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POLÍTICAS NACIONAIS E PRÁTICAS LOCAIS DE SAÚDE EM DENGUE E O USO DE SISTEMAS COMPUTACIONAIS

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1 POLÍTICAS NACIONAIS E PRÁTICAS LOCAIS DE SAÚDE EM DENGUE

E O USO DE SISTEMAS COMPUTACIONAIS

Claudia Brandelero Rizzi1 Rogério Luís Rizzi Guilherme Galante

RESUMO: A dengue é uma doença infecciosa causada por diferentes sorotipos de vírus cujo vetor

principal no Brasil é o mosquito Aedes aegypti. Devido à inexistência de vacina eficaz contra ela, seu controle é realizado seguindo padrões de prevenção e de combate ao vetor dispostos pela Organização Mundial da Saúde e Ministério da Saúde. As políticas públicas brasileiras no que tange à dengue têm priorizado o combate ao vetor e ao atendimento aos indivíduos doentes. Uma das consequências desta priorização são os atuais sistemas computacionais utilizados no país que ainda não estão integrados e geralmente são subutilizados para fins de gestão em dengue. Neste contexto se insere o software SIGDENGUE cujo principal objetivo é integrar dados e assim subsidiar ações preventivas, de controle e combate à dengue. Neste artigo faz-se uma discussão sobre as políticas nacionais atualmente em vigor, tendo como ênfase os sistemas computacionais utilizados. Faz-se também uma apresentação do software SIGDENGUE, enfatizando as ações locais realizadas pelo Setor de Endemias de Cascavel/PR a partir da notificação da existência de indivíduos com suspeita de dengue.

PALAVRAS-CHAVE: Gestão em Saúde; SIGDENGUE; Controle do Aedes aegypti.

INTRODUÇÃO

A dengue é uma doença febril aguda causada por um arbovírus do gênero Flavivírus da família Flaviviridae. Diversas espécies de mosquitos Aedes podem servir como vetores transmissores do vírus da dengue. No Brasil, duas delas estão instaladas, o Aedes albopictus e especialmente, o Aedes aegypti, um mosquito urbano, de hábito diurno e altamente ativo. A transmissão ocorre quando a fêmea da espécie se contamina ao picar um indivíduo infectado na fase de viremia, tornando-se capaz, após período de 10 a 14 dias, de transmitir o vírus a todos os indivíduos que picar (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014).

Cada um dos quatro sorotipos DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4 pode causar enfermidade grave e mortal e a infecção por um deles confere proteção permanente para o mesmo sorotipo e imunidade parcial e temporária contra os outros três, mas a infecção subsequente com um segundo

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2 sorotipo aumenta a probabilidade de forma grave da doença como a hemorrágica. Além desses sorotipos, em outubro de 2013, na Terceira Conferência Internacional sobre Dengue e Febre Hemorrágica da Dengue realizada em Bangkok, foi anunciada a descoberta de um novo vírus, enquanto pesquisadores analisavam amostras virais da dengue coletadas durante um surto da doença ocorrido na Malásia, em 2007. Após seu sequenciamento, descobriram que o vírus é filogeneticamente distinto dos outros e evoluiu de forma diferente. Embora seja um achado recente, contribui com novos aspectos no que tange ao cenário mundial da dengue bem como aos esforços para seu controle combate (SICENEINSIDE, 2014).

A dengue é característica de áreas tropicais e subtropicais e no Brasil, as condições socioambientais são favoráveis à expansão e dispersão do vetor. Desde a reintrodução da doença, em 1976, todos os anos são registrados novas ocorrências. O número de casos confirmados anuais é bastante significativo, conforme se observa na Figura 1, referente ao período de 2002-2013 (PORTAL DA SAÚDE-A, 2014).

Figura 1: Dados oficiais sobre número de casos de dengue confirmados

no Brasil no período de 2002-2013 (PORTAL DA SAÚDE-A, 2014)

O Sudeste foi a região onde ocorreram 63,4% do total dos casos; no Centro- Oeste foram 18,4%, no Nordeste 10,1%, no Sul por 4,8% e no Norte por 3,3% dos casos (PORTAL BRASIL, 2014). Esses dados fornecem subsídios para se obter um panorama sobre o trabalho que deve ser realizado em todo o Brasil para minimizar esta problemática.

