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Relatório de Estágio Profissional "Citius, altius, fortius: As Olimpíadas de uma estudante-estagiária"

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Citius, altius, fortius: as Olimpíadas

de uma estudante-estagiária de

Educação Física

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional, apresentado com vista à obtenção do 2º Ciclo de Estudos conducente ao Grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, ao abrigo do Decreto-lei 74/2006, de 24 de março, na redação dada pelo Decreto-Lei 65/2018, de 16 de agosto e do Decreto-lei nº43/2007, de 22 de fevereiro.

Orientadora: Professora Doutora Paula Maria Fazendeiro Batista

Denise Nogueira Mendes Porto, setembro de 2019

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Ficha de Catalogação

Mendes, D.N. (2019). Citius, altius, fortius: as Olimpíadas de uma estudante-estagiária de Educação Física. Relatório de Estágio Profissional. Porto: D. Mendes. Relatório de Estágio Profissional para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA; ESTÁGIO PROFISSIONAL;

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III

“Traga vida e entusiasmo para estes nobres jogos Atire coroas de flores com frescor eterno

Aos vitoriosos da corrida e da luta.

E crie em nossos peitos corações de aço.”

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V

Agradecimentos

À Faculdade de Desporto da Universidade do Porto e professores, por me terem dado a oportunidade de seguir o meu sonho.

Ao Professor Doutor Paulo Cunha, pela forma como nos recebeu, por todos os ensinamentos e momentos de partilha. Obrigada pela dedicação e rigor e por me ter incentivado a sair da minha zona de conforto (uma manobra muito difícil).

À Professora Doutora Paula Batista, pela orientação, compreensão e dedicação ao longo do estágio profissional. Obrigada pela disponibilidade e por ser uma inspiração.

Ao Professor Rui Veloso, pela forma como me recebeu na sua escola. Um enorme obrigada pelo apoio, competência e inspiração.

Ao meu Núcleo de Estágio, Inês Santos e Renata Familiar, por todos os momentos de partilha, reflexão, conversas, sorrisos e diversão. Este ano sem vocês não teria sido o mesmo.

Aos meus dois pilares, pela paciência, pelo amor e sobretudo pelos melhores conselhos. Por serem incansáveis e me mostrarem que “sem trabalho não há talento que faça milagres”.

Aos meus alunos. Obrigada pelos desafios, sorrisos, respeito e por serem tão especiais. Serão sempre os primeiros.

Às minhas amigas de sempre, por todas as conversas, conselhos e por me ajudarem e apoiarem em todos os meus sonhos. Obrigada por me acompanharem neste caminho.

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VI

Às Pistoleiras, pela amizade e cumplicidade. Por todos os momentos que partilhámos, pelas conversas até à 1h da manhã, pelos jantares no Hemingway e essencialmente por marcarem o meu ano de estágio.

Aos meus amigos da faculdade, por terem caminhado comigo ao longo destes cinco anos e por influenciarem positivamente o meu trajeto.

Aos meus colegas de trabalho, por me encorajarem a não desistir dos meus sonhos, pelo apoio incondicional e pela transmissão e partilha de conhecimentos.

Aos que já cá não estão, uma palavra de saudade.

A todos vocês, um sincero obrigada !

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VII

Índice Geral

Agradecimentos ... V Índice de Figuras ... XI Índice de Quadros ... XIII Índice de Gráficos ... XV Índice de Anexos ... XVII Resumo ... XIX Abstract ... XXI Abreviaturas ... XXIII Preâmbulo ... XXV 1. Introdução ... 3 2. Flash Interview ... 7

2.1. Apresentação da treinadora adjunta ... 7

2.2. Análise da coach ... 9

2.3. Expectativas para os Jogos Olímpicos ... 10

3. O Estádio olímpico (a escola) ... 15

3.1. Clube cooperante (escola cooperante) ... 16

3.2. Espaço de treino e competição (pavilhões) ... 19

3.3. As minhas equipas ... 21

Equipa principal (turma residente) ... 21

Equipa secundária (turma partilhada) ... 26

3.4. Equipa Técnica ... 29

O Treinador Principal ... 29

A Diretora ... 30

As Observadoras ... 31

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VIII

4.1. Análise da carta olímpica ... 35

4.2. Planeamento da competição ... 37

Macrociclo ... 37

Mesociclo ... 43

Microciclo ... 46

5. Jogos Olímpicos 2018/2019 ... 51

5.1. Primeira fase de competição (1º período) ... 52

5.1.1. Preparação para as eliminatórias ... 53

5.1.1.1. Ideia de jogo ... 57

5.1.1.2. Desafios do jogo ... 60

5.1.1.3. A competição (avaliação) ... 66

5.2. Segunda fase de competição (2º período) ... 69

Preparação para a Semifinal ... 69

5.2.1.1. Relação treinador-atleta ... 73

5.2.1.2. Competição: a base da motivação ... 76

5.3. Fase Final (3º período)... 79

5.3.1. Preparação para a Final ... 80

5.3.1.1. Autonomia dos atletas ... 82

5.3.1.2. Os Jogos Olímpicos ... 85

5.4. A Escola Ativa na sua dimensão extracurricular: Perceção da comunidade escolar ... 89 5.4.1. Resumo ... 89 5.4.2. Abstract ... 91 5.4.3. Introdução ... 93 5.4.4.Objetivos ... 97 5.4.5. Metodologia ... 97 5.4.6. Resultados ... 104

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IX

5.4.7. Discussão ... 121

5.4.8. Conclusão ... 126

5.4.9. Recomendações ... 127

5.4.10. Referências ... 129

6. União entre nações ... 137

6.1. Eventos desportivos ... 138

6.1.1. Corta-mato ... 139

6.1.2. Torneio de futsal e andebol ... 141

6.1.3. Grupo-equipa de Badminton ... 143

7. Balanço dos Jogos Olímpicos ... 149

Referências Bibliográficas ... 153 Anexo ... XXIX

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XI

Índice de Figuras

Figura 1. Análise Programa Nacional de Educação Física ... 36

Figura 2. Análise do Planeamento Local ... 36

Figura 3. Cabeçalho do Plano de Treino ... 48

Figura 4. Corpo do Plano de Treino ... 48

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XIII

Índice de Quadros

Quadro 1. Pontos fortes vs Pontos fracos ... 9

Quadro 2. Planeamento Anual ... 40

Quadro 3. Plano Anual de Condição Física ... 41

Quadro 4. Conceitos Psicossociais ... 42

Quadro 5. Calendário das Provas ... 52

Quadro 6. Provas da Primeira Fase ... 52

Quadro 7. Provas da Segunda Fase ... 69

Quadro 8. Quadro de Pontuações ... 77

Quadro 9. Calendário das Provas - Terceira Fase ... 79

Quadro 10. Designação dos docentes participantes entrevistados ... 98

Quadro 11. População de alunos inquiridos ... 98

Quadro 12. Temas e subtemas ... 103

Quadro 13. Nível de interesse dos alunos nas pausas ativas ... 108

Quadro 14. Nível de interesse dos professores e assistentes operacionais e técnicos em participar em programas de atividade física/exercício físico ... 111

Quadro 15. Número de alunos que participaram ou participam no desporto escolar ... 114

Quadro 16. Número de alunos que praticam as modalidades do DE ... 115

Quadro 17. Participação dos alunos na atividade interna da escola ... 117

Quadro 18. Número de participantes por atividades na AI ... 119

Quadro 19. Interesse nos alunos em participar em atividade diferentes ... 120

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XV

Índice de Gráficos

Gráfico 1. Problemas clínicos ... 23

Gráfico 2. Modalidades praticadas ... 23

Gráfico 3. Modalidades preferidas ... 24

Gráfico 4. Motivos para não praticas atividade física ... 110

Gráfico 5. Modalidades ... 111

Gráfico 6. Participação DE - Ensino Básico………..110

Gráfico 7. Participação DE - Ensino Secundário ... 114

Gráfico 8. Motivos para não participar no DE ... 115

Gráfico 9. Participação na AI - Ensino Básico………..…114

Gráfico 10. Participação na AI - Ensino Secundário ... 118

Gráfico 11. Motivos para não participar na AI ... 118

Gráfico 12. Interesse dos alunos em aderir a iniciativas de promoção de AF diferentes... 120

