• Nenhum resultado encontrado

A FOTOGRAFIA COMO ELEMENTO IDENTIFICADOR DO CONCEITO DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Maria Helena Vianna Metello Jacob

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A FOTOGRAFIA COMO ELEMENTO IDENTIFICADOR DO CONCEITO DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Maria Helena Vianna Metello Jacob"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

Maria Helena Vianna Metello Jacob

RESUMO: A proposta deste trabalho é demonstrar a importância do uso da fotografia como uma via de acesso educacional para repensar sentidos e significados acerca do conceito de Educação Física. Foi organizada uma atividade acadêmica com a turma de Fundamentos da Educação Física do curso em Licenciatura em Educação Física do campus Ulbra Guaíba 2010-1, na qual todos os acadêmicos deveriam selecionar/produzir uma foto que trouxesse o significado do que é a Educação Física. A atividade foi realizada no período extraclasse e exigia que, após a escolha/produção da foto, fosse explicada em texto a imagem selecionada. Isto é, o estudo teve por objetivo identificar como estes estudantes do curso de Educação Física “enxergavam” o significado desta ciência através de uma fotografia, constituindo um estudo descritivo baseado na análise dos documentos entregues pelos estudantes.

Palavras-chave: Fotografia, Educação, Prática Educacional, Educação Física.

INTRODUÇÃO

As tecnologias digitais proporcionam novas possibilidades e oportunidades para docentes e discentes na construção/elaboração de novos instrumentos de aprendizagem. A internet, a velocidade da comunicação, o avanço e a acessibilidade das máquinas fotográficas digitais são exemplos da mudança do cotidiano na vida de todos nós. Nesse sentido, incentivar que esse meios também sejam usados como instrumentos de trabalho e pesquisa nas mãos de nossos acadêmicos é fundamental.

(2)

A educação é um grande paradigma, e sua sobrevivência e qualidade são questões de constante discussão no meio acadêmico. A educação está tradicionalmente vinculada aos textos, à forma escrita, e por isso nem sempre os educadores pensam em outras formas de documentos que não os que lidam diretamente com a palavra na sua totalidade. Enxergar a fotografia no cenário da educação pode significar refletir sobre processos já estagnados que merecem certa atenção, principalmente quando se trata de formação de professores na educação superior. Considerando a formação docente, nesta etapa devemos proporcionar mudanças efetivas para que os egressos possam estruturar as transformações políticas e sociais esperadas, implicando na sua condição como profissional e sua inserção na sociedade.

Estudando as projeções de imagens através de fendas em árvores e outros objetos, chineses (século V a.C.) e gregos (século IV a.C.) iniciaram o desenvolvimento da fotografia. A definição clássica para fotografia vem das palavras foto: luz e grafia: escrita. A fotografia faz parte de um processo de tentativa de aperfeiçoar métodos de impressão sobre o papel. Os europeus constataram que a luz, ao passar por um furo na parede de uma sala escura, projetava na parede a imagem invertida do objeto encontrado no lado externo da sala ao alcance visual do furo. Em 1888, surgiu a primeira câmera Kodak – um nome que pode ser falado em todas as línguas – ao preço de 25 dólares americanos. Atualmente, estamos na era das câmeras digitais que registram as fotos por meio de micro-eletrônica e as armazena em formato digital.

Segundo Rosa (2010), se a arte é aristocrática, a fotografia é sua manifestação democrática. O mesmo autor ainda melhor define, “a fotografia é o repouso do tempo, ou seja, a arte de você paralisar um momento inserido na criatividade e sensibilidade do fotógrafo”. Acreditamos que a análise e a reflexão, buscando em uma imagem um símbolo que traduza uma idéia que você tem na cabeça constituem uma importante prática pedagógica, no sentido de mexer interiormente com os acadêmicos e com o que eles vêm construindo como saberes.

Para Severino (1998), a universidade deve ser um “lugar de construção de conhecimento científico, filosófico e artístico”, num território onde os grupos docente e discente são permanentemente desafiados a construir o conhecimento de forma reflexiva, crítica e criativa. Esta iniciativa pode possibilitar a cultura de utilizar outras práticas educacionais no acadêmico de Educação Física. Procuramos despertar o gosto pelo poder

(3)

de desfrutar de informações de um universo paralelo desconhecido pela maioria e, talvez, fazer nascer um hábito de reflexão que contribuirá na sua caminhada acadêmica.

