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O Lítio Exploração, Métodos e Aplicações do Lítio

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O Lítio: Exploração, Métodos e Utilidades 1/24

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

O Lítio

Exploração, Métodos e Aplicações do Lítio

Projeto FEUP 19/20 - Mestrado Integrado em Engenharia Metalúrgica e de Materiais e Licenciatura em Ciências da Engenharia - Engenharia de Minas e Geo-Ambiente:

Coordenador geral: Prof. Manuel Firmino Coordenador de Curso: Prof. Alexandre Leite Prof.ª Belmira Neto

Equipa 3:

Supervisor: Prof.ª Aurora Futuro Monitor: Paula Lacerda Estudantes & Autores:

Ana Silva up201907741@fe.up.pt João Simões up201904513@fe.up.pt André Relvas up201905136@fe.up.pt Mafalda Valente up201904826@fe.up.pt

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Resumo

O presente relatório foi elaborado no âmbito da unidade curricular Projeto FEUP dos cursos Mestrado Integrado em Engenharia Metalúrgica e de Materiais e Licenciatura em Ciências de Engenharia – Engenharia de Minas e Geo-Ambiente. Procuramos neste trabalho aprofundar o nosso conhecimento sobre o Lítio, a sua exploração e a sua utilidade com foco na Mina de “Greenbushes” na Austrália e no projeto de exploração de lítio na região do Alto Barroso. O Lítio é um elemento metálico encontrado de uma forma mais abundante associado ao mineral Espodumena. É um elemento altamente reativo e, por esse motivo, não se encontra no seu estado elementar na natureza.

Tem-se verificado um crescente interesse económico no Lítio. A sua exploração, em Portugal, é efetuada no sentido da indústria da cerâmica, no entanto, a nível mundial a sua exploração incide maioritariamente na produção de baterias. Nos últimos anos, foi esta última indústria que se tem vindo a desenvolver mais.

Palavras-Chave

Lítio; Espodumena; Carbonato de Lítio; Extração; Desmonte; Concentração; Metalurgia; Salmouras; Flutuação por Espumas; Lixiviação; Cerâmicas; Baterias de Lítio.

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Agradecimentos

Gostaríamos de agradecer à nossa monitora, Paula Lacerda, pela disponibilidade e pela resposta a todas as nossas perguntas. E, também, à Prof.ª Aurora Futuro pelo o papel fundamental de supervisora. A todos os professores e palestrantes da primeira semana de aulas, correspondente à semana de Projeto FEUP. E, por fim, à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto pela oportunidade de integrar a melhor faculdade de engenharia do país.

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Índice

Lista de figuras 5 Lista de acrónimos 5 Glossário 6 1. Introdução 7 2. O Lítio 7

2.1 Lítio em Portugal e no Mundo 8

2.2 Métodos de Exploração 9 2.3 Propriedade diferenciais utilizadas no processamento 12

2.4 Método de separação físico 13

2.5 Método de separação químico 18 2.6 Aplicações do Lítio 20

3. Conclusões 22

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Lista de figuras

Figura 1………página 7 Figura 2………...página 8 Figura 3………...página 10 Figura 4………...página 11 Figura 5………...página 14 Figura 6………...página 16 Figura 7………página 17 Figura 8………...página 19 Figura 9………...página 21

Lista de acrónimos

“ppm” - partes por milhão

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Glossário:

Espodumena - minério de lítio e um silicato de lítio e alumínio - LiAl(Si2O6).

Espodumena alfa - espodumena encontrada no seu estado natural, que apresenta uma estrutura cristalina monoclínica.

Espodumena beta - espodumena obtida a partir de um processo de aquecimento a temperaturas elevadas, que apresenta uma estrutura cristalina tetragonal.

Carbonato de Lítio - sal cristalino usado na indústria do vidro e da cerâmica (Li2CO3). Lixiviação - dissolução de um composto sólido através de processos químicos que requerem a atuação de reagentes.

Salmouras - soluções hipersalinas acumuladas em bacias de drenagem onde a taxa de evaporação é maior do que a taxa de precipitação enriquecendo-se assim de alguns elementos que estavam lá contidos, como o Lítio.

