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Relatório de EStágio Profissional - A éfemera experiência de ser Professor

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Academic year: 2021

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I

A efémera experiência de ser Professor.

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional apresenta-do à Faculdade de Desporto da Univer-sidade do Porto com vista à obtenção do 2º Ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário ao abrigo do Decreto-lei nº74/2006 de 24 de março e o Decreto-lei nº43/2007 de 22 de fevereiro.

Orientadora FADEUP: Professora Doutora Olga Vasconcelos

Ricardo Filipe de Carvalho Leal Porto, julho de 2013

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II Ficha de Catalogação:

Leal, R . (2013). A efémera experiência de ser Professor: Relatório de Estágio Profissional. Porto: R . L e a l . Relatório de Estágio Profissional para a obten-ção do grau de Mestre em Ensino da Educaobten-ção Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Por-to.

PALAVRAS CHAVE: ESTÁGIO PROFISIONAL, RELATÓRIO DE ESTÁGIO,

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III

AGRADECIMENTOS

À minha Orientadora de Estágio, Professora Doutra Olga Vasconcelos por toda a ajuda, orientação, disponibilidade e sapiência que me transmitiu.

Ao Professor Cooperante Marco Bastos que mais do que um supervisor foi um amigo sempre disponível a ajudar e a aconselhar com a sua experiência de-monstrando-me sempre da forma mais realista possível o que é ser Professor de Educação Física no ensino público português.

A todos os Professores da Escola EB 2/3 de Gondomar que sempre me fize-ram sentir como um deles.

Aos meus colegas de Estágio, André Silva e Daniel Santos por tudo que pas-samos em conjunto e porque ao fim de um ano os posso considerar bons ami-gos.

Aos alunos do 9ºA, 9ºD, e especialmente ao 9ºE, a minha turma, por todos os momentos passados durante o ano, pelos desafios que me criaram e por me terem ajudado a ser melhor Professor.

Aos meus pais, Agostinho e Isaura, por me terem apoiado em todos os cami-nhos que segui ao longo da minha vida.

Ao meu irmão, Pedro, pelos conselhos que sempre me deu e pelo modelo que é para mim.

Às minhas avós, Emília e Florência, pela paciência que tiveram para comigo e pelas palavras duras que por vezes injustamente vos dirigi.

Aos meus sobrinhos, Jan e Gabriela, simplesmente pelo seu sorriso, deram-me força para nunca desistir.

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V

ÍNDICE GERAL

ÍNDICE DE QUADROS ... VI RESUMO... IX ABSTRACT ... XI LISTA DE ABREVIATURAS ... XIII

1.Introdução ... 1

2. Enquadramento Pessoal... 5

2.1 Identificação ... 7

2.2 Expectativas ... 11

3. Enquadramento da Prática Profissional... 13

3.1 Contexto Legal, Institucional e Funcional ... 15

4. Enquadramento institucional ... 17

4.1 A escola onde realizo o Estágio Profissional ... 19

4.2 A minha turma ... 20

5. Enquadramento Operacional ... 25

6. Área 1 - Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem ... 29

6.1 Planeamento ... 31 6.1.1. Planeamento Anual ... 32 6.1.2. Unidades Didáticas ... 33 6.1.3. Plano de Aula ... 34 6.1.4. A Condição Física ... 35 6.2. Realização ... 36 6.3. O Feedback Pedagógico ... 37 6.4. A realidade pós planeamento ... 38 6.5. O Papel da Reflexão ... 39

6.6. A Observação dos meu pares ... 40

6.7. Avaliação ... 41

6.7.1. Avaliação Diagnóstica ... 42

6.7.2. Avaliação Sumativa ... 42

7. Áreas 2 e 3 – Participação na Escola e relações com a Comunidade ... 45

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VI

7.1.1. Torneio de Futsal Masculino/Feminino (5ºano) ... 47

7.1.2. Corta-Mato Escolar ... 48

7.1.3. Miniolimpíadas ... 48

7.1.4. Marcha de Montanha ... 50

7.1.5. Torneio de Futsal Feminino (5º, 7º e 8 ano) ... 50

7.2. O Diretor de Turma ... 51

8. Estudo: Coordenação Motora e Desempenho Cognitivo dos Alunos ... 55

8.1. Introdução ... 57

8.2. Enquadramento Teórico ... 58

8.3. Objetivos ... 62

8.4. Metodologia ... 63

8.4.1. Instrumento ... 63

8.4.2. Procedimentos da aplicação dos Questionários ... 64

8.4.3. Procedimentos Estatísticos ... 65 8.5. Resultados e Discussão ... 66 8.6. Conclusões ... 71 Bibliografia ... 72 9. Conclusões Gerais ... 77 10. Perspetivas Futuras ... 81 Bibliografia Geral ... 85

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VII

ÍNDICE DE QUADROS

Tabela 1 – efeito do desempenho escolar ao nível da Educação Física, nos

níveis parciais e totais da coordenação motora. Média, desvio padrão, valores de z e de p... 67

Tabela 2 - Efeito do desempenho escolar ao nível das disciplinas de

Humanidades, nos níveis parciais e totais de coordenação motora. Média, desvio padrão, valores de z e de p ... 67

Tabela 3 - Efeito do desempenho escolar ao nível das disciplinas de Ciências,

nos níveis parciais e totais de coordenação motora. Média, desvio padrão, valores de z e de p ... 68

Tabela 4 - Efeito do desempenho escolar ao nível das disciplinas

Tecnológicas, nos níveis parciais e totais de coordenação motora. Média, desvio padrão, valores de z e de p ... 69

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IX

RESUMO

O Estágio Profissional foi uma grande oportunidade para o desenvolvi-mento das minhas competências e capacidades profissionais como Professor de Educação Física. O objetivo deste relatório é demonstrar de forma crítica e refletiva as experiências deste ano como professor estagiário. O estágio decor-reu na Escola EB 2/3 de Gondomar, num núcleo de estágio constituído por três elementos, com o acompanhamento do Professor Cooperante Marco Bastos e da Professora Orientadora da Faculdade, Doutora Olga Vasconcelos. O relató-rio encontra-se dividido em nove capítulos. No primeiro, “Introdução”, é de-monstrado o propósito do estágio. No segundo, “Enquadramento Pessoal”, fa-ço uma autobiografia demonstrando todo o meu desenvolvimento pessoal e as expectativas relativas ao Estágio Profissional. No terceiro, “Enquadramento da Prática Profissional”, falo do contexto legal, institucional e funcional do estágio. No quarto, “Enquadramento Institucional”, reporto-me à escola e à turma à qual lecionei. No quinto, “Enquadramento Operacional”, demonstro a forma como encarei o Estágio Profissional e esta passagem de aluno para professor. No sexto, “Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem”, é aque-le em se refaque-lete todo o trabalho realizado no ano de estágio. No sétimo, “Áreas 2 e 3 – Participação na Escola e Relações com a Comunidade” relatei todos os eventos em que participei e que cooperei na sua organização, e faço uma refe-rência ao papel e trabalho do Diretor de Turma. O oitavo capítulo constitui o estudo que nos é proposto, tendo-se subordinado, no caso, ao tema da coor-denação motora e avaliação curricular. O nono capitulo, corresponde às con-clusões onde faço uma pequena retrospeção do que foi mais importante no percurso do Estágio Profissional. O décimo capítulo, “Perspetivas Futuras”, é dedicado aos caminhos que poderei percorrer no futuro.

