REVISTA
BRASILEIRA
DE
ANESTESIOLOGIA
PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologiawww.sba.com.br
ARTIGO
ESPECIAL
Volume
mínimo
de
anestésico
em
anestesia
regional
guiada
por
ultrassom
Alessandro
Di
Filippo
∗,
Silvia
Falsini
e
Chiara
Adembri
DipartimentodiScienzedellaSalute,SezionediAnestesiologia,TerapiaIntensivaeTerapiadelDolore,UniversitàdegliStudidi Firenze,Florenc¸a,Itália
Recebidoem19dedezembrode2013;aceitoem6demaiode2014 DisponívelnaInternetem31deoutubrode2014
PALAVRAS-CHAVE
Anestésicos,locais, bloqueioda conduc¸ão;
Anestésicoslocais, efeitosadversos; Anestésicoslocais, dose;
Guiadoporultrassom
Resumo Ousodeultrassomemanestesiaregionalpermitevisualizaracolocac¸ãodaagulhae
apropagac¸ãodosanestésicoslocais.
Nosúltimosanoshouveumgrandeinteresseemdeterminarovolumemínimoeficazde
anes-tésiconecessárioparafazeraanestesiacirúrgica.Avisualizac¸ãoprecisaeemtemporealda
difusãodosanestésicoslocaiscomousodeultrassompodeseromelhorrequisitoparareduzir
adoseeosefeitosrelacionadosaosanestésicoslocais.
Revisamosumasériedeestudosquerelataramaeficáciadebloqueiosguiadospor
ultras-somparareduzirousodeanestésicoslocaiseobteranestesiacirúrgica,emcomparac¸ãocom
bloqueiosfeitoscomatécnicaàscegasedeestimulac¸ãoelétricadenervos.
Infelizmente,osresultados dosestudossãomuitodivergentesenãoparecemindicaruma
dose consideradaeficaz paracada bloqueiodemodo definitivo,mas éverdade que,como
auxíliodoultrassom,épossívelreduziradosedosanestésicosembloqueios.
©2014SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eum
artigo OpenAccess sobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
KEYWORDS
Anesthetics,local, conduction-blocking; Anesthetics,local, adverseeffects; Anesthetics,local, dose;
Ultrasoundguidance
Minimumanestheticvolumeinregionalanesthesiabyusingultrasound-guidance
Abstract Theultrasoundguidanceinregionalanesthesiaensuresthevisualizationofneedle
placementandthespreadofLocalAnesthetics.
OverthepastfewyearstherewasasubstantialinterestindeterminingtheMinimum
Effec-tiveAnestheticVolumenecessarytoaccomplishsurgicalanesthesia.Thepreciseandreal-time
visualizationofLocalAnestheticsspreadunderultrasoundguidanceblockmayrepresentthe
bestrequisiteforreducingLocalAnestheticsdoseandLocalAnesthetics-relatedeffects.
We willreport aseriesofstudies thathavedemonstratedtheefficacy ofultrasound
gui-danceblockstoreduceLocalAnestheticsandobtainsurgicalanesthesiaascomparedtoblock
performedunderblindorelectricalnervestimulationtechnique.
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:adifilippo@unifi.it(A.DiFilippo). http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2014.05.007
500 A.DiFilippoetal.
Unfortunately,theresultsofstudiesarewidelydivergentandnotseemtoindicateadose
consideredeffective,foreachblock,inadefinitiveway;butitistruethat,throughtheuse
ofultrasoundguidance,itispossibletoreducethedoseofanestheticintheperformanceof
anestheticblocks.
©2014SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisan
openaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introduc
¸ão
Quando técnicas tradicionais de bloqueios são usadas, a quantidadetotaldeanestésicoslocais(AL)injetadaéquase sempremuitopróximadolimitedadosequepodeprovocar reac¸õesadversas/tóxicas,especialmenteemcasodepunc¸ão venosaacidental.
