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AS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS COMO GARANTIA DO DIREITO À EDUCAÇÃO NO BRASIL

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Academic year: 2021

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PUBLIC EDUCATIONAL POLICIES AS A GUARANTEE OF THE

RIGHT TO EDUCATION IN BRAZIL

BRUNO EMANNUEL GONTIJO DIAS1; ELIANE QUINTANILHA DE

OLIVEIRA2; GESSICA DE SOUZA MATOS3; SARA VILELA QUEIROZ4; WESLAYNE GOMES DE LIMA5; ISRAEL SERIQUE DOS SANTOS6

RESUMO:

O presente trabalho apresenta a educação brasileira a partir da perspectiva das políticas públicas educacionais, buscando demonstrar a importância da elaboração e execução dessas para a democratização do acesso ao ensino e a garantia ao direito à educação no Brasil. Por meio da pesquisa bibliográfica desenvolvida observa-se no decorrer da pesquisa que desde o início da ação pedagógica em nosso país a educação era destinada às elites, mas existia a necessidade de que mais pessoas pudessem ter acesso ao ensino, o que levou, com o decorrer da história, às várias lutas pelo direito à educação. Nesse sentido, movimentos sociais e políticos resultaram em políticas públicas educacionais que propiciaram a expansão do acesso ao ensino público e privado, e garantiram o direito à educação às classes populares.

PALAVRAS-CHAVE: Políticas Públicas Educacionais, Democratização, Educação.

ABSTRACT:

The present work presents Brazilian education from the perspective of educational public policies seeking to demonstrate the importance of the elaboration and execution of these for the democratization of access to education and the guarantee of the right to education in Brazil. Through the bibliographic research developed, it is observed during the research that since the beginning of pedagogical action in our country education was aimed at elites , but there was a need for more people to have access to education, which led, over the course of history, to the various struggles for the right to education. In this sens e, social and political movements resulted in educational public policies that led to the expansion of access to public and private education and guaranteed the right to education to the popular classes.

KEYWORDS: Educational Public Policies, Democratization, Education.

1 Graduando do curso de Pedagogia da Faculdade Unida de Campinas - FacUnicamps. E-mail: brunoegdias@gmail.com

2 Graduanda do curso de Pedagogia da Faculdade Unida de Campinas - FacUnicamps. Email: eliane_enaile@hotmail.com

3 Graduanda do curso de Pedagogia da Faculdade Unida de Campinas - FacUnicamps. Email: gessicasouzamatos2015@gmail.com

4 Graduanda do curso de Pedagogia da Faculdade Unida de Campinas - FacUnicamps. Email: weslaynegomeslima123@gmail.com

5 Graduanda do curso de Pedagogia da Faculdade Unida de Campinas – FacUnicamps. Email: saravilela.tcc@gmail.com

6Doutorado em Ciências da Religião, Licenciado em Pedagogia e Matemática, Bacharel em Teologia e complementação pedagógica em História. Email: israelserique@gmail.com.

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INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como tema as Políticas Públicas Educacionais como Garantia do Direito à Educação no Brasil. A importância de trabalharmos este tema é passar para nossos leitores a relevância de conhecer os efeitos da implementação das Políticas Públicas Educacionais para que o direito ao acesso à educação seja exercido efetivamente. Ao conhecer, compreender e conscientizar-se dos processos de formulação e execução das Políticas Públicas Educacionais será possível perceber que tais políticas podem configurar um instrumento mediador da democratização do ensino.

Ao longo de nossa formação acadêmica ao discutir os aspectos da história da educação observamos que o acesso ao ensino pelas classes populares foi fruto de lutas sociais e ações políticas que visavam atender o desenvolvimento social, cultural e econômico de nosso país, assim percebemos as políticas públicas educacionais como instrumento possibilitador do acesso à educação que é um direito fundamental expresso na Constituição Federal de 1988.

O objetivo proposto para o desenvolvimento desta pesquisa é discutir a relevância das políticas públicas educacionais para o cumprimento efetivo do direito à educação, tomando em conta a história da educação brasileira, o processo de democratização do ensino e de formulação das políticas públicas educacionais, legitimando-as como um instrumento mediador que proporciona o acesso ao ensino nos diferentes níveis da educação formal no Brasil.

No decorrer deste trabalho mostraremos que na história da educação brasileira o acesso à educação pelas camadas populares foi um processo lento de pequenas conquistas que pouco a pouco foram configurando o cenário educacional atual do nosso país. Esse processo educacional acompanhou os fatores históricos de modernização e desenvolvimento social, cultural e econômico brasileiro e foi pautado por ações tanto populares quanto governamentais de formação da educação. Tais ações são denominadas Políticas Públicas Educacionais que desempenham um papel importantíssimo para que o direito à educação alcance não só os discursos formais, porém subjetivos, mas também as ações concretas que possibilitam o acesso ao ensino.

A relevância da temática levantada justifica-se devido à grande importância da reflexão quanto aos processos educacionais ao longo da história de nosso país e o impacto causado pelas Políticas Públicas Educacionais no processo de democratização do ensino. É preciso compreender a importância do debate sobre as problemáticas no âmbito educacional para a

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tomada de soluções viáveis que possibilitarão medidas de acesso a todas as pessoas à educação formal pública ou privada, concretizando assim a educação como direito.

Por fim, o tema se justifica devido ao reconhecimento das Políticas Públicas Educacionais como o caminho a ser percorrido para a realização de ações que tomarão forma e se materializarão efetivamente no espaço educacional possibilitando o acesso ao ensino como direito fundamental e individual garantido pelos documentos normativos e reguladores da educação brasileira.

Para o desenvolvimento deste trabalho optou-se pela pesquisa bibliográfica e está estruturado em três partes: a primeira trata de um resumo da história de educação no Brasil desde o período colonial até os dias atuais com a intenção de expor o gradual processo de democratização do ensino em nosso país, as conquistas e atropelos ao direito à educação pública. A segunda parte apresenta os fundamentos legais, o conceito, e o processo de formulação e execução das políticas públicas educacionais e, finalmente, a terceira parte aborda o Programa Universidade para Todos - PROUNI como um exemplo de política pública educacional que comprova a efetividade da implantação das políticas públicas para garantir o acesso ao ensino público e privado concretizando o direito à educação e a democratização do ensino.

1 A EDUCAÇÃO NO BRASIL

Desde o período colonial até a atualidade a educação no Brasil tem passado por profundas movimentações e transformações em busca de alcançar propósitos fundamentais como o acesso democratizado e a qualidade do ensino. É por meio de debates, movimentos, manifestações e dos fatores de transformação histórico-social como a modernização, industrialização e o capitalismo que a educação brasileira paulatinamente tem tomado forma. Do ensino catequizador à gestão democrática, a educação no Brasil, diante do contexto histórico de cada período de seu desenvolvimento (aqui separado em três partes: do Período Colonial ao Império; da República ao Regime Militar e da Redemocratização aos dias atuais), foi e continua sendo objeto de reflexão social como direito de todos, direito esse expresso pelos documentos normativos nacionais da educação e que pouco a pouco tem conquistado sua garantia por meio das Políticas Públicas Educacionais.

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A presença no Brasil pelos portugueses se deu no ano de 1500 e até a vinda dos Jesuítas ao país se passaram 49 anos (ARANHA, 1996). A chegada da “Companhia de Jesus”, assim denominada (Jesuítas) tinha por objetivo educar e a catequizar os índios. Dessa forma percebermos que em nosso país esta foi a primeira ação pedagógica que ocorreu no período colonial.

O ensino apresentado pelos jesuítas era baseado na fé cristã (católica) e consigo carregavam valores e princípios. Seus desejos eram que os nativos seguissem estes mesmos princípios e valores cristãos, além de que tornassem “civilizados”, visto que ocorreu um choque muito grande de cultura entre os índios e os portugueses. Neste contexto, para os colonizadores, a educação proposta era para que a fé não fosse perdida, além de formar o homem civil.