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3 No entanto, na ausência de vacina eficaz a única ação para controlar a disseminação da doença é o controle do vetor. No Brasil, o Ministério da Saúde realiza o monitoramento da dengue principalmente tendo como base informações obtidas através de diferentes Sistemas de Informações como o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), o Levantamento de Índice (LI), Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) e dos dados constantes no Sistema de Informações da Febre Amarela e Dengue (SISFAD), Sistema que está sendo substituído, desde o final de 2012, pelo Sistema do Programa Nacional de Controle da Dengue (SisPNCD).

As informações contidas no SINAN referem-se, principalmente, a notificação e investigação de casos de doenças e agravos que constam na Lista Nacional de Doenças de Notificação Compulsória, que inclui a dengue. O objetivo principal do SINAN é a realização da identificação dinâmica da ocorrência de um dado evento na população. Desta forma, contribui com subsídios para o melhor entendimento do agravo, além de indicar riscos aos quais os indivíduos estão sujeitos, contribuindo assim, para a caracterização da situação epidemiológica de determinada área geográfica (PORTAL DA SAÚDE-B, 2014). No SINAN constam informações sobre os indivíduos com casos suspeitos e confirmados da doença.

O Levantamento de Índice (LI) é um indicador amostral obtido através de pesquisa larvária que informa o grau de infestação, dispersão e densidade dos vetores em localidades do município. O Ministério da Saúde estabelece que todos os imóveis devem ser inspecionados e que sejam coletadas larvas ou pupas em 33% dos imóveis existentes na zona de trabalho. Assim, todos os imóveis são inspecionados, mas a coleta é realizada em um terço dos imóveis visitados. Em conjunto com o LI, são realizadas pesquisas entomológicas em pontos estratégicos e outras ações visando o monitoramento do Aedes aegypti (ROZENDAAL, 1997). Há um software específico de mesmo nome através do qual são inseridos os dados colhidos na ação do LI.

O levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes Aegypti (LIRAa) é um mapeamento rápido dos índices de infestação do mosquito. As capitais e municípios de regiões metropolitanas, municípios com mais de 100 mil habitantes e municípios com grande fluxo de turistas ou situados em regiões de fronteira devem realizar este levantamento. Para isso, o município é dividido em grupos de 9 a 12 mil imóveis. Em cada grupo, são pesquisados 450 imóveis. Os grupos com índices de infestação predial inferiores a 1% são

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4 considerados como estando em condições satisfatórias. Aqueles entre 1% a 3,9% estão em situação de alerta. Considera-se que municípios com índices superiores a 4% há risco de surto de dengue (LIRAa, 2014). Em síntese, o LIRAa aplica-se às situações em que se deseja avaliar o impacto de medidas de controle vetorial em áreas recém-infestadas ou como subsídio para avaliar os programas municipais. Também neste caso há um software específico de mesmo nome, através do qual são inseridos os dados colhidos na realização desta ação.

O SISFAD é o Sistema através do qual são registradas as três principais ações realizadas em campo pelos agentes de controle de endemias: o Ciclo, o Ponto Estratégico (PE) e a Pesquisa Vetorial Espacial (PVE). O Ciclo consiste em visitas bimestrais aos imóveis do município, visando à orientação a moradores, retirada, destruição ou limpeza de depósitos que podem acumular água e aplicação de larvicida. Os PEs são locais estratégicos, a exemplo de depósitos de lixos, cemitérios, borracharias, que, por suas características, podem contribuir para a proliferação do vetor. Esses locais são vistoriados quinzenalmente com aplicação de larvicida e adulticida. O PVE é a ação realizada na circunvizinhança de 300 metros do local de maior permanência do indivíduo com suspeita de estar com a doença ou do local onde foram localizadas larvas ou pupas do vetor. Nesses locais é feita a remoção de depósitos e aplicação de larvicida.