Uma nova fronteira para a anestesia regional é ofere-cidacomapossibilidadedefeituradebloqueiosdenervos comatécnicaguiadaporultrassom(TGUS),oquepermite identificarasestruturasnervosas.AdosenecessáriadeAL emanestesiaregionalémaisbaixadoqueanormalmente usada em técnica às cegas oude estimulac¸ão elétricade nervos(EEN).1,2
Algunsestudosrecentesforamdesenhadosparacalcular
ovolumemínimoeficazdeanestésico(VMEA)local
neces-sárioparaobterumbloqueiobem-sucedido.Outrosestudos
compararamosVMEAobtidoscom ousodatécnica EENe
TGUS.3---6
Defato,sobavisualizac¸ãodiretadasestruturasnervosas eocontroleemtemporealdapropagac¸ãodeALs,areduc¸ão
dovolumetotaldeanestésicos e doconsequente riscode
superdoseépossível.
Nestarevisão,oconhecimentoatualsobreoVMEAé
des-critoediscutido.
Métodos
Usamos o sistema de busca do PubMed para pesquisar
todos os estudos clínicos prospectivos e
randomi-zados nos quais o bloqueio de nervos periféricos
foi usado com a TGUS, com as seguintes
palavras--chave: «Minimum+Effective+Anesthetic+Volume» e
«Minimum+Effective+Anesthetic+Volume». Em seguida,
aspublicac¸õesforamdivididaspordosesdeAL,deacordo
comométododorespectivoestudoedosítiodebloqueio,
eregistradas(tabela1).
Resultados
Membrosuperior
Para o bloqueio do plexo braquial por via axilar (BPBA),
O’DonnelleIohomrelataramousodaTGUSparabloqueios
bem-sucedidos com até 1mL de lidocaína a 2% e
epine-frinaa1:200.000(2% LidoEpi)pornervo,em umgrupode
11 pacientes consecutivos submetidos à cirurgia de mão.
AL foi administradovia injec¸ão perineural, circunferenci-almenteaoredordecadanervo.Oiníciodobloqueiofoide 10minutos,comumamédiadedurac¸ãode190minutos.7Os
mesmosautoresusaramentãoummodelodeescalonamento
progressivo/regressivo(step-up/step-down)comuma
dosa-gemsequencialnãoprobabilística,8combasenosresultados doestudo piloto anterior.Adose inicialde 2%LidoEpi foi
de 4mLpor nervo.Em caso de falha dobloqueio, adose
foiaumentada em 0,5mL;em caso desucesso,adose foi
reduzida em 0,5mL até seobter umnúmero significativo
pré-determinadodesucessocontínuo. Essemodelo paraa
dosagem de ALfoi então usadoem vários outros estudos
paradeterminaroVMEA.Paraobterumbloqueiodesucesso, 4mLdeALforamsuficientes.9
Deforma semelhante,em outro estudo que avaliou o
VMEAcomaTGUSparaBPBA10em19pacientessubmetidos
àcirurgiademão oudeantebrac¸o,ovolumedelidocaína
a1,5%comepinefrinaa1:200.000(1,5%LidoEpi)
necessá-rio para circundar cada nervoe fornecer analgesia eficaz
aos nervos, radial, mediano, ulnar e musculocutâneo foi
de 3,42mL, 2,75mL, 2,58mL e 2,3mL, respectivamente.
Embora na prática cotidiananão sejafácil obter volumes
tãoprecisos--- obtidoscomcargade1,5%LidoEpiemseringa e administrados em bolus de 600mL.h---1 10 ---, a possibili-dadedeobterumbloqueiocirúrgicocomvolumesbaixosfoi confirmada.
González et al.11 avaliaram recentemente o VME de
lidocaína em injec¸ão dupla para BPBA com TGUS. Foram
incluídos no estudo 50 pacientes. Com o uso de
regres-sãoisotônicaeintervalodeconfianc¸a(IC)paradistribuic¸ão empírica,oVME90 foiestimadoem5,5mL(ICde95%,
3,0-6,7mL)e23,5mL(ICde95%,23,1-23,9mL)paraasinjec¸ões
musculocutâneaeperivascular,respectivamente.