Foram cerca de duzentos e dez anos (1549-1759) da educação Jesuíta no solo brasileiro. Nesse meio tempo os Jesuítas contribuíram com a cultura, arte e até mesmo economia. Muitas escolas foram construídas, além da criação do método pedagógico “Ratio Studiorum”, que tinha por convicção a formação do homem integral (espiritual e bom cidadão). Segundo Aranha (1996), pode-se dizer que nesta ocasião, os Jesuítas ofereciam o ensino secundário quase com exclusividade.

O fim da carreira Jesuíta no campo educacional brasileiro findou no ano de 1159, pois para governo de Marquês de Pombal, eles estavam servindo de empecilho para as novas reformas propostas de economia e educação (ARANHA, 1996) resultando em sua expulsão do Brasil. A partir desse momento começa a nova era: Pombalina.

O período Pombalino é marcado por altos e baixos. Enquanto em Portugal o sistema de educação implantado pelo governo tem êxito, no Brasil não ocorre dessa mesma maneira, na verdade, segundo Aranha (1996) há a destruição do sistema sólido da educação implantada pelos Jesuítas, causando insatisfação à população, ou seja, com as novas mudanças a educação brasileira passa por um declínio, sendo ofertada apenas a uma minoria de pessoas. Vale ressaltar que levou anos para que de fato o novo modelo de ensino fosse instituído.

As alterações no sistema educacional foram enormes, em destaque, a laicização do ensino, e o ensino de línguas estrangeiras, além das aulas de Filosofia e Retórica. Também a criação da figura do “Diretor Geral dos Estudos” responsável por nomear e fiscalizar a ação dos professores. Diferente do modelo Jesuítico de educação, Marques de Pombal criou as aulas régias, aulas autônomas, isoladas e não transitavam entre si. Outrossim, eram regidas por professores leigos e mal preparados (ARANHA, 1996).

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A mudança da família real portuguesa para o Brasil, marca a história da educação brasileira, começa-se agora o Período Imperial. Neste momento na educação é agregada mais mudanças que fizeram toda a diferença, porém ainda aqui, nota-se que a oferta ao ensino era para poucos, ou que poucos conseguiam o acesso a ele, visto que se dava ênfase ao ensino da elite.

Em relação ao direito à educação, em 1824 a Constituição outorgada destacava que a educação primária era gratuita para todos os cidadãos (ARANHA, 1996). Era de responsabilidade das províncias essa garantia desse ensino além da escolha dos professores e conteúdos a serem estudados.

Neste período o governo imperial preocupa-se mais com a formação da elite, o melhor acesso correspondia a eles, havia interesse político de servirem ao Estado.

Ao fim do Império, o Brasil contava com instituições escolares, alguns liceus nas capitais, colégios particulares nas principais cidades do país, além da oferta de cursos profissionalizante e houve também a abertura da Biblioteca Nacional.

Portanto, percebe-se que a educação é marcada por interesses políticos e ideológicos que de acordo com o tempo vão sendo transformando e refletido na sociedade.

1.2 DO PERÍODO DA REPÚBLICA AO REGIME MILITAR

Com a transição do Brasil Império para o Brasil República no século XX e as transformações sociais que ocorreram nesse período - dentre elas a urbanização, o fortalecimento do setor industrial e o ideário do estado laico - suscitaram modificações na educação brasileira. Conforme Ghiraldelli (2009, p. 9):

O Império não conseguiu sobreviver a um modo de vida que parecia nada ter a ver com ele, repleto de novidades: a expansão da lavoura cafeeira, fim da escravatura, adoção do trabalho assalariado, remodulação material do país incluindo o surgimento da rede telegráfica, novos portos e ferrovias. Além disso, havia a crescente absorção de ideias mais democráticas vindas do exterior [...] Pessoas desse meio que estiveram junto aos militares na idealização e construção do novo regime, tinham aspirações que não mais eram submeter seus filhos ao trabalho comum, braçal. Eram pessoas que, não raro, já estavam livres desse tipo de trabalho, e que queriam para os filhos a escolarização, pois sabiam que a escola estava se tornando um elemento central da vida urbana, formando os profissionais que iriam exercer os cargos burocráticos e de manejo de algum ensino formal.

Diante da necessidade da expansão e do acesso ao ensino intensifica-se em 1920, no contexto social brasileiro, a luta pela educação popular. Segundo Ramos (2018) “é somente no período de 1920-1930 que começam a ganhar notoriedade as possibilidades de a escola

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tornar-se a via pela qual o filho da clastornar-se popular deverá tornar-ser socializado.” Necessidade esta de transformar um país até então, dominado pelo poder político que atendia os interesses dos grandes produtores (política do café com leite), em um país democrático que acompanharia a modernização já presente nos países da América do Norte e Europa. Ainda segundo Ramos (2018):

Uma parte das análises que tratam da ampliação da oferta escolar mostra que as classes populares, em sua diversidade de pobreza e etnia, vivenciaram um lento processo de democratização do ensino ao longo do século XX. A década de 1920 parece ser um importante ponto de partida, pois é nesse período que emerge a primeira proposta de universalização da alfabetização para todas as crianças em idade escolar.

Nesse período, personagens importantes na história da educação brasileira destacam-se por defender que a educação fosse popular, dentre eles Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, entre outros que participaram de reformas educacionais estatais que visavam principalmente à alfabetização.

Em 1930, com o início da segunda república brasileira, esse movimento tomou maior notoriedade. O Brasil continuava se desenvolvendo no setor industrial e passando por transformações na esfera política com a chamada Era Vargas (1930-1945) e a criação do Ministério da Educação e Saúde Pública. A partir de 1931 inicia-se a reforma na educação brasileira ministrada por Francisco Campos. Conforme Fávero (2006) a Reforma Francisco Campos:

Trata-se, sem dúvida, de adaptar a educação escolar a diretrizes que vão assumir formas bem definidas, tanto no campo político quanto no educacional, tendo como preocupação desenvolver um ensino mais adequado à modernização do país, com ênfase na formação de elite e na capacitação para o trabalho.

Em 1932 é publicado o Manifesto dos Pioneiros, de acordo com Saviani (2017):

Dirigido “ao povo e ao governo”, esse manifesto propunha-se a realizar a reconstrução social pela reconstrução educacional. Partindo do pressuposto de que a educação é uma função essencialmente pública, e baseado nos princípios da laicidade, gratuidade, obrigatoriedade, coeducação e unicidade da escola, o manifesto esboça as diretrizes de um sistema nacional de educação, abrangendo de forma articulada, os diferentes níveis de ensino desde a educação infantil até a universidade.

Para ele, “o Manifesto é um documento de política educacional, em que mais do que a defesa da Escola Nova, está em causa a da defesa da escola pública”. O autor continua a referir-se sobre o Manifesto: “O Manifesto dos pioneiros da Educação Nova pode, pois, referir-ser considerado um importante legado que nos é deixado no século XX. É um marco de referência que inspirou as gerações seguintes, tendo iniciado, a partir de seu lançamento, a teoria da educação, a política educacional, assim como a prática pedagógica em todo o país”.

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O documento foi redigido por Fernando de Azevedo, que inspirado nas obras do Sociólogo Émile Durkheim e do Filósofo John Dewey concebia a Educação como fator principal para o desenvolvimento econômico do Brasil. Visto que afirma no Manifesto:

Se a evolução orgânica do sistema cultural de um país depende de suas condições econômicas, é impossível desenvolver as forças econômicas ou de produção, sem o preparo intensivo das forças culturais e o desenvolvimento das aptidões à invenção e à iniciativa que são fatores fundamentais do acréscimo de riqueza de uma sociedade.

