura 10. Ultrassonografia renal de Sapajus apella, demonstrando a mensuração

do comprimento e espessura renal.

A espessura da região cortical obteve valor médio de 0,38 ± 0,08 cm para rim esquerdo e 0,37 ± 0,05 cm para rim direito (figura 11).

Figura 11. Gráfico demonstrando a média da espessura da região cortical renal

(49)

O volume renal foi calculado de forma automática no aparelho, e comparado com a seguinte fórmula (Volume = comprimento x largura x espessura x 0,523) (figura 12). Os resultados obtidos foram:

Volume automático rim esquerdo: 2,19 ± 0,73 ml.

Volume calculado rim esquerdo: 2,42 ± 0,97 ml.

Volume automático rim direito: 2,33 ± 1,02 ml.

Volume calculado rim direito: 2,58 ± 0,9 ml.

Com a aplicação do teste t student comparando o volume calculado de forma automática e através do cálculo, não houve diferença estatística.

(50)

5.3 ULTRASSONOGRAFIA DOPPLER

5.3.1 ÍNDICE DE RESISTIVIDADE

Foi realizada a mensuração do índice de resistividade nas artérias renal esquerda (imagem 13) e direita, das artérias interlobares esquerda e direita (IL) em polo cranial (CR), médio (M) e caudal (CD), e das artérias arqueadas (ARQ) esquerda e direita em polo cranial, médio e caudal. Os resultados estão descritos nas imagens 14, 15 e 16

Figura 13. Ultrassonografia renal de Sapajus apella, demosntrando o cálculo do índice

(51)

Figura 14. Gráfico demonstrando a média com desvio padrão do índice de resistividade das artérias arqueadas (ARQ) em rim esquerdo (RE) e rim direito (RD), em polo médio (M), cranial (CR) e caudal (CD).

Figura 15. Gráfico demonstrando a média com desvio padrão do índice de

(52)

Figura 16. Gráfico demonstrando a média com desvio padrão do índice de resistividade das artérias interlobares (IL) em rim esquerdo (RE) e rim direito (RD), em polo médio (M), cranial (CR) e caudal (CD).

Aplicando o teste t student às médias dos valores de índice de resistividade, houve diferença estatística entre as artérias arqueadas direita e esquerda em polo cranial, médio e caudal, assim como nas artérias renal direita e esquerda (tabela 6).

Tabela 6. Média e desvio padrão do IR das artérias arqueadas (arq) e renais.

Rim IR ARQ M IR ARQ CR IR ARQ CD IR Renal

Esquerdo

Direito 0,71 ± 0,07a 0,64 ± 0,08b 0,68 ± 0,05a 0,64 ± 0,06b 0,72 ± 0,08a 0,64 ± 0,07b 0,75 ± 0,07a 0,71 ± 0,08b

P 0,002 0,004 <0,001 0,047

(53)

Aplicando o teste t student às médias dos valores de índice de resistividade das artérias interlobares (IL), somente houve diferença estatística na artéria IL média (tabela 7).

Tabela 7. Média e desvio padrão do IR das artérias interlobares (IL).

Rim IR IL M IR IL CR IR IL CD

Esquerdo

Direito 0,68 ± 0,10b0,73 ± 0,07ª 0,70 ± 0,08a 0,65 ± 0,10a 0,70 ± 0,08 a0,68 ± 0,08a

P 0,018 0,053 0,410

Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não foram diferentes estatisticamente entre si pelo Teste t (P>0,05).

5.3.2 VELOCIDADE DE PICO SISTÓLICO (VPS).

A velocidade de pico sistólico (VPS) foi mensurada nas artérias renal esquerda e direita, nas artérias interlobares (figura 17) e arqueadas em polo cranial, médio e caudal dos rins direito e esquerdo. Os resultados estão demonstrados nas figuras 18, 19 e 20.

Figura 17. Doppler espectral renal de Sapajus apella. Seta

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Figura 18. Gráfico demonstrando a média com desvio padrão da VPS das artérias arqueadas (ARQ) de rim esquerdo (RE) e rim direito (RD), em polo médio (M), cranial (CR) e caudal (CD).

Figura 19. Gráfico demonstrando a média com desvio padrão da velocidade de

(55)

Figura 20. Gráfico demonstrando a média com desvio padrão da velocidade de pico sistólico (VPS) das artérias interlobares em rim esquerdo (RE) e rim direito (RD), em polo médio (M), cranial (CR) e caudal (CD).

Aplicando o teste t student às médias dos valores de VPS das artérias interlobares (IL) e arqueadas (ARQ) em polo cranial, médio e caudal, e das artérias renais, houve diferença estatística entre artérias interlobares em polo caudal de rim esquerdo e direito, assim como artérias arqueadas em polo médio e cranial de rim esquerdo e direito, como demonstrado nas tabelas 8 e 9. O valor da VPS das artérias renais esquerda e direita, com a aplicação do teste t student, não apresentou diferença estatística.