A questão sobre o uso de TGUS poder ou não reduzir
o volume necessário de AL, em comparac¸ão com a EEN
para bloqueio do plexo braquial por via interescalênica
(BPBIE),foiabordadaemumestudorandomizadoe
duplo--cego que usou alocac¸ão sequencial com escalonamento
progressivo/regressivode21pacientessubmetidosà cirur-giadeombro3.OVMEderopivacaínaa0,5%foide0,9mLno
grupoTGUSede5,4mLnogrupoEEN(p=0,034)e
demons-trouqueousodeultrassomnãosóreduzovolumedeAL,mas
tambémonúmerodetentativaseadornopós-operatório,
emcomparac¸ãocomEENparaBPBIE.
Em 2011, Gautier et al. investigaram o VMEA para
BPBIEem20 pacientesagendadosparacirurgiadoombro.
Com o modelo de escalonamento progressivo/regressivo
olume mínimo de anestésico em anestesia regional guiada por ultrassom 501
Tabela1 Estudossobreovolumemínimoeficazdeanestésico,avaliadosparaarevisão.Métodos;númerodepacientes;tiposdebloqueio,decirurgiaedeanestesialocal;
dosagemecomplicac¸õesobservadassãodescritasecomparadas
Métodos Comparac¸ão Númerode
pacientes
Intervenc¸ões Cirurgia Anestésicolocal DosesdeAL(mL)ou mL.área---1desecc¸ão (mL.mm2)
Complicac¸ões
O’Donnel2009 Métododeescalonamento progressivo/regressivo deDixoneMassey
11 Bloqueiodoplexo braquialporviaaxilar
Cirurgiademãoou antebrac¸o
Lidocaínaa 2%+epinefrinaa 1:200.000
4mL Nenhuma
Harper2010 Estudopiloto 19 Bloqueiodoplexo
braquialporviaaxilar
Cirurgiademãoou antebrac¸o
Lidocaínaa 1,5%+epinefrinaa 1:200,000
2---4mLparaenvolvercada nervo
González2013 Estudoprospectivo, randomizado
Métododeescalonamento progressivo/regressivo deDixoneMassey
50 Bloqueioporvia axilar/injec¸ãodupla
Cirurgiademãoou antebrac¸o
Lidocaínaa1,5%com 5g.mL---1de epinefrina
VMEA90:5,5mLe23,5mL Nenhuma
Gautier2011 Estudoprospectivo, randomizado
Métododeescalonamento progressivo/regressivo deDixoneMassey
20 Bloqueiodoplexo braquialporvia interescaleno
Cirurgiaartroscópica deombro
Ropivacaínaa0,75% 5mL;1,7mLparacadaum dostrêstroncos
McNaught2011 Estudorandomizado, duplo-cego
GuiadoporUSvs. EEN/Método deescalonamento progressivo/regressivo deDixoneMassey
40 Bloqueiodoplexo braquialporvia interescaleno
Analgesia pós-operatóriaem cirurgiadeombro
Ropivacaínaa0,5% VMEA50:0,9mL(US)
v
s.5,4mL(NS)
Nãohouvediferenc¸as
Renes2010 Estudoprospectivo, observacionalecego (paciente)
Métododeescalonamento progressivo/regressivo deDixoneMassey
20 Bloqueiodoplexo braquialporvia interescaleno
Cirurgiaabertade ombro
Ropivacaínaa0,75% VMEA95:3,6mL Paresia hemidiafragmática: Nenhuma2hapósa cirurgia;55%do acompanhamento de24h
Duggan2009 Métododeescalonamento
progressivo/regressivo deDixoneMassey
