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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO DEPARTAMENTO DE LINGUAGENS E CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS LIBRAS

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

DEPARTAMENTO DE LINGUAGENS E CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS LIBRAS

FRANCISCO LUCAS DIAS NUNES

ANÁLISE DE DISPOSITIVOS LEGAIS PARA O ENSINO DE SURDOS: ALGUNS APONTAMENTOS

CARAÚBAS – RN

2019

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FRANCISCO LUCAS DIAS NUNES

ANÁLISE DE DISPOSITIVOS LEGAIS PARA O ENSINO DE SURDOS: ALGUNS APONTAMENTOS

Monografia apresentada a Universidade Federal Rural do Semi-Árido como requisito para obtenção do título de Licenciado em Letras Libras.

Orientadora: Profa. Dra. Simone Maria da Rocha.

CARAÚBAS - RN

2019

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© Todos os direitos estão reservados a Universidade Federal Rural do Semi-Árido. O conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade do (a) autor Genildo Agripino de Araújo, sendo o mesmo, passível de sanções administrativas ou penais, caso sejam infringidas as leis que regulamentam a Propriedade Intelectual, respectivamente, Patentes: Lei n° 9.279/1996 e Direitos Autorais: Lei n° 9.610/1998. O conteúdo desta obra tomar-se-á de domínio público após a data de defesa e homologação da sua respectiva ata. A mesma poderá servir de base literária para novas pesquisas, desde que a obra e seu (a) respectivo (a) autor (a) sejam devidamente citados e mencionados os seus créditos bibliográficos.

O serviço de Geração Automática de Ficha Catalográfica para Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC´s) foi desenvolvido pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP) e gentilmente cedido para o Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (SISBI-UFERSA), sendo customizado pela Superintendência de Tecnologia da Informação e Comunicação (SUTIC) sob orientação dos bibliotecários da instituição para ser adaptado às necessidades dos alunos dos Cursos de Graduação e Programas de Pós-Graduação da Universidade.

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Dedico este trabalho, ao meu avô José Nunes Cavalcante, (in

memoriam), por ter sido meu grande incentivador, desde pequeno, a

estudar, dando conselhos que me fizeram seguir adiante e também por

ter acreditado em mim até seus últimos dias de vida.

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AGRADECIMENTOS

Neste momento quero agradecer de forma singela, aos que de alguma forma direta ou indiretamente demonstraram apoio. Confesso que é até difícil citar cada nome, pois pode ocorrer de ser injusto e esquecer alguém, mas primeiramente gostaria de agradecer ao Deus que me provê, por ter me concedido a oportunidade de cursar Letras Libras numa universidade pública e de elevado conceito como a UFERSA.

À minha família, em especial minha mãe Helena Gomes Dias que é uma grande mulher batalhadora, honesta, e que me ensinou valores como ser humano.

Aos meus irmãos Joana Dias, Welton Dias e Welma Dias, em especial, por sempre estar do meu lado me apoiando e me incentivando, me dando suporte durante cinco anos de jornada acadêmica.

Aos meus amigos, de perto e de longe, não vou citar nomes para não cometer a injustiça de esquecer de algum, mas vocês sabem que é a vocês minha gratidão, essa segunda família que Deus me deu.

Ao meu querido Sherman Murillo Suassuna, ele quem mais me “aturou” nesses anos de estudos, estresses, mas que sempre me apoiou e acreditou em mim, sempre me trazendo palavras de estímulos e determinação, para você, meu muito obrigado por todo amor e apoio doado a mim.

Aos meus colegas, como sempre cito, “de guerra”, que são meus companheiros de curso, Aliane Souza, Camila Targino, Joseany Holanda, Krisia Yama, Gilmara Jales, Genildo Agripino, Uberlânia Souza, Tárcia Tamara, foram muitos momentos de estudos, risadas, brincadeiras, brigas, choro, estresses, desafios e companheirismo: obrigado a todos vocês por fazerem parte de minha historia acadêmica.

Aos meus professores do curso de Letras Libras, obrigado pela dedicação, paciência, concelhos e por compartilhar da melhor forma, seus conhecimentos conosco, pelos horários extras de seus atendimentos, que Deus os abençoe de forma muito especial a cada um.

E, por fim, não podia deixar de agradecer especialmente a essa professora inspiradora,

minha orientadora, Dra. Simone Maria da Rocha, pela sua paciência, carinho, disponibilidade,

(7)

respeito, responsabilidade e seriedade, por compartilhar suas experiências incríveis, seus conhecimentos para comigo e compreender meus simples escritos.

A todos vocês meus sinceros agradecimentos, e saibam que vocês são muito especiais

para mim, e que sem vocês eu não seria tão feliz.

(8)

Uma língua é um lugar donde se vê o Mundo e em que se traçam os limites de nosso pensar e sentir.

Vergílio Ferreira

(9)

RESUMO

O presente trabalho apresenta como eixo de discussão um debruçamento sobre dispositivos legais que respaldam os direitos dos surdos à educação e aos processos formais de ensino. A Constituição Federal de 1988 aponta para a garantia de direitos educacionais dos surdos – e também das demais pessoas com deficiência –, o que, infelizmente, não foi suficiente para dar conta das necessidades específicas da comunidade surda, que vem, cada vez mais, ganhando espaço social. Diante de tal problemática, indagamos: o que está assegurado do ponto de vista legal para a educação de surdos no Brasil? No intuito de elaborar ponderações reflexivas nos propomos analisar a Lei 13.146/2015 da pessoa com deficiência - LPI, a Lei de Libras 10.436/2002 e o Decreto 5.626 de 22 de dezembro de 2005, com o objetivo de captar o que preconizam esses dispositivos e refletir com eles a educação de surdos, do ponto de vista legal. Trata-se de uma investigação qualitativa, na qual utilizamos a análise documental, baseada em orientações de Lüdke e André (1986), Moreira (2002) e Lakatos (1991). A partir das análises dos dispositivos legais pudemos identificar avanços concernentes a presença social da comunidade surda, legitimada pelo reconhecimento do termo surdez e da identidade cultural do surdo, bem como a Libras como segunda língua oficial do Brasil. Percebemos que a Libras surge nos dispositivos legais, inicialmente de maneira tímida, que vai se ampliando expressa pelo Decreto 5.626 de 22 de dezembro de 2005. A pesquisa nos levou ainda a conhecer as orientações para formação do professor de Libras e do instrutor de Libras, propondo que a formação do profissional intérprete aconteça em instituições de cursos superior de tradução e interpretação com habilitação em Libras/língua português, possibilitando que esse profissional atue tanto no ensino infantil, fundamental e superior.

