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O DIREITO DE SUPERFÍCIE NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

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(1)

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

RODRIGO REIS MAZZEI

O DIREITO DE SUPERFÍCIE NO

ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

MESTRADO EM DIREITO

(2)

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

RODRIGO REIS MAZZEI

O DIREITO DE SUPERFÍCIE NO

ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Dissertação apresentada à Banca

Examinadora

da

Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo,

como

exigência

parcial

para

obtenção do título de Mestre em

Direito

(Direito

das

Relações

Sociais), sob a orientação do

Professor Doutor José Manoel de

Arruda Alvim Netto.

(3)

BANCA EXAMINADORA

____________________________________

Professor Doutor José Manoel Arruda Alvim

____________________________________

Professor Doutor Everaldo Augusto Cambler

(4)
(5)

AGRADECIMENTOS

Eu não conseguiria terminar este trabalho sem o apoio de várias

pessoas que, no momento mais difícil de minha vida, estenderam suas

mãos para que pudesse finalizar o mestrado. A lista é enorme, mas para as

principais faço questão de registrar meu “obrigado”.

À minha querida Paulinha, que conseguiu entender a importância

desta etapa, sacrificando parte de seus planos pessoais para que eu

pudesse finalizar a empreitada. Eu te amo!

Aos meus colegas de escritório, pelo trabalho redobrado na minha

ausência.

Ao meu conterrâneo Daniel Monteiro Peixoto pela acolhida em São

Paulo no período em que cursei os créditos.

Aos amigos Fredie Didier Junior e Hermes Zaneti Junior pelo

incentivo constante.

Aos colegas Marcos Martins Filho, Washington Rocha de Carvalho e

Marcela Cândido pela ajuda na colheita de material e formatação do

trabalho apresentado.

Aos meus professores, em especial os mestres Arruda Alvim e

Celso Campilongo, pela paciência e a confiança incondicional em todas as

fases do mestrado. Suas lições foram muito além do Direito.

(6)

RESUMO

O direito de superfície é figura de direito real imobiliária, de natureza

bem complexa, com previsão no Estatuto da Cidade e no Código Civil,

admitindo ampla transmissibilidade. O instituto estudado possui origens no

direito romano, tendo o modelo pátrio forte influência do direito luso, até

mesmo pelas razões históricas que no passado nos uniram. Nosso sistema

legal é noviço e não possui uma regulação extensa sobre o tema, o que cria

certa instabilidade na aplicação do instituto, tendo os ordenamentos

estrangeiros que cuidam do direito de superfície papel importante para uma

boa interpretação da figura. Em síntese, trata-se de direito real vinculado a

uma concessão feita pelo proprietário a terceiro, a fim de que o último

possa construir e/ou plantar em sua propriedade imobiliária, ou, de outra

banda, que permita ao concessionário manter implante já existente sobre

(ou até sob) a base da concessão. A inclusão de tal direito real em nosso

ordenamento pode ser vista como uma tentativa de se pôr em prática a

concepção de função social da propriedade, esculpida em nossa Carta

Magna, possibilitando que imóveis não utilizados, ou sub-utilizados, tenham

boa destinação. A separação do implante em relação à base do imóvel se

opera através da suspensão dos efeitos do princípio

superficies solo cedit,

formando-se aquilo que vem se denominando de “propriedade

superficiária”, em razão dos amplos poderes que o concessionário

(

=superficiário

) detém sobre a acessão. Este entendimento se encontra

firmado, em certa medida, na doutrina e legislação estrangeira, citando-se,

em exemplo, o direito italiano, o lusitano e o argentino. Há uma gama de

desdobramentos e variantes na relação superficiária, dada à elasticidade

que esta admite no seu objeto, podendo ser

simples

ou mais

complexa

,

dependendo do que foi pactuado entre as partes. O direito de superfície

reclama, ainda, exame no

plano horizontal

do imóvel (objeto da concessão),

visando a fixação dos seus limites e das respectivas obrigações e reflexos

secundários, como também no quadrante

vertical

, em razão de nosso

ordenamento não vedar, ao menos de forma expressa, a concessão no

subsolo e no espaço aéreo. Todas as conclusões do estudo seguem uma

linha básica: direito de superfície é espécie singular de direito real

imobiliário, não se enquadrando com perfeição nos habituais conceitos de

ius in re propria

e ou dos constantes da tríade de

ius in re aliena

tradicionalmente admitida (direitos reais de

fruição

,

gozo

e

garantia

).

Cuida-se de instituto com vocação para

funcionalizar

o imóvel alheio, tendo amplo

espectro de atuação, muito embora sempre atue em base imobiliária. Em

suma, o instituto em comento cuida da relação entre o proprietário de um

terreno e outrem, que firmam pacto em que o primeiro concede ao

segundo, chamado de superficiário, o direito de construir (

ad aedificandum

)

ou de plantar (

ad plantandum

) em seu imóvel, ou de manter construção

existente sobre este com amplos direitos de uso e gozo, numa relação que

merece toda a atenção da doutrina especializada, pois pode ser importante

instrumento para a aplicação concreta da função social da propriedade.

(7)

RESUMEN

El derecho de superficie es figura de derecho real inmobiliaria, de

naturaleza bien compleja, con previsión en el Estatuto de la Ciudad y en el

Código Civil, y admite amplia transmisibilidad. El instituto estudiado posee

orígenes en el derecho romano, y el modelo patrio tiene fuerte influjo del

derecho luso, incluso por las razones históricas que en el pasado nos

unieron. Nuestro sistema legal es novicio y no posee una regulación

extensa sobre el tema, lo que crea cierta instabilidad en la aplicación del

instituto, y tienen los ordenamientos extranjeros que cuidan del derecho de

superficie papel importante para una buena interpretación de la figura. En

síntesis, se trata de derecho real vinculado a una concesión hecha por el

propietario a tercero, a fin de que este último pueda construir y/o plantar en

su propiedad inmobiliaria, o, diferentemente, que permita al concesionario

mantener implante ya existente sobre (o incluso bajo) la base de la

concesión. La inclusión de tal derecho real en nuestro ordenamiento puede

ser vista como un intento de ponerse en práctica la concepción de función

social de la propiedad, esculpida en nuestra Carta Magna, posibilitando que

inmuebles no utilizados, o subutilizados, tengan buena destinación. La

separación del implante en relación a la base del inmueble se opera através

de la suspensión de los efectos del principio

superficies solo cedit,

formándose aquello que se viene denominando de "propiedad

superficiaria", en razón de los amplios poderes que el concesionario

(

=superficiario

) detiene sobre la accesión. Este entendimiento se encuentra

firmado, en cierta medida, en la doctrina y legislación extranjera, como por

ejemplo en el derecho italiano, el lusitano y el argentino. Hay una gama de

desdoblamientos y variantes en la relación superficiaria, debido a la

elasticidad que ésta admite en su objeto, pudiendo ser

simple

o más

compleja

, dependiendo de lo que fue pactado entre las partes. El derecho

de superficie reclama, aún, examen en el

plano horizontal

del inmueble

(objeto de la concesión), visando a fijar sus límites y respectivas

obligaciones y reflejos secundarios, bien como en el cuadrante

vertical

, en

razón de que nuestro ordenamiento no veda, al menos de forma expresa, la

concesión en el subsuelo y en el espacio aéreo. Todas las conclusiones del

estudio siguen una línea básica: derecho de superficie es especie singular

de derecho real inmobiliario, no se encuadra con perfección en los

habituales conceptos de

ius in re propria

y/o de los constantes de la triade

de

ius in re aliena

tradicionalmente admitida (derechos reales de

fruición

,

gozo y

garantía

). Se cuida del instituto con vocación para

funcionalizar

el

inmueble ajeno, tiene amplio espectro de actuación, aunque siempre actué

en base inmobiliaria. En suma, el instituto comentado cuida de la relación

entre el propietario de un terreno y otro, que firman pacto en el cual el

primero concede al segundo, llamado de superficiario, el derecho de

construir (

ad aedificandum

) o de plantar (

ad plantandum

) en su inmueble, o

de mantener construcción existente sobre este, con amplios derechos de

uso y gozo, en una relación que merece toda la atención de la doctrina

especializada, pues puede ser importante instrumento para la aplicación

concreta de la función social de la propiedad.

