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A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE COMPUTAÇÃO PARA ADOÇÃO APROPRIADA DE TDIC

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A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE COMPUTAÇÃO PARA ADOÇÃO APROPRIADA DE TDIC

TRAINING OF COMPUTER TEACHERS FOR APPROPRIATE ADOPTION OF DIGITAL TECHNOLOGIES FOR INFORMATION AND COMMUNICATION

Raimundo Claudio da Silva Vasconcelos (IFB – raimundo.vasconcelos@ifb.edu.br)

Antonio Justiniano de Moraes Neto (IFB – antonio.neto@ifb.edu.br)

Resumo:

Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) estão sendo abordadas na formação de profissionais da Educação e estes necessitam usá-las apropriadamente em sala de aula. Percebe-se que esta adoção deve ser contextualizada de forma a refletir os desafios da sociedade onde a escola está. Este trabalho é fruto de uma pesquisa em andamento junto ao Sistema de Ensino do DF sobre a situação atual do ensino de computação na Educação Básica, sugerindo oficinas para o desenvolvimento de habilidades e competências dos alunos na área computacional, tendo como um dos objetivos propor um currículo mínimo para o ensino de computação na Educação Básica.

Palavras-chave: TDIC; formação de professores; currículo de computação; tecnologia educacional.

Abstract:

Digital Technologies for Information and Communication are being addressed in the training of Educational professionals and they need to use this technology appropriately in classrooms. It is perceived that this adoption must be contextualized in order to reflect the challenges of the society where the school is situated. This work is the result of an ongoing research with the Federal District Teaching System assessing the current situation of computer teaching in Basic Education, suggesting workshops for the development of students' skills and competences in the computational area. One of the objectives is to propose a minimum curriculum for computer education in Basic Education.

Keywords: digital technologies; teach training; minimum curriculum for computation;

educational technology.

1. Introdução e objetivos

As TDIC vêm sendo abordadas na formação de professores para que estes a utilizem apropriadamente, quando de sua atuação. Kenski (2012) nos lembra que todas as eras são marcadas pelo predomínio de um tipo de tecnologia e que o conceito desta não se restringe ao produto, mas também aos seus usos.

A definição de TDIC em ambiente educacional, portanto, deve considerar o contexto

da adoção de quaisquer destas tecnologias, necessitando que gradualmente sejam abordadas

sobre os aspectos práticos de infraestrutura, pedagógicos, de gestão e de formação de

professores.

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2 Os profissionais que atuam nas escolas acompanham a evolução tecnológica e adotam as TDIC, com diferentes graus de dificuldade, em seu cotidiano. Entretanto, a formação de professores ainda não encontrou uma abordagem que os permita ficar mais confortáveis para a adoção de TDIC. Trata-se de um processo com diversos estágios que, segundo Kenski (2012), foi classificado em: entrada; adoção; adaptação; apropriação e invenção, variando da tentativa de uso inicial até o ponto em que o professor desenvolve novas habilidades de ensino e as usa como ferramenta flexível, o que ocorre em um período de até cinco anos de experiência.

Os cursos de formação de professores de computação, apesar da aparente vantagem na abordagem das TDIC, também carecem do debate aprofundado quanto ao uso adequado e crescente destas, tanto na Educação Superior quanto na Educação Básica, sendo este o enfoque dos cursos de Licenciatura em Computação. Moran (2004) acrescenta que o

“professor, em qualquer curso presencial, precisa hoje aprender a gerenciar vários espaços e a integrá-los de forma aberta, equilibrada e inovadora”, tendo definido estes espaços como:

uma nova sala de aula; o laboratório conectado; os ambientes virtuais de aprendizagem; e ambientes experimentais e profissionais.

Observa-se que até bem pouco tempo o uso da informática era considerado como um recurso a mais para a educação e não como instrumento transformador de cultura. Pensava- se apenas em interdisciplinaridade quanto ao uso da informática e, atualmente, há a necessidade de se avançar este entendimento em direção ao desenvolvimento do pensamento computacional.