Palavras-chave: Libras. Inclusão. Educação. Dispositivos legais.

(10)

ABSTRACT

This dissertation presents as a discussion axis a analyze on legal provisions that support the rights of deaf people to education and formal teaching processes. The Federal Constitution of 1988 points to the guarantee of the educational rights of the deaf - as well as other persons with disabilities - which, unfortunately, was not enough to meet the specific needs of the deaf community, which has been gaining more and more social space. Faced with this problem, we ask: what is legally assured for deaf education in Brazil? In order to elaborate reflexive considerations, we propose to analyze the Law 13.146 / 2015 of the person with disabilities - LPI, the Libras Law 10.436 / 2002 and the Decree 5.626 of December 22, 2005, with the purpose of capturing what these provisions advocate and reflect with them the deaf education from the legal point of view. This is a qualitative research, in which we use the documentary analysis, based on guidance from Lüdke and André (1986), Moreira (2002) and Lakatos (1991). From the analysis of the legal provisions we could identify advances concerning the social presence of the deaf community, legitimized by the recognition of the term deafness and the cultural identity of the deaf, as well as Libras as the second official language of Brazil. We realize that Libras arises in the legal provisions, initially in a timid way, which is expanding expressed by Decree 5,626 of December 22, 2005. The research also led us to know the guidelines for the training of Libras teacher and Libras instructor, proposing that the training of professional interpreters take place in institutions of higher translation and interpreting courses with qualification in Libras / Portuguese language, enabling this professional to work in the kindergarten, elementary school and higher education.

Keywords: Libras. Inclusion. Education. Legal Provisions.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais

AEE- Atendimento a Educação especializado LBI – Lei Brasileira de Inclusão

LPD- Lei da Pessoa com Deficiência

LDB- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística L1- Língua natural (primeira língua)

L2- Segunda língua

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...13

2. ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA DOCUMENTAL ...16

2.1 A pesquisa qualitativa em educação e o método documental...16

2.2 Procedimentos metodológicos ...17

2.3 Critérios utilizados para a escolha dos documentos...19

2.4 Cuidados éticos na pesquisa documental…...20

3. PESSOA SURDA E LIBRAS: LEGISLAÇÃO FEDERAL BRASILEIRA...22

3.1 Educação Especial no Brasil: dispositivos legais orientadores ...22

3.2. Políticas educacionais: legislação para o ensino de surdos no Brasil ...27

3.3 Decreto de Libras: uma análise reflexiva ...30

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...38

REFERÊNCIAS ………...40

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13

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta como eixo de discussão um debruçamento sobre dispositivos legais que respaldam os direitos dos surdos à educação e aos processos formais de ensino. A Constituição Federal de 1988 aponta para a garantia de direitos educacionais dos surdos – e também das demais pessoas com deficiência –, o que, infelizmente, não foi suficiente para dar conta das necessidades específicas da comunidade surda, que vem, cada vez mais, ganhando espaço social. Diante de tal problemática, indagamos: o que está assegurado do ponto de vista legal para a educação de surdos no Brasil? No intuito de elaborar ponderações reflexivas nos propomos analisar a Lei 13.146/2015 da pessoa com deficiência - LPI, a Lei de Libras 10.436/2002 e o Decreto 5.626 de 22 de dezembro de 2005, com o objetivo de captar o que preconizam esses dispositivos e refletir com eles a educação de surdos, do ponto de vista legal. Como objetivos específicos nos dispomos a: 1. Identificar nos dispositivos legais avanços da comunidade surda; 2. Perceber como a Libras surge nos dispositivos legais; 3. Conhecer as orientações para formação de profissionais de Libras no Brasil.

Nos interessamos por essa temática através de nossa experiência de estágio, onde encontramos numa escola pública estadual, localizada no município de Campo Grande, Estado do Rio Grande do Norte, três alunos surdos que estavam em péssimas qualidades de ensino, ao nosso ver um ensino inapropriado, pela ausência de intérpretes e sem professores conhecedores de Libras. Essas crianças usavam gestos e a comunicação adaptada pela professora, que no convívio de sala de aula, conseguiram ter essa estratégia, criar essa linguagem. E, a partir dessa experiência, comecei a pesquisar sobre dispositivos que garantem o ensino adequado, dispositivos que asseguram a educação inclusiva para alunos como aqueles que tive experiência de conviver em meu estágio.

A pesquisa foi realizada de forma documental, onde analisamos esses dispositivos, visando compreender o que há de garantia, do ponto de vista legal para o surdo e a educação a ele direcionada. A definição de dispositivos legais entende-se em seu significado por regra, prescrição, artigo de lei: o dispositivo constitucional, jurídico, parte de uma lei, sentença, documento legal, declaração etc., que apresenta o resultado de uma ação ou a decisão que dela resulta.

Vale ressaltar, que embora não seja nosso foco no trabalho, não é possível falar de leis

sem pensar no processo histórico. Sabemos que as pessoas com deficiência sofreram

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exclusão, segregação e estigmatização ao longo da história humana. Um dos fortes exemplos de crueldade é percebido na Grécia Antiga, que por ter como marco o militarismo, ao nascerem crianças com algum tipo de deficiência eram arremessadas de um despenhadeiro, pois não era bom para a cidade aquele tipo de pessoa, visto que ela não poderia, muitas vezes, lutar e defender a sua cidade. E, desde cedo a história de lutas das pessoas com deficiência foram travadas em busca de sobrevivência e conquistas por um lugar na sociedade, como um cidadão comum, uma vez que eram marginalizadas e menosprezadas pela cultura vigente de cada período.

No percurso de lutas em buscas de dispositivos legais que os amparassem, vale ressaltar que as pessoas com deficiência tiveram alguns direitos reconhecidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, pois foi através dessa declaração vislumbrar rumo a normatização de diversos princípios fundamentais, tais como: princípio da dignidade da pessoa humana, princípio da igualdade dentre outros. Logo após, aconteceu a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, a qual foi assinada em Nova York, em 30 de março de 2007, buscando defender e garantir condições de vida com dignidade a todas as pessoas com deficiência, seja ela física, motora, intelectual ou sensorial.

Nessa perspectiva de conquistas eis que no plano nacional o Brasil, teve na Constituição Federal de 1988 a primeira norma com algumas garantias aos direitos das pessoas com deficiência. No ano de 2008, aconteceu no Brasil a ratificação da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e tal convenção ingressou no ordenamento jurídico com força de emenda constitucional.