21 Bloqueio
supraclavicular
Cirurgiademembro superior
Lidocaínaa 2%+bupivacaínaa 0,5%comepinefrina
VMEA50:23mL VMEA95:42mL
Tran2011 Estudoprospectivo,cego Métododeescalonamento progressivo/regressivo deDixoneMassey
55 Bloqueio
infraclavicular
Cirurgiademembro superior
Lidocaínaa 1,5%+5mcg.mL---1 deepinefrina
VMEA90:35mL Punc¸ãovascular,n (%):1(1.8)
Ponrouch2010 Estudoprospectivo, randomizado,duplo-cego
GuiadoporUSvs. EEN/Método deescalonamento progressivo/regressivo deDixoneMassey
42 Bloqueiodosnervos medianoeulnar
Cirurgiadetúnel carpal
Mepivacaínaa1,5% Nervomediano/ulnar: VMEA502mL
Nenhuma
Casati2007 Estudoprospectivo, randomizado,duplo-cego
GuiadoporUSvs.EEN 60 Bloqueiodonervo femoral
Cirurgia
artroscópicadejoelho
Ropivacaínaa0,5% VMEA50:15mL(TGUS)vs. 26mL(EEN)ED95: 22mL(TGUS)vs.41mL (EEN)
Nenhuma
Marhofer1998 GuiadoporUSvs.EEN 60 Bloqueio3em1 Cirurgiadequadil Bupivacaínaa0,5% 20mL
Latzke2010 Métododeescalonamento
progressivo/regressivo deDixoneMassey
20 Bloqueiodonervo ciático
Voluntários Mepivacaínaa1,5% VMEA50:0,04mL;VMEA95: 0.08mL;VMEA:0,1mL
Nenhuma
Danelli2009 Estudoprospectivo, randomizado,cego, alocac¸ãosequencial progressiva/regressiva
GuiadoporUSvs.EEN 60 Bloqueiodonervo ciático
Cirurgia
artroscópicadejoelho
Mepivacaínaa1,5% VMEA50:12mL(TGUS)vs. 19mL(EEN)VMEA:14mL (TGUS)vs.29mL(EEN)
Nenhuma
Eichenberger2009 Estudoprospectivo, randomizado,duplo-cego
Métododeescalonamento progressivo/regressivo deDixoneMassey
17 Bloqueiodonervo ulnar
502 A.DiFilippoetal.
deropivacaína a0,75%, ouaproximadamente 1,7mLpara cada um dos três troncos do plexo braquial (superior, médioeinferior),seriamsuficientesparafazeraanestesia cirúrgica.12
Além disso, o VMEA poderiacontribuir para reduzir as
complicac¸õesdoBPBIE.
Em2008,Riazietal.13avaliaramaincidênciadeparalisia
donervofrênicocomatécnicadevolumebaixoparaBPBIE
eumatécnicadevolumepadrão,ambasguiadaspor
ultras-som.Osautoresconcluíramqueousodeumvolumebaixo
naTGUS paraBPBIEestáassociado a menoscomplicac¸ões
respiratóriaseoutrascomplicac¸ões,semalteraraanalgesia nopós-operatório,emcomparac¸ãocomatécnicadevolume
padrão.Renesetal.14 tambémconfirmaramessesachados
emparesiahemidiafragmática.
A func¸ão pulmonar tambémfoi investigada em estudo
queusouomodelodeescalonamentoprogressivo/regressivo
paradeterminaro volumemínimoeficazderopivacaína a
0,75% necessáriopara produzir anestesia eficaz em
cirur-gia de ombro, com a TGUS para BPBIE no nível da raiz
C7 em 20 pacientes agendados para cirurgia aberta
ele-tivadeombrosobanestesiageralcombinada.OsVMEA50 e
VMEA95dospacientesforam2,9e3,6mL,respectivamente.
