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NOVA CONCEPÇÃO DE CEGUEIRA - A TÉCNICA
1) T enha acesso a um exem plo, ou exem plos, de experiências
passadas significativas das quais um a pessoa tenha se saído m elhor do
que esperava. A jude a associar am bos (pessoa e experiência) e então
tom e a posição segunda ou terceira, a que seja m ais adequada. D esta
nova perspectiva, encontre as coisas valiosas que ela viu ou conheceu.
T om e este estado com o fundam ento. S e houver m ais de um a experiência,
vá em pilhando os estados, fixando-os no m esm o local.
2) U se parte de suas experiências passadas que enfatizem o fato
de que há m uitos aspectos que lhe são inerentes com o pessoa, que há
m ais nelas do que podem enxergar. Q ue, em bora um a parte não funcione
bem , o resto das outras partes pode ainda funcionar bem . F ixe este estado
ao fundam ento anterior.
3)E nsine um a habilidade que as pessoas não creiam que poderão
desenvolver por serem cegas, ou deficientes visuais, e junte essa
experiência à anterior. M inhas habilidades favoritas são enfiar linha na
agulha e identificar dinheiro. S e as pessoas são parcialm ente cegas, eu as
m ando fechar os olhos, enquanto aprendem a habilidade, para depois
transform arem -na em um caso dram atizado em que essas habilidades
possam ser aprendidas. E ssas m udanças a nível de com portam ento ainda
desafiam as crenças sobre capacidades e o ego.
A seguir está um exem plo do uso desta técnica com um cliente.
L ym an, um eletricista aposentado de 72 anos, havia se tom ado
um solitário, com depressão, depois de ter desenvolvido degeneração
m acular, e estava pensando em ir para um abrigo de idosos. D evido à
insistência de sua esposa, concordou em m e ver m as avisou-a que não
estava pensando em aprender aquela coisa de "sentir pelo tato".
D isse ser um hom em idoso, inútil, cego, que não podia fazer m ais nada.
N a m inha prim eira visita
à
sua casa, estabeleci um a harm onia aojuntar o tom da voz ao ritm o, predicados, cadência de respiração e
postura (ele ainda tinha um a certa visão periférica). P or m eio de etapas
regulares, cuidadosas e indução, consegui conduzir a m inha entrevista,
perguntando, com frequência, sobre os "velhos bons tem pos".
Isto pareceu aprofundar m ais o relacionam ento e afastá-lo de
seus sentim entos atuais de sofrim ento e desam paro, ligados á perda da
visão. D urante a entrevista fiquei sabendo que ele tivera um a
experiência, oito anos antes, em que um m édico lhe dissera que ele tinha
um câncer, em estado term inal e que não podia ser operado. M as, por
insistência de um am igo, foi consultar um outro m édico do qual teve um
diagnóstico m ais favorável. F oi tratado com sucesso e desde então o
câncer tinha dim inuído.
N a m inha segunda visita, depois de estabelecer o
relacionam ento, cuidadosam ente e por indução, eu o levei a associar-se à
sua experiência na qual ele havia superado o câncer. E ntão eu lhe disse,
"A quele m édico viu em você algum a coisa que você está esquecendo".
D epois de trinta segundos, ele perguntou o que era. E u disse,
"você teve a experiência de ver ou entender algum a coisa do ponto de
vista de outra pessoa?" B em , im agine que, de um a certa form a, você pode
se ver exatam ente com o o m édico lhe vê agora. D e um a certa form a, você
pode olhar para você m esm o, com seus próprios olhos, pode ouvir você
m esm o, com o ele lhe ouve. V agarosam ente e indutivam ente eu o levei à
segunda posição.
E u lhe perguntei o que o segundo m édico tinha visto, ou ouvido,
dele, que o prim eiro m édico não tinha. Já tinha um a idéia do que ele ia
m e responder, por causa de um a conversa anterior. D epois de um m inuto
ou m ais, de silêncio, ele disse, "E le percebeu que fazer algum a coisa é
m elhor que não fazer coisa algum a. D isse-m e que se eu com eçasse a
pensar que iria ser possível ser curado, então já seria m eio cam inho
andado, para obter a cura. A cho que ele soube com o m e envolver e eu
consegui derrotar a doença. "E stá certo", disse-lhe, tocando no seu braço.
"nunca se sabe o que se pode fazer até que se tente".
