A S COOPERATIVAS DE M Ã O - D E - O B R A E O S TRIBUNAIS REGIONAIS D O T R A B A L H O
DENIS MARACO! GIMENEZ JOSÉ DARI KREiN MAGDA B. BIAVASCHI*’1
d e i x a m - s e c o n s u m i r e m n o m e d a integração q u e desintegra
a raiz d o ser e d o viver.
(Carlos Drummond de Andrade, Entre Noel e os índios) 1. A P R E S E N T A Ç A O
O presente artigo decorre d as pesquisas realizadas n o Centro de Estudos Sindicais e d e E c o n o m i a do Trabalho (CESIT), d o Instituto de E c o n o m i a d a U N I C A M P sobre as tendências das relações d e trabalho nos anos recentes, realizadas, e m particular, n o âmbito d o Projeto Desenvolvimento Tecnológico, Atividades Econômicas e Mercado de Trabalho nos Espaços Regionais Brasileiros, e m parceria c o m o D epartamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconómicos — D I E E S E (,).
O t e m a central deste artigo diz respeito, especificamente, às c o o p e rativas d e mão-de-obra. Trata-se d e u m a análise d e decisões d a s T u r m a s dos Tribunais d a 4 a, 6 a, 9 a e 1 5 a Regiões e m a ções ajuizadas por traba
lhadores q u e b u s c a m o reconhecimento d a relação de e m p r e g o c o m as to
m a d o r a s ou c o m as cooperativas que contratam seus serviços. Diante d e u m a m p l a coleta d e d a d o s para o período 1997-2001, seguiu-se a sistematiza
ç ã o das informações. E m meio a u m grande n ú m e r o d e acórdãos e x a m i n a dos, foram selecionados, para u m a análise mais detida, aqueles envolven- (') Doutorandos d o P r o g r a m a d e Pós -Grad uaçã o e m E c o n o m i a Aplicada, sob a área d e c o n centração E c o n o m i a Social e d o Trabalho, d o Instituto d e E c o n o m i a d a U N I C A M P . Respecliva- meníe, pesquisadores d o Centro d e Estudos Sindicais e d e E c o n o m i a d o Trabalho — C E S I T e Juíza d o Trabalho.
(1) O projeto contou c o m financiamento d o C N P q . A preocupação central desta linha d e pesquisa é investigar o processo d e desregulamentaçSo e precarização d o trabalho ocorridos nos anos recentes.
d o casos paradigmáticos das tendências decisórias e m c ad a Tribunal. A esses dados, este artigo agrega à anáiise outros, obtidos junto aos Tribu
nais selecionados, q u e permitem u m a melhor refiexão sobre o pape! da Justiça do Trabalho n o sentido d e viabilizar ou inibir o processo atual de proliferação das cooperativas d e mão-de-obra.
O artigo divide-se e m cinco partes. Primeiro, b usca traçar u m a c a racterização gerai do problema, considerando as especificidades d a s o ciedade brasileira, c o m ênfase nas m u d a n ç a s estruturais nela ocorridas e n o c a m p o das relações d e trabalho, c o m reflexos sobre a Justiça d o Tra
balho. A seguir, debruça-se sobre o t e m a geral das cooperativas, c o m breve enfoque do debate no período recente, englobando a s questões do desenvolvimento e c o n ô m i c o brasileiro e dos problemas gerais q u e per
p a s s a m a Justiça do Trabalho. N a seqüência, desloca seu olhar para o processo d e constituição do sujeito trabalhador brasileiro e, ainda, para as propostas d e alteração íegislativa e m andamento, colocando questões sobre a s cooperativas de mão-de-obra e a fraude a direitos. Depois, b u s c a n d o delinear os pressupostos centrais q u e m o v e m as tendências das decisões a partir d o e x a m e d e acórdãos dos Tribunais selecionados, diri
ge seu olhar, sobretudo, a o s d a s T u r m a s do T R T d a 4 a Região e m período específico, s e m deixar de focalizar as tendências dos d e m a i s Regionais, b u s c a n d o u m padrão decisório.
Por fim, e m s ua s considerações finais, além d e abordar a importân
cia e o papel d a Justiça d o Trabalho e m suas decisões e m processos e n volvendo “cooperativados", voita-se para as cooperativas e m gerai e, mais específicamente, para as d e mão-de-obra, englobando aspectos conclusi
vos sobre seu papel, buscando refletir sobre e m q u e m e d i d a contribuem para o desenvolvimento econô mi co e para a redução d o d e s e m p r e g o no país, tendo c o m o objetivo a constituição d e u m a sociedade mais igual e q u e a todos p ossa integrar.
2. O D E B A T E S O B R E A S C O O P E R A T I V A S D E M A O - D E - O B R A O f e n ô m e n o d a globalização (neo) liberal acelera a unificação desi
gual do m u n d o s o b a égide do capital financeiro: u m m o v i m e n t o q u e
"globaliza” o poder dos Estados nacionais heg em ôn ic os e das corporações financeiras, c o m crescente a u m e n t o das desigualdades e m nível interna
cional e n o âmbito dos países. O s países q u e a d e r e m à globalização c o m esses contornos apresentam perversos índices d e d e s e m p r e g o e d e con
centração de renda, m e r c a d o d e trabalho c o m altíssimas taxas de rotativi
d a d e d e mão-de-obra e expressivo a u m e n t o dos trabalhadores informais.
N u m cenário dessa ordem, e m que o Estado parece perder sua capacidade d e atender as d e m a n d a s sociais, as organizações d o s trabalhadores fragilizam-se, c o m perda de direitos conquistados. N a dinâmica d a crise, tendências autoritárias r e c e b e m impulso importante. N a s entranhas d e u m capitalismo desregulado, interesses de grupos privados, e m competição desenfreada, apo de ra m- se d o Estado, suprimindo sua independência for-
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mal e m relação à sociedade civil121. A democracia fica a m e a ç a d a . É n u m cenário d essa o r d e m q u e se procura abordar o t e m a das cooperativas, o qual n ã o p o d e ser tratado d e forma descontextualizada.
2.1. O cenário brasileiro: a m p l i a n d o diferenças
S e g u n d o d a d o s do ¡BGE, o Brasil é u m país de 169 milhões de brasi
leiros. Destes, a maioria são pobres; muitos são miseráveis. A renda fami
liar per capita dos 1 0 % mais ricos é, e m 1999, mais d e 5 0 vezes superior àquela dos 1 0 % mais pobres. C o m u m PIB d e U S 557 bilhões e m 1999, o Brasil paga, anualmente, e m serviços d a divida externa, 2 1 % deste. D o O r ç a m e n t o anual, a pe na s 1,5 % é destinado ao Poder Judiciário, d a d o que é insignificante se c o m p a r a d o c o m o gasto c o m serviços d a dívida. Isso n u m m o m e n t o e m que, diante d a crescente lesão a direitos, o Judiciário é c ad a vez mais acionado pelos cidadãos. À s portas d a Justiça d o Trabalho b a t e m milhares de trabalhadores, grande parte desempregados. S e g u n d o d a d o s d o B N D P J — B a n c o Nacional d e D a d o s d o Poder Judiciário para a Justiça d o Trabalho (http://www. stf. gov. br/bndpj), e m 1 99 0 são ajuizadas 1.233.410 ações; e m 1995, 1.823.437; e m 1999, 1.876.874. D e 1 99 0 para 1999, o a u m e n t o é d e 5 2 % . Já aos Tribunais do Trabalho c h e g a m , e m 1990, 145.646 ações; e m 1995, 363.576; e, e m 2000, 418.378. O crescimento de 1 99 0 para 2 0 0 0 é d e 1 8 7 % . A tabela a seguir revela a discrepancia entre o q u e é destinado à amortização d a divida e ao Poder Judiciário.