Além de observar a importância da educação para o país, o Manifesto também expressa ao respeito do dever do estado quanto à oferta da educação como função essencial e primordial e do dever da família como apoio à escola. O objetivo do Manifesto, de acordo com Hilsdorf (2003, p. 96), era “propor uma escola adequada ao meio social, a escola socializada, vinculada à sociedade democrática cooperativa que ofereceria educação integral da personalidade.” Nota-se que a democratização do ensino, em teoria, era considerada uma medida emergente para que o desenvolvimento do país como república tomasse forma e a partir dessa necessidade e das discussões promovidas por pensadores e representantes governamentais gradualmente ocorriam mudanças no sistema educacional brasileiro.

Com a promulgação da Constituição de 1934, a educação no Brasil tornou-se instrumento de fortalecimento das desigualdades entre as camadas sociais, pois o ensino evidentemente delineou uma divisão entre classes, sendo que as classes populares recebiam educação profissionalizante enquanto as classes elitistas tinham maior possibilidade de ingressar ao ensino superior e ocupar cargos burocráticos. Ainda de acordo com Hilsdorf (2003, p. 102):

O aspecto mais interessante da proposta do ensino técnico do Estado Novo é que ele tinha um caráter formador, na medida em que era organizado em ciclos, oferecendo formação continuada e com matérias humanísticas além das específicas, técnicas. Mas, por ser explicitamente destinado às camadas populares, sua criação não afetou a tradicional dicotomia ensino das elites/ensino popular.

Embora o período do Estado Novo tenha ferido as intenções expostas no manifesto, esse período também foi marcado pela continuidade da luta pela educação como direito e a formulação do Manifesto dos Pioneiros marca a presença de uma Política Pública Educacional em defesa do direito à educação, a luta pela escola pública e o acesso ao ensino em um contexto histórico de construção da democracia.

Em 1961 é promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Ainda que não apresentasse muitas mudanças no esquema organizacional da educação brasileira, esse documento normativo flexibilizou a entrada no ensino superior e deu maior solidez à educação

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brasileira como um sistema educacional regido pela União dando maior efetividade às políticas públicas educacionais.

Entre 1946 e 1964 o Brasil passou por um pequeno período de democratização que fomentou o modernismo progressista, ou seja, o desenvolvimento industrial aliado ao desenvolvimento social, visto que ao desenvolver a produção era necessário que o consumo também se fortalecesse. Esse movimento também refletiu em ideologias e discussões sobre a educação que pretendiam oferecer um ensino mais crítico que fortaleceria a democracia nacional.

É incogitável falar sobre a democratização da educação no Brasil sem citar as contribuições de Paulo Freire para o fortalecimento da democracia nacional. Uma de suas grandes preocupações era a da conscientização do indivíduo como ser político-social. De acordo com Ghiraldelli (2009, p. 94): “O ideário Freiriano insistia na ideia de que todo ato educativo é um ato político e que o educador “humanista revolucionário” “ombreado com os oprimidos”, deveria colocar sua ação político-pedagógica a serviço da transformação da sociedade.”

A partir de 1964 inicia-se o Regime militar que durou até o ano de 1985. Esse movimento veio atender os interesses das elites brasileiras e poderes governamentais conservadores, consequente e inevitavelmente a educação uma vez mais passou por mudanças para atender as demandas políticas, econômicas e sociais desse movimento.

A educação sofreu três características do governo militar: o controle, a censura e a repressão. Embora houvesse o aumento do acesso ao ensino durante a ditadura os investimentos na educação básica não eram suficientes para atender a demanda o que ocasionou a precarização do ensino. Contudo, essa época também foi marcada pelas reivindicações e manifestações pela qualidade do ensino, a valorização dos profissionais docentes e pela expansão do acesso ao ensino universitário.

De acordo com Martins (2009):

No Brasil, além da luta pela restauração da democracia, os estudantes continuavam pressionando o regime militar no sentido da reestruturação e da expansão do ensino superior. Nesse contexto, o governo instituiu, em 1969, o Grupo de Trabalho da Reforma Universitária para propor “soluções realistas” e “medidas operacionais”, com o objetivo de conferir eficiência e produtividade ao sistema. O GT da Reforma Universitária incorporaria várias recomendações dos trabalhos mencionados anteriormente, ressaltando o papel estratégico do ensino superior no processo de desenvolvimento econômico.

Embora, desejássemos destacar nesse trabalho a lei 5.540 de 1968 como uma política pública educacional que possibilitou a expansão do acesso ao ensino superior, a pesquisa nos

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conduziu a conclusões lamentáveis. Para Ghiraldelli (2009, p. 115): “O regime militar fracassou no seu projeto educacional em todos os sentidos.” Isso porque, durante a ditadura os processos de construção da democracia foram substituídos por uma educação mecanizada.

1.3 DA REDEMOCRATIZAÇÃO AOS DIAS ATUAIS

Os anos de 1970 foram marcados por manifestações que fizeram o regime militar perder a força, o Brasil caminhava para o fim do longo período da ditadura para se reconfigurar como uma democracia. De acordo com Saviani (2017):

… a situação educacional configurada a partir das reformas instituídas pela ditadura militar logo se tornou alvo da crítica dos educadores, que crescentemente se organizavam em associações de diferentes tipos, processo esse que se iniciou em meados da década de 1970 e se intensificou ao longo dos anos de 1980.

A preocupação em relação à educação era, entre outras, o formato acrítico que impedia a formação social. Ainda conforme Saviani (2017):

A organização dos educadores no período referido pode ser caracterizada por dois vetores distintos, aquele marcado pela preocupação com o significado social e político da educação de qualidade aberta a toda população; e outro marcado pela preocupação com o aspecto econômico-corporativo, portanto de caráter reivindicativo cuja expressão mais saliente é dada pelo fenômeno das greves que eclodiram a partir do final dos anos de 1970.

As manifestações, greves e contraposições ao regime militar terminaram por causar o fim da ditadura em 1985. A partir de então o Brasil entrou em um período de reconstrução da democracia sob o governo de José Sarney. Em 1987 foi criada a Assembleia Constituinte com o objetivo de elaborar uma nova constituição, que em 1988 foi promulgada selando a transição do Regime Militar para o Regime democrático vigente ainda hoje. De acordo com Gomes (2018):

A década de 1980 foi marcada por importantes transformações políticas e institucionais. Sob a perspectiva da sociedade civil organizada, os debates acerca da garantia dos direitos sociais e individuais se consolidariam como marca da redemocratização do país. Esses debates viriam a atingir seu clímax na elaboração da nova CF/88.

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A Constituição Federal de 1988 expressa no artigo 205: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Segundo Bes et al. (2019, p. 37), “as políticas públicas educacionais contemporâneas foram incrementadas a partir do período de redemocratização brasileira, na década de 1980, e principalmente impulsionadas após a Constituição Federal de 1988”. A redemocratização brasileira e a constituição de 1988, desempenharam o significativo papel para a construção das políticas públicas educacionais.

A década de 1990 foi marcada por uma nova percepção mundial, já às portas da pós-modernidade, as concepções do mundo tenderam a valorizar a subjetividade individual, tornando o homem autor de sua própria construção. Na educação isso não foi diferente, reforçaram-se as ideias neoliberalista do capitalismo concorrencial global e as teorias do capital humano. Um marco importante da História da Educação Brasileira nesse período foi a Conferência Mundial da Educação para Todos, em Jomtien, na Tailândia, que relembrou a educação como direito de todos e firmou o compromisso entre países, entre eles o Brasil, de erradicar o analfabetismo e universalizar o Ensino Fundamental. De acordo com Bes (2018, p. 35):

É importante enfatizar que o processo de expansão e consolidação do neoliberalismo, que representa hoje a racionalidade dominante no mundo atual, segue a lógica de que a educação — assim como todas as demais áreas — deve ser regulada pelo mercado, ou seja, existe a conversão de todas as estruturas em empresas, incluindo as escolas. Cabe ao Estado somente amparar aqueles que se encontram muito marginalizados e vulneráveis e promover a todos que desenvolvam as suas competências e habilidades para viver em sociedade e conseguir ter renda, consumir e, assim, ter “qualidade de vida”. Dentro dessa racionalidade neoliberal, a educação deve impulsionar o investimento em si mesmo: cada estudante deve aprender a ser um empresário de si, sendo o principal responsável pelo seu sucesso no mercado de trabalho.