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XVII

Índice de Anexos

Anexo 1. Ficha de Caracterização do Aluno ... XXIX Anexo 2. Plano Anual ... XXXI Anexo 3. Unidades Didáticas ... XXXII Anexo 4. Plano de Aula ... XXXIV Anexo 5. Entrevista aos professores coordenadores e subcoordenadores XXXV Anexo 6. Entrevista ao diretor e subdiretor ... XXXVI Anexo 7. Questionário dirigido aos alunos ... XXXVII Anexo 8. Questionário dirigido aos membros docentes e não docentes .. XXXVIII

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XIX

Resumo

O estágio profissional é o elemento chave na formação de futuros professores. Este período de aprendizagens, em situação de prática de ensino supervisionada, visa a integração do estudante-estagiário no exercício da vida profissional. O estágio profissional teve lugar numa escola cooperante em Vila Nova de Gaia, pertencente ao grupo de escolas com protocolo com a FADEUP. O presente relatório materializa as indagações e reflexões acerca das experiências vividas de uma estudante estagiária (a autora) ao longo do estágio profissional. O documento espelha, assim, o caminho percorrido pela estudante estagiária que procurou relacionar o sonho quer representa os Jogos Olímpicos com o seu maior sonho: ser professora de Educação Física. As temáticas patentes no relatório enquadram-se no que está definido nas Normas Orientadoras do Estágio Profissional do Ciclo de Estudos Conducente ao Grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da FADEUP e materializa-se numa metáfora: 1) Flash Interview, reporta-se à dimensão pessoal, espelhando uma ligação tripartida entre o percurso académico, pessoal e profissional, que induziu à decisão de seguir a profissão de professora de Educação Física; 2) O Estádio Olímpico (a escola), engloba uma reflexão acerca da escola, enquanto instituição e a caracterização da escola cooperante; 3) Preparação para os Jogos Olímpicos, remete para os contornos legais pelos quais a prática se operacionaliza; 4) Jogos Olímpicos 2018/2019, contempla os desafios e estratégia utilizadas durante o processo de ensino-aprendizagem, bem como o estudo de investigação desenvolvido com o objetivo de analisar a perceção da comunidade escolar relativamente ao conceito de Escola Ativa na sua dimensão extracurricular; 5) União entre Nações, reporta as atividades realizadas para além da componente letiva e o contributo para construção da identidade profissional do estudante estagiário. O ano de estágio foi o culminar de muitos anos de esforço, aprendizagem e dedicação à área do desporto. Destaco todos os momentos de partilha com a minha equipa técnica, com os meus atletas e restantes treinadores. Este foi um ano onde todas as minhas expectativas foram superadas e em que consegui aprender e colocar em prática a arte de ser professora.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA; ESTÁGIO PROFISSIONAL;

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XXI

Abstract

The school placement is the key element in the formation of future teachers. This learning period, in a supervised teaching practice situation, aims at the integration of the preservice teacher in the exercise of professional life. The school placement took place in a cooperative secondary school in Vila Nova de Gaia, belonging to the group of schools with protocol with FADEUP. This report materializes the questions and reflections about the lived experiences of a preservice teacher (the author) during the school placement. Thus, this document reflects the path taken by the preservice teacher who sought to relate the dream to represent of the Olympic Games with her biggest dream: to be a Physical Education teacher. The themes presented in the report are in accordance with the Professional Standards of the Cycle of Studies Leading to the Master’s Degree in Physical Education Teaching in Basic and Secondary Education in FADEUP and is materialized in a metaphor: 1) Flash Interview, refers to the personal dimension, reflecting a tripartite connection between the academic, personal and professional path, which led to the decision to follow the profession of Physical Education teacher; 2) The Olympic Stadium (the school), includes a reflection about the school as an institution and characterization of the cooperating school; 3) Preparation for the Olympic Games, refers to the legal contours through which the practice is operationalized; 4) Olympic Games 2018/2019, contemplates the challenges and strategy used during the teaching-learning process, as well as the research study developed in order to analyse the perception of the school community regarding the concept of Active School in its extracurricular dimension; 5) Unity between Nations, reports the activities carried out beyond the teaching component and the contribution to build the professional identity of the preservice teacher. The school placement year was the culmination of many years of effort, learning and dedication to sports. I highlight all the moments of sharing with my technical team, my athletes and the other coaches. This was a year where all my expectations were exceeded and where I was able to learn and put into practice the art of being a teacher.

KEYWORDS: PHYSICAL EDUCATION; SCHOOL PLACEMENT; TEACHER; TEACHING-LEARNING PROCESS; ACTIVE SCHOOL.

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XXIII

Abreviaturas

AC – Avaliação Criterial AD – Avaliação Diagnóstica AF – Avaliação Formativa AI – Atividade Interna AS – Avaliação Sumativa AT – Análise Temática CF – Condição Física DE – Desporto Escolar EA – Escola Ativa EC – Escolas Compreensivas EE – Estudante Estagiária EP – Estágio Profissional ES – Entrevista Semiestruturada

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto JDC – Jogos Desportivos Coletivos

JO – Jogos Olímpicos

MEC – Modelo de Estrutura de Conhecimento MED – Modelo de Educação Desportiva

MID – Modelo de Instrução Direta NE – Núcleo de Estágio

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PAA – Plano Anual de Atividades PC – Professor Cooperante

PEE – Projeto Educativo da Escola PES – Projeto Educação para a Saúde PL – Planeamento Local

PNEF – Programa Nacional de Educação Física PO – Professor Orientador

PPA – Plano Plurianual de Atividades RE – Relatório de Estágio RI – Regulamento Interno TA – Treinadora Adjunta TE – Treinador Entusiasta TP – Treinador Principal UD – Unidade Didática

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XXV

Preâmbulo

Citius, Altius, Fortius – mais rápido, mais alto, mais forte - é o lema dos

Jogos Olímpicos que procurei materializar ao longo deste ano de estágio profissional, ou seja, tornar-me melhor e mais forte.

O Olimpismo é uma filosofia de vida, onde as qualidades do corpo, mente e a vontade se combinam de uma forma equilibrada. Já o objetivo do movimento olímpico é contribuir para a construção de um mundo pacífico e melhor, educando a juventude através do desporto e combinando este com a cultura e educação (Carta Olímpica, 2019). Para além disso, “é consensual a ideia que

os Jogos Olímpicos constituem, na atualidade, um elemento central e estrutural do desenvolvimento da cultura desportiva moderna” (Maia, 2000, p.213). Foi a

partir destas constatações e por considerar o estágio profissional como o ex-libris de toda a minha formação que optei por elaborar o relatório de estágio recorrendo a uma metáfora.

Partindo do exposto e tomando como referência os Jogos Olímpicos, a

Escola Cooperante representa o clube cooperante; o espaço de aula, o Estádio

Olímpico; a turma residente, a minha equipa principal; a turma partilhada, a minha equipa secundária; o grupo de educação física, a Vila Olímpica; as

aulas, os treinos e as avaliações, as provas/competições. Já eu, enquanto estudante estagiária, represento a treinadora adjunta, consequentemente o núcleo de estágio representa a equipa técnica – o professor cooperante, o

treinador principal; a professora orientadora, a diretora da equipa e as colegas

estagiárias, as observadoras.

Existem algumas distinções entre a Olimpíada e os Jogos Olímpicos, visto que têm um significado diferente. A Olimpíada é o intervalo entre cada uma das edições dos Jogos, ou seja, todas as aulas ao longo do ano letivo. Por outro lado, os Jogos Olímpicos são os eventos e competições desportivas propriamente ditas, as avaliações sumativas dos diferentes períodos. Assim, as diferentes fases da competição – eliminatórias, semifinal e final – representam respetivamente os três períodos letivos.

