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Intermediário FIFA: percurso para o sucesso

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Academic year: 2021

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Mestrado 2º Ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário

INTERMEDIÁRIO FIFA – PERCURSO PARA O SUCESSO

Relatório sobre a atividade profissional ao abrigo da “Recomendação do CRUP”

NUNO MAURO SOARES CARDOSO

LUÍS MIGUEL TEIXEIRA VAZ

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Mestrado 2º Ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário

INTERMEDIÁRIO FIFA – PERCURSO PARA O SUCESSO

Relatório sobre a atividade profissional ao abrigo da “Recomendação do CRUP”

NUNO MAURO SOARES CARDOSO

LUÍS MIGUEL TEIXEIRA VAZ

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Relatório Profissional com vista à obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, cumprindo o estipulado no ponto 5 do artigo 10.º do regulamento CRUP da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, sob a orientação do Professor Doutor Luís Miguel Teixeira Vaz.

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Nuno Cardoso ii

AGRADECIMENTOS

Num momento em que termina uma etapa importante da minha formação pessoal e profissional, existem pessoas às quais tenho de prestar o meu reconhecimento pelo papel que tem assumido na minha vida:

Ao Professor Luís Vaz, por ter a capacidade de transformar todos os momentos de conversa e troca de experiências, em autênticas formações de enriquecimentos pessoal e profissional, tendo a invariável qualidade de saber conduzir, alinhar e respeitar o modo como cada um executa os projetos a que se destina. Muito obrigado por todos os conselhos.

Aos que aceitaram participar neste estudo, pelas experiências únicas e memoráveis que me proporcionaram ao longo das sessões. Por outro lado, agradeço-lhes também pela confiança depositada em mim ao contribuir neste trabalho de forma tão exemplar, cordial e racional, não demonstrando qualquer receio em exprimir todos os conhecimentos que possuem mas, acima de tudo, as ideias pelas quais se regem, revelando-se serem mais do que Valiosos Profissionais, ou seja, Grandes Seres Humanos.

Aos meus Pais, Maria Soares e Nuno Cardoso, pela perfeição com que têm executado todo este percurso a meu lado, sendo que o amor, a dedicação, o respeito e a compreensão funcionam como equilíbrio e harmonia desta tríade, a qual tem o seu ponto alto o brilhar do olhar destes dois progenitores.

Pelo teu amor e compreensão em todos os momentos. O brilho dos teus olhos ilumina a minha vida. Marisa Bessa

A todos aqueles que não estão aqui mas cuja importância é por mim reconhecida, um MUITO OBRIGADO!

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Nuno Cardoso iii ÌNDICE AGRADECIMENTOS ... ii ÍNDICE ... iii ÍNDICE DE QUADROS ... iv LISTA DE ABREVIATURAS...v RESUMO ... vi ABSTRACT ... vii INTRODUÇÃO... 1 1. REVISÃO DE LITERATURA ... 5

1.1 Intermediário FIFA - Legislação ... 5

1.2 Modus operandi intermediário FIFA ... 6

1.3 Scouting ... 7

1.3.1 Scout e competências ...8

1.4 Liderança e coaching... 9

1.5 O sucesso e o insucesso na observação ... 10

1.5.1 O talento...11

1.5.2 Identificação, seleção e desenvolvimento de talento ...12

1.5.3 Via científica VS Via da experiência ...13

2. METODOLOGIA ... 16

2.1 Caraterização da amostra ... 16

2.2 Metodologia de pesquisa ... 17

2.3 Procedimentos de recolha de dados ... 18

2.4 Procedimentos de tratamento de dados ... 18

3. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ... 20

3.1 QUESTIONÁRIO INTERMEDIARIO FIFA – PERCURSO PARA O SUCESSO 20 3.1.1 DIMENSÃO EM ESTUDO - Formação pessoal académica e/ou profissional...20

3.1.2 DIMENSÃO EM ESTUDO - Acerca das transferências ...22

3.1.3 DIMENSÃO EM ESTUDO - Auto-percepção das competências e conhecimentos ...23

4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 28

CONCLUSÃO ... 34

PROPOSTAS FUTURAS DE INVESTIGAÇAO ... 36

REFERÊNCIAS ... 38

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Nuno Cardoso iv

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1. Cargas factoriais na composição dos factores. Quadro 2. Cargas factoriais na composição dos factores. Quadro 3. Cargas factoriais na composição dos factores.

Quadro 4. Estatística percentual do valor atribuído à real importância dos IF.

Quadro 5 - Estatísticas descritivas dos jogadores de futebol representados pelos IF. Quadro 6. Estatísticas descritivas das transações de jogadores de futebol.

Quadro 7. Cargas factoriais na composição dos factores.

Quadro 8. Estatística percentual do valor atribuído à dificuldade na identificação de atletas para intermediação.

Quadro 9. Estatística percentual do valor atribuído à dificuldade em conseguir transferir os jogadores para equipas de futebol profissional.

Quadro 10. Estatística percentual do valor atribuído à dificuldade em negociar os atletas com as equipas de futebol.

Quadro 11. Estatística percentual do valor atribuído à dificuldade em negociar um contrato de intermediação com os jogadores de futebol.

Quadro 12. Estatística percentual do valor atribuído à opinião dos intermediários FIFA para a previsão das transferências nos próximos anos.

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LISTA DE ABREVIATURAS IF – intermediário FIFA JF – jogador de futebol

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RESUMO

Nas últimas décadas a evolução do futebol tem sido significativa no modo como se identificam jogadores, para superar os limites da capacidade humana e com potencial para continuar a bater recordes. Um dos promotores desta evolução tem sido o intermediário FIFA, tendo como missão identificar os melhores jogadores e apresentá-los aos clubes. Deste modo foram delineados os seguintes objetivos para o presente trabalho: (1) identificar a formação pessoal académica e/ou profissional do(s) inqueridos ao longo da(s) sua(s) carreira(s), e qual a influência para o exercício da profissão de intermediário FIFA; (2) definir o modus operandi dos inqueridos acerca das transferências dos jogadores de futebol; (3) Identificar a auto-percepção das competências e conhecimentos para ser um intermediário FIFA de excelência. Para o efeito foram analisados doze intermediários FIFA e a informação proveniente desses questionários foi submetida a uma análise quantitativa. Da análise e discussão dos inquéritos, foi possível extrair algumas conclusões, das quais se destacam as seguintes:

Relativamente ao primeiro objetivo: Formação pessoal académica e/ou profissional. Os principais passos dos intermediários FIFA para chegarem até aqui foram os valores familiares e humanos. As pessoas que mais marcaram o percurso dos intermediários FIFA são os amigos e colegas de trabalho. Os princípios de vida e valores dos intermediários FIFA são honestidade, companheirismo, profissionalismo, responsabilidade e ambição.

Considerando o segundo objetivo: Acerca das transferências dos jogadores de futebol. A importância dos intermediários FIFA nas transferências dos jogadores de futebol constatou-se como principais capacidades a intermediação e a organização. Os intermediários FIFA no processo de negociação são muito importantes. Os jogadores de futebol quando consideram uma oferta de clubes portugueses têm como propósito a projecção para clubes de maior dimensão e a experiência profissional.

No último objetivo: Auto-percepção das competências e conhecimentos dos intermediários FIFA. Para os intermediários FIFA as seguintes tarefas são fáceis: identificar jogadores de futebol para a intermediação, transferência de jogadores de futebol para equipas de futebol profissional, negociar os jogadores de futebol com os clubes, negociar contratos de intermediação com jogadores de futebol e a previsão das transferências dos jogadores de futebol nos próximos anos é boa.

