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DIAGNÓSTICO DAS PISCICULTURAS EM MATO GROSSO DO SUL. Resumo. Introdução

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Academic year: 2021

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DIAGNÓSTICO DAS PISCICULTURAS EM MATO GROSSO DO SUL

Emiko Kawakami de Resende*; João Sotoya Takagi1 e Walter Loeschner2

*Embrapa Pantanal, Rua 21 de Setembro, 1880, 79320-900 Corumbá, MS. E-mail: emiko@cpap.embrapa.br Resumo

Neste artigo é apresentado um breve diagnóstico das atividades de piscicultura em Mato Grosso do Sul, com base no Cadastro de Estabelecimentos de Aqüicultura realizada em 2004 pela Secretaria de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo de Mato Grosso do Sul e no Censo Aquícola de 2005 da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República, escritório de Mato Grosso do Sul. A maior parte das atividades são de pequeno porte, com áreas inundadas inferiores a um hectare e se localizam nos municípios de Amambai, Dourados, Douradina, Campo Grande, Maracaju, Sidrolândia, Itaporã e Bonito. A espécie mais cultivada é o pacu, encontrada em cerca de 70% dos empreendimentos. Os empreendimentos com áreas inundadas superiores a 50 hectares encontram-se localizados no eixo sudeste/sul do Estado.

Introdução

Muito embora o Brasil seja o país detentor da maior biodiversidade de peixes de água doce do mundo e existam muitas espécies com grande potencial de aproveitamento, são várias as restrições para um aproveitamento adequado, particularmente no que tange a tecnologias de produção e de aproveitamento/processamento das mesmas. De acordo com Borghetti e colaboradores (2003), as espécies mais cultivadas no Brasil são a carpa e a tilápia, espécies exóticas para as quais existem mais informações, tecnologias e mercado.

De acordo com Ostrensky et al. (2000), pelo menos 55 espécies de peixes vem sendo criadas no Brasil, comercial ou experimentalmente, com destaque para a carpa e tilápia, espécies exóticas. Algumas espécies de peixes brasileiros estão iniciando sua inserção no mercado, particularmente a nível regional, sendo o tambaqui, na região norte e o pacu e pintado, no centro oeste e sudeste do Brasil. Apenas as espécies brasileiras tambaqui, tambacu, traíra, pacu, jundiá, piraputanga e curimatã aparecem nas estatísticas do Ibama em 2002, com valores muitas vezes inferiores aos de carpa e tilápia (Borghetti et al., 2003). Esses mesmos autores relatam que, em 2001, os oito maiores países produtores aquícolas foram asiáticos. O maior produtor asiático foi a China que respondeu por 77,8% da produção, com 34,2 milhões de toneladas produzidas. Na América do Sul, Chile foi o principal produtor, com 631,9 mil toneladas, equivalente a 52,9% da receita total gerada em 2001. Foram seguidos pelo Brasil, com 210 mil toneladas e Equador, com 67,9 mil toneladas. Apesar desse ritmo de crescimento, acreditam que existem grandes pontos de estrangulamento na sua manutenção e que, em alguns casos, podem até comprometer a sustentabilidade econômica da atividade. Segundo esses autores, é particularmente crítico para a piscicultura, na medida em que são desenvolvidas em escala familiar, com baixos níveis de tecnificação e de produtividade e a falta de uma estrutura comercial adequada para o escoamento da produção.

Não há, até a presente data, um quadro geral do tamanho dos empreendimentos aquícolas no Brasil. Entretanto, considerando que a “piscicultura no Brasil foi considerada

1 Secretaria de Produção e Turismo de Mato Grosso do Sul 2

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como uma atividade complementadora de renda nas propriedades rurais” é razoável supor

que na maioria dos Estados brasileiros, esses empreendimentos sejam realizados em pequenas áreas. Ao menos é verdadeiro para o Paraná (Borghetti et al., 2003), onde a área média de cultivo por propriedade foi estimada em 0,37 hectares.

A falta de informações sobre a atividade piscícola em Mato Grosso do Sul constitui uma das grandes barreiras à definição de políticas para o setor. Sabe-se que existem atividades pioneiras de piscicultura no Estado como o Projeto Pacu, pioneiro na produção em massa de alevinos de pacu e no domínio da tecnologia de produção de peixes carnívoros como o pintado. Entretanto é sabido também que, por falta de pesquisas no setor, os cultivos vem se desenvolvendo com o uso de híbridos inter-específicos como o tambacu (híbrido de tambaqui com pacu) e de pintado e cachara, cuja denominação varia em função do sexo dos parentais utilizados, originando-se denominações como cachapira, ponto e vírgula, etc. O único diagnóstico existente até a presente data refere-se ao projeto “Peixe Vida” onde Gontijo et al. (2005) realizaram o diagnóstico das 47 pisciculturas pertencentes ao projeto. Este trabalho teve o objetivo de analisar os dados sobre a atividade de pisciculturas existentes na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, da produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo e Escritório de Mato Grosso do Sul da Secretaria de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República.