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XXVI

A estrutura apresentada surge com o intuito de relacionar e interligar o estágio profissional - o maior acontecimento na minha vida académica – com a maior manifestação desportiva da atualidade, os Jogos Olímpicos.

“Unir, inspirar, trazer honra Para esses jogos ascendentes.”

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1. Introdução

O presente Relatório de Estágio (RE) foi elaborado no âmbito da Unidade Curricular Estágio Profissional, referente ao 2º Ciclo do Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP). Segundo o regulamento do Estágio Profissional (EP), “o estágio visa a integração do estudante estagiário na vida

profissional de forma progressiva e orientada, desenvolvendo competências profissionais que permitam responder aos desafios e exigências da profissão

(p.3).

O principal objetivo do EP é preparar e dotar o Estudante Estagiário (EE) para o futuro enquanto professor de Educação Física (EF), através de um conjunto de ferramentas que o auxiliem a desenvolver uma competência baseada na reflexão (Batista & Queirós, 2015). Citando Rolim (2015, p.58) o EP “deve ser por todos entendido como um processo consciente e inequívoco,

prolongado e profundo, diariamente construído, desconstruído e reconstruído novamente, com muitos avanços e alguns recuos”, ou seja, um espaço que

permite ao EE aprender, construir e refletir sobre os seus métodos de ensino. O EP é o culminar do processo de formação dos EE em contexto de prática supervisionada, que têm o sonho de serem professores. O acompanhamento do EE e supervisão do EP é realizado por um Professor Orientador (PO), membro da faculdade, que assume um papel preponderante na orientação do Núcleo de Estágio (NE) e por um Professor Cooperante (PC), que é responsável por acompanhar todo o processo na escola cooperante.

O presente documento foi elaborado recorrendo a uma metáfora, realizando um paralelismo entre o estágio profissional (o ponto mais alto da minha formação) e os Jogos Olímpicos (JO) (maior manifestação desportiva da atualidade).

O relatório de estágio pretende retratar todas as experiências e aprendizagens de uma estudante estagiária ao longo do ano. Para isso, este

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relatório encontra-se estruturado em 6 capítulos: (1) Flah interview – uma breve contextualização do meu percurso académico e desportivo e das minhas expectativas iniciais (2) O Estádio Olímpico (a escola) – uma reflexão sobre o estágio profissional e a caracterização da escola, das turmas e do núcleo de estágio (professor cooperante, orientadora e estudantes estagiárias); (3) Preparação para os Jogos Olímpicos – o processo de planeamento e organização; (4) Jogos Olímpicos 2018/2019 – remete para a Área 1 – caracterização das várias etapas de intervenção no campo do ensino, nomeadamente os desafios, dificuldades e estratégias utilizadas, e Área 3 – Desenvolvimento Profissional, estudo de investigação - A Escola Ativa na sua dimensão extracurricular: Perceção da comunidade escolar; (5) União entre Nações – remete para a Área 2 – Participação na Escola e Relação com a Comunidade, onde são descritas e apresentadas as atividades realizadas na escola; e (6) Balanço dos Jogos Olímpicos – uma reflexão sobre as conclusões e ilações retiradas ao longo do estágio.

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2. Flash Interview

A dezoito de maio de mil novecentos e noventa e cinco, nasceu em Vila Nova de Gaia uma rapariga sonhadora, aventureira e determinada. Uma rapariga que colocava o desporto e a aventura em primeiro plano, aliados à natureza e aos amigos.

2.1. Apresentação da treinadora adjunta

Muito do que sou se deve à minha infância. E que infância! Neste período, passava grande parte do meu tempo a jogar à bola na rua, a andar de bicicleta e patins. Os meus grandes companheiros de aventuras eram os meus primos, mas sem dúvida que os meus pais também foram responsáveis por esta chama olímpica.

Sempre vivi rodeada pelo desporto e cedo aprendi o que era a alegria de uma vitória, a frustração de uma derrota e o querer ser melhor a cada dia.

Comecei a praticar desporto aos quatros anos de idade, sendo que as modalidades mais presentes até aos meus 17 anos foram o andebol e a natação. Aos 6 anos vivenciei a minha primeira experiência de pertencer a uma equipa (de andebol) e com ela cresci, aprendi a trabalhar em grupo e a superar barreiras. Apesar de todas estas vivências e aprendizagens no mundo do andebol, o meu desporto predileto sempre foi o futebol. Sempre que havia oportunidade, tanto em casa como na rua, aproveitava para jogar à bola, com rapazes, raparigas, com o meu pai, não interessava, o que realmente importava era divertir-me. Infelizmente, naquela altura, o futebol feminino era pouco ou nada falado, pelo que a minha inclusão na modalidade foi sendo adiada. Quando tinha 17 anos o clube da minha freguesia abriu o futebol feminino, surgindo aí a oportunidade de integrar a equipa. Junto com umas amigas que gostavam de jogar futebol iniciei uma nova etapa da minha vida. Posso afirmar que foi neste clube que vivenciei os melhores momentos desportivos e desde essa altura nunca mais deixei de praticar a modalidade. Apesar do meu percurso

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futebolístico não ser muito longo, foi no futebol que criei amizades para a vida e conheci pessoas incríveis que me acompanham em todas as batalhas. Já tive vários treinadores, uns que me marcaram mais que outros, mas sem dúvida que todos os anos foram de aprendizagens e companheirismo. O facto de ter frequentado tantos balneários distintos, com pessoas diferentes, fez-me crescer e ensinou-me a respeitar as diferenças de cada um.

O desporto teve um papel muito importante na minha formação, contribuindo para que fosse uma pessoa cheia de sonhos, ambiciosa e persistente. Esta forma de pensar levou-me a assumir um lema de vida:

“O nosso maior risco não é que as nossas aspirações sejam demasiado

altas e não as consigamos concretizar, mas que sejam demasiado baixas e as alcancemos”.

(Michilangelo Buonarroti, cit. por Bento, 2015, p. 13) Admito que ser treinadora (professora) nunca esteve nos meus planos. Apesar da minha predileção pelo desporto, o gosto pelos animais e pela natureza também esteve sempre presente, pelo que, muitas vezes, coloquei o desporto em segundo patamar. O desporto só se tornou o meu objetivo principal quando comecei a treinar uma equipa de futsal. Esta experiência despertou em mim a paixão pelo treino (ensino).

Apesar de todas as barreiras e desafios que foram surgindo, sempre lutei para atingir os meus objetivos e concretizar os meus sonhos. Alguns sonhos acabei por esquecer, mas houve um, apesar de muito recente, do qual nunca abdiquei: o sonho de querer ensinar. Agarrei-me à vontade de querer ter uma equipa (turma), de realizar coisas novas, de estimular os atletas (alunos), de mostrar-lhes que o desporto é um misto de emoções.

O desporto é o meu caminho. De que valem os sonhos senão for para correr atrás deles? Foram muitos os empurrões para trás, os “nãos”, os “não vale a pena”, mas agora que estou na reta final deste percurso só penso: Eu nasci para ensinar.

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2.2. Análise da coach

Como treinadora (professora) tenho os meus pontos fortes e pontos fracos e é importante saber identificá-los, para que possa crescer e melhorar a minha performance. Realizando uma retrospetiva, identifiquei as minhas principais qualidades, mas foquei-me essencialmente nos aspetos que tinha de melhorar (Quadro 1).

Quadro 1. Pontos fortes vs Pontos fracos

Pontos Fortes Pontos Fracos

→ Criativa → Ambiciosa → Exigente

→ Dificuldade em lidar com o erro → Pouco organizada

→ Tendência à dispersão

O processo reflexivo, apesar de complexo, permitiu-me identificar e realizar uma autorreflexão sobre os aspetos que tinham de ser trabalhados ao longo do estágio.