(8)

RIASSUNTO

Il diritto di superficie si rivela una figura di diritto reale imobiliario, di

natureza complessa, con previsione nel “Estatuto da Cidade” e nel Codice

Civile, permette ampia trasmissibilità. Lo istituto ricercato ha avuto suoi

origini nel diritto romano, il modelo patrio ha avuto forte influenzia del diritto

portoguese, anche per ragioni historiche que nel passato hanno unito i

nostri paese. Nostro sistema legale é nuovo e non ha avuto una regulazione

lunga sopra il tema, ha risultato cosi in una certa istabilità nella aplicazione

del istituto, cosi gli ordinimenti estranieri che cuidano del diritto di superficie

hanno un ruolo importante per una buona interpretazione della figura.

Sinteticamente, si trata di diritto reale vinculato ad una concessione fatta per

il proprietario ad un terzo, a fine di che quest’ulltimo possa costruire ed/o

plantare en la loro proprietà imobiliaria, o, di un’altra maniera, che permetta

allo concessionario mantenere l’inplante giá esistente sopra (o anzi, su) ad

una base di concessione. La inclusione di tale diritto reale en nostro

ordinamento puó essere riguardata come un tentativo di se ne pore in

pratica la concezzione della funzione sociale della proprietà, isculpita entro

la nostra Magna Carta Brasiliana, di tal forma da possibilitare che imobili

non utilizzati, od ancora subutilizzati, tengono alla fine buona destinazione.

La separazione dell’inplante en relazione alla base dello imobile éd operata

traverso della suspensione degli efetti dello principio

superficies solo cedit,

formandosi quello che viene denominato di “proprietà superficiaria”, a

ragione degli ampi potere che il concessionario (

=superficiario

) detene

sopra la acessione. Questa maniera di capire si trova firmata, en certa

misura, nella dotrina e nella legislazione estraniera, ad esenpio, nel diritto

italiano, portoguese ed argentino. Cè una varietà di sdoppiamenti e varianti

nella relazione superficiaria, data la elasticità che questa ammette nel suo

oggetto, potendo essere

semplice

o piú

complessa

, a dipendere dello che é

stato pattuato tra le parti. Il diritto di superficie bisogna ancora esamine nel

piano orizzontale

dello imobile (oggetto di concessione), visando la

fissassione degli suoi limiti e delle rispettive obliggazione e reflessi

secundari, come anche nel quadrante

verticale

, en ragione del nostro

ordinamento non vietare, allo minimo di maniera espressa, la concessione

nel sottosuolo e nel espazio aereo. Tutti questi conclusioni seguino una

linea basica: diritto di superficie é una especie singulare del diritto reale

imobiliario, non rimanendo con perfezzione tra gli habitualli conceti di

ius in

re propria

e/o negli ricavabili della triade di

ius in re aliena

tradicionalemente

ammessa (diritti reale di

fruizione

,

godimento

ed

garanzia

). Badasi di istituto

con vocazione per

funzionalizare

lo imobile alieno, tenendo ampio spettro di

atuazione, non ostante ormai sia in base imobiliaria. In somma, lo istituto in

comento tratta di relazione tra il proprietario di un terreno ed altrui, che

firmano un patto nel qualli il primo concede allo secondo, chiamato di

superficiario, il diritto di costruire (

ad aedificandum

) o di plantare (

ad

plantandum

) nel suo imobile, o di mantenere costruzione giá esistente

sopra, tenendo su di essi ampi diritti di usare e gozare, che meritano tutta la

atenzione della dottrina especializata, cercando una volta di essere

importante istrumento per la aplicazione concreta della funzione sociale

della proprietà.

(9)

ABSTRACT

The surface rigth is a real state figure of the right in rem, of well

complex nature, with forecast in the Statue of the Cities and the Civil Code,

admiting ample transferability. The studied institute possess origins in the

Roman law, having the native model strong influence of the Portuguese law,

even though for the historical reasons that in the past had joined them. Our

legal system is beginning and it does not possess an extensive regulation

on the subject, which creates a certain instability in the aplication of the

institute, having foreign orders that take care of the surface right an

important paper for a good interpretation of the figure. In synthesis, is about

a right in rem entailed to a made concession from the proprietor to a thrid

party, so that the last one can construct and/or plant in it’s real state

property, or, of another band, whom it alows the concessionaire to keep

existing implantation already on (or even under) the base of the concession.

The inclusion of such right in rem in our order can be seen as an attempt of

if putting in practical the conception of social function of the proprety,

sculptured in our Great Letter, making possible that immovable not used, or

underutilized, they have good destination. The separation of the

implantation in relation to the base of the property if operates through the

suspension of the effect of the alone principle

superficies solo cedit,

forming

themselves what it comes if calling of “superficies property”, in reason of the

ample ones to be able that the concessionaire (=owner of the superficies

property) withholds on the acession. This comprehension it finds firmed, in

certain measure, the doctrine and foreign legislation, citing itself, in

example, the Italian right, the Portuguese and the Argentine. It has a

gamma of unfoldings and variants in the superficies relation, given to the

elasticity that this admits in it’sobject, being able to be simple or more

complex, depending on the one that was agreed to between the parts. The

surface right complains, still, examination in the horizontal plan of the

property (object of the concession), aiming at the secondary setting of it’s

limits and the respective obligations and consequences, as also in the

vertical quadrant, reason of our order not to forbid, to little of express, the

concession in the subsoil and airspace. All the conclusions of the study

follow a basic line: surface right is singular species of real estate right in

rem, not it fitting with perfection in the habitual concepts of

ius in re propria

and or the constants of the triad of

ius in re aliena

traditionally admitted

(rights of enjoyment, joy and guarantee). It’s taken care of institute with

vocation to give a purpose to the other person’s property, having ample

specter of performance, much even always acts in real estate base. In short,

the institute in comment takes care of the relation that enters the proprietor

of a land and another person, that they firm pact where the first one grants

to as, called superficies, the right to construct (

ad aedificandum

) or of

planting (

ad plantandum

) in it’s property, or to keep existing construction on

this, having on the ample rights of use and joy, that all deserves the

attention of the specialized doctrine, therefore it can be an important

instrument for the concrete application of the social function of the property.