E continuei: "L ym an, com o eletricista, você teve m uitas
habilidades e trabalhou com m uitas ferram entas, porque um a só não
poderia fazer todas as coisas que você queria. A posto que m uitas vezes,
em anos, você teve que enfrentar situações em que não tinha a ferram enta
ou a habilidade necessária, m as foi capaz de usar outras habilidades, ou
instrum entos, para fazer o trabalho desejado."
C oncordou e m e deu vários exem plos. Q uando ele se achava
totalm ente envolvido com essas experiências, toquei no seu braço,
138 R . B ras. B ibJiotecon. e D oe., S ão P aulo, v. 26/28, 1995/1997
fixando estas experiências à anterior, dizendo: "N unca se sabe, até que se
tente."
"Q uando você perde parte de sua vista é com o se houvesse
perdido parte de suas ferram entas m ais im portantes, e você se sente
inútil. H á poucos m inutos atrás, estava dizendo que é m elhor fazer algo
do que não fazer coisa algum a. V ocê está querendo tentar algum a coisa?"
P erguntei-lhe, enquanto tocava seu braço, ao m e reportar à experiência
anterior.
L ym an concordou e pude ensiná-lo a identificar dinheiro
corretam ente, um a coisa que ele tinha dito não poder m ais fazer, por não
enxergar. P rim eiram ente m ostrei-lhe com o dobrar o papel-m oeda para
identificá-Io. E ntão, trabalham os com m oedas, de um quarto de dólar, de
níquel, um pêni (um centavo) e m oeda de dez centavos de dólar. O erro
m ais com um entre as pessoas é confundir níqueis (m oeda de 5 centavos)
e de um quarto de dólar, um a vez que elas são grandes, e os pênis e
dim es são am bas pequenas. A s de um quarto e as dim es podem ser
identificadas por suas bordas serrilhadas, que podem ser sentidas com as
unhas. O níquel e o pênis têm am bas as bordas lisas.
,
D epois de ter podido identificar cada um a das m oedas, com basena borda serrilhada, o fiz com parar o níquel com o pêni, pelo tato, para
determ inar que o níquel era m aior. E u trocava as m oedas várias vezes e,
toda vez, acertava, pelo tato; ele disse: "N ão tem problem a algum .
Q ualquer pessoa pode sentir a diferença." R espondi:
"É
verdade. Oníquel é m aior que o pêni. M as aposto que você nunca se deu ao trabalho
de m edi-Ias, para ver essas diferenças. E u já. O níquel é exatam ente 1/16
de polegada m aior, no seu raio, do que o pêni. P esa exatam ente 1/5 de
um a onça a m ais que o pêni, e é apenas 0020 de polegada m ais grosso
que ele. A gora, para um a pessoa que pensa que seu tato não funciona
bem , eu acho que você se saiu m uito bem , não?" D isse-lhe, tocando o seu
braço, e juntando esta experiência à anterior.
F irm ando a fundam entação, disse-lhe: "H oje usam os algum as
das ferram entas e habilidades que você ainda tem , sua habilidade de
aprender, de construir im agens em sua m ente e seu sentido de tato.
M esm o que você ache que os outros sentidos não trabalham bem , com
alguns m inutos de treinam ento você pode fazer coisas que não se achava
capaz de fazer com a sua visão parcial. V ocê tem um a caixa cheia de
ferram entas e de habilidades à espera de uso; precisa descobrir o que
fazer com elas. P ergunto-m e quantas coisas m ais você pode fazer agora e
que ainda não sabe? A final, você nunca sabe de que é capaz, antes de
experim entar. "
RESUMO
A pós esta visita, L ym an continuou a aprender m uitas
habilidades. E m vez de ir m orar num asilo, tem , m ais um a vez,
participação ativa na vida social, cuida de um jardim e vai pescar nas
horas de folga.
G eralm ente faço uso desta técnica na prim eira visita, ou m esm o
na segunda, ou quando quer que se estabeleça um relacionam ento
harm onioso e tenha inform ação suficiente para aplicar esta técnica. O
objetivo é ter um ponto de partida no processo de reabilitação, assim
com o um ponto para um a m udança radical. D urante sua aplicação tenho
encontrado clientes m uito m ais receptivos ao treinam ento sensorial e à
aprendizagem de técnica de adaptação que com pensam a perda da visão.
REFERÊNCIAS
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