Consequentemente, em julho de 2015 a ex-presidente Dilma Roussef sancionou a Lei 13.146/2015, Estatuto da Pessoa com Deficiência, a qual trouxe para determinadas áreas do direito, significativas mudanças que representam um perceptível avanço para a proteção da dignidade da pessoa com deficiência, apesar de ser uma lei recente sem dúvida já causou grande impacto para a área inclusiva. O referido dispositivo legal entrou em vigor em 02 de janeiro de 2016, e beneficiara em média de 46 milhões de brasileiros, nas mais diversas áreas como: saúde, educação, trabalho, habilitação e reabilitação, transporte, turismo, lazer e acessibilidade.

Englobando nesse dispositivo as pessoas surdas que são nosso foco no presente

trabalho, que juntamente com outro dispositivo legal conhecido por lei de Libras de

nº10.436/2002, a lei que reconhece oficialmente a Libras como meio legal de comunicação e

expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela

associados. A lei de Libras foi um pontapé inicial para conquistas das comunidades surdas,

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um dos maiores marcos no Brasil para eles, a partir desse dispositivo que deu “voz” as pessoas com surdez, a comunidade surda ganhou esse espaço tão sonhado na sociedade. No entanto, esse reconhecimento da Libras não é suficiente (ainda) para que a comunidade surda possa ter seus direitos afirmados.

Vale ressaltar que os documentos internacionais tiveram boa parcela de colaboração no desenvolvimento das leis brasileiras, como por exemplo, a LDB a lei da Libras entre outros, foram esses documentos internacionais que deram direções a serem seguidas pelos países que intencionavam adotar em suas políticas educacionais meios para inserir as pessoas com necessidades educacionais especiais. Uma vez que possibilitaram um novo olhar para o surdo e a elaboração dessas leis é sinal que a direção a ser seguida está correta.

Este trabalho encontra-se estruturado em quatro capítulos, sendo o primeiro esta

introdução, o segundo os caminhos metodológicos, o terceiro as análises dos dispositivos e

quarto as considerações finais.

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2. ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA DOCUMENTAL

Neste capítulo faremos uma apresentação do percurso metodológico da pesquisa. Na primeira parte trazemos uma discussão da pesquisa qualitativa em educação e o método documental. Na segunda parte, trataremos dos procedimentos metodológicos de análise dos documentos. E, em seguida, trataremos os aspectos e características da pesquisa documental, bem como as cautelas que se deve ter para trabalhos nessa área quanto a seleção e manuseio dos documentos.

2.1 A pesquisa qualitativa em educação e o método documental

Uma das características da pesquisa qualitativa é o fato de não ser mensurável em números ou em resultados objetivos, fechados, como ocorre na investigação quantitativa, pois o individuo e a sua realidade são elementos inseparáveis e de essência subjetiva. Assim sendo, a pesquisa qualitativa, ancora-se em traços da subjetividade, singularidade e particularidades do seu objeto de estudo. Moreira (2002) apresenta características básicas desse tipo de estudo, a partir de seis itens:

1) a interpretação como foco; nesse sentido, há um interesse em interpretar a situação em estudo sob o olhar dos próprios participantes; 2) a subjetividade é enfatizada; logo, o foco de interesse é a perspectiva dos informantes; 3) a flexibilidade na conduta do estudo; não há uma definição a priori das situações; 4) o interesse é no processo e não no resultado; segue-se uma orientação que objetiva entender o contexto em análise; 5) o contexto, por sua vez, está intimamente ligado ao comportamento das pessoas na formação da experiência; e 6) o reconhecimento de que há uma influência da pesquisa sobre a situação, admitindo-se que o pesquisador também sofre influência da situação de pesquisa, ou seja, não há neutralidade

. Moreira (2002)

.

Diante das características da pesquisa qualitativa e relacionando com o objeto de

estudo que definimos neste trabalho monográfico, a saber, os dispositivos legais que

sustentam o ensino de Libras no Brasil, entendemos que nos encontramos, do ponto de vista

teórico e metodológico, neste tipo de abordagem. Tal alegação flui na medida em que

escolhemos a análise documental reflexiva. Ancorada na pesquisa qualitativa em educação,

situamos a técnica de análise documental, que serve para realizar diagnósticos rápidos, a fim

de buscar informações, percepções e experiências que permitam uma análise crítica sobre o

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tema em questão. Conforme Lüdke e André (1986, p. 38), a pesquisa documental implica em trazer para a discussão uma metodologia que, ainda, é “[…] pouco explorada não só na área da educação como em outras áreas das ciências sociais […]”.

Para Lakatos (1991) a valorização do documento como garantia de objetividade exclui a noção de intencionalidade contida na ação estudada e na ação do pesquisador, sendo esse processo construído historicamente. A palavra documento, surgiu com o sentido de prova jurídica, representação que se mantém até a atualidade. Quando investigamos a origem etimológica da palavra documento descobrimos que trata-se de declaração escrita que se reconhece oficialmente como prova de um estado, condição, habilitação, fato ou acontecimento. O pesquisador documental precisa estar atento a veracidade do documento, sua gênese e base de divulgação. Analisar documentos exige cuidados e atenção para superar alguns obstáculos e desconfiar de determinadas armadilhas, não se deixando levar pelo senso comum, estando, pois apto a fazer uma análise crítica de sua pesquisa documental. Pensando nisso, Lakatos (1991) afirma ser necessário fazer uma distinção entre o que é senso comum e conhecimento cientifico. Para a autora:

[...] senso comum é transmitido de geração para geração por meio de educação informal e baseado em imitação e experiência pessoal, portanto, empírico e desprovido de conhecimento [...], já o conhecimento cientifico é transmitido por intermédio de treinamento apropriado, sendo um conhecimento obtido de modo racional, conduzido por meio de procedimentos científicos. (LAKATOS 1991, p. 14).

Com base nisso, buscamos textos pertinentes e avaliar a sua eficácia no âmbito social, assim como a sua representatividade, não esquecendo que é primordial em todas as etapas de uma análise documental que se avalie o contexto histórico no qual foi produzido o documento, a quem foi destinado, seja qual tenha sido a época em que o texto foi escrito, essas são algumas cautelas indispensáveis ao universo social do pesquisador que se propõe a trabalhar com documentos.

2.2 Procedimentos metodológicos

A pesquisa documental caracteriza-se pela análise de documentos que podem ser

atuais ou antigos, e podem ser usados para contextualização histórica, cultural, social e

econômica de um lugar ou grupo de pessoas, em determinado momento da história. Assim o

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uso de documentos em pesquisa deve ser apreciado e valorizado. Levando em conta a riqueza de informações que deles podemos extrair e resgatar, o que justifica seu uso em várias áreas das Ciências Humanas e Sociais, possibilitando expandir o entendimento de objetos cuja compreensão necessita de contextualização histórica e sociocultural.