(10)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 16

2 BREVE ESCORÇO HISTÓRICO ... 21

2.1 Raízes romanas... 21

2.2 Direito intermediário... 35

3 DO DIREITO ESTRANGEIRO... 42

3.1 Áustria... 43

3.2 Alemanha... 46

3.3 Suíça... 48

3.4 Bélgica ... 51

3.6 Itália ... 55

3.7 Espanha... 58

3.8 Portugal ... 61

3.9 França... 68

3.10 Inglaterra... 70

3.11 Canadá (Código de Quebec)... 71

3.12 Argentina ... 72

3.13. Bolívia ... 77

3.14 Peru ... 79

3.15 Macau ... 80

3.16 Japão ... 87

3.17 República da Coréia ... 88

3.18 China ... 89

4 A EVOLUÇÃO DO DIREITO DE SUPERFÍCIE NO BRASIL ... 90

4.1 O direito de superfície no Brasil: do descobrimento ao

Código Civil de 2002... 90

(11)

4.1.1.1 Ordenações Afonsinas ... 92

4.1.1.2 Ordenações Manuelinas... 94

4.1.1.3 Ordenações Filipinas ... 94

4.1.2 Lei de 9 de julho de 1773 ... 95

4.1.3 A Consolidação das Leis Civis e a Lei n. 1.237,

de 24 de setembro de 1864... 98

4.1.4 Código Civil de 1916: descarte do Projeto Revisto ... 101

4.1.5 A tentativa de codificação sob a batuta de Orlando Gomes ... 103

4.1.6 Código Civil de 2002: do anteprojeto, passando pelo

Estatuto da Cidade, ao texto atual... 105

4.1.7 Projeto de Lei n. 6.960/2002... 108

5 O CÓDIGO CIVIL DE 2002: EVIDÊNCIAS DA SUPERAÇÃO DO

MODELO DE 1916 ... 110

5.1 O surgimento dos microssistemas... 114

5.2 A função

participativa

do Código Civil de 2002 ... 119

5.3. Os princípios do Código Civil de 2002... 127

5.3.1 Princípio da socialidade... 128

5.3.2 Princípio da eticidade ... 131

5.3.3 Princípio da operabilidade ... 133

6 A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE NO BRASIL ... 137

6.1 Da

propriedade

do Código Civil de 1916

à função social da

propriedade

do Código Civil de 2002 ... 137

6.1.1 Código Civil de 1916: a propriedade tratada sem olhos à sua

função social (León Duguit e a Constituição de Weimar)... 137

6.1.2 Tratamento constitucional da função social da propriedade: da

Constituição de 1934 à Carta Magna de 1988 ... 142

6.1.3

O Código Civil de 2002 e a função social da propriedade... 145

6.1.3.1

O artigo 1.228, parágrafo 1º:

cláusula geral extensiva

... 146

(12)

6.2 Do direito de superfície e a sua vinculação à concepção de

função social da propriedade... 151

7 O DIREITO DE SUPERFÍCIE NO CÓDIGO CIVIL E NO

ESTATUTO DA CIDADE (LEI N. 10.275/2001): BREVE ANÁLISE DE

DISPOSITIVOS DO NOSSO ORDENAMENTO... 155

7.1 Direito real em qualquer dos corpos legislativos ... 157

7.2 Aspectos objetivos da concessão... 159

7.3 Aspectos subjetivos da concessão... 160

7.4 Aspectos formais da concessão: formas de constituição do

direito de superfície ... 161

7.5 Fixação do prazo da concessão... 166

7.6 Possibilidade de concessão gratuita ou onerosa ... 170

7.7 Responsabilidade pelo pagamento dos encargos e tributos... 172

7.8 Transmissibilidade ampla ... 173

7.9 Direito de preferência ... 175

7.10 Extinção do direito de superfície... 178

7.10.1 Extinção da concessão superficiária por desapropriação judicial .. 182

7.11 Reversão ... 183

7.12 Hipoteca (e situações afins) ... 184

7.13 Da aplicação supletiva do Código Civil (art. 1.377)... 194

7.14 Da resenha das

diferenças

entre o Código Civil e o

Estatuto da Cidade ... 195

7.15 O Código Civil revogou os artigos sobre

superfície

do

Estatuto da Cidade? ... 197

7.16 Nossa posição: necessidade de interpretação sistêmica... 200

8 DA NATUREZA JURÍDICA DO INSTITUTO ... 207

8.1 O direito de superfície e o princípio

superficies solo cedit

... 208

(13)

8.2.1 Breve síntese sobre os desdobramentos permitidos pelo

direito de superfície ... 211

8.2.1.1 O direito real de implantar e sua natureza jurídica

(concessão

ad aedificandum

e

ad plantandum

)... 215

8.2.1.2 Do direito real incidente sobre o implante

(

propriedade superficiária

) e a sua natureza jurídica ... 219

8.2.1.2.1 O implante no plano temporal... 220

8.2.1.2.2

Ius in re propria

ou

ius in re aliena

? ... 221

8.2.1.2.3 A expressão

propriedade superficiária:

uso não unívoco... 222

8.2.1.3 Da corrente

ius in re propria

... 225

8.2.1.4 Da corrente

ius in re aliena

... 229

8.2.1.5 Nossa opinião ... 232

9 OUTRAS CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO INSTITUTO... 242

9.1 É um direito real (exclusivamente) imobiliário ... 242

9.2 É um direito real de natureza temporária ... 243

9.3 É um direito que pode ser transmitido... 245

9.4 É um instrumento de

funcionalização

da propriedade ... 247

9.5 Nosso conceito ... 251

10 ANÁLISE E CONFRONTO COM OUTROS INSTITUTOS... 254

10.1 Direito de superfície x enfiteuse ... 254

10.1.1 Da manutenção residual e especial da enfiteuse... 260

10.2 Direito de superfície x usufruto ... 261

10.3 Direito de superfície x servidão ... 265

10.4 Direito de superfície x locação... 269

10.5 Direito de superfície x direito real de uso

(artigo 7º do Decreto-Lei n. 271/67) ... 270

11 DA RELAÇÃO SUPERFICIÁRIA E SEUS ELEMENTOS ... 275

(14)

11.1.1 Proprietário ... 276

11.1.1.1 Pessoa física ... 277

11.1.1.1.1 O incapaz como proprietário e as regras de proteção ... 277

11.1.1.2 Pessoa jurídica de direito privado ... 281

11.1.1.3 Pessoa jurídica de direito público interno... 281

11.1.1.4 Das “pessoas” sem personalidade jurídica ... 282

11.1.1.5 Condomínio ... 283

11.1.1.6 Promitente comprador ... 285

11.1.2. Superficiário... 289

11.1.2.1 Aspectos gerais ... 289

11.1.2.2 Restrições ao estrangeiro... 289

11.1.2.3 Pessoa jurídica de direito público interno... 292

12 O OBJETO DA CONCESSÃO... 294

12.1 A concessão sob a ótica da

natureza da acessão

... 296

12.1.1 Da superfície vegetal ... 298

12.1.2 Da superfície construtiva ... 302

12.1.3 Da superfície mista ... 306

12.1.4 Da superfície especial ... 307

13 A CONCESSÃO SOB A ÓTICA DA

DINÂMICA SUPERFICIÁRIA

... 310

13.1 Da relação superficiária simples (por cisão) e complexa:

pontos fundamentais ... 311

13.2 Da interpretação dos artigos 1.369 do Código Civil e 21 do

Estatuto da Cidade: possibilidade de concessão

simples

(

por cisão

)

e

complexa

... 313

13.3 Da relação superficiária

simples

(

superfície por cisão

):

particularidades ... 320

13.3.1 Cisão ordinária e cisão qualificada... 320

13.3.2 A superfície por

cisão

e as benfeitorias... 322

(15)

