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O aluno estagiário de fisioterapia da IES em questão e a gerontologia

4.3 Gerontologia na Formação Superior em Saúde

4.3.1. O aluno estagiário de fisioterapia da IES em questão e a gerontologia

O currículo do curso de graduação em fisioterapia é apresentado ao aluno, na grande maioria das IES, com enfoque no conteúdo fisiopatológico e biológico do envelhecimento, esquecendo-se, por vezes, da necessidade da conscientização de conceitos subjetivos que envolvem a velhice (SANTOS e MENEGHIN, 2006), conceitos essenciais para a formação de um profissional humanístico, conforme Santos (2006) e Salmória e Camargo (2008).

Santos (2006) discorre que a atuação de estudantes e de profissionais da saúde no campo da geriatria e da gerontologia reflete sua formação acadêmica, sua graduação. Alguns estudos mostram a relação entre atitudes dos alunos no que diz respeito ao envelhecimento e a atuação junto aos idosos, com íntima influência com a forma como este envelhecimento é estudado (SANTOS e MENEGHIN, 2006). O estudo de Nunez e Martinez (2007) mostra a percepção negativa em relação ao envelhecimento por parte dos alunos, que é percebida na prática profissional em ciências da saúde, a começar do estágio supervisionado.

A formação superior no curso de Fisioterapia, bem como nas demais áreas da saúde, possibilita a existência de profissionais que atuarão em uma equipe interdisciplinar de promoção e reabilitação da saúde (do velho) através de serviços prestados na comunidade, despertando no aluno o interesse pela gerontologia. “Educar e atender adequadamente os velhos depende da oferta de estruturas de conhecimento e de oportunidades para desenvolver habilidades e valores específicos.” (JORGE; NERI, 2006, p.20).

A filosofia-síntese do pensamento institucional do qual o aluno sujeito dessa pesquisa faz parte, coloca como referencial norteador da formação “a preparação do homem integral, assegurando-lhe a compreensão adequada de si mesmo, de seu papel na sociedade e de sua responsabilidade profissional”. (CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA).

Desse referencial depreendem-se como princípios norteadores da formação do aluno estagiário da IES em apreço:

• Respeito à liberdade e apreço à tolerância, como pressupostos essenciais ao convívio democrático;

• Relações éticas e solidárias entre a comunidade acadêmica e a sociedade, que possibilitem o resgate e a manutenção dos princípios fundamentais da cidadania, como orientadores da formação da identidade profissional (destacando aqui a importância destas na vivência profissional adquiridas no estágio curricular geriátrico);

• Vinculação entre o processo formador, o trabalho e as práticas sociais, de forma a definir conteúdos, valores e práticas necessários à formação de profissionais competentes, com maior possibilidade de inserção no campo profissional e de maior participação no processo de desenvolvimento socioeconômico; essenciais para a prática supervisionada no asilo;

• Sólido conhecimento científico como suporte para a atuação profissional em face das novas exigências do mundo do trabalho e suas tecnologias (bem como o aumento na demanda à assistência ao idoso, população em crescimento, como já citado anteriormente); com o desenvolvimento do espírito científico, do pensamento reflexivo e da postura crítica, de forma a possibilitar a reconstrução e a transferência de conhecimentos e as aproximações com as múltiplas realidades do mundo social e do trabalho.

• Valorização da pesquisa e da investigação científica como instrumentos de mediação nas análises teórico-práticas do processo de formação, como possibilitadoras de mudanças (princípio norteador que justifica o aceite desta pesquisa pelo comitê de ética desta IES, em busca da melhoria da qualidade); • Estímulo e valorização da auto formação como condição inerente ao compromisso

de educação continuada, o que extrapola os quadros da formação acadêmica institucional, indo na direção da pluralidade de experiências existentes no mercado de trabalho. (CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA).

