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Sumário. Texto Integral. Supremo Tribunal de Justiça Processo nº

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Supremo Tribunal de Justiça Processo nº 041730

Relator: JOSE SARAIVA Sessão: 18 Setembro 1991 Número: SJ199109180417303 Votação: UNANIMIDADE

Meio Processual: REC PENAL.

Decisão: REJEITADO O RECURSO.

OPOSIÇÃO DE ACORDÃOS

Sumário

I - Não ha oposição entre o acordão da Relação que, considerando não ter havido delegação de poderes do Ministerio Publico na Policia Judiciaria, confirmou o despacho que anulou o processado (inquerito realizado pela Policia Judiciaria pelo crime de emissão de cheque sem provisão), com

fundamento no artigo 119, alineas b) e d) do Codigo de Processo Penal (falta de promoção do processo pelo Ministerio Publico e falta de inquerito), e o acordão da Relação que, em processo criminal movido tambem por crime de emissão de cheque sem provisão, considerando ter havido delegação de

poderes do Ministerio Publico na Policia Judiciaria, decidiu não se verificarem as aludidas nulidades previstas no citado artigo 119, alineas b) e d).

II - Porque, embora concorrendo os pressupostos exigidos no artigo 437, ns. 1 e 2 do Codigo de Processo Penal (dominio da mesma legislação e mesma questão de direito) os dois acordãos (acordão recorrido e acordão

fundamento) não assentam em soluções opostas, visto terem partido de situações concretas diferentes, não e admissivel recurso para o plenario da secção criminal do Supremo Tribunal de Justiça.

Texto Integral

Acordam em Conferencia no Supremo Tribunal de Justiça:

Foi apresentada queixa na Policia Judiciaria de Lisboa contra A, por crime de emissão de cheque sem provisão previsto nos artigos 23 e 24 do Decreto 13004, de 12 de Janeiro de 1927.

Realizado o inquerito respectivo pela Policia Judiciaria, foram os autos

remetidos ao DIAP, onde o Ministerio Publico deduziu acusação. Distribuido o

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processo a 1 Secção do 3 Juizo Correccional de

Lisboa, o Meritissimo Juiz, julgando verificada a nulidade prevista no artigo 119 - b) do Codigo de Processo Penal, como os que se citarem sem indicação de diploma, (falta de procuração do processo pelo Ministerio Publico), anulou o processado não aproveitavel.

Tal despacho foi confirmado por Acordão da Relação de

Lisboa, de 13 de Novembro de 1990 (o recorrido, que julgou verificarem-se as nulidades previstas no artigo 119 - b) e d) - falta de procuração do processo pelo Ministerio Publico e falta de inquerito.

Igualmente foi apresentada queixa na Policia Judiciaria de Lisboa contra B por crime de emissão de cheque sem provisão previsto nos citados artigos 23 e 24.

Realizado o inquerito respectivo pela Policia Judiciaria, foram os autos

remetidos ao DIAP, onde o Ministerio Publico deduziu acusação. Distribuido o processo a 3 Secção do 2 Juizo Correccional de Lisboa, o Meritissimo Juiz, julgando verificar-se a referida nulidade prevista no artigo 119 - b) - falta de procuração do processo pelo Ministerio Publico - anulou o processado não aproveitavel.

Tal despacho foi revogado e mandado substituir por outro que tomasse posição sobre a acusação deduzida por acordão da Relação de Lisboa, de 30 de Maio de 1990 (o fundamento), por se entender que não se verificaram as nulidades previstas no artigo 119 - b) e d) - falta de procuração do processo pelo Ministerio Publico e falta de inquerito.

Neste condicionalismo o Sr. Procurador-Geral-Adjunto na

Relação de Lisboa interpos o presente recurso extraordinario do referido acordão de 13 de Novembro de 1990, para fixação de jurisprudencia, nos termos do artigo 437 e seguintes, decidindo-se sobre:

- Validade da delegação generica do Ministerio Publico na Policia Judiciaria para realização do inquerito (com excepção dos actos vedados por lei - artigo 263;

- Falta de procuração no processo pelo Ministerio Publico - artigo 119 -b);

- Falta de inquerito - artigo 119 - d);

O Excelentissimo Magistrado do Ministerio Publico neste tribunal pronuncia- se doutamente, embora com alguma reserva, pela não oposição das soluções dadas, para efeito neste recurso.

Corridos os vistos, cumpre decidir:

O Ministerio Publico tem legitimidade para a interposição do recurso (artigo 437 - 1).

Nenhum dos acordãos em causa admite recurso ordinario (artigos 427 e 432) e ambos transitaram em julgado

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(folhas 8 e 64 e artigo 438 - 1).

Para que exista a oposição a que se refere o artigo 437, torna-se necessario que os acordãos em confronto assentem relativamente a mesma questão fundamental de direito em soluções opostas e no dominio da mesma

legislação, sendo necessario que os mesmos preceitos sejam interpretados e aplicados diversamente a factos identicos; e que uma das decisões tenha estabelecido por forma expressa doutrina contraria a fixada na outra, não sendo suficiente que nunca possa ver-se a aceitação t:cita de doutrina

contraria a enunciada na outra; a oposição tem de ser expressa e não apenas tacita (Acordãos do Supremo Tribunal de Justiça de 30 de Maio de 1969 e de 31 de Maio de 1978, nos Boletins 187 - 95 e 277 - 158 e anotação aos mesmos.

Os acordãos em causa foram proferidos dentro do mesmo quadro legislativo, mas não estiveram em causa os mesmos preceitos legais, identica factualidade e estabelecimento por forma expressa da doutrina contraria.

A questão posta a Relação e que fora decidida nos dois despachos recorridos era tão so a de saber se se verificava a nulidade do artigo 119 - b) - falta de procuração no processo pelo Ministerio Publico.