O SISFAD está sendo substituído pelo SisPNCD (SISPNCD, 2012). O SisPNCD realiza as atuais funcionalidades viabilizadas pelo SISFAD e algumas complementares, dentre elas o cadastro de pontos estratégicos, de veículos que realizam aspersão aeroespacial de inseticidas em ultrabaixo-volume (UBV), armadilhas, áreas, microáreas e recursos humanos. Permite também realizar a programação dos ciclos de atividades de aplicação de UBV. Seu principal diferencial, para além de uma interface mais moderna e adequada, diz respeito aos relatórios que emite, dentre eles os de localidades, de pontos estratégicos, de indicadores entomológicos, de índice de recipientes, totais de produção e consumo de inseticida utilizado nas ações envolvendo aplicações focais, perifocais e de UBV. As aplicações focais consistem no uso de larvicida nos depósitos positivos para formas imaturas de mosquitos, que não possam ser eliminados mecanicamente. As perifocais consistem na aplicação de uma camada de inseticida de ação residual nas paredes externas dos depósitos em pontos estratégicos, através de aspersor manual, visando atingir o mosquito adulto que pousa para repouso ou desova. As aplicações de UBV visam a rápida interrupção da transmissão da doença.

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5 Este método atinge a superfície do corpo do mosquito e apresenta alto rendimento com maior área tratada por unidade de tempo (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014).

Esses softwares (Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN, Levantamento de Índice - LI, Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti – LIRAa, Sistema de Informações da Febre Amarela e Dengue - SISFAD ou Sistema do Programa Nacional de Controle da Dengue – SisPNCD), não estão integrados, o preenchimento de seus dados e o envio para as Regionais de Saúde, são obrigatórios e seu uso tradicional tem sido visando a produção de dados estatísticos nacionais. Além disso, apresentam limitações que vão desde a forma de inserir dados no sistema, a manutenção de registros históricos, até o fornecimento de informações para o processo decisório. Os gestores responsáveis atuam inclusive considerando suas experiências sem o adequado suporte desses softwares. Há relatos verbais que em diversos setores responsáveis pela dengue em municípios, como foi o caso de Cascavel, até pouco tempo, há controles manuais com anotações das atividades efetuadas a campo realizadas em cadernos ou fichas específicas que são guardadas por um determinado período e depois incineradas.

É neste contexto que se insere e se justifica o sistema que está sendo desenvolvido no Laboratório de Computação Aplicada da UNIOESTE em parceria com a Prefeitura Municipal de Cascavel, que objetiva contribuir fornecendo informações consolidadas produzidas a partir de conjuntos de dados armazenados em meio digital apropriado, para a melhoria da tomada de decisão em termos de dengue, subsidiando mais adequadamente as ações de prevenção, controle e combate a dengue. Embora tome a cidade de Cascavel, Paraná, como parceira e locus para o desenvolvimento de discussões teóricas e realização de experimentos, o sistema independe de região geográfica e pode ser utilizado por outros municípios, visto a metodologia e os recursos computacionais que oferece. O Sistema de Informação para Aquisição, Manipulação e Tratamento de Dados sobre Dengue (SIGDENGUE) é um dos módulos deste ambiente computacional.

OBJETIVOS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O software SIGDENGUE foi desenvolvido a partir de um conjunto de atividades que foram realizadas desde 2009, quando foi intensificada a aproximação e concretizada a parceria entre a UNIOESTE e a Secretaria Municipal de Saúde de Cascavel, através do Programa de Endemias do

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6 Município. Possui dois objetivos principais sendo que o primeiro é integrar os dados e informações sobre atividades de campo relacionadas com o controle da dengue que o município de Cascavel dispõe e que não estavam armazenados e acessíveis em meio digital apropriado. Além disso, provê funcionalidades para outros dados relacionados à doença, como o acompanhamento dos casos suspeitos e confirmados, informações sobre pontos estratégicos, localidades, resultados laboratoriais decorrentes de material colhido em visitas a campo, equipes de trabalho, entre outras caracterizações. O segundo objetivo é viabilizar a rápida obtenção de informações através de relatórios gerenciais sobre dengue, através da integração de informações armazenadas em sistemas computacionais diferentes (SINAN, LI, LIRAa, SISFAD/SisPNCD). Essa integração é feita em grande parte de maneira automática, como no caso do acesso direto aos dados digitados no SisPNCD, que não necessitam serem digitados novamente no SIGDENGUE. Cabe destacar que os dados do SisPNCD constituem um volume significativo de dados visto que nele são digitadas todas as ações em dengue executadas diariamente a campo e que são obrigatórias nacionalmente.

