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O atendimento ao idoso institucionalizado no imaginário de um grupo de alunos de fisioterapia

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Universidade

Católica de Brasília

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

STRICTO SENSU EM GERONTOLOGIA

Mestrado

O ATENDIMENTO AO IDOSO INSTITUCIONALIZADO

NO IMAGINÁRIO DE UM GRUPO DE ALUNOS DE

FISIOTERAPIA.

Renata Vieira Rebouças Sarubbi Cysneiros

Orientadora: Altair Macedo Lahud Loureiro

BRASÍLIA

2009

O ATENDIMENTO AO IDOSO

INSTITUCIONALIZADO NO IMAGINÁRIO DE UM

GRUPO DE ALUNOS DE FISIOTERAPIA

Autor: Renata Vieira Rebouças Sarubbi Cysneiros

Orientador: Altair Macedo Lahud Loureiro

Mestrado

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RENATA VIEIRA REBOUÇAS SARUBBI CYSNEIROS

O ATENDIMENTO AO IDOSO INSTITUCIONALIZADO NO IMAGINÁRIO DE UM GRUPO DE ALUNOS DE FISIOTERAPIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito para obtenção do título de Mestre em Gerontologia.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Altair Macedo Lahud Loureiro

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Ficha elaborada pela Coordenação de Processamento do Acervo do SIBI – UCB. C997a Cysneiros, Renata Vieira Rebouças Sarubbi

O atendimento ao idoso institucionalizado no imaginário de um grupo de alunos de fisioterapia / Renata Vieira Rebouças Sarubbi Cysneiros. – 2009.

102 f. : il. ; 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2009. Orientação: Altair Macedo Lahud Loureiro

1. Fisioterapia para idosos. 2. Educação para o trabalho. I. Loureiro, Altair Macedo Lahud, orient. II.Título.

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Dedico esta dissertação:

Á Deus, pela constante presença em minha vida

Aos meus pais, exemplos de força, coragem e determinação.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em especial a Deus, por ser minha fortaleza em todos os momentos da minha vida. Ao meu esposo Hugo, pelo amor, companheirismo e incentivo à profissão, me apoiando e me encaminhando à vida acadêmica; por sua compreensão nos momentos de ausência.

Agradeço aos meus pais e familiares, por sempre me apoiarem a dar continuidade ao mestrado nos momentos mais difíceis.

A minha orientadora, Profª Drª Altair, que me compreendeu, me apresentou a teoria do imaginário e, sempre com firmeza, presteza, paciência e disponibilidade, me conduziu com empenho nessa pesquisa.

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RESUMO

Esta dissertação buscou conhecer o imaginário e sua correlação com as ações terapêuticas de um grupo de alunos, estagiários do curso de graduação em fisioterapia, de uma Instituição de Ensino Superior do Distrito Federal, realizadas num asilo. Trata-se de uma pesquisa qualitativa na qual foram utilizados como instrumentos o Arquétipo Teste dos nove elementos – AT-9 – teste criado por Yves Durand (1988), a escuta, observação e anotações acerca das ações fisioterapêuticas adotadas por estes alunos. Como explicitado por Gilbert Durand (1989), o imaginário subjaz às ações. Na estrutura do imaginário do aluno estagiário, registrado no protocolo do teste AT-9, percebeu-se a coerência entre o universo mítico emergido com a ação fisioterapêutica por ele realizada no atendimento ao idoso asilado. Os dados míticos revelaram que a maioria dos alunos estagiários em fisioterapia, sujeitos da pesquisa, não queria lutar, adotavam mais posturas passivas. Identificou-se um grupo com uma estrutura disseminatória, apresentando laivos de desestrutura. Os sujeitos desta pesquisa demonstraram insegurança e medo no toque terapêutico e na conduta a ser adotada com os idosos, evidenciando ainda forte tecnicismo e pouca humanização no tratamento. Percebeu-se a idéia de vida no imaginário do grupo, sobre menor idéia de morte, considerando-se a maior freqüência dos simbolismos positivos. Com esta análise, facilita-se a compreensão de onde e em que medida deverá ou não conservar, manter ou recriar o estágio e a matriz curricular dos futuros fisioterapeutas, para torná-los mais humanos e condizentes com as necessidades da população, em especial dos idosos.

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ABSTRACT

This dissertation aimed to know the imaginary and the correlation with the therapeutics actions by a group of students, trainees of the physiotherapy graduation, from the Graduation Institution of the Federal District. The dissertation is about a qualitative research in which the Archetypal Test of the nine elements - AT-9 - test created by Yves Durand (1988) was used as the instrument, and also listening, observing and taking notes concerning the techniques and methods of physiotherapeutic actions adopted by these students. As it was explained by Gilbert Durand (1989), the imaginary overcome the actions. In the imaginary structure of the trainee student, registered in the protocol of test AT-9, it was analyzed the coherence on the mythical universe emerged with the physiotherapeutic action used by the student in a home attendance to the elderly. The mythical data have disclosed that the majority of the trainee student in physiotherapy, involved in the research, did not want to struggled, so they decided to adopted more passive positions. It was identified a group with a distinct structure, presenting signs of unstructured. The citizens of this research didn’t demonstrate confidence, but fear to use the therapeutical touch and doubts about the behavior to be adopted with the elderly, evidencing strong technicism and little humanization in the treatment. It was observed the idea of life in the group imaginary, less idea of death, and bigger frequency of the positive symbolisms. Based upon this analysis, it is possible to understand where to go and the measure to keep, to maintain or to recreate the period of training and the curricular matrix of the future physiotherapists, to become them more humanists and to adjust themselves to the necessities of the population, in special of the elderly population.

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1. Quadro dos Regimes Diurno e Noturno 49

QUADRO 2 - Elemento queda – incidências na representação, função e simbolismo 51 QUADRO 3 - Elemento espada – incidências na representação, função e simbolismo 51 QUADRO 4 – Elemento refúgio – incidências na representação, função e simbolismo 52 QUADRO 5 - Elemento monstro – incidências na representação, função e simbolismo 52 QUADRO 6 - Elemento cíclico – incidências na representação, função, simbolismo 53 QUADRO 7 - Elemento personagem – incidências na representação, função, simbolismo 53 QUADRO 8 - Elemento água – incidências na representação, função, simbolismo 54 QUADRO 9 - Elemento animal – incidências na representação, função, simbolismo 54 QUADRO 10 - Elemento fogo – incidências na representação, função, simbolismo 55 QUADRO 11 - Quadro representativo das idéias de vida e de morte apresentadas no protocolo

Nº 1 56

QUADRO 12 - Quadro representativo das idéias de vida e de morte apresentadas no protocolo

Nº 2 57

QUADRO 13 - Quadro representativo das idéias de vida e de morte apresentadas no protocolo

Nº 3 57

QUADRO 14 - Quadro representativo das idéias de vida e de morte apresentadas no protocolo

Nº4 58

QUADRO 15 - Quadro representativo das idéias de vida e de morte apresentadas no protocolo

Nº5 59

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SUMÁRIO

1 Apresentação ... 9

2 Objetivos ... 12

2.1 Objetivo Geral ... 12

2.2 Objetivos Específicos ... 12

3 Material e Método ... 13

3.1 Objeto ... 13

3.2 Instrumento ... 13

3.3 Natureza da pesquisa ... 13

3.4 População da pesquisa ... 13

4 Bases Teóricas ... 15

4.1 Teoria Gerontológica: Velhice, Envelhecimento e Velho ... 15

4.1.1 Características multidimensionais da velhice ... 16

4.1.2 A heterogeneidade da velhice: realidades díspares ... 19

4.2 Instituições de Longa Permanência para idosos – ILPI ... 20

4.3 Gerontologia na Formação Superior em Saúde ... 24

4.3.1. O aluno estagiário de fisioterapia da IES em questão e a gerontologia 27 4.4 Fisioterapia Geriátrica e Gerontológica ... 31

4.5 A Teoria Do Imaginário, de Gilbert Durand ... 37

4.5.1 Os regimes de imagens e as estruturas ... 40

4.6 Arquétipo Teste de Nove Elementos (AT-9), de YVES DURAND ... 40

4.6.1 Identificação das estruturas do imaginário, pelo AT-9. ... 46

5 Imaginário Dos Alunos Estagiários e o Atendimento Fisioterapêutico ... 50

5.1 Análises dos Protocolos Do Teste AT-9 ... 50

5.1.1 – Análise elemencial ... 50

5.1.2. Análise funcional ... 55

5.1.3 Análise estrutural ... 60

5.1.3.1 Análise do protocolo 1 ... 60

5.1.3.2 Análise do protocolo 2 ... 61

5.1.3.3 Análise do protocolo 3 ... 63

5.1.3.4 Análise do protocolo 4 ... 64

5.1.3.5 Análise do protocolo 5 ... 66

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5.2.1 – Análise da conduta fisioterapêutica do aluno estágiário Nº 1 e associação com os

resultados míticos desvendados ... 70

5.2.2 – Análise da conduta fisioterapêutica do aluno estagiário Nº 2 e associação com os resultados míticos desvendados ... 72