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ABSTRACT

In recent decades the evolution of football has been significant in how they identify players to overcome the limits of human capacity and potential to continue to break records. One of the promoters of this development has been the FIFA intermediary, with the mission to identify the best players and introduce them to clubs. Thus it was outlined the following objectives for this study: (1) identify the academic staff training and / or professional (s) surveyed along the (s) your (s) career (s), and the influence to exercise of FIFA intermediary profession; (2) define the modus operandi of the surveyed about transfers of football players; (3) identify the self-perception of the skills and knowledge to be a FIFA intermediate excellence. For this purpose were analyzed twelve intermediate FIFA and the information from these questionnaires was subjected to a quantitative analysis. Analysis and discussion of the surveys, it was possible to draw some conclusions, which are highlighted as follows:

Regarding the first objective: academic and / or professional staff training. The main steps of the FIFA intermediaries to arrive here were the family and human values. People that marked the route of the FIFA intermediaries are friends and co-workers. The principles of life and values of FIFA intermediaries are honesty, fellowship, professionalism, responsibility and ambition.

Considering the second objective: About transfers of football players. The importance of the FIFA intermediary in transfers of footballers was found as core capabilities intermediation and organization. The FIFA intermediary in the negotiation process are very important. Football players when they consider an offer from Portuguese clubs have the purpose of projection for bigger clubs and professional experience.

In the ultimate goal: Self-perception skills and knowledge of FIFA intermediaries. For FIFA intermediaries the following activities are easy: identify football players for brokerage, transfer of football players to professional football teams, negotiate soccer players with clubs, trade intermediation contracts with football players and forecasting transfers of football players in the coming years is good.

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Nuno Cardoso

INTRODUÇÃO _____________________________________________________________________

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INTRODUÇÃO

“A única forma de chegar ao impossível, é acreditar que é possível”, Lewis Carroll

A literatura refere que está por identificar os principais domínios de ação e os conhecimentos utilizados pelos intermediários FIFA (IF) no exercício das suas funções, de modo a ser possível aceder a uma compreensão mais objectiva das exigências desta atividade (Taylor, 2008). A investigação torna-se benéfica quando as pesquisas se centram nos profissionais que representam modelos de sucesso nas respetivas modalidades. Estes fornecem maior informação sobre a complexidade inerente à gestão das equipas e ao tipo de procedimentos mais ajustados e eficazes no que respeita à concretização dos objetivos definidos. Ainda está por analisar as rotinas de trabalho dos IF, bem como os processos cognitivos envolvidos na forma como planeiam e implementam as estratégias de negócio.

O número de transacções internacionais de jogadores de futebol é crescente e acaba por merecer especial destaque. Neste cenário, verificamos o aparecimento de profissionais de varias áreas que trabalham no auxílio aos atletas e clubes nos processos de identificação e selecção de jogadores, bem como na condução e celebração de contrato de trabalho desportivo.

Presente na nova indústria global do entretenimento, o futebol ocupa uma posição muito especial, enfrenta um enorme crescimento há pelo menos quinze anos, arrecadando uma parte economicamente relevante no setor dos serviços financeiros (Frick 2007). Atualmente possui uma capacidade de intervenção maior do que as próprias quatro linhas do campo e as suas construções são terreno fértil para a economia.

Em vários países do mundo, onde as disparidades sociais são consideravelmente grandes e a miséria é presente, jogar futebol continua a ser considerado como uma das diminutas oportunidades de ascensão social nas mentes da população (Jacobs e Duarte, 2006). A exportação é notória ao ponto dos atletas, com idades compreendidas entre 16 e 18 anos, integrarem equipas europeias antes mesmo de se consagrarem em competições dos seus países oriundos.

No futebol o aumento da profissionalização da atividade, despoletou o surgimento de vários profissionais, entre eles os IF. Eles necessitaram de amparo

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legal nos seus países, e também de adequações neste novo cenário do futebol profissional.

Em diversos países o desporto instigou nos legisladores a redacção de regulamentos e leis para amparar tais atividades dentro das suas jurisdições. Desta forma, a influência do Estado é notória e mostra-se indiscutível perante inúmeros países com efectiva tradição no desporto, conforme se refere:

 Itália: pluralidade de lei desportiva com caracter estadual, e onde se faculta caracter privado;

 França: a regulamentação do desporto é função concreta do Estado, como serviço público administrativo;

 Espanha e Portugal: o Estado regulamenta o desporto e amparado pela constitucionalização;

 Alemanha: disposições legais acerca do desporto é praticamente inexistente;  Brasil: é amparado pela Lei 9.615/98 é um direito previsto pela constituição

nacional. (Brito, 2009).

A necessidade de melhoramento na gestão do futebol mundial levou os órgãos competentes a tratarem de trabalhar na criação e promulgação da legislação, capaz de suportar questões inerentes. Também, casos práticos suscitaram o início do ordenamento jurídico-desportivo (Andreff e Szymanski, 2006).

As transações internacionais de jogadores de futebol percorreram um longo caminho até atingir a dimensão dos dias de hoje. Durante anos as entidades competentes não estavam preparadas para legislar esta atividade internacional. A irregularidade das transferências internacionais revelou-se intensa e houve a introdução de regulamentos ligados particularmente à migração destes jogadores (Leoncini 2012).

O número de transacções internacionais realizadas pelo IF é crescente e acaba por merecer especial destaque. Desta forma foram delineados os seguintes objetivos: (1) identificar a formação pessoal académica e/ou profissional do(s) inqueridos ao longo da(s) sua(s) carreira(s), e como o(s) influenciaram para o exercício da profissão de IF; (2) definir o modus operandi dos inqueridos acerca das transferências de jogadores; (3) Identificar a auto-percepção das competências e conhecimentos para ser um IF de excelência.

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Para concretizar os objetivos foram analisados doze IF conceituados e com uma carreira profissional a nível nacional e internacional. Estão atualmente a exercer funções. A partir da informação que os IF revelaram, procuramos definir a interacção entre as experiências que vivenciaram com as ideias que apresentam e procuram exponenciar, bem como a forma como concretizam no plano prático o que pensam sobre as experiências que influenciaram para o exercício da profissão e as caraterísticas dos intermediários de excelência

A partir destes pressupostos a dissertação está estruturada em oito pontos. Na introdução é exposto o problema, a delimitação do tema, apresentação e pertinência e os objetivos.

No primeiro ponto será a revisão da literatura, que refere a contextualização das ideias.

O segundo ponto destina-se à explicação da metodologia aplicada neste trabalho, bem como a justificação para as categorias de análise de conteúdo construídas, percepcionadas e registadas através dos inquéritos.

No terceiro ponto apresentamos os resultados de acordo com a estatística utilizada neste estudo.

No quarto ponto discutimos os nossos questionários, confrontando aquilo que é referido pelos participantes com aquilo que encontramos na nossa revisão de literatura.

No quinto ponto apresentam-se as conclusões mais importantes que revelam o alcançar dos objetivos propostos.

O sexto ponto são propostas futuras de investigação

O sétimo ponto designa as referências que foram consultadas para a realização deste estudo.