Tabela 1. D e s p e s a s Públicas e m A m o r t i z a ç ã o d a Dívida e P o d e r Judiciário durante o P l ano Real
(1995-2000) Amortiza
ção da Dí
vida Pública (RSmi)
Gastos com Poder Judiciário
(RSmi)
Total das Despesas
Públicas (RSmi)
Amortiza
ção/
Total (em %)
Judiciário/
Total (em %)
Amortiza
ção/
Judiciário
1995 95.503 3.691 242.957 39,31 1,52 25,9
1996 116.287 4.400 289.226 40,21 1,52 26,4
1997 147.039 6.028 391.067 37,60 1,54 24,4
199S 218.973 7.169 495.791 44,17 1,45 30,5
1999 296.423 7.470 588.535 50,37 1,27 39,7
2000 344.861 9.314 616.382 55,95 1,51 37,0
Fonte: Ministério do Planejamento
A o n d a d e liberalização q u e c hega ao país nos a no s 9 0 — a partir da a de sã o a o ideário do C o n s e n s o d e Washington — intensifica-se no s eg un do (2) Cl. Belluzzo, Luiz Gonzaga. “Fascismo", Folha de S ã o Pauto. 3 jun.2001, pág. B-2. Belluzo invoca Kar! Polanyi que, a o estudar o avanço d o lascísmo nos anos 2 0 e 30, conclui que não se tratava d e patologia ou conspiração irracional d e classes o u grupos, m a s d e forças gestadas no interior d o capitalismo desregulado.
período F H C . M ed id as c o m o redução de barreiras a o livre comércio, viabi
lização d o livre fluxo d e investimentos, privatizações, desregulamentação dos m e r c a d o s financeiro e d o trabalho e d e setores c o m o energia, trans
porte e telecomunicações, são adotadas, no pressuposto d e q u e a inter
v en çã o d o Estado deve estar limitada às “brechas’’ d o mercado. “Políticas d e ajustamento" e “reformas estruturais” voitam-se, basicamente, à redu
ção d o déficit público e à abertura a o setor privado d e caminhos que, até então, e r a m trilhados a pe na s pelo setor público.
N o s c o m pr om is so s assumidos e m acordos c o m o FMI, a lé m das re
formas constitucionais131 e suas leis complementares, está o d a aceleração das privatizações, incluídos Bancos, sistemas geração e distribuição de energia elétrica, c o m o ênfase à aprovação d e n o r m a s q u e permitam a pri
vatização d a á g u a e das redes d e esgoto {www.brasil.gov.br). D o acordo assinado e m 3 d e agosto de 2001, c o m vigência até d e z e m b r o d e 2002, resultará a liberação d e U S S 13,8 bilhões, s o m a d o s aos U S $ 1,2 bilhão do anterior, condicionada, porém, ao cumprimento d e m e t a s e d e c o m p r o missos pré-acertados. Entre estes, o a u m e n t o d o superávit do setor públi
c o e m 2001 e 2002. N o primeiro ajuste, o superávit acertado era d e R $ 36 bilhões; n o atual, d e R S 40,2 bilhões (de 3 % para 3 , 2 5 % d o PIB). Para 2002, a m e t a fiscal, antes d e R S 35,2 bilhões, é prevista para R S 45,7 bi
lhões. D o início d e 1 99 9 até junho d e 2001, gerou-se R S 100 bilhões de superávit fiscal. A c a s o cumprido o acordo, o superávit n o s e g u n d o governo F H C será d e R $ 155 bilhões. Enquanto isso, a dívida líquida d o setor públi
co, d e R S 385,9 bilhões e m d e z e m b r o d e 1 99 8 (43,3% do PIB), s o m a , e m junho d e 2001, R S 619,4 bilhões, o u seja, 5 1 , 3 % d o PIB, projetando-se, c o m o acordo, u m a dívida d e R S 7 5 0 bilhões e m setembro d e 2 0 0 2 (53,2%
do PIB). E s s a dívida, n o início d o primeiro período F H C , era d e R $ 152 bilhões, 3 0 , 4 % d o PIB.
C o m u m m od el o d e ajuste fiscal d e superávits primários o c u p a n d o o primeiro plano na agenda, cortes d e direitos, d e benefícios sociais, de ener
gia elétrica atingem os cidadãos. E m 1999, 2000, 2001 as Leis d e Diretri
zes Orçamentárias já continham a obrigação d e produzir superávits. C o m a Lei d e Responsabilidade Fiscal (Lei C o m p l e m e n t a r n. 101, d e 2000), m etas fiscais duríssimas p a s s a m a condicionar a a çã o pública. N o limite, é crimi
nalizada a gestão pública q u e n ã o as cumpre. M a s o resultado primário, no entanto, não t e m sido repassado às necessidades sociais d e saúde, e d u cação, segurança, justiça, previdência, transporte, m ei o ambiente, traba
lho etc., s e n d o destinado a o p a g a m e n t o da dívida (ANFIP, 2001).
A Lei d e Diretrizes Orçamentárias (LDO), q u e define a s linhas bási
cas para o a n o d e 2002, insere-se n esse m o d e l o d e ajuste. E n c a m i n h a d a visando a gerar R S 31 bilhões de saldo das receitas e m relação às d e s p e sas para abater os juros d a dívida, sua tramitação n o Parlamento sofre resistência d a s oposições. Estas p r o p õ e m redução d o resultado primário d e R S 31 bilhões para R S 6 bilhões, c o m a diferença d e R $ 2 5 bilhões destinada a o reajuste d o salário mínimo, servidores públicos, c o m b a t e à (3) S ã o as reformas Administrativa, d a Previdência {já aprovadas) e a do Judiciário (em andamento).
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s ec a e investimentos n o setor energético. O governo, a o a rg u m e n t o de q u e haveria fuga d e capitais estrangeiros, pressiona os deputados d a base governista para aprovarem o projeto. E o b t é m êxito. Depois, n ov o acordo c o m o F M I amplia as metas, tudo n u m m o m e n t o e m q u e séria crise ener
gética a m e a ç a a população c o m racionamento, multas e a p a g õ e s (4>. A p e sar disso, a o n d a d e privatização s e g u e s eu curso. O Projeto d e Lei n.
4.147/01, q u e privatlza os serviços d e á g u a e esgoto — c o m p r o m i s s o incluído n o M e m o r a n d o d e Política E c o n ô m i c a e n c a m i n h a d o a o F M I — é m e t a d o governo'51.