PALAVRAS CHAVE: ESTÁGIO PROFISIONAL, RELATÓRIO DE ESTÁGIO,

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XI

ABSTRACT

The professional internship that I participated in, turned out to be a huge opportunity to develop my competences and abilities as a Physical Education Teacher. The aim of this report is to show the experience of this year internship in the most possible reflexive and critical way. It took place in the Elementary School of Gondomar, in Gondomar, in a group formed by three interns, super-vised by the School Coordinator Marco Bastos and the University Coordinator PhD Olga Vasconcelos. The report is organized in nine chapters. The first chap-ter, “Introduction“ is the one where the aim of the internship is presented. The second one, “Biographical Framework”, reveals my personal development and all my expectations. The third chapter, “Professional Framework”, is the one where the legal, institutional and functional context of the internship is men-tioned. The place of the training and the students that I worked with, are the subject of the fourth chapter, “Institutional Framework”. In the fifth one, “Opera-tional Framework”, the shape shifting process from student to teacher is depict-ed. The sixth chapter, “Organization and management of teaching”, is where the general reflection of the whole work is shared. In the seventh one, all the events that I participated in, the team organization are presented. Despite of that, the character of work as the Class Director is described. The eighth chap-ter is an investigation about the motor coordination and cognitive skills. The ninth chapter concludes about what was the most important issue during the internship. Finally the last chapter shows my future perspectives.

KEY WORDS: INTERNSHIP REPORT, MOTOR COORDINATION, PHYSICAL

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XIII

LISTA DE ABREVIATURAS

CEF - Cursos de Educação e Formação de Jovens

DCD – Desordens Coordenativas no Desenvolvimento

EB – Ensino Básico

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

MABC – Movement Assessment Battery for Children

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1. Introdução

O presente documento foi realizado no âmbito da unidade curricular Estágio Profissional do 2º ciclo de estudos, conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP). Decorreu na Escola EB 2/3 de Gondomar, em Gondomar, num núcleo de estágio constituído por três elemen-tos, com o acompanhamento do Professor Cooperante Marco Baselemen-tos, e da Pro-fessora Orientadora da Faculdade, Doutora Olga Vasconcelos.

Fui responsável pelo processo ensino-aprendizagem da disciplina de Educação Física da turma E do 9º ano, uma das turmas atribuídas ao Profes-sor Cooperante, assim como de todas as tarefas relativas à conceção, planea-mento, realização e avaliação. Todos estes momentos foram supervisionados tanto pelo Professor Cooperante como pela Professora Orientadora da FA-DEUP.

Segundo as Normas Orientadoras do Estágio Profissional, este entende-se como um “projeto de formação do estudante com a integração do

conheci-mento proposicional e prático necessário ao professor, numa interpretação atual da relação teoria prática contextualizando o conhecimento no espaço es-colar. O projeto de formação tem como objetivo a formação do professor profis-sional, promotor de um ensino de qualidade. Um professor reflexivo que anali-sa, reflete e sabe justificar o que faz em consonância com os critérios do pro-fissionalismo docente e o conjunto das funções docentes entre as quais so-bressaem funções letivas, de organização e gestão, investigativas e de coope-ração” (Matos, 2012, p. 3).

O presente relatório encontra-se dividido em nove capítulos. No primei-ro, “Introdução”, é demonstrado o propósito do estágio. No segundo, “Enqua-dramento Pessoal”, faço uma autobiografia demonstrando todo o meu desen-volvimento pessoal e as expectativas relativas ao Estágio Profissional. No ter-ceiro, “Enquadramento da Prática Profissional”, falo do contexto legal, instituci-onal e funciinstituci-onal do estágio. No quarto, “Enquadramento Instituciinstituci-onal”, reporto-me à escola e à turma à qual lecionei. No quinto, “Enquadrareporto-mento

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Operacio-4

nal”, demonstro a forma como encarei o Estágio Profissional e esta passagem de aluno para professor. No sexto, “Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem”, é aquele em se reflete todo o trabalho realizado no ano de estágio. No sétimo, “Áreas 2 e 3 – Participação na Escola e Relações com a Comunidade” relatei todos os eventos em que participei e que cooperei na sua organização, e faço uma referência ao papel e trabalho do Diretor de Turma. O oitavo capítulo constitui o estudo que nos é proposto, tendo-se subordinado, no caso, ao tema da coordenação motora e avaliação curricular. O nono capítulo, “Perspetivas Futuras”, é dedicado aos caminhos que poderei percorrer no futu-ro.

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2. Enquadramento Pessoal

2.1 Identificação

A 26 de Janeiro de 1988, dia em que se estreou na Broadway o famoso espetáculo “O Fantasma da Ópera”, e 25 anos (26 de Janeiro de 1963) depois de ter nascido aquele que é apelidado de The Special One e orgulho da maio-ria dos Portugueses da área desportiva, José Mourinho, eu nasci. Foi-me dado o nome de Ricardo Filipe de Carvalho Leal.

Os primeiros 6 anos da minha infância foram passados na quinta da mi-nha avó materna. Nesses tempos, à minha volta apenas havia crianças mais velhas. Durante os tempos de verão, sempre jogávamos futebol entre várias atividades de crianças, porém essas brincadeiras obrigaram-me a ter um cres-cimento precoce pois tinha que me adaptar ao que os mais velhos faziam.

O meu pai sempre foi um homem multifacetado, mas sobretudo sempre se destacou pelo facto de ser um excelente técnico eletricista. O meu irmão mais velho optou por seguir as pisadas do nosso pai, tornando-se Engenheiro de Eletrotecnia e Computadores.

Sem qualquer dúvida, o meu irmão mais velho sempre foi o meu role

model, isto é, o modelo de pessoa a seguir. Por essa razão, até aos 16 anos tinha como objetivo ser engenheiro. Ele era, e ainda é, uma pessoa que admiro muito e muitas vezes lhe digo: “Quando for grande, quero ser como Tu!”

No entanto, num dos vários momentos de indefinição na minha vida concluí que não estava a seguir o caminho certo. E por várias vezes me ques-tionei se estaria ou não a cometer um erro. Após muito me questionar sobre o que fazer, e que caminho seguir, concluí que a engenharia era simplesmente o capricho de seguir um modelo familiar e não aquilo que me faria sentir realiza-do e me traria a satisfação. O simples facto de saber que teria de estar dias após dias a trabalhar dentro de um escritório em frente a um computador repu-diava-me.

No meu 11º ano de escolaridade tive um professor de Educação Física estagiário. As aulas dele não fugiam à normalidade de uma aula de Educação

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Física, mas a realidade é que pela primeira vez alguém me tinha feito perceber que aquelas aulas eram tão ou mais importantes do que qualquer outra. Ao amor pelo Desporto que já existia em mim, pois desde cedo pratiquei Futsal, assim como outras modalidades, juntou-se o amor pela Educação Física.

Com o avançar do meu conhecimento na área do Desporto, dia após dia comecei a ficar mais fascinado pela importância que a atividade física e o exer-cício físico representam na qualidade de vida humana. No entanto, a minha paixão ficou mais orientada para o treino de duas das modalidades que prati-quei, que são o Futsal e o Futebol. Esta área do Desporto revelou-me aquilo que é mais reconfortante na lecionação ou no treino, que é o retorno que temos após a nossa intervenção nos indivíduos, sejam eles crianças, jovens ou adul-tos.

Durante a Licenciatura tive duas experiências fora do nosso país que me fizeram crescer como pessoa, cidadão e profissional. A primeira experiência foi passada na Polónia, mais especificamente na cidade de Wroclaw. Quando se fala deste país em Portugal apenas se faz uma ligação com o Papa João Paulo II, no caso das pessoas mais religiosas, ou com a II Guerra Mundial, para os mais interessados na história da humanidade. Os mais interessados no Fute-bol, certamente irão fazer uma ligação com o Campeonato Europeu de Futebol UEFA Euro 2012. Na Polónia aprendi a gostar de uma cultura diferente da nos-sa, de uma linguagem completamente diferente da nosnos-sa, sendo derivada do latim, e também tive pela primeira vez contato direto com o Desporto e o seu ensino noutro país. Aprendi a importância e o respeito pela pontualidade, aprendi muito sobre o conceito de respeito hierárquico e a distinção do lugar em que me devo situar em cada situação. Estes aspetos foram muito importan-tes no processo da minha construção pessoal como aluno, homem e profes-sor/treinador.

