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SINDICATO DOS MÉDICOS DA ZONA SUL

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Academic year: 2022

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INFORMAÇÃO N.º 06/2012

Trabalho Extraordinário Médico. Regime Remuneratório

1. O regime remuneratório do trabalho extraordinário médico, por referência à área hospitalar, consta, desde há muito, do Decreto-Lei n.º 62/79, de 30 de Março1 (artigo 7.º).

2. O Acordo Colectivo da Carreira Especial Médica (ACCE)2, por via da sua cláusula 45.ª, preservou o citado regime remuneratório, determinando a sua aplicação a todos os trabalhadores médicos sindicalizados, integrados na carreira especial médica que, independentemente da área profissional, exercem a sua actividade profissional, em regime de contrato de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado, nas entidades empregadoras públicas inseridas no Serviço Nacional de Saúde3.

3. O mesmo sucedeu com o Acordo Colectivo de Trabalho (ACT) publicado no Boletim do Trabalho e Emprego, n.º 41, de 8 de Novembro de 2009, que, por via da sua cláusula 47.ª, determinou a aplicação do mencionado regime remuneratório a todos os trabalhadores médicos sindicalizados que, em regime de contrato individual de trabalho, exercem a sua actividade profissional nas entidades públicas empresariais que subscreveram aquele instrumento de regulamentação colectiva de trabalho.

4. O regime remuneratório consagrado no artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 62/79, de 30 de Março, prevê três modalidades distintas de trabalho extraordinário médico4:

a) O prestado em dias úteis:

1 Este diploma aprovou o regime de trabalho do pessoal hospitalar.

2 Publicado, sob a designação de Acordo Colectivo de Trabalho n.º 2/2009, no Diário da República, 2.ª série, n.º 198, de 13 de Outubro de 2009.

3 Incluindo nas entidades públicas empresariais e nas parcerias em saúde, em regime de gestão e financiamento privados.

4 O trabalho extraordinário ou suplementar médico é, genericamente, todo aquele que é prestado fora do horário normal de trabalho (cláusulas 42.ª, n.º 1, do ACCE e 43.ª, n.º 1, do ACT). É, ainda, trabalho extraordinário ou suplementar médico, no âmbito específico do serviço de urgência, das unidades de cuidados intensivos e das unidades de cuidados intermédios, todo aquele que ultrapasse as 12 horas semanais (cláusulas 43.ª, n.º 5, do ACCE e 44.ª, n.º 5, do ACT).

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primeira hora e de 50% nas horas seguintes, por referência ao valor da hora de trabalho normal diurno (n.º 3);

- Em horário nocturno: confere o direito a um suplemento remuneratório de 75%

na primeira hora e de 100% nas horas seguintes, por referência ao valor da hora de trabalho normal diurno (n.º 4);

b) O prestado aos sábados depois das 13 horas, domingos, feriados e dias de descanso semanal, em horário diurno: confere o direito a um suplemento remuneratório de 75% na primeira hora e de 100% nas horas seguintes, por referência ao valor da hora de trabalho normal diurno (n.º 5);

c) O prestado aos sábados depois das 20 horas, domingos, feriados e dias de descanso semanal, em horário nocturno: confere o direito a um suplemento remuneratório de 125%

na primeira hora e de 150.º nas horas seguintes, por referência ao valor da hora de trabalho normal diurno (n.º 6).

5. A base de cálculo dos suplementos remuneratórios vindos de enunciar, em qualquer uma das três modalidades de trabalho extraordinário acima referidas é, sempre, o valor da correspondente hora de trabalho normal diurno.

6. Para o efeito há, pois, que ter em conta as seguintes disposições do Decreto-Lei n.º 62/79, de 30 de Março:

a) O artigo 5.º, n.º 1, relativo à prestação de trabalho normal nocturno em dias úteis, cuja remuneração é superior em 50% à remuneração devida por trabalho equivalente prestado durante o dia;

b) O artigo 6.º, n.º 1, relativo à prestação de trabalho normal diurno aos sábados depois das 13 horas, domingos e feriados, cuja remuneração é superior em 50% à remuneração devida por trabalho equivalente prestado em dias úteis;

c) O artigo 6.º, n.º 2, relativo à prestação de trabalho normal nocturno aos sábados depois das 20 horas, domingos e feriados, cuja remuneração é superior em 100% à remuneração devida por igual tempo de trabalho normal diurno prestado em dias úteis.

7. Era este, assim, o regime remuneratório especial, muito detalhado, aplicável à prestação de trabalho extraordinário médico quando, em 1 de Janeiro de 2012, entrou em vigor a Lei n.º 64-B/2011, de 30 de Dezembro, que aprovou o Orçamento do Estado para 2012.

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8. De entre as várias disposições aplicáveis aos “trabalhadores do sector público” (Capítulo III da citada lei orçamental) sobressaem, para o que aqui importa, as constantes do artigo 32.º que, sob a epígrafe “Pagamento do trabalho extraordinário”, estatui o seguinte:

“1 – Durante a vigência do PAEF [Programa de Assistência Económica e Financeira], como medida excepcional de estabilidade orçamental, todos os acréscimos ao valor da retribuição horária referentes a pagamento de trabalho extraordinário prestado em dia normal de trabalho pelas pessoas a que se refere o n.º 9 do artigo 19.º da Lei n.º 55-A/2010, de 31 de Dezembro, alterada pelas Leis n.ºs. 48/2011, de 26 de Agosto, e 60-A/2011, de 30 de Novembro, são realizados nos seguintes termos:

a) 25% da remuneração na primeira hora;

b) 37,5% da remuneração nas horas ou fracções subsequentes.

