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Sumário: Alteração do contrato social. Título para registo.

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Academic year: 2021

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In st it ut o d o s Re gi st os e d o N o ta ri a d o . mod . 4 P.º R. Co. 16/2007DSJ-CT

Sumário: Alteração do contrato social. Título para registo.

Recorrente: Sociedade «G…, Limitada», representada por M…D..., advogada. Recorrida: Conservatória do Registo Comercial de ….

Relatório:

1 – Em 18 de Maio de 2007, a coberto da ap.19, foi introduzido na Conservatória do Registo Comercial de …, o pedido de registo de alteração do contrato social da sociedade «G…, Limitada».

Para instruir o pedido foi apresentado um documento particular1, duas actas e o

pacto social actualizado.

Resulta do requerimento para registo (Modelo 1) que as alterações do contrato respeitam, especificamente, aos artigos 2.º e 4.º, e ao aditamento do 7.º, passando o anterior artigo 7.º a 8.º.

1.1 – Da acta n.º 17, de 2 de Agosto de 1999, consta que foi deliberada a alteração dos artigos 2.º e 4.º e o aditamento do artigo 8.º do contrato social, tendo a sócia gerente M… sido nomeada para outorgar a respectiva escritura.

Na acta n.º 27, de 13 de Abril de 2007, encontra-se consignada a alteração do contrato no que concerne ao artigo 2.º, na sequência da unificação das duas quotas da M….

No documento lavrado em 15 de Maio de 2007, a referida sócia gerente declarou que, nas assembleias gerais de 2 de Agosto de 1999 e 13 de Abril de 2007, foi deliberado alterar os artigos 2.º e 4.º, e aditar um novo artigo que ficaria a ser o 7.º, passando este a 8.º.

A única discrepância verificada entre este documento e a acta n.º 17 prende-se apenas com a numeração dos artigos – 7.º e 8.º. Salienta-se, contudo, que o conteúdo

do artigo é rigorosamente o mesmo em qualquer um dos documentos

.

1 O reconhecimento da assinatura da outorgante neste documento foi efectuado pela advogada, ao abrigo do prescrito no artigo 38.º do Decreto-Lei n.º 76-A/2006, de 29 de Março.

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1.2 – Da situação jurídica patenteada nas tábuas com pertinência para o caso, extrai-se não só que o teor do artigo 2.º, constante da inscrição n.º 1 (extracto actualizado das insc. n.ºs 1, 3, 5, e 6), corresponde ipsis verbis à alteração deliberada em 2 de Agosto de 1999, como também que a redacção introduzida naquele mesmo artigo, pela deliberação tomada em 13 de Abril de 2007, é igual à que já figura na inscrição n.º 4 (transcrição da insc. n.º 7).

Tal equivale a dizer que apenas será passível de satisfação a parte do pedido de registo atinente à alteração do artigo 4.º, pelas razões que adiante explicitaremos.

2 – O pedido de registo que originou o presente recurso foi recusado pelos motivos seguintes: «a alteração do contrato de sociedade só pode ser deliberada pelos sócios, não tendo a gerência poderes para tanto, razão pela qual não se pode aceitar o documento junto com data de 15.05.2007. Quanto aos restantes documentos juntos, também não podem ser aceites como título para o registo uma vez que juntam uma acta de 1999, sendo certo que naquela data a alteração do contrato só podia revestir as formas previstas na redacção anterior do art.º 85.º do CSCom. (escritura pública, acta lavrada por notário ou secretário). Arts. 47.º e 48.º n.º 1, al. b) do CRCom.».

3 – Este despacho, não mereceu concordância da requisitante que, inconformada, o impugnou nos termos e com os fundamentos que aqui se dão por integralmente reproduzidos, dos quais destacamos, particularmente, os seguintes:

3.1 – As alterações do contrato social consignadas no documento, assinado pela gerente M… T…, têm por base as deliberações tomadas nas assembleias gerais pela sociedade em 2 de Agosto de 1999 e 13 de Abril de 2007.

3.2 – O documento foi assinado por M…T…, na qualidade de sócia gerente, ao abrigo do preceituado no n.º 5 do artigo 85.º do CSC, e em cumprimento das deliberações sociais tomadas pela sociedade e consignadas nas actas apresentadas, e pela advogada, subscritora do recurso, ao abrigo das competências atribuídas pelo Decreto-Lei n.º 76-A/2006, de 29 de Março.

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4 – Nesta sequência, o Senhor Conservador proferiu despacho de sustentação aduzindo os fundamentos que aqui se dão por integralmente reproduzidos, e dos quais salientamos, em síntese, os seguintes:

4.1 – Da acta n.º 17, de 2 de Agosto de 1999, resulta o mandato para a realização de uma escritura pública, onde se consignem as alterações deliberadas, pelo que, impondo a legislação vigente ao tempo a imperatividade da celebração de escritura, não pode agora ser substituída pela acta.

Invoca, em abono da sua tese, as anotações de Antunes Varela e Pires de Lima, ao n.º 2 do artigo 12.º do Código Civil, e os acórdãos do Supremo aí mencionados, alegando ainda que tem conhecimento do sentido da deliberação do CT tomada no proc.º n.º R.Co.28-A/2006DSJ-CT, quanto a esta matéria.