A minha segunda aventura fora de portas foi na Alemanha, mais especi-ficamente na cidade de Düsseldorf. Esta deslocação, pelo período de 12 me-ses, deveu-se a um estágio como treinador de Futsal. Neste país, a modalida-de encontra-se num estado modalida-de submodalida-desenvolvimento equivalente ao do nosso país no fim dos anos 90 do século passado. Para os responsáveis do clube, a

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minha chegada, assim como a de um colega brasileiro, foi um grande motivo de orgulho e uma oportunidade única de evolução para um nível superior de experiências e de conhecimento. Numa primeira fase como jogador e treinador adjunto e numa segunda fase como responsável pela equipa secundária con-segui um percurso bastante construtivo no meu papel como treinador, tendo também aprendido muito, em termos da metodologia do treino e do ensino da modalidade.

A experiência por terras germânicas trouxe-me alguns desafios diferen-tes. Enquanto na Polónia vivia num dormitório acompanhado por vários cole-gas de faculdade, na Alemanha vivia sozinho num apartamento muito pequeno, tendo exclusivamente à minha responsabilidade todas as tarefas do lar. Numa fase inicial foi complicado devido a alguma inexperiência e desconhecimento dos produtos alemães. Numa outra fase houve necessidade de procurar traba-lho devido ao dinheiro que me tinha sido atribuído como bolsa de estudos ter terminado. Essa fase levou-me a dar valor ao que conquistava com o suor do meu esforço. De certa forma, era o retorno que já tinha falado anteriormente. Era a satisfação de ter uma compensação por algo feito por mim. É sem dúvida é uma das melhores sensações da vida.

Quando a época 2011/2012 começou a ser preparada o meu regresso a Portugal ficou inevitável, primeiro por razões monetárias, pois não teria tempo para trabalhar e jogar Futsal, devido ao salário como jogador ser muito reduzi-do, segundo por razões afetivas pois estava próximo o nascimento do meu primeiro sobrinho.

Regressado a Portugal, senti a necessidade de melhorar a minha forma-ção. Dessa forma candidatei-me a dois Mestrados lecionados na Faculdade de Desporto: o do Treino de Alto Rendimento e o de Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário. A minha vocação sempre foi o Treino de Alto Rendimento, no entanto, devido ao meu currículo não ser tão vasto quanto ne-cessário, apenas tive lugar no Mestrado de Ensino.

O meu gosto pela Educação Física e pelo Desporto foram as grandes razões para ter optado por este Mestrado, contudo, principalmente depois das duas experiências emigratórias, o meu principal objetivo é ter um diploma e

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uma formação ao nível superior, que possa contribuir para o exercício profis-sional dentro e fora do nosso país.

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2.2 Expectativas

As minhas expectativas em relação ao estágio profissional passaram por querer vivenciar as diferenças entre o treino e o ensino na escola, e seguida-mente por compreender a realidade dos nossos alunos, do meio onde me iria envolver e dos respetivos pais e encarregados de educação. Sem qualquer dúvida, o treino de uma modalidade e o ensino desta numa escola são distin-tos. Tomando como exemplo o interesse e motivação dos alunos para praticar uma determinada modalidade, enquanto no treino esse interesse já é inerente pois os atletas encontram-se lá voluntariamente, na escola os alunos estão ali apenas por obrigação.

Como é óbvio, não foi durante este ano que aprendi todas as receitas do ensino da nossa disciplina, pois para além de não existirem receitas 100% cor-retas na nossa área, também não vivenciei tudo o que pode ser vivenciado ao longo de uma vida de lecionação. Contudo, penso ter criado em mim uma ca-pacidade de adaptação a várias situações e contextos que me permitirão en-frentar a profissão com melhores ferramentas.

Em relação ao grupo de estágio, não conhecia pessoalmente nenhum dos meus dois colegas, mas com uma grande cumplicidade sempre houve um grande clima de entreajuda, dando sugestões, pedindo conselhos e auxiliando em tudo o que fomos necessitando. Criaram-se assim muito boas amizades que penso que me irão acompanhar durante um longo período da minha vida.

A relação com o Professor Cooperante, Professor Marco Aurélio Bastos, foi sempre uma relação de confiança e diria também de amizade. Revelou-se desde cedo uma pessoa com quem contar em todos os aspetos, desde dúvi-das em relação ao que fazer e ao como fazer, até outras situações relaciona-das com a realidade da nossa profissão. Sem dúvida que encontramos no Marco um colega de profissão e amigo.

Ao chegar à escola esperei encontrar um grupo de Educação Física descontraído e com quem poderia discutir vários temas relacionados com Des-porto. O que na verdade encontrei foi um grupo extremamente descontraído com uma visão da disciplina um pouco diferente do que nos é transmitido na faculdade. No entanto, durante o ano fiquei feliz por notar que boa parte do

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grupo lutava pelos interesses da disciplina com todas as forças, não a deixan-do vergar perante as disciplinas que auferem de maior importância na escola.

A professora orientadora da faculdade também desde cedo demonstrou a sua acessibilidade a apoiar-nos em tudo o que necessitássemos. Apesar de não me conhecer tão bem devido a não ter realizado a Licenciatura na FA-DEUP, não fez qualquer tipo de reparo a esse ponto colocando-me ao mesmo nível dos meus colegas.

Em relação à minha turma, e tendo em conta a faixa etária em que en-contra (13 – 16 anos), esperava enen-contrar alunos irreverentes ordeiros e sobre-tudo com vontade de aprender. Mas o que encontrei foi uma turma típica da faixa etária em que está inserida, bastante irreverente, com vontade de cons-truir a sua personalidade e de se destacar em relação aos demais colegas e com pouco desejo de aprofundar o seu conhecimento sobre as diversas moda-lidades desportivas, esperando apenas praticá-las. A maioria dos alunos é bas-tante apta fisicamente podendo atingir bons níveis de competências. O meu objetivo com esta turma foi cultivar nas suas mentes uma cultura desportiva que lhes permitisse perceber de forma mais concreta as modalidades que en-sinei, assim como o gosto pela prática das mesmas. Claro que este objetivo foi muito ambicioso, no entanto, tenho a consciência de que criei uma grande em-patia com os alunos, e que a minha passagem pelas suas vidas não foi em vão.

Sempre estive pronto a aprender, e durante este ano letivo passei por experiências que me ajudaram a tomar consciência das várias dificuldades que a disciplina de Educação Física tem de enfrentar, não só pelo desapreço das outras áreas mas também pelo relaxar e resignação de alguns profissionais no exercício da sua profissão na escola.

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3. Enquadramento da Prática

Profissional

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3. Enquadramento da Prática Profissional

3.1 Contexto Legal, Institucional e Funcional

A estrutura e funcionamento do Estágio Profissional consideram os prin-cípios decorrentes das orientações legais constantes do Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro.

Sendo o Estágio Profissional a última fase da formação inicial, “visa a

in-tegração no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão” (Matos,2012, p. 3). Parte-se do

princí-pio que quanto maior é a experiência, maior é o leque de opções na hora da tomada de decisão.

Segundo as Normas Orientadoras do Estágio Profissional, este entende-se como um “projeto de formação do estudante com a integração do

conheci-mento proposicional e prático necessário ao professor, numa interpretação atual da relação teoria prática contextualizando o conhecimento no espaço es-colar. O projeto de formação tem como objetivo a formação do professor profis-sional, promotor de um ensino de qualidade. Um professor reflexivo que anali-sa, reflete e sabe justificar o que faz em consonância com os critérios do pro-fissionalismo docente e o conjunto das funções docentes entre as quais so-bressaem funções letivas, de organização e gestão, investigativas e de coope-ração” (Matos, 2012, p. 3).