DESENVOLVIMENTO

A proposta deste trabalho é demonstrar a importância do uso da fotografia como uma via de acesso educacional para repensar sentidos e significados acerca do conceito de Educação Física. Este trabalho também foi motivado pela constatação de que não é mais possível permanecer com as mesmas práticas pedagógicas e ignorar as diferentes manifestações culturais-tecnológicas utilizadas pelos jovens, inclusive o acadêmico de Educação Física. Ao tratar desse tema, Freitag (1986) apud Betti (1991, p.24) já afirmava que “os autores que tratam da conceituação da educação e sua situação no contexto social concordam que ela sempre expressa uma doutrina pedagógica baseada, implícita ou explicitamente, em uma filosofia de vida, concepção de homem e sociedade, e que o processo educacional se dá através de instituições”.

Organizada uma atividade acadêmica com a turma de Fundamentos da Educação Física do curso em Licenciatura em Educação Física do campus Ulbra Guaíba 2010-1 Nesta todos os acadêmicos deveriam selecionar/produzir uma foto que trouxesse o significado do que é a Educação Física. A atividade foi realizada no período extraclasse e exigia que, após a escolha/produção da foto, fosse explicada em texto a imagem selecionada. O estudo teve por objetivo identificar como estes estudantes do curso de Educação Física “enxergavam” o significado desta ciência através de uma fotografia. Este artigo compõe um estudo descritivo baseado na análise dos documentos entregues pelos estudantes por meio do uso de tecnologias de informação.

A tarefa foi postada no Moodle, ferramenta base no desenvolvimento desta disciplina. A cada semana eram postadas novas fotos. E concomitantemente, havia aqueles que não sabiam o que fotografar, o que enxergar, o que dizer. O desafio tinha sido proposto, mas não era só fotografar e sim significar o que se tinha fotografado, saber explicar aquela referida imagem como um sinônimo de educação física. Não era simplesmente fotografar os guris jogando bola no campinho, e sim extrapolar se tal figura seria uma boa escolha para definir o seu conceito de educação física.

(4)

Ao elaborar a atividade, pensamos: nada mais interessante do que proporcionar questionamentos sobre os possíveis conceitos/significados desta ciência para os estudantes calouros do curso. Obviamente, dentre as fotografias apresentadas tivemos as clássicas. O campo de futebol, na qual o acadêmico escreveu que “Educação Física não é só esporte. É a cultura de um povo, é um GRE-NAL, é um FLA-FLU, um espetáculo de capacidade física e mental desenvolvida pelos jogadores. A Educação Física está presente na vida de qualquer um”. Outra acadêmica apresentou uma foto com duas pessoas fazendo corrida de aventura, e escreveu que a Educação Física permite sentir a natureza, proporcionando a sensação de sentir-se livre. Uma linda imagem de dois jovens jogando capoeira em frente ao mar, com um pôr-do-sol ao fundo, inspirou uma acadêmica que escreveu que a educação física é sinônimo de equilíbrio físico e mental, estando em contato com a natureza.

Outro discente trouxe a foto com pessoas fazendo aula de ginástica (step), e descreveu que a Educação Física é muito importante para o corpo sadio, em qualquer idade. A dança de salão foi a imagem trazida por um universitário, que trouxe à tona o sentido do corpo ligado intimamente à mente, à necessidade e possibilidade que a dança tem de trabalhar estes dois componentes. Uma mulher se alongando em frente ao computador remete ao conceito de ginástica laboral e à presença da prática de alongamentos na função laboral de todo o cidadão, devido ao crescimento gigantesco do uso do computador nos últimos tempos.

Interessantemente, muitos dos acadêmicos trouxeram fotos com personagens da 3ª idade, ou melhor idade. Um homem no auge dos seus 80 anos surfando, em pé, foi a imagem trazida por um dos acadêmicos que relatou: “praticar exercícios é gostar de viver, é sinônimo de estar bem com o corpo e com a mente”. A foto de uma senhora em uma competição de halterofilismo foi escolhida por outro, que salientou que a combinação superação e treinamento constituem a fórmula para a saúde. Idosos em atividade de recreação, fantasiados e pintados, foi outra imagem trazida, sugerindo que a educação física se preocupa com o corpo, com o afetivo e com o mental simultaneamente. Dois casais idosos caminhando no parque e conversando foi outra foto, com um texto dizendo ser a educação física a receita para o bem-estar. Essas fotos deram uma valorização à atividade proposta, pois os alunos tiveram um cuidado no sentido de pensar na educação física para a população como um todo, de enxergar essa ciência com uma importância

(5)

muito grande para o envelhecimento, relação essa muito bem estabelecida na literatura científica.