Manter uma atitude positiva, crítica e reflexiva é fundamental no processo de formação de um treinador (professor). A autorreflexão é a base da evolução, como refere Larrivee (2008, p.88), “Tornar-se um praticante reflexivo significa

crescer e expandir-se perpetuamente, abrindo-se para uma gama maior de escolhas e respostas possíveis.” Considero que com o passar do tempo, a minha

autoexigência tornou-me uma pessoa mais reflexiva, capaz de identificar os erros e estabelecer estratégias para os procurar colmatar. Deste modo, o processo reflexivo não me assustou, dado que o realizava com naturalidade.

A nível pessoal, é importante referir que tenho bastantes dificuldades em lidar com o erro, o que por vezes me leva a desculpar as minhas ações e não conseguir ouvir as correções. Em retrospetiva, considero que evoluí bastante neste aspeto, fruto do querer aprender e ser melhor a cada dia. Sem dúvida que a autorreflexão é importante, contudo o saber ouvir as críticas construtivas e refletir sobre as mesmas é tão ou mais importante.

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Ser pouco organizada sempre foi um dos meus principais problemas. Apesar de não ter conseguido colmatar este aspeto na totalidade, considero que os prazos impostos pela diretora da equipa e treinador principal foram um mecanismo potenciador da minha evolução.

A nível da prática pedagógica, reconheço ter dificuldade em forcar-me no essencial. Inicialmente, notava que prestava atenção a aspetos que não se relacionavam com o objetivo principal da aula. A perceção deste problema ajudou-me a progredir e a estabelecer estratégias para melhorar o processo de ensino-aprendizagem, isto é, focar-me nos aspetos centrais da aula e emitir feedbacks específicos relativos ao conteúdo.

Não obstante, foram os meus pontos fortes que potenciaram esta olimpíada. Considero-me uma pessoa bastante criativa e ambiciosa, que gosta de sentir que faz a diferença. Estas características impulsionaram-me a querer aprender mais todos os dias e ir à procura de novas soluções e estratégias para superar as dificuldades. Ao longo deste ano sinto que evoluí enquanto futura profissional e para além disso como pessoa.

2.3. Expectativas para os Jogos Olímpicos

Antes do início dos Jogos Olímpicos (estágio), foram várias as expectativas e ideias criadas à volta do evento do ano.

Admito que este era o ano pelo qual estava à espera, o ano em que os medos, os receios e as dúvidas iriam sobressair. Os quatro anos de preparação tinham sido superados e o tão esperado desafio final estava a chegar. Confesso que este momento desencadeou inúmeras questões e dúvidas, para as quais eu não tinha resposta: “Será que vou ser capaz? Será que tenho o perfil adequado?”. E todas as certezas transformaram-se em medos.

Para mim, ser treinadora (professora) é ser capaz de transmitir valores e criar uma experiência positiva nos atletas, que lhes permita crescer e aprender. É sinónimo de evolução constante, querer ser melhor todos os dias e sobretudo ter uma atitude profissional de permanente questionamento (Batista & Queirós,

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2015). Tal como refere Campos (cit. por Rodrigues, 2015, p. 95), “O saber do

professor é um saber complexo, sincrético, heterogéneo, temporal e plural. É um saber dinâmico, sempre em mudança e evolução”. Neste quadro, esperava que

esta olimpíada fosse um momento de partilha e crescimento a nível pessoal. Relativamente ao clube cooperante, não sabia bem o que esperar, dado que a minha escolha teve por base comentários partilhados por treinadores de anos anteriores. Diante disto, após conhecer a forma de funcionamento do clube e o estádio olímpico (instalações), percebi que tinha todas as condições para evoluir e realizar uma boa competição.

No treinador principal (TP) recaíam grande parte das minhas expectativas, afinal seria ele que iria guiar a minha performance ao longo desta olimpíada. Este tem por missão ensinar e facilitar a aprendizagem do treinador adjunto, utilizando os seus conhecimentos e experiências como ferramentas que estimulam o pensamento e a reflexão (Batista & Queirós, 2015). Deste modo, esperava que o treinador principal me ajudasse a sair da minha zona de conforto e a superar os meus medos. Considero que um dos meus maiores receios era ter um treinador principal pouco preocupado, que não contribuísse para a minha formação, mas rapidamente percebi que estava perante um treinador experiente e exigente, que me iria fazer evoluir e ensinar.

Simultaneamente, as minhas expectativas centravam-se também na minha equipa principal. Para mim o mais importante são os atletas e por isso esperava ser capaz de potenciar ao máximo as suas capacidades e marcar os seus percursos competitivos. Admito que, inicialmente, fiquei um pouco reticente quando percebi que iria comandar uma equipa com apenas 14 atletas, mas percebi que este poderia ser um fator potenciador para estes evoluírem.

Em relação à Vila Olímpica, esperava encontrar um ambiente de união e partilha de vivências e aprendizagens. Sem dúvida que considero este um dos pontos altos dos Jogos Olímpicos. O ambiente festivo e a cooperação estiveram sempre presentes ao longo das olimpíadas e muito tenho de agradecer aos treinadores pela disponibilidade e entreajuda.

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Em conclusão, se no início do estágio já expectava que este ano seria o auge da minha formação, ao terminá-lo tenho a certeza. Sem dúvida que foram inúmeros os desafios ultrapassados para conseguir concretizar o meu objetivo, porém o desporto vive da perseverança e da resiliência. Termino dizendo que vivi um sonho, o sonho dos Jogos Olímpicos.

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3. O Estádio olímpico (a escola)

Quando penso num estádio olímpico (escola), recordo-me do meu longo percurso e, consequentemente, de todas as glórias, aprendizagens e insucessos, que me fizeram crescer e adquirir valores. Como refere Patrício (1998, p.6), “Não há educação onde não há referência intrínseca aos valores. O

compromisso educativo não é possível fora do compromisso com os valores”.

Confesso que a perceção que tenho hoje do estádio olímpico (instituição escola) é muito diferente da que tinha quando era atleta (estudante). Atualmente, fora do campo (sala de aula), percebo qual a importância do estádio olímpico no desenvolvimento individual e social dos jovens atletas. Segundo o perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória (2007), “Hoje mais do que nunca a

escola deve preparar para o imprevisto, o novo, a complexidade e, sobretudo, desenvolver em cada indivíduo a vontade, a capacidade e o conhecimento que lhe permitirá aprender ao longo da vida”.

Seguindo esta linha de pensamento, é possível afirmar que o estádio olímpico (escola) funciona como uma “fábrica de cidadãos” que desempenha um papel central na integração social, tendo por base um conjunto de valores intrínsecos (Canário, 2005). Diante disto, é importante que os treinadores (pessoal docente) e restantes membros da equipa (pessoal não docente) estejam cientes da importância que têm na formação e desenvolvimento pessoal dos atletas (alunos). Cabe ao treinador a difícil tarefa de saber “fazer-ser”. Não um “fazer-ser” técnico, mas sim um “fazer-ser” ético, ou seja, “fazer-ser” pessoas (Patrício, 1998).

Nesta moldura, o estádio olímpico é objeto das constantes mudanças que ocorrem na sociedade, albergando pessoas de diferentes meios sociais e culturas. Delors (2001, p.78) refere que “Compete a esta instituição fornecer a

cartografia de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permita navegar através dele!”. Deste modo, é importante

promover um ambiente multicultural, tendo em conta a diversidade e diferença de cada atleta, para que todos atinjam o máximo das suas potencialidades.

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Bento (2012) acresce que: “A escola deve ser um estádio onde se

valorizam méritos, vitórias e feitos e reconhecem fracassos, inabilidades e insuficiências. Onde se apuram os melhores e estimulam os outros a superar debilidades, embaraços e atrasos, para que não haja perdedores e todos sejam campeões na aventura da vida.”

O estádio olímpico é visto como o palco dos sonhos, das aprendizagens e dos êxitos. Um lugar onde pessoas com diferentes culturas e personalidades interagem e, sobretudo, partilham aprendizagens e experiências que lhes permitem crescer.