Tal fato também está presente nas dificuldades encontradas pelos professores nos modos de aplicar essa tecnologia no seu dia-a-dia na escola. Ferramentas tecnológicas como

facebook, twitter, whatsapp, entre outros, estão presentes no cotidiano dos alunos e devem

ser trazidos para dentro da sala de aula, como uma forma de envolvimento e participação dos alunos em temas propostos por professores.

Aliado a isso existe a necessidade de democratizar o acesso a tecnologias e de promover o seu domínio por parte dos alunos, de forma a reduzir a diferença entre aqueles que têm e aqueles que não têm acesso a elas, sendo a escola um dos locais que podem propiciar isso. Na nossa Sociedade da Informação surgem os grupos “inforicos” e os

“infopobres”, que consistem nos países ou setores da população que têm acesso a um uso construtivo, enriquecedor e criativo das TDIC e aqueles que não têm acesso a elas ou que as acessam apenas como consumidores (Coll e Monereo, 2010).

Frente a esse contexto, conceitos como letramento digital (Machado, 2012) e alfabetização digital (Coll e Monereo, 2010) também devem ser considerados quando da preparação didática dos conteúdos a serem contemplados, de forma que os alunos assumam seu papel ativo na relação com a informática.

Paralelamente a isso, a Sociedade Brasileira da Computação (SBC, 2017) entende que os conceitos da computação devem ser ensinados a partir do ensino fundamental e incentiva ações dessa natureza. Para tanto, os referenciais propostos pela SBC organizam os conhecimentos da área de computação em três eixos: Pensamento Computacional, Mundo Digital e Cultura Digital.

Pensamento Computacional está relacionado a capacidade de sistematizar,

representar, analisar e resolver problemas. Junto com a leitura, escrita e aritmética este vem

sendo considerado como um dos pilares do intelecto humano.

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3 O mundo digital, formado por componentes físicos e virtuais, está cada vez mais presente no mundo real. As informações do dia-a-dia estão nele disponibilizadas, sendo necessário codificá-las e organizá-las de forma que possam ser armazenadas e recuperadas.

As ferramentas de comunicação e divulgação da informação do mundo digital vêm dando poder de opinião aos indivíduos da sociedade da informação. Essas produções culturais influenciam formas e costumes de vida das pessoas e, portanto, há a necessidade de utilizá- las com competência, habilidade e criticidade. Compreender a cultura digital implica em compreender a relação da computação com outras áreas do conhecimento, para expressão de soluções e manifestações culturais de forma contextualizada e crítica.

Considerando os três eixos definidos pela SBC, o ensino computacional deve desenvolver competências e habilidades relacionadas a codificação, fluência tecnológica, ética digital, entre outras.

O eixo do Pensamento Computacional tem despertado bastantes interesses e projetos, como o da Computação Desplugada (Bell, Witten e Fellows, 2011), que apresenta alternativa de ensino da computação e resolução de situações-problema por meio de atividades lúdicas com analogias do cotidiano, sem utilizar dispositivos de hardware nem software, vem sendo adotada por pesquisadores e professores em 111 países, tendo sua divulgação feita através do site CS Unplugged

1

.

Uma pesquisa desenvolvida no Campus Taguatinga do IFB – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília, no âmbito do grupo de pesquisa Formação de Professores em Tecnologia Educacional – Proted

2

, dedica-se ao estudo de um currículo mínimo para o ensino da computação em cada etapa da Educação Básica, com objetivos específicos de: verificar o contexto do profissional licenciado em computação no DF em escolas públicas e particulares; investigar como os conteúdos estão sendo desenvolvidos na Educação Básica, bem como as práticas pedagógicas; propor estratégias para implementação do currículo mínimo; aplicar e avaliar oficinas de escola aberta de programação de computadores; propor metodologias de ensino para os conteúdos de informática em cada etapa considerando o pensamento computacional; alinhar a prática dos docentes licenciados em computação com as necessidades e desafios dos discentes; e avaliar o uso da tecnologia educacional.

