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ELABORAÇÃO DE UM TESTE IMPLÍCITO PARA AVALIAR OS CINCO GRANDES FATORES DE PERSONALIDADE

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Academic year: 2021

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ELABORAÇÃO DE UM TESTE IMPLÍCITO PARA AVALIAR OS

CINCO GRANDES FATORES DE PERSONALIDADE

Aluna: Aline da Silva Frost Orientador: Jean Natividade

Introdução

O estudo da personalidade por meio dos cinco grandes fatores vem se destacando pelo alto grau de replicabilidade intercultural (John, Naumann, & Soto, 2010). Os cinco fatores, medidos em um continuum e vistos como independentes, são: abertura, ou uma tendência a estar aberto a novas experiências e ideias; realização, ou uma tendência a ser disciplinado para alcançar objetivos; extroversão, que seria uma tendência a buscar interações sociais e estimulação externa; socialização, que diz respeito a uma tendência a ser cooperativo e pró-social; e neuroticismo, que se refere a uma tendência a ter emoções negativas e instabilidade emocional.

Em relação a testes implícitos, há a possibilidade de medir um construto com o mínimo de processamento deliberativo (De Houwer & Moors, 2010), ao contrário de testes explícitos, que perguntam diretamente ao participante e permitem reflexão. Assim, os testes implícitos buscam evitar uma limitação dos testes explícitos que é um nível de erro por causa da desejabilidade social ou porque o participante não tem acesso aos processos inconscientes ou introspectivos.

Dentre os testes que podem ser considerados implícitos, o teste de associação implícita (IAT) tem se destacado por sua ampla gama de possibilidade de utilização, incluindo atitudes, estereótipos e autoestima (por exemplo, Greenwald & Farnham, 2000; Grumm & von Collani, 2007). Esse teste compara o tempo de resposta de certo conceito quando associado a categorias diferentes (Greenwald, McGee, & Schwartz, 1998).

É importante destacar que as medidas implícitas, comparadas às explícitas, apresentam problemas como pouca estabilidade temporal (teste e reteste) e fracas relações com construtos correlacionados com a medida explícita (Hofmann, Gawronski, Gschwendner, Le, & Schmitt, 2005). Estudos recentes como o de Asendorpf, Banse e Mücke (2002) sugerem, a partir das evidências, um modelo de dissociação dupla forte entre medidas explícitas e implícitas e comportamentos deliberados e automáticos, respectivamente. Essa nova perspectiva mostra-se promissora e o uso de medidas implícitas tem permitido grandes avanços na área de psicologia social, abrindo um campo importante de investigações.

Objetivos

Elaborar e buscar evidências de validade e precisão de uma medida implícita para aferir os cinco grandes fatores de personalidade.

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Baixa Extroversão, Alta Socialização - Baixa Socialização, Alto Neuroticismo - Baixo Neuroticismo, Alta Realização - Baixa Realização, Alta Abertura - Baixa Abertura;

- Verificar o tempo de associação das palavras às suas respectivas categorias e a taxa de erro; - Selecionar um conjunto de palavras com maior nível de semelhança entre tempos de associação às categorias e selecionar palavras associadas às respectivas categorias opositoras que guardem o mesmo tempo de associação da categoria alvo;

- Caracterizar a estrutura fatorial do instrumento construído;

- Caracterizar índices de consistência interna e teste-reteste do instrumento construído;

- Caracterizar relações entre a medida construída e medidas explicitas correlatas em busca de evidências de validade convergente e divergente.

Método

A pesquisa foi planejada em duas etapas consecutivas: (1) elaboração dos itens e (2) prova empírica do instrumento. A etapa 1 consiste em selecionar palavras representativas de cada categoria por meio de estudos precedentes e por meio do pré-teste. As categorias são: Eu - Outro, Alta Extroversão - Baixa Extroversão, Alta Socialização - Baixa Socialização, Alto Neuroticismo - Baixo Neuroticismo, Alta Realização - Baixa Realização e Alta Abertura - Baixa Abertura. A primeira etapa já foi realizada para a o fator neuroticismo (alto e baixo) e a categoria eu-outro.

Foram realizados os pré-testes empíricos para elaborar os itens seguindo os critérios de menor tempo de associação entre a palavra e a categoria e menor taxa de erro, buscando palavras com resultados parecidos para cada extremo (alto e baixo). Cada pré-teste consistia em um teste feito no computador do laboratório no programa Inquisit. O formato era go-nogo, em que o participante deveria apertar a barra de espaços quando a palavra mostrada rapidamente na tela pertencia à categoria, e não apertar quando não pertencesse.

Ao todo, foram um pré-teste para Eu-Outro e um pré-teste para cada uma das quatro dimensões do neuroticismo: passividade, insegurança, instabilidade emocional e depressão. No pré-teste do Eu-outro, participaram 67 estudantes universitários voluntários, recrutados nos corredores da própria PUC-Rio. No pré-teste das palavras de neuroticismo, participaram 219 participantes. Para os demais fatores ainda não foram realizados testes empíricos.