O Estágio Profissional tem 4 áreas de desempenho, apesar de as áreas 2 e 3 estarem agregadas numa só. A Área 1 – “Organização e Gestão do Ensi-no e da Aprendizagem” “engloba a conceção, planeamento, a realização e a

avaliação do ensino” (Matos, 2012, p. 3). As Áreas 2 e 3 – “Participação na

es-cola e Relações com a comunidade” “englobam todas as atividades não letivas

realizadas pelo estudante estagiário, tendo em vista a sua integração na co-munidade escolar e que, simultaneamente, contribuam para um conhecimento do meio regional e local tendo em vista um melhor conhecimento das

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ções locais da relação educativa e a exploração da ligação entre a escola e o meio” (Matos, 2012, p. 6). A Área 4 – “Desenvolvimento Profissional” “engloba atividades e vivências importantes na construção da competência profissional, numa perspetiva do seu desenvolvimento ao longo da vida profissional, promo-vendo o sentido de pertença e identidade profissionais, a colaboração e a aber-tura à inovação” (Matos, 2012, p. 7).

Decorrendo durante os dois últimos semestres do plano de estudos do Mestrado de Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, este tem a supervisão de um Professor Orientador da FADEUP e de um Pro-fessor Cooperante da escola/instituição de acolhimento. A cada estudante es-tagiário foi atribuída uma turma, sobre a qual teria todas as responsabilidades como docente da disciplina de Educação Física. Também é da responsabilida-de do estudante estagiário a realização responsabilida-de todas as tarefas responsabilida-definidas nas Nor-mas Orientadoras do Estágio Profissional.

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4. Enquadramento institucional

4.1 A escola onde realizo o Estágio Profissional

A escola em que fui colocado foi a minha quarta opção tendo em conta o top 40 requisitado. Essa instituição foi a Escola EB 2/3 de Gondomar. Quando a coloquei numa posição tão cimeira nas minhas escolhas deveu-se ao fácil acesso desde a minha residência até à escola. Sendo esta uma distância de cinco minutos da escola, fazendo a viagem de carro. Também se deveu ao fac-to do meu percurso estudantil, desde o primeiro ao décimo segundo ano de escolaridade ter sido feito no concelho de Gondomar, pois desta forma não ha-veria, para mim, grandes surpresas quanto ao contexto em que iria decorrer o meu estágio.

Tanto do ponto de vista educativo, como do ponto de vista desportivo, a escola possui alguns protocolos e parcerias que pode fazer com que a missão da escola, que é educar, transvaze os seus portões. Por exemplo, a escola possui protocolo com a Escola Profissional de Gondomar que pode ser um ponto de saída para centenas de jovens que atualmente frequentam a escola e ambicionam concluir a sua escolaridade sobre a forma de um curso de cariz mais técnico. Um dos protocolos de destaque é o acordo com a Ala Nun’Álvares de Gondomar que além de ser uma instituição de grande valor cultural tem grande valor desportivo ao nível do Ténis de Mesa e do Voleibol. Porém, a lista de instituições que permitem a prática do desporto além da esco-la, não tendo os jovens do concelho de Gondomar falta de escolha no que diz respeito às atividades desportivas.

As habilitações académicas dos encarregados de educação dos alunos que compõem este quadro escolar, no que diz respeito 3º ciclo do ensino bási-co, situam-se sobretudo no 2º ciclo do ensino básico.

O Agrupamento de Escolas de Gondomar da qual a escola EB 2,3 de Gondomar é a escola sede, tem na sua constituição sete escolas do primeiro ciclo do ensino básico e três jardins-de-infância.

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A escola sede, que recentemente passou por alterações na fisionomia dos seus edifícios mediante o projeto de reformas do parque escolar, ainda não possui um documento próprio onde possamos descrever com clareza quais os novos espaços, bem como os serviços que possui, entre outros aspetos de in-teresse relevante.

O pavilhão gimnodesportivo manteve-se inalterado, com uma estrutura muito antiga e com o piso num estado de degradação muito avançado. No en-tanto, o roulement estabelecia que tinha sempre um terço do pavilhão disponí-vel para dar aula. No exterior, havia dois espaços destinados a ser campos de jogos que ainda não possuíam quaisquer marcações, balizas ou tabelas de basquetebol. A nível de material nem todo estava em boas condições. Em ter-mos de bolas havia muita variedade e boa qualidade de bolas de basquetebol, voleibol e andebol. No caso do futebol as bolas, para além de serem em pe-quena quantidade estavam num estado muito desgastado. Durante o terceiro período foram adicionadas seis bolas novas com qualidade muito duvidosa e apenas se mantiveram em condições de utilização durante uma semana.

Tendo em conta as modalidades propostas pelo grupo de Educação Fí-sica a ser lecionadas ao 9º ano, apenas foi impossível lecionar patinagem de-vido aos patins existentes não estarem em condições de ser utilizados.

Foi um orgulho ter feito parte do corpo docente desta escola que sempre rejeitaram quaisquer tipo de formalidades da minha parte considerando-me sempre como mais um do grupo e me proporcionou uma experiência bastante realista do que significaria ser docente da Escola EB 2/3 de Gondomar.

4.2 A minha turma

O Professor Cooperante deu-nos hipótese de escolher entre três turmas de 9º ano possíveis. Uma vez que fui o último a escolher e era o que tinha no momento o horário mais flexível, calhou-me em sorte o 9º E.

Nesse preciso momento o Professor Cooperante alertou-me que essa turma era um pouco irrequieta e que numa fase inicial me poderia causar al-guns problemas.

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Como não era a primeira vez que liderava um grande grupo de adoles-centes não fiquei preocupado com o primeiro encontro, no entanto, optei por seguir o conselho do Professor Cooperante que foi o de manter “o punho

aper-tado e com o tempo consoante eles fossem permitindo eu ia dando alguma fol-ga”. No entanto, de forma um pouco paradoxal tornou-se estranho a transição

de estudante para professor, em que me questionei diversas vezes sobre as minhas capacidades e conhecimentos.

Esta era uma turma mal-amada na escola. Eram conhecidos como alu-nos fracos em quase todas as disciplinas, imaturos, rebeldes, mimados, e so-bretudo adolescentes sem objetivos. Muitos deles ainda não sabiam que cami-nho seguir no ensino secundário. No entanto, notei em alguns deles alguma indignação pelo rótulo que possuíam.

A turma era constituída por 23 alunos, 14 do sexo feminino e 9 do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 13 e os 16 anos.

A grande maioria destes alunos habita na freguesia de S. Cosme em Gondomar, vivendo apenas quatro deles em freguesias vizinhas. Estes alunos deslocam-se para a escola de três distintas formas: caminhando; no carro dos pais; ou de transportes públicos, neste caso o autocarro.

Todos os alunos são saudáveis com a exceção de um aluno asmático. Ao nível da lateralidade temos uma turma predominantemente destríma-na, havendo no entanto três alunos sinistrómanos.

Esta turma é muito heterogénea ao nível dos Encarregados de Educa-ção. Estes encontram-se numa faixa etária entre os 31 e os 66 anos, e têm as mais variadas profissões desde domésticas a contabilistas entre muitas outras. Tendo em conta os atuais momentos de crise, é de realçar de que há alguns deles desempregados destacando ainda o caso de uma aluna ter ambos de-sempregados. O agregado familiar dos alunos desta turma baseia-se em pais e irmãos, havendo no entanto casos em que os avós também fazem parte do agregado.

Os alunos desta turma não são praticantes de desportos de competição. Em 23 apenas 7 são federados nas modalidades que praticam. Modalidades essas o Futebol, o Voleibol, a Canoagem e o Futsal. Não se pode no entanto

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considerar que a razão de não praticarem qualquer desporto se verifique devi-do ao meio envolvente, pois nas redevi-dondezas da escola existem mesmo inúme-ras coletividades que permitem a prática de desporto de competição.