Logo em 1996 foi sancionada a Lei de Diretrizes e Bases 9.394, o ensino gratuito passa a ser obrigatório a partir dos quatro anos de idade e estabelece a colaboração monetária da União de 18% e a dos Estados e municípios em 25% que seriam direcionadas ao desenvolvimento educacional no país, entre outras determinações, formam medidas que possibilitaram maior acesso à educação. Observa-se a Constituição Federal de 1988 e, mais atualmente, a LDB 9.394/96 como afirmadoras do direito à educação. Segundo Bes (2018, p. 243):

Com a promulgação da LDB da Educação Nacional de 1996, em vigência na atualidade, foi criado o regime de colaboração entre os entes da federação (União, estados, Distrito Federal e municípios), que devem trabalhar juntos de forma a assegurar a universalização do direito à educação a todos, erradicar o analfabetismo e melhorar a qualidade da educação brasileira.

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Para que o direito à educação seja exercido o sistema educacional brasileiro utiliza-se das Políticas Públicas de financiamento como instrumento funcional que irá materializar os programas desenvolvidos pelo setor público para serem efetuado nas instituições de ensino público do Brasil. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE é o responsável pela execução das Políticas Públicas do Ministério da Educação – MEC e distribuição dos recursos financeiros para os estados e municípios.

É visível, sob a perspectiva da história da educação brasileira, que o acesso ao ensino ofertado pelo sistema público brasileiro, embora paulatinamente, há alcançado as esferas populares, proporcionando o direito à educação a um número cada vez maior de brasileiros.

Desde a redemocratização até os dias atuais, foram muitas as Políticas que ampliaram o acesso ao ensino, além da configuração da gestão democrática na escola, programas de investimento na educação básica - ainda pretendendo a erradicação do analfabetismo e a alfabetização na idade adequada - programas de qualificação para a melhoria da formação docente e os programas de avaliação da aprendizagem.

Dentre essas Políticas pode-se destacar a criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB) que veio substituir o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF) para atender as demandas econômicas da educação da Creche ao Ensino Médio. Para Bes (2018, p. 249):

Ambos os fundos (FUNDEF e FUNEB) foram iniciativas do Ministério da Educação buscando ampliar o atendimento no ensino fundamental, em um primeiro momento, e posteriormente em toda a educação básica, acompanhando a própria evolução do direito à educação a todos, afirmado a partir da Constituição Federal de 1988.

Também podemos destacar as conquistas do Movimento Negro - com relação à educação - como Políticas Públicas Educacionais que propiciaram a democratização e a garantia do direito à educação, visto que a partir da luta, desde a elaboração da Constituição Federal de 1988, o Movimento Negro alcançou as alterações que foram feitas na LDB de 1996 como a Lei nº 10.639/03, tornando obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana na Educação Básica; a lei de cotas sociorraciais nas Instituições Federais de Ensino Superior pela Lei nº 12.711/12; a Resolução Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica (CNE/CEB) nº 08/2012 e o Parecer CNE/CEB nº 16/2012, que instituem as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola.

Outro exemplo significativo para o processo de democratização e direito à Educação é a Política Nacional de Educação Especial que possui como princípios. A educação como direito

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e para todos em um Sistema Educacional Inclusivo amparado pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, promulgada no Brasil pelo Decreto n° 186/2008 e Decreto n° 6.949/2009; O aprendizado ao longo da vida; O ambiente escolar acolhedor e inclusivo; O desenvolvimento pleno das potencialidades do estudante; A acessibilidade plena ao estudante, Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida; A responsabilização e a participação da família no processo escolar; O bilinguismo na Educação de surdos usuários da Libras, Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras.

Muitas das transformações ocorridas desde a redemocratização brasileira significaram a consolidação do direito à educação, por isso a importância de reconhecer os caminhos que fazem possíveis tornar as discussões sobre as problemáticas educacionais de nosso país em resoluções viáveis para o acesso à educação. Caminhos que neste trabalho reconhecemos nas Políticas Públicas educacionais como forma de possibilitar o debate público e a implementação de ações efetivas que irão garantir o direito à educação.

2. POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS E O DIREITO À EDUCAÇÃO

A educação é um direito fundamental do indivíduo, está pautada sobre leis e fundamentada no regime democrático que se afirma diante das ações sociais e governamentais que viabilizam seu acesso. Nesse contexto as Políticas Públicas Educacionais compreendem a relação entre o povo e o governo com o objetivo de encontrar soluções viáveis para as questões educacionais.

As diversas definições das Políticas Públicas coincidem em seu objetivo proporcionar o debate social e político e efetuar ações que gerarão resultados e possibilitarão a garantia do direito à Educação.

2.1 FUNDAMENTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS

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Antes de conceituar uma política pública educacional, é importante conhecera origem de uma política pública. Uma política pública surge para atender a uma política social, visando cumprir com alguma ação do Estado e as suas atribuições perante a sociedade. Em essência, é ponto fundamental de toda política pública atingir uma finalidade da coletividade.

Uma política pública busca identificar problemas e meios legais para resolvê-los. As políticas públicas educacionais buscam resolver problemas vigentes ou prováveis, para resolver esses problemas utilizam como respaldo as leis e programas vigentes, se acontecer de um programa ou lei não abranger a questão podem ser criadas novas medidas para poder resolver o problema.

As políticas públicas educacionais são desenvolvidas buscando cumprir o art. 205 da constituição da República federativa do Brasil, de 1988, que afirma que: o Estado tem o dever de fornecer educação para todos. No artigo também fala que o ensino deve ser incentivado com a colaboração da família e sociedade, para que o indivíduo possa exercer a cidadania e seja qualificado para o trabalho. O art. 206 define os princípios que o ensino deve se basear, como a gratuidade da educação e garantia de padrão de qualidade na educação básica.

O Plano Nacional de Educação (PNE) aparece no art. 214 da constituição Federal e tem uma maior relevância na Lei N° 13.005/2014, com o objetivo de erradicar o analfabetismo, tornar o atendimento escolar universal, melhorar a qualidade da educação, promover a democracia ajudando a erradicar as formas de descriminação devido à falta da educação e promover medidas para dar ênfase aos valores morais e éticos, em uma produção humanística, cultural científica e tecnológica do País.

A Secretaria de Educação Básica (SEB) atua na formulação de políticas da educação infantil ao ensino médio. A União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UDIME) e Conselho Nacional de Secretários de Educação (CONSED) trabalharam em conjunto para a elaboração de planos e suas execuções em âmbito municipal e federal.

O Ministério da Educação foi criado após a revolução de 1930, que permaneceu até 1953 quando surgiu o Ministério Educação e Cultura (MEC), em 1992 o MEC devido a modificações da lei federal foi transformado no Ministério da Educação e do Desporto, em 1995 o MEC passa a ser o ministério apenas da educação, visando oferecer subsídio maior a questões sociais no âmbito educacional.

A lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, lei de diretrizes e bases da educação nacional (LDB) reafirma os princípios educacionais e prevê que:

Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino.

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§ 1º Caberá à União a coordenação da política nacional de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais.