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1. Introdução

O Lítio é um metal alcalino, que não se encontra no seu estado elementar na natureza, devido à sua instabilidade e reatividade. É o elemento menos denso de todos os metais alcalinos, grupo no qual se insere. Devido às suas propriedades, como por exemplo, a elevada condutividade e a baixa densidade, este metal suscita um crescente interesse económico.

2. O Lítio

Símbolo Químico: Li Número atómico: 3

Classificação: Metal Alcalino Densidade: 0,534 g/𝑐𝑚3

Ponto de fusão: ⋍180,54ºC

Cor (à temperatura ambiente): prateado

Descoberto em 1817 por Johann August Obtido na sua forma elementar em 1818

Figura 1: Propriedades do Lítio

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2.1 Lítio em Portugal e no Mundo

O Lítio geralmente é extraído de minas a céu aberto pois o minério encontra-se frequentemente à superfície da crusta terrestre. Alguns dos minerais, de onde o Lítio pode ser extraído, são: a espodumena, a lepidolite, a petalite, a eucriptite e a Ambligonite, geralmente utilizados na indústria cerâmica e vidreira. Estes minerais aparecem na natureza associados a rochas ígneas designadas por pegmatitos graníticos compostas por feldspato, quartzo e micas. Atualmente a exploração tem vindo a aumentar em alguns países, até mesmo em Portugal. A maior reserva portuguesa e europeia encontra-se na zona de Gonçalo, na Guarda, onde o minério mais explorado é a lepidolite. No entanto, é a Austrália que tem sido o maior produtor, representando 43 % da exploração de Lítio em todo o mundo.

É feita uma exploração mais intensa dos minerais de espodumena e petalite pois são os mais abundantes e os que dão maior lucro. É a partir da espodumena que se forma Carbonato de Lítio, que apesar de ser

bastante utilizado nas baterias, o custo de produção em laboratório é mais elevado que o lucro, recorrendo-se, assim, às Salmouras, sendo que as maiores, encontram-se na

Argentina (Salar de Hombre), no Chile (Salar de Atacama) e na Bolívia (Salar de Uyuni). [14]

Figura 2: "Volume de produção em 2015 (em milhares de toneladas)". [13]

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2.2 Métodos de Exploração

2.2.1. Diferença entre exploração a céu aberto, exploração subterrânea, e em salmouras

Na exploração a céu aberto o processo inicia-se com a desmatação do terreno e posteriormente, iniciados os trabalhos com explosivos. Por ser um método pouco seletivo, o volume de estéril é bastante elevado quando comparado à quantidade de minério extraído. Ao contrário da exploração a céu aberto, o desmonte subterrâneo possibilita um elevado grau de seletividade.

Os principais métodos de desmonte em subterrâneo de exploração mineira são:

• Desmonte com entulhamento – a estabilidade do maciço após o desmonte é assegurada pelo entulhamento das cavidades;

• Desmonte com desabamento – o material é desmontado através da rutura controlada dos terrenos à medida que se aumentam os vazios;

• Desmonte com abandono de pilares – são deixados pilares de rocha abandonados que garantem a estabilidade do maciço.

Existe também uma prática que concilia uma primeira fase com uma exploração a céu aberto seguida da segunda fase que consiste em desmonte subterrâneo. Na primeira fase é extraído o minério mais aflorante, e a segunda fase tem com objetivo a exploração do minério que se encontra a maiores profundidades, reduzindo assim o volume a desmontar, o que resulta num menor volume a ser depositado em escombreiras bem como num menor impacto visual. [17]

Também é possível recorrer às salmouras onde é possível encontrar Lítio mas em estado de cloreto, sendo mais fácil utilizar para a criação de baterias. É nos Andes que se concentram 75 % das reservas de Cloreto de Lítio (LiCl) de todo o mundo, onde é possível encontrar entre 200 a 400 ppm de Lítio. A água dos lagos salgados é bombeada para tanques de evaporação, onde posteriormente o Lítio se encontra concentrado na forma de cloreto, que após sofrer um processo de eletrólise se transforma em carbonato purificado, e posteriormente é comercializado.