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1. REVISÃO DE LITERATURA _____________________________________________________________________

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1. REVISÃO DE LITERATURA

1.1 Intermediário FIFA - Legislação

Em 1998 a FIFA começou a licenciar os agentes de jogadores de futebol e denominava estes profissionais de "agentes de futebol FIFA". Mas em 2001 alterou os regulamentos e as licenças passaram a ser emitidas pelas federações nacionais. Recentemente, a FIFA procedeu a uma grande mudança e utiliza nos seus documentos oficiais o termo de "intermediário FIFA" quando menciona o profissional encarregue de intermediar as negociações entre clubes e atletas de futebol. No seu principal documento que gere esta carreira designa-se "Regulamentos sobre como trabalhar com intermediários da FIFA", ou "Regulations on Working with Intermediaries da FIFA", datado de 2014 (Decreto-Lei n.º 248-B/2008, de 31 de dezembro, na redação que lhe foi conferida pelo Decreto-Lei nº 93/2014, de 23 de junho, e no nº 2 do artigo1º do Regulations on Working with Intermediaries da FIFA, aprovado pelo Congresso de 10 e 11 de junho de 2014. Desta forma o IF são aqueles profissionais que:

"(...) com capacidade jurídica, contra remuneração ou gratuitamente, representa o jogador ou o clube em negociações, tendo em vista a assinatura de um contrato de trabalho desportivo ou de um contrato de transferência (...)"

No futebol mundial e também nesta dissertação a correta designação para esta profissão é intermediário FIFA.

Esta profissão atingiu uma importância do futebol, devido às elevadas quantias envolvidas nas negociações e pelo crescente número de profissionais existentes (Barbosa, 2005). A intervenção dos IF é uma das especificidades mais importantes do contrato de trabalho desportivo e de essencial relevância na negociação dos referidos documentos (Baptista, 2006). O aumento dos salários no futebol acarretou o maior uso dos IF, cujos serviços são requeridos por jogadores no auxílio na negociação contratual (Comissão das Comunidades Europeias, 2007).

O registo dos IF é descrito no artigo 6º do decreto citado anteriormente que refere os requisitos básicos que esclarece a posição fulcral dos intermediários que regulamenta a posição destes profissionais no mercado de transferências do futebol.

O intermediário possui basicamente funções de intervir entre jogadores e clubes nos momentos de negociação ou renegociação dos respetivos contratos de trabalho

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ou transferências entre clubes, mas hoje em dia já vai além destas funções (Barbosa, 2005).

Os outros atributos do IF estendem-se para além de assessoria jurídica, pessoal, financeira, marketing (Parrish, 2007) bem como na identificação jogadores com potencial para apresentar aos clubes, que se designa por scouting. É neste parâmetro da identificação, selecção e desenvolvimento do talento de jogadores que se incide uma parte da minha atividade profissional, que tem como objetivo identificá-los, para posteriormente enquadrar no clube que apresenta as melhores condições para os receber. Como vamos descrever no próximo capítulo (modus operandi IF).

Alguns IF estabelecem uma rede de profissionais com diferentes competências, capazes de operacionalizar um trabalho em equipa, com o objetivo de responder aos interesses do futebol.

Os IF lucram com as transferências dos jogadores, como estipulado no artigo 11º do Decreto-Lei nº 93/2014, de 23 de junho, e no nº 2 do artigo1º do Regulations on

Working with Intermediaries da FIFA, aprovado pelo Congresso de 10 e 11 de junho

de 2014 das seguintes formas:

“Quanto ao Intermediário que tenha sido contratado para agir em nome de um jogador, 5% do rendimento bruto do jogador correspondente ao período de duração do contrato de trabalho”;

“Quanto ao Intermediário que tenha sido contratado para agir em nome de um clube, para fins de celebração de um contrato de trabalho com um jogador, 5% do rendimento bruto do jogador correspondente ao período de duração do contrato de trabalho”;

“Quanto ao Intermediário que tenha sido contratado para agir em nome de um clube, para fins de celebração de um contrato de transferência com um jogador, 5% do eventual prémio de transferência pago em relação à transferência do jogador, sendo ainda possível a remuneração sujeita a condições futuras”.

1.2 Modus operandi intermediário FIFA

A forma como uma organização está implementada é fulcral para alcançar os objetivos propostos. Os IF estabelecem uma rede de profissionais com diferentes competências, capazes de operacionalizar um trabalho em equipa, com o objetivo de responder aos interesses do futebol.

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O perfil e o conceito de jogador procurado e requisitado para integrarem as equipas de formação profissional está bem definido pelo IF. Mas no futebol é inerente uma grande variedade de ações, sensações e emoções todas elas com uma estreita relação entre si (J. Cunha, 2007).

Na competição não se pode desfrutar de uma vantagem competitiva exclusiva e sustentável, dado que a velocidade das escolhas certas é um ponto importante para o sucesso e é medido principalmente em dinheiro.

A competitividade está ao mais alto nível e deve-se incorporar criativamente os novos factores da realidade para não se ficar deslocado do ambiente competitivo e de superação. Quem inova mais cedo, planeia mais precocemente e cria mais depressa está em vantagem. O scouting enquadra-se nesta perspectiva, uma vez que se orienta para a detecção, selecção e desenvolvimento do potencial de jovens valores. O propósito do scouting é para reduzir custos e gerar lucros nas transferências futuras de jogadores (Holder, 1995).

No momento da contratação de um jovem jogador os clubes consideram vários factores, nomeadamente a idade, devido à margem de progressão, a vida familiar, a adaptabilidade num novo país e também procuram saber se os atletas são indivíduos conflituosos, pois poderá traduzir-se em problemas na equipa e na relação com os seus pares. As doenças e a predisposição a lesões são outras características da avaliação, porém complexas de avaliar. Mas existem casos em que as transferências não foram realizadas devido a esta problemática.

Para alcançar o patamar superior a imaginação humana tem de ser a vantagem competitiva de qualquer IF (Holder 1995). Neste sentido Lopes (2005) refere que o scouting tem diversas tarefas, nomeadamente, analisa a equipa adversária ou a observação de jovens talentos que também é conhecido como prospecção (Wooden, 1998). O objetivo da prospecção é contratar jogadores economicamente acessíveis mas com um potencial imenso. Quem realiza estas detecções, salvo algumas exceções, são os IF que revelam aos clubes quais os jogadores a contratar.

1.3 Scouting

O conceito scouting abrange diferentes domínios, nomeadamente a observação realizada a uma equipa adversária que tem como objetivo entender o efeito que uma equipa terá na nossa (Wooden, 1998), bem como a observação de jovens valores (entendido também como prospeção).

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Em alguns desportos no nível sénior, a identificação de jovens valores serve para elevar as grandes equipas com maiores habilidades, e as mais pequenas com maiores capacidades financeiras, numa operação de perda, por um lado, e de lucro, por outro. Temos o exemplo do draft na NBA, em que cada possibilidade de escolha para cada equipa, é um fator importante para as reais possibilidades de sucesso dessa equipa nos anos vindouros. Esta gestão de recrutamento organizou-se a nível global (Silva, 2009).

Atualmente a tendência é reduzir custos e gerar lucros (Holder, 1995) e o scouting é uma boa ferramenta para este objetivo. Os clubes aperceberam-se da vitalidade de formar os seus próprios jogadores e de os preparar para a carreira sénior nos respetivos clubes. Os escalões de iniciação são entendidos como uma fonte de recursos, de onde se extrairá qualidade, de forma a se conseguir obter equipas competitivas com jogadores ajustados ao perfil desejado.

Segundo Giddens (2000) é necessário criar novos fatores da realidade para não se ficar deslocado do ambiente competitivo e de superação. A competitividade é de tal ordem, que é crítico inovar mais cedo, planear mais precocemente e criar mais depressa. O scouting enquadra-se nesta perspectiva, uma vez que se orienta para a deteção e seleção de jovens valores, a um ritmo cada vez mais elevado.