[...] o documento escrito constitui uma fonte extremamente preciosa para todo pesquisador nas ciências sociais. Ele é, evidentemente, insubstituível em qualquer reconstituição referente a um passado relativamente distante, pois não é raro que ele represente a quase totalidade dos vestígios da atividade humana em determinadas épocas. Além disso, muito freqüentemente, ele permanece como o único testemunho de atividades particulares ocorridas num passado recente (CELLARD, 2008, P.295).

O uso de documentos em pesquisa justifica-se por permitir acrescentar a dimensão do tempo à compreensão do social. A análise documental está totalmente ligada à observação do processo de maturação ou de evolução de indivíduos, grupos, conceitos, conhecimentos, comportamentos, mentalidades, práticas, entre outros (CELLARD, 2008).

Quando um pesquisador faz uso de documentos com intuito de coletar dele informações, ele o faz investigando, examinando, assim usará técnicas apropriadas para seu manuseio e análise, a partir de uma sequência de ações: organização das fases e procedimentos; organização das informações que serão categorizadas e, posteriormente, analisadas; elaboração de sínteses, Ou seja, na realidade, as ações dos investigadores – cujos objetos são documentos – estão impregnadas de aspectos metodológicos, técnicos e analíticos:

Para pesquisar precisamos de métodos e técnicas que nos levem criteriosamente a resolver problemas [...] é pertinente que a pesquisa científica esteja alicerçada pelo método, o que significa elucidar a capacidade de observar, selecionar e organizar cientificamente os caminhos que devem ser percorridos para que a investigação se concretize (GAIO, CARVALHO e SIMÕES, 2008, p. 148).

Por isso, o pesquisador precisa ficar atento a definição de quais objetivos ele busca alcançar pela pesquisa documental, para assim estabelecer quais documentos serão necessário para atingir o objetivo desejado, tendo ciência dos riscos que pode correr, conforme orientam Lakatos e Marconi (1990, p. 15):

Para que o investigador não se perca numa floresta de escritos, deve iniciar seu estudo com a definição dos objetivos, para poder estabelecer que tipo de documentação será adequada a seus objetivo. Tem de conhecer também os riscos de suas fontes serem inexatas, distorcidas ou errôneas. Por este motivo, para cada tipo de fonte fornecedora de dados, o investigador precisa

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conhecer meios e técnicas para testar tanto a validade como a fidedignidade das informações

.

Portanto, a pesquisa documental pode ser considerada um caminho, uma metodologia, um meio para ajudar a compreender melhor a realidade material que se busca depreender. Os documentos servem de guia, de pontapé inicial, ou seja, podem “[...] ser o ponto de partida da pesquisa [...]” para conhecer a realidade. Nesse sentido, “[…] a análise documental oferece (para a pesquisa em educação) dados necessários para a pesquisa, a partir de documentos – registros estatísticos, diários, atas, biografias jornais, revistas, entre outros”, fazendo-se assim, o “[...] resgate histórico e a contextualização das políticas públicas do presente com as transformações que ocorrem ao longo da história” (RODRIGUEZ, 2004, pp.19-22). Por tais razões ancoramos nosso estudo nos documentos e seguimos cuidadosamente as orientações procedimentais apresentadas pelos autores citados.

2.3 Critérios utilizados para a escolha dos documentos

Os documentos selecionados para o nosso estudo, são: a Lei 13.146 de 2015, a Lei 10.436 de 2002 e o Decreto 5.626 de 2005.

A partir desses documentos fazemos uma ánalise histórica legal sobre a evolução dos direitos do aluno surdo, observando o que preconiza as leis acerca do ensino, acolhimento e direitos educacionais. Inicialmente, tínhamos a ideia de fazer, paralelo a pesquisa documental, uma investigação in loco escolar, para estabelecer um diálogo reflexivo entre as leis e a sua efetivação no chão da escola. No entanto, foi necessário reajustar a pesquisa pelo tempo disponibilizado, entendendo que não teríamos tempo hábil para um aprofundamento analítico.

Assim, decidimos, para este momento, trabalhar apenas com os dispositivos legais.

A escolha pela Lei 13.146 de 2015, se deu pela necessidade de discutir a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, instituída em 2008, que busca assegurar a inclusão de alunos com algum tipo de deficiência na rede regular de ensino.

A partir dessa política, os pais das crianças surdas foram motivados a escolher escolas comuns para seus filhos em detrimento às escolas especiais ou bilíngues. O Brasil passou por um processo de mudança desde então, com a redução de alunos matriculados em escolas especiais e mesmo dos Centros educacionais para alunos com deficiências (QUILES, 2015).

Partindo para a Lei 10.436 de 2002, conhecida como a Lei de Libras, atualmente é um

dos principais dispositivos legais no respaldo ao ensino de libras no Brasil, logo, um

documento indispensável para nosso estudo. A Libras foi reconhecida como a segunda

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língua oficial do Brasil, em abril de 2002, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, e regulamentada por meio do Decreto 5.626 de 2005, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que reconhece como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais (Libras) não só garantindo a educação devida como L1, mas também outros recursos a ela associados, ratifica o dever da garantia, por parte do poder público em geral e empresas e concessionárias.

2.4 Cuidados éticos na pesquisa documental

Quando falamos em pesquisa cientifica não temos como desvincular a ética, que deve ser um princípio básico desde o início até o final no trabalho do pesquisador. Com o desenvolvimento tecnológico e a implantação da internet, tem crescido muito os números de plágios e as cópias de textos, sem a citação da fonte de busca desrespeitando, dessa forma, os autores. Lembramos ainda que o plágio é considerado um crime de Violação aos Direitos Autorais no Art. 184 – Código Penal, que diz: Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. Nada impede que o sujeito faça uma pesquisa na internet, mas lembrando-se de que nem toda informação existente na internet é cientificamente verdadeira. Severino (2007, p. 140-141) faz um argumento que:

Como se trata de uma enorme rede, com um excessivo volume de informações, sobre todos os domínios e assuntos, é preciso saber garimpar, sobretudo dirigindo-se a endereços certos. Mas quando ainda não se dispõe desse endereço, pode-se iniciar o trabalho tentando exatamente localizar os endereços dos sites relacionados ao assunto de interesse. [...] De particular interesse para a área acadêmica são os endereços das próprias bibliotecas das grandes universidades, que colocam à disposição informações de fontes bibliográficas a partir de acervos documentais.

