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5. Jogos Olímpicos 2018/2019

5.2. Segunda fase de competição (2º período)

5.2.1.2. Competição: a base da motivação

Uma das conclusões retiradas na Primeira Fase de Competição, conforme referido, foi a falta de motivação dos atletas para a prática desportiva. No contexto de treino nem sempre encontramos os atletas motivados, pelo que cabe ao treinador encontrar estratégias que lhe permitam aumentar os níveis de motivação dos seus atletas. Assim, o presente subcapítulo retrata uma das estratégias que utilizei para motivar os atletas na Segunda Fase da competição.

É consensual que a falta de motivação dos atletas constitui um constrangimento no processo de ensino-aprendizagem, pela falta de interesse e empenho nas tarefas propostas. Cabe assim ao treinador a difícil tarefa de estimular os atletas para a prática permanente de desporto. O treinador é responsável por possibilitar a aprendizagem e desenvolver capacidades, “deve

ser visto como o profissional que tem a função específica de conduzir esse processo, o treino desportivo, fazendo-o no quadro de um conjunto de saberes próprios” (Rosado & Mesquita, 2009, p.208).

Nos primeiros treinos (primeira fase de competição) verifiquei que os atletas aderiam muito bem aos momentos competitivos, pedindo constantemente para jogar. Assim, na Segunda Fase de Competição (2º período), para além de potenciar a relação treinador-atleta, utilizei a competição para colmatar o problema da motivação dos atletas. É importante referir que, mesmo na Primeira Fase da competição, nunca abdiquei do momento competitivo, do “jogo”. Considero este momento bastante importante para que os atletas consigam pôr em prática os conteúdos adquiridos ao longo dos treinos. Como refere Guilherme (2015, p.112), “No clube, o jogo, realizado todos os fins de semana, é a apoteose

para qualquer jogador. Na escola, quando é que o jogo acontece? Como não existem os fins de semana, não há nenhuma outra possibilidade que não sejam as aulas. As aulas terão de ser contextos em que o ensino e a aprendizagem estejam sempre presentes, mas o jogo e mais especificamente a competição

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terá de ser essência da aula, porque é ela a alma de qualquer modalidade e o que permite a envolvência emocional do aluno”.

Em reunião com a minha equipa técnica, sugeri que este momento de jogo/competição fosse utilizado de forma diferente. Deste modo, o jogo seria potenciado através da realização de um quadro de competição (Quadro 8), em que os atletas recebiam um “mais” (+) por cada vitória. Numa fase inicial, optei por realizar a competição entre atletas e não entre equipas, dado que os atletas faltavam muito e assim não haveria problema em alterar as equipas e, posteriormente, na Terceira Fase, a opção foi realizar a competição por equipas.

“Nesta aula implementei uma nova estratégia, com o intuito de motivar os

alunos para os exercícios. Esta estratégia baseia-se num quadro de pontuação, em que os alunos em todas as aulas terão um momento competitivo entre equipas e os elementos dessa equipa ganham um ponto (+). O objetivo desta estratégia é motivar os alunos, sendo que no fim do período, os dois/três alunos que tiverem mais pontos terão um “prémio”. De forma a não haver constrangimentos devido às faltas dos alunos e dado estes terem níveis distintos nas diferentes modalidades, optei por realizar equipas diferentes em todas as aulas. Os professores de educação física têm um papel fundamental na criação de um ambiente educacional que aumente a motivação dos alunos. Segundo Bryan e Solmon (2007), está provado que alunos motivados geralmente demonstram mais esforço, intenção e persistência no comportamento, do que os alunos menos motivados ou desmotivados.”

(Diário de bordo – 7 a 11 de janeiro de 2019)

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As equipas eram diferentes em todos os treinos, tendo sido formadas sempre equipas mistas (feminino e masculino) e equilibradas. A pontuação dos jogos era registada no quadro competitivo e no início de cada treino os atletas tinham acesso à pontuação total.

Analisando o impacto positivo que a competição teve nos atletas, saliento o entusiasmo e a competitividade destes em todos os treinos. Quando as pontuações dos jogos estavam muito próximas, eles incentivavam-se mutuamente, sendo notório o clima de entreajuda e cooperação entre todos.

No entanto, existem sempre duas faces da moeda e, por esse motivo, nem sempre conseguia motivar todos os atletas. Como refere Mesquita (2009, p.188), é importante controlar os potenciais efeitos negativos que uma centralização na competição pode acarretar, portanto torna-se importante chamar a atenção dos jovens com regularidade para as dimensões éticas, valorizar o esforço e o trabalho em equipa e ensinar os atletas a saberem lidar com a vitória e a derrota, como espelha o excerto seguinte:

“Na aula tive atletas a aborrecerem-se, porque as equipas estavam

desequilibradas. Nesse momento, procurei ser bastante assertiva e mostrar-lhes que era apenas um jogo e que iam ter mais oportunidades de ganhar pontos. Expliquei também que deveriam ajudar os colegas com mais dificuldades em vez de amuarem, pois isso só prejudicava a equipa.

(Diário de bordo – 12 a 14 de fevereiro de 2019)

Sem dúvida que o foco dos atletas nos momentos competitivos era a vitória, pelo que rapidamente perdiam o foco na matéria de ensino. Assim, com o objetivo de contornar este aspeto, decidi privilegiar alguns comportamentos durante o jogo. Por exemplo, como acontecia frequentemente nos treinos de basquetebol, a equipa que realizasse o passe e corte para o cesto recebia um ponto extra. Este aspeto permitiu aos atletas focarem a sua atenção nas matérias de ensino, e, assim, potenciar a realização correta do que tinha sido ensinado ao longo do treino.

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Em conclusão, através destes momentos competitivos foram abordados diferentes valores, como a cooperação, inclusão, respeito pelos outros e fair-

play.

“A Educação Física, como disciplina prática, tem um papel de destaque

na transmissão de normas, valores e condutas, essenciais à vida social, académica e profissional. De facto, valores como a cooperação, trabalho em equipa, respeito, entreajuda, liderança, compreensão, aceitação, entre outros, são transversais ao desporto e à vida, assumindo-se como uma preocupação da disciplina.”

(Diário de bordo - 18 a 22 de fevereiro de 2019)

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