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DIREITO ADMINISTRATIVO: além do império da lei KARINE FERNANDA MARTINS¹ & CAROLLINA LEAL RIBAS²

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DIREITO ADMINISTRATIVO: além do império da lei KARINE FERNANDA MARTINS¹ & CAROLLINA LEAL RIBAS²

¹Graduada em Direito, kfernanda312@gmail.com ²Professora do Curso de Direito, carollinelr@hotmail.com

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Caderno Saberes, n. 6, 2020

RESUMO - O corrente estudo teve como propósito abordar o Direito Administrativo enquanto ramo essencial para a formação e democratização dos Estados. Para tanto, imprescindível não versar sobre a questão da Síria que, atualmente, encontra-se em estado de guerra, podendo ser responsável por impactar de forma negativa outras Nações. A pretensão ao estudar o Direito Administrativo sob a égide da literatura foi abordar os acontecimentos nacionais e internacionais presentes na história que colidem com o Direito Administrativo de forma relevante. Assim, o trabalho se propôs a exteriorizar a construção do Direito Administrativo regulador interventor e sua relação com a Síria. Para tanto, optou-se pela obra O Império do direito de Ronald Dworkin como referencial teórico. O objetivo foi analisar a possibilidade de o Direito Administrativo moderno ser capaz de intervir nos conflitos estrangeiros para regular o fluxo de funcionamento da organização estatal e o funcionamento da Administração Pública. Diante a explanação dos autores e paralelo aos acontecimentos sírios foi possível concluir que o Direito Administrativo não somente pode ser interventor da sociedade como deve ser o meio regulador da sociedade internacional.

Palavras-chave:Direito Administrativo Internacional. Fatos. O Império do Direito. Síria.

INTRODUÇÃO

No momento em que se fala sobre o Direito Administrativo, é necessário admitir que, no cenário atual, os acontecimentos e fatos a nível nacional e internacional colaboram para o surgimento cada vez mais forte e ascendente sobre o Direito Administrativo. Os acontecimentos Sírios ganharam relevância neste trabalho, recorrentemente citados na mídia, após o ditador Bashar al-Assad assumir o poder como presidente. Com o advento dessa eleição, os conflitos internos se intensificaram a tal ponto que a guerra civil, além de matar milhares que lutavam por seus direitos, destruiu toda a Síria.

Em primeiro lugar, é substancial refletir a questão do indivíduo perante o conjunto normativo capaz de modular o tempo-espaço desde os primórdios do surgimento da humanidade. Críticas e reflexões sobre o conjunto que rege a sociedade são inevitáveis, assim sendo, o presente trabalho pretendeu analisar a possibilidade de o Direito Administrativo intervir nos conflitos internacionais e dessa forma regular a sociedade no nível global.

Para tanto, partiu-se da seguinte questão: Até que ponto o Direito Administrativo pode intervir nas relações internacionais?

Para desenvolver este trabalho constatou-se que a obra de Dworkin (2014) intitulada “O império do direito” seria adequada para transmutar entre os tópicos porque esta obra, além de apresentar elementos indispensáveis para a regência do direito entre as quais destaca-se a possibilidade de o direito ser instrumento transformador da sociedade, está atrelada a carga filosófica das questões jurídicas.

A obra de Dworkin (2014) alocou o direito como elemento jurídico importante aos olhos dos juízes, ao qual espera-se deles a capacidade de absorver o ordenamento e reverter em uma sentença, reconhecendo assim que não basta apenas a norma posta, ou seja, Dworkin (2014) reconheceu a sociedade como responsável por atrelar a legalidade normativa as decisões jurídicas.

Dworkin (2014) exibiu o poder-dever que o Direito Administrativo possui para interver nas relações ao descrever que “a diferença entre dignidade e ruína pode depender de um simples argumento que talvez não fosse tão poderoso aos olhos de outro juiz, ou mesmo

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o mesmo juiz no dia seguinte.” (DWORKIN, 2014, p.2),

O objetivo geral da indagação residiu em compreender a evolução histórica e social do Direito Administrativo para demonstrar sua extensão, nesse sentido o discurso de Theodore Roosevelt (1910) apresentou a luta do indivíduo de uma sociedade com as transformações jurídico social.