A pe sa r d o ajuste fiscal e das reformas subordinadas às diretrizes do FMI, n a sua grande maioria aprovadas, ampliam-se o desemprego, o traba
lho informai, a concentração d e renda, a faita d e moradia, a miséria, a vio
lência n o c a m p o e nas cidades. O d e s e m p r e g o e a informalidade p r o v o c a m q u e d a n a contribuição à Previdência Social. Q u e d a essa q u e v e m s e n d o u s a d a c o m o justificativa para que, n a reforma, s uprimam-se benefícios e reduzam-se direitos e serviços à sociedade, atingindo os q u e mais n eces
sitam. U m a verdadeira desordem(S> acirra as inseguranças n o m u n d o do trabaiho. E m d a d o s d o I 8 G E d e 1999, 5 8 % da população insere-se no m e r c ad o de forma precária. Hoje, os d a d o s são ainda mais assustadores. A s taxas de d e s e m p r e g o nas regiões geográficas brasileiras são, n o mínimo, o dobro das apuradas no final dos anos 80. S e g u n d o dados do I B G E (PME), o d e s e m p r e g o pulou d e 1,8 milhão (3%) para 7,6 milhões (9,6%) d e pessoas.
Já pelos d a d o s d o Dieese/Seade, o índice saltou d e 8,9, e m 1 98 9 para 17,8 e m out./2001. D o s 13,6 milhões q u e ingressaram n o m e r c a d o de tra
balho n ad a m e n o s d o q u e 5,1 milhões sobraram {Pochmann, 2001 ). O acrés
cimo dos postos d e trabalho não assalariados provoca mais precarização, gerando mais insegurança.
O crescimento da insegurança está, t a m b é m , relacionado c o m as ini
ciativas políticas d o Poder Executivo Federal d e introduzir u m a série de med id as q u e contribuem para desregulamentar direitos e flexibilizar as re
lações d e trabalho, tais c o m o o fim da política salarial, a reforma previden- ciária, a participação nos lucros d e resultados, o b a n c o de horas, o contra
to por prazo determinado, o trabaiho aos domingos, as comissões prévias d e conciliação, o afrouxamento do sistema de fiscalização etc. Portanto, o governo F H C sinaliza u m a redefinição d o papel d o Estado nas relações de trabalho, c o m o está expresso e m sua proposta d e alteração d o artigo 618 d a CLT, b us ca nd o fazer prevalecer o negociado sobre o legislado, n u m con
texto extremamente desfavorável aos trabalhadores e às suas organizações.'651 456 (4) U m a análise sobre a crise d e energia p o d e ser lida no sile (www. ilumina.org.br) sob o título:
"Crise d e energia — mosaico d e equívocos".
(5) Deputados oposicionista tentaram obstruir a votação d a L D O , e m regime d e urgência. E m entrevista coletiva, exp usera m os riscos d a perda d a titularidade dos municípios, acaso aprovado o P U n. 4.147/01. q u e privatiza o abastecimento d e á g u a e d e esgoto n o pats,
(6) Cí. Maitoso, Jorge. "A d e s o r d e m d o trabalho", S ã o Paulo: Scritta, 1995; e “E m p r e g o e concor
rência desregutada". In Oliveira, Carlos Eduardo Basbosa; Maitoso, Jorge (Org.) “Crise d o Traba
lho n o Brasil: modernidade o u volta a o passado?", S ã o Paulo: Scritta, 1996.
(6a) O projeto d e lei que alterava o art. 618 d a C L T (oi retirado pelo governo Lula d o Senado.
N e s s e cenário, a natureza das reivindicações dos trabalhadores des
loca-se para a m a n u t e n ç ã o dos postos de trabalho e para a preservação d e direitos vigentes, evidenciando u m a clara tendência defensiva n o c a m p o d a negociação coletiva. Alguns acordos coletivos p a s s a m a conter cláu
sulas lesivas a direitos171. S e g u n d o o Dieese, a partir de 1995, h á q u e d a progressiva do n ú m e r o d e categorias profissionais que, e m suas negocia
ções coletivas, t ê m assegurada a recomposição d o poder aquisitivo dos salários. D e acordo c o m o seu a c o m p a n h a m e n t o , e m 1 99 5 praticamente todas as categorias conseguiram reajuste salarial equivalentes à evolução dos índices d o custo de vida a c u mu la do s no período de vigência tío regra
cíenlo normativo anterior. J á e m 1996, 4 0 % das categorias n ã o o b t ê m s e quer a reposição da inflação passada; percentual esse que, e m 1997, cres
ce para 4 5 % , caindo, e m 1998, para 3 2 % (S|. E m 1999, n o entanto, volta a aumentar o n ú m e r o das que n ã o c o n s e g u e m recompor o poder d e c o m p r a dos salários, ficando e m torno d e 5 0 % 78(9) 10. E m 2000, h á p e q u e n a recupera
ção salarial. Portanto, s e g u n d o o Dieese, a pó s o Plano Real, as catego
rias t ê m enfrentado dificuldade de manter ou elevar o p oder de c o m p r a d o s salários e m suas negociações. A i é m disso, o valor d o salário fixo é rebaixado {Dieese, 1999:13). O desrespeito a o s direitos amplia o n ú m e r o das a ç õ e s ajuizadas, abarrotando, ainda mais, o já sobrecarregado Judi
ciário do Trabalho.
É n e s s e contexto q u e o t e m a d a s cooperativas adquire importância, adquirindo terreno fértil para s u a expansão. E x p a n s ã o e ss a q u e v e m s e n d o analisada d e forma distinta por especialistas e m m e r c a d o d e traba
lho1'01. A seguir, s e procurará definir o q u e são cooperativas, fazendo-se u m a distinção entre as diversas formas existentes para, depois, refletir sobre o s e u significado n o Brasil do ponto d e vista d o e m p r e g o e dos direitos conquistados.
2.2. A s cooperativas: a s p e c t o s importantes
Cooperativismo é u m ato d e solidariedade. N ã o é solução mágica para o problema d o desemprego. C o o p e r a ç ã o remele à colaboração, ao trabalho e m c o m u m . O cooperativismo é informado por certos princípios, entre eles: a união para a busca d e objetivos comuns; a idéia d e e m a n c i p a ção; iniciativa própria; eliminação d o lucro; m u d a n ç a social; continuação. A cooperativa, portanto, baseia-se e m valores d e ajuda mútua, solidarieda
de, democracia, participação e igualdade, diferenciando-se por ser u m a associação d e pessoas. A s cooperativas de trabaibo constituem força i m portante na Europa, e m países c o m o E s p a n h a e Itália {ex.: M o d r a g o n Coope- (7) Por exemplo, a q u e permite renúncia à estabilidade d a gestante, o q u e tem provocado ajuiza- m en to d e ações coletivas e m que sindicatos d e trabalhadores p e d e m a nuliticaçâo das cláusulas, por abusivas.
(8) A p ou ca expressividade d a inllaçâo contribuiu para aumentar a proporção d e categorias que conseguiram garantira recomposição dos saiários n o período (Dieese, 1939).
(9) S e g u n d o o Dieese, 1999 toi o pior anos das negociações coletivas, nos a n o s recentes.
(10) Ver Fernandes, Fátima; Rolli, Cláudia. "Cooperativas disfarçam crise d o emprego". JornaI Folha de S ã o Paulo, 7 abr. 2002, pág, B-1 (Dinheiro).