Também não se vê que os alunos pratiquem atividades de lazer ligadas ao desporto. Apenas 7 elementos praticam alguma atividade. E parte deles praticam algo para complementar o desporto de competição, como é o caso da frequência de um ginásio. Para além desta prática, a dança é uma das ativida-des mais praticadas pelos alunos da turma. Uma aluna referiu também que faz uma caminhada diária de 60 minutos.

Após questionar os alunos sobre a sua modalidade preferida nas aulas de Educação Física, observa-se que o Futebol é a modalidade mais frequen-temente selecionada pela maioria dos rapazes e também por algumas rapari-gas. A que menos gostam é a Ginástica.

Quanto às disciplinas que mais apreciam na escola observa-se de forma destacada a de Educação Física. Também de forma evidenciada mas pelo mo-tivo contrário temos a Matemática, que nos nossos dias continua a ser o “ten-dão de Aquiles” da nossa sociedade.

Os alunos desta turma, pelo menos na sua grande maioria, cumpriram as suas obrigações ao serem aprovados em todos os anos anteriores, no en-tanto 7 alunos já têm entre uma e três reprovações.

Pela classificação global das notas do ano anterior podemos concluir que esta é uma turma com boa capacidade motora pois as notas na sua maio-ria situam-se entre o nível 4 e o nível 5.

Numa fase inicial os alunos fizeram de tudo para me testar, e como o fi-zeram num momento mais frágil da minha vida pessoal, tenho de admitir que o conseguiram. Mas que sabor teria a vida sem desafios?

Essas formas de me testar fizeram renascer o Ricardo líder e treinador que estava parado há alguns meses. Com uma firmeza maior e com uma lide-rança mais ativa, fiz com que a minha presença se fizesse notar mais nas aulas e por conseguinte conseguisse ganhar o respeito por parte dos alunos.

A partir desse momento foi mais fácil descobrir as caraterísticas daque-les alunos, o que edaque-les esperavam de mim, e o que eu deveria fazer para retirar

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o máximo do seu desempenho. Ao longo do ano constituíram um grupo que dentro das suas capacidades manteve-se sempre na tentativa de alcançar as atribuições que lhes eram solicitadas, melhoraram o seu nível de jogo em todas as modalidades e inclusive alguns alunos voltaram a praticar desporto fora da escola.

Sem dúvida que melhor turma não poderia ter para primeira experiencia como professor, devido aos desafios que me proporcionou, aos problemas saudáveis que me criou e às estratégias que me obrigou a utilizar, tornando o meu trabalho de planificação muito mais metódico.

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5. Enquadramento Operacional

Uma vez que o meu estatuto tinha passado de estudante a professor, chegou o momento de aplicar tudo o que tinha aprendido durante cinco anos de formação (três de licenciatura, em que um foi passado fora do país numa realidade totalmente diferente da nossa; um ano de estágio profissional inter-nacional também fora de Portugal que me fez ganhar uma bagagem ainda maior; e por fim, o primeiro ano deste 2º Ciclo de Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário). Toda a aplicação de conhecimentos foi através de decisões coerentes e refletidas direcionadas para que o melhor fos-se feito para os alunos que iriam estar nas minhas mãos. De certa forma, per-mitiu-me confrontar toda a teoria que nos foi passada na faculdade, com a prá-tica em contexto real.

A chegada à escola simbolizou aquilo que chamei como “a passagem para o lado de lá”. Foi o deixar de ser aluno e passar a ser o professor. O meu papel na escola sempre tinha sido o mais baixo na hierarquia na escola, ou seja, o aluno. Não irei esquecer a estranheza que foi entrar na sala dos profes-sores, ser tratado como um deles em vez de ser alguém que estava lá com medo apenas a perguntar por algum professor ou a pedir o livro de ponto. O livro de ponto que era aquele objeto sagrado que os alunos só poderiam trans-portar a mando dos professores e que não poderia ser aberto nem lido, como que se tratasse de um crime tal ação. Agora iria ter a minha assinatura em to-das as aulas por cima da assinatura do Professor Cooperante. Era eu quem escrevia os sumários e marcava as faltas. O meu sentimento era um misto de estranheza e prazer.

Com o avançar do desafio que foi este ano, fui construindo a minha identidade como professor a cada dia que passava, consoante os obstáculos que se atravessassem no meu caminho.

Sem dúvida que esta experiência foi importantíssima na minha formação como professor assim como no meu desenvolvimento na profissão.

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6. Área 1 - Organização e Gestão do

En-sino e da Aprendizagem

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6. Área 1 - Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem

Segundo as Normas Orientadoras do Estágio Profissional (Matos, 2012), esta área engloba a conceção, o planeamento, a realização e a avaliação do ensino. O objetivo é construir uma estratégia de intervenção, orientada por objetivos pedagógicos, que respeite o conhecimento válido no ensino da Edu-cação Física e conduza com eficácia pedagógica o processo de eduEdu-cação e formação do aluno na aula de Educação Física.

6.1 Planeamento

Segundo Bento (2003, p. 16), “a planificação é o elo de ligação entre as

pretensões, imanentes ao sistema de ensino e aos programas das respetivas disciplinas, e a sua realização prática. É uma atividade prospetiva, diretamente situada e empenhada na realização do ensino, que se consuma na sequência: elaboração do plano, realização do plano, controlo do plano e confirmação ou alteração do plano, etc”.

O planeamento foi fundamental. Permitiu-me escolher e avaliar os ca-minhos a seguir, compreender a minha realidade de forma a poder contornar todas as minhas limitações, e assim, construir todo o processo ensino-aprendizagem.

Sem dúvida, esta é uma tarefa importantíssima e complexa em termos da organização, sistematização e seleção da matéria a lecionar. Assim, tendo em conta as indicações presentes no Programa Nacional de Educação Física para o 9º ano, as decisões do Grupo de Educação Física da escola, as condi-ções da escola, as características da turma, o nível dos alunos, foi realizado o planeamento nos diversos níveis (Planeamento Anual, Unidade Didática e Pla-no de Aula).

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6.1.1. Planeamento Anual

A primeira tarefa que me foi destinada logo após a primeira reunião na escola foi o plano anual. Já tinha recebido um documento do Grupo de Educa-ção Física da escola a mencionar as modalidades a serem lecionadas por perí-odo assim como uma pequena sugestão de uma percentagem de aulas a dedi-car a cada uma delas tendo em conta o número de aulas previstas a lecionar por período. A distribuição das modalidades foi feita da seguinte forma: no pri-meiro e segundo períodos deveriam ser lecionadas as modalidades de basque-tebol, voleibol, atletismo e unióquei, e no terceiro período as modalidades de futebol, andebol e patinagem.

Para além de todas as aulas dedicadas a cada uma das modalidades também era necessário contar com uma aula para os alunos realizarem um teste teórico, e para realizarem a bateria de testes Fitnessgram (para além da tradicional aula de apresentação aos alunos).

A minha primeira ideia foi lecionar de forma consecutiva cada uma das modalidades, começando pelo basquetebol, seguido do atletismo, e no segun-do períosegun-do lecionar voleibol e terminar com unióquei. Mas após aconselhar-me com o Professor Cooperante e ter tido o primeiro contacto com a turma na aula de apresentação achei por bem mudar um pouco a estratégia e intercalar as modalidades que tinha para lecionar.

A principal razão para a minha escolha foi a justificação que o Professor Cooperante deu, decorrente da sua experiência, referindo que os alunos satu-rarem-se após um longo período de tempo a praticar a mesma modalidade. E após refletir sobre essa justificação e tendo em conta as características da tur-ma decidi seguir o conselho e intercalar as modalidades com tur-maior percenta-gem de tempo a dedicar com as de menor percentapercenta-gem de tempo. A minha escolha foi baseada na formação multilateral de atletas defendida pelo Profes-sor Paulo Colaço. Esta teoria baseia-se numa formação multidesportiva que leva a que os atletas, neste caso alunos, não percam o desejo de treinar ou competir pelo excesso de repetições do mesmo tipo de treino/aula. E assim, considero que fui bem sucedido pois os alunos nunca reclamaram pelo facto de ser sempre uma modalidade ou sempre outra.