Esses objetivos foram priorizados quando constada a necessidade e relevância de armazenar e utilizar os dados sobre dengue, especialmente aqueles referentes ao trabalho de campo desenvolvido pelos agentes, que até então, a cada ano, eram reiniciados para dar lugar ao acompanhamento do ano seguinte. Para além disso, a quantidade de casos confirmados da doença e a dificuldade do controle e monitoramento das ações realizadas em campo no município, preocupavam os gestores que encontraram na UNIOESTE pesquisadores também interessados nessa temática.

Essas questões motivaram o projeto e o desenvolvimento do SIGDENGUE com o envolvimento do Setor de Endemias do Município cujos primeiros resultados trouxeram consequências mútuas. Da parte daquele setor, em mudanças na sistemática utilizada em algumas ações desenvolvidas em campo, mas, especialmente, nos registros das ações realizados pelo setor, que passaram a ser feitas digital e sistematicamente; no que se refere à equipe de desenvolvedores do SIGDENGUE, em implicações computacionais na identificação e melhoria da definição dos requisitos do sistema.

Ao longo de 2011, 2012 e 2013 diversos foram os encontros entre a equipe de desenvolvimento e a equipe da Prefeitura Municipal de Cascavel, ajustes ao Sistema foram incorporados e vários encontros foram realizados visando testá-lo. Em novembro de 2012, uma

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7 versão completa do SIGDENGUE desktop foi instalada no Setor de Endemias e desde então, aquele setor responsabilizou-se por inserir informações no sistema e interagir com a equipe de desenvolvimento a fim de que o processo de implantação ocorresse de maneira satisfatória.

A versão SIGDENGUE implantada no Setor de Endemias contempla o cadastro e o acompanhamento dos casos suspeitos de dengue, ou seja, o conjunto de ações (Busca ativa, Raio, Amostras laboratoriais, Bloqueio, Conclusão do caso) realizadas por aquele Setor desde o momento da identificação de um indivíduo com suspeita de estar com a doença, até sua conclusão. Contempla também mecanismos para armazenar as ações realizadas em campo, o cadastro dos pontos estratégicos importantes no âmbito da doença, espalhados pelo município, o cadastro dos agentes, informações sobre o LIRAa, sobre o Mutirão, dentre outros. Embora existam todas essas funcionalidades, neste trabalho, optou-se por enfatizar o uso do SIGDENGUE em Cascavel/PR para acompanhamento de indivíduos com suspeita de dengue.

Nesse sentido, para um indivíduo que procura assistência médica apresentando alguns dos sintomas da dengue, é obrigatório o preenchimento da “Ficha de Investigação de Dengue” por parte do estabelecimento de saúde que o atendeu que também o encaminha para realizar o exame laboratorial para confirmar ou não a doença. Os dados deste formulário são cadastrados no software SINAN e uma cópia é encaminhada para o Setor de Endemias do município. Este setor entra em contato com este indivíduo ou com seus familiares para obter outras informações sobre a evolução do quadro e preenche um formulário cujos dados são digitados no SIGDENGUE. O preenchimento da “Ficha de Investigação de Dengue” e o complemento com outras informações sobre o paciente e seu quadro clínico constitui a Ação de Notificação.

Mesmo sem a confirmação de que se trata de um caso positivo de dengue, o Setor de Endemias executa o procedimento de campo denominado “pesquisa espacial do vetor” ou simplesmente Raio. Neste procedimento são eliminados criadouros e são recolhidas amostras de larvas e pupas encontradas em um raio de 300 metros de um ou mais endereços mais frequentados pelo indivíduo, como sua residência, local de trabalho, estudo ou lazer. As informações decorrentes desta ação de campo são cadastradas no SisPNCD e no SIGDENGUE.

As amostras recolhidas durante o procedimento do Raio são encaminhadas para análise laboratorial e caso sejam positivas, é realizada a atividade denominada “combate local ao vetor alado” ou simplesmente Bloqueio. Trata-se da aplicação de inseticida de ação

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8 residual visando atingir o mosquito adulto na tentativa de impedir que o vírus se propague. Concluído o Bloqueio ou caso a análise laboratorial das amostras de larvas e pupas seja negativa, o trabalho realizado pelo Setor de Endemias é considerado concluído.