Portanto, as ações desenvolvidas pelo governo por meio das Políticas Públicas Educacionais são coordenadas e financiadas pela União. Isso não impede que estados e municípios criem políticas financiadas com recursos públicos que propiciarão resoluções para questões educacionais locais.

Ainda em 1996 foi criado o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), o fundo era mantido pela receita e impostos, que buscavam investir no ensino fundamental e teve seu enceramento em 2006, quando foi substituído pelo fundo de manutenção e desenvolvimento da educação básica e de valorização dos profissionais da educação (FUNDEB). O Fundeb investe em toda a educação básica.

O Plano de desenvolvimento da educação (PDE) criado em 2007, conceitua que um investimento ao desenvolvimento a educação tem que contar com investimento em educação profissional e superior. A Secretaria de Educação Superior (SESU) investe na educação superior como o programa de acessibilidade na educação superior (programa incluir), que busca cumprir os decretos nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004 e, nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Tornando as instituições de ensino superior acessíveis por meio de adequações estruturais acessíveis a cadeiras de rodas, formação de profissionais para trabalhar com tecnologias assistivas, códigos e linguagens.

O programa Nacional de assistência estudantil (PNAES) é destinado a democratização do ensino buscando a diminuição da evasão de alunos de baixa renda matriculados em instituições federais de ensino, foi elaborado por meio dos decretos nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004 e, nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Existem planos, fundos e projetos que asseguram o direito à educação de qualidade, não poderia dizer ainda que para todos, porém a democratização do ensino tem sido recorrente em diversas discussões, talvez o problema seja a falta de financiamento ou a falta de exposição desses projetos a população que dela necessita.

Portanto, pode-se dizer que no Brasil, a partir da década de 1990 houve uma grande preocupação por parte dos envolvidos na gestão da educação nacional quanto à elaboração de Políticas Públicas Educacionais e da garantia, com base legal normativa, dos recursos que financiariam essas ações. As bases legais já citadas constituem o alicerce fundamental e a origem das Políticas que desempenharão a construção da educação brasileira dentro dos moldes dos princípios fundamentais que caracterizam a educação como direito de todos.

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2.2 O QUE SÃO POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS?

Antes de conceituar uma política pública educacional, é importante conhecer a origem de uma política pública. Uma política pública surge para atender a uma política social, visando cumprir com alguma ação do Estado e as suas atribuições perante a sociedade. Em essência, é ponto fundamental de toda política pública atingir uma finalidade da coletividade.

Chrispiano e Dusi (2008) afirmam que “a expressão ‘políticas públicas’ é certamente um espetacular exemplo de polissemia”. Parafraseando Ferge (1996), quando trata de política social, podemos dizer que não há uma definição universalmente aceita de Política Pública.

Segundo Velasques Políticas Públicas é um conjunto de iniciativas, decisões e ações do regime político frente a situações socialmente problemáticas e que buscam a resolução delas, ou pelo menos trazê-las a níveis manejáveis. (VELASQUES, 1999, n.p. apud PINHEIRO, [201-]).

Diante do exposto entende-se por Políticas Públicas como conjunto de ações e iniciativas por parte do governo, seja ele no âmbito municipal, estadual e federal. Iniciativas e ações afins de que se obtenham mecanismos e soluções para as problemáticas sociais.

Políticas Públicas de modo geral, se observadas pelo ponto de vista teórico-conceitual, são campos multidisciplinares, e repercutem nas sociedades e economia:

Assim, do ponto de vista teórico-conceitual, a política pública em geral e a política social em particular são campos multidisciplinares, e seu foco está nas explicações sobre a natureza da política pública e seus processos. Por isso, uma teoria geral da política pública implica a busca de sintetizar teorias construídas no campo da sociologia, da ciência política e da economia. As políticas públicas repercutem na economia e nas sociedades, daí por que qualquer teoria da política pública precisa também explicar as inter-relações entre Estado, política, economia e sociedade. Tal é também a razão pela qual pesquisadores de tantas disciplinas – economia, ciência política, sociologia, antropologia, geografia, planejamento, gestão e ciências sociais aplicadas – partilham um interesse comum na área e têm contribuído para avanços teóricos e empíricos (SOUZA, 2006, p. 06).

Ou seja, as políticas públicas quando observadas do ponto de vista teórico-conceitual, tanto a política pública em geral como a social, em particular a social são campos multidisciplinares. Todas as teorias acerca de políticas públicas precisam inter-relacionar estado; economia; política e sociedade, pois política pública é algo que repercute na economia e sociedades, sendo assim importante e necessária essas inter-relações.

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Souza (2003, p. 13 apud BES et al., 2019, p. 30) conceitua políticas públicas como: “Campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o governo em ação” e/ou analisar essa ação (variável independente) e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações e ou entender por que e como as ações tomaram certo rumo em lugar de outro (variável dependente)”.

Sobre políticas públicas educacionais, Lima et al. (2018, p. 14), afirma que: “Para pensar a inserção da política educacional no campo das políticas públicas, é fundamental, primeiramente, atentar para o fato de que as políticas públicas são ações e programas desenvolvidos pelo Estado para garantir e colocar em prática os direitos previstos na Constituição Federal e em outras legislações.”

Oliveira (2010, p. 4) pontua que políticas públicas é o que um governo faz ou deixa de fazer já as políticas públicas educacionais diz respeito à educação escolar, e explana o amplo sentido de educação, que é algo que vai além do ambiente escolar:

Se “políticas públicas” é tudo aquilo que um governo faz ou deixa de fazer, políticas públicas educacionais é tudo aquilo que um governo faz ou deixa de fazer em educação. Porém, educação é um conceito muito amplo para se tratar das políticas educacionais. Isso quer dizer que políticas educacionais é um foco mais específico do tratamento da educação, que em geral se aplica às questões escolares. Em outras palavras, pode-se dizer que políticas públicas educacionais dizem respeito à educação escolar. Por que é importante fazer essa observação? Porque educação é algo que vai além do ambiente escolar. Tudo o que se aprende socialmente – na família, na igreja, na escola, no trabalho, na rua, no teatro, etc. –, resultado do ensino, da observação, da repetição, reprodução, inculcação, é educação.

Lima et al. (2018, p. 14):

Na tentativa de conceituar o campo das políticas públicas educacionais, é interessante você lembrar-se da influência do Estado sobre a vida escolar dos sujeitos. Tal influência move gerenciamentos essenciais aos que trabalham com educação, nos mais diferentes âmbitos.

O Estado tem influência na vida escolar, com essa influência o estado é responsável por mover os gerenciamentos que são necessários para os que desempenham trabalho na educação, em todos os âmbitos e níveis da educação. “[...] entende-se por políticas públicas educacionais aquelas que regulam e orientam os sistemas de ensino, instituindo a educação escolar” (OLIVEIRA, 2010, p. 99 apud BES et al., 2019, p. 31).

Portanto, as Políticas Públicas Educacionais são ações governamentais voltadas para a educação e possuem o papel de regulação e orientação dos sistemas de ensino em seus diferentes âmbitos, essas ações irão influenciar a educação escolar refletindo nos aspectos econômicos, políticos e sociais, pois a educação escolar ultrapassa os muros da escola, ela

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interfere diretamente e inteiramente, ou seja, em todos os aspectos, na vida cotidiana e na sociedade. Existe, portanto, uma correlação entre Políticas Públicas Educacionais e sociedade.

Diante desse contexto as Políticas Públicas Educacionais como expressão do direito à Educação constrói o elo entre os dois polos sociedade e governo, governo e sociedade, são a comunicação de ideias, intenções, e a realização que se fará possível somente na interação entre esses dois polos. Logo, o direito à educação como ação democrática, concreta, será fruto dessa interação.

2.3 O PROCESSO DE FORMULAÇÃO E EXECUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS Para Marques e Emmendoerfer (2018, p. 393), “Políticas públicas são elaboradas de acordo com a realidade social e econômica do contexto nacional para a melhoria da cooperação entre os atores públicos e privados, e para o desenvolvimento da qualidade de vida como um todo".