Os clubes de maior dimensão acompanham, aliciam e contratam jovens atletas, oriundos de equipas de menor expressão, para integrarem os seus escalões base, oferecem maiores e melhores possibilidades de treino, melhores perspetivas de futuro e maior acompanhamento no processo de desenvolvimento geral do indivíduo. O scouting, consiste em planeamento de jogos a acompanhar, identificação de carências nas respetivas estruturas das equipas e elaboração de relatórios.

1.3.1 Scout e competências

O termo scout no Dicionário Inglês-Português (2011) significa observador, sentinela e induz-nos em ir à descoberta.

A utilidade do scout enquadra-se nas seguintes formas, desde a quantificação da finalização, passes, faltas, até à troca de impressões entre o técnico e os auxiliares nos intervalos, além de ser um ‘registo estatístico’ de um conjunto de jogos ou de uma temporada inteira, que contribui para as soluções de médio e longo prazo dos problemas das equipas (Drubscky, 2003).

As competências para o desempenho eficaz da função são: disponibilidade temporal e comportamental, formação e uma informação sustentada sobre o objeto e ainda a isenção e imparcialidade, de modo a colocar-se num estado neutro de

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emoção. Há ainda a destacar o conhecimento do jogo, o possuir uma mente aberta, a descrição de factos e nunca emitir opiniões, o perfecionismo e conhecer o nível de performance dos jogadores da sua equipa de origem (Proença,1982).

Os scouts das equipas de formação e os das equipas profissionais, julgamos que as competências não divergirem muito umas das outras. Mas perante certos parâmetros da avaliação, terá que ser necessariamente diferente.

1.4 Liderança e coaching

A liderança é um dos atributos fundamentais para o IF para acompanhar as mudanças, mas sobretudo ser capaz de antecipar. Para Costa (2010) a liderança é um conceito difícil de definir, pois sofreu diversas interpretações teóricas ao longo dos anos recentes, e não existe um conceito unívoco, devido à sua complexidade e ambiguidade.

Os líderes de forma geral emancipam-se nas alturas cruciais, nos momentos de maior aperto e tensão, e revelam todo o seu caracter para alcançar o sucesso. É um gestor de emoções, atos e esclarecido quando os pensamentos e as visões estratégias ficam turvas e distorcidas. Estas pessoas controlam e dominam os processos críticos da organização, reflectem os casos em que o resultado individual impulsiona o resultado organizacional (Mirallés, 2006).

Os processos da liderança no IF não estão bem esclarecidos. Um líder atua de acordo com a situação, a emoção e a adrenalina do momento, enquanto o IF, tem uma visão global, conhece toda a orgânica da administração, o que lhe requer uma grande capacidade para fazer frente às novas exigências do fenómeno desportivo e de todas as organizações envolvidas no desporto (Drucker, 2002). A utilização do coaching como forma de congregar a liderança é fundamental.

O coaching é uma habilidade que se desenvolve ao longo da vida, e não diz respeito unicamente ao desporto. É muito mais que liderar uma equipa no terreno de jogo. Diz respeito à obtenção de resultados de forma competente, coerente e assertivos nas tarefas e interligações realizadas. Centra-se na ideia de como gerir uma equipa e um grupo produtivo, foca-se principalmente em como atingir o êxito.

O coaching implica muita motivação, inspiração e conduzir as pessoas para patamares elevados, de acordo com uma lógica intuitiva. É um processo directivo através de qualquer pessoa, um IF ou gestor do desporto para orientar um subordinado para as realidades do seu local de trabalho, assistindo para a remoção de barreiras para a obtenção de uma performance de trabalho (Holliday, 2001).

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Neste sentido, Holliday (2001) refere que o percurso para o êxito está ligado à comunicação, não apenas no sentido descendente mas em completos intercâmbios. A comunicação tem por base deixar o ego de parte e ficar na posição de escuta.

1.5 O sucesso e o insucesso na observação

O sucesso é o desejo de toda e qualquer pessoa. É o que nos move, e nesse sentido procedem-se a alterações estruturais de orientação, e até de investimento. Pode ser medido por vários parâmetros, dependendo do ponto em que interessa avaliar a pessoa em causa. Para alcançar o sucesso, a motivação e a persistência são os combustíveis que movem a pessoa.

A importância da gestão está na tomada de decisões, e cabe ao gestor tomar decisões, sobre quais os objetivos e estratégias que sejam relevantes aplicar e também organizar os recursos humanos, materiais e financeiros disponíveis, de forma a corresponderem com o planeamento efectuado (G. Pires, 2005).

Para Carvalho (2000) é fundamental a criação por parte do gestor do desporto, um sistema coerente de procedimentos tendo em vista as tomadas de decisão. Como forma a poderem determinar quais os objetivos e metas a alcançar. Sem esquecer a função de motivar os membros da organização desportiva, para que estes trabalhem coordenadamente e de um modo unido, passando pelo efetivar de uma seleção coerente das atividades a concretizar, de modo a se verificar o atingir das metas organizacionais. Como refere Porter (1986) uma empresa sem planeamento corre o risco de se transformar numa folha seca, que se move ao capricho dos ventos da concorrência.

O scouting imerge através da observação. É pelo processo de observação que o Homem recolhe os mais variados tipos de interação com o meio envolvente (Sarmento, 2005). Esta é a grande definição de observação. Se não soubermos o que observar, como podemos seleccionar os melhores atletas. Mas a observação é somente uma parte do processo que diz respeito ao scouting.

O que interessa em scouting é ‘observar’ e captar os pormenores que porventura distinguem o lance ocasional do lance treinado, o jogador mediano do jogador de excelência.

A capacidade de observar não é considerada inata. É possível aperfeiçoar continuamente aperfeiçoado, (Lopes, 2005). A observação não é um dom natural mas uma atividade altamente qualificada para a qual é necessária não só um grande conhecimento e uma compreensão de fundo, como também a capacidade de

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desenvolver raciocínios originais e a habilidade para identificar acontecimentos significativos (Bell, 1997).

1.5.1 O talento

O objetivo do scouting é identificar o talento. Mirallès (2006) define talento como excelência na capacidade de execução, acrescentando que o talento esta em contacto com a perfeição em determinada atividade, e como não há um máximo absoluto de perfeição, é avaliada, num momento e num determinado contexto, através da comparação do nível de desempenho aos seus semelhantes.

O talento desportivo é multifacetado e manifesta-se sob diversos prismas. As caraterísticas antropométricas ou as capacidades condicionais não definem por si só o talento desportivo. Existe uma dependência entre organização e talento. As organizações oferecem as melhores condições para o desenvolvimento do talento, que permitem uma busca pela excelência na sua plenitude (Rogulj, 2009).

Existem momentos em que o talento se demonstra mais latente, contudo nunca é tarde demais para este se expressar. As idades que se consideram mais importantes para se identificar (entre os 12 e os 18 na maioria dos desportos) correspondem à fase em que tem que ser alcançado a maior parte do progresso no desporto, tendo em vista o alcance da performance (Brettschneider, 1999).