Entretanto, toda e qualquer discussão envolvendo a dimensão ética presume-se que tenha claro que o valor fundante dos valores que sustentam a qualidade do caráter é aquele representado pela própria dignidade da pessoa humana, ou seja, os valores éticos fundam-se no valor da existência humana. A ética atrela-se à responsabilidade e à liberdade do indivíduo para com o outro, entendido não apenas como o seu próximo, mas como todo ser senciente.

Vale ressaltar também que o plágio não se caracteriza apenas pela transcrição de frases

inteiras de outro autor. Pode ser considerado plágio também a transcrição, sem que haja uma

marcação de autoria, de uma simples expressão. Se uma expressão pertence a um autor

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específico, é necessário colocá-la sempre entre aspas. Por isso para tomarmos ciência, que podemos ter três formas de citação, sendo a citação textual, a paráfrase e a síntese, que Para Severino (2007, p. 140-1), a:

Citação textual: deverá ser feita de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Elas podem ser resumidas numa única frase ou numa citação mais longa, retirada diretamente da fonte (livro ou texto). Essa citação deve estar relacionada ao assunto que está sendo discutido. O nome do autor, em caixa alta, ano e página devem aparecer em seguida à citação (SEVERINO, 2007, p. 140-1).

Paráfrase: é comum os pesquisadores iniciantes dizerem assim: “eu li, mas fui eu quem escrevi”. Isso significa que você está fraudando o autor. Na verdade, você está reivindicando uma autoria. Nesse caso, você deve colocar na frente o nome do autor e o ano, como, por exemplo: Severino (2007).

Quando você faz isso, o leitor entende que você leu Severino e está apresentando ideias que se fundamentam nele. Portanto, essas ideias não são suas. Lembre-se ainda que 15 uma paráfrase deve ser bem feita e legítima e não uma citação disfarçada de paráfrase.

Síntese: é quando você utiliza mais longamente um ou mais autores para realizar a sua discussão. É quando vemos em um texto escritas como, por exemplo: Segundo Severino (2007).

Assim, independentemente da forma que foi utilizada, a fonte deve estar sempre

presente, conforme mencionado, caso contrário pode ocorrer de configurar-se em plágio, que

viola a ética em pesquisa e da produção do conhecimento. Diante desse, ratificamos o nosso

compromisso ético ao longo de todo o nosso estudo.

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3. PESSOA SURDA E LIBRAS: LEGISLAÇÃO FEDERAL BRASILEIRA

Neste capítulo apresentaremos as análises dos dispositivos legais, objeto de estudo da nossa pesquisa. Iniciaremos com uma discussão da Lei 13.146 de 2015, que discorre sobre a inclusão da pessoa com deficiência, em seguida trataremos da Lei 10.436/2002, mais conhecida como Lei de Libras, inicialmente neste tópico, traremos apontamentos da Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional (LDB) 9.495/96; finalizaremos as análises com o Decreto 5.626 de 22 de dezembro de 2005, que também orienta a obrigatoriedade da Libras.

3.1 Lei 13.146 de 2015: apontamentos sobre a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência

A escolha de qualquer dispositivo para análise demarca um lugar de fala. Cientes disso, afirmamos que falamos de um lugar de estudante e futuro profissional de Libras, interessados em melhor compreender as leis que asseguram os direitos da pessoa surda a participação social, mais especificamente educacional, em nosso país. Nesse sentido, entendemos que a escolha da Lei, objeto de estudo, depende da forma como se pretende direcionar o raciocínio lógico, além de carregar um grau de subjetivismo e depender do momento histórico vivenciado. Lembramos que as leis são regras, prescrições escritas que emanam da autoridade soberana de uma dada sociedade e impõe a todos os indivíduos a obrigação de submeter-se a ela, sob pena de sanções.

Koyama (2017), em seus trabalhos sobre pessoas com deficiência, analisou que na doutrina e na legislação, verificam-se diversos termos, modificados ao passar dos anos, os quais, por vezes, enfatizavam a discriminação e o bullyng à pessoa com deficiência, tais como: aleijado, anormal, defeituoso, excepcional, incapacitado, inválido, retardado, entre outros. Deve-se destacar que atualmente essas expressões não são mais aceitas por retratarem uma visão preconceituosa e totalmente ultrapassada.

No âmbito constitucional, a Carta Magna de 1988, reporta-se nos artigos 7º, XXXI e

37, VIII, à terminologia “pessoa portadora de deficiência”, as legislações infraconstitucionais

da época seguiram a Constituição Federal e, também, utilizaram essa terminologia. Destaca-se

que essa expressão sofreu diversas críticas, por ser muito abrangente, visto que esse conceito

engloba todas as pessoas que portassem qualquer tipo de anomalia.

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Artigo 7º- (…) - XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; Artigo 37º- (…) VIII – a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão (BRASIL, 1988).

O termo “portador” remete, ainda, a percepção de que se porta algo, e não que faz parte da vida do sujeito, independente de sua escolha. Em julho de 2015, foi sancionada pela então presidenta Dilma Rousseff a Lei 13.146/2015, conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, a qual trouxe para determinadas áreas do direito, significativas mudanças que representam um notável avanço para a proteção da dignidade da pessoa com deficiência. A referida Lei entrou em vigor em 02 de janeiro de 2016, e trouxe benéficios para milhões de brasileiros, nas mais diversas áreas como: saúde, educação, trabalho, habilitação e reabilitação, transporte, turismo, lazer e acessibilidade. Dessa maneira, vislumbra-se que essa Lei é um dos mais importantes instrumentos de emancipação civil e social para essa parcela da sociedade, pois consolida leis existentes e avança nos princípios da cidadania, inclusive na maneira de se reportar, com termos mais apropriados, visando melhorias à inclusão e inserção da pessoa com deficiência nas diversas áreas.

Destacamos que a Lei é composta por 127 artigos. Destes, destacamos que no capítulo I, artº 3º, inciso V, trata sobre o direito da pessoa surda a comunicação, assim expressa:

V - comunicação: forma de interação dos cidadãos que abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias da informação e das comunicações.

(BRASIL, 2015, s/n).

A comunicação é um princípio fundamental, pois ela é o meio de expressar pensamentos, sentimentos, opiniões e de participação social efetiva. Para isso, utilizamos uma língua, podemos dizer que a linguagem é natural do ser humano. Sobre comunicação e a linguagem, Uzan et al (2008, p. 01) afirmam:

A comunicação é uma necessidade humana, e as linguagens oral e escrita são as formas mais comuns de comunicação. Por isso, pode-se dizer que a linguagem é natural do ser humano e, através da linguagem, o ser humano

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estrutura seu pensamento, traduz o que sente, registra o que conhece, se comunica com os outros, produz significação e sentido.