Material e Métodos

As informações sobre as atividades piscícolas em Mato Grosso do Sul foram levantadas pela Secretaria de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo de Mato Grosso do Sul, de Estabelecimentos de Aqüicultura realizada em 2004 e pela da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República, escritório de Mato Grosso do Sul, SEAP/PR/MS, no Censo Aquícola de 2005. O levantamento da Secretaria Estadual constituiu-se de informações acerca do nome do proprietário, nome da propriedade, município, área da lâmina de água inundada e espécies cultivadas. O levantamento realizado pela SEAP compreendeu o nome do proprietário e da propriedade, o município, endereço, coordenadas geográficas da área, dimensão da área inundada, tipo de atividade (se para lazer, comercial, etc.), espécies cultivadas e produção estimada (t/ano). Os dados foram analisados considerando-se a localização por município, dimensão da área inundada e espécies cultivadas.

Resultados e Discussão

O levantamento realizado pela Secretaria Estadual compreende todos os municípios enquanto o da SEAP é parcial e não foi realizado em todos os municípios de Mato Grosso do Sul. Em conformidade com os registros existentes na Secretaria Estadual, foram encontrados 819 empreendimentos piscícolas no Estado. A Tabela 1 apresenta os resultados categorizados de acordo com a extensão da área inundada ou lâmina de água, de acordo com os registros da Secretaria Estadual.

O tamanho máximo observado foi de 114 hectares. Mais da metade das pisciculturas possuem áreas inundadas inferiores a um hectare.

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Tabela 1. Pisciculturas levantadas pela Secretaria Estadual em Mato Grosso do Sul, de acordo com a extensão da área inundada.

Área inundada Número Porcentagem

Até um hectare 438 53 1 a 2 hectares 157 19 2 a 5 hectares 145 18 5 a 10 hectares 40 5 10 a 20 hectares 19 2 20 a 50 hectares 12 1 Acima de 50 hectares 8 1 Total 819

Das informações obtidas junto ao SEAP/MS, verificou-se que o levantamento é parcial e não contempla todos os municípios. Foram levantadas 504 pisciculturas, cujos resultados, apresentados na Tabela 2, são similares aos encontrados pelo levantamento realizado pela Secretaria Estadual, ou seja, predominância de empreendimentos de pequeno porte.

Tabela 2 - Pisciculturas levantadas pela SEAP/PR-MS, de acordo com a extensão da área inundada.

Área inundada Número Freqüência relativa (%)

até 1 hectare 278 55,2 1-2 hectares 93 18,5 2-5 hectares 97 19,2 5-10 hectares 20 4,0 10-20 hectares 6 1,2 20-50hectares 5 1,0 acima 50 hectares 5 1,0 Total 504 100,0

Utilizando-se as informações da Secretaria Estadual, verificou-se que os municípios que possuem mais de 30 empreendimentos piscícolas são Amambai, Dourados, Douradina, Campo Grande, Maracaju, Sidrolândia, Itaporã e Bonito. Caarapó, Itaquiraí, Laguna Carapã, Nova Alvorada do Sul, Rio Brilhante e Três Lagoas possuem entre 20 e 30 empreendimentos piscícolas. Empreendimentos piscícolas com áreas inundadas superiores a 50 hectares estão localizados nos municípios de Dourados (2), Itaporã (3) e Ponta Porã (1).

Predominam no Estado, empreendimentos de pequeno porte, com área inundada inferior a um hectare. Por outro lado, existem ao redor de 3 a 4% de empreendimentos com áreas inundadas superiores a 10 hectares. Os empreendimentos com áreas inundadas superiores a 50 hectares encontram-se localizados no eixo sudeste/sul do Estado.

Existem registros de cultivo de 32 espécies nas pisciculturas de Mato Grosso do Sul, de espécies nativas do Pantanal a espécies de outras bacias hidrográficas e provenientes de outros países.

As Tabelas 3 e 4 mostram as espécies mais cultivadas no Estado, com informações obtidas junto a Secretaria Estadual e a SEAP-PR/MS. As tabelas contêm as espécies, o

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número de pisciculturas em que as espécies foram encontradas em cultivo e a sua freqüência relativa.

Tabela 3. Espécies cultivadas em Mato Grosso do Sul, de acordo com o cadastro da Secretaria Estadual de Mato Grosso do Sul.