5.2.3 – Análise da conduta fisioterapêutica do aluno estagiário Nº 3 e associação com os resultados míticos desvendados ... 73

5.2.4 – Análise da conduta fisioterapêutica do aluno estagiário Nº 4 e associação com os resultados míticos desvendados ... 75

5.2.5 - Análise da conduta fisioterapêutica do aluno estagiário Nº 5 e associação com os resultados míticos desvendados ... 76

6 (In)Conclusões ... 78

Referências ... 84

Anexos...90

Anexo 1 – Termo de Consentimento Livre e esclarecido...91

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1 APRESENTAÇÃO

O envelhecimento humano tem sido tema de grande importância, uma vez que a estimativa de vida das pessoas tem aumentado de forma significativa, inclusive nos países em desenvolvimento como o Brasil (CAMARANO, 2005; DAVIM et. al., 2004). Como sugere Johnson (apud DEBERT, 2004, p.93), “é considerado jovem idoso o sujeito com 65 a 75 anos; como idosos-idosos aqueles acima de 75 anos e os idosos mais idosos aquele com mais de 85 anos”. A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que, em 2025, existirão 1,2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos, sendo que os mais idosos constituem o grupo etário de maior crescimento (OMS 2002; CAMARANO, 2002; DAVIM et.al., 2004; DEBERT, 2004).

Essas projeções de crescimento da população idosa são baseadas em estimativas conservadoras quanto à fecundidade e mortalidade, sendo que, se ocorrer uma acentuada melhoria nas condições sociais, o envelhecimento chegará a maiores proporções (CAMARANO, 2002; DAVIM et. al., 2004). De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os idosos fazem 14% da população brasileira em 2020 (IBGE/PNAD, 2007). Atualmente existem no Brasil 14 milhões de idosos entre homens e mulheres, sendo que 1% destes se encontra em situação asilar (CAMARANO et. al., 2005).

O asilo, ou Instituição de Longa Permanência para idosos (ILPI) é um dos locais de atuação do fisioterapeuta, profissional com “formação generalista, crítica e reflexiva” (BRASIL, Resolução nº10, 1978); por isso a necessidade de vivenciar realidades de trabalho nas diversas áreas de atuação da profissão antes de finalizar o curso; realidades onde os conhecimentos, habilidades e competências adquiridas nas disciplinas curriculares serão colocados em prática ainda sob orientação de um professor da graduação. Entre os objetivos gerais e específicos de um curso superior de graduação em fisioterapia encontra-se que o egresso deve estar apto a atuar em todos os níveis de atenção à saúde com base no rigor científico e intelectual;

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As bases do Curso de Fisioterapia assentam-se em determinações legais - nacionais e institucionais - princípios filosóficos e socioculturais cooperando para a formação integral do estudante, identificados com o perfil pedagógico institucional e com os anseios da comunidade em que está inserido (TEIXEIRA; OLIVEIRA, 2007). Entre estes “anseios”, aparece a necessidade do atendimento a pessoas com mais idade, a idosos carentes ou não, habitantes de uma ILPI.

As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Fisioterapia identificam entre as habilidades e competências gerais do fisioterapeuta:

A necessidade de aprender a aprender, ter responsabilidade e compromisso com a educação permanente, de acordo com o Sistema único de Saúde, e que as Instituições de Ensino Superior (IES) devem criar mecanismos de aproveitamento de conhecimentos adquiridos pelo estudante por meio de estudos e práticas. Práticas estas que podem ser desenvolvidas desde o início do curso, com complexidade crescente (Brasil, Resolução CNE/CES n.4, 2002).

Isto posto é necessário que o estagiário em fisioterapia, já quase fisioterapeuta, tenha desenvolvido ao longo do curso práticas profissionalizantes que devem ser aplicadas, revistas e aperfeiçoadas no estágio supervisionado curricular, bem como suas capacidades, atitudes e destrezas (TEIXEIRA; OLIVEIRA, 2007).

O estágio curricular supervisionado em fisioterapia consiste numa etapa da formação profissional que proporciona o nível mais complexo da educação clínica; onde o aluno adquirirá maior experiência terapêutica, por meio do treinamento em: avaliação dos pacientes; seleção de recursos terapêuticos e programação terapêutica; tratamento do paciente, sob supervisão do professor responsável pela área, reavaliação do paciente e reestruturação do programa terapêutico (TEIXEIRA; OLIVEIRA, 2007). Facilita a capacitação e promove a participação em: avaliação do paciente, reuniões clínicas e apresentação de casos; administração de serviços de fisioterapia; orientação para familiares dos pacientes e orientação para a comunidade (Brasil, Resolução CNE/CES n.4, 2002). O estágio tem como objetivo capacitar o futuro profissional com conhecimentos teórico-práticos, habilitando-o a atuar como fisioterapeuta nas áreas de Geriatria, Traumatologia, Ortopedia, Pediatria, Neurologia, Hospitalar, Uroginecologia, entre outras.

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A gerontologia, ciência, ainda em construção, estuda a velhice, considerando as suas multiversas dimensões - biológica, sócio-econômica, filosófico-cultural e psicológica. Esta ciência se preocupa em entender o complexo processo de envelhecimento e as realidades ou situações heterogêneas do ser humano idoso (SÁ, 2002).

Sobre a teoria do imaginário registra-se que o ser humano, com desejos e aspirações próprios e individuais, vive suas pulsões internas, mas sofre influência recíproca do coletivo, do meio sócio-cultural; simbiotiza tais pulsões com as pressões externas a ele impostas, as “intimações do meio cósmico e social” (DURAND, 1989, p 29). Ao caminho circular simbiótico entre os desejos e as pressões, Gilbert Durand denomina “trajeto antropológico”.

Por ser fisioterapeuta por formação, coordenadora de um curso superior de graduação em uma IES no DF, por profissão, ao lado do desempenho como professora no referido curso na disciplina estágio supervisionado geriátrico desenvolvido em um asilo, sob orientação, pelos graduandos de fisioterapia desta IES; por ainda cursar um mestrado em gerontologia, por decisão, onde estudar a teoria do imaginário surge como oportunidade nova e visão diferenciada das realidades, sendo apresentado e realizado o teste AT-9 – Arquétipo Teste de Nove elementos – construído sobre a citada teoria, fizeram brotar a curiosidade, o desejo e a intenção de cruzar estas realidades. Daí a elaboração do projeto de pesquisa já implementado, e agora relatado na forma de dissertação.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Identificar o conjunto relacional de imagens que formam a representação imagético-simbólica de um grupo de estudantes que lidam com idosos asilados, quando da realização de seu estágio curricular supervisionado em fisioterapia geriátrica, buscando qualidade de vida aos idosos assistidos e o aperfeiçoamento, se necessário e consentido, do currículo do curso de formação de fisioterapeutas de uma IES do DF.

2.2OBJETIVOS ESPECÍFICOS

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3 MÉTODO

3.1 OBJETO

O objeto da pesquisa é o imaginário do aluno estagiário de fisioterapia, na área de geriatria, relacionado ao atendimento fisioterapêutico dispensado aos idosos asilados.

3.2 INSTRUMENTO

No levantamento dos dados, tanto míticos como os demais, os instrumentos utilizados na pesquisa foram:

1) Arquétipo Teste de Nove Elementos, de Yves Durand, teste AT-9.

2) A escuta e a observação dos estagiários, com auxílio de um diário de bordo.

3) Documentos organizacionais da IES e da sistemática diária da ILPI: registros, fichas, prontuários e relatórios.

3.3 NATUREZA DA PESQUISA

Esta é uma pesquisa de natureza qualitativa. De acordo com Chizzote (2006, p.26) “a pesquisa qualitativa [...] não tem padrão único porque admite que a realidade seja fluente e contraditória e os processos de investigação dependem também do pesquisador”.

3.4 POPULAÇÃO DA PESQUISA

A população da pesquisa foi constituída por sujeitos de ambos os sexos e idades variadas, alunos matriculados na disciplina “Estágio Supervisionado” de uma IES do DF, e que realizam a parte do estágio geriátrico, em um asilo, após aceite e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo I).