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rative Corporation, u m dos mais importantes grupos cooperativos n a E s p a nha, originado n o Pais Basco). T od a e qualquer discussão sobre as c o o p e rativas d e trabalho exige, inicialmente, se faça u m a distinção entre as di
versas formas existentes: o u seja, u m e x a m e das tipologias1" 1:
a) cooperativas d e p r o d u ç ã o coletiva, mais c o m u n s d a Iugoslávia.
N o Brasil, surgiram, d e h á pouco, as Cooperativas d e Produção A g r o p e cuária — C PAs, originárias dos processos d e assentamento pelo M S T ;
b) o r g an iz aç õe s comunitárias d e trabalho, c o m o o s Kibutz, e m Israel;
c) cooperativas d e trabalho, q u e dispõem d e capital, equipamentos e instalações industriais próprias, produzindo e m suas instalações bens e ser
viços, s e m d e p e n d e r d e u m t o m a d o r específico. Reiacionam-se c o m o m e r c a d o para vender bens ou serviços produzidos: as mercadorias. E n q u a dram-se aqui as cooperativas de produção agrícola, Industrial e artesanal;
d) cooperativas d e profissionais liberais, a utônomos, c o m o as U N I M E D s d o Brasil ou as U N I O D O N T O S ;
e) cooperativas d e mão-de-obra, q u e o p e r a m nas Instalações de outras e m p r e s a s q u e s e constituem as tomadoras de serviços. N ã o se rela
c i o n a m n o mercado, pois n ã o p r o d u z e m b en s e serviços próprios, s e n ã o q u e d es lo ca m a força d e trabalho d e seus “cooperatlvados" para os t o m a dores, beneficiários diretos de seus serviços. Ex.: cooperativas de catadores e de reciclagem d e lixo, d e jardineiros, d e safristas etc. É sobre esse tipo q u e residem os maiores problemas. T ê m , n a realidade, operado c o m o in
termediadoras d e mão-de-obra. S e g u n d o matéria veicuiada pelo Jornal Folha de S ã o Paulo, o Ministério d o Trabalho, conquanto considere o c o o p e rativismo u m a saída, afirma q u e pretende intensificar a fiscalização no s e n tido d e evitar a "escamoteação d a quebra dos direitos trabalhistas”, por
quanto há e m p r e s a s q u e se titulam cooperativas d e mão-de-obra m a s que, n a realidade, s ã o prestadoras d e serviços q u e fornecem trabalhadores para certo tipo d e produção, o q u e n ã o se s u b s u m e no ideário d o cooperativis
mo, s e n d o terceirização d e serviços, ao arrepio d e Lei n. 5.764/71, que regulamenta as cooperativas1'21.
A promulgação d a Lei n. 8.949, d e 12 de d e z e m b r o d e 1994, q u e introduz o parágrafo único ao artigo 4 4 2 d a CLT, v e m c a u s a n d o perplexida
des no melo sindical e entre operadores jurídicos a o afirmar n ã o existir vínculo de e m p r e g o entre as cooperativas e seus associados, e entre estes c o m os tomadores dos serviços e das sociedades cooperativas. E s s a reda
ç ã o t e m propiciado fraudes a direitos dos trabalhadores. N a área rural, al
g un s “especialistas" p a s s a r a m a afirmar que, a partir d essa alteração, os e m p re ga do re s rurais estariam livres dos “problemas e riscos até então exis
tentes". Sindicatos e Federações Patronais d a área rural, notadamente e m 1112 (11) C(. Tipologia apresentada por Perlus, Vergílio. "As cooperativas d e trabalho: alternativas de trabalho e renda", fíevlsla LTr, vol. 60, n. 3, m ar ço d e 1996, págs. 339-346.
(12) Organização p o d e burlar direitos trabalhistas. Folha d e S ã o Paulo. 2 0 out. 99, pág. 2-1 (Dinheiro).
S ã o Paulo, c o m b as e nessas interpretações, p a s s a r a m a “recomendar" a constituição de Cooperativas de Trabalhadores Rurais, n o Intuito d e reduzir as d e m a n d a s trabalhistas e o custo d o trabalho1'31,
A Confederação dos Trabalhadores na Agricultura — C O N T A G e a C o m i s s ã o Pastoral d a Terra — CPT, t ê m feito duras críticas a o novo dispo
sitivo da CLT, por ampliar a cisão entre trabalhadores e acirrar a exclusão social, reivindicando sua revogação (há projetos d e lei nesse sentido, c o m o s e verá e m outro item). N o m el o urbano, sindicatos, federações e centrais sindicais, tanto a C U T c o m o a Força Sindical, c ad a u m a c o m suas especi
ficidades e visões d e m un do , o lham c o m preocupação o problema d a frau
de. Mais atualmente, sindicatos, a rmando-se contra o d e s e m p r e g o e cien
tes d e q u e cooperativas d e mão-de-obra estão s e n d o constituídas c o m o verdadeiras "coopergatos”, t ê m organizado departamentos para orientar s eu s associados q u e b u s c a m esse tipo d e organização1’41.
M a s o q u e se questiona é se as cooperativas — aqui consideradas as cooperativas de mão-de-obra, não de produção — p o d e m ser u m a alterna
tiva para fazer frente à anomia, à inação d o Estado que, n a crise, perde, empiricamente, sua capacidade reguladora. Mais especificamente, se são u m a alternativa para o problema do d e s e m p r e g o e se, d e antemão, impor
t a m fraude a direitos dos trabalhadores. Q ua nt o à fraude, ainda, se a orga
nização dos cooperativados e m sindicatos próprios poderia coibi-la. Q u e s tões q u e este artigo busca enfrentar.
2.3. A e x p a n s ã o d a s cooperativas d e m ã o - d e - o b r a n o Brasil É expressiva a expansão das cooperativas no Brasil, especialmente as d e trabalho, operando c o m o Intermediadoras d e mão-de-obra. Apesar d a precariedade d e d a d o s sobre essa expansão, sua proliferação nos anos recentes é visívef. Evidências empíricas indicam n ão estarem concentra
das s o m e n t e e m setores m e n o s dinâmicos d a economia, c o m o as 'cooper
gatos’ d o setor agrícola e d e vestuário, alastrando-se e m setores q u e ofe
r e c e m mão-de-obra qualificada, c o m o centros de processamento de d ados d e bancos, serviços d e engenharia etc. A pe sa r d a diversidade das c h a m a das experiências d e cooperativismo e s e m d esmerecer o mérito destas, deve-se considerar o papel dessas cooperativas n o processo d e desestru- turação d a s relações d e e m p r e g o formais e do n ã o acesso a o s direitos decorrentes d o contrato de emprego.
S e g u n d o a O C B — Organização d o Cooperativismo no Brasil, o n ú m e r o de cooperativas d e mão-de-obra cresceu d e forma fantástica nos anos 90. S o m e n t e entre 1 99 8 e 2001, o n ú m e r o de cooperativas cadastradas e m seus registros saltou d e 1.334 para 2.391, conforme tabela abaixo. Outra evidência d o referido crescimento está nas organizações próprias, vincula- 1314 (13) Ibiüem.