Afunc¸ão pulmonar permaneceu inalterada atéduashoras
apósacirurgia,masreduziu22horasapósoiníciodeuma infusãocontínuaderopivacaínaa0,2%.15
OVMEAnecessárioemTGUSparabloqueiodoplexo
bra-quialporviasupraclavicular(BPBSC)emanestesiacirúrgica
comumamistura(50:50)delidocaínaa2%ebupivacaínaa
0,5%comepinefrinafoiavaliadoem21adultossubmetidosà cirurgiaeletivademembrosuperior:16oVMEA
95foide42mL
eosautoresdeduziramqueovolumenecessáriodeALem
TGUSparaBPBSCnãoparecediferirdovolume
convencio-nalmenterecomendadocomastécnicasdelocalizac¸ãodos
nervosnãoGUS.
Posteriormente,Tranetal.17mostraramqueoVNEA
90de
lidocaínaa1,5%com5g.mL---1 deepinefrinaparainjec¸ão
duplaemTGUSparaBPBSCfoide32mL.
Osmesmos autoresadotaram o sinalde «bolha dupla»
parafazerobloqueioinfraclavicular.18Essatécnicaconsiste emexploraraartériaaxilaremeixocurtonafossa infracla-vicular---comumaabordagememplano,aagulhaécolocada nopoloposteriordaartériaaxilaremposic¸ãodeseishoras. Emseguida,umvolumetesteéinjetadoparagarantiro posi-cionamentocorretodapontadaagulha,oquedevecriarum sinalde«bolhadupla».Comessemétodo,Tranetal.18
des-cobriramum VMEA90 de35mL para lidocaína a 1,5% com
5g.mL---1deepinefrina.
Um estudo conduzido em 2009, com base na área
desecc¸ão transversal medida por ultrassom, calculou um
volumemédiode0,7mL(0,11mL.mm---1deáreadesecc¸ão
transversal)demepivacaínaa1%paraobloqueiodonervo
ulnardoantebrac¸oproximal.19
Ponrouch et al.4 conduziram um estudo randomizado,
duplo-cegoecontroladoparacompararEENeTGUSe
esti-mar o VME de mepivacaína a 1,5% em bloqueio do nervo
mediano.Foramincluídosnoestudo21pacientesagendados
paraliberac¸ãodotúnel,comousodomodelode
escalona-mentoprogressivo/regressivo.Osautoresdescobriramque
a TGUS proporcionou uma reduc¸ão de 50% no VMEA, em
comparac¸ãocomaEEN,equeareduc¸ãodovolumedeAL
podediminuiradurac¸ão dobloqueiosensorial,masnãoo
tempodeinício.
Membroinferior
Poucosestudosforamconduzidosparaestimar oVMEAem
bloqueiosdemembrosinferiores.
Casatietal.6 testaramahipótese dequeaTGUSpode
reduzirousoderopivacaínaa0,5%aoVMEnecessáriopara
obloqueiodenervosfemorais,emcomparac¸ãocomaEEN.
Foramincluídosnoestudo60pacientessubmetidosà artros-copiadejoelho.Ovolumedasoluc¸ãoinjetadafoiregulado parapacientesconsecutivos,combasenomodelode
escalo-namentoprogressivo/regressivo,deacordocomaresposta
dopacienteanterior.ATGUSproporcionouumareduc¸ãode 42%doVMEderopivacaínaa0,5%necessárioparaobloqueio
do nervo femoral, em comparac¸ão com a EEN; o VMEA95
foi de22mLpara o grupo TGUS e de41mLpara o grupo
EEN.
Marhoferetal.20relataramemestudocom60pacientes
submetidos àcirurgiade quadrilapós trauma quea TGUS
tambémpodereduziraquantidadedeanestésicolocalpara
bloqueio«3em1»,emcomparac¸ãocomatécnica
conven-cionaldeEEN.
Latzkeetal.21 conduziramo primeiro estudo
randomi-zado, duplo-cego e voluntário desenhado para avaliar o
volumedeALem bloqueiodonervociáticocomomodelo
de escalonamento progressivo/regressivo.Foram incluídos
20 voluntários.A dose eficaz demepivacaína a 1,5% para
bloqueio do nervociático foi calculada em 0,10mL.mm---2
paraaáreatransversaldonervo.