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Foi selecionado para integrar a população da pesquisa o primeiro grupo de estagiários matriculados no segundo semestre de 2008, da área de Geriatria. Este grupo foi escolhido por se tratar da primeira área de estágio que os alunos iriam cursar dentro do planejamento curricular do curso. Os alunos até então não haviam aplicado, diretamente nos idosos, técnicas fisioterapêuticas, e esta seria a primeira oportunidade para tal. Sendo a primeira área, a primeira experiência com idosos asilados, os alunos iriam refletir melhor a realidade curricular, os ensinamentos deste curso de graduação em fisioterapia, os pressupostos teóricos e teórico-práticos já adquiridos, suas potencialidades e fragilidades, sem experiência prévia ou eventuais “vícios” adquiridos em outra área. Destes 6 (seis) alunos que formaram o grupo, 1 (um) não aceitou participar da pesquisa, ficando assim o grupo constituído por 5 (cinco) estagiários.

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4 BASES TEÓRICAS

Para realização desta dissertação, adotou-se como base teórica a Gerontologia, a Fisioterapia – ciência que estuda o movimento humano em todas as suas potencialidades, da prevenção à reabilitação, sob um olhar gerontológico - e a Antropologia do Imaginário, de Gilbert Durand, com a utilização do Arquétipo Teste de Nove Elementos, o AT-9, de Yves Durand.

4.1 TEORIA GERONTOLÓGICA: VELHICE, ENVELHECIMENTO E VELHO.

A gerontologia é a ciência que estuda o processo de envelhecimento em suas diversas dimensões em busca da qualidade de vida e do alcance da longevidade no período da velhice (SÁ, 2002; PAVARINI et. al, 2005). Esta ciência é produto das relações e realidade sociais, médicas e filosófico-culturais. Tem caráter multi e interdisciplinar, pois reúne conceitos teóricos provenientes de diferentes disciplinas, em torno da complexidade do fenômeno da velhice, para a construção de um conhecimento científico que orienta a prática. (PAVARINI et al, 2005)

Na perspectiva interdisciplinar a gerontologia como ciência é multidimensional, pois aborda o processo de envelhecimento humano em todos os seus aspectos: físico, biológico, psíquico, emocional, social, cultural, ambiental, político, econômico, entre outros (PAVARINI et al, 2005, p.400)

O envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo no qual há modificações que podem determinar perda de capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente (SILVA, 2005; PAPALÉO NETTO, 2007).

De acordo com Prado e Sayd (2006, p.02) “o envelhecimento compreende os processos de transformação do organismo que ocorrem após a maturação sexual e que implicam a diminuição gradual da probabilidade de sobrevivência”. O ser humano vive em um processo de transformação em toda a sua existência, em todos os ciclos vitais.

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O fenômeno da velhice e o processo do envelhecimento, para ser entendido, precisa ser visto como um composto pluridimensional, com sua face visível, externa: a dimensão física – o corpo com sua constituição e degenerescência natural; a constituição biológica do ser humano – com suas heranças genéticas de saúde e doenças, que nas pesquisas caminham para sua previsão e controle; sua característica psíquica – com suas idiossincrasias, pecados e culpas; a dimensão antropológica e cultural vendo o velho como ser da humanidade e cultural contextualizado no tempo e no espaço, que o faz portador de uma gama de pré-conceitos, mitos, medos e audácias; a dimensão social plena das pressões e intimações, proibições/interdições direitos e deveres (LOUREIRO, 2008, sessão de orientação)

Como já dito, não apenas as perdas acontecem na velhice; ganhos também ocorrem. Para Néri (2006, p. 38):

Envelhecer bem depende das chances do indivíduo quanto a usufruir de condições adequadas de educação, urbanização, habitação, saúde e trabalho durante todo o seu curso de vida. Estes são elementos cruciais à determinação da saúde (a real e a percebida) e da longevidade; da atividade, da produtividade e da satisfação; da eficácia cognitiva e da competência social; da capacidade de manter papéis familiares e uma rede de relações informais; das capacidades de auto-regulação da personalidade, do nível de motivação individual para a busca de informação e para a interação social, dentre outros indicadores comumente apontados pela literatura como associados a uma velhice bem-sucedida.

Conforme Prado e Sayd (2006, p.18), “nada flutua mais do que os limites da velhice em termos de complexidade fisiológica, psicológica e social”. Estes autores questionam: “Uma pessoa é tão velha quanto suas artérias, seu cérebro, seu coração, sua moral ou sua situação civil? Ou é uma maneira pela quais outras pessoas passam a encarar certas características que classifica as pessoas como velhas?”

4.1.1 Características multidimensionais da velhice

O individuo começa a envelhecer desde o seu nascimento, e, segundo Silva (2005), o início do envelhecimento já começa a partir da adolescência. Já conforme Cardoso (2007), as capacidades fisiológicas e o desempenho do ser humano declinam a partir dos 30 anos de idade.

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O processo de envelhecimento envolve ainda alterações anatômicas e funcionais do sistema nervoso. Estas alterações reduzem a capacidade de memória, a habilidade para resolução de problemas desconhecidos, entre outras (CARDOSO, 2007).

A mudança da postura e da marcha, aspectos relacionados a vários órgãos e sistemas, em especial aos sistemas neurológico, musculoesquelético e cardiovascular, associados à diminuição da acuidade visual, das sensibilidades cutânea e plantar, apresentam-se na velhice como sérios problemas, ocasionando, muitas vezes, quedas e perda da independência funcional do idoso (ROSSI e SADER, 2002; REKENEIRE et al, 2003).

Além das próprias limitações da velhice, de ordem fisiológica, deve-se levar em consideração o fato de que “as pessoas envelhecem de formas diferentes, dependendo de seus contextos históricos e sociais, fatores culturais, intelectuais, de personalidade e econômicos”. (CARDOSO, 2007, p.18)

O envelhecimento pode se acentuar condicionado ao espaço, lugar habitado. No asilo, ou na ILPI, a situação de abandono, somada à maturidade e à falta ambiente familiar, favorecem o envelhecimento, de acordo com Negreiros (2003). Com estes velhos, nesta situação asilar, é que os estagiários de fisioterapia atuam, interagem e convivem no estágio curricular supervisionado.

No aspecto psicológico, ocorrem não apenas mudanças subjetivas e comportamentais como também no relacionamento social do idoso. Certos comportamentos e atitudes podem ser cristalizados ou intensificados (NEGREIROS, 2003; ALVES, 2007).

Para Cardoso (2007), na velhice, há dificuldade de o idoso se adaptar a novos papéis, falta motivação de planejar o futuro, existe a necessidade de administrar as perdas orgânicas, afetivas e sociais, dificuldade de se adequar a mudanças rápidas, implicando assim em alterações psíquicas.

Se há desmoronamento psíquico no [...] velho isolado ou mal tratado na família ou na instituição, é porque na sua relação com o outro, a pessoa idosa não é mais tratada como sujeito, mas se torna apenas objeto de cuidados. Não existe mais para ela a âncora de seu desejo no desejo do outro (LOUREIRO 2004 p. 39).

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auto-estima, que encontram-se, na maioria das vezes, diminuídas com o processo de envelhecimento (SANCHEZ, 2000; RIBEIRO, 2002).

Do ponto de vista social, a velhice é imposta ao homem pela sociedade à qual pertence. Por isso a necessidade em considerar este sujeito como um todo. “A sociedade destina ao velho o seu papel, e o indivíduo é condicionado pela atitude prática e ideológica da sociedade em relação a ele” (RIBEIRO, 2002, p.4). “O velho precisa ser considerado sujeito atuante e participante do contexto que o cerca” (LOUREIRO, 2008, p.850).

O envelhecimento produz uma mudança fundamental na posição de uma pessoa na sociedade, com aquisição de alguns papéis e perda de outros, mudando também as suas relações sociais (tanto na família como fora dela). Sendo assim, a família, a sociedade e os órgãos governamentais, são também responsáveis por determinar o papel a ser cumprido pelos idosos na sociedade (VAROTO, 2005; CARDOSO, 2007).

A aposentadoria foi uma condicionante sócio-econômica que propiciou uma imagem negativa do papel do idoso na sociedade ocidental contemporânea. Muitos preservam uma imagem de incapacidade, inutilidade, não produtividade para o idoso, decorrente desse fato. A marginalidade e o desprezo estão vinculados à não produtividade de um regime capitalista cruel, que vê os aposentados como inúteis e um fardo para a sociedade.” (NEGREIROS, 2003, p. 215).