Norteados pela demanda de mercado, pela filosofia institucional e pelos princípios legais que regem a profissão do profissional fisioterapeuta, como a Lei 9394/96 – Lei de diretrizes e bases da educação nacional, diretrizes curriculares para os cursos de graduação em fisioterapia, padrões de qualidade para implantação e funcionamento dos cursos de graduação em fisioterapia, dentre outras legislações especificas do fisioterapeuta, o projeto pedagógico

do curso de fisioterapia considerado se compromete a formar profissionais capacitados a exercer as atividades do profissional fisioterapeuta na prática comunitária, ambulatorial e hospitalar, e com capacidade de implementar atividades de pesquisa na fisioterapia e nas áreas afins para assim responder às necessidades do contexto social ao qual está inserido e ao mercado de trabalho.

O currículo do curso de Graduação em Fisioterapia - Bacharelado em Fisioterapia, ao qual pertence o sujeito da pesquisa, o aluno estagiário, possui carga horária total de 4760 horas, para integralização em 5 anos. É constituído por disciplinas que acompanham as orientações contidas nas diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em fisioterapia e estão pautadas aos princípios que norteiam este projeto pedagógico constituído pelo objetivo do curso, pelo perfil desejado do egresso e pelas competências e habilidades esperadas.

As disciplinas curriculares do referido curso estão enquadradas em eixos temáticos e entre eles aparece o eixo de “Conhecimentos Fisioterapêuticos”, onde se situam as disciplinas “Fisioterapia Geriátrica” e “Estágio Supervisionado”, estágio este focado nesta pesquisa em sua parte desenvolvida em uma ILPI.2

O aluno deve mostrar aptidão teórica, instrumental e prática, sendo que estas atividades devem proporcionar o aproveitamento máximo do curso com a integração ensino, pesquisa e extensão. O primeiro ano do curso tem o objetivo de inserir o aluno no ambiente acadêmico, apresentando-o ao universo do campo de estudos da Fisioterapia, suas discussões epistemológicas básicas e sua relação com as demais ciências. O segundo ano do curso busca o aprofundamento e detalhamento do escopo da fisioterapia. O terceiro ano busca firmar as práticas acadêmicas, visando consolidar os conceitos básicos e a aplicabilidade dos mesmos, enfatizando adquirir conhecimentos e habilidades acadêmicas voltadas para a ética, cidadania e aplicabilidade dos conceitos da saúde coletiva, bem como aprofundamento nas áreas clínicas. O quarto ano irá aproximar o aluno das áreas de atuação fisioterapêutica, assim como, aperfeiçoar a totalidade de suas habilidades acadêmicas, com atenção especial à discussão de casos clínicos e aplicabilidade de técnicas e recursos fisioterapêuticos, associando-os às atividades de pesquisa e extensão. O quinto, e último ano, tem por objetivo finalizar o preparo do aluno para seu ingresso no mercado de trabalho, além de concluir seu

2 Os eixos temáticos na matriz curricular do curso de fisioterapia, em apreço, são: (a)Ciclo Básico; (b) Ciências

Biológicas e da Saúde; (c) Ciências Sociais e Humanas; (d) Conhecimentos Biotecnológicos; (e) Conhecimentos Fisioterapêuticos

processo de formação em nível da graduação. As habilidades a serem desenvolvidas se relacionam diretamente ao exercício profissional e à pesquisa científica. Adicionalmente, o aluno atingirá o ápice de seu processo de formação que é a elaboração de um trabalho de conclusão de curso, um artigo científico, que será orientado por um dos membros do colegiado. Nesse último ano, os alunos deverão exercitar e aprofundar seus conhecimentos nas áreas de atuação fisioterapêutica por meio do estágio curricular supervisionado.

O estágio curricular supervisionado compreende as atividades de aprendizagem social, profissional e cultural, proporcionadas ao aluno pela participação em situações reais de vida e trabalho de seu meio (Decreto nº 87.497, 1982; TEIXEIRA; OLIVEIRA, 2007). O discente estagiário do curso de fisioterapia em pauta deve cumprir o estágio supervisionado, realizado no último ano do curso, dividido em seis etapas, com características próprias.