O homem na arena Não é o crítico que conta;

Não o homem que aponta como o homem forte tropeça, ou onde o fazedor de ações poderia ter feito melhor. O crédito pertence ao homem que está realmente na arena, cuja face está manchada pela poeira e suor e sangue;

Que se esforça valentemente;

Que erra, que “quase chega lá” repetidamente, porque não há nenhum esforço sem erro ou falha;

Mas quem realmente se esforça para fazer as obras;

Que conhece grande entusiasmo, e grande devoção;

Que se consome numa causa digna;

Que, no melhor dos casos, conhece no final o triunfo da alta realização e que, no pior dos casos, se falhar, pelo menos falhará tendo ousado muito, de modo a que o seu lugar nunca estará com aquelas almas frias e tímidas que não conhecem a vitória ou a derrota.1 (ROOSEVELT,1910, tradução nossa)

Como objetivos específicos, utilizou-se a Síria como elo de ligação e o estopim que gerou a possibilidade de o Direito Administrativo regulamentar um conflito no âmbito internacional.

1Texto original. It is not the critic who counts; not the man who points out how the strong man stumbles, or where the doer of deeds could have done them better. The credit belongs to the man who is actually in the arena, whose face is marred by dust and sweat and blood; who strives valiantly; who errs, and comes short again and again, because there is no effort without error and shortcoming;

but who does actually strive to do the deeds; who knows the great enthusiasms, the great devotions; who spends himself in a worthy cause; who at the best knows in the end the triumph of high achievement, and who at the worst, if he fails, at least fails while daring greatly, so that his place shall never be with those cold and timid souls who know neither victory nor defeat.

A Síria tem ocupado uma importante posição política, pois é o coração do Arabismo, a vanguarda do confronto com o inimigo sionista e o alicerce resistência contra a hegemonia colonial sobre o mundo árabe e suas capacidades e riqueza. A longa luta e sacrifícios do nosso povo por causa de sua independência, progresso e unidade nacional abriu o caminho para a construção do Estado forte e promover a coesão entre o povo e seu exército árabe-sírio, que é o principal fiador e protetor de a soberania, segurança, estabilidade e integridade territorial da pátria; assim, formando o sólido fundamento da luta do povo pela libertação de todos os territórios ocupados.

A sociedade síria, com todos os seus componentes e constituintes e através do seu popular, instituições e organizações políticas e civis, conseguiu realizar conquistas que demonstrou a profundidade da acumulação civilizacional representada pela sociedade síria, sua vontade inabalável e sua capacidade de acompanhar as mudanças e criar o ambiente apropriado para manter seu papel humano como um poder histórico e efetivo na marcha da civilização humana.

Desde o início do século XXI, a Síria, tanto como pessoas e instituições tinham enfrentado o desafio do desenvolvimento e modernização durante as duras reformas regionais e internacionais. circunstâncias que visavam a sua soberania nacional. Isso formou o incentivo para realizar esta Constituição como base para o fortalecimento do estado de direito.

A conclusão desta Constituição é o culminar da luta das pessoas pelo caminho para a liberdade e a democracia.2 (SÍRIA,2012, tradução nossa).

2Texto original. Syria has occupied an important political position as it is the beating heart of Arabism, the forefront of confrontation with the Zionist enemy and the bedrock of resistance against colonial hegemony on the Arab world and its capabilities and wealth. The ong struggle and sacrifices of our people for the sake of its independence, progress and national unity has paved the way for building the strong state and promoting cohesion between the people and their Syrian Arab army which is the main guarantor and protector of the homeland’s sovereignty, security, stability and territorial integrity; thus, forming the solid foundation of the people’s struggle for liberating all occupied territories. The Syrian society with all its components and constituents and through its popular, political and civil institutions and organizations, has

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Desse modo, o esboço constitucional construído ao longo dos séculos concebeu ao Direito Administrativo o poder de imiscuir-se nos mais variados contextos com o objetivo de gerar o equilíbrio.

MATERIAL & MÉTODOS

Utilizou-se os métodos desenvolvidos por Andrade (2002); GIL, (2002); Vergara (2004); Beuren, (2004). Dessa forma, a natureza da pesquisa foi integralmente do tipo básica porque possuiu uma base metodológica construída e apoiada em obras de renomados autores. Cita-se Dworkin (2014) como marco referencial teórico. Na apresentação dos objetivos optou-se pelo método exploratório e histográfico, vez que o trabalho foi embasado em acontecimentos já documentados na busca da possibilidade de ser o Direito Administrativo, regulador interno da sociedade.