Este trabalho busca assim delinear a complexidade de atuação dos professores licenciados em computação que, durante sua formação e atuação, frequentemente se deparam com dilemas relacionados a: falta de currículo para o ensino da computação;

ambientes com infraestrutura de TDIC defasada; atuação de profissionais, que nem sempre são professores, em laboratórios de informática sem formação adequada; escassez de abordagem das TDIC no planejamento educacional; desconhecimento das possibilidades de atuação dos professores de computação no ambiente educacional.

Neste contexto, são retratados neste trabalho a necessidade e o engajamento para que a formação de professores de computação proporcione reflexões e oportunidades de adoção apropriada das TDIC em ambiente educacional.

1 CS Unplugged - Computer Science without a computer: http://www.csunplugged.org.

2 Proted no Diretório dos Grupos de Pesquisa:

http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/1286519993529313.

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4 Atividades como oficinas foram propostas para alunos do ensino fundamental e médio do DF. Tais atividades foram desenvolvidas por alunos da Licenciatura em Computação, tendo também a participação de profissionais da educação das escolas participantes, como uma forma de apresentar tais oficinas e difundi-las, de maneira que esses profissionais possam se apropriar da adoção da tecnologia no contexto da escola.

2. Metodologia de estudo e forma de análise dos resultados

A complexidade e amplitude de uso das TDIC em ambiente educacional é bem demonstrada por Bacich e Moran (2015), quando abordam o tema educação híbrida, na qual estamos constantemente aprendendo de diversas formas, combinando “vários espaços, tempos, atividades, metodologias, públicos”. Agora esse processo, com a mobilidade e a conectividade, é muito mais perceptível, amplo e profundo: trata-se de um ecossistema mais aberto e criativo.

A pesquisa possui abordagem qualitativa e natureza aplicada, uma vez que pretende gerar conhecimentos para uma aplicação prática, para a resolução de um problema específico, qual seja, promover a formação de professores de computação aptos a atuar apropriadamente com as TDIC na Educação Básica, de forma integrada aos temas e projetos educacionais.

Foram desenvolvidas oficinas junto a estudantes dos ensinos fundamental e médio da Secretaria de Educação do Distrito Federal e de escolas particulares. Tais oficinas foram executadas por alunos do curso Licenciatura em Computação do campus Taguatinga do IFB. A abordagem utilizada foi instrucionista e os conceitos foram transmitidos de forma simples e interativa pelos licenciandos (em computação), sem a necessidade de hardware e software especializados. Dessa forma, as oficinas propostas podem ser replicadas facilmente em várias escolas com infraestrutura básica de informática.

Tais oficinas foram desenvolvidas segundo vários preceitos: computação desplugada através de jogos de tabuleiro com regras bem definidas, seguindo os conceitos de seleção, repetição e sequência; conceitos básicos de programação usando um ambiente específico de aprendizagem; desenvolvimento de gibi; e introdução a (des)criptografia através do código binário, conforme apresentado na Tabela 1.

Os objetivos foram desenvolver as habilidades cognitivas de raciocínio, abstração e resolução de situações-problema dos alunos. Cada encontro das oficinas tinha duração de duas horas e ocorreram nos espaços disponibilizados no campus Taguatinga do IFB.

Essas oficinas foram aplicadas a 40 alunos do 4º ano do ensino fundamental da

Secretaria de Educação do DF, a 60 alunos do ensino médio de uma escola particular e a 30

alunos do ensino médio do curso Técnico Integrado em Eletromecânica do campus

Taguatinga.

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5 Tabela 1. Características das oficinas

Atividade Material

Jogo de tabuleiro Tabuleiros de papelão, ratos de plástico, dados, caneta tinteiro

Conceitos de programação usando ambiente Code

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Laboratório de informática com computadores desktop com acesso a internet

Desenvolvimento de gibi usando ferramenta Pixton

Laboratório de informática com computadores desktop com acesso a internet

Criptografia Papel e caneta

Fonte: Autoria própria

Uma dupla de licenciados trabalhava com cada turma, um atuando como instrutor e outro como monitor. As oficinas foram repetidas quatro vezes para alunos distintos e houve rodízio entre os dois licenciandos nos papéis de instrutor/monitor.