O talento desportivo resulta da combinação das capacidades físicas, como a força, a resistência e a velocidade e também das capacidades antropométricas e ainda das capacidades psicológicas, como a confiança e a concentração, e além dos fatores inerentes ao próprio individuo. Para Vaeyens et al. (2008), o talento é a excelência superior das habilidades desenvolvidas em qualquer campo da atividade humana, com a presença entre os melhores. Simonton (1999) defende esta ideia ao afirmar que o talento emerge de processos multidisciplinares, multiplicativos e dinâmicos. Um jovem talento é um indivíduo que apresenta uma capacidade acima da média e se demarca dos restantes de forma nítida. Vaeyens et al. (2008) defendem que um mínimo de 10 anos, equivalente a 10 000 horas, de prática intensiva, é necessária para adquirir habilidades e experiência na persecução da excelência em qualquer desporto.

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1.5.2 Identificação, seleção e desenvolvimento de talento

É impossível afirmar que uma criança de 7 ou 8 anos vai ser o melhor avançado do mundo, dado que existem muitos fatores que podem influenciar negativamente a evolução de um atleta. Os jovens têm os seus próprios interesses e sonhos e não cabe aos adultos usá-los como marionetas para alcançar aquilo que eles próprios nunca alcançaram. Starkes (1996) apontam fatores como o caráter, a sorte, o envolvimento e as lesões como influenciadores dos resultados competitivos e acrescenta que a prática não explica tudo.

A identificação e seleção de jovens valores não é algo simples e matemático. Identificar e desenvolver indivíduos talentosos, é um elemento importante do desporto, que está no topo da pirâmide. Em mais nenhuma atividade o processo e tão exaustivo. E nenhuma área se aprofundou tanto no conceito como o futebol, apesar da previsão do sucesso ser bem mais fácil em desportos ‘fechados’ do que em desportos ‘abertos’ porque, os movimentos são menos afetados pelo ambiente e espera-se que menos pressupostos tenham impacto na performance (Vaeyens et al., 2008).

Nos escalões com idades compreendidas entre os 6 e os 11 anos a concorrência é significativa. Nestas idades diversos fatores exercem influência sobre os jovens atletas para continuar ou não a praticar futebol. É frequente a criança querer tudo e estar susceptível a diversas atividades, o que não é prejudicial. Mas o investimento por parte dos pais e dos clubes fica assim comprometido. Este acaso pode ter um importante papel no processo do talento, já que eventos incontroláveis, como as lesões, o rendimento familiar, a qualidade da instrução, asseguram que o desenvolvimento do talento não é uma probabilidade empresarial (Vaeyens, 2008).

Nestas idades, é importante focarmo-nos nas habilidades e nas caraterísticas que poderão ser relevantes em idade sénior e na progressão da aprendizagem, dado que não é possível uma criança reproduzir a ação desportiva de um adulto.

Para se ser um jogador de alto nível, não basta nascer com talento, é necessário muito treino, até porque fatores múltiplos têm impacto no desenvolvimento atlético da criança (MacDonald, 2011).

As habilidades são caraterísticas normalmente estáveis, que apresentam apenas ligeiras mudanças com a prática e o tempo. O que as faz evoluir é o treino orientado estruturado para a progressão metodológica do ensino. O potencial de um indivíduo é concebido essencialmente por um conjunto de recursos ocultos, mas também com capacidade para evoluir, e portanto, o potencial é equivalente a uma espécie de capacidade de aprendizagem continua, que no futebol tem o seu expoente máximo por volta dos 24 anos (Mirallès, 2006).

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A combinação de fatores genéticos, e da motivação, oportunidade, ambiente, e bem como do efeito destas variáveis nos traços fisiológicos, psicológicos e físicos do jovem, são fulcrais para perceber que atletas com predisposição genética desfavorável, não podem ser logo excluídos se apresentarem bons índices noutras caraterísticas relevantes para a prática do futebol (Adegbesa, 2010). Dado que ainda podem alcançar níveis de excelência de performance, se tiverem um ambiente propício para tal, bem como suceder o contrário, com indivíduos geneticamente dotados (Philips et al., 2010).

A maturidade biológica é uma variável importante na avaliação da performance de forma mais rigorosa e mais relevante que a idade cronológica (Baxter-Jones, 1995), se bem que uma maturação muito precoce pode induzir em erro na seleção de talento. O físico não é, de forma alguma, a única determinante do sucesso desportivo. Dado que os atributos físicos e biológicos, não são preditores de habilidade num desporto colectivo. O desenvolvimento do talento é multifatorial, de acordo com o ambiente em que é apresentado (Simonton, 2001). Nesta fase, é fundamental entender que a idade cronológica e a maturidade biológica raramente progridem paralelamente (Katzmarzyk 1997). Com o aumento da idade, a população de atletas de sucesso torna-se mais homogénea no que respeita ao seu perfil físico e fisiológico e as variáveis fisiológicas são identificadas como o principal indicador de sucesso (Orlick e Partington, 1988).

Na área do desenvolvimento de talento, o conhecimento sobre o que distingue o bom da excelência, é fulcral. Esta capacidade distingue as pessoas com capacidade para identificar jovens com talento (Jonker et al., 2010). Para decidir por uma contratação de um jovem talento, só o tempo vai responder de forma eficaz. Mas segundo Davis (1990), algumas pessoas são avaliadoras talentosas, aplicando mais ou menos inconscientemente, o conceito correto, bem definido a um jogador e fazem com precisão. Podem ser incapazes de dar uma definição clara de jogador de futebol mas reconhecem um jogador de excelência.

1.5.3 Via científica VS Via da experiência

A capacidade de avaliar um jogador e decifrar se tem potencial é uma arte, uma habilidade adquirida na aplicação do conhecimento sobre futebol e algumas pessoas são capazes de aplicar esta arte, ano após ano, em campo (Davis, 1990).

Identificar e desenvolver atletas com potencial, sempre requisitou um conhecimento extensivo das exigências da performance de um desporto, uma

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avaliação precisa das capacidades de um atleta em relação a estas exigências e uma habilidade em prever futuros níveis de performance. Os clubes recorrem à experiência dos scouting (normalmente, ex-treinadores) e usam o método da intuição para identificar os jogadores (Day, 2011).

Existe quem defenda que a seleção deve ser realizada pela componente científica. Rogulj et al. (2009) refere que a seleção baseia-se em julgamentos não científicos e subjetivos. Cleary (2006) não negam que a excelente performance desportiva dependa das caraterísticas físicas inatas e do treino físico, mas assumem que pode ser ainda mais atribuída a fatores cognitivos.

Algumas componentes não são passíveis de observação por vídeo, caso das propriedades mensuráveis, como o peso, altura e velocidade, e outras como o caráter, rapidez e controlo corporal, força e explosão, alerta mental e competitividade (Chipman et al., 1970).

Atualmente devido ao volume de informação que os clubes têm acesso, a quantidade enorme de jogadores a observar e a avaliar e o custo destes testes científicos levam os clubes a optarem pelo método tradicional, até porque tem dado frutos regularmente (Day 2011). Ainda subsiste como o crucial estádio de identificação de talento, a visão expert do observador. As conquistas e o sucesso no desporto são multideterminados e influenciados por uma interação complexa de vários componentes relacionados com a situação de ação, tal como a habilidade do indivíduo ou o ambiente. Dado que a avaliação terá que se orientar sobre todos os fatores em conjunto e nunca avaliar um e outro isoladamente. Tem de ser complexa estruturada e que contemple o todo como o talento.

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2. METODOLOGIA _____________________________________________________________________

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2. METODOLOGIA

2.1 Caraterização da amostra

A escolha dos participantes da amostra foi bastante criteriosa para que a qualidade fosse indiscutível e para que aquilo que eles pudessem referir, seja substancial e de referência, com o intuito de esclarecerem vários dos aspectos abordados na revisão bibliográfica.