Além do preconceito social e do autopreconceito, o idoso enfrenta ainda modificações psicossociais ocasionadas pela diminuição de interesses, da auto-estima e das atividades, somadas aos eventos estressantes e do isolamento, em razão das mudanças de papel e do apoio social, como também alterações biológicas, levando, muitas vezes, por iniciativa própria ou da família em decorrência de inúmeros outros fatores, à decisão pela institucionalização (CARDOSO, 2007). Na verdade, o tripé Estado, família e sociedade vêm se omitindo na atenção ao idoso e o resultado é a presença de asilos, ILPIs sem condições para receber e abrigar os idosos com qualidade (CAMARANO, 2005).

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Sabe-se que a grande maioria das instituições não está preparada para proporcionar aos seus residentes, serviços individualizados que respeitem a personalidade, privacidade e modos de vida diversificados. Há uma desvalorização das necessidades do idoso, por se acreditar que estas se limitam a certas prioridades fisiológicas (alimentação, vestuário, moradia, cuidados de saúde e higiene) remetendo ao esquecimento as de nível social, afetivo e sexual (PIMENTEL, 2001, p.37).

4.1.2 A heterogeneidade da velhice: realidades díspares

Em todas as faixas etárias existe uma grande variedade de “tipos humanos”. Ser diferente, único, original, nem que seja em uma única característica, é prerrogativa do ser humano. Na população idosa, também pode ser observada esta heterogeneidade: as pessoas constroem suas próprias histórias de vida, com características e dificuldades diferentes (NÉRI, 2006).

O velho não deve ser tratado como objeto e sim como sujeito, histórico e crítico, pois o fato de determinadas pessoas estarem em uma mesma faixa etária não significa que tenham passado pelas mesmas vivências e que apresentem as mesmas características e necessidades (BULLA, 2003). Heller (apud BULLA, 2003, p. 2) complementa este raciocínio apontando que “não se pode tratar a velhice de uma forma homogeneizada e que não se leve em conta as diferenças [...]. Como em outra faixa etária, ele deve ser percebido com suas diferentes particularidades, pois a pessoa humana expressa o ser genérico, mas também o ser individual.”

Existem vários tipos de velhos, o rico, o pobre, o feliz, o rabugento, o quieto e calmo, o agressivo, o doente e o saudável, alguns atletas, outros sedentários, os que vivem em família ou sozinhos e os que estão sozinhos mesmo vivendo com a família e também os que vivem em instituições, particularmente o velho asilado (LOUREIRO, 20071). Nesta pesquisa aqui apresentada como dissertação de mestrado, a preocupação recai à atenção ao idoso asilado, habitante de uma ILPI do DF.

O velho “estabelece relações e faz parte de um contexto que o influencia, mas que também é influenciada por ele e, nesse movimento, a história é construída”. (BULLA, 2003, p.6). O sujeito vive de acordo com seu modo de ser, seus valores, sua visão de homem, de mundo e de sociedade e conforme sua situação social e econômica (NEGREIROS, 2003; VAROTO, 2005). Dessa forma, constitui-se sujeito participante, de forma distinta, dessa história. (BULLA, 2003).

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“Ao envelhecer, menos semelhantes e mais diferenciadas ficam as dimensões da vida de uma pessoa” (CARDOSO, 2005, p.45). Diante dessa afirmação, verifica-se a importância de se considerar a multi, inter e transdisciplinaridade e de investigar a complexidade que é o imaginário da pessoa que presta atendimento, que realiza intervenções nos idosos, especialmente nos asilados. Assim se justifica e se exige a presença da gerontologia na formação do fisioterapeuta.

4.2 INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA

O grande aumento da população idosa e daqueles portadores de incapacidades e fragilidades, somadas à redução da disponibilidade familiar, questões intergeracionais, mesmo com a implementação de leis que assegurem o cuidado do idoso pela família, bem como a ainda escassa existência de outros tipos de apoio, como o governamental, social e da saúde, são fatores que corroboram para a institucionalização do idoso (CREUTZBERG et al, 1999; CAMARANO, 2005; CARDOSO, 2007).

Surge no cenário mundial a realidade da institucionalização, a existência de locais criados e organizados para o abrigo e a atenção do ser humano velho. Estes locais vieram, através dos tempos, sendo designados como asilos, hoje chamados ILPI. Conforme Goffman, (2001, p.11)

uma instituição total pode ser definida como um local de residência e trabalho onde um grande número de indivíduos com situação semelhante, separados da sociedade mais ampla, por considerável período de tempo, levam uma vida fechada e formalmente administrada.

Convém, no entanto, observar que alguns asilos ou ILPIs não se apresentam de forma fechada, o que as pode diferenciar de uma instituição total. São vários os tipos de asilos – ILPIs- existentes no mundo e no Brasil.

Para Lafin (2004, p.47)

O primeiro tipo de instituição conhecido foi o asilo, que se preocupava com a alimentação e a habitação no atendimento aos idosos. Seus fundadores eram pessoas carismáticas, em sua maioria religiosas, que se alicerçavam na filosofia do fazer para os idosos, não com os idosos. Os recursos eram fornecidos pela comunidade, motivados por seus organizadores, mas sem a participação da comunidade, que não conhecia a realidade dos internos. Em sua maioria advindas de famílias carentes, algumas pessoas asiladas eram abandonadas por seus familiares ou não tinham parentes, recursos ou qualquer apoio da sociedade.

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para idosos apresentam três características distintas, mas que se combinam. São elas a segregação (isolamento físico associado a uma política segregadora), tratamento igualitário e simultâneo para todos os residentes e um grau relevante de controle (limitando a autonomia do idoso). A institucionalização implica um processo de adaptação a um novo ambiente, no qual existem regras e normas a serem cumpridas, além da limitação física implícita

(CORTELLETTI et al, 2004).

As ILPIs possuem várias denominações. A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) adotou a expressão ILPI, que é correspondente a Long Term Care Institution, para designar esse tipo de instituição. Define como “estabelecimentos para atendimento integral institucional, cujo público alvo é pessoas de 60 anos e mais, dependentes ou independentes, que não dispõem de condições para permanecer com a família ou em seu domicílio” (SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA, 2003, p. 3).

A Política Nacional do Idoso (BRASIL, 1994) entende asilo como:

Atendimento em regime de internato ao idoso, sem vínculo familiar ou sem condições de prover a própria subsistência, de modo a satisfazer as suas necessidades de moradia, alimentação, saúde e convivência social. Declara ainda que tal atendimento somente deve ocorrer no caso da inexistência do grupo familiar, abandono, carência de recursos financeiros próprios ou da própria família, sem considerar quaisquer outras condições, seja em caráter temporário seja permanente.

A Portaria 810/89, do Ministério da Saúde (BRASIL, 1989), considera instituições específicas para idosos, os estabelecimentos com denominações diversas e lugar físico equipado para atender pessoas, a partir de 60 anos de idade, com um quadro de funcionários e capacidade para atender as necessidades da vida institucional como um todo, por um período indeterminado, sob regime de internato ou não, pagas ou não.

A maior parte dessas ILPIs são de natureza não-governamental, sendo algumas ligadas a instituições religiosas.

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Cortelletti et al (2004) mencionam que mesmo havendo suporte aos idosos, as

atividades realizadas por eles ao longo de sua vida, passam a ter um decréscimo após o asilamento. Isso pode ocorrer devido às precárias condições oferecidas pela instituição, própria condição socioeconômica e cultural do indivíduo, ou pelo desinteresse do asilado em efetuar alguma atividade. Segundo Cortelletti et al (2004, p. 104), “para muitos idosos, o dia a

dia na instituição significa ócio e monotonia, resumindo-se, basicamente, segundo suas próprias palavras, em ‘comer, dormir, e assistir televisão’”.

Os motivos que conduzem o idoso ao asilamento envolvem aspectos como abandono, a ausência da família, motivos socioeconômicos, entre possíveis outros.

A situação de asilamento, motivada pelo abandono, é uma contingência. O asilo é o lugar que restou para abrigar o idoso e recebê-lo. O asilado se conforma e aceita essa situação, aparentemente sem contestar, limitando as possibilidades de querer mais e restringindo gradativamente o sentir, o pensar, o agir e o interagir. Perde a visibilidade do mundo, das pessoas neste mundo e, como conseqüência, as mobilidades social, física e intelectual que o mundo requer. Acaba por se enclausurar, tornando-se incapaz de enfrentar os desafios que a vida impõe. Falta-lhe energia e esperança para viver. Espera o tempo passar. (CORTELLETTI et al, 2004, p. 43).