Sem a linguagem somos limitados em nossa humanidade. Portanto, é de suma importância para desenvolvimento da pessoa surda ter contato com sua língua natural desde a infância, tendo amparo legal para asseguridade de direitos de comunicação e interação social como o dispositivo prevê.

Logo mais a frente no capítulo IV, Art.27, sobre o direito a educação, a Lei Brasielira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, dispõe:

A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurado sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem. (BRASIL, 2015, s/n).

No mesmo capítulo, art. 28, IV, ressalta sobre o direito, especificamente, da educação de surdos: “[…] oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas […]”. (BRASIL, 2015, s/n). Observamos assim, que há consideração da particularidade da pessoa surda, ao mesmo tempo que no artigo 27 assevera o direito de todas as pessoas com deficiência, faz no artigo 28 a ressalva quanto ao reconhecimento da educação bilíngue para o surdo.

O bilinguismo faz-se necessário, bem como o reconhecimento da Libras como natural para o surdo, ou seja sua L1 (primeira língua) e a língua portuguesa como L2 (segunda língua). O surdo, do ponto de vista legal, tem direito a desenvolver-se em sua língua primária de sinais e secundária à escrita. A língua de sinais, já é, assim, reconhecida e pode também contribuir para os ouvintes em sua vida social. A educação dos surdos é um direito humano e o bilinguismo faz parte desse direito:

O Bilinguismo tem como pressuposto básico que o surdo deve ser Bilíngue, ou seja deve adquirir como língua materna a língua de sinais, que é considerada a língua natural dos surdos e, como Segunda língua , a língua oficial de seu país(...)os autores ligados ao bilinguismo percebem o surdo de forma bastante diferente dos autores oralistas e da Comunicação Total. Para os bilinguistas, o surdo não precisa almejar uma vida semelhante ao ouvinte, podendo assumir sua surdez. (GOLDFELD, 1997, p. 38).

A fala acima demonstra que o reconhecimento e asseguramento do bilinguismo é

uma forma de afirmação identitária da pessoa surda também. Dados do IBGE (2010), aponta

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que cerca de 9,7 milhões de pessoas, ou seja, 5,1% da população apresentam algum grau de perda auditiva. Entretanto, é necessário bem mais que dados quantitativos para acrescentar conhecimentos passíveis de reflexões e questionamentos de como essas pessoas estão se desenvolvendo na escola. Lembramos que nem toda pessoa com perda auditiva se considera surdo, bem como nem todo surdo se considera deficiente auditivo. Esta é uma questão de identidade e de cultura que vem se afirmando, cada vez mais.

No capítulo IV, no art. 28 IV, assegura o direito ao bilinguismo da pessoa surda.

Sobre a formação de professores e outros aspectos aponta:

XI - formação e disponibilização de professores para o atendimento educacional especializado, de tradutores e intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de profissionais de apoio;

XII - oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e de uso de recursos de tecnologia assistiva, de forma a ampliar habilidades funcionais dos estudantes, promovendo sua autonomia e participação. (BRASIL, 2015, s/n).

Tendo em vista que a escola, em geral, é o lugar para onde profissionais educadores são formados e encaminhados de acordo com suas respectivas responsabilidades, mais que nunca deve assumir deveres e funções que sejam cobrados em relação aos princípios estipulados, ou seja, a escola tem funções e limites específicos de atuação, logo, seus profissionais também. Na prática cotidiana da profissão docente conhecer a Libras e garantir o direito educacional das pessoas com deficiência, não favorece apenas o desenvolvimento do estudante, mas também do próprio docente. É, portanto, necessário estabelecer uma relação de compromisso entre todos que fazem a escola, seja com a construção de uma avaliação com adaptações e metodologias a serem postas em práticas como prevê o dispositivo, para atendimento que gere interação autônoma estimuladora de profissionais capacitados e autõnomos para o atendimento. Para tanto, no capítulo IV, artigo 28, diz que :

§ 2º Na disponibilização de tradutores e intérpretes da Libras a que se refere o inciso XI do caput deste artigo, deve-se observar o seguinte:

I - os tradutores e intérpretes da Libras atuantes na educação básica devem, no mínimo, possuir ensino médio completo e certificado de proficiência na Libras;

II - os tradutores e intérpretes da Libras, quando direcionados à tarefa de interpretar nas salas de aula dos cursos de graduação e pós-graduação, devem possuir nível superior, com habilitação, prioritariamente, em Tradução e Interpretação em Libras. (BRASIL, 2015, s/n).

A escola constitui-se por espaços diferenciados para formação. Isso por si já justifica

a necessidade da formação ampla no bilinguismo, bem como a necessidade de suporte

técnico. O aluno surdo só terá aprendizado satisfatório, pleno, se houver a atuação plena da

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lingua de sinais. Isso só será alcançado a partir da abordagem bilíngue. A atuação desse mediador, como por vezes é chamado, o intérprete, deve ser frequente desde suas primeiras lições de vida. De acordo com Lodi e Lacerda (2009, p. 69).

[...] a autora enfatiza que a responsabilidade pela educação do aluno surdo não pode recair sobre o intérprete, já que seu papel principal é interpretar. É preciso que a atuação do intérprete se constituía em parceria com o professor, propiciando que cada um cumpra com seu papel, em uma atitude colaborativa, em que cada um possa sugerir coisas ao outro, promovendo a melhor condição possível de aprendizagem para a criança surda.

As autoras chamam atenção para um aspecto importante preconizado na Lei 13.146 de 2015, o direito a língua de sinais, pois a presença dos intérpretes é um fator que garante também a inclusão. Podemos verificar que o dispositivo enfatiza a inclusão, englobando as diversas deficiências. Citamos aqui na nossa análise sobre o que a Lei assegura a respeito da pessoa surda, no contexto desse documento que perpassa pela organização de recursos de inclusão e acessibilidade, para melhoria nas diversas áreas da pessoa com deficiência, sendo a Libras a maior garantia de inclusão para o sujeito surdo. Essa breve análise induz a pensar numa série de ações governamentais na área inclusiva, desde as necessidades de adaptações e melhorias para pessoa com deficiência, uma vez que a legislação abre possibilidade ao prever recursos para reenvidicações de garantias importantes para oferta e melhorias não só na educação, mas também nas diversas áreas como saúde, educação, trabalho, habilitação e reabilitação, transporte, turismo, lazer e acessibilidade. Nos resta indagar se a letra da lei está chegando ao “chão da escola”.

3.2. Políticas educacionais: legislação para o ensino de surdos no Brasil

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB 9394/96) é o dispositivo legal que regulamenta o sistema educacional (público ou privado) do Brasil (da Educação Básica ao Ensino Superior). Estabelece os princípios da educação e os deveres do Estado em relação à educação escolar pública, definindo as responsabilidades, em regime de colaboração, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que diz:

Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1996, s/n).