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Tabela 1

Resultados das palavras da categoria Eu-outro (eu - vermelho, outro - preto)

palavra erros (%) acertos (%) média (ms)

mim 16% 84% 465,19 me 12% 88% 468,02 eu 11% 89% 468,37 meu 16% 84% 471,88 sou 12% 88% 472,92 dele 18% 82% 483,51 meus 24% 76% 483,93 deles 12% 88% 486,99 eles 18% 82% 489,45 outro 16% 84% 491,33 minha 17% 83% 491,78 nome 10% 90% 493,66 delas 17% 83% 496,87 dela 22% 78% 498,27 tenho 21% 79% 500,61 ele 27% 73% 501,72 outra 17% 83% 502,1 sicrano 11% 89% 502,89 sobrenome 11% 89% 502,95 beltrano 10% 90% 503,94 alguem 22% 78% 504,04 quero 23% 77% 504,54 outrem 11% 89% 505,51 fulano 16% 84% 506,9 comigo 20% 80% 507,04 minhas 23% 77% 508,5 faço 20% 80% 509,95 elas 22% 78% 512,31 preciso 27% 73% 516,58 ela 31% 69% 523,75

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Resultados das palavras da categoria Depressão (alta- vermelho, baixa - preto)

palavra erros (%) acertos (%) media (ms)

feliz 4,6 95,4 482,25 alegre 5 95 495,73 positivo 5,3 94,7 504,17 otimista 7,9 92,1 517,82 deprimido 2,9 97,1 520,29 depressivo 3,8 96,2 522,27 tristonho 4,9 95,1 523,93 negativista 5,9 94,1 524,56 choroso 5,4 94,6 524,93 triste 6,2 93,8 525,18 sorrisonho 5,2 94,8 529,08 pessimista 3,7 96,3 530,1 contente 6,2 93,8 531,78 desiludido 3,8 96,2 532,88 desanimado 5,3 94,7 537,4 melancolico 6,3 93,7 539,77 jovial 6,3 93,7 541,28 abatido 9,7 90,3 543,73 infeliz 8,4 91,6 545,72 risonho 7,8 92,2 546,32 angustiado 4,7 95,3 552,15 satisfeito 8,1 91,9 552,7 lamentoso 4,2 95,8 555,38 desesperancoso 3,2 96,8 555,8 cabisbaixo 3,3 96,7 556,29 radiante 6,4 93,6 556,51 isolado 5,3 94,7 562,46 arrasado 11,5 88,5 568,01 desalentado 5,3 94,7 572,5 sem esperanca 7,4 92,6 574,53 baixo-astral 9,5 90,5 574,6 alto-astral 6,2 93,8 575,45 esperancoso 13,8 86,2 578,8

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Tabela 3

Resultados das palavras da categoria Insegurança (alta- vermelho, baixa - preto)

palavra erros (%) acertos (%) media (ms)

forte 8,1 91,9 533,43 confiante 9,7 90,3 546,17 firme 10 90 553,87 medroso 7,1 92,9 560,94 inseguro 10,4 89,6 567,85 seguro 13,4 86,6 570,46 fraco 14 86 571,1 indeciso 12,2 87,8 587,01 autoconfiante 10 90 592,53 ousado 19,5 80,5 592,7 sensivel 26,9 73,1 597,11 decidido 14,7 85,3 597,71 receoso 15,9 84,1 598,1 vulneravel 17,3 82,7 605,81 submisso 9,8 90,2 605,89 preocupado 19,6 80,4 606,03 carente 17,8 82,2 607,95 autonomo 13 87 609,01 atrevido 25,3 74,7 609,63 duvidoso 16,7 83,3 611,79 inibido 33 67 612,45 manipulavel 19,4 80,6 616,06 assertivo 23,2 76,8 617,45 hesitante 48,2 51,8 620,15 resoluto 24,8 75,2 628,99 influenciavel 16,7 83,3 634,78 apreensivo 28,8 71,2 641,91 dependente 41,3 58,7 651,88 independente 29,5 70,5 655,13 desinibido 66,4 33,6 681,65