Chamamos a atenção do leitor para o facto de haver alguns IF sobre os quais não nos podemos pronunciar sobre a sua identificação e caraterização, dado o seu nível de confidencialidade, mas aceitaram participar no estudo.

De acordo com o que foi dito, os IF que além de participarem no estudo aceitarem ser identificados e caraterizados foram:

- Carlos Neto (Diretor executivo na empresa CNFOOT).

No seu percurso como jogador, foi avançado e representou os seguintes clubes: Gafanha, U. Micaelense, Imortal, Águeda, Lusitânia lourosa, Sanjoanense, Os Sandinenses, Feirense, Beira-Mar, At. Cucujães e Esmoriz, D. Sandinenses. Após terminar a carreira desportiva licenciou-se em gestão e seguiu a carreira de IF, porque sempre estive ligado ao futebol e utilizou os seus contactos para iniciar a profissão. Representa os seguintes jogadores de futebol: Agostinho Carvalho – Fafe, Augusto Pereira – Slask Wroclaw, Carlão – Barrosas, Diego Zílio – Torreense, Eduardo Jumisse – 1º de Agosto, Fidélis – Penafiel, Filipe Melo – Sheffield Wed., Hugo Santos – Santa clara.

- Luís Gomes (Diretor executivo na empresa Footconect).

No seu percurso como jogador, foi defesa e representou os seguintes clubes: Sanjoanense, Ovarense, Vilanovense, U. Lamas e Sp Espinho. Após terminar a carreira desportiva geriu os negócios do jogador Ariza Makukula (SL Benfica). Depois utilizou os seus contactos para iniciar a carreira de IF. Representa os seguintes jogadores de futebol: Antunes – Dynamo Kyiv, Hélder Barbosa – AEK, José Coelho – Al Hala, Luís Carlos – Al-Ahli Jeddah, Bernardo Tengarrinha – Boavista, Rafael Batatinha – Santa Clara, Paulo Roberto – Montalegre, Alex Freitas – V. Guimarães, Nélson Lenho – Chaves e Cláudio – Vizela.

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No seu percurso como jogador, foi médio defensivo e representou o Canelas. O luís Gomes contratou-o para trabalhar na empresa Foofconect e também representa os jogadores de futebol anteriormente citados.

- Paulo Patrício (Diretor executivo na empresa Carreiragest).

Iniciou a sua carreira de IF após terminar a licenciatura em Economia. Representa os seguintes jogadores de futebol: Elísio Esteves – Sanjoanense, Ricardo Pedrosa – Gondomar, Tiago Carvalho – Grijó, Pena – Alvarenga, Pedro Sá – Oliv. Douro, Pedro Carnoto – Oliv. Bairro, Ricardinho – Grijó, Luis Costa – Sousense e Pedro Tavares – Bustelo.

Segundo o mencionado, os participantes manifestam todas as caraterísticas para a execução deste trabalho. A partir de uma totalidade de 139 IF registados pela FPF participaram deste estudo doze (n=12) profissionais portugueses atualmente inseridos no mercado de transferências, sendo este um pré requisito para a participação neste estudo. Exercem unicamente a profissão de IF. Os nossos participantes foram todos do sexo masculino, com idades compreendidas entre 23 e 57 anos (média = 41,58; desvio padrão = 9,85). Não possui habilitações académicas 8 (66,7%) IF e 4 (33,3%) possui. O número de JF que os IF já representaram varia entre 15 e 150 (média = 63,3; desvio padrão = 45,24). As transações de JF que os IF realizam por ano variam entre 3 e 30 (média = 13,3; desvio padrão = 9,5)

2.2 Metodologia de pesquisa

Para a concretização dos objetivos definidos para o estudo, elaboramos e validamos um questionário (ver anexo), uma vez que a literatura não fornece este tipo de instrumento. Por considerarmos ser o método mais adequado para atingirmos respostas às questões formuladas anteriormente. As questões tiveram opções de resposta baseadas na escala de Likert, que permite respostas com níveis variados de classificação, numa escala de 1 a 5. Já que possibilita uma maior sistematização dos resultados obtidos, tornando-se mais fácil automatizar o processo de análise e tratamento dos dados (Giddens, 2000).

As questões gerais de investigação definem os objetivos específicos deste trabalho: (1) identificar a formação pessoal académica e/ou profissional do(s) inqueridos ao longo da(s) sua(s) carreira(s), e como o(s) influenciaram para o exercício da profissão de intermediário FIFA; (2) definir o modus operandi dos inqueridos acerca

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das transferências de JF; (3) Identificar a auto-percepção das competências e conhecimentos para ser um intermediário FIFA de excelência.

2.3 Procedimentos de recolha de dados

Os questionários foram submetidos entre os dias 20 de Maio e 25 de julho de 2016, nos locais previamente estabelecidos pelos inqueridos. Antes do início dos mesmos, os inqueridos foram informados dos objetivos do estudo e da forma como o inquérito estava estruturado.

2.4 Procedimentos de tratamento de dados

Para analisar os dados, utilizou-se a estatística descritiva e a análise factorial, a qual possibilitou identificar as variáveis que agregam a maior parte da variabilidade presente no conjunto de dados, de forma a estudar a relação existente entre essas variáveis e validar o instrumento de pesquisa. A análise fatorial tem como objetivo principal explicar a correlação entre as variáveis calculados pela combinação linear. O critério da significância prática, que sugere que seja considerado com significância as cargas fatorais superiores a 0,5. Assim foi possível destacar as variáveis significativas em cada fator. As variáveis com maiores coeficientes são mais correlacionadas com o fator 1 ou 2. O fator 1 representa o eixo das abscissas e o 2 as ordenadas, quanto mais distante da origem das coordenadas estiver a variável, maior é a significância da mesma para a formação do fator, ou seja quanto mais próxima do circulo unitário maior é a sua representatividade. Utilizou-se o SPSS como auxilio para a análise dos dados.

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3. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS _____________________________________________________________________

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3. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

De seguida, apresentamos os resultados do nosso estudo e a respetiva análise do percurso para o sucesso do IF, tendo sempre em atenção os objectivos enunciados para o presente estudo.

Para validação do instrumento de pesquisa usamos a análise factorial, mas antes disso verificamos a existência de níveis de correlação aceitáveis entre as variáveis para o sucesso do resultado da análise.

A adequação da análise fatorial foi confirmada por meio dos testes de KMO e esfericidade de Bartlett, os quais possibilitam verificar a adequação dos dados à aplicação da análise factorial.

Para o teste de esfericidade de Bartlett, que verifica a presença de correlações entre as variáveis, obteve-se com a aproximação qui-quadrado um valor de 5.786,24 com 253 graus de liberdade e nível de significância de p << 0,001. O teste de KMO que verifica o grau de intercorrelações entre as variáveis, gerou um valor de 0,9417, o que sugere uma boa adequação dos dados à análise fatorial. Os valores obtidos neste teste variam de o a 1, quanto mais próximo de 1 mais adequado é a amostra à aplicação da análise fatorial (Lima, 2004).

A coerência interna entre as variáveis foi testada por meio do alfa de Cronbach que gerou um valor igual a 0,9409, que indica a alta confiabilidade das respostas atribuídas às questões. O alfa de Cronbach é um dos indicadores psicométricos mais utilizados para determinar a validade interna de um instrumento (Formiga, 2003).

No próximo capítulo para analisar os resultados do questionário, considerou-se o critério da significância prática, que sugere as cargas fatorais superiores a 0,5 como descrito no capítulo 2.4.