A foto de um bebê iniciando seus primeiros passos e outra com um bebê brincando sumarizaram a educação física como um estímulo fundamental para o desenvolvimento motor e para o bem-estar desde a infância. Outra imagem com dois meninos entre 6-8 anos praticando judô identificou essa ciência como uma fonte de disciplina, responsabilidade e como um importante passo para um futuro promissor, além de ser um elemento ímpar nos projetos sociais. A foto de uma criança andando de bicicleta traz à tona a questão dos utensílios/objetos que propiciam e ajudam no desenvolvimento e no gosto pela prática desportiva.

A questão da deficiência física também foi lembrada. Um acadêmico apresentou a foto de deficientes físicos fazendo uma apresentação de dança, e trouxe que a educação física é um conjunto de atividades físicas que visam o bem-estar do ser humano e o seu desenvolvimento pessoal, independentemente de idade ou condição motora. Outra imagem é a largada de um corrida, e aparece um competidor deficiente físico, sem um antebraço, e a universitária lembra da importância da educação física como agente inclusor, integrador de diferenças.

Penetrar no enigma das figuras é muito mais do que apenas re(a)presentar a vida real. É redescobrí-las além da sua aparência, a fim de revelar os fenômenos da realidade que se ocultam por trás da sua própria luminosidade (Alves et al, 2008). A atividade proposta estava longe de ser fácil, e tinha como objetivo o questionamento interno acerca do que tanto já tínhamos trabalhado e discutido em sala de aula – o conceito de educação física. Para Jacob (2007), uma postura reflexiva e crítica deve ser tomada na avaliação de todos os modelos de arte e cultura de uma sociedade, independentemente da Educação Física ter como objetivo principal o corpo, mas sim se entender que o profissional de Educação Física qualificado entende a complexidade da manifestação do ser humano através de suas distintas habilidades.

CONCLUSÃO

As experiências fotográficas desenvolvidas pelos universitários assinalam a importância pedagógica desta ferramenta, uma vez que o fotógrafo (universitário) atua

(6)

como mediador imagético das relações estabelecidas entre o ser humano e o seu entorno comum ao movimento, à expressão corporal, revelando os limites e possibilidades desta ciência tão abrangente e importante no processo de humanização. A utilização do material fotográfico pode contribuir para refinar o olhar, porque as imagens registradas são como fenômenos constitutivos de pesquisa, de argüição, de reflexão. Acredito que os objetivos foram alcançados, mas, longe de finalizar, inicia-se uma proposta pedagógica diferenciada e com grandes potencialidades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES JF, SCHULTZE AM, BENTES D, BRANDÃO CMM. Fotografia e Educação: alguns olhares do saber e do fazer. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Natal, RN – 2 a 6 de setembro de 2008.

BETTI M. Educação Física e sociedade. São Paulo: Editora Movimento, 1991.

JACOB MHVM. A leitura de ficção cientifica e literatura como instrumento pedagógico na graduação em Educação Física. X Seminario Intermunicipal de Pesquisa – Ulbra Guaíba Outubro de 2007.

ROSA M. Historia da Fotografia Resumida.

http://www.scribd.com/doc/17347874/HISTORIA-DA-FOTOGRAFIA-resumida. Acesso em 02/9/2010.

SEVERINO AJ. A Universidade, a pós-graduação e a produção de conhecimento. Curitiba:Editora Universidade Tuiuti do Paraná, 1998.

Referências

Documentos relacionados

Na busca de uma resposta ao problema, que teve como questão norteadora desta pesquisa, levantamento dos gastos e despesas nos atendimentos realizados e identificar qual o custo que

Propiciar um panorama geral da área de Física do Estado Sólido, com ênfase nas idéias fundamentais e conceitos gerais, e uma visão moderna da ciência dos materiais. Utilização

[r]

Por exemplo, (Mases et al. Autores diferentes citados no mesmo parênteses devem ser ordenados cronologicamente e não alfabeticamente. No caso de repetir a mesma referência

No entanto, maiores lucros com publicidade e um crescimento no uso da plataforma em smartphones e tablets não serão suficientes para o mercado se a maior rede social do mundo

No final, os EUA viram a maioria das questões que tinham de ser resolvidas no sentido da criação de um tribunal que lhe fosse aceitável serem estabelecidas em sentido oposto, pelo

insights into the effects of small obstacles on riverine habitat and fish community structure of two Iberian streams with different levels of impact from the

Neste estágio, assisti a diversas consultas de cariz mais subespecializado, como as que elenquei anteriormente, bem como Imunoalergologia e Pneumologia; frequentei o berçário