A IES possui autonomia para propor seus projetos político-pedagógicos e definir seus estágios curriculares. As atividades práticas e de estágio são de responsabilidade e coordenação da IES e cabe a ela a decisão sobre a matéria. O que se espera é que com o conhecimento da estrutura do imaginário do grupo de alunos, a IES possa redefinir a matéria a ser abordada. Espera-se ainda que o estudante possa entrar em contato com as futuras áreas do seu trabalho, onde exercerão seu ofício (SITTA et al., 2002).

Na área de geriatria, é necessário que o quase fisioterapeuta saiba exercer uma avaliação gerontológica global anterior às análises cinéticas e cinemáticas. (SITTA et al., 2002)

Espera-se que o estudante do estágio de fisioterapia em geriatria entenda as peculiaridades do processo de envelhecimento, seus problemas e suas doenças, o que irá direcionar estes futuros fisioterapeutas a atuarem nas situações que o idoso apresenta, com especificidades no aparelho locomotor, nas doenças do sistema cardiorrespiratório, nas do sistema nervoso e nas doenças uroginecológicas (SITTA et al., 2002; REIS JÚNIOR, 2007) 4.4 FISIOTERAPIA GERIÁTRICA E GERONTOLÓGICA

O Brasil tem experimentado um aumento considerável da população idosa. No entanto, nem sempre as pessoas envelhecem com saúde. Algumas doenças crônicas tendem a se manifestar de forma mais expressiva (DAVIM et. al., 2004) associadas a outras doenças múltiplas (NETTO, 2002; DRIUSSO; CHIARELLO, 2007). São elas, associadas ou não a

doenças mentais, as geradoras de déficit da capacidade funcional (MOTTA, 1992; RIBEIRO, 2002; REGI, 2007).

Segundo Camarano (2005), a capacidade funcional de uma pessoa é um dos parâmetros utilizados para investigar o grau de dependência e independência.

Para Sanchez (2000, p.3):

[...] a dependência, na velhice, é resultado de mudanças ocorridas ao longo do curso de vida e acrescentam que elas englobam desde as mudanças biológicas até as transformações exigidas pelo meio social. As autoras discriminam a dependência em três níveis: a dependência estruturada, resultante da circunstância cultural que atribui valor ao homem em função do que e enquanto produz. A dependência física que decorre da incapacidade funcional, ou seja, falta de condições para realizar as tarefas da vida diária. Finalmente, a dependência comportamental, que é socialmente induzida, pois advém do julgamento e das ações de outrém. Diante dessa avaliação, alguém sempre assume a função de fazê-lo em seu lugar, mesmo que não haja necessidade ou que a própria pessoa não o deseje.

Há uma hierarquia na perda da independência: os idosos perdem primeiro a habilidade de desempenhar atividades da vida diária seguido de atividades de manutenção da casa, autocuidado, dentre outras (MOTA, 2002; RODRIGUES, 2006; MONTENEGRO, 2007).

A capacidade funcional e a independência são fatores preponderantes para o diagnóstico de saúde física e mental na população idosa (RODRIGUES, 2006). Esse declínio funcional, muitas vezes traz conseqüências que exigem mudanças na estrutura de vida da pessoa e de quem a cerca, principalmente por influenciar também aspectos psicológicos como depressão, alterações na autopercepção e auto-eficácia, perda de autonomia. Estes fatores influenciam na sua qualidade de vida pois, segundo Gontijo (2005), à medida que um indivíduo envelhece, sua qualidade de vida é fortemente determinada por sua habilidade de manter autonomia e independência.

