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DITORIALUltrassonografia orbitária e de anexos
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exame de ultrassonografia é um dos mais realizados pelos oftalmologistas. A ecografia é o exame de eleição para analisar o segmento anterior ou posterior do globo ocular quando há opacidade de meios intraoculares. Trata-se de método de imagem com resolução maior para observação dos olhos do que a ressonância magnética nuclear ou a tomografia axial computadorizada.Por outro lado, o exame de ultrassonografia da órbita ou anexos é pouco realizado pelos oftal-mologistas. O mesmo aparelho que avalia o segmento posterior dos olhos pode ser utilizado para observar a órbita e anexos, porém vários especialistas em olhos não o fazem.
Uma das barreiras ao conhecimento sobre o exame da ultrassonografia orbitária é a escassez de cursos ou de publicações, sejam artigos ou livros, que abordem o tema em profundidade. No livro “Ultrassonography of The Eye and Orbit”(1), a técnica do exame orbitário e de anexos, bem como o
diagnóstico diferencial das doenças em questão são abordados em aproximadamente 200 páginas. Portanto, quase a metade do livro (um dos mais completos sobre ultrassonografia oftalmológica) é direcionada a ecografia orbitária e de anexos. Entre as múltiplas alterações que podem ser observa-das ao ultrassom estão: tumores de glândula lacrimal(1), avaliação de fase de doença de Graves(1),
análise diferencial de cistos (2), detecção de lesões traumáticas(1), padrões de tumores orbitários
como o linfoma (3-4), características de doenças inflamatórias como a dacriocistite(5) etc.
A órbita é área de estudo comum a outras especialidades médicas e outros exames de ima-gem podem ser utilizados para avaliá-la. Qual é o melhor método de imaima-gem para estudar a órbita? Não há um método com superioridade absoluta, por isso existem vários. A literatura médica esclare-ce que cada exame produz seus resultados por meios diferentes e tem suas indicações e contraindicações particulares. Os resultados dos exames de imagem não se anulam, mas podem se somar para ratificar ou não o diagnóstico clínico. Não há necessidade para um determinado caso clínico de se usar os três, mas em casos mais complicados, a utilização de todos eles poderia ser desejável. No quadro 1, observamos características diferenciais dos três exames (6).
Ultrassonografia Tomografia Axial Ressonância
Computadorizada Magnética Nuclear
Energia utilizada Acústica Raios-x Campo magnético Tempo de exame Relativamente rápido Rápido Longo
Examinador Em geral é realizado pelo Em geral é realizado pelo Em geral é realizado oftalmologista e a precisão radiologista e a precisão pelo radiologista e do exame depende do exame depende a precisão do exame do examinador do examinador depende do examinador
Contraste Não usa Iodado Paramagnético
Custo Baixo Moderado Alto
Contraindicações Necessidade de avaliação Alergia a iodo Possuir marca-passo do ápice orbitário cardíaco, Implante coclear
ou ter claustrofobia Quadro 1
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Conforme observamos no quadro acima, a realização mais frequente da ultrassonografia da órbita e anexos pode reduzir custos no sistema de saúde, valorizar mais o oftalmologista e evitar os efeitos adversos dos raios-x ou complicações associadas à exposição ao campo magnético. Portanto, penso que iniciativas para aumentar o ensino, a prática e publicações envolvendo este tipo de exa-me são importantes.
Arlindo José Freire Portes Mestre e Doutor em Oftalmologia pela UFRJ Professor Titular de Oftalmologia da Universidade Estácio de Sá – RJ Editor-Chefe da Revista Brasileira de Oftalmologia
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EFERÊNCIAS1. Byrne SF, Green RL. Ultrasound of the eye and orbit. 2nded. St Louis: Mosby; 2002.
2. Ghanem RC, Monteiro ML. Cisto hemático intraconal espontâneo de órbita. Relato de caso. ArqBras Oftalmol. 2002;65(4):479-82. 3. Couto Jr AS, Barbosa RS, Portes AL, Portes AJ, Benchimol ML. Lnfoma orbitário- relato de casos e apresentação atípica. RevBras
Oftalmol. 2000; 59(10):759-63.
4. Docampo J, Santoro D, Bruno C, Morales C. Fibromatosis orbitaria solitária. Reporte de caso. RevArgent Radiol. 2010; 74(1):43-6. 5. Lorena SHT, Silva JAF. Dacriocistite aguda: relato de 2 casos. RevBras Oftalmol. 2011; 70(1):37-40.