Danelli et al.5 estimaram o VME de mepivacaína a
1,5% necessário para o bloqueio do nervo ciático com
aTGUSsubglúteaemcomparac¸ãocomEEN.Paraesse
obje-tivo,60pacientessubmetidosàartroscopiadejoelhoforam
alocados aleatoriamente para receber bloqueio do nervo
ciático com a TGUS (n=30) ou EEN (n=30). Novamente,
o volumede mepivacaína a 1,5% foivariado para
pacien-tes consecutivos, combase em modelo deescalonamento
progressivo/regressivo,deacordocomarespostado
paci-enteanterior.Oultrassomproporcionoureduc¸ãode37%do VMEA50paramepivacaínaa1,5%necessárioparaobloqueio
donervociáticoemcomparac¸ãocomEEN.OVMEA95 foide
14mLnogrupoTGUSede29mLnogrupoEEN.
Discussão
Numerososestudosenfatizaramaimportância daTGUSno
manejodebloqueiosdenervosperiféricos.22---26
Noentanto,aindanãoestá clarose aTGUS para
loca-lizar onervoésuperior aoutrosmétodosexistentes. Para avaliarasvantagensdalocalizac¸ãodonervoperiféricocoma TGUS,Walkeretal.revisaramosestudosrelevantes,
publi-cadosde1945a 2008,ecompararam obloqueiodonervo
periféricocomaTGUScompelomenosumoutrométodode
localizac¸ãodonervo.Foramincluídos18estudoscomdados
de1.344pacienteseamaioriadosestudoscomparouTGUS
comEEN. Metanálisenãofoi feitapor causadavariedade
dos bloqueios, das técnicas e dos resultados e a revisão
foibaseadanaavaliac¸ãodosestudospelosautores.Walker
fornece nomínimotaxasdesucesso tãoboas como asde outrosmétodosdelocalizac¸ãodenervoperiféricoetambém
podemelhorarotempodeinícioeaqualidadeereduziro
tempodefeituraeastaxasdecomplicac¸ões,especialmente punc¸ãovasculareformac¸ãodehematoma.
Além disso, ashabilidades necessárias para fazer com
sucessoobloqueio doplexobraquial porvia axilarguiado
porultrassompodemserrapidamenteaprendidaselevara
umataxadesucessofinalmaiselevada,emcomparac¸ãocom obloqueiodoplexobraquial porestimulac¸ãodonervovia axilar.28
Poroutrolado,ousodeultrassompermitiuavisualizac¸ão
direta dapropagac¸ãodo AL em torno das estruturas
ner-vosas; essa avaliac¸ão revolucionária do procedimento em
temporealpermitiuoestudodacorrelac¸ãoentreadosede ALeaeficácia dobloqueiodenervosperiféricos.1,2 Nesta revisão,incluímososestudosqueinvestigaramoVMEApara anestesiacirúrgica.3---7,9---21Dividimososestudosportiposde
bloqueios,discutimosbrevementecadaumdelese
resumi-dosnatabela1osresultados.
Infelizmente, osresultadosdos estudosconduzidos até
o momento sãomuito divergentes e não parecem indicar
umadoseconsideradaeficaz paracadabloqueiodeforma
definitiva.Naverdade,muitasvezeshárelatosdecasosde
umúnicocentroeonúmerodecasosépequeno;os
méto-dos de investigac¸ão tambémsão diferentes e as técnicas
anestésicasnãosãopadronizadas.
Conclusão
Comousodatécnicaguiadaporultrassom,adosedo anes-tésicopodeserreduzidaembloqueiosanestésicos.Emnossa opinião,areduc¸ãodadosedeALpodeserumacontribuic¸ão muitorelevantequeaTGUSpodeofereceràanestesia regi-onal.
Contudo,estudosmaishomogêneosdevemserfeitospara
identificar o VMEApara cada tipo debloqueio de nervos;
astécnicaseaadministrac¸ãodosmedicamentosdevemser
padronizadasparareduzirosfatoresdeconfusão,demodo
quemetanálisesconfiáveisdevemserfeitas.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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