Gillon (apud SANCHEZ, 2000. p. 4), tecendo considerações acerca da autonomia, recorre aos estudos filosóficos:

Autônomo é quem tem em si mesmo a própria lei [...]. Autonomia pode ser avaliada à luz de três critérios: autonomia de ação, autonomia de vontade e autonomia de pensamento. Para este autor, a autonomia de ação é aquela em que o homem pode agir de forma independente, sem qualquer obstáculo; a autonomia de vontade é a que permite ao ser humano decidir sobre coisas com base nas suas próprias deliberações, e a autonomia de pensamento é a que faz do homem, no uso de sua capacidade intelectual, um ser que pode tomar decisões com base nas suas crenças e valores.

O declínio do estado fisiológico e psicológico, presentes em grande parte dos idosos, resulta na dificuldade de manter o equilíbrio corporal diante da exacerbação das doenças crônico-degenerativas. Um dos desafios para a equipe interdisciplinar de atenção ao idoso diz

respeito à motivação para aprender a trabalhar de forma integrada na prevenção e tratamento da incapacidade funcional em idosos (MORAGAS, 1997; RIBEIRO, 2002; BONARDI, 2007).

O conceito de qualidade de vida pode ser interpretado em diversas perspectivas, incluindo o bem-estar físico, psicológico e espiritual, além dos aspectos social, econômico e político. A qualidade de vida relacionada à saúde é “o valor que é atribuído à duração da vida que é modificada pela incapacidade, pelo estado funcional, pela percepção e pelas conseqüências sociais devido a uma enfermidade, um acidente ou uma decisão política, social ou sanitária” (TUBONE, 2007, p.10). É um conceito amplo que incorpora de uma maneira complexa a saúde física, psicológica, o nível de dependência do sujeito, suas relações sociais, crenças e sua relação com características proeminentes no ambiente (TUBONE, 2007).

Qualidade de vida é definida também como “a percepção que o indivíduo tem de sua posição na vida dentro do contexto de sua cultura e do sistema de valores de onde vive, e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (SÁ, 2002). Políticas e programas que melhorem a qualidade de vida de pessoas com deficiências e doenças crônicas, o auxílio em promover uma independência contínua ou sua interdependência, por meio de mudanças ambientais, aprimoramento do cuidado com o velho, bem como uma melhor oferta de serviços de reabilitação e apoio comunitário para os familiares são essenciais para a promoção de uma qualidade de vida no processo de envelhecimento (SÁ, 2002)

As limitações decorrentes dessas doenças crônicas na qualidade de vida dos idosos estão associadas com a vulnerabilidade percebida, com percepções mais negativas da própria saúde e falta de expectativa de uma vida longa (RABELO e NÉRI, 2006). Os domínios sócio- demográficos, o ambiente físico e social, as condições da doença, o suporte social e os aspectos psicológicos - solidão, senso de controle e de vulnerabilidade - são prováveis variáveis que explicam os efeitos limitantes da doença de longa permanência (RABELO e NÉRI, 2006).

Conforme Rabelo e Néri (2006), as doenças crônicas e as incapacidades conseqüentes delas podem afetar significativamente o bem-estar dos idosos. Dado o aumento da morbidade e a co-morbidades que frequentemente aparecem com o avançar da idade, a redução na satisfação com a saúde fica evidente.

Dentre os fatores precipitantes de incapacidade funcional destaca-se a área cognitiva. A depressão é apontada em alguns estudos como causadora de problemas de memória e, em outros, como sendo um dos sintomas iniciais de quadro de demência (FIGUEIREDO, 2007). Ainda é clinicamente inconcluso distinguir déficits cognitivos vistos na depressão com aqueles no demenciamento progressivo. No entanto, tanto um quanto o outro, podem levar à incapacidade funcional em conseqüência à cognitiva (NÉRI, 2006; FIGUEIREDO, 2007).

A manutenção da capacidade funcional pode ter implicações para a qualidade de vida dos idosos, por estar relacionada com a capacidade do indivíduo de se manter na comunidade, desfrutando a sua independência até as idades mais avançadas (ALVES, 2007).