(14) J á a Federação das Cooperativas de Trabalho d o R S — Regional d e Ijul — F E T R A B A I H O , por exemplo, e m reunião d e 9 d e agosto d e 1995, decidiu pela m a n utenç ão d o dispositivo d a C L T e pela atuação política e m lavor d o q u e e n t e n d e m tenha sido u m a conquista para o segmento cooperativo.
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das à O O B , criadas n o s e g m e n t o d as cooperativas d e trabalho, c o m o a C O O T R A B A L H O e entidades estaduais, c o m o a Fetrabalho-SP etc.|IS|. É o setor d e cooperativas q u e mais cresce no Brasil, s e g u n d o a O C B .
A o m e s m o tempo, ampliam-se as denúncias d e cooperativas frau
dulentas. O Ministério Público d o Trabalho, importante ator social, tem b u s c a d o coibir as 'coopergatos'. C o n q u a n t o se reconheça q u e a inclusão d o parágrafo único d o artigo 4 4 2 da C L T tenha propiciado a constituição d e cooperativas fraudulentas s o b o e s c u d o d a lei, s u a expansão, n o e n tanto, n ã o p o d e ser atribuida unicamente a esse fato. Inúmeros outros fatos, cuja análise e sc ap a aos propósitos deste artigo, a incentivam. A p r o pa ga çã o é evidente, c o m o se p o d e observar das informações contidas n a tabela a seguir, c o m implicações para o m e r c a d o e para a s relações d e trabalho n o país.
Tabeia 2. N ú m e r o d e Cooperativas, C o o p e r a d o s e E m p r e g a d o s , por S e g m e n t o
{Base: 31 d e d e z e m b r o d e 1 9 9 8 e 2001)
Segmentos
Número de Cooperativas
Número de Cooperados
Número de Empregados
1996 2001 1998 2001 1998 2001
Agropecuário 1.408 1.587 1.028.378 822.294 107.086 108.273
Consumo 193 189 1.412.664 1.467.386 8.017 7.676
Crédito 890 1038 825.911 1.059.369 5.800 20.680
Educacional 193 278 65.818 73.258 2.330 2.720
Infra-estrutura 187 187 523.179 576.299 5.161 5.431
Especial — escolar 4 7 1.964 2.064 6 6
Habitacional 202 297 46.216 69.668 1.226 1.375
Mineração 15 37 4.027 48.481 24 34
Produção 91 147 4.372 9.892 35 348
Saúde 585 863 288.929 327.191 15.443 21.426
Trabalho 1.334 2.391 227.467 322.735 5.057 7.443
Total 5.102 7.021 4.428.925 4.779.147 150.185 175.412 Fonte: OCB/DETEC/Banco de Dados, http://www.ocesp.org.br/jnoticias.htm
E s s a realidade t e m importado reflexos n o n ú m e r o e no conteúdo das a ções ajuizadas perante a Justiça d o Trabalho, c o m o se verá depois. Ainda q u e n ã o se p ossa atribuir a pe na s à alteração legislativa o f e n ô m e n o da e xp an sã o das cooperativas, especialmente as d e mão-de-obra, n ã o se p od e deixar d e reconhecer q u e a aprovação d a Lei n. 8.949/94 incentivou os trabalhadores a se organizarem para a prestação d e serviços e execução de trabalhos e m geral. E ss a lei introduz, no artigo 4 4 2 da CLT, u m parágra- 15 (15) A organização das cooperaiivas d e trabalho p o d e ser encontrada no sita d a O C B (www.
ocb.org.br).
ío único. Este, afirma inexistir vínculo d e e m p r e g o entre associados e a cooperativa e, ainda, entre a cooperativa e o tomador dos serviços. Esse dispositivo reproduz a regra d o artigo 9 0 d a Lei n. 5.764/71, q u e define a Política Nacional de Cooperativismo e institui o regime jurídico das socie
d a d e s cooperativas, e q u e estabelece: Qualquer que seja o tipo de coope
rativa, não existe vinculo empregaticio entre ela e seus associados. N o entanto, a inclusão n a C L T propiciou a ampliação d a fraude, c o m escudo n a lei. Muitos trabalhadores perderam o status formal de empregados, pas
s a n d o a “sócios” d e cooperativas. C o m o “sócios”, n ão t ê m suas carteiras d e trabalho registradas, não lhes s endo assegurados básicos direitos c omo:
férias, 13® salário, d es ca ns o sem an ai remunerado, FGTS, previdência s o cial. Por outro iado, deixam de pertencer à categoria profissional original.
C o m a supressão d esse vínculo social básico, vantagens decorrentes de negociações coletivas ou sentenças normativas não mais lhes são alcan
çadas. C o m esse deslocamento, além d a perda d a condição d e sujeito e m p r e g a d o e dos direitos decorrentes, no limite é a própria organização dos trabalhadores q u e se fragiliza.
A pe sa r d essa alteração ter sido b a s e a d a e m proposta q u e buscava responder a u m a d e m a n d a dos setores populares q u e v in ha m desenvol
v e n d o experiências de organização d e cooperativas, especialmente no meio rural, teve c o m o 'efeito colateral' uma verdadeira avalanche d e Iniciativas empresariais d e criação de cooperativas ‘fantasmas’1’8'.
Para as e m p r e s a s tomadoras dos serviços dos “cooperativados”, a alteração representa uma possibilidade d e contratar trabalhadores, de cuja mão-de-obra necessitam, via interposta pessoa jurídica (a cooperativa), s e m o custo dos encargos sociais. Para as cooperativas, q u e a t u a m c o m o loca
doras de mão-de-obra, u m m ei o de obter lucro c o m a “locação” q u e inter- m ed ia m, Para os trabalhadores, por u m lado, a continuidade d a prestação dos serviços, mas, por outro, a supressão d e direitos assegurados. N e s s e sentido, apesar d e n ã o ter sido d e iniciativa d o Executivo, essa lei t e m c o n tribuído para flexibilizar o m e r c a d o de trabalho e reduzir o custo d a força d e trabalho. E m termos objetivos, t e m importado desregulamentação d e direi
tos assegurados n a lei e nas negociações coletivas.
Por certo, numa sociedade q u e s e fragmenta, s ã o importantes as ini
ciativas q u e b u s q u e m reconstruir os rompidos laços d e solidariedade. N o (I6)"0acfos oficiais indicam a existência d e 1.ZOO cooperativas oficiais, que reúnem cerca d e 400 mil cooperativados. Entretanto, o governo estima q u e d e v e m atuar n o pais quase 1.000 organiza
ções fantasmas que não recolhem encargos trabalhistas, prática q u e ocorre, principalmente, no setor d e conservação e limpeza, vigilância, hospitais e n o campo. D e acordo c o m as estatísticas d o Instituto d e Cooperativismo e Associativismo — ICA, o n ú m e r o d e cooperativas, até 1995, era d e 3.784 c o m 3,5 milhões d e cooperativados e m todo o Brasil. C o n forme denuncia AtmirPazzia- nolto, ex-Presidente doT ST, à é po ca Ministro Corregedor Geral d a Justiça d o Trabalho: S e g u n d o inbrmaçôes recentes, e m u m a única organização afuaníe n o Estado de S ã o Paulo encontram-se cadastrados cerca de ISO mil trabalhadores, todos eles supostamente cooperados, postos â dis
posição de organismos públicos e de empresas privadas para atividades urbanas e rurais, ao desabrigo das mais elementares garantias da lei. S ã o pessoas que trabalham e m colheitas, vigi
lância e conservação, indústria, comércio, escritórios e até c o m o servidores públicos [Pazzinanotto, Almir."Q tim d o emprego", Boletim do Diap, janeiro d e 1998).