13.4.1 Do direito à reconstrução e replantação: cláusula legal decorrente

da essência do instituto ... 324

14 PLANO TOPOLÓGICO EM RELAÇÃO AO IMÓVEL

(OBJETO DA CONCESSÃO) ... 326

14.1 Plano horizontal: base imobiliária... 327

14.1.1 Imóveis rurais e urbanos ... 327

14.1.2 Possibilidade de concessão parcial: superfície que incide sobre

parte da área do imóvel do proprietário... 328

14.2 Plano vertical: subsolo e espaço aéreo... 331

14.2.1 O subsolo... 333

14.2.2 A concessão superficiária e o espaço aéreo... 340

14.2.2.1 Cessão do espaço aéreo em favor de outro imóvel:

direito de superfície ou servidão?... 341

14.2.2.2 Direito de construir acima do implante:

sobrelevação

(

direito de laje

)... 345

15 CONCLUSÃO ... 357

(16)

Como é de conhecimento geral o Código Civil de 2002 promoveu

alterações na enumeração taxativa dos direitos reais, passando a

contemplar o direito de superfície no ementário respectivo (artigo 1.225, II),

com a tomada de espaço que era antes ocupado pela enfiteuse que, sem

dúvida, teve seu espectro de atuação bem mais limitado

1

. A medida se

aprova, pois, atualmente, o direito de superfície é um instrumento que pode

propiciar

de forma mais útil que a enfiteuse

a circulação de riquezas que

envolvem a propriedade, sendo,

a priori

, acertada a postura do legislador.

2

A opção levada a cabo merece ser alvo de estudo, justificando o

presente trabalho, que tem como objeto a análise do instituto tendo como

pano de fundo sua presença no ordenamento nacional, sobretudo a partir

da ótica do atual Código Civil, realçando seus arrabaldes mais relevantes,

assim como investigando a natureza jurídica da figura e a sua dinâmica

peculiar, capaz de apresentar vários desdobramentos.

1 Nada obstante a retirada da enfiteuse do rol do artigo 1.225, é importante anotar que o Código Civil, em seu artigo 2.038, prevê regra transitória que prestigia as situações já consolidadas até a sua extinção, assim como a possibilidade de uso da enfiteuse nos terrenos de marinha, relação esta que fica fora do âmbito da codificação, sendo regulada por lei especial. Dessa forma, não é correto afirmar peremptoriamente que o Código Civil atual retirou a enfiteuse do cenário jurídico nacional, dado ao vasto campo que haverá para sua aplicação nos terrenos de marinha. Sobre a manutenção da enfiteuse no sistema legal, vale a consulta de Edgard Carlos de Amorim (A enfiteuse à luz do novo Código Civil. 2. ed. Rio de Janeiro; São Paulo; Fortaleza: ABC Editora, 2002, p. 15-18).

(17)

A escassa disponibilidade de material específico vinculado ao tema

3

é, certamente, indicativo que nosso labor poderá ser absorvido como

contribuição para o estudo da figura jurídica em foco. Não pretendemos

firmar as últimas palavras, mas apenas trazer algumas linhas raciocínios

que permitam formar módulo básico em relação ao instituto, pois a nossa

legislação é bem deficiente, encontrando-se muitos vácuos e algumas

contradições, o que gera insegurança na sua aplicação e manejo.

Para seguirmos o caminho tracejado, mister se faz, contudo, a

análise de questões prévias, fundamentais, ao nosso sentir, para o êxito da

empreitada. Explica-se:

Antes de entrar propriamente nas discussões atreladas à natureza

jurídica do direito de superfície (como

tipo

constante do rol dos direitos

reais) ou dos dispositivos legais pertinentes ao tema, cremos que se faz

necessário que se proceda à análise da feição do atual diploma civil

codificado, ainda que de forma breve, pois as suas diretrizes possuem

diferenças acentuadas em relação ao Código Civil de 1916.

Às claras, as direções agora seguidas na codificação

que

fomentam a idéia de que a propriedade reclama uma

função social

, bem

(18)

assim de que é necessária a interação com os

microssistemas

4

demonstram que qualquer missão que pretenda explorar o direito de

superfície demandará análise de questões ligadas às concepções do

Código Civil de 2002, em boa parte das vezes estranhas ao diploma

revogado. Em suma, sem a noção básica da silhueta do atual diploma

codificado, não será possível compreender o instituto em destaque na sua

plenitude.

Assim, faremos breve incursão nos contemporâneos contornos do

Código Civil, em que visaremos realçar o seu diálogo com os

microssistemas, o forte influxo constitucional recebido, que acabou por

gerar nova tríade de princípios (

socialidade

,

eticidade

e

operabilidade

),

sendo o direito de superfície, sem suspeita, uma das várias manifestações

que demonstram o apego à idéia de

função social da propriedade

.

5

Por outro lado, diante da falta de cultura e experiência em relação à

figura jurídica e da existência de parca regulação sobre a matéria no

ordenamento nacional, será necessário que o direito estrangeiro seja

visitado de forma antecedente, pois tal providência permitirá projetar as

balizas desenvolvidas em outras nações para nosso sistema, sendo

possível aferir a viabilidade (ou não) de absorver alguns experimentos e

interpretações sobre questões que abrem espaço para controvérsias, assim

4 No particular, o diálogo com o Estatuto da Cidade (Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001) é intuitivo, diante da regulação do instituto também por aquele corpo legal.

(19)

como,

lege ferenda

, refletir acerca de possíveis intervenções legislativas no

futuro para o aperfeiçoamento do instituto.

6

Dessa forma, as nossas posições sobre as características do direito

de superfície ficarão reservadas para os capítulos posteriores às tais

obrigatórias abordagens, haja vista que estas explorações iniciais formarão

pilares para que a segunda parte seja exposta de forma mais estabilizada,

dando suporte para a colocação das idéias defendidas.

(20)
(21)

O instituto que iremos estudar possui uma configuração muito

própria, sendo seu detalhamento efetuado ao longo do tempo, sofrendo

mutações e ajustes desde as suas primeiras notícias. Para

compreendermos o papel que o direito de superfície pode desempenhar

atualmente no nosso ordenamento, cremos ser relevante a sua análise

evolutiva, missão que merece ser feita através de um breve passeio sobre

os registros históricos mais importantes da figura jurídica.

2.1 Raízes romanas

O direito de superfície tem sua origem no direito romano

7

, razão

pela qual a nossa narrativa histórica se inicia com tal ponto de partida,

(22)

seguindo a linha mais sedimentada na doutrina que se debruça para a

análise das fontes e raízes da figura em comento.

8

Arhañaras, 4. ed. Buenos Aires: Tipografía Editora Argentina, 1959, v. 3, p. 612); Héctor Lafaille (Tratado de los derechos reales. Buenos Aires, Compañía Argentina de Editores, 1944, v. 2, p. 376); Luis M. Valiente Noailles (Derechos reales. Buenos Aires: Roque Depalma, 1958, p.19); Marina Mariani de Vidal (Curso de derechos reales. Buenos Aires: Zavalia, 2000, v. 2, p. 380); Beatriz Aréan (Derechos reales. 6. ed. Buenos Aires: Hammurabi, 2003, v. 2, p. 695); Alejandro Borzutzky Arditi (El derecho de superficie. Santiago de Chile: Andrés Bello, 1972, p. 29-59); Roland Ruedin (Le droit réel de superfície. Neuchâtel: Ides et Calendes, 1969, p. 48-49).

(23)

De início, a propriedade se apresentava, para os romanos, como um

poder absoluto da pessoa sobre a coisa, um verdadeiro domínio, uma

autêntica dominação. É um poder único, absoluto, exclusivo (porque

somente o proprietário podia dispor da coisa), perpétuo (somente havia a

perda da propriedade por um ato de vontade) e oponível

erga omnes

.