Tabela 8. Média e desvio padrão da VPS das artérias arqueadas (ARQ) e renal.

Rim VPS ARQ M VPS ARQ CR VPS ARQ CD VPS Renal

Esquerdo

Direito 0,14 ± 0,04a 0,11 ± 0,0b 0,10 ± 0,02b0,12 ± 0,02a 0,14 ± 0,04a 0,13 ± 0,05a 0,30 ± 0,09a 0,27 ± 0,05a

P 0,008 0,047 0,661 0,158

Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não foram diferentes estatisticamente entre si pelo Teste t (P>0,05).

Tabela 9. Média e desvio padrão da VPS das artérias interlobares (IL).

Rim V IL M V IL CR V IL CD

Esquerdo Direito

0,21 ± 0,06ª

0,18 ± 0,07ª 0,20 ± 0,05a 0,19 ± 0,05a 0,16 ± 0,05b 0,18 ± 0,04a

P 0,122 0,455 0,017

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5.3.3 VELOCIDADE DIASTÓLICA FINAL (VDF)

A velocidade diastólica final (VDF) foi mensurada nas artérias renal (figura 21) esquerda e direita, nas artérias interlobares e arqueadas em polo cranial, médio e caudal dos rins direito e esquerdo. Os resultados foram (figuras 22 e 23):

Figura 21. Doppler espectral renal de Sapajus apella. Seta

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Figura 22. Gráfico demonstrando a média com desvio padrão da velocidade diastólica final (VDF) das artérias arqueadas (ARQ) em rim esquerdo (RE) e rim direito (RD), em polo médio (M), cranial (CR) e caudal (CD).

Figura 23. Gráfico demonstrando a média com desvio padrão da velocidade diastólica

final (VDF) das artérias renal em rim esquerdo (RE) e rim direito (RD), e das artérias interlobares (IL) de RE e RD em polo médio (M), cranial (CR) e caudal (CD).

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(59)

6 DISCUSSÃO

A ultrassonografia Doppler na Medicina Veterinária é um método recente e que ainda há possibilidade de diversos estudos de padronização desta técnica. O presente estudo foi realizado em 10 macacos- prego, hígidos, anestesiados com Ketamina, Midazolam e Isoflurano. A anestesia foi necessária para a contenção dos animais, sem a qual não seria possível a realização do exame.

O tempo médio para a realização de cada exame foi de uma hora, sendo que a avaliação do rim esquerdo foi com aproximadamente dez minutos após a aplicação da medicação pré-anestésica, e a do rim direito em aproximadamente quarenta minutos durante o período trans anestésico, o que pode ter influenciado no fluxo sanguíneo renal, assim como referem RIVERS et al (1996), que citam que o tempo e o protocolo anestésico podem influenciar no cálculo do IR dos animais. Tais dados sugerem a necessidade de novos estudos, comparando o IR do rim direito, exatamente no mesmo tempo que foi avaliado o rim esquerdo.

Os valores obtidos do IR e VPS do rim esquerdo foram elevados quando comparados aos valores do rim direito. Estes resultados evidenciam a ação renal da Ketamina, contemplando a citação de Silva et al (2010), que referem que a Ketamina apresenta seu pico plasmático em aproximadamente trinta minutos.

Observou-se que logo após a contenção química, os animais ainda apresentavam um fluxo aumentado em artéria renal e interlobar, o que sugere-se ser devido ao estresse da contenção e, consequentemente, à elevação da pressão arterial.

(60)

Na análise urinária a avaliação foi qualitativa, ou seja, nenhum animal do estudo apresentou presença de proteinúria, hematúria ou glicosúria. Não há valores na literatura sobre a correta interpretação da densidade urinária em macacos- prego. Desta forma, os valores obtidos no presente estudo, foram comparados com os valores de densidade urinária em cães.

Durante a ultrassonografia modo B, foi obtido um valor médio do comprimento renal de 3,17± 0,53 cm para rim esquerdo e 3,14 ± 0,47 para rim direito, sem diferença estatística significante. Os valores encontrados na literatura, descritos por Alves et al (2007) são maiores que os do presente estudo, estando entre 6,27 ±0,31 cm. Alves et al (2007) ainda descrevem um valor de 0,75 ± 0,11 cm para espessura cortical. O presente estudo demonstrou um valor de 0,38 ± 0,08 cm espessura cortical esquerda e 0,37 ± 0,05 cm espessura cortical direita. O volume renal obtido no estudo foi similar com o valor descrito na literatura por Alves et al (2007) sendo de 2,42 ± 0,97 ml para rim esquerdo e 2,58 ± 0,9 ml para rim direito. Alves et al (2007) não citam os pesos dos animais avaliados; desta forma, atribui-se as diferença citadas acima, possivelmente ao peso dos animais avaliados.

Ainda em modo B, foi possível a mensuração da espessura renal (1,13 ± 0,24 cm rim esquerdo e 1,24 ± 0,20 cm rim direito), assim como da largura renal (1,18 ±0,21 rim esquerdo e 1,25 ± 0,18 cm rim direito), valores ainda não descritos em nenhum trabalho desta espécie.

