40 Dias e 40 Noites de Festa

(1)

(2)

acontecimento mais marcante de quantos, do género, se realizam no nosso País. De facto, muitos milhares de pessoas demandam Viseu, durante o tempo da sua realização, por motivações várias, comerciais, culturais, diversão e convívio.

É uma feira com história: no dia 10 de Janeiro de 1392, D. João I concede carta de feira franqueada à cidade de Viseu. Esse documento determina-

lhe, além de alguns privilégios, a periodicidade e a duração. E assim faz caminho através de séculos e de reinados, vencendo alguns percalços de maior ou menor monta. Decadente agora, renascida depois, a feira foi ganhando notoriedade e fama, atraindo gentes e mercadores de várias paragens, condições e credos. Por alturas de 1511 deram-lhe chão definitivo no Rossio da Ribeira e ligaram-na para sempre ao santo que foi publicano cobrador de impostos, de nome Mateus.

Nos finais do século XVIII, o naturalista alemão Heinrich Friedrich Link reconhece enorme fama a Viseu por ter a única grande feira em Portugal.

O século XX traz uma feira transfigurada. Alexandre Lucena e Vale regista essa transformação: “… a Feira, a velha Feira Franca de Viseu, a esvair-se, falha de interesse e de feirantes, morreu aí por 1916.

A de hoje é moça moderníssima, da nova geração das Feiras Populares, mestiçada de Festas da Cidade, o que lhe dá cunho próprio e atractivo inconfundível”. Alberto Correia, anos mais tarde, corrobora esta visão de uma nova feira que “… perde aquele fácies, honroso sem dúvida, de centro de transacções vultoso que respondia essencialmente a uma economia voltada para a lavoura, os ofícios e os criadores de gado, para ganhar um ar de festa onde a cidade amplamente se envolvia”.

Esta visão diacrónica aprofunda a convergência entre o passado e o presente. É um longo caminho de 620 anos em que se lê uma cidade que se transformou ganhando consciência de espaço diferenciado e autónomo.

Há em cada viseense uma opinião sobre a sua feira. Para uns, a memória nostálgica das muitas coisas que a feira era e que já não tem; para outros, a certeza de que a feira deve despir definitivamente as roupagens que a traça dos muitos anos corroeu e transformar-se num momento mais ajustado às circunstâncias do mundo contemporâneo, global, sem distâncias nem tempo, mas competitivo.

Para todos, a convicção de que a feira se deve reconstruir num novo paradigma de qualidade, exigência e modernidade. Este acontecimento maior de Viseu tem potencialidades que importa redescobrir por entre aquelas que foram e continuam a ser as suas principais atividades. O que se pretende é uma abordagem integrada, reunindo diferentes opiniões de especialistas de várias áreas que nos permitam fazer da feira aquilo que ela de facto deve ser, a bandeira de Viseu, conferindo-lhe importância e sentido no contexto atual.

A Feira de S. Mateus, que se realiza anualmente, em Viseu, é o

40 Dias e 40 Noites de Festa

Foi esse o desafio que nos impusemos, certos de que a feira, muito mais do que caminhos novos, tem de criar a sua dimensão em que se exprima o sentir da comunidade e que corresponde ao modo como ela encara e expressa a sua própria realidade, diferente do modo como o fazem outras comunidades.

A cidade deve rever-se na feira e esta deve dar atenção à cidade. O contributo de instituições e organizações culturais da região é uma mais-valia que importa potenciar. As parcerias com várias instituições culturais do concelho e da região traduzem-se em projetos culturais e lúdicos, fundamentais para uma renovada e mais apelativa imagem da Feira de S. Mateus.

Na edição de 2012, a reinvenção do seu objeto motivou a aposta num novo espaço cultural pluridisciplinar: uma tenda destinada a acolher diversas iniciativas, com um palco onde possam acontecer espetáculos mais intimistas que não se confinem ao palco principal. Um espaço dinâmico, aberto à produção artística e cultural da região, local de convívio, de discussão crítica sobre diversos temas da atualidade e de afirmação de novos talentos na música e nas mais diversas formas de arte.

Definitivamente, mais um passo no desafiante caminho da inovação e da criatividade que assumimos e que a Feira merece.

A marca Feira de S. Mateus já existe e é nossa. Registe-a dentro de si.

Vamos todos!

O Gerente Executivo da Expovis

Dr. José Moreira Amaral

(3)