Portanto, a partir do contexto e realidade social as políticas públicas são elaboradas, para melhor cooperação de atores públicos e privados, visando uma melhor qualidade de vida em múltiplos âmbitos na sociedade envolvida.

Sobre o processo de formulação das políticas públicas, Pedone (1986, p. 16), afirma que: "[...] o sistema político é responsável pelo que acontece no processo de formulação e decisão, e por grande parte do que ocorre na implementação de programas públicos".

Ou seja, esse sistema político e a responsabilidade de formulação; decisão de políticas públicas corresponde ao estado, em seus diferentes níveis sejam eles municipais; estaduais ou federal, no contexto educacional a partir desse processo de políticas públicas e através do ministério e as secretarias da educação, ocorre a implementação de programas públicos educacionais em benefício da sociedade e que visam benefícios estruturais; financeiros e uma melhor democratização do acesso à educação.

Segundo Lima e D'Ascenzi (2013) podemos encontrar duas abordagens de modelos de implementação de políticas públicas: “Uma delas toma como foco de análise o processo de formulação da política pública, e as variáveis destacadas são referentes às normas que a estruturam. A segunda abordagem enfatiza elementos dos contextos de ação nos quais a política será implementada. Toma como variáveis as condições dos espaços locais e as burocracias implementadoras”.

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De acordo com Saraiva e Ferrarezi (2006, p. 32), “cada política pública passa por diversos estágios. Em cada um deles, os atores, as coalizões, os processos e as ênfases são diferentes”. Portanto os vários estágios que cada política pública passa acontecer em diferentes contextos e, em cada delas os processos e ênfases são distintos, assim como os atores e o contexto social desses são distintos.

Alves (2017, p. 2) afirma que: “De acordo com a literatura, há dois modelos principais de análise de implementação: a perspectiva top-down e a perspectiva bottom-up". Modelos esses distintos entre si, top-down (de cima para baixo), bottom-up (de baixo para cima).

De acordo com Wu (2013, apud ALVES, 2017, p. 2), “a perspectiva top-down procura estabelecer uma conexão entre a política pública e as dificuldades práticas e conceituais de transmissão idêntica da política de cima para baixo, conforme a hierarquia burocrática”.

O modelo top-down pode-se dizer que tem uma visão mais tradicional de gestão, com uma gestão mais centralizada tanto nos planejamentos como nas decisões, de cima para baixo, ou seja, as políticas vêm dos governantes para o povo.

Najberg e Barbosa (2006, p. 7), “na visão clássica sobre políticas públicas, a implementação é entendida como um jogo de uma só rodada, onde a ação governamental, expressa em programas ou projetos de intervenção, é implementada de cima para baixo (top-down)”.

O modelo bottom-up pode ser utilizado na análise de estrutura empresarial, e contribuir para um melhor desempenho operacional, planos de metas e elaboração de orçamentos, esse modelo diferente do top-dow que é centralizado, dá mais liberdade de ação.

Teixeira (2017, p. 7), “já o modelo bottom-up (de baixo para cima) tem como característica a liberdade de ação dos burocratas somados à rede de atores que se auto-organizam para planejar o modelo de implementação da política pública”.

Bes (2018, p. 30) considera:

É importante destacar que, embora os responsáveis pela elaboração de políticas públicas sejam aqueles que detêm o poder público, costumam ser aceitas demandas de várias origens a serem incluídas na agenda de discussões, como as provenientes de movimentos sociais e culturais diversos, organizações da sociedade civil, empresas, conselhos de classe, sindicatos, organizações não governamentais, entre outros.

Assim, as Políticas Públicas podem atender os interesses sociais desde que haja demandas por parte dos diferentes grupos para que as necessidades de seus representados sejam atendidas.

Além de modelos de implantação, as políticas públicas possuem ciclos, dependendo da situação econômica e política os ciclos não serão obrigatórios e sequenciais, Howlett e

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Ramesh (2013, apud HAYASHI, 2017, n.p), afirmam que: “[...] Na prática os estágios não são sequenciais ou obrigatórios em sua plenitude. Tudo vai depender da situação política e econômica”.

De acordo com Marques e Emmendoerfer (2018, p. 393), “a política pública é inserida em um ciclo deliberativo e é formada por vários estágios, constituindo um processo dinâmico e de aprendizado".

Segundo Howlett (1995, apud HENRIQUE, 2017, p. 116):

o modelo de ciclo de políticas públicas apresenta vantagens bastante úteis. Neste sentido a vantagem mais explícita da utilização deste modelo de análise é a facilidade do entendimento do encadeamento das fases que compõe a formulação das políticas, o desmembramento do processo multidimensional em fases estanques que possibilita o exame isolado ou em conjunto com as demais fases.

Neste sentido afirma-se que uma das vantagens da utilização do modelo de ciclos é que há uma facilidade de entendimento do encadeamento das fases em que a formulação das políticas públicas são compostas, esse desmembramento dá a possibilidade de um exame tanto isolado ou com as demais.

Teixeira (2017, p. 60), afirma que no ciclo de políticas públicas ocorre um processo que prevê: “Participação de todos os atores públicos e privados na elaboração das políticas públicas […]”.

Esses atores públicos e privados são os governantes, trabalhadores e empresas, que possuem poderes na participação da elaboração de políticas públicas, projetos e ações para o benefício social.

No âmbito educacional além dos atores mencionados, a participação da comunidade escolar, compostas por professores, pais e alunos. É de suma importância a participação da comunidade escolar na elaboração de políticas públicas educacionais, pois são essas comunidades escolares que conhecem as realidades e necessidades de suas unidades escolares em suas determinadas regiões e culturas.

Houtzage et al. (2004, p. 10), “de acordo com a perspectiva da polis, a capacidade dos atores para a ação depende de vários fatores, incluindo-se sua organização interna e suas preocupações essenciais”.

Isso significa que os atores vão agir de acordo com vários fatores, esses fatores que podem ser sociais; econômicos e culturais, e as preocupações essenciais que irão impulsiona-los ao desejo de ação, essas preocupações seriam as necessidades; problemas e desafios do contexto em que esses atores políticos estão inseridos.

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Sobre a formação da agenda, Howlett e Ramesh (2013, apud HAYASHI, 2017, n.p) afirmam que: “É comum que se pulem fases, sendo a formação da agenda a fase mais difícil de perceber”.

Segundo Capella (2018, p. 13), “a agenda está relacionada ao conjunto de temas ou problemas considerados importantes em um determinado momento, como resultado da ação política de atores como burocratas, movimentos sociais, partidos políticos, mídia, entre outros”. Os temas e problemas considerados importantes; problemas a serem resolvidos, ou seja, situações consideradas importantes ou estão em evidência, estão relacionados ao que chamamos de agenda.

Em algumas circunstâncias existem três fluxos, que quando reunidos geram oportunidades de mudança na agenda, são eles: Problemas; Soluções e Dinâmica Política. O que condiz com a afirmação de Capella (2005, p. 10):

Em determinadas circunstâncias, estes três fluxos – problemas, soluções e dinâmica política - são reunidos, gerando uma oportunidade de mudança na agenda. Neste momento, um problema é reconhecido, uma solução está disponível e as condições políticas tornam o momento propício para a mudança, permitindo a convergência entre os três fluxos e possibilitando que questões ascendam à agenda.

As políticas públicas passam por processos de avaliação, Pedrosa e Matos (2018, n.p.), afirmam que a avaliação tem por finalidade examinar as intervenções públicas ela se insere no contexto das análises de políticas públicas que compreende a formulação das políticas públicas:

A avaliação de políticas públicas tem por finalidade examinar as intervenções públicas, sob diversos aspectos, e pode ser realizada por meio de diferentes metodologias. A avaliação de políticas públicas se insere num contexto mais amplo, o da análise de políticas públicas, e esta análise compreende o estudo das etapas de formulação das políticas públicas.