3.1. Clube cooperante (escola cooperante)

De uma lista constituída por 25 clubes cooperantes, a minha escolha baseou-se em comentários de colegas de anos anteriores, contudo a proximidade da minha área de residência foi um aspeto que pesou na minha escolha. Este clube foi a minha primeira opção e foi com entusiasmo que recebi a notícia de que tinha sido selecionada como treinadora adjunta para o representar nos Jogos Olímpicos.

Antes da minha integração na instituição, decidi realizar uma análise swot da mesma, procurando saber mais sobre o local onde iria treinar.

O clube cooperante iniciou a sua atividade no ano letivo de 1964/65, contudo foi sofrendo alterações ao longo dos anos. Situa-se no centro da cidade de Vila Nova de Gaia e está inserida num meio essencialmente urbano, com elevada densidade populacional. Ao nível da oferta formativa, o clube cooperante compreende equipas do 3º ciclo do ensino básico e do ensino secundário, nomeadamente do 7º ao 12º ano.

A instituição integra o sistema público de ensino e tem como missão proporcionar aos atletas um percurso escolar rigoroso e de excelência, “contribuindo para que cada aluno desenvolva de modo crítico, criativo e

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1 In Regulamento Projeto Educativo da Escola 2017/20 2 In Regulamento Projeto Educativo da Escola 2017/20

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Autónomo, competências de cidadania ativa, que lhe permitam explorar e desenvolver plenamente as suas capacidades”1 (p.12).

Apesar de já conhecer a instituição, a entrada pela primeira vez no estádio olímpico, agora como treinadora adjunta (TA), foi diferente e especial. Acreditava que este seria um local onde iria aprender e vivenciar experiências novas, contudo estava ciente de todos os obstáculos e frustrações que poderiam surgir ao longo desta olimpíada.

Recordo-me do primeiro contacto que tive com a instituição enquanto treinadora, onde logo ao entrar pelo portão principal me deparei com uma enorme área verde e espaços exteriores desportivos. Um espaço com todas as condições necessárias para ser uma referência na comunidade, na construção de um ambiente de qualidade, que assente em relações humanas baseadas no respeito por si e pelo outro2 (p.12). Nesse mesmo dia, o subdiretor,

apresentou-nos o estádio olímpico e todo o pessoal responsável pela manutenção, limpeza e organização do mesmo (pessoal não docente). O clube cooperante encontra-se dividido por blocos, encontra-sendo que é no edifício central (bloco E e F) que encontra-se encontra grande parte das áreas da instituição, designadamente: os gabinetes de trabalho, serviços administrativos, gabinete da direção, sala dos diretores de equipa (diretores de turma), gabinetes de atendimento aos Encarregados de Educação, refeitório, bufete, biblioteca, auditório, salas de palestra (salas de aula) e sala dos treinadores (sala dos professores).

Lembro-me, como se fosse hoje, da emoção de entrar pela primeira vez na sala dos treinadores. Deparei-me com uma sala espaçosa, com computadores e mesas de trabalho, onde iria passar muito tempo da minha olimpíada a preparar treinos, a ter reuniões com o treinador principal (PC) e restante equipa técnica. Para além de um espaço de trabalho, a sala dos treinadores foi um espaço de partilha e convivência com outros treinadores (professores). Nela escutámos histórias, privámos e partilhámos opiniões e ideias sobre múltiplos assuntos da atualidade.

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Em termos de espaços desportivos, o estádio olímpico dispõe de dois pavilhões gimnodesportivos (G1 e GN1) e um polidesportivo ao ar livre, com os respetivos balneários e gabinetes de apoio aos treinadores.

Quanto ao número de atletas, a instituição ascende aos 1496, distribuídos por cinquenta equipas, do sétimo ao décimo segundo ano. Integra atletas com necessidades educativas especiais (NEE), atletas do ensino articulado, atletas estrangeiros com necessidades de apoio a Português Língua não materna e atletas subsidiados pelos serviços de ação social. Em geral, os atletas cumprem com o regulamento interno, não havendo grandes problemas de desobediência e insucesso escolar.

Nos Jogos Olímpicos 2018/2019, as equipas técnicas (áreas disciplinares) do clube integram 115 treinadores, distribuídos por treze departamentos, dos quais onze fazem parte da Vila Olímpica (área disciplinar de Educação Física). O Clube cooperante apresenta treinadores experientes e focados nas necessidades educativas dos atletas, que sempre me fizeram sentir parte integrante da instituição. Neste espaço deparei-me com treinadores entusiasmados e prontos a inovar, contudo também encontrei alguns treinadores pouco motivados para desempenharem as tarefas e de certo modo acomodados.

O outro grupo de profissionais que integra o staff dos Jogos Olímpicos (pessoal não docente), assume um papel preponderante para o sucesso e crescimento do clube. Similarmente, são responsáveis pela dinâmica de treino e pelos atletas quando estes se encontram fora da sala de aula ou nos espaços comuns do estágio olímpico (escola). Pessoalmente, saliento a disponibilidade e o dinamismo do staff (pessoal não docente) , um grupo prestável, sempre pronto a ajudar, alegre e dinâmico. Desde os bons dias e alegria matinal dos porteiros, logo à entrada do estádio, à ajuda e dinamismo dos funcionários da reprografia e do bufete do clube, terminando nas longas conversas, brincadeiras e gentiliza das funcionárias responsáveis pelos pavilhões. Sem dúvida que todos marcaram esta olimpíada e contribuíram para um ambiente festivo e saudável.

Em seguimento, o Clube cooperante proporciona aos atletas um conjunto de atividades de enriquecimento curricular, integradas no plano anual de atividades (PAA) e plano plurianual de atividades (PPA). Os projetos plurianuais mais

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relevantes são: Desporto Escolar (DE); Jornal da Escola – vi@gens; Eco-Escolas; Projeto Educação para a Saúde (PES) e o Projeto Voluntariado – G. Solidário. Ao nível do DE a instituição tem uma forte vinculação com a ginástica. Contudo, não só da ginástica vive o DE, que também tem grupos equipa de badminton, esgrima e voleibol.

Segundo o Projeto Educativo da Escola (PEE), o desporto escolar aparece com o papel preponderante de possibilitar a prática desportiva a nível interno e a nível de competição entre escolas(p.24). De acordo com o referido anteriormente, é possível encontrar sete objetivos atribuídos ao desporto escolar, nomeadamente: 1) promover a inclusão social; 2) promover o sucesso escolar; 3) incentivar a prática da atividade física e desportiva; 4) promover hábitos de higiene e de segurança; 5) desenvolver a responsabilidade pessoal e social; 6) desenvolver a identidade escola/grupo; 7) criar condições para uma prática desportiva de excelência. Como refere a Direção Geral de Educação, a atividade desportiva desenvolvida a nível do DE põe em jogo não só potencialidades físicas como psicológicas, que contribuem para o desenvolvimento global dos jovens, com a missão de estimular a prática da atividade física como meio de promoção do sucesso dos alunos, de valores e estilos de vida saudáveis.

3.2. Espaço de treino e competição (pavilhões)

Foi no espaço de treino e competição que vivenciei os melhores momentos desta olimpíada. Aqui cresci, aprendi e tive o privilégio de treinar uma equipa.

É de salientar que o Clube cooperante foi requalificado e modernizado há cerca de dez anos, com o intuito de remodelar e melhorar as instalações do estádio olímpico. Relativamente às instalações desportivas, o Clube dispõe de dois pavilhões gimnodesportivos (G e GN) e um polidesportivo ao ar livre. Os pavilhões gimnodesportivos possuem quatro balneários, um gabinete médico e arrecadações para o material. O pavilhão de cima encontra-se dividido a meio campo em dois segmentos, sendo que possui nas bancadas um espaço

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destinado ao fitness, com diferentes materiais de ginásio, que podem ser utilizados nas aulas. Este espaço fitness é rentabilizado através de um projeto da instituição denominado de BeActive, que tem como objetivo proporcionar aos atletas momentos de atividade física durante as horas de almoço ou depois dos treinos.