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2.2.2. Minas em Portugal e no Mundo

Austrália-Projeto “Greenbushes”

A Austrália é um dos maiores produtores de concentrado de minerais de Lítio a nível mundial sendo o “Greenbushes” o projeto de maior dimensão que se localiza no sudoeste australiano a duzentos quilómetros de Perth. Este consiste em quatro licenças de exploração previamente aprovadas tendo também pendentes cinco licenças de exploração e sete de prospeção mineira. O depósito é constituído por espodumena que normalmente perfaz 50 % da rocha que se estende numa falha, denominado geralmente por filão, com três quilómetros de comprimento e trezentos metros de largura.

Estes depósitos encontram-se frequentemente encaixados em rochas ígneas intrusivas possuindo cristais duros e com dimensões superiores a 2,5 cm sendo necessário recorrer a alguns métodos para separar a espodumena da restante rocha, como por exemplo a perfuração ou, recorrendo a explosivos. [6], [7] e [14]

Figura 3: Projeto “Greenbushes”. [16]

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Caso de estudo: Exploração do Lítio do Barroso

Atualmente não existe nenhuma mina de lítio ativa em Portugal, mas existem alguns projetos, que visam a exploração do mesmo num futuro próximo, como é o caso da mina do Barroso, em que a prospeção terá lugar no concelho de Boticas, distrito de Vila Real, e será feita a céu aberto, como na maioria das minas de Lítio. No campo pegmatítico litinífero, é possível encontrar para além da espodumena, alguns minerais como o quartzo, feldspato potássico, albite (plagioclase sódica), petalite, eucriptite, entre outros. Nesta área em estudo podemos visualizar espodumena nos filões que se encontram a Norte e a Nordeste. Estes filões encontram-se deformados devido à rocha encaixante metassedimentar, ou seja, uma rocha sedimentar parcialmente metamorfizada. [8]

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2.3 Propriedades diferenciais utilizadas no processamento

Sendo o lítio um metal que não se encontra isolado na natureza, depois da sua extração das minas, é necessária uma variedade de técnicas físicas e químicas para obter apenas o metal desejado, ou seja, é preciso descobrir quais as propriedades diferenciais entre o mineral de lítio e as suas gangas. Contudo, o lítio está contido em vários minerais cada um deles com diferentes teores de lítio, desse modo, cada um deles apresenta um determinado número de processos para, de uma forma eficaz, conseguir aproveitar ao máximo a separação do elemento do resto do mineral. Os minerais de lítio distinguem-se das gangas associadas pela sua densidade, flutuabilidade, propriedades óticas, molhabilidade pela água permeabilidade magnética e cor.

Assim, o tipo de separação é feito consoante o mineral. Veja-se o exemplo da densidade, que é a propriedade diferencial utilizada nas separações gravíticas, como por exemplo, os meios densos, que costumam ser usados como processos de pré-concentração e também para tentar recuperar outros minerais densos úteis como a cassiterite. As propriedades óticas dos minerais são as propriedades utilizadas em novos processos de Escolha Eletrónica (Ore Sorting) de modo a conseguir pré concentrações. A propriedade da molhabilidade pela água de alguns minerais é usada na Flutuação por Espumas, que é um processo tecnológico escolhido para produção de alguns concentrados de minerais de lítio. A permeabilidade magnética é uma propriedade, muitas vezes aplicada no processo de Separação Magnética, substancialmente eficaz na produção de concentrados de Lítio (caso de algumas micas litiníferas) e também na eliminação de impurezas. [14]

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2.4 Métodos de separação física

O processamento do minério de lítio envolve duas fases: a fase de fragmentação, de modo a obter fragmentos de rocha suficientemente pequenos para isolar o minério (“libertação”), posteriormente a fase de processamento físico-químico (“concentração”) para obtenção de concentrados de lítio de alto teor.

O processamento físico do minério do lítio é normalmente realizado perto do local da exploração mineira ou até mesmo no próprio local, envolvendo fragmentação do minério e separação de minerais de lítio das gangas associadas.