Pode ainda aparecer a vontade própria do idoso em se institucionalizar. Loureiro (2004), em sua pesquisa realizada em um asilo de Brasília, relata, por exemplo, a história de um senhor que tem no asilo em que habita um “refúgio”, seu “paraíso”:

Seu Dodô – nome fictício, para manter a ética –, um velho residente do asilo, muito falante, postado junto a uma das paredes externas do refeitório [...] executa pequenos reparos e pontinhos em roupas descosidas ou rasgadas, etc. É conhecido, pelos colegas, como o “quebra-galho”. Tem seu espaço eleito/apropriado no asilo: seu “paraíso”, seu refúgio (Loureiro, 2004, p.4)

No entanto é recorrente na fala de alguns institucionalizados, a idéia de que a família ainda virá buscá-lo, retirá-lo dali (LOUREIRO, 2007, 2009).

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A demanda no atendimento a idosos dependentes, sequelados, e carentes, exige a formação de uma equipe multidisciplinar, na qual se insere o fisioterapeuta. Conforme Creutzberg et al (2007, p.4), numa ILPI “há a necessidade, prevista pela legislação, de equipe que se ocupe com os processos de atenção à saúde, respondendo pelas demandas cotidianas de cuidado”.

“A questão das ILPIs, especialmente quando o foco são instituições para assistência ao idoso de baixa renda, é considerada problema crônico, aparentemente sem solução na sociedade brasileira” (CREUTZBERG et al, 2007, p.2). No caso da ILPI estudada, ela recebe idosos com renda de até um salário mínimo: metade desta renda é repassada à instituição e o restante é destinado a medicamentos e produtos de higiene.

A maioria das ILPI necessita de doações para se manter e proporcionar o mínimo de qualidade de vida para os idosos que ali residem, dependendo, por vezes, de trabalho voluntário (BORN, 2002). O Lar dos Velhinhos Bezerra de Menezes recebe apoio governamental – possui convênio com a Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda, que auxilia a instituição com um valor per capita (inclusive para os que possuem renda); prática esta garantida pelo Estatuto do Idoso.

A disponibilidade de serviços de saúde para o idoso, nos diferentes níveis de atenção depende, principalmente, da concepção e conhecimentos que os dirigentes e equipe de saúde interna da ILPI têm, acerca da saúde do idoso, do ponto de vista gerontológico. A atenção à saúde, em geral, está centrada na cura e reabilitação, o que contradiz às diretrizes do atual sistema de saúde brasileiro e às políticas de saúde voltadas à pessoa idosa. Programas sistemáticos de promoção da saúde e atividades de educação em saúde com vistas à manutenção da capacidade funcional são muito raros nas instituições (CREUTZBERG et al, 2007, p.4).

Algumas instituições têm passado, conforme Lafin (2004), por modificações expressivas, começando a se organizar por equipes de profissionais de diferentes áreas do conhecimento interagindo de forma interdisciplinar. Esta equipe muitas vezes é formada por médicos, assistentes sociais, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais entre outros. No entanto, essas mudanças, ainda segundo este mesmo autor, têm sido muito lentas e afirma que casas clandestinas, conhecidas como depósito de velhos, aumentam significativamente (LAFIN, 2004).

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estudantes estagiários um espaço de maior vivência e intensificação das práticas e intervenções fisioterapêuticas com idosos asilados.

A ILPI onde foi desenvolvida esta pesquisa possui convênio com a IES, por meio do qual os alunos estagiários de fisioterapia, sujeitos da pesquisa, se vinculam para atuarem junto aos idosos institucionalizados.Nesta ILPI, o aluno estagiário do curso de fisioterapia da IES em questão compõe, junto a outros estagiários dos cursos de biomedicina e enfermagem (da mesma IES - UniCEUB), a equipe multidisciplinar, composta ainda por técnicos em enfermagem, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, farmacêutico, médico (clínico geral), cuidadores e assistente social.

A fisioterapia nesta ILPI – Lar dos Velhinhos Bezerra de Menezes- volta-se tanto para reabilitação e cura, em sua grande maioria, como também se compromete com outras atividades que mantém a capacidade funcional dos idosos, principalmente por parte dos estagiários de enfermagem, biomedicina e profissionais terapeutas ocupacionais. O enfoque porém é maior na reabilitação pelo fato da grande maioria dos idosos desta instituição ser acamado, com grandes restrições e incapacidades físicas e funcionais.

Nesse sentido é que esta dissertação se preocupou em desvendar o imaginário dos estagiários de fisioterapia, por meio do teste AT-9, e sua correlação com o atendimento fisioterápico, pela observação das atitudes dos sujeitos junto a esses idosos e a escuta.

4.3 GERONTOLOGIA NA FORMAÇÃO SUPERIOR EM SAÚDE

O fenômeno do envelhecimento desperta interesses no meio acadêmico, conforme descrito por Prado e Sayd (2006). Estes autores afirmam ainda que nas universidades tem se destacado programas envolvendo os idosos, com atividades de promoção da saúde e de prevenção e tratamento de doenças, embora, as pesquisas no ramo ainda sejam modestas. Os escassos grupos de estudo e pesquisa existentes na gerontologia, de acordo com Freitas et. al. (2002), têm sido trabalhados nas instituições de ensino – formadoras de opiniões e pensamentos, investindo cada vez mais na subjetividade dos idosos, tendo em vista o processo do envelhecer e a própria velhice.

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nos currículos dos cursos de graduação. Mesmo sendo escassa, Santos (2006, p.19) afirma que:

É reconhecido o papel das universidades na luta por estudos e ações sobre o objeto do trabalho da gerontologia e, por conseqüência, da melhoria da qualidade de vida do ser humano idoso. Essa tentativa considera a especificidade e multidimensionalidade desse objeto, o qual precisa da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade.

Pavarini et al (2005) confirmam este esforço pela inclusão de conteúdos da gerontologia e geriatria nos currículos de graduação, especialmente com relação aos currículos de graduação dos profissionais da área de saúde. Convém lembrar que nos currículos das demais áreas que se vinculam de alguma forma com o velho, esta inclusão é salutar.

Para que a gerontologia e os conteúdos relacionados a esta ciência sejam mais bem abordados, conforme Santos e Meneghin (2006), devem ser consideradas as questões regionais, objetivos dos Projetos Pedagógicos dos Cursos, o quanto este ensino contribui para a formação do aluno, direcionando-o à capacidade para organizar o conhecimento, mostrando ainda sua contextualização. Ainda sobre a abordagem da gerontologia na graduação, é importante salientar que os profissionais que lecionam devem ter profundo conhecimento sobre o processo do envelhecimento, a velhice, o idoso em todas as suas dimensões (CARDOSO, 2007).

O ensino de conteúdos gerontológicos contribui nitidamente para a formação profissional. Núnez e Martinez (2007) descrevem a necessidade de enfatizar a importância da geriatria e gerontologia no processo ensino-aprendizagem, por meio de cursos que dêem subsídios para o real entendimento do processo de envelhecimento, do fenômeno da velhice e das realidades do velho e, como no caso dos sujeitos desta pesquisa, os estagiários de fisioterapia geriátrica, sobre a situação ímpar do idoso asilado.

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indivíduo/paciente/idoso como um todo: físico-psíquico-biológico e social (SALMÓRIA e CAMARGO, 2008).

O estatuto do idoso determina que todo curso de graduação deve contemplar a gerontologia em seu currículo obrigatório.

A Política Nacional do Idoso (PNI) considerou essenciais à capacitação em saúde do idoso: epidemiologia do envelhecimento e suas conseqüências, mudança de atitude, habilidades para comunicação eficaz, aprendizado no reforço, respeito e proteção a liberdade do idoso, envelhecimento normal e patológico, avaliação da incapacidade e dependência, como preveni-la e os princípios básicos à utilização de recursos para a reabilitação e permanência do idoso na comunidade, apresentação da doença no idoso e o reconhecimento da interação entre doença e envelhecimento; noções básicas de prevenção, diagnósticos e cuidados em problemas de saúde típicos e doenças mais prevalentes; julgamento equilibrado na aplicação de procedimentos de investigação; conhecimentos sobre o uso de fármacos e idosos; princípios de cuidados contínuos ao idoso portador de incapacidade irremediável. (SANTOS, 2006. p.17)

Convém aqui deixar claro que velhice não é sinônimo de doença, mas que nesta fase da existência humana, podem ocorrer enfermidades, muitas vezes superáveis pelo atendimento especializado de profissionais competentes que, além dos seus imprescindíveis conhecimentos teóricos e práticos na área da saúde, tenham a sensibilidade e os conhecimentos gerontológicos ao assistir o idoso (NÚNEZ e MARTINEZ, 2007).