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A parte inicial das aulas, numa fase inicial, era constituída por jogos lúdi-cos e temátilúdi-cos. Como por exemplo, os jogos de 10 passes, o jogo da serpen-te, entre outros. No entanto, a necessidade de afirmação de grande parte dos alunos da turma levou-os a pensar que estariam a ser tratados como crianças. Dessa forma e também após aconselhamento com o Professor Cooperante, percebi que os alunos naquela escola estavam “formatados” relativamente a um tipo de ativação inicial, de caraterísticas mais formais e tradicionais, com rotação de membros superiores, rotação do tronco, elevação de joelhos, etc. Assim optei por ser eu desde início a liderar o aquecimento dessa forma mais formal o que me obrigava a uma intervenção mais ativa, e também dirigia al-guns alongamentos consoante os conteúdos abordados no exercício seguinte.

Um dos elementos que o Professor Cooperante sugeriu que sempre es-tivesse presente nas nossas aulas foi o trabalho de força (força média, força superior e força dorso lombar). Numa fase inicial optei por realizar este trabalho no fim da aula como forma de relaxamento, mas esta estratégia só funcionava se agisse como um comandante. Todavia, neste caso, apenas alguns conse-guiam acompanhar o ritmo. Numa segunda fase optei por colocar as séries nos intervalos de exercícios, o que começou a resultar melhor pois não sentiam tanto a carga. A partir de determinada altura do ano (2º Período) o trabalho de força passou a ser implementado imediatamente após o aquecimento, tendo tido com este procedimento melhores resultados. A minha forma de controlo era dar a conhecer aos alunos que um deles, sem eu lhes referir qual, estaria a ser avaliado neste momento da aula.

6.1.2. Unidades Didáticas

Segundo Bento (2003, p.75) são “unidades fundamentais e integrais do

processo pedagógico e apresentam aos professores e alunos etapas claras e bem distintas de ensino e aprendizagem”.

Ao elaborar uma unidade didática contemplava informações relativas às habilidades motoras, cultura desportiva, condição física e conceitos psicossoci-ais a desenvolver durante o ensino da modalidade.

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Numa fase inicial a sua elaboração era um processo um pouco confuso e moroso mas com a prática esta tarefa tornou-se mais fácil e sempre que foi necessário reajustar algo o tempo perdido foi sempre menor.

6.1.3. Plano de Aula

Este foi o documento que mais tempo e dedicação exigiu. Em todas as aulas tinha de elaborar o plano do que ia fazer, mesmo se essa aula não dife-risse muito do que tinha sido lecionado na aula anterior.

Segundo Bento (2003, p.63) “tendo em atenção a matéria, os

pressu-postos dos alunos e as condições de ensino bem como os dados fornecidos pela análise das etapas anteriores, na preparação da aula tem lugar uma pre-cisão dos seus objetivos (já estabelecidos no plano da unidade); é planificado o seu decurso metodológico e temporal”. Este planeamento tinha que assentar

em todo o planeamento a longo prazo elaborado anteriormente.

Numa fase inicial, recordo-me que passava muito tempo em torno do planeamento da aula seguinte a pensar que estratégias utilizar, que exercícios se adequavam melhor à turma e ao espaço que iria ter disponível, como orga-nizar a turma para que o tempo de empenhamento motor fosse o maior possí-vel, entre outras preocupações. Tudo isto para criar uma aula a mais atrativa possível. Umas vezes consegui outras vezes não. E apesar de ser algo que se deve fazer o mínimo possível, o erro demonstra a face humana do professor.

Uma das coisas que aprendi na elaboração de planos de aula foi que es-te documento serviria apenas de linha orientadora para os noventa ou quarenta e cinco minutos de aula. Existiam inúmeros fatores que me poderiam fazer alte-rar tudo o que tinha sido planeado, desde a quantidade de alunos que não iri-am fazer aula por doença ou incapacidade, até ao simples facto de não haver material suficiente para fazer aquilo que estava planeado, e nesse momento entra a capacidade de adaptação de um professor.

Apesar de não figurar na forma formal do plano de aula, os alunos que não realizavam a aula também tinham de ser tidos em conta. Numa fase inicial, por inexperiência minha optei por ignorar o facto de não fazerem a aula

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tendo apenas a sua ordem. Numa segunda fase comecei a tornar o facto de não fazer aula desconfortável de forma a preferirem realizar a prática pedagó-gica do que estar apenas sentados a assistir. A minha estratégia passou por ir dando tarefas como a recolha de material, a arbitragem, de jogos e a realiza-ção de relatórios da aula. Essas estratégias foram diminuindo o número de alunos dispensados gradualmente, até que foi rara a dispensa de alunos da aula.

6.1.4. A Condição Física

Uma das maiores epidemias do séc. XXI é o sedentarismo. E a conjun-tura económica atual não permite que a maioria das crianças possam praticar desporto em outro lugar que não as aulas de Educação Física.

Como profissional desta área coube-me a mim durante as minhas aulas ter uma especial atenção ao desenvolvimento das capacidades coordenativas e condicionais. Com o desenvolvimento destas capacidades foi possível pro-mover o aumento da aptidão física por parte do aluno, assim como um desen-volvimento motor completo ao longo do seu processo de formação.

Tendo em conta o Plano Anual elaborado para a condição física apenas me foquei no trabalho de força superior, de força média e de força dorso lom-bar. Todas as outras capacidades eram trabalhadas de forma específica tendo em conta a modalidade a ser abordada.

Através da aplicação da bateria de testes Fitnessgram tive a oportunida-de oportunida-de medir a evolução dos alunos oportunida-desoportunida-de o início ao fim do ano. Na granoportunida-de maioria foi possível denotar uma grande evolução e inclusive uma perda de peso naqueles que se situavam para além do peso recomendável. No entanto, alguns alunos tornaram os resultados destes testes menos fidedignos pois fa-ziam apenas o que lhes apetecia, não testando os seus limites.

No geral a aptidão física da turma era bastante boa havendo apenas dois casos de sobrepeso que possivelmente por mérito meu e por alguns

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selhos que me pediram perderam peso melhorando o seu índice de massa corporal.

6.2. Realização

Na minha opinião, a realização pessoal está na base de tudo o que fa-zemos, e o nosso sucesso é a base dessa mesma realização. Durante o meu enquadramento biográfico, disse que o retorno que recebemos por algo que tem o nosso toque é a melhor sensação do mundo. E, na minha opinião, essa é a sensação que qualquer professor quer ter.

Na vida nem tudo é um mar de rosas. E, durante este ano de estágio os primeiros dois meses foram por momentos angustiantes. Primeiro pela falta de atividade pois apenas estava dedicado a cem por cento à escola. Segundo porque tinha delineado objetivos pessoais focados unicamente em terminar o estágio e o mestrado, para poder seguir o meu coração e rumar para fora de Portugal. O tempo passava demasiado lentamente. Essa falta de atividade jun-to com a irreverencia dos alunos a quererem testar o novo professor, levou a que tivesse alguma dificuldade no controlo da turma.

No fim do mês de Outubro após uma ausência de Portugal durante cinco dias a minha vida mudou. Tive de refazer todos os meus objetivos e ponderar todas as opções a tomar, após ter passado por alguns problemas pessoais. Cheguei a por em causa a minha continuidade no mestrado. Mas com o acon-selhamento das pessoas certas, com o apoio tanto da Professora Orientadora como do Professor Cooperante, eu renasci. Criei novos objetivos, voltei a ser treinador e o Ricardo líder, aquele que decidiu ser Professor de Educação Físi-ca estava de volta.