Normalmente, após as etapas de Britagem para redução granulométrica, o minério é submetido às operações de concentração. A Separação em Meio Denso e a Separação Magnética de alta intensidade de campo são as operações físicas mais utilizadas.[11] No entanto, analisando a tecnologia atual nas grandes minas, pode afirmar‐se que o contributo da Flutuação por Espumas continua a ser decisivo quando se pretendem obter concentrados de minerais de lítio de alta pureza.

No processo de Flutuação por Espumas são utilizados reagentes químicos, água e ar comprimido para separar os minerais de lítio. Inicialmente a água é adicionada ao minério, finamente moído para produzir uma polpa. O ar é injetado nos tanques e, em seguida, são adicionados produtos químicos para tornar os minerais de lítio hidrofóbicos, já que o lítio é um dos metais molháveis, fazendo com que bolhas de ar se fixem nas suas superfícies. Consequentemente, esses minerais acumulam-se numa espuma na superfície e são removidos.

Anteriormente, a separação pode ser feita em Meio Denso utilizando suspensões de densidade conhecida e controlada, mais densas que aqueles minerais que se deseja separar, de modo que os minerais mais leves flutuem e os mais densos afundem. [2]

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O Lítio: Exploração, Métodos e Utilidades 14/24 Figura 5: Diagrama genérico do processamento mineral de minérios litiníferos.[9]

Processamento dos minérios de espodumena na mina de Greenbushes na Austrália - Estudo de caso

Na mina de Greenbushes na Austrália, o minério é submetido a várias fases de britagem antes de entrar na Lavaria. Esta é alimentada com espodumena contendo menos de 0,1 % de óxido de lítio, permitindo a produção de um concentrado de lítio de baixo teor para as indústrias da cerâmica e vidro. Após a moagem em moinhos de bolas, os materiais são tratados em várias fases tais como, a separação gravítica, magnética e flutuação e de seguida filtrado e seco.

Um outro concentrado de alto teor é também obtido, que é utilizado na produção de carbonato de lítio, contém 6 % a 7 % de óxido de lítio, já um concentrado para a indústria da cerâmica é de alto grau e contém cerca de 7,6 % de óxido de lítio e menor teor de lítio.[2]

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Processamento dos minérios de espodumena no Alto Barroso - Estudo de caso

À semelhança da mina de Greenbushes na Austrália, na região do Alto Barroso iniciou-se o processamento dos minérios de espodumena em Portugal nos anos 1998-2000.

De acordo com o “Relatório Do Grupo De Trabalho “Lítio””, e porque o tema da exploração de lítio, em Portugal, tem vindo a ser um tema atual, devido à procura global deste metal decidimos descrever com mais detalhe as fases do processamento dos depósitos minerais de lítio na região do Alto Barroso.

Inicialmente, o minério passa por um estágio de britagem e granulação, geralmente em circuito fechado com corte 3-5mm, e, antes de introduzir o minério no separador que realiza a pré-concentração, que no caso do Meio Denso se situa na gama 0,5-1 mm.

Em seguida, e como a espodumena tem uma densidade de 3,3 que a diferencia das gangas envolventes, é permitido definir um estágio de Pré-Concentração utilizando Meio Denso (Heavy Media Separation), que pode ser regulado para a obtenção de um concentrado “glass grade” para introduzir no mercado com teores na gama 2,32 %Li ou, de modo a poder alimentar a Flutuação com teor adequado, é gerado um concentrado na ordem de 0,93 %Li. É feita uma remoagem seguida de hidrociclonagem para desenlameamento prévio, para alimentar a secção de Flutuação por Espumas. Esta é regulada na gama de pH entre 8,5 e 9,5 e utiliza ácidos gordos emulsionados em gasóleo. É então produzido um concentrado “high grade” na gama de 3,25 %Li, para fornecimento ao mercado da metalurgia do lítio. É obtido ainda “Feldspato flutuado” que contém um bom conteúdo em alumina e álcalis e ainda um teor significativo em lítio e é também aproveitada a “areia quartzosa” com sílica acima de 96 % e um valor residual em lítio. [14]