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Elementos importantes para o aprendizado em cursos com conteúdos de gerontogeriatria envolvem: o perfil do professor, o desenvolvimento de habilidades cognitivas, realização de pesquisa, desenvolvimento de aulas práticas e estágios. O estágio é uma estratégia que direciona a formação competente porque possibilita ao aluno a busca de aperfeiçoamento na área desejada, garantindo-lhe estreita relação com sua futura profissão (SANTOS, 2006).

4.3.1. O aluno estagiário de fisioterapia da IES em questão e a gerontologia

O currículo do curso de graduação em fisioterapia é apresentado ao aluno, na grande maioria das IES, com enfoque no conteúdo fisiopatológico e biológico do envelhecimento, esquecendo-se, por vezes, da necessidade da conscientização de conceitos subjetivos que envolvem a velhice (SANTOS e MENEGHIN, 2006), conceitos essenciais para a formação de um profissional humanístico, conforme Santos (2006) e Salmória e Camargo (2008).

Santos (2006) discorre que a atuação de estudantes e de profissionais da saúde no campo da geriatria e da gerontologia reflete sua formação acadêmica, sua graduação. Alguns estudos mostram a relação entre atitudes dos alunos no que diz respeito ao envelhecimento e a atuação junto aos idosos, com íntima influência com a forma como este envelhecimento é estudado (SANTOS e MENEGHIN, 2006). O estudo de Nunez e Martinez (2007) mostra a percepção negativa em relação ao envelhecimento por parte dos alunos, que é percebida na prática profissional em ciências da saúde, a começar do estágio supervisionado.

A formação superior no curso de Fisioterapia, bem como nas demais áreas da saúde, possibilita a existência de profissionais que atuarão em uma equipe interdisciplinar de promoção e reabilitação da saúde (do velho) através de serviços prestados na comunidade, despertando no aluno o interesse pela gerontologia. “Educar e atender adequadamente os velhos depende da oferta de estruturas de conhecimento e de oportunidades para desenvolver habilidades e valores específicos.” (JORGE; NERI, 2006, p.20).

A filosofia-síntese do pensamento institucional do qual o aluno sujeito dessa pesquisa faz parte, coloca como referencial norteador da formação “a preparação do homem integral, assegurando-lhe a compreensão adequada de si mesmo, de seu papel na sociedade e de sua responsabilidade profissional”. (CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA).

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• Respeito à liberdade e apreço à tolerância, como pressupostos essenciais ao convívio democrático;

• Relações éticas e solidárias entre a comunidade acadêmica e a sociedade, que possibilitem o resgate e a manutenção dos princípios fundamentais da cidadania, como orientadores da formação da identidade profissional (destacando aqui a importância destas na vivência profissional adquiridas no estágio curricular geriátrico);

• Vinculação entre o processo formador, o trabalho e as práticas sociais, de forma a definir conteúdos, valores e práticas necessários à formação de profissionais competentes, com maior possibilidade de inserção no campo profissional e de maior participação no processo de desenvolvimento socioeconômico; essenciais para a prática supervisionada no asilo;

• Sólido conhecimento científico como suporte para a atuação profissional em face das novas exigências do mundo do trabalho e suas tecnologias (bem como o aumento na demanda à assistência ao idoso, população em crescimento, como já citado anteriormente); com o desenvolvimento do espírito científico, do pensamento reflexivo e da postura crítica, de forma a possibilitar a reconstrução e a transferência de conhecimentos e as aproximações com as múltiplas realidades do mundo social e do trabalho.

• Valorização da pesquisa e da investigação científica como instrumentos de mediação nas análises teórico-práticas do processo de formação, como possibilitadoras de mudanças (princípio norteador que justifica o aceite desta pesquisa pelo comitê de ética desta IES, em busca da melhoria da qualidade); • Estímulo e valorização da auto formação como condição inerente ao compromisso

de educação continuada, o que extrapola os quadros da formação acadêmica institucional, indo na direção da pluralidade de experiências existentes no mercado de trabalho. (CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA).

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do curso de fisioterapia considerado se compromete a formar profissionais capacitados a exercer as atividades do profissional fisioterapeuta na prática comunitária, ambulatorial e hospitalar, e com capacidade de implementar atividades de pesquisa na fisioterapia e nas áreas afins para assim responder às necessidades do contexto social ao qual está inserido e ao mercado de trabalho.

O currículo do curso de Graduação em Fisioterapia - Bacharelado em Fisioterapia, ao qual pertence o sujeito da pesquisa, o aluno estagiário, possui carga horária total de 4760 horas, para integralização em 5 anos. É constituído por disciplinas que acompanham as orientações contidas nas diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em fisioterapia e estão pautadas aos princípios que norteiam este projeto pedagógico constituído pelo objetivo do curso, pelo perfil desejado do egresso e pelas competências e habilidades esperadas.

As disciplinas curriculares do referido curso estão enquadradas em eixos temáticos e entre eles aparece o eixo de “Conhecimentos Fisioterapêuticos”, onde se situam as disciplinas “Fisioterapia Geriátrica” e “Estágio Supervisionado”, estágio este focado nesta pesquisa em sua parte desenvolvida em uma ILPI.2

O aluno deve mostrar aptidão teórica, instrumental e prática, sendo que estas atividades devem proporcionar o aproveitamento máximo do curso com a integração ensino, pesquisa e extensão. O primeiro ano do curso tem o objetivo de inserir o aluno no ambiente acadêmico, apresentando-o ao universo do campo de estudos da Fisioterapia, suas discussões epistemológicas básicas e sua relação com as demais ciências. O segundo ano do curso busca o aprofundamento e detalhamento do escopo da fisioterapia. O terceiro ano busca firmar as práticas acadêmicas, visando consolidar os conceitos básicos e a aplicabilidade dos mesmos, enfatizando adquirir conhecimentos e habilidades acadêmicas voltadas para a ética, cidadania e aplicabilidade dos conceitos da saúde coletiva, bem como aprofundamento nas áreas clínicas. O quarto ano irá aproximar o aluno das áreas de atuação fisioterapêutica, assim como, aperfeiçoar a totalidade de suas habilidades acadêmicas, com atenção especial à discussão de casos clínicos e aplicabilidade de técnicas e recursos fisioterapêuticos, associando-os às atividades de pesquisa e extensão. O quinto, e último ano, tem por objetivo finalizar o preparo do aluno para seu ingresso no mercado de trabalho, além de concluir seu

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processo de formação em nível da graduação. As habilidades a serem desenvolvidas se relacionam diretamente ao exercício profissional e à pesquisa científica. Adicionalmente, o aluno atingirá o ápice de seu processo de formação que é a elaboração de um trabalho de conclusão de curso, um artigo científico, que será orientado por um dos membros do colegiado. Nesse último ano, os alunos deverão exercitar e aprofundar seus conhecimentos nas áreas de atuação fisioterapêutica por meio do estágio curricular supervisionado.

O estágio curricular supervisionado compreende as atividades de aprendizagem social, profissional e cultural, proporcionadas ao aluno pela participação em situações reais de vida e trabalho de seu meio (Decreto nº 87.497, 1982; TEIXEIRA; OLIVEIRA, 2007). O discente estagiário do curso de fisioterapia em pauta deve cumprir o estágio supervisionado, realizado no último ano do curso, dividido em seis etapas, com características próprias.

A IES possui autonomia para propor seus projetos político-pedagógicos e definir seus estágios curriculares. As atividades práticas e de estágio são de responsabilidade e coordenação da IES e cabe a ela a decisão sobre a matéria. O que se espera é que com o conhecimento da estrutura do imaginário do grupo de alunos, a IES possa redefinir a matéria a ser abordada. Espera-se ainda que o estudante possa entrar em contato com as futuras áreas do seu trabalho, onde exercerão seu ofício (SITTA et al., 2002).

Na área de geriatria, é necessário que o quase fisioterapeuta saiba exercer uma avaliação gerontológica global anterior às análises cinéticas e cinemáticas. (SITTA et al., 2002)

Espera-se que o estudante do estágio de fisioterapia em geriatria entenda as peculiaridades do processo de envelhecimento, seus problemas e suas doenças, o que irá direcionar estes futuros fisioterapeutas a atuarem nas situações que o idoso apresenta, com especificidades no aparelho locomotor, nas doenças do sistema cardiorrespiratório, nas do sistema nervoso e nas doenças uroginecológicas (SITTA et al., 2002; REIS JÚNIOR, 2007) 4.4 FISIOTERAPIA GERIÁTRICA E GERONTOLÓGICA

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doenças mentais, as geradoras de déficit da capacidade funcional (MOTTA, 1992; RIBEIRO, 2002; REGI, 2007).