A avaliação tem um papel examinador das ações públicas, e existem diversos meios; etapas e metodologias diferentes para realizar a avaliação. Esse papel examinador tem a finalidade de identificar falhas; acertos; o que já não é necessário em determinadas situações e o que se tornou necessário através do processo, e a partir disso apontar soluções necessárias e quais soluções são necessárias para cada determinada situação.

De acordo com Trevisan e Bellen (2008, p. 536):

As avaliações podem ser um “problema” para os governantes, executores e gerentes de projetos porque os resultados podem causar constrangimentos públicos. As informações e resultados das avaliações podem ser usados pelo público e pela imprensa para criticar os governos, da mesma forma que, em caso de “boas notícias”, os governos podem usá-las para legitimar as próprias políticas, como ganho político etc.

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Em determinadas situações em que os resultados das avaliações apontam resultados negativos, podem ser usadas como crítica aos poderes públicos executores de determinadas ações públicas, recebendo críticas do público e da mídia, e assim a população pode avaliar se determinado poder público a competência ou a ausência desta em seus governantes. E na contramão dessas circunstâncias, quando os resultados avaliados são positivos, os governantes usam como forma de legitimar suas ações públicas em benefício político próprio diante da sociedade.

De acordo com Silva et al. (2016, p. 1436) “a avaliação da política pública é a fase em que o processo de implementação e o desempenho da política pública são examinados com o intuito de conhecer melhor o estado da política e o nível de redução do problema que gerou. É o momento-chave para a produção de feedback sobre as fases antecedentes”.

Desta forma, é no processo de avaliação que se pode ter um resultado dos desempenhos das políticas aplicadas fazendo um feedback, e aferir a eficácia dessas. Na esfera educacional, essa avaliação e feedback e de suma importância para identificar o foi acertado em benefício a comunidade escolar; quais as falhas e o que isso implica tanto na organização escolar quanto no ensino aprendizagem; o que ao longo do processo surgiu como necessário, ou seja, quais as novas necessidades, seja no processo educativo como administrativo e nesse contexto também entra questões de inclusão escolar; e quais soluções necessárias para cada necessidade.

Portanto, conclui-se que as políticas públicas passam por processos de formulação e estágios em diferentes contextos; ênfases e através dos atores políticos. As formas de implementações encontram-se duas, o modelo top-dow de cima para baixo, esse modelo tem uma abordagem centralizada dos governantes para o povo com uma hierarquia burocrática na elaboração e implementação das políticas públicas, e o modelo botton-up de baixo para cima não é centralizado e dá mais liberdade de ação no processo de políticas públicas.

As políticas públicas possuem ciclos em que se tem a participação de atores políticos públicos e privados, ciclos que nem sempre são obrigatórios e sequenciais. A formação da agenda tem relação com os temas e problemas importantes a serem resolvidos. E na avaliação se tem o diagnóstico positivo ou negativo das políticas públicas implementadas, e rever a funcionalidade de determinadas políticas e observar a necessidade da criação de novas políticas.

Dentro do processo de democratização do ensino e da garantia do direito à educação para todos, as Políticas Públicas Educacionais podem partir dos dois modelos, Top-down e Botton-up, isso irá depender da intencionalidade e dos objetivos dessas políticas, nesse sentido a formação da agenda e a avaliação irá validar determinadas políticas visto que no debate, parte

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da formação da agenda, será possível reconhecer se as propostas atendem às necessidades sociais existentes.

Quanto à avaliação ela torna possível verificar os resultados e comprovar se realmente determinadas políticas concretizam resoluções para as demandas que originaram sua formulação e implementação. É possível que existam diferentes opiniões sobre a efetividade de determinada política, no entanto a avaliação possibilita que dados sejam demonstrados e comprovem sua efetividade, portanto para validar um Política Pública Educacional como garantia efetiva do direito à educação tanto governo e principalmente a sociedade devem atentar-se ao debate e, no caso a implementação, aos dados e estatísticas resultantes.

3. POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL PARA O ENSINO SUPERIOR NO BRASIL

O Ensino Superior no Brasil passou por um lento processo de democratização. Desde o início da história da educação brasileira o acesso ao ensino superior era restrito às elites e havia poucas vagas nas instituições públicas. Após a reforma universitária, fruto das manifestações estudantis de 1968, o processo de privatização do ensino superior e a expansão universitária houve um aumento considerável das matrículas, instituições e abertura dos cursos, no entanto não se pode dizer que houve a democratização do ensino superior, visto que o ingresso ainda era restrito, seletivo e elitizado.

Diante desse contexto as políticas públicas têm por objetivo auxiliar e facilitar no desenvolvimento da sociedade e no âmbito educacional pode viabilizar o acesso ao ensino superior de forma justa e democrática. Nesse sentido o governo federal tem criado Políticas Públicas Educacionais para impulsionar o ingresso ao ensino superior como o PROUNI, FIES, SISU entre outras com esse mesmo princípio. Abordaremos, no entanto, o conceito de democratização do acesso ao ensino superior na perspectiva do PROUNI com a finalidade de comprovar a eficácia das Políticas Públicas Educacionais como garantia do direito à educação.

3.1 PROGRAMA UNIVERSIDADE PARA TODOS (PROUNI)

O Programa Universidade Para Todos (PROUNI) teve sua criação no governo LULA com o propósito de fornecer bolsa de estudo em universidades privadas viabilizando o acesso

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ao ensino superior. Possibilitando assim o desenvolvimento do conhecimento dos alunos despertando assim o interesse pela graduação e oportunizando meios de ingressar às instituições de ensino superior privadas, que por sua vez possuía um alto custo de acesso, e diante dessa situação o PROUNI fornecia bolsas de estudo.

O programa PROUNI teve seu início em 2004 por meio do Governo Federal em parceria com as redes privadas, as quais as ofertavam bolsas de estudos, viabilizando assim o acesso ao curso de graduação e o aumento do índice educacional no país.

Considerando que todas as partes envolvidas lucrariam de alguma forma, o governo ao promover meios de acesso às universidades, gera ainda mais renda para o país, as faculdades recebem meios de isenção fiscal como incentivo à adesão ao programa. E os estudantes por terem a oportunidade de concluir uma graduação de ensino superior que lhes abrirá portas para o mercado de trabalho.

O PROUNI foi criado pela Medida Provisória nº 213/2004, regulamentado pelo Decreto nº 5.245/04 e institucionalizado pela Lei nº 11.096/2005 e desde então vem sofrendo modificações no decorrer dos anos a fim de encontrar meios de facilitar o processo e se desenvolver cada vez mais. A política pública educacional PROUNI vem com o intuído de garantir o acesso às faculdades e universidades privadas fornecendo bolsas de estudo integral ou parcial aos alunos com base em sua renda salarial e nota do ENEM.

Segundo Faceira e Carvalho (2009):

Na dimensão macro-estrutural, o ProUni foi configurado como uma política pública implementada pelo MEC – em interface com os movimentos sociais – que tem como proposta apresentar uma resposta imediata à perspectiva da democratização do Ensino Superior. O programa tem ainda a proposta de organizar a Lei de Filantropia, na medida em que utiliza o processo de renúncia fiscal como estratégia de reserva de vagas em universidades particulares.

Na pesquisa de Faceira e Carvalho nota-se que a política publica ProUni apresenta um grande potencial de democratização viabilizando o acesso as universidades como apresentado anteriormente um grande exemplo foi primeiro ano do PROUNI em 2005 no qual foi ofertado 112.416 bolsas de estudo no total segundo informação disponibilizado no site quero bolsa, em quanto o aluno teria seu acesso facilitado no ingresso da graduação a universidade em contrapartida teria isenção fiscal.