Quanto à abordagem do problema, foi utilizada a pesquisa qualitativa, com enfoque em reflexões, discussões, e críticas à ordem imposta traçada e condicionada aos membros da sociedade e imposta aos seres humanos.

A metodologia utilizada fundamentou- se na proposta de apresentar um Direito Administrativo capaz de influenciar os rumos do mercado e do desenvolvimento humano, dessa forma a pesquisa existiu e como proêmio teórico com possibilidade de aplicação prática orientada pela construção e rumos evolucionistas do direito.

RESULTADOS & DISCUSSÃO

A partir da indagação da pergunta problema: Até que ponto o Direito Administrativo pode intervir nas relações internacionais? ficou evidenciado não somente o poder, mas o dever-poder que o Direito Administrativo, como conjunto de normas e princípios, possui para intervir no mercado e regulamentar toda uma estrutura, ou seja, enquanto houver direito sempre existirá uma

managed to accomplish achievements that demonstrated the depth of civilizational accumulation represented by the Syrian society, its unwavering will and its ability to keep pace with the changes and to create the appropriate environment to maintain its human role as a historical and effective power in the march of human civilization. Since the beginning of the 21st century, Syria, both as people and institutions had faced the challenge of development and

estrutura administrativa que não pode sofrer as limitações, não existe um ponto final.

Carvalho Filho, (2014) reconhece no Direito Administrativo a possibilidade de mutação diante da evolução da sociedade.

Dessa forma, o Direito Administrativo evolui conforme as relações sociais, da mesma forma com que o desenvolvimento político–jurídico evolui. Em virtude desse posicionamento, ao elaborar o seu conceito, optou-se por acrescentar diversos elementos com o intuito de apresentar o objeto em estudo sendo caracterizado como “[...] o conjunto de normas e princípios que, visando sempre ao interesse público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e órgãos do Estado e entre este e as coletividades a que dela servir.” (CARVALHO FILHO, 2014, p.8).

Diante dessa perspectiva, o jurista brasileiro Carvalho Filho (2014) assevera que as principais conceituações sobre o Estado são variáveis, pois sua concretude não depende somente do momento, mas do ângulo ao qual quer que seja exposto.

O Direito Administrativo é uma fonte suprema de poder que se baseia na resiliência de seus líderes em gerar o constante equilíbrio no centro de atuação da soberania e independência desse ramo do direito público. Convém pontuar que a referida área do direito influencia diversos setores da sociedade e encontra-se sempre em constante modificação.

Na atualidade, o Direito Administrativo retém o poder nas políticas públicas, uma vez que são as políticas públicas fonte material direta responsável pela sociedade, ou seja, elas detêm o poder de mando e organização sofrendo controle e fiscalização a fim de se verificar o cumprimento do exercício da impessoalidade e da supremacia do Direito Administrativo.

(BUCCI,1997)

As políticas públicas, isto é, a coordenação dos meios à disposição do Estado, harmonizando as atividades estatais e privadas para a realização

modernization during tough regional and international circumstances which targeted its national sovereignty.

This has formed the incentive to accomplish this Constitution as the basis for strengthening the rule of law.

The completion of this Constitution is the culmination of the people’s struggle on the road to freedom and democracy.

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de objetivos socialmente relevantes e politicamente determinados, são um problema de direito público, em sentido lato. [...] O Direito Administrativo, por sua vez, incumbe-se da racionalização formal do exercício do poder pelo Estado. (BUCCI, 1997, p.97)

Quanto à influência do Estado na construção do Direito Administrativo, é possível encontrar a relação daquele com o Direito Administrativo, pois em cada etapa, o Direito Administrativo encontrou o aparato histórico para evoluir e assim o fez. Cabe ressaltar que o Estado Democrático ainda vigente possibilita que o Direito Administrativo sempre esteja em mudança.

O Estado Liberal tinha como objetivo combater o abuso do poder que as autoridades detinham, ou seja, nesse modelo a ordem era a proteção individual. (MORAES, 2014). “Sua finalidade é sua própria autocontenção, excetuadas apenas as hipóteses de ameaça à segurança individual. O Estado Liberal demonstrou a importância do Direito Administrativo ao compreender que o Estado deve ser dotado de superioridade para regular as relações.