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Assim, o documento apresenta o objetivo de finalidade plena do indivíduo, para que este possa ter garantido o exercício de sua cidadania, participação social, tanto pessoal quanto profissional. Em seu artigo 3º a lei estabelece os princípios, dentre eles:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX - garantia de padrão de qualidade;

X - valorização da experiência extra-escolar; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. XII - consideração com a diversidade étnico-racial. XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida.

Estruturado em treze princípios, a LDB defende igualdade de condições, liberdade de aprender e ensinar, gratuidade, dentre outros. Tais fundamentos por si só poderiam ser considerados obrigatoriedade de participação e comunicação plena. Pois, como um aluno surdo pode ter o direito a aprender e o docente o direito de ensinar plenamente se não há respeito linguistico? Se não há comunicação efetiva? Portanto, a LDB nos parece considerar a pessoa em sua integralidade: linguistica, social, educacional. Além disso, mais a frente no capítulo V, a LDB trata sobre a educação especial:

Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. (BRASIL, 1996, s/n).

Claramente, está definido na lei que a educação é uma modalidade, transversal, que se aplica a todos os níveis de ensino e que deve oferecer condições necessárias para a sua existência na escola. Com relação a sua organização assevera que:

Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público. Parágrafo único. O Poder Público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo

.

(BRASIL, 1996, s/n).

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Como podemos observar aqui se aponta diversas condições e melhorias na qualidade do ensino das pessoas com deficiência. Conforme observa Cassiano (2017) é que este artigo não sofreu nenhuma alteração desde sua promulgação, levando-nos a acreditar que a oferta de educação especial na rede regular ainda precisa caminhar no sentido de ampliação e qualidade.

No contexto legislativo os surdos estão incluídos na educação especial de uma maneira generalizada. Observamos isso, na medida em que não são citados diretamente nem na constituição, muito menos na LDB, ao analisarmos os dois não há apontamentos de direitos acerca do surdo como educando, assim como a ausência do termo “surdo” na legislação, outros dispositivos foram criados, posteriormente, para defender os direitos dos surdos não só no âmbito educacional, mas em outros contextos da sociedade brasileira.

Nesse cenário, nos propomos a analisar a Lei n° 10.436/2002, conhecida como lei de Libras. Foi reconhecida como segunda língua oficial do Brasil em abril de 2002, pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, e regulamentada por meio do Decreto 5.626/2005, que analisaremos mais adiante, pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que legitimou como meio legal de comunicação e expressão do surdo. Não só garantindo a educação devida, mas a reconhecendo como L1, além de outros recursos a ela associados que ratificam o dever da garantia, por parte do poder público em geral e empresas e concessionárias. Uma vez que Libras é a língua de sinais brasileira que se constituiu naturalmente na comunidade surda, é uma língua viva e autônoma, reconhecida pela linguística por apresentar todos os níveis que constituem quaisquer outras línguas e possuir níveis de: sintaxe (estrutura), semântica (significado), morfológico (formação de palavra), fonológico (unidades que constituem uma língua) e pragmático (contexto convencional).

O dispositivo legal é composto por cinco artigos. No primeiro artigo reconhece que:

Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados.

Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. (BRASIL, 2002, s./n)

Vale destacar que embora a legislação faça a

admissão da Libras como meio de

comunicação, aponta para a responsabilidade das instituições públicas e do sistema

educacional em oferecer e difundir a Libras, e ainda não assegura ao surdo direitos e

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reconhecimento como é oferecido a todo cidadão, na medida em que parece transferir responsabilidades de oferta do serviço.

Os artigos segundo e terceiro tratam sobre:

Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. Art. 3o As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor. (BRASIL, 2002, s/n).

Os diretos de atendimento em empresas concessionárias de serviços públicos apoiando-os e instituições publicas assistência a saúde, nessa parte do dispositivo tem foco direcionado ao atendimento especializado e adequado a pessoa com deficiência auditiva usando a língua de sinais para inclusão no meio social e difusão da língua. Os artigos estimulam a difusão da língua, embora não esclareça ou oriente como isso pode acontecer.

Mais adiante, no artigo quarto, parágrafo único orienta que:

Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente. Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa.

Este artigo, certamente, foi fundamental para a ampliação da oferta e conhecimento sobre a Libras no Brasil. O parágrafo único, no entanto, faz somente os apontamentos sobre de responsabilidade para o ensino de surdos, quanto às instituições de ensino, o que deixa a desejar na efetivação. Ou seja, ainda, sente-se a necessidade de algo mais definido, que assegure o ensino de qualidade e adequado com materias adaptados, com intérprete e professores licenciados em Libras. Embora, a Lei 10.436/2002, aprensente significativos avanços para a comunidade surda, ainda faltava orientações, que o Decreto 5.626/2005, tenta estabelecer.

3.3 Decreto de Libras: uma análise reflexiva

Em 22 de dezembro, na cidade de Brasília, foi assinado o Decreto n.º 5.626 de 22 de

dezembro de 2005, assinada pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que regulamenta a Lei

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n.º 10.436/2002 no que diz respeito à formação de profissionais para atuar na educação de pessoas surdas. A primeira questão a ser apresentada no referido Decreto foi a conceituação de surdez e sua diferenciação com a deficiência auditiva, um marco importante para a comunidade surda.

A Lei de Libras 10436/02 e o Decreto n.º 5.626/05 são dois documentos fundamentais para garantir os direitos das pessoas surdas, especialmente na área da educação.

Esses documentos proporcionaram ações da comunidade surda em todo o país na luta pela efetivação sobre o que os dispositivos propõem as comunidades surdas de forma geral em todo o Brasil. Composto por nove capítulos o decreto em questão em seus primeiros capítulos apresenta:

Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

Art. 2º Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras.

Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. (BRASIL, 2005, s/n).

Podemos notar que a primeira característica do decreto, que o difere das legislações até então apontadas, é que o termo surdo passa a ser esclarecido e reconhecido, o que anteriormente era conhecido pelo termo deficiente, que não representava a comunidade surda e o decreto proporcionou o reconhecimento dessa identidade. Assim como o reconhecimento no capítulo dois, artigos 1°, 2°,3° diz:

Art. 3º A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 1º Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e o curso de Educação Especial são considerados cursos de formação de professores e profissionais da educação para o exercício do magistério. § 2º A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais cursos de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação deste Decreto.

(BRASIL, 2005, s/n).