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O Lítio: Exploração, Métodos e Utilidades 16/24 Figura 6: Diagrama do processamento da espodumena no Barroso [14]

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Processamento nas salmouras

Existe ainda a extração de lítio através de salmouras, um processo mais simples pois o lítio já se encontra dissolvido em água o que faz com que os processos de metalurgia, tratamento térmico e reações químicas sejam desnecessários.[14]

O processamento físico nas salmouras, é feito através de uma série de poços de bombeamento que extraem o lítio. A salmoura fica armazenada numa barragem durante 9 a 12 meses e é adicionada cal para precipitar impurezas. Ocorrem assim várias evaporações sucessivas de modo a eliminar os sais presentes na composição. A salmoura fica então com um teor elevado em lítio e este é também cristalizado. O produto final, carbonato de lítio é submetido a etapas de lavagem, secagem e armazenamento. [14] e [12]

As operações de exploração de lítio em salmouras, apesar de terem custos operacionais mais baixos em relação à exploração em jazigos, apresentam um baixo valor de recuperação, não respondem tão rápido às necessidades do mercado e dependem de fatores externos como os fatores climáticos.

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2.5 Métodos de separação químico

Depois de passar por um processo de separação físico, onde se obtém um concentrado de Lítio, o mineral tem ainda de passar por um processo de separação químico para que seja possível obter o metal.

São vários os métodos utilizados para obter Lítio, o principal e mais utilizado é a lixiviação. No entanto, devido ao tipo de estrutura cristalina que caracteriza a espodumena no seu estado natural (espodumena alfa), torna-se impossível a sua lixiviação direta. Por este motivo é necessário que a espodumena passe primeiro por um processo de aquecimento, na ordem dos 1050 °C, com uma duração de 15 minutos, onde sofre uma mudança estrutural. A estrutura cristalina da espodumena expande tornando o mineral menos denso, sendo a partir daí mais fácil a extração do lítio. [2]

Com base na Figura 7, a segunda fase do processo é aquecimento, a 250 °C, de uma mistura de ácido sulfúrico e de Lítio, extraído anteriormente da espodumena beta. Esta mistura passa depois por um processo de lixiviação para dissolver o lítio. Como a lixiviação não é seletiva, os outros elementos que foram também solubilizados são removidos por precipitação. No fim, a mistura resultante ainda contém algumas impurezas, nomeadamente magnésio e cálcio, segue-se a sua remoção por permuta iónica. A mistura de sulfato de lítio é tratada com sulfato de cálcio, ao qual se adiciona posteriormente carbonato de sódio, dando origem a um precipitado de carbonato de lítio.[2]

Este produto é de seguida seco e vendido diretamente ou utilizado para a obtenção de outros derivados do lítio.

Existe ainda um processo alternativo denominado de lixiviação sob pressão com carbonato de sódio (Figura 7). Num reator a temperaturas e a pressões elevadas, 250º C e 2140 kPa, a espodumena beta é misturada com água. De seguida faz-se reagir carbonato de sódio com a mistura, juntamente com a adição de dióxido de carbono para converter lítio insolúvel em bicarbonato mais solúvel. As impurezas resultantes deste processo são extraídas neste momento. O carbonato de lítio é obtido e precipitado para extrair o excesso de carbono, que é reciclado num processo posterior.[2]

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O Lítio: Exploração, Métodos e Utilidades 19/24 Figura 8: Diagrama geral dos processos de lixiviação e de lixiviação sob pressão com carbonato de sódio. [2]

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2.6 Aplicações do Lítio

Como vimos anteriormente, o lítio é um dos elementos mais promissores para o futuro, visto que lhe tem sido dada bastante importância devido ao seu potencial nas evoluções tecnológicas.

Cerâmicas e vidreiras (Glass and ceramics)

O óxido de lítio, geralmente utilizado na produção de dióxido de silício, reduz o ponto de fusão e a respetiva viscosidade do material originando “esmaltes” com baixa transferência de energia (térmica). Atualmente, ainda é uma das maiores aplicações de lítio no mundo.