Segundo Camarano (2005), a capacidade funcional de uma pessoa é um dos parâmetros utilizados para investigar o grau de dependência e independência.

Para Sanchez (2000, p.3):

[...] a dependência, na velhice, é resultado de mudanças ocorridas ao longo do curso de vida e acrescentam que elas englobam desde as mudanças biológicas até as transformações exigidas pelo meio social. As autoras discriminam a dependência em três níveis: a dependência estruturada, resultante da circunstância cultural que atribui valor ao homem em função do que e enquanto produz. A dependência física que decorre da incapacidade funcional, ou seja, falta de condições para realizar as tarefas da vida diária. Finalmente, a dependência comportamental, que é socialmente induzida, pois advém do julgamento e das ações de outrém. Diante dessa avaliação, alguém sempre assume a função de fazê-lo em seu lugar, mesmo que não haja necessidade ou que a própria pessoa não o deseje.

Há uma hierarquia na perda da independência: os idosos perdem primeiro a habilidade de desempenhar atividades da vida diária seguido de atividades de manutenção da casa, autocuidado, dentre outras (MOTA, 2002; RODRIGUES, 2006; MONTENEGRO, 2007).

A capacidade funcional e a independência são fatores preponderantes para o diagnóstico de saúde física e mental na população idosa (RODRIGUES, 2006). Esse declínio funcional, muitas vezes traz conseqüências que exigem mudanças na estrutura de vida da pessoa e de quem a cerca, principalmente por influenciar também aspectos psicológicos como depressão, alterações na autopercepção e auto-eficácia, perda de autonomia. Estes fatores influenciam na sua qualidade de vida pois, segundo Gontijo (2005), à medida que um indivíduo envelhece, sua qualidade de vida é fortemente determinada por sua habilidade de manter autonomia e independência.

Gillon (apud SANCHEZ, 2000. p. 4), tecendo considerações acerca da autonomia, recorre aos estudos filosóficos:

Autônomo é quem tem em si mesmo a própria lei [...]. Autonomia pode ser avaliada à luz de três critérios: autonomia de ação, autonomia de vontade e autonomia de pensamento. Para este autor, a autonomia de ação é aquela em que o homem pode agir de forma independente, sem qualquer obstáculo; a autonomia de vontade é a que permite ao ser humano decidir sobre coisas com base nas suas próprias deliberações, e a autonomia de pensamento é a que faz do homem, no uso de sua capacidade intelectual, um ser que pode tomar decisões com base nas suas crenças e valores.

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respeito à motivação para aprender a trabalhar de forma integrada na prevenção e tratamento da incapacidade funcional em idosos (MORAGAS, 1997; RIBEIRO, 2002; BONARDI, 2007).

O conceito de qualidade de vida pode ser interpretado em diversas perspectivas, incluindo o bem-estar físico, psicológico e espiritual, além dos aspectos social, econômico e político. A qualidade de vida relacionada à saúde é “o valor que é atribuído à duração da vida que é modificada pela incapacidade, pelo estado funcional, pela percepção e pelas conseqüências sociais devido a uma enfermidade, um acidente ou uma decisão política, social ou sanitária” (TUBONE, 2007, p.10). É um conceito amplo que incorpora de uma maneira complexa a saúde física, psicológica, o nível de dependência do sujeito, suas relações sociais, crenças e sua relação com características proeminentes no ambiente (TUBONE, 2007).

Qualidade de vida é definida também como “a percepção que o indivíduo tem de sua posição na vida dentro do contexto de sua cultura e do sistema de valores de onde vive, e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (SÁ, 2002). Políticas e programas que melhorem a qualidade de vida de pessoas com deficiências e doenças crônicas, o auxílio em promover uma independência contínua ou sua interdependência, por meio de mudanças ambientais, aprimoramento do cuidado com o velho, bem como uma melhor oferta de serviços de reabilitação e apoio comunitário para os familiares são essenciais para a promoção de uma qualidade de vida no processo de envelhecimento (SÁ, 2002)

As limitações decorrentes dessas doenças crônicas na qualidade de vida dos idosos estão associadas com a vulnerabilidade percebida, com percepções mais negativas da própria saúde e falta de expectativa de uma vida longa (RABELO e NÉRI, 2006). Os domínios sócio-demográficos, o ambiente físico e social, as condições da doença, o suporte social e os aspectos psicológicos - solidão, senso de controle e de vulnerabilidade - são prováveis variáveis que explicam os efeitos limitantes da doença de longa permanência (RABELO e NÉRI, 2006).

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Dentre os fatores precipitantes de incapacidade funcional destaca-se a área cognitiva. A depressão é apontada em alguns estudos como causadora de problemas de memória e, em outros, como sendo um dos sintomas iniciais de quadro de demência (FIGUEIREDO, 2007). Ainda é clinicamente inconcluso distinguir déficits cognitivos vistos na depressão com aqueles no demenciamento progressivo. No entanto, tanto um quanto o outro, podem levar à incapacidade funcional em conseqüência à cognitiva (NÉRI, 2006; FIGUEIREDO, 2007).

A manutenção da capacidade funcional pode ter implicações para a qualidade de vida dos idosos, por estar relacionada com a capacidade do indivíduo de se manter na comunidade, desfrutando a sua independência até as idades mais avançadas (ALVES, 2007).

Quando os idosos carentes apresentam problemas médicos, funcionais e psicossociais suficientemente graves, a ponto de impedí-los de levar uma vida independente, eles são encaminhados a ILPIs. A manutenção da capacidade funcional, a busca pela independência e aumento da qualidade de vida são objetivos principais da fisioterapia geriátrica. Para buscar qualidade de vida e bem-estar a esses sujeitos, é necessário estar atento a como eles se vêem e como os outros o vêem. Beauvoir (1990, p.22) afirma que “o velho que eu sou é o que os outros vêem em mim”.

A Fisioterapia é um campo do saber que evolui, a exemplo dos demais, incorporando o desenvolvimento de novas biotecnologias. É uma ciência aplicada que tem por objeto o estudo do movimento humano em todas as suas formas de expressão e potencialidades, tanto nas alterações patológicas quanto nas repercussões psíquicas e orgânicas. Como processo terapêutico, utiliza conhecimentos e recursos próprios, utilizando-os com base nas condições psico-físico-social, tendo por objetivo promover, aperfeiçoar ou adaptar o indivíduo à melhoria de qualidade de vida. Para tanto, se utiliza à ação isolada ou conjugada de fontes geradoras de calor (termoterápicas), frio (crioterápicas), luz (fototerápicas), correntes elétricas (eletroterápicas), além de agentes cinésio-mecanoterápicos e outros mais advindos da evolução dos estudos e da produção científica da área. A fisioterapia como ciência da recuperação funcional dos indivíduos, dá subsídio aos demais tratamentos quando estão envolvidas desordens de todos os sistemas orgânicos (CHIARELLO e DRIUSSO, 2007).

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tratamento de portadores de seqüelas momentâneas ou definitivas. Utiliza treinamento funcional, meios físicos e instrumentação adequada para o alcance do objetivo desejado. (Brasil, Resolução nº10, 1978; SITTA et al 2002; MONTENEGRO, 2007)

A Fisioterapia brasileira atualmente tem reconhecimento nacional e projeção internacional, em várias especialidades, sobretudo nas áreas de recuperação do sistema cardiorrespiratório, do sistema nervoso (Fisioterapia Neurológica Infantil e Adulto) e do sistema músculo-esquelético (Fisioterapia Traumato-ortopédica e Reumatológica). Também tem se desenvolvido nas áreas de Ginecologia e Obstetrícia, nos esportes, na Saúde da família, no Trabalho/atividades laborais (ergonomia), na estética, e sobretudo na velhice. (SITTA, 2002; MONTENEGRO, 2007).

A fisioterapia geriátrica se expande no sentido de atender aos velhos. As técnicas e/ou recursos para o atendimento de algumas morbidades, estão direcionadas à idade cronológica do sujeito, mas, sobretudo aos sinais e sintomas, ou ao quadro mórbido que está instalado no momento da avaliação. Para a fisioterapia, no que diz respeito às técnicas utilizadas, pode-se dizer que não existem técnicas exclusivas que devem ser usadas se o cliente é um infanto-juvenil, adolescente, adulto ou velho (REIS JÚNIOR, 2007).