E ambos os acordãos da Relação se pronunciaram não so sobre essa como ainda sobre a nulidade do mesmo artigo 119 - d) - falta de inquerito: o

recorrido para julgar verificadas as duas nulidades e o fundamento para não as julgar verificadas.

Para chegarem a essas soluções partiram, porem, de situações concretas diferentes:

Em ambos os casos, denunciado crime de emissão de cheque sem provisão na Policia Judiciaria de Lisboa, esta procedeu ao respectivo inquerito, sem

intervenção do Ministerio Publico, que posteriormente e com base naquele deduziu acusação;

Mas, no acordão recorrido partiu-se de que não houvera qualquer comunicação ao Ministerio Publico, que so conheceu a denuncia apos o inquerito realizado pela Policia Judiciaria (folhas 57 verso), ao passo que no acordão fundamento partiu-se de que o Ministerio Publico conhecia a

denuncia (folhas 27) e que a Policia Judiciaria procedera ao inquerito porque o Ministerio Publico ja tinha delegado nela por Despacho do G.P.G.R. de 21 de Dezembro de 1987 (folhas 30), conferindo-lhe o encargo de investigar crimes que lhe sejam denunciados ou de que tome conhecimento nas comarcas de Lisboa, Porto e Coimbra (folhas 26), nos termos do artigo 270 - 1, assistindo competencia para tanto ao G.P.G.R., nos termos do artigo 10 2, b) e f) da Lei 47/86, de 15 de Outubro;

No acordão recorrido partiu-se de que não constava qualquer despacho do Ministerio Publico a conferir a Policia Judiciaria o encargo de proceder a

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quaisquer diligencias e investigação, pois que não podia atender-se ao

despacho do G.P.G.R., so junto na fase do recurso, mas sim e apenas aos dados de facto constantes dos autos ao tempo do despacho recorrido, mas contando que os despachos do G.P.G.R. não revogam a lei processual penal mesmo se

"tiver" (repare-se na forma hipotetica) deferido o encargo ao abrigo do artigo 4 do Decreto 458/82, de 24 de Novembro (folhas 57 verso), enquanto que o acordão fundamento atendeu e baseou-se no aludido despacho do G.P.G.R.

(folhas 26), não fazendo qualquer referencia ao artigo 4 do decreto 458/82.

Partiu-se assim nos dois acordãos de situações e factualidades diferentes e com base em normas legais diferentes.

Desta forma, não ha oposição relevante, para efeito do recurso presente, entre a decisão que julgou verificadas as nulidades do artigo 119 - b) e d) e a

decisão que não as julgou verificadas.

Esta questão - das aludidas nulidades foi decidida nos dois acordãos por forma expressa.

Mas, ja assim não sucedeu quanto a questão da validade da delegação generica do Ministerio Publico na Policia Judiciaria para a realização do inquerito.

E compreende-se que esta questão não fosse decidida expressamente: e que nos recursos para a Relação so eram impugnadas, como e natural (artigo 676 - 1 do Codigo de Processo Civil), as decisões recorridas respectivas; e estas - despachos dos Juizes da 1 instancia - so se tinham pronunciado sobre a nulidade.

A questão da validade da delegação so surgiu na fase dos recursos, durante a qual, pelo que se ve dos autos, foi junto o Despacho do G.P.G.R. de 21 de Dezembro de 1987 a proceder a tal delegação.

Esta não era, pois, questão a exigir decisão expressa.

Surgiu como questão superveniente, lateral, a poder influir na decisão sobre a nulidade.

E foi assim que, enquanto no acordão recorrido se ignorou o referido

despacho, afirmando que so aos dados constantes dos autos se podia atender no despacho recorrido (da 1. instância) - "quod non est in actis non est in mundo" -, não se pronunciando sobre a validade de tal despacho, e que, mesmo se o G.P.G.R. "tiver" (hipotese) deferido o encargo a Policia Judiciaria, ao abrigo do artigo 4 do Decreto 458/82, de

24 de Novembro, tal não podia derrogar o Codigo de Processo Penal, no

acordão fundamento aceitou-se tal despacho, nos termos do artigo 270 - 1 e 10 - 2, b) e f) da Lei 47/86, de 15 de Outubro, declarando que não era ilegal.

E se neste ultimo se podera ver, com algum favor, a solução expressa da questão da validade de tal despacho e delegação no sentido afirmativo, ja

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naquele tal solução em sentido contrario não pode ver-se como expressa, mas, quando muito, so implicita, tacita, o que não basta, como se disse.

E mais uma vez as disposições legais usadas nos dois acordãos, a esse respeito, não são as mesmas.

Em suma:

Quanto as nulidades previstas no artigo 119 - b) e d), não ha oposição entre as decisões, porque uma partiu de que não houve delegação de poderes do

Ministerio Publico na Policia Judiciaria e a outra partiu de que havia tal delegação; e quanto a delegação de poderes do Ministerio Publico na Policia Judiciaria não houve decisão expressa sobre a sua validade nos dois acordãos:

enquanto no recorrido se partiu da inexistencia de delegação, não se

pronunciando, portanto e logicamente sobre a sua validade, no fundamento partiu-se da existencia dessa delegação, pronunciando-se pela sua validade ("não ilegal").

Conclui-se, assim, que não existe a oposição de julgados exigida pelo artigo 437 - 1 e 2 - por falta de identidade de preceitos legais e da factualidade identica -, pelo que e nos termos do artigo 441 - 1 se rejeita desde ja o recurso.

Lisboa, 18 de Setembro de 1991.

Jose Saraiva, Ferreira Vidigal, Ferreira Dias.

Decisão impugnada:

- Acordão do Tribunal da Relação de Lisboa de 90.11.13.

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