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4. Enquadramento institucional

4.2 A minha turma

O Professor Cooperante deu-nos hipótese de escolher entre três turmas de 9º ano possíveis. Uma vez que fui o último a escolher e era o que tinha no momento o horário mais flexível, calhou-me em sorte o 9º E.

Nesse preciso momento o Professor Cooperante alertou-me que essa turma era um pouco irrequieta e que numa fase inicial me poderia causar al- guns problemas.

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Como não era a primeira vez que liderava um grande grupo de adoles- centes não fiquei preocupado com o primeiro encontro, no entanto, optei por seguir o conselho do Professor Cooperante que foi o de manter “o punho aper-

tado e com o tempo consoante eles fossem permitindo eu ia dando alguma fol- ga”. No entanto, de forma um pouco paradoxal tornou-se estranho a transição

de estudante para professor, em que me questionei diversas vezes sobre as minhas capacidades e conhecimentos.

Esta era uma turma mal-amada na escola. Eram conhecidos como alu- nos fracos em quase todas as disciplinas, imaturos, rebeldes, mimados, e so- bretudo adolescentes sem objetivos. Muitos deles ainda não sabiam que cami- nho seguir no ensino secundário. No entanto, notei em alguns deles alguma indignação pelo rótulo que possuíam.

A turma era constituída por 23 alunos, 14 do sexo feminino e 9 do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 13 e os 16 anos.

A grande maioria destes alunos habita na freguesia de S. Cosme em Gondomar, vivendo apenas quatro deles em freguesias vizinhas. Estes alunos deslocam-se para a escola de três distintas formas: caminhando; no carro dos pais; ou de transportes públicos, neste caso o autocarro.

Todos os alunos são saudáveis com a exceção de um aluno asmático. Ao nível da lateralidade temos uma turma predominantemente destríma- na, havendo no entanto três alunos sinistrómanos.

Esta turma é muito heterogénea ao nível dos Encarregados de Educa- ção. Estes encontram-se numa faixa etária entre os 31 e os 66 anos, e têm as mais variadas profissões desde domésticas a contabilistas entre muitas outras. Tendo em conta os atuais momentos de crise, é de realçar de que há alguns deles desempregados destacando ainda o caso de uma aluna ter ambos de- sempregados. O agregado familiar dos alunos desta turma baseia-se em pais e irmãos, havendo no entanto casos em que os avós também fazem parte do agregado.

Os alunos desta turma não são praticantes de desportos de competição. Em 23 apenas 7 são federados nas modalidades que praticam. Modalidades essas o Futebol, o Voleibol, a Canoagem e o Futsal. Não se pode no entanto

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considerar que a razão de não praticarem qualquer desporto se verifique devi- do ao meio envolvente, pois nas redondezas da escola existem mesmo inúme- ras coletividades que permitem a prática de desporto de competição.

Também não se vê que os alunos pratiquem atividades de lazer ligadas ao desporto. Apenas 7 elementos praticam alguma atividade. E parte deles praticam algo para complementar o desporto de competição, como é o caso da frequência de um ginásio. Para além desta prática, a dança é uma das ativida- des mais praticadas pelos alunos da turma. Uma aluna referiu também que faz uma caminhada diária de 60 minutos.

Após questionar os alunos sobre a sua modalidade preferida nas aulas de Educação Física, observa-se que o Futebol é a modalidade mais frequen- temente selecionada pela maioria dos rapazes e também por algumas rapari- gas. A que menos gostam é a Ginástica.

Quanto às disciplinas que mais apreciam na escola observa-se de forma destacada a de Educação Física. Também de forma evidenciada mas pelo mo- tivo contrário temos a Matemática, que nos nossos dias continua a ser o “ten- dão de Aquiles” da nossa sociedade.

Os alunos desta turma, pelo menos na sua grande maioria, cumpriram as suas obrigações ao serem aprovados em todos os anos anteriores, no en- tanto 7 alunos já têm entre uma e três reprovações.

Pela classificação global das notas do ano anterior podemos concluir que esta é uma turma com boa capacidade motora pois as notas na sua maio- ria situam-se entre o nível 4 e o nível 5.

Numa fase inicial os alunos fizeram de tudo para me testar, e como o fi- zeram num momento mais frágil da minha vida pessoal, tenho de admitir que o conseguiram. Mas que sabor teria a vida sem desafios?

Essas formas de me testar fizeram renascer o Ricardo líder e treinador que estava parado há alguns meses. Com uma firmeza maior e com uma lide- rança mais ativa, fiz com que a minha presença se fizesse notar mais nas aulas e por conseguinte conseguisse ganhar o respeito por parte dos alunos.

A partir desse momento foi mais fácil descobrir as caraterísticas daque- les alunos, o que eles esperavam de mim, e o que eu deveria fazer para retirar

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o máximo do seu desempenho. Ao longo do ano constituíram um grupo que dentro das suas capacidades manteve-se sempre na tentativa de alcançar as atribuições que lhes eram solicitadas, melhoraram o seu nível de jogo em todas as modalidades e inclusive alguns alunos voltaram a praticar desporto fora da escola.

Sem dúvida que melhor turma não poderia ter para primeira experiencia como professor, devido aos desafios que me proporcionou, aos problemas saudáveis que me criou e às estratégias que me obrigou a utilizar, tornando o meu trabalho de planificação muito mais metódico.

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