A observação e o acompanhamento das ações dos estagiários, interagindo profissional e humanamente com idosos asilados, fornece subsídios para a reflexão e construção de conhecimentos e técnicas desta fatia da Fisioterapia, mas o que se espera, cada vez mais, é a implementação de uma fisioterapia gerontológica (CHIARELLO e DRIUSSO, 2007); sendo este o termo mais adequado, segundo Reis Júnior (2007), pois trata o indivíduo, com atendimento humanístico, considerando-o como um “todo”. Entenda-se esse “todo”, como alguém que é biológico, histórico (vive num determinado período), geográfico (vive em um determinado espaço), sociocultural (tem um status social e um determinado tipo de cultura) e espiritual (tem seus credos), mas que naquele momento está sofrendo algum tipo de injúria.

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funcionalidade (CHIARELLO e DRIUSSO, 2007), amparados pelo conhecimento adquirido no decorrer do curso de graduação, sem esquecer-se de todas as dimensões que envolvem o ser humano, a heterogeneidade e as idiossincrasias do velho.

São comuns entre os pacientes idosos, sobre os quais a fisioterapia pode atuar: fadiga; dispnéia; déficit de locomoção; perda da funcionalidade; ansiedade; espasmo muscular; dor; fraqueza; acúmulo de secreção; úlcera de pressão; perda do equilíbrio; contratura; constipação intestinal; depressão; edema (ROSSI e SADER, 2002; CHIARELLO e DRIUSSO, 2007). Com base na avaliação funcional e análise dos prontuários dos idosos asilados, o estagiário em fisioterapia escolherá a mais adequada conduta fisioterápica para a atenção requerida por estes “pacientes” sem esquecer que se tratam de seres humanos envelhecidos, velhos portadores de tudo que caracteriza esta fase da vida. (CARDOSO, 2007)

A avaliação cinético funcional, que é a avaliação dos movimentos e suas funcionalidades, se faz necessária para escolha da melhor conduta e melhor recurso terapêutico a ser utilizado. Isto porque é sabido, conforme mostram os estudos de Rossi e Sader (2002) que os idosos desenvolvem várias alterações, físicas e posturais (como cifose, redução da lordose lombar e desenvolvimento de valgismo nos quadris, com alargamento da base de apoio). Estes autores relatam ainda que o padrão da marcha do idoso difere da do adulto, dentre outros fatores, “pelo menor comprimento da passada, pela menor extensão dos joelhos, por menor força na flexão plantar dos tornozelos e por menor velocidade dos passos”. Como terapêutica, a escolha da conduta para a melhora da postura e a busca de um aumento da força dos músculos abdominais para reduzir a inclinação pélvica anterior, “podem auxiliar na manutenção do comprimento da passada e na qualidade da marcha nas idades avançadas”. (ROSSI e SADER, 2002, p.510).

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Também são realizados posicionamento do idoso no leito; transferências de posturas (por exemplo: do leito para a cadeira, de sentado para de pé); mudança de decúbito; utilização de recursos termoeletrofototerápicos como o infravermelho, a estimulação elétrica transcutânea; avaliação e prescrição de auxílio para marcha; treino de equilíbrio e deambulação, buscando maior independência funcional e, sobretudo, com segurança (CARDOSO, 2007; CHIARELLO e DRIUSSO, 2007 ).

Segundo Pereira, Brito e Valadares (2004), idosos institucionalizados têm maior probabilidade de sofrer quedas do que os não institucionalizados, por possuírem menores níveis de força muscular, equilíbrio, flexibilidade e resistência física.

O treino da marcha (deambulação) e de equilíbrio é essencial, em associação a uma análise detalhada da arquitetura do local e disposição dos móveis e objetos de onde os idosos se deslocam, principalmente para prevenção de quedas, fator desencadeante de vários processos degradativos no idoso culminando, por vezes, em morte. A prevenção de doenças, dores e quedas, em muitos casos e especialmente nas Instituições IPLI, tem um maior valor para a vida dos idosos do que uma intervenção tardia uma vez que a perda da função sem intervenções adequadas e em tempo hábil, pode gerar limitações em cascata culminando em perda de qualidade de vida (CARDOSO, 2007; CHIARELLO e DRIUSSO, 2007).

Dentro do enfoque preventivo, os estagiários, futuros fisioterapeutas e os fisioterapeutas já formados atuam nas orientações sobre a necessidade de bons hábitos de vida que podem diminuir o risco de desenvolvimento de uma doença crônica, orientações posturais para evitar alterações como hérnias de disco, lombalgias ou tendinites e análise ergonômica do espaço, diminuindo o risco para quedas. Várias outras doenças ou complicações podem acometer o paciente idoso. Em todas, o mais importante é o alívio de sintomas, restauração das funções prejudicadas ou perdidas e prevenção de deformidades. Estes objetivos são conquistados pelos estagiários em fisioterapia realizando-se uma intervenção criada de acordo com as características particulares de cada paciente asilado e com a participação de uma equipe multi e interdisciplinar, atenta não apenas à saúde, mas também ao aspecto social, econômico, psicológico e familiar do idoso, em especial aquele asilado. (http://www.portaldoenvelhecimento.net/pforum/fi2.htm).

(40)

A Teoria do Imaginário foi criada por Gilbert Durand, tendo como base as idéias e afirmações de pesquisadores como “Bachelard, Betcherev, Dumezil, Piganiol, Freud, Bérgson, Piaget, Jung e Przyluski” (LOUREIRO, 2004, p. 15).

O imaginário “consiste no conjunto de imagens e representações de imagens que constitui o capital pensado do homo sapiens” (DURAND, 1989, p. 14). A teoria considera as “pulsões internas” e as “pressões externas” e o dinamismo circular desenvolvido entre as mesmas, ao que Gilbert Durand denomina “trajeto antropológico” (1989, p. 29), preocupando-se com a temporalidade, o enfrentamento da angústia do passar do tempo e o medo da morte (LOUREIRO, 2004).

O desejo essencial buscado pelo homem, por meio da imaginação, é de reduzir a angústia existencial do passar do tempo e o medo da morte, simbolizando e representando o tempo e a morte, para assim controlá-los (LOUREIRO, 2004). Diante da impossibilidade desse controle, e a realidade de ter que encarar a inexorabilidade da morte e os perigos representados por ela e, pelo também inexorável, passar do tempo, o ser humano cria imagens- “o que se percebe nos modos de carregar a vida e se posicionar no mundo, na sociedade e diante de si mesmo” (LOUREIRO, 2008, p.855) - imagens estas que consteladas, relacionadas entre si, formam o imaginário. “O imaginário é, portanto, o conjunto relacional de imagens [...], a arma dada ao homem para vencer o tempo e a morte” (LOUREIRO, 2004, p.16).

(41)

Bachelard (apud DURAND, 1989, p.23) registra que o símbolo “possui algo mais que um sentido artificialmente dado” e que também “detém um essencial e espontâneo poder de repercussão”.

Segundo Gilbert Durand (1989, p.63), o processo de convergência evidencia o isomorfismo dos esquemas, dos arquétipos e dos símbolos, levando à criação de “protocolos normativos das representações imaginárias, bem definidas e relativamente estáveis, agrupamentos em torno dos esquemas originais, ao que chama estrutura”.

A estrutura então, por definição, é um “protocolo motivador” para o agrupamento de imagens; esta estrutura também é capaz de se agrupar numa estrutura maior, denominada Regime.

Durand identifica as estruturas antropológicas do imaginário embasado na reflexologia de Betchrev (com “a noção de gestos dominantes”: dominantes postural e digestiva, observadas em recém nascidos) e pela dominante copulativa, estudada por Oufland, em rãs adultas (LOUREIRO, 2004, p. 17). A reflexologia do recém nascido demonstra “a maneira como a experiência de vida, os traumas fisiológicos e a adaptação ao meio (negativa ou positiva) levam a formas pulsional e/ou social na infância” (CARDOSO, 2005, p. 11). Esses achados de Betcherev e de Oufland são “fios condutores” para a investigação das estruturas do imaginário. Conforme Betcherev, as dominantes reflexas “correspondem aos mais primitivos conjuntos sensório-motores que constituem os sistemas de acomodações mais originários na ontogênese” (DURAND, 1989, p.32).

De acordo com a reflexologia betchereviana, Gilbert Durand (1989, p.34) identifica as estruturas do imaginário com estes “gestos dominantes e retira o fundamento para a explicitação das estruturas antropológicas do imaginário”.

A partir do estudo destas dominantes com conseqüente identificação das estruturas antropológicas do imaginário, apresenta-se assim uma organização simbólica do imaginário, ocorrendo uma localização das estruturas de imagens, que podem se apresentar de forma positiva ou negativa, em dois regimes: o regime Diurno - no qual se localiza a estrutura heróica; e o regime noturno, no qual se localizam as estruturas mística e sintética.

Referências

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