Independentemente dos casos suspeitos de dengue, ao longo do ano a equipe de campo realiza atividades sistemáticas de visitas aos imóveis da cidade para a realização de ações de educação junto aos moradores e de prevenção, o que inclui os levantamento de índice de infestação e o tratamento, também chamada de ação LI+T. Trata-se da ação realizada pelo agente que, ao visitar o imóvel, seja ele terreno baldio, ponto estratégico, residência ou imóvel comercial, inspeciona depósitos de água que se constituem criadouros potenciais. Exemplos são caixas de água, pneus, pequenos depósitos que armazenam água, lixo, depósitos naturais, etc. Esses depósitos são inspecionados e alguns são eliminados. Quando um endereço que corresponde a um local de frequência de um indivíduo suspeito de estar com dengue é notificado, a ação de Raio não é realizada se as ações de LI+T foram executadas em um período de 15 dias da data de notificação do caso suspeito.

As figuras a seguir ilustram algumas das funcionalidades do SIGDENGUE versão desktop, utilizadas para o acompanhamento ao indivíduo com suspeita de dengue. Na Figura 2 consta o cadastro dos dados pessoais. Na Figura 3, a identificação de seu endereço residencial. Na Figura 4, o contato realizado entre agentes de saúde com o paciente ou familiar. Na Figura 5, informações sobre sintomas.

Figura 2: Tela inicial para cadastro

de indivíduos com suspeita de dengue

Figura 3: Tela para cadastro do endereço

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Figura 4: Informações sobre o contato do

agente de saúde com o indivíduo Figura 5: Cadastro de sintomas

Na Figura 6 são ilustradas as informações sobre o cadastro e acompanhamento da ação de Raio e na Figura 7 as informações sobre o Bloqueio. As tecnologias computacionais utilizadas para o desenvolvimento do SIGDENGUE são todas de código livre: linguagem de programação Java, Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados PostgreSQL e IReport como ferramenta para geração de relatórios.

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Figura 7: Cadastro de ações de combate local ao vetor alado – Bloqueio

Paralelamente, desde novembro de 2012 iniciou-se um projeto visando a ampliação e melhoria do SIGDENGUE, especialmente no que se refere à disponibilidade, que é a conversão da versão desktop para uma versão web. Além de contemplar as funcionalidades da versão desktop, outras foram elicitadas como melhorias no que se refere ao georreferenciamento, novos relatórios gerenciais, acompanhamento do trabalho realizado pelas equipes de campo, a possibilidade do uso de dispositivos móveis, dentre outras.

A decisão por desenvolver a versão web e estender as funcionalidades do SIGDENGUE decorre de diversos fatores, mas principalmente por que: 1) o mecanismo de funcionamento é reconhecido e utilizado por muitos usuários já acostumados com o funcionamento dos navegadores; 2) atende às necessidades de usuários distribuídos remotamente; 3) o desenvolvimento, manutenção e atualização ficam centralizados na aplicação; assim é necessário apenas instalar ou alterar a aplicação no servidor para que os usuários possam acessá-la; 4) a exportação de dados entre usuários remotos é viabilizada, inclusive através de aparelhos móveis; 5) a escalabilidade no processamento permite que se aumente o poder de processamento apenas no servidor, caso necessário.

Em julho de 2013, foi concluída a documentação dessa versão do Sistema que incluiu a especificação dos requisitos e sua modelagem. Estudos e treinamentos no uso das

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3 tecnologias necessárias ao desenvolvimento do sistema foram e estão sendo realizadas. Também foi iniciada a implementação do SIGDENGUE Web cujo primeiro protótipo foi apresentado a representantes do Setor de Endemias no início de setembro de 2013. A Figura 8 ilustra como exemplo o formulário de cadastro de um novo suspeito no sistema SIGDENGUE web que corresponde às Figuras 2 e 3 da versão desktop, mostradas anteriormente.