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entanto, estas não se p o d e m sobrepor à a çã o d o Estado n a construção de políticas públicas e e m planejamentos q u e t e n h a m por objetivo o b e m co m u m e, por pressuposto, o crescimento econômico, a retomada d o pleno emprego, a distribuição de rendas e, sobretudo, a construção de u m a s o ciedade mais igual. S ã o considerações importantes q u a n d o s e indaga s o bre o papei q u e p o d e m d e s e m p e n h a r as cooperativas, específicamente as d e mão-de-obra, diante da grave crise d e e m p r e g o no país. N ã o estariam elas contribuindo para ampliar as inseguranças no m u n d o d o trabalho”7', colaborando, ainda, c o m o processo de desconstituição d o sujeito traba
lhador brasileiro, tardíamente constituído?
3. D E S E N V O L V I M E N T O E C O N O M J C O B R A S I L E I R O E A S C O O P E R A T I V A S D E M A O - D E - O B R A
O Direito do Trabalho, c o m o os d em ai s r a m o s d o Direito, é produto das relações sociais. S u a fonte material localiza-se e m profundos conflitos de classe, c omo, por exemplo, as insurreições proletárias d e Paris, e m 1848;
as lutas sociais n a Espanha, impulsionando o Código Civil Espanhol de 1889; a Revolução Mexicana, d e 1910; e a Revolução Russa, d e 1917, m o v im en to s q u e d e s p e d a ç a r a m o princípio d a igualdade formal c o m o fun
d a m e n t o d a o r d e m jurídica.
N o Brasil, o reconhecimento d o trabaihador c o m o sujeito de direitos se d á tardiamente. S e g u n d o Wandellii's>, ao ser construída a n ação brasi
leira tratava-se, entre escravos e “h o m e n s iivres" nacionais, de inventar u m sujeito até então inexistente; o trabalhador livre brasileiro, elemento fun
damental para a constituição de outro q u e estava por ser inventado: o p o v o brasileiro. Estratégias foram desenvolvidas e m torno d e imigração e da substituição do trabalho escravo n o Brasil d o século XIX. N a perspectiva já tardia d e ser abolida a escravidão, clamava-se por u m a "boa lei d e locação d e serviços” q u e “enquadrasse" n ã o s ó o s estrangeiros, c o m o , sobretudo, os nacionais, libertos e ingênuos, a o n d a de negros e expropriados, vicio
sos e vadios q u e tanto a m e a ç a v a m as elites”9'.
D a locação de serviços, n o Código Civil, a o status d e sujeito d e direi
tos assegurados e m regramento próprio, muitos os p a n o s para as m an ga s.
N u m processo difícil e lento, foi s e n d o m o l d a d o esse trabalhador brasileiro, c o m direitos que, n ã o s e m lutas e tensões, são Consolidados; b e m mais tarde, verticalizados pela Constituição de 1988. Nasce, n o Brasii, o Direito d o Trabalho, informado por princípios próprios. Estes, sua razão de ser. U m Direito que, r o m p e n d o c o m a iógica d a igualdade d a s partes, parte d o pres- 171819 (17) Cf. Maltoso, Jorge. “A d e s o r d e m d o trabalho", op. cit. Matloso, analisando as inseguranças no m u n d o d o trabalho, aponta para u m conjunto crescente delas: a) insegurança d o emprego; b) da renda; o) n a contratação; e d) na representação do trabalho, c o m redução dos niveis d e sindicali- zação e das práticas d e conflito.
(18) Cf. Wandelli, Leonardo We/ra.“A invenção do trabalhador livre n o Brasii", Curitiba, 2001, semi
nário para programa d e mestrado e m Oirerto, U F P R — Universidade federai d o Paraná, s. ed.
(19) Ibitíem.
suposto da desigualdade. E que, através d a proteção jurídica, b usca c o m pensar a desigualdade econô mi ca desfavorável a o trabalhador, n u m a ten
tativa de mitigar o desequilíbrio inerente à relação de e m p r e g o presente n u m sociedade capitalista. Para dar efetividade aos direitos assegurados aos trabalhadores e às suas organizações coletivas, nasce a Justiça do Trabalho dentro do arcabouço institucional criado no Governo Vargas. Seu f un damento último: garantir a regulação pública do trabalho.
D a CLT, e m 1943, até a Constituição de 1988, são incorporados ao ord en am en to jurídico brasileiro direitos assegurados peias d en o m i n a d a s
“n aç õe s civilizadas”. Depois d a Constituição d e 1988, muitas m u d a n ç a s o co rr em 120’. O s ventos liberais q u e s o p r a m forte a partir dos a no s 9 0 e, c o m mais eficácia, no último governo F H C , trazem d e volta idéias velhas, c o m roupa ge ns novas. R e f o r m a s liberalizantes, desregulamentação, flexibili
z a ç ã o d e direitos fazem parte da a g e n d a oficial. A possibilidade d a "reden
ção" d o trabalhador “livre e liberto” é transportada para o mercado. N o iní
cio d o século XXI, trata-se d e (des) inventar aquele sujeito que, inexistente n o final d o século XIX, buscava-se construir: o trabalhador livre brasileiro, elemento fundamenta! para a constituição d o cidadão brasileiro'21’. N e s s e processo, a Justiça do Trabalho v e m perdendo eficácia'22’. A C L T é forte
m e n t e a me a ç a d a ' 231.
C o m o pífio d e s e m p e n h o d a e co no mi a brasileira nas últimas duas décadas, reforça-se a tese d a necessidade das reformas liberais n o m u n d o cio trabalho. O d e s e m p e n h o d o m e r c a d o d e trabalho nacional nos anos 90, m a r c a d o pela e n o r m e redução d e sua capacidade d e absorção d e mão-de- obra, é ponto nevrálgico d a elevação dos níveis d e d e s e m p r e g o e d a infor
malidade n o país. D e s d e a recessão d o período 1990-1992, dos efeitos iniciais d a abertura d a e co no mi a e do processo d e reestruturação por parte d a s empresas, o nível d e emprego, particularmente n a indústria, apresenta q u e d a acentuada. A o contrário d o q u e muitos imaginavam, essa q u e d a não foi c o m p e n s a d a pelo setor terciário, responsável pela geração da maioria dos postos d e trabalho a o longo d a década. O processo d e recuperação dos níveis d e atividade econômica, registrado nos m e a d o s da década, n ã o se traduziu c o m a m e s m a intensidade na recuperação d o nível d e emprego.
Este continuou a apresentar grandes oscilações, c o m tendência de q u e d a ao longo do período.