4.2 – A acta n.º 27, de 13 de Abril de 2007, bastaria para titular o registo das alterações dela constantes sem necessidade de qualquer outro documento, desde que o registo tivesse sido requerido com base nele, mas não foi o caso – 1.ª parte do n.º 4 do artigo 85.º do CSC.

4.3 – Ao documento particular oferecido em que se formalizam as deliberações comparecendo perante advogado, prestando declarações, exprimindo a sua vontade como se de um instrumento se tratasse, com expressões típicas de actos formais e termos de autenticação, só se reconheceria validade se executado por quem de direito, pese embora a regularidade do conteúdo.

5 – O processo é o próprio, as partes têm legitimidade, o recurso é tempestivo e inexistem questões prévias ou prejudiciais que obstem ao conhecimento do mérito do recurso.

A posição deste Conselho vai expressa na seguinte

Deliberação

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por força do prescrito no n.º 1 do artigo 85.º do Código das Sociedades Comerciais

(CSC)2.

2 – As deliberações dos sócios só podem ser provadas pelas actas das assembleias ou, quando sejam admitidas deliberações por escrito, pelos documentos donde elas

constem, em face do disposto nos artigos 54.º, n.º 1, e 63.º, n.ºs 1 e 4, ambos do CSC3.

3 – Até à entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 76-A/2006, de 29 de Março, a alteração do contrato social deliberada nos termos dos n.ºs 1 e 2 do artigo 85.º do CSC, devia ser consignada em escritura pública, enquanto que, actualmente, basta que seja reduzida a escrito, sendo suficiente a acta que contenha a respectiva deliberação, como flui da conjugação do disposto nos n.ºs 3 e 4 do citado preceito legal.

4 – As deliberações sociais constantes da acta lavrada em 1999, data anterior à entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 76-A/2006, que adquiririam eficácia com a sua consignação em escritura pública nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 85.º do CSC, mas em que esta não chegou a ser outorgada, adquirirão agora eficácia com o registo

2 A parte final do n.º 1 do artigo 85.º do CSC, permite atribuir cumulativamente a competência para a alteração do contrato a outro órgão, mas em caso algum permite que ela seja retirada aos sócios. Portanto, em regra, a competência dos sócios para a alteração do contrato é exclusiva e, excepcionalmente, é cumulativa, mas nunca falha. – Vd. Raúl Ventura, in Alterações do Contrato de Sociedade, 1986, pág. 38. Consabidamente, nas sociedades comerciais por quotas a alteração do contrato social depende de deliberação dos sócios, por força do prescrito na alínea f) do n.º 1 do artigo 246.º do CSC.

3 A propósito desta complexa matéria, veja-se o parecer do C.T. proferido no proc.º n.º R.Co.1/2007DSJ-CT (bem como os subsídios doutrinais nele citados), do qual se transcreve o seguinte excerto: «Quanto à forma como podem ser tomadas as deliberações, a lei (cfr. art.ºs 53º e 54º do C.S.C.) afasta-se da regra da consensualidade prevista no art.º 219º do C.C., ao determinar que só podem sê-lo “por alguma das formas admitidas por lei para cada tipo de sociedade”, maxime unanimemente por escrito e em assembleia geral.

Qualquer que seja a terminologia que se utilize – deliberação da sociedade, dos sócios ou da assembleia geral, etc. - e independentemente da natureza jurídica que lhe for atribuída – contrato, acordo, pluralidade de negócios de voto, acordo plurilateral, acto complexo, etc. - a deliberação é um resultado que, a partir do momento em que é obtido, passa a traduzir a vontade da concreta pessoa colectiva (cfr. art.º 5º do C.S.C. – atribuição de personalidade jurídica). Tal resultado não pode ser obtido de qualquer forma, mas apenas por uma das tipificadas na lei.

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comercial que as tenha por objecto, devendo qualquer membro da administração ou alguém com poderes especiais promover o registo, sem dependência de especial

designação pelos sócios4.

5 – Se o documento lavrado em 15 de Maio de 2007 fosse exigível nos termos do disposto no n.º 4 do citado artigo 85.º e se limitasse a reproduzir o teor das deliberações acolhidas nas referidas actas seria, em abstracto, documento bastante para o registo peticionado, uma vez que a unidade de inscrição, consagrada no n.º 1 do artigo 66.º do

Código do Registo Comercial, legitima a formulação de um só pedido5.

6 – A mera reordenação das cláusula do pacto social, mesmo que ditada por razões de sequência lógica das matérias, exige que seja tomada uma deliberação social para o

efeito6, pelo que não se tendo verificado no que concerne ao aditamento do artigo 7.º, o

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registo não pode ser lavrado em conformidade com o peticionado, visto que não está titulado – alínea b) do n.º 1 do artigo 48.º do Código do Registo Comercial e n.º 1 do artigo 85.º do CSC.

7 – Correspondendo algumas das alterações do contrato social agora submetidas a registo ao que nele já se encontra publicitado, deve o pedido em causa ser parcialmente recusado quanto aos artigos 2.º e 7.º e lavrado como provisório por dúvidas em relação ao artigo 4.º, nos termos do disposto nos artigos 48.º, n.º 1, alínea c), 59.º, n.º 2 e 70.º, do Código do Registo Comercial.

Em conformidade com o exposto, é entendimento deste Conselho que o presente recurso hierárquico merece provimento parcial.

Esta deliberação foi homologada pelo Exmo. Senhor Presidente em 21.12.2007.

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