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RECURSOS NATURAIS - MINERAIS

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Academic year: 2022

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RECURSOS NATURAIS - MINERAIS

A partir da Idade Moderna o Brasil, ainda antes de se constituir formalmente como um Estado-Nação, foi inserido no sistema capitalista mundial como uma fronteira de recursos naturais, com a função de proporcionar o acúmulo de capitais pelas metrópoles européias necessários à realização da Revolução Industrial.

Inaugurou-se então, baseado em nossa condição de colônia, o uso predatório de recursos naturais em benefício dos interesses de Metrópole  Portugal.

As primeiras conseqüências espaciais e ambientais; (ainda com repercussões atuais) foram a distribuição periférica (litorânea) da nossa população e o desmatamento da floresta tropical litorânea (a Mata Atlântica), da qual restam hoje apenas 5% da cobertura original, causando a extinção de inúmeras espécies vegetais sobre as quais a ciência não teve tempo sequer de conhecer e descobrir as aplicações econômicas.

A organização espacial resultante foi a famosa estrutura em “arquipélago”, definindo focos autônomos de produção e exportação de mercadorias e que regeu a economia brasileira até o início do século XX.

No século XX, a entrada em cena de outros atores hegemônicos internacionais, como os Estados Unidos e o Japão, torna a disputa pela exploração dos recursos minerais e vegetais ainda mais acirrada.

Grandes empresas, de alcance multinacional, foram formadas. Detentoras do capital e da tecnologia necessários à exploração mineral, atuam nos países ainda tipicamente produtores de matérias primas, fornecendo os insumos básicos para o funcionamento das industrias nos países carentes de tais recursos.

É nessa fase que o Brasil passa a viver a situação paradoxal a que nos referíamos no texto introdutório.

Com a industrialização do pós-guerra, finalmente quebrou-se o arquipélago econômico de origem colonial e o Brasil passou a se estruturar como um espaço econômico nacional, com vértice no Sudeste industrial, que polariza as outras regiões do país em função de sua dinâmica produtiva.

Passa, portanto, a existir uma complementaridade econômica no interior do nosso território, porque as necessidades de matéria-prima, mão-de-obra e mercado consumidor do pólo industrial do país serão satisfeitas pelas demais regiões, criando fluxos internos antes inexistentes.

Essa nova realidade traz, sem dúvidas, significativas alterações na organização do nosso espaço. Deveria também, em tese, provocar uma total reformulação na gestão dos recursos minerais e vegetais do país, com vistas a atenderem prioritariamente às necessidades atuais e futuras do parque industrial nacional, o que provocaria também uma radical alteração da organização do espaço da produção extrativa mineral e vegetal do país.

No entanto, o Brasil, dentro da sua condição de país industrializado periférico, passou a viver a dualidade de um país com forte base industrial, mas que mantém a exploração de seus recursos naturais, obedecendo a lógicas internacionais semelhantes àquelas existentes em qualquer país exportador de matérias-primas.

Os exemplos são numerosos e envolvem alguns dos maiores projetos de exploração mineral da história recente do país.

Podemos destacar os casos do manganês da Serra do Navio, da província mineral de Carajás e mesmo a antiga exploração do Quadrilátero Ferrífero.

RECURSOS NATURAIS E GLOBALIZAÇÃO

Os recursos minerais e vegetais e seu significado numa economia globalizada nos parece uma questão de profunda relevância. Como dissemos no início, o capital internacional é apátrida e se move segundo a lógica do lucro, sendo aplicado num ou noutro Estado-Nação, de acordo com as vantagens comparativas oferecidas por cada um.

Com o fim do confronto ideológico da guerra fria, o sistema capitalista passa a ocupar o papel de modelo a ser seguido pela humanidade. Quem tem condições de penetrar nas fronteiras e explorar dentro dos países? O capital tem. O Geógrafo Milton Santos faz a seguinte afirmação:

“O que a gente vê hoje é que esta “porosidade das fronteiras” só interessa a alguns atores da cena mundial, não a todos.”

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Essa porosidade interessa às transnacionais, que, dentro das atuais estratégias de uma produção descentralizada, em que cada componente vem de um território diferente, necessita de um livre fluxo de matérias- primas. Mais ainda, é fundamental que elas sejam desvalorizadas, como forma de assegurar reduções de custos que aumentem o consumo dos produtos industriais.

É por isso que não podemos aderir a nenhuma das duas visões sectárias e equivocadas a respeito do assunto.