E ss a circunstância a ca bo u por agravar a situação no m e r c a d o d e tra
balho. S o m a d a s a essas constatações quantitativas, referentes a o baixo d in a m i s m o d a e c o n o m i a brasileira na geração d e novos postos d e trabalho (20} Ver, Kr&in, José Dsri. “A relorma Irabalhisla d e F H C e sua efetividade”, CESIT, S ã o Paulo,
2 0 0 2, s.ed.
(21) N u m a referência a Wandeili, antes citado.
(22) Contratos Temporários, alteração d o prazo prescricional para o rural, modificação d a regra d o seu artigo 467, Com issõe s Prévias d e Conciliação, definição d e não salário para parcela que salário é, perda d e 10 minutos diários n o salário (contagem das horas extras), terceirizações, entre outras.
(23) Refere-se â proposta d o executiva que aftera o artigo 6 1 8 d a CLT, estabelecendo a suprema
cia d o negociado sobre o legislado.
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e a consequente elevação do desemprego, a experiência brasileira dos anos 9 0 indica m u d a n ç a s qualitativas no m e r c a d o d e trabalho. Veja-se a tabela a seguir:
Tabela 3. Distribuição d o s o c u p a d o s entre 1 9 8 8 e 1999 dez. 1 98 8 {%) j un . 1 9 9 9 (%)
Assalariado c o m carteira 59,5 44,7
Assalariado s e m carteira 18,4 26,9
C onta própria 17,7 23,5
E m p r e g a d o r e s 4,4 4,9
Fonte: I B G E / P N A D , 2001
Por u m lado, a redução do e m p r e g o formal é m arca do período recente, conforme tabela acima. Por outro, o crescimento d a participação dos e m pregos s e m registro formal e dos o cu pa do s por conta própria, na c o m p o s i ç ã o d a o c u pa çã o total, são, t a m b é m , m a r c a s profundas d o processo de precarização das relações d e trabaibo, c o m reílexos importantes sobre a renda do trabalho e no acesso aos direitos sociais fundamentais por parte dos trabalhadores. N a realidade, a ausência d e crescimento econômico, conju ga da a u m processo de abertura comercial abrupta e d e reestrutu
ração industrial, importou mais desemprego, q u e d a n a qualidade das o c u p a ções geradas e crescentes dificuldades do m e r c a d o d e trabalho absorver o s jovens trabalhadores recém-chegados e as p es so as q u e c o m p õ e m a força d e trabalho nacional.
N e s s e cenário desolador, o cooperativismo — na sua essência, u m ato d e solidariedade b a s e a d o nos valores d a ajuda mútua, responsabilida
de, democracia, igualdade — p assa a ser sugerido c o m o u m a alternativa.
E a s cooperativas, conquanto n ã o sejam soiução m ág ic a para o problema d o d e s e m p r e g o e d a s deformidades históricas d o m e r c a d o d e trabalho bra
sileiro, p a s s a m a concorrer, n a prática, c o m as e m p r e s a s “terceirizadas”1241.
Fraudes e Ilegalidades, no entanto, v ê m s endo denunciadas. H á casos e m q u e as próprias e m p r e s a s beneficiárias dos serviços d e s p e d e m seus e m pregados, mantendo-os, porém, c o m o "cooperados". D e s s a forma, p a s s a m a contar c o m mão-de-obra mais barata.'251
N o plano jurídico, h á controvérsias quanto à e xe ge se d o parágrafo único do artigo 4 4 2 d a CLT. G r a n d e parte dos acórdãos examinados, q u a n d o evidenciada simulação q u e encobre e figura d o rea! empregador, afas
t a m os d ados formais, reconhecendo a condição d e e m p r e g a d o s dos “coope- rativados" e a relação d e e m p r e g o destes c o m as tomadoras dos serviços. 2425 (24) Cl. "Cooperativa tira espaço d e terceirizadas", Jornal Folha de S ã o Paulo, 7 abr. 2002, pág. B- 4 (Dinheiro).
(25) Cl. M a n e i o Mauad, a d v ogado trabalhista. In "Falsas cooperativas fazem intermediação ilegal d e mão-de-obra", Folha de S ã o Paulo. 7 abr. 2002, pág. B-3 (Dinheiro).
responsabilizando, solidária ou subsidiariamente, as cooperativas contra
tantes. Ou, então, r e c o n h e c e m a relação d e e m p r e g o diretamente c o m as cooperativas, responsabilizando a s tomadoras dos serviços. Outros, e m b e m m e n o r número, independentemente da natureza dos serviços presta
dos, n e g a m a relação d e e m p r e g o e m face d o parágrafo único d o artigo 4 4 2 d a CLT, c o m o se verá n o item seguinte.
N o plano legislativo, a visível deturpação dos objetivos d a lei motivou a apresentação, pelo deputado Aloysio N u n e s Ferreira, do Projeto d e Lei
— P L n. 2.226/96, n ú m e r o na C â m a r a dos Deputados — propondo a revo
g a ç ã o do parágrafo único d o artigo 4 4 2 da CLT. E ss e projeto, aprovado na C â m a r a dos Deputados, tramita n o S e n a d o Federal — P L n. 31/97 — , es
tando d e s d e 12 m a r ç o de 2 0 0 2 na C o m i s s ã o d e Assuntos Econômicos. O parecer d o S e n a d o r J oñas Pinheiro, n a C o m i s s ã o d e Assuntos Sociais, ressalta q u e a liberalidade na legislação t e m encorajado a proliferação de cooperativas de fachada, avaliando que:
Conhecidas como ‘gato-cooperativas’, são instituídas sem o cumprimento dos pré-requisitos básicos definidos na legislação coope
rativista, num processo distorcido e condenável, pois muitas delas visam burlar a legislação trabalhista e previdenciária e a se valerem das isenções tributárias atualmente concedidas às cooperativas.
E ss e e sp aç o n a lei, acrescenta, tem provocado desgastes n a i ma
g e m d o m ov i m e n t o cooperativista brasileiro, c o m prejuízos à União, à Pre
vidência Social e aos Estados e Municípios pela evasão d e arrecadação, mas, especialmente, t e m prejudicado os trabalhadores, afirmando ele que os princípios e condições de vinculação de trabalho d e v e m ser inseridos n a legislação q u e dispõe sobre a Política Nacional d e Cooperativismo:
E m muitos casos, as cooperativas de fachada são utilizadas, na prática, para substituir antigos empregos e relações empregatícias dos trabalhadores por outras mais precárias, privando os empre
gados das mais elementares garantias trabalhistas, bem como o se
tor, de poder gerar novos postos de trabalho.
E conclui que, d essa forma, se estará criando condições para que os trabalhadores possam se valer das cooperativas de trabalho e ter neías uma importante opção de trabalho e renda, com regras claras e definidas.12®
J á o Projeto d e Lei d e autoria do deputado José Carlos Coutinho, do P F L — P L n. 63.690 — , lido n a C â m a r a dos Deputados e m 2 0 d e m a r ç o de 2002, propõe seja modificado o parágrafo único do artigo 4 4 2 d a C L T para ser caracterizada c o m o de e m p r e g o a relação q u e se estabelece q ua nd o d a prestação de serviços às cooperativas. S e u s pressupostos são, portan
to, distintos dos q u e informam o Projeto de Lei antes referido, contrapondo- 26
(26) Jornal do Diap, jan. 1998.