Baterias elétricas (Batteries)

Nos finais do século XX, o lítio tornou se num dos componentes mais fundamentais das baterias, devido ao seu potencial eletrónico. Deste modo, existem 2 tipos de baterias em que o lítio é fundamental, as baterias de lítio, sendo estas descartáveis, e as baterias de ião lítio, as mais importantes e vulgares nos nossos dispositivos eletrónicos. Sendo assim, as que estão mais presentes no nosso quotidiano, pois são recarregáveis e apresentam grandes vantagens em relação a todas as restantes, a capacidade de armazenamento é substancialmente mais elevada, o carregamento é rápido e, para além disso, a ausência de memória, isto é, confere à bateria um tempo de vida muito mais prolongado após muitos ciclos que, acabam por viciar consoante o uso, mas muito pouco comparando com outras baterias.

Lubrificantes (Lubricating Greases)

Em superfícies metal-metal o lubrificante de lítio é vulgarmente utilizado dadas as suas ótimas propriedades: não corrosivo, resistente às altas temperaturas e à humidade. Deste modo, quando modificado para uma forma mais grossa, comporta-se como uma esponja e permite uma libertação lenta e contínua de óleo, o que nas superfícies metal-metal tem um impacto extremamente positivo pois aumenta o seu rendimento e durabilidade.

Fins Medicinais/Fármacos (Pharmaceuticals)

O lítio é também muito conhecido pelo seu uso nos fins medicinais, como no tratamento de depressões e distúrbios psicológicos. Mais tarde, um grupo de investigadores da “University of Wisconsin” descobriu que o lítio, de facto, tratava estes respetivos distúrbios dada a relação que o elemento estabelecia com as células nervosas do cérebro. À semelhança, o carbonato de lítio também era usado para dissolver “pedras” nos rins.

Metalurgia (Continuous casting)

É usado como um aditivo na fundição do metal aumentando a sua fluidez e na do alumínio aumentando a resistência elétrica e reduzindo a sua temperatura de fusão. Também pode ser usado como fluxo durante a soldagem, promovendo, assim, a fusão de metais e eliminando as impurezas existentes (através de óxidos que as absorvem).

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Polímeros (Polimers)

Alguns compostos do lítio, como os de organolítio são usados para a produção de polímeros, sendo esta a indústria que mais consome estes derivados e compostos orgânicos do lítio.

Tratamento do ar (Air treatment)

O peróxido e o hidróxido de lítio são vulgarmente utilizados para a remoção de dióxido de carbono, absorvendo-o, sendo este preferível em relação a outros hidróxidos dado o seu peso reduzido. Uma enorme vantagem do peróxido de lítio é que não só absorve o dióxido de carbono, à semelhança do hidróxido, como ainda liberta oxigénio (2 Li2O2 + 2 CO2 → 2 Li2CO3 + O2). Assim como o peróxido de lítio, o perclorato de lítio também purifica o ar apenas libertando oxigénio. Com efeito, estes compostos, são muitas vezes usados em submarinos e em naves espaciais. [15]

Figura 9: Aplicações do Lítio.[15]

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3. Conclusões

A exploração do Lítio é uma área em constante crescimento. Através da nossa pesquisa percebemos que a exploração do lítio pode ser a céu aberto, subterrânea e em salmouras, e que estas últimas apresentam vantagens, pois os seus custos de produção são menores, já que possuem menos e mais simples etapas de processamento.

Como constatamos com a nossa pesquisa, são diferentes os compostos de Lítio que podemos obter conforme o tratamento associado ao seu processamento. Esses diferentes compostos obtidos, têm depois diversas aplicações. Por fim, é por todas as razões mencionadas anteriormente, que o interesse demonstrado pelo Lítio é cada vez maior, como podemos verificar no atual e polémico exemplo do Projeto - Mina do Barroso, não só pelo lucro que a exploração deste metal pode gerar, mas também pela sua aplicação nas mais recentes tecnologias, como por exemplo, as baterias de iões de lítio. O mérito pelo desenvolvimento destas foi reconhecido a John B. Goodenough, M. Stanley Whittingham e Akira Yoshino, galardoados com o Prémio Nobel da Química muito recentemente, em outubro de 2019.