Não adianta revestir-se de um furor nacionalista e, diante de um inventário das riquezas minerais e vegetais do país, bradar a necessidade de preservá-los a qualquer custo como se a sua posse, por si só, fosse sinônimo de desenvolvimento. Ter recursos não cria valor. Só através do trabalho, este mediador entre o homem e a primeira natureza, é que se cria riqueza, ou seja, a exploração, o beneficiamento, a tecnologia, enfim, o valor agregado à matéria-prima é o que conta.

Não podemos entrar numa “onda” globalizante que propaga a idéia bastante conveniente ao capital internacional, de que as matérias-primas não desempenham mais qualquer papel relevante no cenário econômico mundial e que conclama os países a exportarem os seus recursos em ritmo frenético a qualquer preço e custo ambiental, antes que eles percam qualquer aplicação industrial.

Não podemos nos descuidar, portanto, e perder a autonomia sobre nossos recursos.

Nunca é demais lembrar que vivemos num país em desenvolvimento e ainda, dependente. Torna-se vital, então, que o país tenha acesso garantido às suas reservas, pois quanto mais depender das importações, maior será sua vulnerabilidade.

Uma política governamental de pesquisa e exploração não pode perder de vista estes fatores até aqui enumerados, sob pena de abrir mão de um patrimônio que há em poucos lugares do mundo.

RECURSOS NATURAIS E A QUESTÃO DA PROPRIEDADE E EXPLORAÇÃO DO SUBSOLO BRASILEIRO

Vamos, agora, verificar o que Estado brasileiro estabelece na sua Constituição sobre a pesquisa e a lavra de recursos minerais.

Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito da exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.

§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o caput deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa brasileira de capital nacional, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.

§ 2º É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na forma e no valor que dispuser a lei.

§ 3º A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado e as autorizações e concessões previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente.

§ 4º Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial de energia renovável de capacidade reduzida.

Concluímos que a pesquisa e a lavra de recursos minerais somente poderão ser realizados no interesse nacional, por brasileiros ou empresa brasileira de capital nacional.

Como explicar, então, o fato de as transnacionais do setor mineral dominarem a produção de ouro, chumbo, prata, diamantes, nióbio, berilo (substância fundamental para a fabricação de chips para computadores), tungstênio, níquel e bauxita no Brasil?

Talvez o fator mais significativo para justificar esta questão política repouse no fato de a legislação anterior à de 1988, permitir a participação estrangeira quando associada a empresas brasileiras, mesmo que o controle acionário fosse do elemento estrangeiro.

De qualquer forma esta situação não deve se modificar no futuro, pois, em 1996, o Congresso Brasileiro alterou o conceito de empresa nacional definido na constituição, que fazia distinção entre empresa brasileira

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(aquela estabelecida no país) e empresa brasileira de capital nacional (controle acionário pertencente a cidadãos brasileiros).

O eliminar dessa diferenciação do texto constitucional significou, na prática, a reabertura da exploração do subsolo do país às multinacionais do setor. Essa perspectiva amplia-se significativamente diante das privatizações de empresas estatais do setor mineral.

RECURSOS NATURAIS E O MEIO AMBIENTE

A implantação de mega projetos minerais e a prática do extrativismo vegetal sem levar em conta a preservação do meio ambiente poderão levar a resultados desastrosos.

A vastidão do território nacional torna muito difícil a fiscalização pelos órgãos estaduais e federais competentes, que por vezes não contam com disponibilidade de recursos humanos e materiais suficientes. Dessa forma, assiste-se ao lançamento de mercúrio nos rios amazônicos e no Pantanal Mato-grossense;

contam-se as crateras deixadas na área de garimpo da Serra Pelada e as recém descobertas na Chapada Diamantina; vê-se o desmatamento desordenado em Rondônia, além de outros exemplos.

As forças centrípetas do capital internacional e as forças centrífugas do capital nacional parecem falar a mesma língua quando o assunto em pauta é o meio ambiente. O “tempo do capital” entra em rota de colisão com o “tempo natural”, ou seja, a lógica do lucro prevalece sobre a da preservação ambiental, descartando a hipótese do desenvolvimento sustentado.

Desta forma, se faz necessário diferenciar o tempo natural do “tempo do capital”, a fim de explicitar seus antagonismos e entender seus mecanismos. Iniciaremos, mostrando a história da evolução da natureza do planeta, ou seja, seu tempo natural.