Para controlar a turma usei unicamente os sábios aconselhamentos do Professor Cooperante. Este aconselhou-me a lecionar um menor número de conteúdos mas sim a focar-me em manter a turma na tarefa, envolvida na aula e sobretudo que sentisse a minha presença, a minha liderança.

O regresso aos treinos fez como que a minha colocação de voz voltas-se, pois estava um pouco amorfa devido à falta de atividade. Com isso os

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nos começaram a sentir que havia um ser que lhes transmitia alguma seguran-ça e saber. A partir desse momento comecei a obter um rendimento dos alunos muito superior. Isso traduziu-se sobretudo na evolução de vários alunos no Basquetebol, que era a modalidade que estava a lecionar maioritariamente na-quela fase do plano anual. Segundo Rosado e Mesquita (2009, p. 70) “é

in-questionável o papel exercido pela comunicação na orientação do processo ensino-aprendizagem, qualquer que seja o contexto em que se estabelece. A transmissão de informação é uma das competências fundamentais dos profes-sores e treinadores, sendo evidente a sua importância na aprendizagem”. Este

foi o início dos meus sucessos como Professor de Educação Física desta tur-ma.

Tomado o controlo da turma, iniciei uma nova fase, que denominei de “a autonomia controlada”. Numa fase inicial demonstrei uma sequência de exercí-cios de ativação geral, para que estes decorassem, pois aleatoriamente seria escolhido um aluno para liderar essa parte inicial da aula. Como adolescentes à procura de formação de identidade gostaram dessa responsabilidade e auto-nomia, e cumpriam as tarefas. Aqueles que não cumpriam teriam tarefas extra durante a aula, tais como a recolha de material ou aumento da carga no traba-lho de força. Esta mudança permitiu-me ganhar tempo para a fase fundamental da aula, montando os exercícios enquanto era realizada a ativação geral.

6.3. O Feedback Pedagógico

O feedback é uma ferramenta de extrema importância na vida de um professor, tanto pela sua eficácia pedagógica como pelo processo de comuni-cação como o aluno.

Segundo Metzler (2000), “uma das funções de instrução mais

importan-tes do professor é proporcionar aos alunos informações sobre a adequação do desempenho em tarefas concluídas. Esta é uma informação chamada de feedback, e é crítica para o processo de aprendizagem” (p. 102)

Uma das coisas que aprendi no treino foi importância do feedback peda-gógico no desenvolvimento, neste caso, do jogador. Segundo Fishman e Tobey

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(1978), o feedback pedagógico “é o comportamento de reação do professor à

resposta motora do aluno, tendo por objetivo modificar essa resposta, no senti-do da aquisição ou realização de uma atividade”.

A minha formação como atleta e, como estudante, abarcou uma larga variedade de modalidades. Por isso, não senti muitas dificuldades na deteção dos erros e, por conseguinte na sua correção. No futebol, modalidade em que me considero especialista tive muito mais facilidades em todos os aspetos, desde o feedback à correção e à demonstração.

6.4. A realidade pós planeamento

“O ensino é criado duas vezes: primeiro na conceção e depois na reali-dade. O ensino real tem naturalmente mais facetas do que aquelas que po-dem ser contempladas no seu planeamento e preparação. No processo real de ensino existe o inesperado, sendo frequentemente necessário uma rápi-da reação situativa” (Bento, 2003, p. 16).

Esta é uma grande realidade para quem ensina e para quem treina. No momento da planificação da aula podemos ter em mente mil e uma coisas, po-demos pensar em todos os pormenores, e até ter vários planos, mas depois na “hora h” tudo pode mudar. E, isto por razões várias, desde as condições atmos-féricas à falta de material, até à súbita doença de grande parte da turma.

A capacidade de adaptação do professor e de reajuste à nova situação é importantíssima para o desenvolvimento e crescimento como professor.

Recordo-me de um episódio, que se passou nos primeiros dois meses de aulas, em que numa aula de 45 minutos, com as equipas todas planeadas, cheguei ao pavilhão e por alguma razão eu tinha todo o pavilhão para dar a aula. Na minha mente isso era fenomenal pois poderia ter toda a turma na tare-fa e ia dando as explicações campo a campo. Mas a realidade foi outra. A tur-ma, devido a ser ainda uma fase em que me estava a testar, usou e abusou do facto de estar mais dispersa e por momentos penso que quase perdi o contro-lo. Lembro-me que fiquei sem reação. Na minha cabeça só pensava em dar a aula por terminada e em marcar uma falta disciplinar coletiva. Mas penso que

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no fim tomei a decisão mais correta. Sentei a turma, chamei-os à razão, mos-trei-lhes que havia uma hierarquia a cumprir e subi ao meu trono de professor e lembrei-lhes quem ditava as leis. Essa, considero que tenha sido a pior aula de todo um ano de estágio, e por curiosidade antecedeu essa minha ausência do país que mudou a minha vida. Neste episódio eu não soube adaptar-me nem reajustar as coisas de forma a nunca perder o controlo.

Em contraste, por várias outras razões, e em outra fase do ano de está-gio tive de reajustar completamente o que estava previamente planeado e não tive qualquer problema. Desde aulas de atletismo que tiveram de ser dadas no meu terço de pavilhão porque as previsões meteorológicas não me permitiram usar o exterior como planeado, à simples falta de material.

Mesmo tendo em conta o planeado por vezes temos de refletir na hora se o que foi feito estará adaptado ao momento. Por vezes fui obrigado a retro-ceder no desenvolvimento da matéria a lecionar porque era um passo demasi-ado largo para a capacidade de alguns dos alunos. Devido à minha capacidade crítica consegui reajustar a situação de forma a tornar a aprendizagem dos alunos mais eficaz.

6.5. O Papel da Reflexão

Todas as tarefas que se realiza na vida ou que se manda realizar ne-cessitam de uma reflexão final. Na minha opinião, é fundamental apontar o que correu bem, o que correu mal, como melhorar, entre outros aspetos.

Segundo Cunha (2008, p. 74) “o educador profissional (professor)

de-fronta-se, na sua prática pedagógica, com situações complexas, instáveis e únicas, que se definem, entre outros aspetos, pela especificidade dos locais, dos agentes interventivos e das culturas. Esta diversidade e complexidade exige do professor um conhecimento científico, técnico, rigoroso, profundo e uma capacidade de questionamento, de análise, de reflexão e de resolução de problemas, impondo-se necessariamente, um novo conceito de professor – o professor reflexivo”

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No meu desenvolvimento como treinador e como professor a reflexão teve um papel importantíssimo. Talvez devido à minha educação e experiência de vida fui obrigado a nunca me dar por satisfeito com nada que conquistara, pois sempre faltava algo ou poderia ser melhor. Isso talvez se tenha devido ao

feedback que recebia em casa sobretudo por parte da minha mãe, que muitas

vezes me dizia: “não fizeste mais do que a tua obrigação”. Se por um lado me tornou ambicioso e me fez ganhar a ambição de ser melhor a cada dia, penso que por vezes não encarei bem as situações de derrota. Porém nunca desisti, e insisti em ser sempre melhor.

A reflexão ajudou-me imenso a melhorar toda a minha prática e não considero qualquer minuto passado a refletir como tempo perdido, pois só as-sim me tornei no professor que sou hoje.

6.6. A Observação dos meu pares

Como professores aprendizes que eramos durante este ano de estágio penso que a observação da ação dos vários colegas estagiários, assim como a de outros colegas de profissão, é uma pedra basilar na formação de professo-res.

Partindo do princípio de que não há professores iguais, podemos apren-der sempre com os nossos pares, desde “o que fazer” ao “o que não fazer” mas observando estamos sempre a aprender, e muito se pode refletir após se observar.