9

O

poder dominial

permitia, inclusive, destruir a própria coisa

10

. Era o

direito mais absoluto e exclusivo sobre a coisa. Enfim, tudo era permitido ao

dominus

, pois lhe cabia não só o

jus utendi

(direito de usar) e o

jus fruendi

(direito de fruir, perceber os frutos e produtos da coisa), mas também o

jus

abutendi

(direito de abusar, de dispor da coisa como aprouvesse), sem ser

um abuso de direito

11

. Não interessava ao romano o que poderia acontecer

com a coisa, nem os danos que sua destruição poderia ocasionar ao

vizinho ou à coletividade

12

. A propriedade, como se vislumbra, tinha nítido

cunho individualista, personalíssimo.

Os romanos entendiam que tudo que estava sobre o solo se

incorporava necessariamente, por direito natural, ao seu proprietário. Este

era o princípio

superficies solo cedit

, traduzido nas regras da acessão

imobiliária. Assim, àquela época, como corolário deste sistema, não se

concebia a propriedade da construção separada da propriedade do solo.

Logo, tudo que fosse edificado sobre o solo a ele se agregaria e passaria a

pertencer exclusivamente ao seu proprietário.

13

advertência de Vicente Guilarte Zapatero: “Resulta incierto el origen del derecho de superficie” (El derecho de superfície. Pamplona: Aranzadi, 1966, p. 5-6, nota de rodapé n. 11).

9 Muito embora alguns autores entendam, em razão desta noção de propriedade, que havia um “direito subjetivo ”absoluto à propriedade no direito romano, sabe-se hoje, com os estudos de Michel Villey e outros romanistas contemporâneos, que aos romanos faltava a noção de direito subjetivo, originada apenas na idade média da pena de Guilherme de Ockan” (Michel Villey: La gênesis del derecho subjetivo em Guillermo de Occam. In: Estudios en torno a la nocion de derecho subjetivo. Valparaíso: Ediciones Universitárias de Valparaíso, 1976. cap. 6, p. 151-190). 10 Affonso Paulo Guimarães (Noções de direito romano. Porto Alegre: Síntese, 1999, p. 103). 11 Affonso Paulo Guimarães (Noções de direito romano. Porto Alegre: Síntese, 1999, p. 103). 12 José Cretella Júnior (Curso de direito romano. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1970, p. 146). 13 Por tal passo, Andréa Paladini afirma que: “L’istituto della superficie fu, all’inizio, streettamente

(24)

Em suma, para o direito romano vigia de forma firme a diretriz de

que a superfície pertencia ao proprietário do solo, de modo que tudo que

sobre aquele fosse lançado estaria na direta esfera patrimonial do

proprietário (

superficies solo cedit

;

solo cedit quod solo inaedificatur; solo

cedit quaod implantatur

).

14

Não obstante, o poder de expressar esse domínio absoluto do

proprietário sobre sua coisa não era totalmente invulnerável

15

. Desde a lei

das XII Tábuas já podiam se observar algumas restrições

16

. Era também

delimitado através do direito de vizinhança

17

, da obrigatoriedade de não

poder construir em todo o terreno, devendo o proprietário deixar certo

espaço livre ao seu entorno, para circulação.

Ademais, o direito de propriedade, que conferia a seu titular um

poder absoluto e pleno sobre a coisa, tutelado pela

vindicatio

, sofreu

numerosas transformações do longo período em que vigorou o direito

romano, a partir da antiga concepção, poder ilimitado e soberano,

profundamente individualista, até a concepção justinianéia, arejada em

14 Correta, portanto, a remissão de Wilson de Souza Campos Batalha às Institutas, confira-se: “Por direito romano, conforme já assinalamos, a superfície pertencia ao proprietário do solo – superfícies solo cedit. Em conseqüência, pertencia ao proprietário do solo tudo o que sobre ele plantasse ou edificasse – solo cedit quod solo inaedificatur – solo cedit quod implantatur. Eis os textos: Praeterea id quod in solo nostro ab aliquo aedificatum est, quamvis ille suo nomine aedificaverit, iure naturali nostrum fit, quia superficies solo cedit. Multoque magis id accidit et in planta quam quis inj solo nostro posuerit, si modo radicibus terram complexa fuerit. Idem contingit et in frumento quodo in solo nostro ab aliquo satum fuerit (GAIUS, Inst., Livro II, parágrafos 73-5; Digesto, Livro XLI, título I, frag. 7, parág. 10). Cum in suo solo aliquis ex aliena matéria aedificaverit, ipse intelligitur dominus aedificii, quia omne quod inaedificatur solo cedit... Ex diverso, si quis in alieno solo sua materia domum aedificaverit, illius fit domus cuius et solum est... Si Titius alienam plantam in solo suo posuerit, ipsius erit; et ex diverso si Titius suam plantam in Maevii solo posuerit, Maevii planta erit: si modo utroque casu radices egerit... rationem enim non permittere ut alterius arbor esseintelligatur, quam cuius in fundum radices egisset. Qua ratione autem plantae quae terrae coalescunt, solo cedunt, eadem ratione frumenta quoque quae sata sata sunt, solo cedere intelliguntur (JUSTINIANUS, Instit., Livro II, tít. I, parágrafos 29-32)” (Loteamentos e condomínios: sistema jurídico da propriedade fracionada. São Paulo: Max Limonad, 1953, v. 2, p.15).

15 José Cretella Júnior (Curso de direito romano. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1970, p. 146). 16 José Carlos Moreira Alves elenca as limitações estabelecidas na Lei das XII Tábuas (Direito

romano. 4. ed. rev. e acresc. Rio de Janeiro: Forense, 1978, v. 1, p. 389-390).

(25)

certa medida, por um novo sentido social

18

. Assim, com o passar do tempo,

pois, o traço individualista da propriedade no direito romano vai sofrendo

continuas atenuações, cedendo lugar a penetração do elemento social.

Diante deste cenário histórico, o conceito de domínio fulcrado na

concepção da matriz

superficies solo cedit

causava, segundo o professor

luso Santos Justo

19

, graves inconvenientes ao desenvolvimento das

civitas

,

cujo solo era propriedade do

populus Romanus

, de algumas instituições

públicas e de uns poucos

cives

.

O direito de superfície inicia seu estágio embrionário para corrigir

determinadas conseqüências do conceito romano de domínio, que as

transformações tornavam anti-econômicas

20-21

, até porque a partir de

determinado momento histórico não se podia fechar os olhos para a uma

nova realidade que se sedimentou em Roma, fruto do desenvolvimento –

em aspectos diversos – e dos avanços alcançados.

22

18 José Cretella Júnior (Curso de direito romano. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1970, p. 145). 19 A. Santos Justo (Direito privado romano: direitos reais. v. 3. Coimbra: Coimbra Editora, 1997, p.

210).

20 Conforme Ebert Chamoun (Instituições de direito romano. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1957, p. 277). Sobre este aspecto, ainda, Alessandro Barca e Corrado Marvasi afirma que: “la superficie si è cosi presentata come uma soluzione empirica per l’impiego della ricchezza fondiaria”. (La superfície. Milano: Giuffrè, 2004, p. 11 − Il Diritto Privato Oggi. Serie a cura di Paolo Cedon).