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As políticas públicas dessa vertente tendem a apresentar bons resultados, visto que quanto mais pessoas se graduam mais oportunidades pode surgir no campo profissional e diante de tal desenvolvimento o país abrange proporções maiores tanto no meio científico quanto no âmbito econômico e social. Nesse sentido o governo brasileiro buscou, desde o inicio do programa, que fosse uma garantia legal determinada por documento normativo nacional.

Conforme o artigo primeiro da Constituição Federal Brasil (2004):

Art. 1º Fica instituído, sob a gestão do Ministério da Educação, o Programa Universidade para Todos - PROUNI, destinado à concessão de bolsas de estudo integrais e bolsas de estudo parciais de cinquenta por cento (meia-bolsa) para cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições privadas de ensino superior, com ou sem fins lucrativos.

O PROUNI tem por objetivo base viabilizar o acesso às universidades privadas com bolsas de estudo de cinquenta por cento (bolsa parcial) ou cem por cento (bolsa integral) para que alunos que tenham participado do ENEM e tenham uma renda per capita baixa possam ter acesso a tais benefícios como descrito no artigo 3°. Segundo a Constituição Federal a medida provisória n° 213, de 10 de setembro de 2004, artigo 3° da lei 11.096 convertida em 2005, Brasil (2005):

Art. 3º O estudante a ser beneficiado pelo PROUNI será pré-selecionado pelos resultados e pelo perfil socioeconômico do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM ou outros critérios a serem definidos pelo Ministério da Educação, e, na etapa final, selecionado pela instituição de ensino superior, segundo seus próprios critérios, às quais competirá, também, aferir as informações prestadas pelo candidato.

Visando a democratização do acesso, vários estudos surgiram nessa vertente de acessibilidade ao ensino superior, visto que certos requisitos precisam ser atendidos para obter acesso às bolsas, seja ela total ou parcial, embora existam requisitos a serem atendidos fica a cargo da Instituição de Ensino Superior - IES definir certos requisitos, além dos requisitos já pré-existente já definido pelo ministério da educação. Segundo Catani (2006):

O Art. 3º introduziu a “seleção” interna na IES após a “pré-seleção” do Enem, o que teve impacto na distribuição de bolsas. O exemplo da PUC Minas é significativo: em 2005, apenas 65,7% dos candidatos pré-selecionados ao Prouni foram aprovados pela universidade; 21,6% não compareceram na seleção interna e 12,8% foram reprovados. Dos aprovados, 17,8% não se matricularam – motivos: percentual da bolsa parcial insuficiente; aprovação em instituição pública; desinteresse pelo curso selecionado (o candidato pode fazer até cinco opções de curso) –, reduzindo a quantidade de bolsistas (PUC MINAS, 2006).

Segundo Catani (2006) em sua analise visava definir se o PROUNI de fato se trata de uma política pública volta para o desenvolvimento social ou se é apenas uma forma de expansão das instituições de ensino superior, embora Catani conclua seu artigo apresentando fatos de que

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o PROUNI favorece mais as instituições de ensino. É notável que a contribuição das políticas públicas como o PROUNI de fato contribui em muito para o desenvolvimento social mesmo que o PROUNI de acordo com Catani traga essa falsa sensação de democratização diversas pessoas podem ter uma oportunidade de concluir uma graduação devido a auxílios como FIES, SISU e o PROUNI que possivelmente em circunstância normais, não seria possível de uma pessoa de baixa renda ter acesso a uma formação superior, visto que a realidade de muitos é a base de salário mínimo dificultando muito o ingresso e permanência em uma universidade.

Com base nas pesquisas tanto a favor quanto contra o PROUNI em relação à democratização do ensino superior, é notório a relevância e o impacto que políticas públicas como o PROUNI teve no cenário da educação, possibilitando e viabilizando o acesso à universidade, como diz em seu slogan Programa Universidade Para Todos, viabilizando e democratizando as oportunidades de acesso ao ensino superior para o povo.

3.2 PROUNI COMO EXPRESSÃO DA DEMOCRATIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL

Desde sua criação em 2004, o PROUNI vem fornecendo bolsas de estudos para alunos que atenda certos requisitos tais como ter cursado o ensino médio na rede pública de ensino. De acordo com artigo de Andriola (2020) “o PROUNI já atendeu, desde sua criação até o processo seletivo do segundo semestre de 2016, mais de 1,9 milhão de estudantes, sendo 70% com bolsas integrais (1,33 milhão de indivíduos)”. Esse número vem crescendo a cada ano. Anualmente o Ministério da Educação - MEC disponibiliza virtualmente o Sistema de Dados Abertos que apresenta planilhas atualizadas das bolsas fornecidas aos alunos.

Segundo o Ministério da Educação no ano de 2019 o PROUNI ofertou 225.556 bolsas dentre elas bolsas parciais de 50% e bolsas totais de 100%. Com base nos dados de 2019 dentre essas mais de 225 mil bolsas uma parte delas é destinada as cotas, embora não se possa dizer com precisão quantas bolsas são destinadas as cotas o que se sabe é que varia de acordo com cada edição do programa e a quantidades de pessoas da etnia da região seguindo os dados atualizados do IBGE, e as cotas incluem pessoas indígenas, negras, pardas e com deficiência. Embora o PROUNI siga alguns critérios de seleção além das vagas destinadas aos cotistas uma boa parte das bolsas é destinada a pessoas de baixa renda no qual a renda familiar não ultrapasse 3 salários mínimos e que cursaram seu ensino médio em escola pública e que tenha feito o ENEM e atingindo uma nota mínima de 450 na parte objetiva e não ter zerado a

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redação. Portanto notasse que até o ano de 2019, o PROUNI possibilitou que quase 2 milhões de pessoas tivessem acesso a um curso superior de forma mais acessível democratizando assim a viabilidade de acesso ao ensino superior.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Educação brasileira enfrentou, no decorrer de sua história, modificações, progressos, atropelos e transformações influenciadas pelo contexto histórico, político e econômico nacional e mundial. Embora declarada como direito fundamental, a lei que expressa a educação como direito de todos, teoricamente, necessita na prática reforços para materializar as ações que executarão o direito.

No decorrer de nossa formação acadêmica foram vários os debates sobre o caráter excludente da educação no Brasil que formou-se dentro dos moldes da educação para as elites, essas reflexões nos levaram a questionar qual o caminho para a garantia do ensino como direito? Quais as ações materializam a educação como figura da democracia? Estas questões nos levaram a reconhecer as Políticas Públicas Educacionais como instrumento mediador e possibilitador do acesso ao direito à educação.

O processo de elaboração e execução das Políticas Públicas Educacionais é o processo da participação político-social nos debates e buscas por soluções para às questões educacionais. Compreende-se então a relevância de conhecê-lo. Conhecer, participar, analisar, discutir as Políticas Públicas Educacionais para compreender seus objetivos na prática pedagógica é essencial para o professor, cidadão, sujeito político e formador.

Como beneficiários do PROUNI os componentes dessa pesquisa afirmam a importância e efetividade dos resultados de Políticas Públicas Educacionais que objetivam viabilizar o ensino às massas como forma de democratização da educação e garantia do direito expresso por documentos legais brasileiros.

O que foi sonhado, desde o início das ideias do Estado laico, provedor do ensino para todos desde os primeiros movimentos democráticos no Brasil, não sem luta, tem alcançado pequenas conquistas, ora significativas, como os índices do PROUNI, ora discretas como os pequenos avanços nas salas do Atendimento de Ensino Especializado – AEE.

A democratização do acesso ao ensino só é possível se, em seus diferentes níveis, houver o debate, a observação conjunta das necessidades coletivas que surgem no contexto social,

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