Cabe ainda dizer que este trabalho foi inserido no Programa de Apoio a Núcleos e Excelência, Projeto 550030/2010-7 CNPq, Edital PRONEX-Dengue, em nível nacional, concluído em maio de 2013, cujo objetivo principal foi o de desenvolver modelos matemáticos para aplicação no controle da dengue. Também que o projeto que engloba a proposição, desenvolvimento e testes com o ambiente computacional apresentado neste trabalho está em conformidade com as normas da Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos no Brasil, visto que faz uso de dados em arquivos obtidos através da parceria com a Prefeitura Municipal de Cascavel, e outras entidades. Consiste no parecer 261/2012-CEP, referente ao processo CAAE número 10726712.6.000.0107.

Por fim cabe mencionar que como os aportes financeiros brasileiros em ações de vigilância (R$ 1,05 bilhão em 2010; R$ 1,34 bilhão em 2011; R$ 1,73 bilhão em 2012 (PORTAL BRASIL, 2014); R$ 1,20 bilhão em 2013; em 2014 já houve um anúncio de investimentos de R$ 1,4 bilhões (BONDE, 2014) têm tido como alvo a realização de trabalhos de campo, o país carece de Sistemas Computacionais capazes de consolidar e ampliar as informações sobre situações epidemiológicas ou subsidiar ações de planejamento, gestão e avaliação de políticas públicas de ações voltadas à dengue.

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Figura 8: Formulário de cadastro de novo suspeito no sistema SIGDENGUE web.

RESULTADOS E CONCLUSÕES

Os fatores que contribuem para a expansão da dengue no Brasil referem-se, em grande parte, ao crescimento desordenado dos centros urbanos, que concentram mais de 80% da população. Esses locais apresentam lacunas em termos de infraestrutura, a exemplo de dificuldades para garantir o abastecimento de água e da coleta e o destino adequados do lixo. Outros fatores, como a expansão da indústria de produtos não biodegradáveis, condições climáticas favoráveis, adaptações

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5 ambientais do vetor e inadequados hábitos e cuidados com higiene e limpeza da população, promovem um cenário não propício a erradicação da doença (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

Essas condições no país apontam para o risco de ocorrência de epidemias. As epidemias de dengue e as tentativas de evitá-las impõem uma importante carga aos serviços de saúde e à economia dos municípios e respectivos estados e consequentemente para o país. Embora existam poucos estudos objetivos e criteriosos com divulgações sobre o tema, são evidentes os necessários investimentos financeiros ambulatoriais e hospitalares, os custos com as atividades de vigilância, controle do vetor e mobilização da população em torno da problemática da dengue (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

No Brasil, métodos simplificados de amostragem têm sido usados com a finalidade de facilitar a obtenção de informações pelos serviços de saúde locais, estaduais e nacional. Essas informações são obtidas mediante a realização de pesquisas executadas em campo cujos dados, que são informados aos sistemas computacionais nacionais, fornecem parâmetros aos gestores locais de maneira que, mediante a experiência no tema, condições de trabalho e algum tipo de treinamento no uso desses sistemas, possam efetuar avaliações das atividades locais desenvolvidas. Tendo sido concluído o processo de implantação e treinamento no uso do SisPNCD em 2013, a expectativa é a de que a análise dos dados nele cadastrados contribuam de maneira mais significativamente ao gerenciamento das ações em dengue atualmente realizadas.

Administrativa e politicamente, o monitoramento da dengue no Brasil, como já mencionado neste texto, é realizado principalmente a partir dos dados cadastrados nos Sistema Computacionais de Agravos de Notificação (SINAN), através do Levantamento de Índice (LI), Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) e dos dados constantes no Sistema do Programa Nacional de Controle da Dengue (SisPNCD) e objetivam contribuir para propor e avaliar políticas e programas nacionais em dengue. É obrigatório o preenchimento dos dados necessários em cada um desses sistemas e o respectivo envio para as regionais de saúde, que por sua vez os enviam para as regionais estaduais e em seguida para a esfera nacional. São essas esferas mais abrangentes que acabam por interpretar esses dados e através deles, propor e subsidiar ações em dengue.