21 Assim, a origem e a posterior evolução do direito de superfície até sua configuração como direito real foram determinadas pela concorrência de várias causas. Com tal pensamento Alejandro Borzutzky Arditi, afirma que: “(...) la concepción del dominio como absoluto señorío sobre la cosa y los resultados antieconómicos que derivan de tal concepción; especiales circunstancias del suelo romano que dificulta su adquisición por los particulares; y la que se estima como la causa fundamental de la aparición de las primeras manifestaciones superficiarias, la necesidad que se va sintiendo de resolver problemas de habitación y de instalaciones para el desenvolvimiento de actividades mercantiles en los núcleos urbanos” (El derecho de superficie. Santiago de Chile: Andrés Bello, 1972, p. 30). Próximo, confira-se: Cirilo Martin-Retortillo (El derecho de superficie según la ley del suelo. Madrid: Reus, 1964, p. 4-5). 22 No sentido, é interessante a observação de Rima Gorayb: “O quadro que se nos apresenta, em

(26)

Até a formação da célula do instituto que se rótulo de direito de

superfície, soluções foram sendo criadas no direito romano, lapidando-se

os contornos até que se firmassem os pilares para a construção do direito

real ora em estudo.

23-24

Saliente-se, outrossim, que a figura surgiu, primeiramente, no direito

público

25

, até mesmo porque, inicialmente, o número de propriedades

particulares não eram, inicialmente, expressivas

26

, sendo, de outra banda,

uma boa solução para o Poder Público para a ocupação sadia (produtiva)

de seus domínios, cujos frutos acabavam por se reverter, direta e

indiretamente, para a própria “Roma”.

27

23 No sentido, José Guilherme Braga Teixeira lembra que: “As conquistas territoriais que foram sendo feitas pelos romanos acarretaram enorme ampliação dos lindes do Império, aparecendo as grandes propriedades (latifundia). A necessidade de fixar pessoas nas terras conquistadas, a fim de garantir tais terras em favor de Roma, levou os romanos a facilitarem a ocupação e cultivo delas À vista disso, enquanto se aplicava o ager vectigalis na parte ocidental do Império, na parte oriental apareceram novas formas de arrendamento: o ius emphyteuticam, quando temporário, e o ius perpetuum, quando perpétuo, ambos concedidos mediante o pagamento de um cânon anual e, afinal, fundidos numa só espécie de concessão, denominada emphyteusus, cuja natureza jurídica o imperador Zenão decidiu não ser a de compra e venda, nem a de arrendamento, senão a de um direito autônomo e sui generis (o de enfiteuse), com o qual Justiniano veio a fundir o ager vectigalis.” (O direito real de superfície: origem e desenvolvimento da superfície. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993, p. 17).

24 Durante os primeiros períodos do direito romano, o direito de superfície não chegou a constituir um ‘negócio jurídico’ independente, autônomo. Ele se desenvolveu como um direito pessoal, primeiramente, através da concessão de terrenos públicos e, posteriormente, incidiu no âmbito das relações entre os particulares, notadamente através de arrendamento. Tanto assim que Diana Coelho Barbosa afirma que “tal qual a enfiteuse, a superfície se assemelhava à locatio vectigalis e, durante séculos, não se pode diferenciar estes dois institutos” (Direito de superfície à luz do Estatuto da Cidade. 2. tiragem. Curitiba: Juruá, 2002, p. 23). Próximos, ainda que bem sintéticos, confira-se: Cirilo Martin-Retortillo (El derecho de superficie según la ley del suelo. Madrid: Reus, 1964, p. 6) e Raymundo M. Salvat (Tratado de derecho argentino: derechos reales. Actual. por Manuel J. Arhañaras. 4. ed. Buenos Aires: Tipografia Editora Argentina, 1959, v. 3, p. 612).

25 Por todos, confira-se: Jose Luis de los Mozos (El derecho de superficie en general y en relación con la planificación urbanistica. Madrid: Ministerio de la Vivienda, 1974, p. 22).

26 No entanto, com o passar dos anos e uma aferição mais marcante da propriedade privada, o instituto também passou a ser utilizado pelos particulares. Com o quadro, Andréa Paladini faz a seguinte observação: “(...) quando il solo era pubbico (del populus romanus o anche di municipia e di altre comunità locali), si ammise che un privato potesse ottenere dal magistrato competente la facoltá do construire e de godere in modo exclusivo la construzione. Più tardi, a partire dal I o II secolo d. Cr. (e quindi ancora in epoca clasica), sotto la pinta dello sviluppo edilizio, anche proprietari di sollo privato fecere analoghe concecion.” (Superficie: diritto romano. In: NOVISSIMO digesto italiano. Torino:Torinese, 1957, v. 18, p. 942).

(27)

Em resenha apertada, tem-se que o Estado (e “as cidades”),

buscaram prontamente o meio de utilizar certos terrenos que faziam parte

de seus domínios, ‘arrendando-os’ (perpetuamente ou a longo prazo) para

pessoas que tinham o direito de efetuar implantes (e de desfrutá-los)

mediante um preço, chamado de

pensio

ou

solarium

28

. Introduziu-se, pois,

no direito, o uso de conceder a particulares o direito de edificar o solo

público e gozar da construção, perpetuamente ou não

29

, mediante o

pagamento de uma anuidade.

30

Os magistrados romanos passaram a conceder concessões aos

particulares, de modo a permitir-lhes que fossem erigidas edificações sobre

o solo público, ao longo de estradas ou em praças públicas

31

. Tornaram-se

famosas as autorizações a banqueiros, a fim de que pudessem construir

tabernae

– lojas

para aí exercerem suas atividades.

32

Não se conhece, com exatidão, acerca do regime jurídico destas

concessões, já que os textos silenciam a respeito. Conjectura-se que essas

concessões se faziam mediante contratos de arrendamento disciplinados

28 Conforme Eugène Henri Joseph Petit (Tratado elementar de direito romano. Tradução de Jorge Luís Custódio; adaptação e notas de Ricardo Rodrigues Gama. Campinas: Russel, 2003, p. 385). Próximo: José Puig Brutau (Fundamentos de derecho civil: derecho de cosas. Barcelona: Bosch, 1953, v. 3, p. 504).

29 Ebert Chamoun (Curso de direito romano. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1957, p. 277-278). 30 Muito embora as referências históricas façam alusão mais destacada às construções, não se

pode negar que o direito de superfície em sua fase embrionária possuiu forte ligação com as plantações, eis que não se pode desprezar a figura do ius in agro vectigali. Atento a tal situação, Washington Rocha de Carvalho faz o seguinte registro: “(...) para o surgimento da superfície teve importante papel o instituto do ius in agro vectigali, que permitia, em especial na parte ocidental do império romano, o arrendamento a terceiros, por prazo determinado ou perpétuo, de terras pertencentes ao Estado, aos Municípios e as Associações Religiosas, para que ocupassem e as cultivassem, efetuando um pagamento anual (vectigal) em favor dos proprietários. Tal prática, mais adiante, também começou a ser difundida entre os particulares, o que ampliou a aplicação desta modalidade e arrendamento” (O direito de superfície no Código Civil e no Estatuto da Cidade. Dissertação (Mestrado em Direito) − Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2005, p. 38).

31 Conforme se depreende dos textos de Artur Oscar de Oliveira Deda (Direito de superfície. In: ENCICLOPÉDIA Saraiva do Direito. Coordenação de Rubens Limongi França. São Paulo: Saraiva, 1979, v. 26, p. 338) e José Carlos Moreira Alves (Direito romano. 4. ed. rev. e acresc. Rio de Janeiro: Forense, 1978, v. 1, p. 470).