Espécies Número Freqüência relativa (%)

Pacu 381 72 Piavuçu 224 42 Tilápia 169 32 Pintado 138 26 Tambacu 100 19 Curimbatá 84 16 Carpa capim 77 14 Lambari 57 11 Dourado 43 8 Catfish 36 7 Piraputanga 14 3 Matrinchã 14 3 Carpa chinesa 12 2 Tambaqui 11 2 Piau 11 2 Ccachara 11 2

Carpa cabeça grande 9 2

Piracanjuba 6 1

Total de empreendimentos 532

Tabela 4. Espécies cultivadas em Mato Grosso do Sul, de acordo com o Censo Aquícola da SEAP/PR/MS.

Espécies Número Freqüência relativa (%)

Pacu 279 68 Piavuçu 157 38 Tilápia 128 31 Carpa 99 24 Pintado 85 21 Tambacu 67 16 Curimbatá 67 16 Lambari 63 15 Piraputanga 39 9 Matrinchã 28 7 Dourado 27 7 Bagre africano 14 3 Tambaqui 13 3 Piracanjuba 12 3 Piapara 5 1 Tucunaré 4 1 Ximboré 1 0 Total de pisciculturas 413

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O pacu é a espécie mais cultivada, tendo sido encontrada em cerca de 70% das propriedades, seguidas de piavuçu e a tilápia, entre 30 e 40%. A seguir vêm as espécies pintado, tambacu e curimbatá, carpa capim e lambari nos registros da Secretaria Estadual e carpa, pintado, tambacu, curimbatá e lambari nos registros da SEAP. As demais espécies são cultivadas em freqüências inferiores a 10%. Dentre as espécies mais cultivadas encontramos como exóticas a carpa e a tilápia; Merece destaque especial o cultivo de tambacu, híbrido do cruzamento de tambaqui com pacu. Muito embora seja vendido e distribuído como pintado, é sabido que os alevinos de pintado são quase sempre híbridos de pintado com cachara. O uso da hibridização na piscicultura merece cuidados especiais pois possíveis escapes de híbridos constituem ameaça potencial à integridade genética de populações nativas, devido ao risco de retrocruzamento, com alterações na sua composição genética. Recomenda-se ainda que sejam efetuadas pesquisas sobre os híbridos utilizados nas criações piscícolas, pois não existem informações que assegurem que os mesmos sejam inférteis.

Como mais da metade das atividades de cultivo de peixes são de pequeno porte, seria desejável ofertar a esses pequenos produtores, capacitação sobre construção de infra-estrutura para cultivo, formulação e uso adequado de rações, qualidade de água necessária ao cultivo, administração da atividade e os embasamentos legais para o exercício da atividade. Em áreas pequenas, aconselha-se o policultivo para otimizar o rendimento, utilizando espécies de diferentes níveis tróficos como, por exemplo, pintado, pacu e curimbatá, pintado, piavuçu e curimbatá, etc. A estratégia é colocar, sob cultivo, espécies de diferentes níveis tróficos a fim de otimizar o uso dos alimentos fornecidos aos peixes e reduzir a carga orgânica na água de cultivo. A utilização do curimbatá nos sistemas de cultivo extensivos é interessante, na medida em que é uma espécie detritívora (alimenta-se de detritos provenientes das rações não consumidas) e pode contribuir para melhorar a qualidade de água do cultivo, reduzindo a carga orgânica dos sistemas de cultivo.

Conclusão

Predominam em Mato Grosso do Sul, empreendimentos de pequeno porte, com área inundada inferior a um hectare. Por outro lado, existem ao redor de 3 a 4% de empreendimentos, com áreas inundadas superiores a 10 hectares. Existem apenas 6 empreendimentos com áreas inundadas superiores a 50 hectares em Mato Grosso do Sul, todos localizados no eixo sudeste/sul do Estado. A espécie mais cultivada é o pacu, espécie nativa da região.

Referências

BORGHETTI, N.R.B.; OSTRENSKY, A.; BORGHETTI, J.R. Aquicultura. Uma visão geral sobre a produção de organismos aquáticos no Brasil e no mundo. Curitiba: Grupo Integrado de Aqüicultura e Estudos ambientais. 2003. 128p.

GONTIJO, V. de P.M.; ISHIKAWA, M.M.; NOGUEIRA, L.S.; FORTES, W.G. Diagnóstico das pisciculturas do Programa Peixe Vida em Mato Grosso do Sul. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste. 2005. 36p. (Documentos/embrapa Agropecuária Oeste, 69).

OSTRENSKI, A.; BORGHETTI, J. R.; PEDINI, M. Situação atual da aqüicultura braisleira e mundial. In: Aqüicultura no Brasil: bases para um desenvolvimento sustentável. Brasília. CNPq/Ministério da Ciência e Tecnologia. 2000. p.353-381.

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