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4. Referências bibliográficas

[1] Leite, M. R. Machado. 2017. “Lítio em Portugal...do Recurso Mineral aos produtos do Lítio. Porto.”

[2] Brown, Teresa. 2016. Lithium Profile. Keyworth,Nottingham: British Geological Survey. [3] Azom. Julho de 2013. “Lithium: Properties, Application”. Acedido a 8/10/2019.

https://www.azom.com/amp/article.aspx?ArticleID=9101

[4] Royal Society of Chemistry. “Lithium”. Acedido a 8/10/2019.

https://www.rsc.org/periodic-table/element/3/lithium

[5] Franco, Carlos. Acedido a 10/10/2019.

https://nationalgeographic.sapo.pt/ciencia/grandes-reportagens/1221-o-litio-pode-ser-a-energia-do-futuro-e-ha-abundancia-em-portugal

[6] Lithium Australia NL. Acedido a 16/10/2019.

https://lithium-au.com/greenbushes/

[7] Copyright 2019 Talison Lithium Pty Ltd. Acedido a 16/10/2019.

https://www.talisonlithium.com/greenbushes-project

[8] Estudo do impacte ambiental da ampliação da Mina do Barroso. Acedido a 16/10/2019

http://www.savannahresources.com/cms/wp-content/uploads/2019/03/Proposta-de- Defini%C3%A7%C3%A3o-do-%C3%82mbito-PDA-Environmental-Impact-Study-on-the-Expansion-Of-Barroso-Mine-Portuguese-min-wecompress.com_.pdf

[9] Amarante, Maria Manuela; Noronha, J. A.; Sousa, A. M. Botelho de; Leite, Mário Machado - Processamento tecnológico dos minérios de lítio : alguns casos de estudo em Portugal. In: Valorização de Pegmatitos Litiníferos, ed. Luís M. P. Martins... [et al.]. Lisboa : DGEG : LNEG : ADI : CYTED, 2011, p. 43-49 http://hdl.handle.net/10400.9/1483

[10] Technological Solutions, Inc. Acedido a 25/10/2019.

https://www.ducksters.com/science/chemistry/lithium.php

[11] BRAGA, P. F. A.; SAMPAIO, J. A.. Lítio. IN: Rochas e Minerais Industriais no Brasil: usos e especificações. 2.ed. Rio de Janeiro: CETEM/MCTI, 2008. p. 585-603.

http://mineralis.cetem.gov.br/handle/cetem/1115

[12] Lopes, M. D. M. Lítio--Características, Ocorrências, Produção e Uso. junho de 2019 [13] Guadagnin, Claudia. Março de 2016. Gazeta do Povo: “‘Petróleo branco’, mercado de lítio vai crescer 290% até 2020". Acedido a 28/10/2019.

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https://www.gazetadopovo.com.br/economia/energia-e-sustentabilidade/petroleo-branco-O Lítio: Exploração, Métodos e Utilidades 24/24

mercado-de-litio-vai-crescer-290-ate-2020-3totd5h2ddnic1ousqfwi369s/

[14] Lourenço, Cristina; Leite, Machado; Guedes, Mário; Pinto, Francelina; Martins, Luís. 27 de março de 2017. Relatório do Grupo de trabalho “Lítio”

[15] Acedido a 23 de outubro de 2019

https://insidexploration.com/lithium-applications-of-an-age-old-element-paving-the-way-into-the-future/

[16] Smith, Sean. 3 de setembro de 2018. The West Australian:” Tiny WA town of Greenbushes is ground zero for global lithium energy revolution”. Acedido a 28/10/2019.

https://thewest.com.au/business/mining/tiny-wa-town-of-greenbushes-is-ground-zero-for-global-lithium-energy-revolution-ng-b88932998z

[17] de Freitas, Olinda. 15 de fevereiro de 2019. Indústrias extrativas: “Exploração Mineira – Métodos de desmonte em subterrâneo”. Acedido a 28/10/2019.

Referências

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