Por sua vez, o pavilhão de baixo está dividido em três segmentos, sendo que o treinador que ocupa o espaço do meio tem prioridade sobre o uso do campo exterior. Apesar das instalações serem boas comparativamente com a maioria dos estádios, o facto de o clube cooperante (escola) ter muitas equipas implica que os espaços tenham de ser divididos, o que, de certa forma, torna o espaço de treino muito limitado.

A utilização dos espaços desportivos respeita o roulement de organização dos mesmos, definido e aprovado pelo grupo de treinadores. Por sua vez, permite que haja rotatividade pelos diferentes espaços, de forma a que nenhum treinador saia prejudicado e que todos possam usufruir de todas as instalações. A rotação dos espaços realiza-se a cada três semanas e o espaço exterior não é contabilizado para efeito de rotatividade.

É de salientar que todas as instalações estão em ótimo estado, sendo inexistente qualquer tipo de constrangimento desta ordem para a prática pedagógica. Comparativamente com a maioria dos estádios olímpicos, o Clube apresenta todas as condições necessárias para a prática desportiva, onde os treinadores podem tirar o máximo partido das instalações e materiais.

Quanto ao material de ensino, ao entrarmos na arrecadação deparamo-nos com uma grande diversidade de materiais desportivos. Sem dúvida que este também não é um fator preocupante, dado que abrange um grande leque de variabilidade de materiais característicos de diversas matérias alternativas, tais como a esgrima, o râguebi e a patinagem. Os materiais encontram-se em bom estado de conservação e todos os anos é criada uma lista dos materiais que existem e dos que estão em falta, podendo os treinadores dar a sua opinião e manifestar interesse por algum material.

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Os treinadores têm acesso a todos os materiais específicos das modalidades coletivas e individuais e também material que permite desenvolver a aptidão física dos atletas. A disponibilidade de materiais permitiu-me realizar exercícios diferentes, de forma a potenciar os treinos e aumentar a motivação dos atletas.

Ao nível da lecionação, as excelentes condições do Clube cooperante permitiram-me tirar o máximo partido de todas as instalações e materiais. O facto de haver a possibilidade de utilizar o campo exterior na íntegra era perfeito para lecionar algumas modalidades, nomeadamente o andebol e o futebol. Já o espaço fitness permitiu-me dividir a equipa (turma) em dois grupos e assim tirar o máximo partido do espaço e do treino.

3.3. As minhas equipas

Equipa principal (turma residente)

A olimpíada iniciou quando o treinador principal (PC) referiu que nas duas primeiras semanas de treinos ainda não iríamos ter a equipa definida. Confesso que no início esta estratégia não me agradou muito, dado que queria acompanhar a minha equipa desde o primeiro dia. Mas foi assim que aconteceu.

A primeira semana iniciou-se com os treinos de apresentação, em que cada uma das treinadoras adjuntas (estagiárias) escolheu uma equipa de forma aleatória. Lembro-me perfeitamente do primeiro momento em que tive contacto com a equipa, do nervosismo do primeiro treino, da preparação, da escolha cuidadosa da roupa que iria usar e de chegar mais cedo para que nada falhasse. Nada sabia sobre a equipa, apenas que eram 18 atletas, do curso científico-humanístico de ciências e tecnologias. Recordo-me desse dia como se fosse hoje. Apesar de ter treinado em casa o que ia dizer, para que o nervosismo não tomasse conta de mim, tinha o coração a bater a mil à hora!

Comecei por me apresentar à equipa e de seguida pedi que cada um se apresentasse, mencionando qual o nome, idade e se já tinham praticado

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desporto. Cedo percebi que poucos eram os atletas que praticavam ou já tinham praticado alguma modalidade, contudo pensei para mim mesma: “Vamos a isso! Mais um desafio”. Após a apresentação de cada um, realizei uma pequena apresentação sobre a disciplina, focando vários aspetos, como a importância e benefícios da atividade física e o papel da educação física. A apresentação acabou com um pequeno vídeo sobre a importância educação física. Este vídeo tinha sido realizado por mim, no primeiro ano do mestrado em ensino da educação física básico e secundário, em prol da disciplina de Desenvolvimento Curricular em Educação Física, abordando a temática da legitimação da educação física e a importância do exercício físico. Na altura, decidi realizar o trabalho em vídeo, contrariamente aos meus colegas, com o objetivo de posteriormente o puder mostrar aos meus atletas no ano de estágio. O momento em que os “meus” atletas estavam a visualizar o “meu” vídeo foi único e aí pensei em todas as coisas novas que podia fazer, em todas as ideias que podia pôr em prática e em como podia tornar este último ano importante para eles, não só em termos de conhecimentos, mas também de vivências.

O treino de apresentação acabou com uma dinâmica de grupo que pretendia estimular o trabalho em equipa e a cooperação e também com o preenchimento de uma ficha de caracterização do atleta (Anexo 1), elaborado em conjunto com a minha equipa técnica, que pretendia retirar informações a nível clínico, das atividades realizadas nos tempos livres, da prática desportiva dos atletas, do gosto pela educação física e da preferência em relação às modalidades.

No que diz respeito às informações retiradas dos questionários, a nível clínico (Gráfico 1), identifiquei alguns atletas com problemas de saúde, sendo que mais de 78% têm problemas visuais e um atleta tem problemas relacionados com o sistema respiratório (asma), contudo isso não os impedia de realizarem os diferentes exercícios. De entre os problemas, identifiquei uma atleta com um problema de saúde grave (carcinoma na tiroide). Face a este quadro, houve a necessidade de tentar perceber quais as limitações da atleta, sendo que esta na primeira fase de competição (1º período) esteve de baixa, dado que tinha sido submetida a vários tratamentos.

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Gráfico 1. Problemas clínicos

Relativamente às atividades desportivas realizadas fora do contexto escolar (Gráfico 2), dos quatorze atletas, 43% praticavam uma modalidade, sendo que os restantes atletas não praticavam qualquer atividade desportiva. Dos seis atletas praticantes, dois praticavam jogos desportivos coletivos (futebol) e os restantes dividiam-se pelas seguintes modalidades: dança, natação, ténis e atividades de ginásio. No que se refere à predisposição para a prática, concluí que esta equipa era muito heterogénea, dado que havia alguns atletas com bastante interesse e motivação para a prática desportiva, mas a maioria não gostava de praticar desporto, nem se sentiam motivados.

Gráfico 2. Modalidades praticadas

Em relação às matérias de ensino, no décimo segundo ano o clube (escola) admite um regime de opções. Assim, para este ano letivo, foi fornecida uma folha aos atletas, onde tinham de ordenar as diferentes modalidades por

1 1 11 0 2 4 6 8 10 12

Doença grave Asma Visão

2 1 1 1 1 0 0,5 1 1,5 2 2,5

Futebol Dança Natação Ténis Atividades de ginásio

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ordem de preferência. Esta parte do questionário permitiu-me perceber quais as modalidades que os atletas gostavam de abordar e assim escolher as matérias de ensino, tendo em conta as modalidades mais selecionadas pela equipa.

De entre as catorze modalidades (Gráfico 3) apenas cinco iriam ser abordadas ao longo do ano, sendo que as modalidades mais escolhidas foram: futebol, basquetebol, andebol, acrobática e badminton. O futebol foi a modalidade mais escolhida como primeira opção pelos rapazes, sendo que nas raparigas a modalidade que obteve melhor pontuação foi a ginástica acrobática.

Gráfico 3. Modalidades preferidas

Após estas duas primeiras semanas, chegou o momento de escolhermos a equipa principal com quem iríamos trabalhar ao longo do ano. Admito que esta escolha foi fácil para mim, dado que a partir do dia do treino de apresentação os via como a “minha” equipa, os “meus” primeiros atletas.