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Resultados das palavras da categoria Instabilidade Emocional (alta - vermelha, baixa - preta)

palavra erros (%) acertos (%) media (ms)

calmo 9,8 90,2 544,34 nervoso 8,2 91,8 546,85 zangado 6 94 549,1 irritado 7,9 92,1 552,33 estavel 12,7 87,3 558,31 tranquilo 10,4 89,6 560,07 satisfeito 9,8 90,2 561,65 de-lua 16,3 83,7 562,01 tenso 14 86 565,6 irritavel 9 91 573,83 regular 17,4 82,6 574,17 paciente 12,5 87,5 576,4 equilibrado 7,8 92,2 576,89 sereno 10,1 89,9 576,9 ansioso 19,4 80,6 578,53 frustrado 11,6 88,4 583,15 aborrecido 11,4 88,6 585,25 impulsivo 11,6 88,4 586,23 agoniado 11,1 88,9 589,14 pavio-curto 12,5 87,5 593,5 impaciente 18,6 81,4 594,92 estressado 13,2 86,8 596,03 controlado 17,4 82,6 596,27 afobado 10,3 89,7 602,46 mal-humorado 10 90 603,76 ajustado 18,7 81,3 609,22 previsivel 33,3 66,7 609,89 bem-humorado 12,7 87,3 614,19 instavel 22,8 77,2 616,83 sossegado 20 80 620,41 oscilante 21,4 78,6 626,1 consistente 16,8 83,2 626,1 inconstante 16,4 83,6 629,6 emotivo 63,1 36,9 635,39 temperamental 26 74 652,62 despreocupado 39,5 60,5 652,99

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Tabela 5

Resultados das palavras da categoria Passividade (alta - vermelha, baixa - preta)

Conclusões Preliminares

Como podemos perceber pelos dados, as categorias não tem igual tempo de reação entre si. Podemos perceber que da mesma forma, os extremos baixo e alto de cada categoria não tem tempo de reação semelhante. Além disso, as palavras de auto referência “eu” são mais facilmente associadas que as de referência “outro”. Nas próximas fases da pesquisa,

palavra erro (%) acerto (%) média (ms)

ativo 2,6 97,4 505,43 enérgico 6 94 525,92 ágil 5,3 94,7 530,75 elétrico 4,6 95,4 532,7 vivaz 4,5 95,5 535,22 lento 4,9 95,1 541,06 motivado 7,6 92,4 542,05 sem-vontade 7,7 92,3 542,76 preguiçoso 8,5 91,5 545,68 devagar 6,5 93,5 553,29 empolgado 7,6 92,4 554,53 pilhado 9,8 90,2 560,27 exaltado 10,5 89,5 561,06 desmotivado 8,9 91,1 563,72 inerte 12,7 87,3 565,18 apagado 9,2 90,8 565,57 desinteressado 8 92 566,42 cansado 10,1 89,9 570,83 eufórico 6,6 93,4 575,49 ineficiente 6,4 93,6 575,63 estimulado 6,2 93,8 576,36 apático 12,5 87,5 578,12 proativo 8 92 579,14 desapaixonado 6,5 93,5 580,32 vigoroso 12,7 87,3 584,73 passivo 18 82 587,69 indolente 11,8 88,2 590,98 entusiasmado 6,8 93,2 594,32 inativo 8,5 91,5 594,71 letárgico 15,8 84,2 605,74 disposto 20,4 79,6 617,2 procrastinador 22,3 77,7 617,67 interessado 9,5 90,5 620,87

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categorias restantes. Na segunda etapa os testes montados serão avaliados empiricamente para buscar evidências de validade e precisão. Caso os testes implícitos construídos nesta pesquisa se mostrem medidas confiáveis, poderão ser utilizados como instrumentos psicológicos em diversos contextos, como por exemplo, na clínica e na seleção de trabalhadores. Pretende-se divulgar os resultados em revistas científicas e congressos especializados.

Referências

Asendorpf, J., Banse, R., Mücke D. (2002). Double dissociation between implicit and explicit personality self-concept: the case of shy behavior. Journal of Personality and Social

Psychology. Aug;83 (2):380-93.

De Houwer, J., & Moors, A. (2010). Implicit measures: Similarities and differences. In B. Gawronski & K. B. Payne (Eds.), Handbook of implicit social cognition: Measurement,

theory, and applications (pp. 176-193). New York: Guilford Press.

Greenwald, A., & Farnham, S. (2000). Using the Implicit Association Test to Measure Self-Esteem and Self-concept. Journal of Personality and Soctal Psychology Vol. 79. No. 6, 1022-1038

Greenwald, G., McGhee, D., & Schwartz, J. (1998). Measuring Individual Differences in Implicit Cognition: The Implicit Association Test. Journal of Personality and Soclal

Psychology 1998, Vol. 74, No. 6, 1464-1480

Grumm, M. & von Collani, G. (2007). Measuring Big-Five personality dimensions with the implicit association test – Implicit personality traits or self-esteem? Personality and

Individual Differences 43 (2007) 2205–2217.

Hofmann, W., Gawronski, B., Gschwendner, T., Le, H., Schmitt, M. (2005). A meta-analysis on the correlation between the implicit association test and explicit self-report measures.

Personality and Social Psychology Bulletin Oct;31(10):1369-85

John, O. P., Naumann, L. P. & Soto, C. J. (2010). Paradigm shift to the integrative big-five trait taxonomy: history, measurement, and conceptual issues. Em O. P. John, R. W. Robins & L. A. Pervin (Eds.). Handbook of personality: theory and research (pp. 114-158). Nova Iorque, NY: Guilford Press.

Referências

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