(28)

pelo direito público

33

, sendo o concessionário protegido pelo

interdictum de

loco publico fruendo

34

. Esse uso, como já alertado, foi seguido pelos

Municípios e pelos particulares, ampliando-se a aplicação dos institutos

para terrenos privados.

35

Note-se que, pelas regras basilares do direito romano, aquele que

teria uso do terreno de outro não seria proprietário do edifício que

construíra, tendo limitações, inclusive, quando na disputa com o proprietário

do terreno. Mas, ao se elaborar aquilo que mais tarde seria o direito de

superfície, os direitos do concessionário, com relação ao edifício,

aproximavam-se dos poderes de proprietário (uso, gozo e fruição). Daí

pode-se concluir que o concessionário tinha poderes em relação às

acessões muito próximos ao de proprietário, mas estes eram sobre bem

pertencente ao último, incidindo o dogma da

superficie solo cedit

,

imediatamente e de pleno direito, assim que fosse extinta a concessão.

36

Mantendo-se o princípio

superficie solo cedit

, em razão do vínculo

pessoal que se criava entre partes envolvidas (proprietário e

concessionário), eram fixadas regras para as suas relações

37

, cabendo o

respeito destas por ambos contratantes. No entanto, essas obrigações

tinham proteção (apenas) por ações pessoais, não tendo tais concessões

(ainda) a potência de um direito real

38

. Assim, se o concessionário era

33 José Carlos Moreira Alves (Direito romano. 4. ed. rev. e acresc. Rio de Janeiro: Forense, 1978, v. 1, p. 470); A. Santos Justo (Direito privado romano: direitos reais. Coimbra: Coimbra Editora, 1997, v. 3, p. 212). Próximo: José Puig Brutau (Fundamentos de derecho civil: derecho de cosas. Barcelona: Bosch, 1953, v. 3, p. 504).

34 A. Santos Justo (Direito privado romano: direitos reais. Coimbra: Coimbra Editora, 1997, v. 3, p. 212).

35 No sentido: Héctor Lafaille (Tratado de los derechos reales. Buenos Aires: Compañia Argentina de Editores, 1944, v. 2, p. 376).

36 José Guilherme Braga Teixeira (O direito real de superfície: origem e desenvolvimento da superfície. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993, p. 20).

37 A. Santos Justo (Direito privado romano: direitos reais. Coimbra: Coimbra Editora, 1997, v. 3, p. 211).

(29)

perturbado pelo proprietário no uso e gozo do implante, podia apenas

reclamar-lhes os danos e interesses através da ação

conducti

, e se era

perturbado por terceiros

39

, podia apenas obter do proprietário a cessão de

suas ações

40

. Não havia nenhuma proteção real ao concessionário.

41

A superfície foi adquirindo natureza de direito real na medida em

que foi surgindo a necessidade de uma tutela mais eficaz para este direito.

Deste modo, em razão da precariedade do sistema até então adotado,

houve a intervenção do pretor, outorgando distintos remédios ao

superficiário a fim de dotar de uma maior garantia a sua situação, que até

então era derivada de um mero vínculo pessoal.

Com tal norte, o pretor sancionou, em benefício do superficiário, a

primeira proteção efetiva: o interdito de superfície (

interdictum de

superficiebus

42

D.

43,18,1 pr. e 2)

43

, que se apresenta como um

verdadeiro interdito proibitório, concedido àquele para manter-se na posse

das construções, concedido com o fito de evitar possíveis perturbações de

terceiros

44

. Na dicção de Ebert Chamoun

45

, o interdito “protegia a posse de

superficiario pudiera defenderse directamente frente a terceros sin tener que recurrir a la mediación del arrendador (D. 43, 18, 1 pr.)” (Fundamentos de derecho civil: derecho de cosas. Barcelona: Bosch, 1953, v. 3, p. 504).

39 Com a mesma observação, confira-se Rima Gorayb (O direito de superfície. São Pauilo: Quartier Latin, 2007, p. 23).

40 Segundo Eugène Henri Joseph Petit: “o proprietário do terreno é quem tem a propriedade da superfície, quer dizer das edificações construídas sobre seu terreno. (...), se o concessionário era perturbado em seu gozo pelo proprietário, podia apenas reclamar-lhe os danos e interesses pela ação conducti, e se era perturbado por terceiros, obter do proprietário a cessão de suas ações (L. I., § 1°, D., de superf., XLIII. 18).” (Tratado elementar de direito romano. Tradução de Jorge Luís Custódio; adaptação e notas de Ricardo Rodrigues Gama. Campinas: Russel, 2003, p. 386).

41 Segundo Francisco Salinas Quijanda: “Tratándose de una relación contractual, sólo vinculaba a las partes, y su sanción se lograba por la actio del propio negocio” (Derecho civil de Navarra: derecho de cosas, derechos reales limitados. Pamplona: Gomes, 1974, v. 3, p. 19).

42 Affonso Paulo Guimarães (Noções de direito romano. Porto Alegre: Síntese, 1999, p. 124). 43 Dada a sua importância, o interdito de superficiebus é citado por Jerônimo González como um

dos marcos para a edificação final do instituto e sua diferenciação para figuras até então assemelhadas (El derecho real de superficie. Madrid: Libreria General de Victoriano Suárez, 1992, p. 17).

44 José Cretella Júnior (Curso de direito romano. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1970, p. 195). 45 Conforme Ebert Chamoun (Instituições de direito romano. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1957,

(30)

quem quer que tivesse o gozo do edifício

nec vi nec clam nec precario

autorizado por um contrato de locação do solo”.

46-47

A aparição no cenário do

interdictum de superficiebus

foi um passo

fundamental passo no caminho da configuração do instituto da superfície

como um direito real

48

. José Puig Brutau - ao se manifestar sobre o

interdictum de superficiebus –

afirma que:

“Con ello el superficiario todavía no era titular de un verdadero derecho real, pero ya tenía protegido su interés en forma enérgica contra todos mientras la relación interna que mantenía con el propietario del suelo le permitiera el uso de la edificación o el aprovechamiento de la plantación. Poco a poco la posición del superficiario se aproximó a la del titular de un derecho real, pues se le concedieron acciones utiles para la defensa de su derecho a imagen de la protección de la propiedad”.49

O direito romano avançou ainda mais e atribuiu à superfície

natureza de direito real

50

, e não mais um direito pessoal, como outrora, pois

na fase o Direito Justinianeo muniu o instituto de ação real

51

(D. 6, I, 75).

Jayme Landim. São Paulo: Max Limonad, 1955, v. 11, t. 1, p. 405), afirmando que o direito helênico admitia a propriedade do supersolo distinta da do solo, razão pela qual Justiniano concedeu ao superficiário as utiles in rem actiones, análogas às outras ações reais destinadas à proteção da propriedade.