3. Resultados

Observou-se a evolução dos estudantes na assimilação de conteúdos da computação, melhor organização do pensamento e cooperação entre eles como membros de equipes.

Alguns alunos do ensino fundamental rapidamente descobriam, de forma intuitiva, os fundamentos do pensamento computacional e, tanto na oficina desplugada quanto no uso do ambiente Code.org, destacavam-se e apresentavam uma maior facilidade na resolução de situações-problema lógicas.

Para os licenciandos em computação, percebeu-se que o planejamento, adaptação e simulação prévia das atividades são importantes para o sucesso das práticas pedagógicas.

Além disso, notou-se que tais iniciativas são importantes para os alunos dos ensinos fundamental e médio, principalmente quanto a formação profissional destes. Desta maneira conclui-se que houve contribuição para a adoção apropriada das TDIC em ambiente da Educação Básica.

4. Considerações finais

Foram observadas as seguintes características na Educação Básica do DF:

desarticulação de diretrizes claras para a adoção apropriada de TDIC; falta de planejamento dos conteúdos de informática no ambiente escolar; falta de investimento e manutenção

3 Code.org: https://code.org/

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6 continuados da infraestrutura dos laboratórios de informática; e existência de profissionais sem qualificação adequada para atuação no ensino da computação, inclusive desestimulando a procura por parte de estudantes para esta formação.

As oficinas ministradas pelos licenciados permitiram a compreensão do vasto campo de possibilidades relacionado a área computacional e sua aprendizagem pelos estudantes da Educação Básica. Tais práticas podem ser mais facilmente implementadas em kits educacionais que proporcionarão a sua adoção e disseminação. Uma próxima etapa desse projeto será justamente a confecção desse material didático e sua adoção apropriada no próprio campus Taguatinga e em escolas da Secretaria de Educação do DF.

Conclui-se também que a definição de um currículo mínimo para o ensino de computação na Educação Básica é urgente e relevante para a melhoria qualitativa desta, permitindo o desenvolvimento da cultura de adoção apropriada de TDIC no ambiente escolar.

Referências bibliográficas

BACICH, Lilian; MORAN, José Manuel. Aprender e Ensinar com Foco na Educação Híbrida.

Revista Pátio, no 25, junho, 2015, p. 45-47. Disponível em http://www.grupoa.com.br/revista- patio/artigo/11551/aprender-e-ensinar-com-foco-na-educacao-hibrida.aspx. Acesso em 22 de novembro de 2017.

BELL, T.; WITTEN, I.; FELLOWS, M. Computer Science Unplugged - Ensinando Ciência da Computação sem o uso do Computador. Tradução de Luciano Porto Barreto, 2011. Disponível em: http://csunplugged.org/. Acesso em 04 de março de 2017.

COLL, C.; MONEREO, C. Psicologia da educação virtual: aprender e ensinar com as tecnologias da informação e da comunicação. Porto Alegre: Artmed, 2010.

KENSKI, Vani Moreira. Tecnologias e Ensino Presencial e a Distância. 9ª ed. São Paulo: Papirus, 2012.

MACHADO, J. L. de A. Alfabetização Digital: mais que um conceito, uma necessidade.

Disponível em: http:// http://cmais.com.br/educacao/titulo-58. Junho de 2012. Acesso em 22 de novembro de 2017.

MORAN, José Manuel. Os Novos Espaços de Atuação do Professor com as Tecnologias.

Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 4, n.12, p.13-21, maio/ago. 2004.

SBC. Referenciais de Formação em Computação: Educação Básica. Disponível em

http://www.sbc.org.br/files/ComputacaoEducacaoBasica-versaofinal-julho2017.pdf. Acesso

em 6 de outubro de 2017.

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