A padronização do tamanho renal é de suma importância, visto que em doenças renais crônicas, o tamanho renal pode ser alterado.

(61)

Já é conceituada a diferença de ecogenicidade entre baço, rim e fígado em cães e gatos, sendo a córtex renal mais hipoecogênica que o fígado, o qual é mais hiopoecogênico que o baço. No estudo presente, foi possível somente a comparação entre ecogenicidade de fígado e córtex renal. O fígado apresentou- se levemente hiperecogênico à região cortical renal, sendo compatível com os achados de Alves et al (2007). Não foi possível a comparação de ecogenicidade renal com a esplênica devido ao difícil acesso do baço pelo seu pequeno tamanho.

No estudo Doppler, a maior dificuldade encontrada para a sua realização foi a necessidade de anestesia dos animais, pois já é conhecido que o protocolo anestésico influencia diretamente na análise da velocidade, e consequentemente na análise do índice de resistividade. Desta forma, sabe-se que estudos dopplervelocimétricos renais de Sapajus apella, com diferentes protocolos anestésicos do utilizado no estudo, possam resultar em diferentes resultados dos valores obtidos, sendo assim, os valores descritos no presente trabalho, são para o protocolo: Ketamina 10 mg/kg, Midazolam 0,5 mg/kg (intramuscular), e manutenção com anestesia inalatória utilizando Isoflurano.

A avaliação da presença, velocidade e direção do fluxo sanguíneo, diferenciando também de fluxo arterial e venoso foi possível com o estudo Doppler, assim como descrito por Finn-Bodner; Hudson (1998).

Por não ser viável a apnéia do paciente, em diversas vezes houve dificuldade de acesso dos vasos em estudo, principalmente das artérias arqueadas, devido aos movimentos respiratórios. As artérias arqueadas são menores, dificultando o acesso ultrassonográfico.

A avaliação de fluxo do rim direito também foi mais complexa devido ao seu posicionamento mais cranial.

(62)

(2010). Ao estudo Doppler foi possível avaliar com precisão todas as artérias citadas acima, principalmente com o Doppler colorido. Ao usar o Doppler pulsado, a dificuldade de identificação do vaso foi maior.

As artérias arqueadas bifurcam-se em artérias interlobulares (DYCE et al, 2010). No presente estudo, não foi possível a avaliação dopplervelocimétrica das artérias interlobulares devido ao seu pequeno tamanho e dificuldade de localização com o Doppler espectral. Desta forma, estas artérias somente foram avaliadas pelo Doppler colorido.

De acordo com Melo et al (2006), há uma redução dos valores de velocidades sistólica e diastólica dos ramos vasculares maiores para os menores devido a árvore arterial renal dividir-se em segmentos cada vez menores e mais numerosos a medida em que o fluxo progride em direção á periferia do órgão. Esse dado foi observado claramente no presente estudo, visto que as velocidades sistólicas e diastólicas da artéria renal eram maiores que das artérias interlobares, que eram maiores que das arqueadas.

Não houve diferença estatística entre rim esquerdo e direito, quando avaliada a velocidade diastólica final. Porém, ao avaliar a velocidade de pico sistólico, houve diferença entre as artérias interlobares caudal esquerda e direita, e entre as artérias arqueadas média e cranial. Durante a avaliação do índice de resistividade, houve diferença estatística em todos os parâmetros avaliados, exceto nas artérias interlobares cranial e caudal. Estas diferenças estatísticas são atribuídas à diferença de tempo anestésico, a pressão arterial e diminuição do estresse do animal, visto que, ao ser capturado e anestesiado, durante a avaliação renal esquerda, observou-se uma velocidade e fluxo maior do que quando o animal já estava com aproximadamente quarenta minutos de anestesia, onde o estresse já havia diminuído e o pico de ação das drogas já havia ocorrido.

(63)

a influência do protocolo anestésico utilizado em relação à avaliação dopplervelocimétrica, visto que os valores de IR e VPS foram diferentes estatisticamente entre rim direito e rim esquerdo.

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(65)

7 CONCLUSÕES

• O presente estudo, possibilitou a obtenção de valores de referências ultrassonográficos renais em modo B e dopplervelocimétricos de Sapajus apella. Estes valores são de suma importância, pois auxiliam com precisão o diagnóstico de doenças, quando estas estiverem presentes, contribuindo para melhor manutenção e preservação da espécie.

• Os valores dopplervelocimétricos obtidos em rim esquerdo foram superiores aos valores de rim direito, sob o protocolo anestésico Ketamina 10 mg/kg, Midazolam 0,5 mg/kg e Isoflurano.

• O estudo Doppler mostrou-se eficiente na avaliação da perfusão renal, porém, como toda técnica, possui limitações: a movimentação do animal, o protocolo anestésico utilizado para contenção química e o estresse de captura do animal.

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(67)

REFERÊNCIAS

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O presente artigo será submetido para a revista Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia.

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