Com a observação dos meus colegas estagiários vi duas realidades completamente diferentes. Numa, vi uma turma grande com 27 alunos e um nível cognitivo e motor de excelência, e noutra vi uma turma de 20 alunos que, tal como a minha, era vista como um conjunto de alunos sem objetivos que apenas estavam na escola por obrigação. Vi as dificuldades de ter 27 alunos em um terço de um pavilhão, e vi as dificuldades em controlar uma turma em que parte dos elementos do sexo feminino estava mais preocupada com a sua aparência do que em fazer Educação Física. Todos estes aspetos fizeram-me refletir e pensar na forma como eu agiria nessa situação.

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O que me fascinou mais foram as observações do Professor Cooperante e de alguns colegas do grupo de educação física da escola. As aulas do nosso Professor Cooperante tinham um aspeto fenomenal, a forma de feedback e as rotinas criadas ao longo das aulas. O feedback era telegráfico. Praticamente resumia-se às palavras-chave do exercício em questão. E as rotinas que com um simples gesto os alunos sabiam exatamente o que fazer naquele momento.

Por outro lado, de forma informal tive a oportunidade de observar as au-las de alguns colegas do grupo de educação física e essas desiludiram-me no sentido em que se afastavam, de um modo ou de outro, dos bons princípios da prática pedagógica.

6.7. Avaliação

A avaliação é um elemento que acompanha o ser humano durante toda a sua vida. Desde que nascemos que somos avaliados. Ou pela nossa altura, ou pelo nosso peso, ou pelo nosso conhecimento. E, segundo Bento (2003, p. 174), “conjuntamente com a planificação e realização do ensino, a análise e a

avaliação são apresentadas como tarefas centrais de cada professor”. A partir

do ato de avaliar o professor consegue examinar todo o seu trabalho, desde a sua planificação até à forma de lecionação.

Talvez devido ao excesso de exigência que tenho para comigo mesmo, a avaliação foi um pouco complicada, principalmente no primeiro período. Tive muitas conversas com o Professor Cooperante a respeito da avaliação. E uma coisa não esqueci: se criar um critério e seguir sempre o mesmo caminho mais dificilmente correrei o risco de ser injusto seja com quem for.

O Grupo de Educação Física forneceu as percentagens da avaliação re-lativa ao domínio psicomotor (saber fazer), ao domínio cognitivo (saber) e ao domínio socio afetivo (saber ser e estar).No que diz respeito ao domínio psico-motor realizei uma avaliação diagnóstica para saber o nível em que a turma se encontrava, quanto ao domínio cognitivo os alunos eram questionados todas as aulas e além disso tinham um teste teórico por período, no que diz respeito ao domínio socio afetivo eu tinha em conta o comportamento, o empenho e a

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assiduidade dos alunos nas aulas. A soma de todos estes valores indicaria o nível final dos alunos.

6.7.1. Avaliação Diagnóstica

A avaliação diagnóstica possibilita-nos inferir o nível de desempenho dos alunos antes do início de uma Unidade Didática. Segundo Gonçalves et al. (2010, p.47), “a avaliação diagnóstica, como o próprio nome indica, não é

‘for-mular um juízo’ mas recolher informação para estabelecer prioridades e ajustar a atividade dos alunos ao sentido do seu desenvolvimento”.

Durante o ano, realizei uma avaliação diagnóstica no início de todas as Unidades Didáticas exceto Unióquei que era considerada como modalidade alternativa e os alunos iriam ter o primeiro contacto com esta.

A forma como realizar as Avaliações Diagnósticas deu-me muito que re-fletir. A primeira conclusão a que cheguei foi a que deveria avaliar o desempe-nho dos alunos em jogo. No entanto, apareceu uma questão muito pertinente, pois durante o primeiro ano tivemos acesso a várias grelhas completíssimas para avaliar os alunos, no entanto, normalmente avaliávamos apenas um pe-queno número de alunos, enquanto outros colegas davam a aula. E daí a ques-tão, como iria fazer para avaliar 23 adolescentes irreverentes, controlando o seu comportamento em aula e preenchendo todos os itens a avaliar? A estra-tégia que eu decidi utilizar foi selecionar os conteúdos mais relevantes relativos a modalidade em questão e classificar a ação dos alunos como: “não executa”; “executa com dificuldade”; e “executa bem”.

Após esta avaliação consoante o seu nível de desempenho poderia divi-dir ou não a turma por níveis de forma a manter os níveis motivacionais dos alunos no topo.

Durante o ano segui sempre este método para todas as modalidades.

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A avaliação sumativa foi forma de avaliação que me levou a refletir so-bre a minha eficácia como professor, e, também, soso-bre as capacidades dos alunos. Esta é a modalidade de avaliação que melhor possibilita uma decisão relativamente à progressão ou à retenção do aluno pois compara resultados globais, permitindo verificar a progressão de um aluno face a um conjunto lato de objetivos previamente definidos.

O método utilizado para esta forma de avaliação foi semelhante ao da avaliação diagnóstica. Contudo para atribuir um valor não pude esquecer todo o empenho do aluno durante o decorrer da unidade didática.

Devido a ter um sistema fácil de construir no programa “numbers” do

iPad consegui de forma fácil e através do modelo check list realizar as

avalia-ções de todas as unidades didáticas de forma simples e eficaz. Para todas as Unidades Didáticas realizava uma ficha de observação onde para cada conte-údo tinha enumerado de um a cinco o nível da sua execução, bastando com um simples toque o aparecimento de um visto no local desejado.

Se fui totalmente justo para com os meus alunos? O meu eu professor, pensa que sim pelo menos em termos de critérios definidos, o meu eu treina-dor, pensa que não. Pois, acredito, firmemente que na vida existe uma “sele-ção natural” onde quase só os melhores e os mais fortes sobrevivem, e ser apenas esforçado não chega. Na minha opinião é preciso querer mais.

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7. Áreas 2 e 3 – Participação na Escola e

relações com a Comunidade

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7. Áreas 2 e 3 – Participação na Escola e relações com a

Co-munidade

7.1 Atividades do Grupo de Educação Física

O número de atividades organizadas pelo Grupo de Educação Física da escola é muito reduzido, e por diversas razões. Primeiro, por baixo investimen-to pela direção da escola no desporinvestimen-to. Toda a escola foi renovada em termos de instalações mas o Pavilhão Gimnodesportivo manteve-se na mesma no seu estado avançado de degradação assim como grande parte do seu material. E segundo, por guerras internas com as disciplinas de carater mais estrutural como Português e Matemática que não aceitavam perder aulas por causa da Educação Física, e tudo isto com a conivência da direção da escola.

Por estas razões o Grupo de Educação Física decidiu realizar no 1º Pe-ríodo o Corta-mato escolar para o 2º e o 3º ciclo, e um Torneio de Futsal para os alunos do 5º ano. No 2º Período foi organizada uma Marcha de Montanha destinada apenas a alunos convidados pelos professores de Educação Física e Ciências Naturais, e umas Miniolimpíadas organizadas pelo núcleo de estágio. No 3º Período foi organizado um Torneio de Futsal Feminino para o 5º, 7º e 8º ano, e uma Marcha de Montanha para os mesmos anos de escolaridade.

7.1.1. Torneio de Futsal Masculino/Feminino (5ºano)

Este foi o primeiro evento realizado durante o ano letivo por parte do Grupo de Educação Física da escola. Realizou-se na quarta-feira, dia 3 de Ou-tubro, o torneio masculino às 9:00 e o feminino por volta das 14:30. Este con-sistiu em 2 grupos de 5 equipas/turmas que numa fase inicial jogariam todos contra todos, de onde os 2 primeiros classificados de cada grupo se defrontari-am numas meias-finais, seguiddefrontari-amente os derrotados jogaridefrontari-am um jogo de atri-buição do 3º e 4º lugar, terminando o torneio com a tão desejada final.

O torneio decorreu dentro do que foi delineado desde início, e sem qual-quer problema ou imprevisto.

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