2 – O trabalho extraordinário prestado em dia de descanso semanal, obrigatório ou complementar, e em dia feriado confere às pessoas a que se refere o n.º 9 do artigo 19.º da Lei n.º 55-A/2010, de 31 de Dezembro, alterada pelas Leis n.ºs. 48/2011, de 26 de Agosto, e 60-A/2011, de 30 de Novembro, o direito a um acréscimo de 50% da remuneração por cada hora de trabalho efectuado.

3 – O regime fixado no presente artigo tem natureza imperativa, prevalecendo sobre quaisquer outras normas, especiais ou excepcionais, em contrário e sobre instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho e contratos de trabalho, não podendo ser afastado ou modificado pelos mesmos”5.

9. Face à referência ao universo pessoal previsto no artigo 19.º, n.º 9, da Lei n.º 55-A/2010, de 31 de Dezembro de 20106, não subsistem dúvidas quanto à aplicabilidade transversal do preceito transcrito a todos os “trabalhadores do sector público”.

10. Incluindo, portanto, ao universo global dos trabalhadores médicos, em regime de contrato de trabalho em funções públicas e em regime de contrato individual de trabalho ao serviço de todas as entidades empregadoras públicas inseridas no Serviço Nacional de Saúde, incluindo nas entidades públicas empresariais e nas parecerias em saúde, em regime de gestão e financiamento privados.

11. No tocante à descodificação do âmbito material do preceito em apreço, cumpre assinalar, desde logo, que a letra do mesmo apenas abrange e atinge os valores percentuais dos suplementos ou acréscimos remuneratórios devidos pela prestação de trabalho extraordinário em dia normal de trabalho, em dia de descanso semanal e em dia feriado.

5 Sublinhados meus.

6 Diploma que aprovou o Orçamento do Estado para 2011.

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Com efeito,

12. O legislador orçamental, através do citado artigo 32.º, procedeu a uma drástica redução da retribuição do trabalho extraordinário no âmbito do sector público, por via de uma expressiva diminuição do valor pecuniário dos respectivos suplementos remuneratórios, cujos valores percentuais, por referência ao valor da hora normal de trabalho, sofreram uma forte compressão7. 13. Tal redução remuneratória afecta, fatalmente, o trabalho extraordinário médico.

14. Mas, apenas, na parte respeitante ao valor pecuniário de cada um dos suplementos remuneratórios previstos nos n.ºs. 3, 4, 5 e 6 do artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 62/79, de 30 de Março, por força da natureza absolutamente imperativa e prevalecente da norma constante do n.º 3 do artigo 32.º da Lei n.º 64-B/2011, de 30 de Dezembro.

15. A base e modo de cálculo da retribuição do trabalho extraordinário médico, isto é, o critério material de referência para a liquidação da remuneração devida por aquela prestação de trabalho, nas suas diferentes modalidades, permanece intacto.

Na verdade,

16. A Lei do Orçamento do Estado para 2012 não revogou o Decreto-Lei n.º 62/79, de 30 de Março.

17. Pelo que as normas constantes dos seus artigos 5.º, n.º 1 e 6.º, que fixam a base de cálculo da retribuição do trabalho extraordinário médico, permanecem em vigor, uma vez que não foram atingidas pelo artigo 32.º da Lei n.º 64-B/2011, de 30 de Dezembro.

18. A aplicação do disposto nos n.ºs. 1 e 2 deste preceito da lei orçamental não pode, assim, deixar de ser efectuada em articulação com os citados normativos do Decreto-Lei n.º 62/79, de 30 de Março, como bem se consignou na Circular Informativa n.º 08/2012/UORPRT, de 30 de Janeiro de 2012, da Administração Central do Sistema de Saúde, IP (ACSS).

Todavia,

7 Tal opção político-legislativa é apresentada, sem mais, como uma “medida excepcional de estabilidade orçamental”. Existiam, porém, outras medidas de contenção da despesa pública, não restritivas de direitos fundamentais, que poderiam ter sido adoptadas tendo em vista a redução do défice orçamental do Estado, o qual, aliás, não foi causado, de todo, pelos trabalhadores do sector público.

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19. E salvo melhor opinião, cremos que a ACSS, ao elaborar o quadro incorporado na referida Circular Informativa, incorreu em erro, por referência à retribuição devida pelo trabalho extraordinário diurno prestado aos sábados depois das 13 horas, domingos, feriados e dias de descanso semanal, bem como por referência à retribuição devida pelo trabalho extraordinário nocturno prestado aos sábados depois das 20 horas, domingos, feriados e dias de descanso semanal.

Com efeito,

20. O acréscimo remuneratório devido pela prestação de trabalho extraordinário em dia de descanso semanal, obrigatório ou complementar, e em dia feriado, nos termos do n.º 2 do artigo 32.º da Lei n.º 64-B/2011, de 30 de Dezembro, é, sempre, de 50% por referência ao valor da hora normal de trabalho aplicável, tanto na primeira hora como nas horas seguintes.

21. Pelo que não há lugar à diferenciação remuneratória constante do quadro inserido na mencionada Circular Informativa da ACSS, por referência às citadas modalidades de trabalho extraordinário médico.

22. Bem andou, pois, a Federação Nacional dos Médicos ao remeter ontem, dia 1, para o Presidente do Conselho Directivo da ACSS, o pedido de correcção relativo a esta matéria, parecendo-nos que o quadro constante do ofício enviado é legalmente conforme.

Este é, salvo melhor juízo, o meu parecer.

Lisboa, 2 de Fevereiro de 2012

Jorge Mata

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