Quando os idosos carentes apresentam problemas médicos, funcionais e psicossociais suficientemente graves, a ponto de impedí-los de levar uma vida independente, eles são encaminhados a ILPIs. A manutenção da capacidade funcional, a busca pela independência e aumento da qualidade de vida são objetivos principais da fisioterapia geriátrica. Para buscar qualidade de vida e bem-estar a esses sujeitos, é necessário estar atento a como eles se vêem e como os outros o vêem. Beauvoir (1990, p.22) afirma que “o velho que eu sou é o que os outros vêem em mim”.

A Fisioterapia é um campo do saber que evolui, a exemplo dos demais, incorporando o desenvolvimento de novas biotecnologias. É uma ciência aplicada que tem por objeto o estudo do movimento humano em todas as suas formas de expressão e potencialidades, tanto nas alterações patológicas quanto nas repercussões psíquicas e orgânicas. Como processo terapêutico, utiliza conhecimentos e recursos próprios, utilizando-os com base nas condições psico-físico-social, tendo por objetivo promover, aperfeiçoar ou adaptar o indivíduo à melhoria de qualidade de vida. Para tanto, se utiliza à ação isolada ou conjugada de fontes geradoras de calor (termoterápicas), frio (crioterápicas), luz (fototerápicas), correntes elétricas (eletroterápicas), além de agentes cinésio-mecanoterápicos e outros mais advindos da evolução dos estudos e da produção científica da área. A fisioterapia como ciência da recuperação funcional dos indivíduos, dá subsídio aos demais tratamentos quando estão envolvidas desordens de todos os sistemas orgânicos (CHIARELLO e DRIUSSO, 2007).

O fisioterapeuta é um profissional da área da saúde que atua no estudo do movimento humano em todas as suas formas, com o objetivo de prevenir, manter, desenvolver e recuperar a integridade de funções, sistemas ou órgãos do corpo humano, dirigido à prevenção e

tratamento de portadores de seqüelas momentâneas ou definitivas. Utiliza treinamento funcional, meios físicos e instrumentação adequada para o alcance do objetivo desejado. (Brasil, Resolução nº10, 1978; SITTA et al 2002; MONTENEGRO, 2007)

A Fisioterapia brasileira atualmente tem reconhecimento nacional e projeção internacional, em várias especialidades, sobretudo nas áreas de recuperação do sistema cardiorrespiratório, do sistema nervoso (Fisioterapia Neurológica Infantil e Adulto) e do sistema músculo-esquelético (Fisioterapia Traumato-ortopédica e Reumatológica). Também tem se desenvolvido nas áreas de Ginecologia e Obstetrícia, nos esportes, na Saúde da família, no Trabalho/atividades laborais (ergonomia), na estética, e sobretudo na velhice. (SITTA, 2002; MONTENEGRO, 2007).

A fisioterapia geriátrica se expande no sentido de atender aos velhos. As técnicas e/ou recursos para o atendimento de algumas morbidades, estão direcionadas à idade cronológica do sujeito, mas, sobretudo aos sinais e sintomas, ou ao quadro mórbido que está instalado no momento da avaliação. Para a fisioterapia, no que diz respeito às técnicas utilizadas, pode-se dizer que não existem técnicas exclusivas que devem ser usadas se o cliente é um infanto- juvenil, adolescente, adulto ou velho (REIS JÚNIOR, 2007).

A observação e o acompanhamento das ações dos estagiários, interagindo profissional e humanamente com idosos asilados, fornece subsídios para a reflexão e construção de conhecimentos e técnicas desta fatia da Fisioterapia, mas o que se espera, cada vez mais, é a implementação de uma fisioterapia gerontológica (CHIARELLO e DRIUSSO, 2007); sendo este o termo mais adequado, segundo Reis Júnior (2007), pois trata o indivíduo, com atendimento humanístico, considerando-o como um “todo”. Entenda-se esse “todo”, como alguém que é biológico, histórico (vive num determinado período), geográfico (vive em um determinado espaço), sociocultural (tem um status social e um determinado tipo de cultura) e espiritual (tem seus credos), mas que naquele momento está sofrendo algum tipo de injúria.