O principal problema dessa dinâmica decorre do fato de que esses sistemas não estão integrados, ou seja, os dados cadastrados em um sistema, não ficam disponíveis para serem

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6 acessados e utilizados por outros Sistemas. Portanto, as análises feitas sobre os dados locais não são expressivas, principalmente devido ao fato de que os dados dos diversos sistemas computacionais não estarem integrados, dificultam a análise global e sistêmica das ações realizadas a partir dos dados locais sistematizados. Isso contribui para que os gestores responsáveis pelas ações locais em dengue atuem principalmente considerando suas experiências e dados empíricos sem o adequado suporte desses softwares, eventualmente perdendo o contexto e as nuances de cada município considerado.

Do ponto de vista local, observações realizadas a partir das ações particulares executadas em Cascavel/PR, adicionais aquelas requeridas regional e nacionalmente, como o acompanhamento ao indivíduo com suspeita de estar com a doença, com o suporte do SIGDENGUE, merecem destaque. Observa-se que esse acompanhamento realizado por agentes de saúde, tem provido condições aos gestores de considerarem informações sobre o próprio indivíduo com suspeita de estar com a doença, se viajou para locais com casos confirmados ou mesmos epidêmicos. Permite analisar o local onde reside, trabalha, estuda ou costuma estar com mais frequência e, a partir deles, considerando o quadro local do espalhamento da doença, tomar medidas cabíveis como o Raio e o Bloqueio ou outras mais adequadas.

Embora considerando apenas um estudo específico realizado no início de 2014, que merece ser ampliado e melhor sistematizado, depreende-se que esta ação realizada em Cascavel/PR de acompanhamento dos indivíduos com suspeita de dengue pode ser um dos fatores importantes (senão o fator) que contribuem para a contenção da doença no município, que até o presente momento, nunca viveu um situação epidêmica. No entanto, este tipo de análise é mais viável operacionalmente se efetuada com o suporte de Sistemas de Informações adequados, permitindo um melhor aproveitamento dos recursos humanos e dos materiais destinados e alocados à dengue.

Sistemas como o SIGDENGUE, que pode ser extensível a outros municípios brasileiros, podem viabilizar melhores condições para que o gestor local responsável pela dengue possa agir melhor subsidiado. Além disso, características do sistema como a visualização georreferenciada (dos casos, das ações, etc.), o acesso via internet e a possibilidade já em desenvolvimento de permitir a inserção e consulta de dados através de dispositivos móveis conferem ao sistema um potencial inovador e importante para o controle e combate à dengue.

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7 REFERÊNCIAS

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Dengue and severe dengue. Disponível em: <http:// www.who.int/mediacentre/factsheets/fs117/en/>. Acesso em 10 jun. 2014.

SICENEINSIDE. First New Dengue Virus Type in 50 Years. Disponível em: <http:// news.sciencemag.org/health/2013/10/first-new-dengue-virus-type-50-years>. Acesso em 10 fev. 2014. PORTAL DA SAÚDE-A. Casos de Dengue. Brasil, Grandes Regiões e Unidades Federadas, 1990 a 2013. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/images/ pdf/2014/marco/27/Casos-e-incid-dengue-ate-2013.pdf > . Acesso em: 11 jun. 2014.

PORTAL BRASIL. Saúde. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/saude/2013/11/saude-libera-mais-de-r-360-mi-para-combate-a-dengue>. Acesso em: 13 fev. 2014.

PORTAL DA SAÚDE-B. Sistemas de Informação. Disponível em: <http://portal. saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=21383>. Acesso em: 07 mar. 2013.

ROZENDAAL J. A. Vector Control - Methods for Use by Individuals and Communities. World Health Organization: Geneva, 1997. 424 p.

LIRAa. Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes Aegypti (LIRAa). Disponível em: <http://www.dengue.org.br/dengue_levantamento_municipios.pdf>. Acesso em 08 jun. 2014. SISPNCD. Sistema do Programa Nacional de Controle da Dengue. Manual do Usuário: módulo local. Brasília: Ministério da Saúde/DATASUS: 2012.

BONDE. Ministério da Saúde dobra repasse para combater a dengue. Disponível em: <http://www.bonde.com.br/?id_bonde=1-27-142-1119&tit=ministerio+da+saude+dobra+repasse+para +combater+a+dengue>. Acesso em: 3 jun. 2014.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de

Dengue. Disponível em:

<http://www.combateadengue.pr.gov.br/arquivos/File/profissionais/diretrizes_dengue.pdf>. Acesso em 30 mai. 2014.

Referências

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