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se, ainda, às tendências das decisões dos Tribunais d o Trabalho q u e afir
m a m a existência da reíação de e m p r e g o q u a n d o desvirtuados os princí
pios do cooperativismo e evidenciada a simulação que, n o Direito do Traba
lho, é instrumento d a fraude.
É forte a pressão d e alguns s eg m e n t o s sociais visando a que, n a via legislativa, operem-se alterações, cientes d e que, a lé m d e disfarçarem a crise d o emprego, falsas cooperativas d e mão-de-obra v ê m s e n d o criadas c o m o Intuito de fraudar direitos e reduzir os custos do trabalho.1271 Preocu
p a d o c o m a proliferação dessas cooperativas, o Sindicato Nacional das Cooperativas do Trabalho apresentou a o Ministério Público d o Trabalho proposta para coibir suas atividades, sugerindo, Inclusive, a criação de agência reguladora para fiscalizar as cooperativas n o r a m o d o trabalho.
C o m a m e s m a preocupação, a O C B — Organização das Cooperativas Bra
sileiras, elaborou sugestões para u m Projeto d e Lei q u e regulamente as cooperativas d e trabalho*281.
R e t o m a n d o - s e as questões lançadas no item 2.2, indaga-se e m q u e m e d i d a as cooperativas — especificamente as d e mão-de-obra — p o d e m significar alternativa real para o problema d o desemprego, n u m cenário d e anomia, e m q u e o Estado, empiricamente, parece perder s u a capaci
d a d e reguladora. E, quanto à fraude a direitos dos trabalhadores, indaga-se se a organização dos cooperativados e m sindicatos próprios n ã o poderia coibi-la.
N o Brasil, surge a U N I S O L Cooperativas (União e Solidariedade), criada pelos metalúrgicos d a região do A B C , n a G r a n d e S ã o Paulo, reu
nindo cooperativas d e trabalhadores e m indústrias d o país. L a n ç a d a e m n o v e m b r o d e 2001, congrega 4 0 0 trabalhadores d e d e z cooperativas do A B C e t e m por objetivo: organizar, representar e estimular o surgimento d e n ovas iniciativas b a s e a d a s n o princípio d a e c o n o m i a solidária, c o m o forma de enfrentar o des em pr eg o* 291. Trata-se de alternativa válida, consl- derando-se q u e são os próprios sindicatos profissionais q u e constituem entidades a eles vinculadas, s e m q u e o vínculo social básico seja (des) constituído. E s s e é u m pressuposto para q u e se p o s s a olhar d e forma positiva a questão.
N o entanto, s e a organização dos trabalhadores e m cooperativas de mão-de-obra visa à intermediação e, n o limite, à redução dos custos do trabalho, o intuito fraudatório fala por si só. N e s s e sentido, a criação de sindicatos próprios desloca o problema. S e n d o a simulação, n o Direito do Trabalho, instrumento d a fraude, s ã o nulos os atos praticados e m fraude a direitos assegurados (artigo 9fi da CLT). Assim, a lé m de estranha a sindica- lização própria de cooperativados, essas cooperativas n ã o teriam força para coibir ou impedir a fraude, na m ed id a e m q u e esta estaria localizada no 272829 (27) Fernandes, Fátima; Rotli, Cláudia. "Cooperalivas disfarçam crise d o emprego", Jornal Folha üa S S o Paulo, 7 abr. 2002, pág. B-1 (Dinheiro).
(28) ‘Legalistas' q u e r e m banir o s 'lora-da-Iei", Jornal Folha de S ã o Paulo, 7 abr. 2 0 0 2 (Dinheiro).
(29) Moreira, Marcelo. “Região d o A B C g an ha cooperativa", Folha de S ã o Pauto, 2 0 out. 99, págs.
2-1 (Dinheiro).
nascedouro d a própria relação de trabalho, s endo dela constituinte. A res
posta é, portanto, negativa. Por outro lado, o afastamento d o suposto “coope- rativado" d e sua categoria profissional originai provoca rompimento d o vín
culo social básico, n u m processo q u e acirra a cisão e fragiliza a organiza
ç ã o coletiva dos trabalhadores. O u seja, além d e n ã o representarem alter
nativa eficaz a o desemprego, afirmam a precarização, ampliando a s inse
guranças d o m u n d o do trabalho. E os vínculos q u e se estabelecem, ainda q u e formalmente vistam r o u p a g e m outra, são d e emprego.
A s cooperativas d e mão-de-obra p o d e m até significar u m a solução precarizada para a lg um as pessoas individualmente, c o m substituição do e m p r e g o por u m a atividade s e m vínculo formal. M a s d o ponto d e vista m a croeconômico, n ã o são u m a alternativa. N ã o é possível resolver o proble
m a d o e m p r e g o através de cooperativas de mão-de-obra, pois a criação d e oportunidades d e trabalho está vinculada a o d e s e m p e n h o d a e c o n o m i a (investimento, c o n s u m o e gasto público) e à s opções políticas d e alocação d a s pessoas. Por outro lado, o desenvolvimento econô mi co n ã o decorre da criação das cooperativas de mão-de-obra e, muito menos, d a flexibilização das relações d e trabaiho, c o m o v e m demonstrando a experiência brasileira dos últimos anos. A solução está n o c a m p o d a política: a) d e privilegiar u m m o d e l o d e desenvolvimento q u e possibilite o crescimento e co nômico;
b) d e redistribuir o s g a n h o s d e produtividade, reduzindo a jornada d e tra
balho e/ou ampliando o m e r c a d o d e c o n s u m o c o m u m a distribuição mais equitativa d a renda.
N e s s e sentido, a s tendências das decisões dos Tribunais, concluindo pela condição d e e m p r e g a d o dos supostos ‘'cooperativados” q u a n d o evi
denciada fraude, p a r e c e m trilhar o cam in ho da afirmação d o sujeito traba
lhador, c o m respeito aos seus direitos positivados na legislação vigente no país. S obre isso, v e r s a m o s a seguir.
4. A S T E N D Ê N C I A S D A S D E C I S Õ E S D E T R I B U N A I S R E G I O N A I S D O T R A B A L H O
S e o cooperado tem chefe, está subordinado a alguém, entrega seu produto e é remunerado, de que forma isso o diferencia do em
pregado por excelência?(Marcelo Mauad, a d v o g a d o trabalhista)*30' A e x p a n s ã o d as cooperativas, analisada n o item 2.3, t e m reflexos expressivos na Justiça d o Trabalho quanto ao n ú m e r o e ao conteúdo das a ções ajuizadas. Muitos trabalhadores b a t e m às suas portas b u s ca nd o ver reconhecida a condição de empregados. D a s decisões proferidas pelas di
versas T u r m a s dos Tribunais selecionados, observa-se u m a clara tendên
cia: o reconhecimento d a condição d e e m p r e g a d o d o “cooperativado” ou
"cooperado" q u a n d o evidenciadas a simulação e a fraude a direitos. N e s s e sentido, constatada a figura do trabalhador por conta alheia, s e n d o allena- (30) Folha de S ã o Pauto, 7 abr. 2002, pág. 8-3.