Assim, a equipa selecionada foi uma equipa de décimo segundo ano, que inicialmente tinha 18 atletas, contudo com algumas mudanças acabou por ficar com 14 atletas. Confesso que fiquei um pouco reticente com estas alterações, uma vez que a equipa tinha ficado muito reduzida, porém o treinador principal explicou que seria um desafio diferente e que iria ter de trabalhar outros aspetos. Quanto aos métodos de trabalho, esta era uma equipa trabalhadora, dedicada e

1 7 1 1 1 2 1 1 2 3 1 1 2 1 1 1 1 4 3 1 1 2 1 1 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8

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cumpridora. Apesar destas características, a equipa tinha alguns problemas de motivação, sendo que tive de encontrar algumas estratégias e exercícios que os desafiassem. No que concerne ao treino (disciplina de educação física), percebi que nesta equipa havia atletas com bastantes dificuldades, contudo mostraram-se mostraram-sempre bastante empenhados em todas as tarefas propostas.

No geral, como a maior parte dos atletas nunca tinha integrado uma equipa, senti a necessidade de reforçar no processo de planeamento competências pessoais e sociais, como: a cooperação, espírito de equipa, responsabilidade, motivação, autonomia, liderança e superação.

Estava assim perante seis raparigas e oito rapazes, cheios de expectativas, ambições, empenhados e focados. De entre os rapazes, tínhamos dois jogadores da bola, líderes natos, sempre prontos a ajudar e com grande predisposição a nível motor, ambos muito competitivos e disciplinados, os meus braços direitos que queriam sempre ajudar a montar os campos e a arrumar o material. Já outros dois atletas eram os “jogadores”, muito unidos (onde estava um, estava o outro), companheiros, determinados e sempre muito divertidos, com grande desempenho motor em todas as modalidades, no entanto para eles todos os treinos deviam ser de futebol. Seguiam-se os dois mais tímidos, muito tranquilos e introvertidos, que apesar de terem mais dificuldades motoras se empenhavam sempre nas tarefas propostas e procuravam acompanhar os restantes colegas de equipa. Já um outro aluno era “o engraçadinho”, falador e divertido, que questionava tudo e que poderia até ser mais empenhado e ter melhores resultados, mas a sua preguiça era mais forte. Por último, “o rapaz do

fitness” era também muito prestável e com níveis de desempenho motor muito

elevados, contudo levava os estudos sem grande ambição, acabando por sair no fim da segunda fase de competição (2º período). Na mesma altura da saída deste atleta, chegou um novo desportista de nacionalidade Brasileira, que apresentava grande predisposição a nível motor, contudo tinha pouco conhecimento em algumas modalidades, sendo que nunca tinha praticado muitas delas.

Nas raparigas encontrámos “a líder”, muito observadora, perfecionista e empenhada, com grandes capacidades motoras para as diversas modalidades,

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que não gostava de perder, mas quando ganhava era sempre muito humilde e justa. Já “a nadadora” era esforçada, pontual e muito exigente com ela mesma, não gostava de errar, queria fazer todas as tarefas com a máxima perfeição e todos os desafios eram encarados com um sorriso nos lábios e a maior determinação. Depois tínhamos “a estudiosa”, que tinha muitas dificuldades motoras e na compreensão do jogo, no entanto encarava todas as tarefas com a maior dedicação e empenho, mostrando sempre uma postura muito correta e prestável. Outras duas atletas eram “as ginastas”, ambas muito observadoras, simpáticas e responsáveis, demonstrando um desempenho motor razoável em todas as modalidades, contudo apresentavam algumas dificuldades na compreensão dos jogos Desportivos Coletivos (JDC). Por último, “a teimosa”, que era sempre a última a chegar aos treinos, muito distraída, mas sempre bem disposta e pronta a ajudar.

Todos os atletas com personalidades muito diferentes, mas muito empenhados, maduros, com expectativas e ambições: estas eram as principais características da minha equipa.

Esta equipa do 12º ano será sempre a minha primeira equipa, os meus primeiros atletas, com quem aprendi e vivi esta olimpíada. Houve jogos em que me senti frustrada, pois sabia que eles podiam dar mais, enquanto que noutros fiquei satisfeita e contente, não só pelo resultado, mas principalmente pelo empenho e prestação dos atletas. Sem dúvida que a motivação de querer ensinar mais e melhor, de os fazer evoluir e gostar de desporto venciam todos os momentos menos positivos e faziam-me lutar por esta equipa.

“Se tivesse de voltar a escolher, teria escolhido novamente o 12º ano.” (Diário de bordo, 10 de dezembro de 2018)

Equipa secundária (turma partilhada)

Na segunda fase de competição (2º período), fui convidada para treinadora adjunta de uma equipa de jovens atletas noutro clube. A realidade desta equipa era muito diferente da minha equipa principal, não só em termos de estrutura e de atletas, mas também no funcionamento e material das instalações de treino.

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Ao contrário do que seria de esperar, este novo desafio despertou em mim diferentes sentimentos. Por um lado, estava muito entusiasmada por interagir e ensinar atletas de tão tenra idade, mas, por outro lado, sentia desconforto e medo por este novo desafio.

Antes de iniciar os treinos, a equipa técnica decidiu que era importante reunir com o treinador principal (PC), para obter algumas informações dos atletas. TP descreveu então a minha equipa e forneceu uma folha com as fotos dos atletas, onde realçou quais eram os que tinham mais dificuldades, os com melhor desempenho motor e os que tinham pior comportamento em treino. Após esta reunião, já me senti mais preparada, contudo as incertezas eram muitas e o medo de falhar também.

A equipa era do quinto ano de escolaridade, constituída por vinte e seis atletas (alunos), doze do sexo feminino e catorze do sexo masculino. Dos vinte e seis atletas, apenas uma era repetente, sendo que as idades estavam compreendidas entre os 9 e os 11 anos.

Esta equipa era muito heterogénea a nível de conhecimentos e disponibilidade motora, contudo apresentavam uma enorme predisposição para a prática e eram muito interessados. Em relação à conduta, esta equipa tinha alguns problemas de comportamento, com alguns casos que precisavam de uma maior atenção. Desde início usei algumas estratégias para colmatar esta energia dos atletas, como, por exemplo, falar só quando toda a equipa estivesse em silêncio e não avançar para o exercício seguinte sem que os atletas estivessem concentrados na tarefa, de forma a mostrar-lhes que os maus comportamentos prejudicavam o funcionamento dos treinos.

Como já referi, havia alguns comportamentos e situações que necessitavam de uma maior atenção, como casos de violência e intimidação entre atletas. Confesso que nunca tinha presenciado situações destas, contudo perante as mesmas sempre mostrei uma postura assertiva. Em treino, eram recorrentes os conflitos entre atletas, principalmente do sexo masculino, e muitas vezes foi necessário e importante intervir. Procurei sempre que possível falar sobre este tipo de situações e reprimir estas condutas, no sentido de

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consciencializar os atletas. No início não foi fácil lidar com estas situações, contudo, com a evolução dos treinos, tornaram-se cada vez menos recorrentes, o que pode indicar que a minha mensagem foi transmitida com sucesso. Quanto aos casos de intimidação, nunca me apercebi de nenhuma situação até aos dois últimos treinos. Neste caso, houve necessidade de comunicar os acontecimentos ao treinador principal, para que este atuasse em conjunto com o diretor da equipa (diretor de turma).

Apesar de todos estes contratempos, adorei treinar esta equipa. O meu foco esteve muito mais direcionado para o controlo da equipa, para a organização e criação de rotinas e regras, contudo proporcionar-lhes uma experiência de ensino favorável era o mais importante.