O Estado Social surge após o declínio do Estado Liberal, em que se restou evidenciada a necessidade de um governo interventor.

(MORAES, 2014). Por óbvio e despiciendo que pareça dizê-lo, por trás dessa simplicidade jaz uma enorme fonte de complexidades, pois o Estado de Bem-Estar surge como uma nova adaptação do capitalismo à sociedade e, assim sendo, surge como uma necessidade do capital, que não mais podia sobreviver dentro do esquema de outrora. (MORAES, 2014, p.276)

Do Estado Social, sucedeu o Estado Democrático de Direito porque a essência do Estado Social continha o projeto de direitos e garantias sociais e individuais que deveriam funcionar em harmonia. Nesse sentido, o Estado Social demonstrou que a sociedade não necessita apenas da intervenção econômica, mas de uma intervenção que assegure e proteja

3Menezes (2016) esclarece que “Com a queda do Império Otomano, durante a primeira guerra mundial, a Síria foi administrada pela França até a independência em 1946.”

4O Código de Draco escrito por Draco ou como também conhecido de Draconte era um código extremamente rígido, nesse sentido a referência desse código com a

a essência do direito, isso implica em afirmar que a intervenção deveria ser capaz de materializar os direitos sociais e individuais, o Estado Social não conseguia realizar tal tarefa e com isso, diante da ruptura, adveio o Estado Democrático de Direito. (MORAES, 2014)

O Estado Democrático de Direito ainda reside no ordenamento jurídico brasileiro, sua estrutura é composta por elementos como “[..] a inclusão da democracia e da soberania popular”.

(MORAES, 2014, p.277). A autora Lago (2015) descreve que o Estado Democrático de Direito possibilitou ao Direito Administrativo as garantias do processo administrativo compreendido como “o agrupamento de atividades cooperadas, encadeadas, e ao somatório de direitos, poderes, faculdades, deveres, ônus e sujeições que objetivam a formação de um ato administrativo lícito e impessoal” (LAGO, 2015).

Supremacia do interesse público sobre o privado, discricionariedade e legalidade são alguns dos poderes que compõem a estrutura do Direito Administrativo e integram o Estado Democrático de Direito, tal façanha somente se consolidou no tempo devido aos anseios da sociedade.

No centro de todo o escrito esteve a Síria, um país que emergiu da queda de seu antecessor, o Império Otomano3 e assim demostrou sua força ao restante do mundo sendo, por vezes, o epicentro de grandes conflitos que o corrompem de tal forma que ocasiona um efeito dominó. Bashar Al-Assad construiu um nome que envolve todo o contexto Sírio sendo o exórdio da guerra. Assumiu o poder após do falecimento do seu irmão (FEDOZZI, 2017) e a promessa de um governo mais democrático logo foi esquecida no tempo.

Indubitavelmente, a guerra em seu contexto mais degradante em que o ser humano não possui nenhum direito, ganhou espaço no território Sírio. Nesse sentido, convém afirmar que o direito retorna ao seu principado Código Draco4 .

situação da Síria decorre da ausência da democracia e da situação enfrentada pela população. Nas palavras Ferreira, (1988, p,21) “As leis de Dracon adquiriram uma consistente reputação de severidade que ainda hoje se encontra consignada no adjetivo draconiano existente em várias línguas.”

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Com a existência do caos, descobre-se que a função social do ordenamento jurídico em nível internacional deve ser capaz de conduzir a organização e estruturação das lides, bem como evitar danos colaterais, ou seja, a função social do direito é buscar a constante harmonia.

(SIMIONI, 2006). Na Síria existe o fenômeno da “Teorias Semânticas do Direito5, que consiste na natureza jurídica do direito. Assim, compete a tal teoria as “proposições e fundamentos do direito” (DWORKIN, 2014, p.38), portanto, o autor defende que o direito se sustenta apenas no fato histórico: o passado decidindo o futuro.

Contudo, a Síria pouco evoluiu seja no contexto social seja no contexto de distribuição da economia entre a população. Assim, descortina-se o entendimento de Dworkin (2014) que em seus preceitos afirma que no embate jurídico os argumentos sempre serão similares e, portanto, podem ser igualados aos argumentos políticos. (DWORKIN, 2014). Nos fundamentos de Hart elucidados por Soares e Maciel (2017), encontram-se as premissas capazes de gerar o declínio do império Dworkiniano, qual seja, a aceitação social capaz de gerar a normatividade e validade do ordenamento.