Os principais papéis do fisioterapeuta na equipe interdisciplinar de um asilo, conforme Reis Júnior (2007) são: ajudar o paciente idoso a manter sua identidade; apoiá-lo na manutenção de vida ativa até a morte; gerar conforto; treinar habilidades remanescentes; promover atividade corporal; manter a autonomia dos pacientes idosos; incentivar a convivência com a família e amigos; orientar os cuidadores. Em uma ILPI o fisioterapeuta gerontólogo poderá avaliar as potencialidades e limitações do idoso no que diz respeito à

funcionalidade (CHIARELLO e DRIUSSO, 2007), amparados pelo conhecimento adquirido no decorrer do curso de graduação, sem esquecer-se de todas as dimensões que envolvem o ser humano, a heterogeneidade e as idiossincrasias do velho.

São comuns entre os pacientes idosos, sobre os quais a fisioterapia pode atuar: fadiga; dispnéia; déficit de locomoção; perda da funcionalidade; ansiedade; espasmo muscular; dor; fraqueza; acúmulo de secreção; úlcera de pressão; perda do equilíbrio; contratura; constipação intestinal; depressão; edema (ROSSI e SADER, 2002; CHIARELLO e DRIUSSO, 2007). Com base na avaliação funcional e análise dos prontuários dos idosos asilados, o estagiário em fisioterapia escolherá a mais adequada conduta fisioterápica para a atenção requerida por estes “pacientes” sem esquecer que se tratam de seres humanos envelhecidos, velhos portadores de tudo que caracteriza esta fase da vida. (CARDOSO, 2007)

A avaliação cinético funcional, que é a avaliação dos movimentos e suas funcionalidades, se faz necessária para escolha da melhor conduta e melhor recurso terapêutico a ser utilizado. Isto porque é sabido, conforme mostram os estudos de Rossi e Sader (2002) que os idosos desenvolvem várias alterações, físicas e posturais (como cifose, redução da lordose lombar e desenvolvimento de valgismo nos quadris, com alargamento da base de apoio). Estes autores relatam ainda que o padrão da marcha do idoso difere da do adulto, dentre outros fatores, “pelo menor comprimento da passada, pela menor extensão dos joelhos, por menor força na flexão plantar dos tornozelos e por menor velocidade dos passos”. Como terapêutica, a escolha da conduta para a melhora da postura e a busca de um aumento da força dos músculos abdominais para reduzir a inclinação pélvica anterior, “podem auxiliar na manutenção do comprimento da passada e na qualidade da marcha nas idades avançadas”. (ROSSI e SADER, 2002, p.510).

As condutas fisioterápicas mais utilizadas na geriatria envolvem o toque terapêutico (massoterapia); movimentação passiva, ativo-assistida e ativa dos membros superiores, inferiores e tronco; compressão e elevação de membros, para diminuição do edema e facilitação do retorno venoso e linfático, técnicas e manobras respiratórias como a vibrocompressão; respiração diafragmática para facilitar a respiração; estímulo à tosse e aspiração, bem como a drenagem postural, para soltar a secreção do trato respiratório (CARDOSO, 2007; CHIARELLO e DRIUSSO, 2007).

Também são realizados posicionamento do idoso no leito; transferências de posturas (por exemplo: do leito para a cadeira, de sentado para de pé); mudança de decúbito; utilização de recursos termoeletrofototerápicos como o infravermelho, a estimulação elétrica transcutânea; avaliação e prescrição de auxílio para marcha; treino de equilíbrio e deambulação, buscando maior independência funcional e, sobretudo, com segurança (CARDOSO, 2007; CHIARELLO e DRIUSSO, 2007 ).

Segundo Pereira, Brito e Valadares (2004), idosos institucionalizados têm maior probabilidade de sofrer quedas do que os não institucionalizados, por possuírem menores

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