Quanto à planificação, a equipa na primeira fase de competição (1º período) tinha abordado a modalidade de voleibol, sendo que nesta segunda fase deveria lecionar basquetebol ou ginástica. Optei pelo basquetebol, dado ser uma modalidade coletiva e aquela pela qual os atletas mostravam mais interesse. Até ao momento da competição os atletas teriam sete treinos, alternadamente de quarenta e cinco minutos ou noventa minutos. Dado o número reduzido de treinos e por ser a primeira vez que os atletas iriam lecionar esta modalidade, optámos, juntamente com o TP desta instituição, por lecionar alguns conteúdos básicos da modalidade. Em conversa com o treinador principal, este sugeriu que a minha instrução fosse clara e focasse apenas o essencial, de forma a potenciar a aprendizagem dos atletas.

Admito que quando acabava um treino sentia-me esgotada, como se tivesse corrido uma maratona, mas no fim os abraços de despedida relembravam-me o meu gosto pelo ensino. Nunca me vou esquecer destes pequenos “craques”. Dos jogadores de basquetebol, que provocavam dores de cabeça e muitas vezes me levaram ao limite, mas ao mesmo tempo se mostravam líderes natos. Do jogador de futebol, que estava na “lista negra” do TP, contudo sempre se mostrou muito correto e educado comigo. Da durona, que não aceitava um elogio nem uma correção, mas mesmo assim eu não desistia de os transmitir. Da Brasileira, que tinha grandes dificuldades motoras e que era menosprezada pela equipa, mas que me considerou como uma amiga

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para poder desabafar. Das meninas, que mal eu chegava corriam para me abraçar e todos os dias me perguntavam se seria eu a dar o próximo treino. Estes eram os meus traquinas, que me fizeram dar valor a esta profissão e me mostraram a magia de ser treinadora (professora).

Sem dúvida que esta experiência foi muito enriquecedora e desafiante, permitindo-me vivenciar uma realidade completamente diferente da minha equipa principal. A alegria de cada treino, o entusiamo dos atletas, o querer aprender e o gosto pela competição são sentimentos que nunca vou esquecer.

3.4. Equipa Técnica

Com o desporto aprendi que quem caminha sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai acompanhado, com certeza vai mais longe. Aprendi também que todos os elementos da equipa são fundamentais e que todas as pessoas com quem partilhamos o campo ou o balneário marcam, de alguma maneira, a nossa jornada. Face a este entendimento, tal como referem Tannehill e Goc-Karp (cit. por Batista & Queirós, 2015), é importante ter em conta que o maior ou menor sucesso das experiências de ensino em contexto real depende dos vários intervenientes no processo: o treinador principal (professor cooperante), a diretora (orientadora), as observadoras (colegas do núcleo de estágio) e a treinadora adjunta (estudante-estagiário).

O Treinador Principal

O professor cooperante (PC), definido como treinador principal, teve um papel preponderante ao longo desta olimpíada, como “um dos principais

intervenientes no processo formativo, assumindo o acompanhamento da prática pedagógica, orientando-a e refletindo-a, com a finalidade de proporcionar ao futuro professor uma prática docente de qualidade, num contexto real

(Albuquerque et al., 2005, p.15).

Durante os Jogos Olímpicos tive a sorte de ter um treinador principal com uma vasta experiência e conhecimento na área do treino. Sempre que possível,

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procurou tirar-me da minha zona de conforto e proporcionar-me momentos de reflexão e de partilha. Permitiu-me errar, porque o erro é essencial para a aprendizagem e incentivou-me a refletir sobre todo o processo de treino. Deu-me ainda a oportunidade de Deu-me encontrar enquanto treinadora e perceber qual a minha filosofia de treino, mas sem nunca esquecer os objetivos que tinham sido traçados para esta competição. O PC tem a missão de orientar os EE e ajudá-los a encontrar o seu caminho na profissão (Silva et al., 2014).

Em suma, destaco a sua exigência e perfecionismo, aliados à boa disposição e disponibilidade. Ao longo dos Jogos Olímpicos, o PC assumiu o papel de um treinador, fornecendo-me todas as ferramentas necessárias para ter sucesso, mas sem definir quais deveria utilizar, dando-me liberdade para escolher as que se enquadravam melhor, com base nos problemas colocados durante o jogo (aulas).

A Diretora

A professora orientadora (PO), definida como diretora da equipa, assume um papel preponderante na supervisão e orientação do núcleo de estágio. Segundo a literatura, é responsável por coordenar a sua ação de supervisão com o PC e orientar a elaboração do relatório final (Batista & Queirós, 2015). A diretora da equipa tem ainda a função de “conduzir os estudantes estagiários, de

forma gradual, a passar de uma participação periférica para uma participação mais interna, mais ativa e mais autónoma” (Batista, 2014, p.34).

Saliento o seu profissionalismo e rigor em todas as reuniões, momentos de reflexão e observação de treinos. Sem dúvida que foi essa exigência que me fez evoluir durante esta olimpíada e desenvolver uma atitude mais reflexiva.

Apesar de assumir um papel fora do terreno de treinos, destaco a sua importância ao longo desta olimpíada, enquanto coordenadora e mediadora de todo o processo.

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As Observadoras

Com o desporto aprendi que todos os sonhos são atingíveis se tivermos as pessoas certas do nosso lado. É a partir desta ideia que caracterizo o meu núcleo de estágio, as observadoras.

Admito que tinha uma grande expectativa em relação à minha equipa técnica, pois sabia que seriam as pessoas com quem ia aprender e vivenciar momentos inesquecíveis. No dia em que recebi a convocatório fiquei muito feliz ao saber quem seriam as minhas companheiras ao longo desta aventura.

Quando entramos pela primeira vez no estádio percebi que juntas tínhamos tudo para realizar uma boa competição. Juntas trocamos ideias, estabelecemos objetivos, refletimos e desafiamo-nos a ser melhores em cada treino. Saliento sobretudo os momentos de conversa, aprendizagens e partilha, nos quais aprendemos com os erros umas das outras.

Em suma, sem a minha equipa técnica, os Jogos Olímpicos não teriam sido os mesmos. Destaco a amizade, companheirismo e entreajuda, que permitiram que o sonho de ser treinadora se tornasse real.

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3 In Programa Nacional de Educação Física do Ensino Secundário, 2001, p. 8 4 In Programa Nacional de Educação Física do Ensino Secundário, 2001, p. 7

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4. Preparação para os Jogos Olímpicos

4.1. Análise da carta olímpica

A preparação para o Jogos Olímpicos engloba uma pesquisa e uma análise de um conjunto de documentos, entre eles a carta olímpica. Esta contém informações fulcrais que orientam toda a olimpíada, pois é o código que resume os princípios fundamentais, as normas e estabelece as condições para a celebração dos JO (Carta Olímpica, 2019, p.9). Assim, realizando uma analogia , a carta olímpica é representada pelo Programa Nacional de Educação Física (PNEF), regulamento interno (RI), planeamento local (PL) e regulamento de estágio.

A minha primeira tarefa como treinadora adjunta foi analisar a carta olímpica, mais propriamente a secção relacionada com o regulamento da competição (regulamento de estágio e o regulamento interno). Estes documentos facultaram-me dados fundamentais relativos ao funcionamento do estádio olímpico (escola) e à visão e cultura pelas quais o movimento olímpico se rege. Em conformidade, importava também analisar os documentos específicos da competição (área disciplina), como o PNEF, que constitui “um

guia para a ação do professor que, sendo motivado pelo desenvolvimento dos seus alunos, encontra aqui os indicadores para orientar a sua prática”3 (p.8). O

PNEF contempla uma evolução gradual na complexidade ao longo dos anos de escolaridade, contudo nem sempre vai ao encontro das necessidades dos atletas (alunos), pelos diferenciais de desempenho motor que os atletas em contexto real revelam. Assim, segundo Bento (2003) o programa deve dar uma orientação norteadora que ajude na planificação do ensino, sendo que os processos formativos são objeto de deliberação pedagógica ao nível da realidade educativa concreta4 (p.7). Face ao referido, a planificação local assume

um papel preponderante na contextualização dos programas à realidade local, isto é, ao nível do desempenho motor, necessidades dos atletas e condições de treino.

Referências

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