46 Tal fato, segundo José Guilherme Braga Teixeira: “(...) deu ao direito do arrendatário (que era apenas pessoal) o primeiro colorido de um direito real, dignidade que irá obter, mais tarde, com o surgimento, no direito justinianeu, do ius in re aliena superfícies – um instituto autônomo, munido de actio in rem (actio de superficie), estendido ao superficiário, utilitatis causa, meios de proteção próprios do proprietário, tais como ações confessória e negatória”. (O direito real de superfície: origem e desenvolvimento da superfície. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993, p. 18-19). 47 De forma bem detallada, confira-se: Jose Luis de los Mozos (El derecho de superficie en general

y en relación con la planificación urbanistica. Madrid: Ministerio de la Vivienda, 1974, p. 32-38). 48 Em apoio a nossa fala, Rima Gorayb afirma: “Difícil precisar historicamente quando a superfície

adquire status de direito real. Sabemos que foi por mérito e obra do ius praetorium, que, buscando a equidade, procurou suavizar a inflexibilidade do ius civile, em relação ao princípio da acessão. Ele lhe conferiu um interdito especial e as utiles actiones, análogas às ações dos proprietários e que o Pretor só concedia depois de conhecida a causa (‘causa incógnita’). Isso parece ter ocorrido no tempo de Paulo, que faz referência, dizendo que hoje o superficiário já tinha uma ‘actio utilis’. O que demonstra que antes não havia e que essa inovação era recente” (O direito de superfície. São Paulo: Quartier Latin, 2007, p. 29).

49 Fundamentos de derecho civil: derecho de cosas. Barcelona: Bosch, 1953, v. 3, p. 505.

50 A. Santos Justo (Direito privado romano: direitos reais. Coimbra: Coimbra Editora, 1997, v. 3, p. 211-212).

(31)

Para Afonso Paulo Guimarães, permitiu-se, a utilização de uma verdadeira

ação: a

actio in rem

, que podia ser invocada contra terceiros ou contra o

próprio proprietário do solo.

52-53-54

Portanto, é no período do Direito Justinianeo que o instituto veio a

ganhar autonomia como direito real a partir da outorga, pelo pretor, ao

superficiário, de mecanismos maiores de proteção de seu direito, tendo sido

enquadrado entre os direitos sobre coisa alheia

55

, mitigando-se, no

particular, o clássico princípio

superficies solo cedit

.

56-57

Estenderam-se em benefício do superficiário, além das ações

oriundas das relações de vizinhança, todos os meios de proteção de que

podia se valer o proprietário em sua proteção

58

, a exemplo da

actio

confessoria

(para afirmar o direito), a

actio negatoria

(para negar a

con el mismo carácter de flexibilidad que adquiere con la vulgarización. (...)” (El derecho de superficie en general y en relación con la planificación urbanistica. Madrid: Ministerio de la Vivienda, 1974, p. 49).

52 Affonso Paulo Guimarães (Noções de direito romano. Porto Alegre: Síntese, 1999, p. 124). 53 Francisco Salinas Quijanda, sobre o tema, leciona que: “Este ya derecho de superficie, en el

Derecho justinianeo, culmina en un proceso que, iniciado quizás en la época clásica, lo consagra como derecho real, elevado a esta categoría por la sanción que le dio la actio in rem, así como todos los recursos normalmente otorgados a los propietarios” (Derecho civil de Navarra: derecho de cosas, derechos reales limitados. Pamplona: Gomes, 1974, v. 3, p. 20).

54 Às claras, em tal momento fica mais evidente a separação em relação às situações de arrendamento (firmada em direito puramente pessoal), pois, segundo Héctor Lafaille: “(...) intervino el pretor con remedios que apartaron tal categoría del arrendamiento común: el interdicto ‘de superficie’ y una ‘actio in factum’, calca sobre la reivindicatoria con lo cual venía quedar colocado en el mismo plano que los derechos reales ya que dicha acción y otras análogas revestían calidad persecutoria, aun con respecto al dueño de la cosa” (Tratado de los derechos reales. Buenos Aires, Compañia Argentina de Editores, 1944, v. 2, p. 376).

55 Como boa síntese, confira-se: Roberto Blanquer Úberos (Acerca del derecho de superficie. Madrid: Consejo General del Notariado, 2007, p. 18-19).

56 Confira-se, no aspecto: António de Menezes Cordeiro (Direitos reais. Reimpressão da edição de 1979. Lisboa: Lex, 1993, p. 707); Lino Salis (La superficie. In: VASSALI, Filippo (Dir). Tratado de diritto civile italiano. Torino: UTET, 1954, v. 4, p. 2); Giovanni Giacobbe (La superfície. Milano: Giuffré, 2003, p. 10-13); e Mario Zaccagnini e Antonio Palatiello (Enfiteuse. Superfície. Oneri reali. Napoli: Jovene, 1984, p. 236-237).

57 Vale, contudo, a ressalva bem lançada por José Puig Brutau: “Téngase en cuenta que esta concepción fundamental de la superficies romana no dejó de ser considerada compatible con la regla superficies solo cedit. Ele derecho real de superficie acabo por ser en Derecho romano, un derecho real en cosa ajena y no una propiedad del edificio yuxtapuesta o superpuesta a la propiedad del suelo” (Fundamentos de derecho civil: derecho de cosas. Barcelona: Bosch, 1953, v. 3, p. 505-506).

(32)

existência de gravames sobre o objeto deste direito), dentre outras

59

.

Segundo a firme dicção, de A. Santos Justo, o “superficiário era protegido

com todas as

actiones

e expedientes concedidos ao proprietário,

nomeadamente, gozava de uma

vindicatio utils

60

, da

servitutis vindicatio

61

,

podia exigir a prestação da

cautio dammi infecti

62

, fazer a

novi operis

nuntiatio

63

, etc. E podia ser demandado com todas as

actiones

expedientes

ordinariamente concedidos contra os proprietários”.

64-65

Desde então, é assente que o superficiário foi investido

efetivamente de um direito real que podia ser alienado entre vivos,

hipotecar e transmitir aos seus herdeiros

66

.O direito do superficiário, pois,

era amplo, e até mesmo o pagamento do

solarium

parecia não ser

essencial à superfície

67-68

. Com enfoque nas características básicas da

figura no direito romano, Gaetano Siascia, livre docente de Direito Romano

da Universidade de Roma, conceitua a superfície como sendo:

59 José Carlos Moreira Alves (Direito romano. 4. ed. rev. e acresc. Rio de Janeiro: Forense, 1978, v. 1, p. 470)

60 Cfr. D., 43, 18, 1 pr., 1 e 3. 61 Cfr. D. 39, 1, 3, 3.

62 Cfr. 39, 2, 13, 8; 39, 2, 39,2. 63 Cfr. D., 39, 1, 3, 3.

64 Direito privado romano: direitos reais. v. 3. Coimbra: Coimbra Editora, 1997, p. 212.

65 Sobre o tema, Attilio Guarneri afirma que: ”Nel dirrito postclassico e giustinianeo il principio di accessione dell’edificio al suolo, di cui a brocardo ‘superficies solo cedit’ acquisisce ulteriore flessibiità anche per la massiccia recezione dei modelli ellenistici, cui è totalmente sconosciuto. Il superficiario beneficia correlativamente di un accrescimento delle tutele giudiziarie della propria situazione soggettiva e si vede riconoscere, accanto all’interdictum de superficiebus, anche i rimedi tradicionalmente competendi al proprietario, quali, ad esempio, la vindicatio servitutis, l’actio confessoria, quella negatoria, la cautio damni infecti, l’operis novi nunciatio, láctio aquae pluviae arcendae” (La superficie: Il Codice Civile commentario: artt. 952-956. Milano: Giuffrè, 2007, p. 3).

66 Eugène Henri Joseph Petit (Tratado elementar de direito romano. Tradução de Jorge Luís Custódio; adaptação e notas de Ricardo Rodrigues Gama. Campinas: Russel, 2003, p. 386). 67 Este é o entendimento esposado por Ebert Chamoun (Instituições de direito romano. 3. ed. Rio

de Janeiro: Forense, 1957, p. 278).

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