Nesse sentido, após analisadas brevemente a postura do ideal defendido por Dworkin (2014) e de seu propulsor oponente Hart, extraímos o pós-positivismo de Ronald Dworkin e fica nítido que este contempla o Direito Internacional em sua faceta administrativa como meio de solução da lide.

Ohlweiler (2015, p.788) ressalta que,

“corolário do objetivo de racionalização, a estrutura administrativa do Estado é pensada a partir do modelo que busca concentrar o conjunto de atividades e poderes interferindo em diversos setores da vida social.”

O poder normativo do direito encontra pilares para além das leis, os atos e fatos concretos são justificadores de decisões e interferências. Nesse interim, a internacionalização do Direito Administrativo pronuncia-se no “segundo estágio que é o momento da aplicação da norma [...]”

(PEREIRA, 2008, p.22)

5Martins (2017, p.145) explica “que conforme enuncia Dworkin (2007, p. 08), as teorias semânticas do direito entendem o direito como um fato social constatado

É extremamente importe analisar o impacto nos cofres públicos porque uma decisão possui o condão de afetar de diferentes formas cada setor no mundo globalizado, onde as relações comerciais são frequentemente realizadas, uma guerra, mesmo que a quilômetros de distância do País negociador, é capaz de gerar um abalo na economia. Tal fator pode ser analisado no campo do Direito Administrativo da economia.

Segundo Caleiro (2016) o maior problema do confronto é o Produto Interno Bruto (PIB), que é um medidor econômico dos índices de riquezas e de déficit de um País. Sua base de cálculo é obtida por meio da soma de

“gastos com consumo, gastos com investimento, gastos do governo e exportações líquidas”, (WAWRZENIAK,2013), portanto cabe ao PIB medir os níveis de progressão de determinado local em comparação com outro. O PIB de um determinado país tende a baixar e passar a operar de forma negativa em razão dos conflitos. As fontes de arrecadação tendem a cair e em consequência, sua distribuição, o mesmo retrata ainda a divisão do espaço geográfico interno.

A consequência da desestabilização do Produto Interno Bruto da Síria delibera o efeito cascata para o Brasil, segundo o “especialista Heni Ozi Cukier, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) de São Paulo”, o problema seria iniciado com os produtos petróleo e energia elétrica, afetando severamente outros Países. (BARRUCHO, 2013).

Um confronto internacional tende a gerar impactos nos cofres públicos cabendo ao Direito Administrativo da economia o dever de interferir no mercado para realizar as operações que lhe compete, ou seja, as clássicas características do Direito Administrativo possibilitam sua intervenção, diante desse fator cabe ressaltar a supremacia do interesse público sobre o privado.

O Direito Administrativo regulamentador das relações internacionais segundo Ortiga (2016, p.23) deriva da junção de

empiricamente, objeto de uma análise imparcial e objetiva e não como o fruto de um debate teórico

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elementos já existentes na sociedade. O direito enquanto conjunto de leis e um elemento jurídico totalmente estrangeiro e o direito em uma perspectiva internacional conquista a função de regular, sendo que tais características obtêm respaldo nos princípios internos do Direito Administrativo que se estendem a sua internacionalização e na vitalidade do ordenamento jurídico.

No caso da Síria, poderia o Direito Administrativo internacional agir como elemento regulador da situação porque os conflitos advindos da Primavera Árabe6 ainda tecem frutos e interferem no mercado prejudicando toda uma estrutura.

Legalidade é um princípio do Direito Administrativo que não pode ser esquecido ou desvencilhado a estrutura do Direito Administrativo bem como a formação da relação jurídica internacional vai ser baseada no princípio da legalidade. O princípio da legalidade consiste no dever agir da lei, assim a lei positiva é o comando maior do qual o administrador deve se filiar. (CARVALHO FILHO, 2014)

Carvalho Filho (2014), descreve a finalidade do referido princípio e os seus destinatários demostrando que a legalidade enquanto princípio é pilar do direito administrativo. “O princípio implica subordinação completa do administrador à lei.