As implicações da inclusão na formação de professores sem dúvida gera muitas

inquietações, afinal o uso da comunicação entre professor-aluno é essencial para o processo

de ensino aprendizado, a importância da Libras, como disciplina em cursos de formação de

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professores, impulsionou e vem impulsionando de forma positiva a efetivação de seu uso, mobilizando profissionais, instituições e sociedade em geral, incluindo e valorizando a língua natural do surdo.

O Decreto n.º 5.626 apresenta a inclusão da Libras como disciplina curricular a ser ofertada obrigatoriamente nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, de instituições de ensino públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Já no capitulo 3º, o dispositivo trata da formação do professor de Libras e do instrutor de Libras, propondo que a formação do profissional intérprete aconteça em instituições de cursos superior de tradução e interpretação com habilitação em Libras/língua português, possibilitando que esse profissional atue tanto no ensino infantil, fundamental e superior.

Nos artigos 4° e 5°, do capítulo, 3 o decreto federal dispõe:

Art. 4º A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser realizada em nível superior, em curso de graduação de licenciatura plena em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa como segunda língua.Parágrafo único. As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput. Art. 5º A formação de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental deve ser realizada em curso de Pedagogia ou curso normal superior, em que Libras e Língua Portuguesa escrita tenham constituído línguas de instrução, viabilizando a formação bilíngüe. (BRASIL, 2005, s/n).

O decreto parece aqui gerar alternativas para produzir uma dinamização, no que diz respeito a educação ofertada ao surdo, principalmente, no que diz respeito a formação continuada de professores, na produção de materiais adaptados, vídeos, adequação de textos e adaptações gerais nos recursos necessários no ensino do aluno surdo em cumprimento as leis regentes ao sistema educacional,

No capítulo 4º assegura o uso e a difusão da Libras e da língua portuguesa para o acesso a comunicação das pessoas surdas à educação, dentro das instituições de ensino, afirmando que as mesmas são as responsáveis por garantir a inclusão dos alunos, em salas de aulas ou escolas bilíngues, garantindo também o atendimento educacional especializado.

Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior. (BRASIL, 2005, s/n).

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Uma vez que a utilização da Língua de Sinais nos meios de educação é uma nova modalidade a ser praticada e explorada como forma de ensino nas aulas, envolvendo toda a turma para ensinar que esta é mais do que uma simples tática de ensino, havendo outros elementos importantes para se aprender com essa língua. Quadros (2006, p. 26), afirma que:

A língua de sinais é uma língua espacial-visual e existem muitas formas criativas de explorá-la. Configurações de mão, movimentos, expressões faciais gramaticais, localizações, movimentos do corpo, espaço de sinalização e classificadores são alguns dos recursos discursivos que tal língua oferece para serem explorados durante o desenvolvimento da criança surda e que devem ser explorados para um processo de alfabetização com êxito.

Assim, com esse dispositivo fica claro a obrigatoriedade da adaptação em todos os sentidos, desde os espaços físicos, com a acessibilidade das pessoas, bem como destruindo as barreiras atitudinais de comunicação uma vez que a comunicação em si é essencial no processo de ensino aprendizagem.

Seguindo com o capítulo V que trata da formação do tradutor e intérprete de Libras/

língua portuguesa, o dispositivo legal afirma:

Art. 17. A formação do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa deve efetivar-se por meio de curso superior de Tradução e Interpretação, com habilitação em Libras - Língua Portuguesa. Art. 18. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, a formação de tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, em nível médio, deve ser realizada por meio de: I - cursos de educação profissional; II - cursos de extensão universitária; e III - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior e instituições credenciadas por secretarias de educação. (BRASIL, 2005, s/n).

O artigo define a forma pela qual deve ser a formação do intérprete de Libras e orienta quanto ao tempo que entrará em vigência. Em seu parágrafo único diz ainda:

Parágrafo único. A formação de tradutor e intérprete de Libras pode ser realizada por organizações da sociedade civil representativas da comunidade surda, desde que o certificado seja convalidado por uma das instituições referidas no inciso III. Art°21, § 2º As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficiência auditiva o acesso à comunicação, à informação e à educação. (BRASIL, 2005, s/n).

C

om base nesse pressuposto entende-se que a formação ancora-se nos cursos de

formação docente. Visto que uma das funções numa sala de aula é interpretar a língua

portuguesa- falada por meio da sinalização e vice-versa, mantendo alguns princípios éticos

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como: confiança recíproca, imparcialidade no transcrever os sinais sem a intervenção de suas próprias opiniões, discrição e profissionalismo em se envolver durante o trabalho, fidelidade em interpretar informações sem alterar o conteúdo. Esses são alguns aspectos de atuação do profissional de intérprete na área educacional, que ajuda o aluno a interagir no espaço escolar.

Apesar desse avanço, com o dispositivo regulamentar apresença do intérprete na escola, na profissão ainda há poucos profissionais que superem a demanda, Quadros (2004, p. 60), considera:

[…] a realidade brasileira na qual as escolas públicas e particulares têm surdos matriculados em diferentes níveis de escolarização, seria impossível atender às exigências legais que determinam o acesso e a permanência do aluno na escola observando-se suas especificidades sem a presença de intérpretes de língua de sinais. Assim, faz-se necessário investir na especialização do intérprete de língua de sinais da área da educação.

Assim sendo, um importante aspecto defendido pelo Decreto é o direito a tradução/interpretação em sala de aula. Infelizmente, muitos municípios no Brasil não têm intérpretes de Libras-português em seu quadro fixo de funcionários. Uma vez que essas instituições utilizam- se de contratos temporários, com intérpretes que nem sempre têm qualificação satisfatória, ou ainda, com uso de estagiários com pouco conhecimento da língua e subutilizados.

Partindo para o capítulo VI, que trata da garantia do direito à educação das pessoas surdas ou com deficiência auditiva, e o capítulo VII, da garantia do direito à saúde das pessoas surdas ou com deficiência auditiva. Localizamos que:

Art. 22. As instituições federais de ensino responsáveis pela educação básica devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva, por meio da organização de: I - escolas e classes de educação bilíngüe, abertas a lunos surdos e ouvintes, com professores bilíngües, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental; II - escolas bilíngües ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino médio ou educação profissional, com docentes das diferentes áreas do conhecimento, cientes da singularidade lingüística dos alunos surdos, bem como com a presença de tradutores e intérpretes de Libras - Língua Portuguesa.

O artigo 22 orienta as instituições e a implementação de escolas bilingues que de fato

favoreçam os processos de aprendizagem dos estudantes surdos, reconhecendo a

singularidade linguística da Libras e a necessidade constante de intérpretes/tradutores de

Libras. Em seguida dispõe:

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