3.1 QUESTIONÁRIO INTERMEDIARIO FIFA – PERCURSO PARA O SUCESSO 3.1.1 DIMENSÃO EM ESTUDO - Formação pessoal académica e/ou profissional

A formação dos participantes está descrita na caraterização da amostra (capitulo 3.1).

3.1.1.1 Principais passos dos IF para chegarem até aqui

Pela análise do quadro 1 podemos verificar no fator 1 a variável mais significativa é a humana, seguida da familiar. No fator 2 a variável mais significativa é a económica, seguida da desportiva. As quatro variáveis destacadas estão relacionadas com os principais dos IF para chegarem até aqui.

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Quadro 1. Cargas factoriais na composição dos factores.

Variáveis Fator 1 Fator 2

Humana ,876* ,218 Social ,650* ,379 Económica -,403 ,839* Desportiva -,444 ,833* Familiar ,865* ,313 * P < 0.05

3.1.1.2 Quais as pessoas que mais marcaram o percurso dos IF

Pela análise do quadro 2 podemos verificar no fator 1 a variável mais significativa é amigo, seguida da colega de trabalho. No fator 2 a variável mais significativa é a familiar, seguida de professor. As quatro variáveis destacadas estão relacionadas com as pessoas que mais marcaram o percurso dos IF.

Quadro 2. Cargas factoriais na composição dos factores.

Variáveis Fator 1 Fator 2

Família -,142 ,862* Amigo ,919* -,021 Colega de trabalho ,905* -,013 Pares ,805* -,062 Professor ,245 ,823* * P < 0.05

3.1.1.3 Principais valores e princípios de vida em que acredita e defende e que as pessoas que o conhecem melhor dizem que são evidentes na sua assinatura enquanto IF

Nesta questão há menos de dois casos e pelo menos uma das variáveis tem zero de variância. Existe apenas uma variável na análise e os coeficientes de correlação não podem ser calculados para todos os pares das variáveis. Todas as variáveis (honestidade, companheirismo, profissionalismo, responsabilidade e ambição) foram consideradas muito importantes para os IF.

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3.1.2 DIMENSÃO EM ESTUDO - Acerca das transferências 3.1.2.1 Qual é a real importância dos intermediários FIFA

Pela análise do quadro 3 podemos verificar que só o fator 1 apresenta valores e a variável mais significativa é intermediário, seguida de organizador. As variáveis destacadas estão relacionadas com a importância dos IF.

Quadro 3. Cargas factoriais na composição dos factores.

Variáveis Fator 1 Fator 2

Identificador de potenciais atletas ,899* -

Organizador ,907* -

Perspicaz ,892* -

Potencializador de atletas ,894* -

Intermediário ,935* -

* P < 0.05

3.2.2.2 Pela análise do quadro 4 podemos verificar os valores percentuais, para cada um dos valores da escala de 1 (pouco importante) a 5 (muito importante) sobre o valor atribuído à real importância dos IF. O valor mais elevado atribuído pelo IF à sua real importância foi de 83,4 na escala 5 (muito importante).

Quadro 4. Estatística percentual do valor atribuído à real importância dos IF.

Escala Percentagem 1 0 2 0 3 8,3 % 4 8,3 % 5 83,4 %

3.2.2.3 Pela análise do quadro 5 podemos verificar os valores da estatística descritiva sobre quantos jogadores de futebol os IF já representaram.

Quadro 5 - Estatísticas descritivas dos jogadores de futebol representados pelos IF.

Média Desvio padrão Mínimo Máximo

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3.2.2.4 Pela análise do quadro 6 podemos verificar os valores da estatística descritiva sobre quantas transações de jogadores de futebol que os IF realizaram por ano.

Quadro 6. Estatísticas descritivas das transações de jogadores de futebol.

Média Desvio padrão Mínimo Máximo

13,33 9,519 3 30

3.2.2.5 A opinião dos intermediários FIFA em relação à intenção dos atletas ao considerarem uma oferta de clubes portugueses

Pela análise do quadro 7 podemos verificar no fator 1 a variável mais significativa é projecção para clubes de maior dimensão, seguida de Melhorar o desempenho. No fator 2 a variável mais significativa é Experiencia profissional, seguida de carreira desportiva. As quatro variáveis destacadas estão relacionadas com a intenção dos atletas ao considerarem uma oferta de clubes portugueses.

Quadro 7. Cargas factoriais na composição dos factores.

Variáveis Fator 1 Fator 2

Monetária ,203 ,236

Carreira desportiva ,572* ,531*

Melhorar o desempenho ,732* ,360

Projecção para clubes de maior dimensão ,941* -,205

Experiencia profissional -,527* ,802*

* P < 0.05

3.1.3 DIMENSÃO EM ESTUDO - Auto-percepção das competências e conhecimentos

3.1.3.1 Pela análise do quadro 8 podemos verificar os valores percentuais, para cada um dos valores da escala de 1 (muito difícil) a 5 (muito fácil) sobre o valor atribuído à dificuldade na identificação de atletas para intermediação. O valor mais elevado atribuído pelo IF à dificuldade na identificação de atletas foi de 58,3 na escala 4.

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Quadro 8. Estatística percentual do valor atribuído à dificuldade na identificação de atletas para intermediação.

Escala Percentagem 1 0 2 0 3 16,7 % 4 58,3 % 5 25 %

3.1.3.2 Pela análise do quadro 9 podemos verificar os valores percentuais, para cada um dos valores da escala de 1 (muito difícil) a 5 (muito fácil) sobre o Valor atribuído à dificuldade em conseguir transferir os jogadores para equipas de futebol profissional. O valor mais elevado atribuído à dificuldade em conseguir transferir os jogadores para equipas de futebol profissional foi de 50% na escala 3.

Quadro 9. Estatística percentual do valor atribuído à dificuldade em conseguir transferir os jogadores para equipas de futebol profissional.

Escala Percentagem 1 0 2 16,7 % 3 50 % 4 33,3 % 5 0

3.1.3.3 Pela análise do quadro 10 podemos verificar os valores percentuais, para cada um dos valores da escala de 1 (muito difícil) a 5 (muito fácil) sobre o valor atribuído à dificuldade em negociar os atletas com as equipas de futebol. O valor mais elevado atribuído à dificuldade em negociar os atletas com as equipas de futebol foi de 75 % na escala 3.

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Quadro 10. Estatística percentual do valor atribuído à dificuldade em negociar os atletas com as equipas de futebol.

Escala Percentagem 1 0 2 0 3 75 % 4 25 % 5 0

3.1.3.4 Pela análise do quadro 11 podemos verificar os valores percentuais, para cada um dos valores da escala de 1 (muito difícil) a 5 (muito fácil) sobre o valor atribuído à dificuldade em negociar um contrato de intermediação com os jogadores de futebol. O valor mais elevado atribuído à dificuldade em negociar um contrato de intermediação com os jogadores de futebol foi de 66,7 % na escala 4.

Quadro 11. Estatística percentual do valor atribuído à dificuldade em negociar um contrato de intermediação com os jogadores de futebol.

Escala Percentagem 1 0 2 0 3 33,3 % 4 66,7 % 5 0

3.1.3.5 Pela análise do quadro 12 podemos verificar os valores percentuais, para cada um dos valores da escala de 1 (fraco) a 5 (muito bom) sobre a opinião dos IF para a previsão das transferências nos próximos anos. O valor mais elevado atribuído à opinião dos IF para a previsão das transferências nos próximos anos foi de 66,7 na escala 4.