Todos os agentes públicos, desde que lhe ocupe a cúspide até o mais modesto deles, devem ser instrumentos de fiel e dócil realização das finalidades normativas.” (CARVALHO FILHO,2014, p.20)

No contexto em que a base jurídica do Direito Administrativo é admitida como legitima, sua estrutura é capaz de emanar o poder e diante dos atos de guerra torna-se uma arma jurídica capaz de romper a tirania e buscar o equilíbrio para os cofres internacionais, nesse sentido Faria (2016) intervém afirmando que o objeto deste estudo é o topo da pirâmide hierárquica.

O Estado de Direito, desde sua concepção, prevê a submissão do governo á lei, e, consequentemente, assegura ao cidadão o

6Importante destacar que a escolha da terminologia Primavera Árabe não foi por acaso motivo pelo qual Sant’Ana (2018, p.68) destaca que “o termo Primavera foi

direito de recurso a juiz independente. Para evitar o arbítrio do Estado, os seus órgãos são institucionalizados hierarquicamente superior, e, desta forma, até se alcançar o órgão máximo da linha hierárquica. (FARIA, 2016, p.47)

Nesse contexto, é possível afirmar que a relação jurídica do Direito Administrativo com a Síria está focada no mercado econômico global, sua proximidade como com o Direito Administrativo brasileiro reside na economia e no fluxo de interferência de um para com o outro criando assim um elo de correspondência e de efeitos.

Já na perspectiva de poder e economia, o Direito Administrativo seria o estímulo mestre do sistema de funcionamento, ou seja, a relação que se forma entre o Direito Administrativo e sua possibilidade de intervir nas relações que se estende para a formação de poder e controle dos elementos essenciais do qual a sociedade necessita. Esse conceito de poder e economia conforme demonstrados é uma relação globalizada e internalizada com a matéria da Administração Pública no Brasil.

Portanto, diante do exposto, é possível afirmar que a relação jurídica do Direito Administrativo com a Síria está focada no mercado econômico global, sua proximidade com o Direito Administrativo brasileiro reside na economia e no fluxo de interferência de um para com o outro criando assim um elo de correspondência e de efeitos.

Diante dos referenciais apresentados, este trabalho foi divido em quatro pontos essenciais. Inicialmente foi apresentada a construção do Direito Administrativo. Essa vertente apresentou o conceito em conjunto com a evolução da sociedade desdobrando-se para a composição histórica dos Estados. O desenvolvimento contextual apresentado relacionado aos fragmentos do contexto histórico em leitura conjunta, exibe uma linha temporal de interdependência entre sociedade, direito e Estado.

No segundo ponto, analisou-se a notoriedade da Síria e o encadeamento com a função social do ordenamento jurídico em nível internacional. Além disso, viu-se que se trata de

escolhido pela mídia por se relacionar ao florescer da liberdade nos países do Oriente Médio e do Norte da África, uma forma dos árabes desejarem mais democracia”.

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uma relação comercial intencional que envolve consequências capazes de gerar um efeito em cadeia. Tratou-se, ainda, de uma discussão movida pelo debate jurídico de Dworkin (2014) no qual o objetivo consistiu em unir os acontecimentos sírios como o epicentro do direito e a legitimação jurídica por meio do contexto da legitimação Dworkiana.

Posteriormente, abordou-se o impacto dos cofres públicos com a intervenção do Produto Interno Bruto (PIB) como medidor de renda captada pelos países, averiguou-se a necessidade concreta de intervenção criando assim pressupostos justificadores para a intervenção internacional do Direito Administrativo.

Por fim, fez-se uma análise do poder e economia, com objetivo de selar o ciclo apresentando o mercado internacional com o liame subjetivo mais poderoso.

CONCLUSÕES

Foi possível averiguar, a partir dos resultados apresentados, que a neutralidade política administrativa não gera a ineficácia do direito sobretudo na tangência do Direito Administrativo brasileiro que é regido pela democracia.

No plano jurídico interno e externo, o Direito Administrativo é uma área jurídica que se reveste de enorme prestígio porque sua presença pode ser visualizada no dia a dia.

Diante do exposto, verifica-se que é possível e necessária a intervenção do Direito Administrativo no polo internacional sobretudo quando se entender que os acontecimentos e fatos podem intervir no Direito Administrativo interno.

Verifica-se, portanto, que o Direito Administrativo deve ser utilizado como regulamentador da sociedade por ser esta uma função inerente das suas características e motivos que justificam sua existência.

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Referências

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