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Quadro 12. Estatística percentual do valor atribuído à opinião dos IF para a previsão das transferências nos próximos anos.

Escala Percentagem 1 0 2 0 3 25 % 4 66,7 % 5 8,3 %

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4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ___________________________________________________________________

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4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Com este estudo pretendemos identificar o percurso para o sucesso dos intermediários FIFA. Contudo a literatura é escassa nas pesquisas realizadas com este tema, sendo no âmbito do nosso estudo em concreto inexistentes na identificação das variáveis para o sucesso.

DIMENSÃO EM ESTUDO - Formação pessoal académica e/ou profissional

Os resultados obtidos pela totalidade da amostra, em relação aos principais passos dos intermediários FIFA para chegarem até aqui, referem que a variável humana foi a correlação maior, seguida da familiar. Estes resultados estão em consonância com o trabalho realizado por Khasawneh (2011), que refere que os valores humanos são importantes para alcançar os objetivos. A família também é importante para os intermediários FIFA alcançarem o sucesso, como refere o estudo realizado por Ramsamy (2003), presidente do Comitê Olímpico Sul-Africano Nacional na época, referiu que o apoio da família muitas vezes passa despercebido. As ambições desportivas das crianças muitas vezes dominam a vida de toda a família (Grisogono, 1991).

A família é muito sacrificada pelo intermediário FIFA, devido ao horário de trabalho que em nada se assemelha, às inúmeras viagens inerentes à profissão, aos fins-de-semana que são passados a assistir jogos de futebol e às férias de verão e Natal que são os mercados de maior intensidade, antecipados por uma identificação das necessidades que os clubes apresentam ou esperam apresentar. Neste panorama, o banco de suplentes parece o lugar que melhor encaixa na família. De facto, a família nunca será recompensada por toda a compreensão. É frequente nos casos de sucesso, como José Mourinho, quando conquista troféus, agradecer à família por todo o apoio e carinho nos momentos de angústia.

Os valores humanos e a família estão interligados. Como refere Ariés (1960) no antigo regime as crianças não são vistas diferentemente dos adultos. Dai que possam passar sem a ajuda dos pais, a partir dos seis anos e sejam consideradas aptas para trabalhar como aprendizes em casa de um mestre. Em tais circunstâncias, a socialização da criança e a transmissão dos valores não são totalmente asseguradas pela família. Só a partir dos meados dos anos 80 do século passado, a família assumiu a responsabilidade pela transmissão dos valores humanos na educação dos filhos (Singly (1993).

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O intermediário FIFA deve privilegiar na sua vida os valores humanos e familiares, como sendo os principais passos para chegar ao sucesso. Contudo, o sucesso não é o patamar que o intermediário FIFA deve privilegiar, mas sim os valores humanos, que conduzem para o sucesso, como refere Albert Einstein “Não tentes ser bem sucedido, tenta antes ser um homem de valor”.

As pessoas que mais marcaram o percurso dos intermediários FIFA foram: amigo e colega de trabalho, por esta ordem. Nos estudos que se analisa o tema afiliação e futebol, verifica-se que os pares são dos motivos mais importantes para os adolescentes praticarem futebol (Malina, 1984). A amizade resulta da estimulação mútua entre as pessoas que se associam com o propósito de levar a cabo, com sucesso, uma tarefa qualquer. São ingredientes deste valor os seguintes elementos: a) respeito mútuo; b) devoção ao que se assumiu como projeto comum; c) dedicação e sinceridade com as pessoas com quem se participa nas atividades (espírito de equipa); d) ser-se verdadeiro para com os outros. O mero profissionalismo, por si só, não produz resultados, especialmente no contexto do desporto onde o imediatismo do resultado tende a ser transformado em maior valor comercial do atleta.

Os intermediários FIFA que participaram neste estudo, bem como os meus parceiros, nenhum trabalha isoladamente. O espirito de equipa a união de esforços e interesses está sempre presente para alcançar os objetivos e novos mercados. Para manter ou alcançar novas parcerias, o intermediário FIFA necessita de princípios de vida e valores, como vamos descrever no próximo parágrafo.

Os valores e princípios de vida como honestidade, companheirismo, profissionalismo, responsabilidade e ambição foram considerados muito importantes por todos os participantes deste estudo. Estes valores adquirem-se através da promoção da consistência entre as ações e o discurso individual (auto-respeito) como valor integrador dos comportamentos e atitudes, onde o elemento valorizado para a integração do indivíduo nas ações de grupo sejam os valores que defende, tendo por base o princípio básico do respeito pelos outros (Sukys, 2014).

DIMENSÃO EM ESTUDO - Acerca das transferências

Na opinião dos intermediários FIFA a intermediação de jogadores é a sua real importância no mercado de transferências, seguida de organizador. O número de transferências realizadas pelos intermediários FIFA servem para entender a sua elevada preponderância. Este fenómeno ativou ainda mais o mercado das transferências dos jogadores e consequentemente dos intermediários FIFA, já que os

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jogadores revelando inexperiência e limitado poder de negociação no processo contratual, recorreram a intermediários FIFA, com o intuito de os representar e de organizar a sua carreira desportiva (Poli e Rossi, 2012). Também no nosso estudo na questão do valor atribuído à real importância dos intermediários FIFA numa escala de 1 (pouco importante) a 5 (muito importante), 83,4% referiu que os intermediários FIFA são muito importantes no mercado de transferências. Após a conclusão da transferência, segue-se a organização da carreira desportiva, que diz respeito à promoção do jogador nos diferentes mercados, de acordo com as necessidades dos clubes. Caso o atleta seja jovem, antes da promoção, inicia-se o programa específico de desenvolvimento do talento desportivo. Existem alguns tipos de relação entre intermediários FIFA e jogadores, nomeadamente, quando o jogador recorre aos serviços do intermediário FIFA, este tem de ser capaz de realizar a intermediação e a organização da sua carreira desportiva. Mas cabe ao intermediário FIFA, verificar se o respectivo jogador tem potencial para encaixar na sua bolsa de recrutamento. Está situação acontece com jogadores menos conhecidos. Contrariamente nos jogadores com reputação é o intermediário FIFA que estabelece contactos para assinar contrato de representação. Mas geralmente, o jogador assina caso ele consiga uma transferência para outro clube do seu interesse.

Na questão a intenção dos atletas ao considerarem uma oferta de clubes portugueses, os intermediários FIFA responderam que a projecção para clubes de maior dimensão, seguida da experiência profissional são os principais objetivos dos jogadores. Portugal é classificado como a “porta de entrada para a Europa” onde, para os jogadores, haverá uma maior exposição das suas habilidades técnicas e consequentemente maiores oportunidades de ascensão na carreira (Carmichael, 1999). O mercado das transferências no futebol é movido pela qualidade técnica dos jogadores, dado que é improvável para jogadores e clubes saberem antecipadamente qual será a produtividade do jogador no futuro, verifica-se que quando o nível de excelência técnica exigido não é atingido, ele retorna à sua nação de origem (Dietl, 2008).

Os salários que os jogadores vão auferir em Portugal não compensam. Países como o Brasil os salários são equivalentes (Ruggi, 2009). Eles têm como objetivo entrar no mercado europeu. Os clubes de países semelhantes ao Brasil, que transferem jogadores têm como interesse ficar com percentagem do passe numa futura venda. Uma vez que os jogadores em Portugal estão expostos na montra europeia e prevê-se um encaixe financeiro numa futura venda.

Referências

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