A terra tem aproximadamente 4,5 bilhões de anos. É bem velha e já consumiu ¾ do tempo de sua vida útil.

RECURSOS NATURAIS E A ECONOMIA BRASILEIRA

A extração de minérios no Brasil contribui com apenas 3% do PIB nacional. Este número representa muito pouco, levando-se em conta que o país está situado entre os dez maiores produtores destes recursos. Apesar disso, devemos observar que o valor da produção das indústrias de transformação de origem mineral possui uma participação muito mais expressiva, equivalente a 25% do PIB, o que nos remete novamente à questão da importância de se adicionar valor à matéria-prima para que a riqueza gerada seja maior.

Possuindo vasta extensão territorial e certa diversidade geológica, podemos afirmar que nosso subsolo é rico em minérios.

Metálicos

Metais precisos

ouro prata platina Metais raros

selênio, nióbio telúrio, tântalo

rádio, lítio zircônio, berílio Metal estrutural ferro

Metais de liga

cromo, tungstênio, níquel, titânio, vanádio, molibdênio,

manganês

Metais não ferrosos

estanho, zinco, cobre, sódio,

chumbo Metalóid

es

De utilização na Química

bromo, arsênio, enxofre, cálcio, fósforo, flúor, potássio, iodo

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Diversos utilizados em

construção

argila, amianto, areia, gipsita, cascalho, calcário,

asfalto, mármore eletricidade quartzo, mica

joalheria

diamante, rubi, safira, esmeralda,

água-marinha, turmalina, topázio, granada, zircônio,

ametista

Energéticos

Carvões, Petróleo, Gás natural, Urânio, Tório

É bom ressaltar que, dos minérios, podem-se extrair metais ou minerais não-metálicos de importância econômica. É o caso da cassiterita, da qual se extrai o estanho ou da bauxita, da qual se extrai o alumínio.

Os minérios podem ser encontrados de forma concentrada nas chamadas jazidas.

Pode ser definida com uma determinada área da superfície terrestre onde existe concentração de um certo mineral em proporção superior ao que ocorre na maior parte da superfície terrestre.

É preciso conhecer a dinâmica de formação das rochas para compreender o processo de constituição das jazidas.

Retornando ao quadro evolutivo da Terra (p.Erro! Indicador não definido., e Erro! Indicador não definido.), percebemos que, em cada período da história do planeta, tivemos a ocorrência de diversos fenômenos geológicos.

As primeiras rochas foram as magmáticas. Receberam esta denominação devido à sua origem no magma .

Material ígneo que está no interior da crosta terrestre e que deu origem às rochas eruptivas. As lavas expelidas pelos vulcões são magmas não solidificados.

(Guerra. A .T. Dicionário Geológico Geomorfológico - P.272)

O resfriamento do material incandescente  magma  fez com que diferentes minerais nele contidos se distribuíssem segundo sua maior ou menor densidade.

Desta forma, as minerais mais densos e pesados situam-se, via de regra, nas camadas inferiores, enquanto os menos densos, nas camadas superiores. Com o passar do tempo, os agentes erosivos externos se encarregaram de intemperizar a rocha matriz. Seus fragmentos, produtos da erosão, são chamados de sedimentos. Estes tendem a ser carreados para áreas deprimidas do relevo, formando um depósito sedimentar.

Daí entendemos a origem das rochas sedimentares.

Um manto de areia, por exemplo, pode formar uma rocha denominada arenito, bastando para isso que haja algum elemento químico calcificador da areia proveniente deste desgaste das rochas ígneas.

Já as rochas metamórficas resultam das condições de pressão e de temperaturas elevadas: resultam da transformação de outras rochas preexistentes. Quando a transformação é feita em rochas magmáticas, estas são chamadas de ortometamórficas e, no caso das rochas sedimentares, denominam-se parametamórficas.

As áreas de maior concentração de jazidas minerais metálicas estão localizadas nos terrenos pré- cambrianos. Poderíamos imaginar que, sendo o relevo brasileiro de formação antiga, estaríamos sobre imensas jazidas minerais.

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OS MINÉRIOS BRASILEIROS Veja o quadro da economia mineral do Brasil.

FERRO a. Minérios

O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de ferro. De acordo com o teor de ferro, os minérios mais importantes são: Magnetita (72%), hematita (70%), limonita (60%) e siderita (48%).

A mais comum. Logo, possuímos jazidas com elevado teor de ferro.

b. Áreas produtoras

O Quadrilátero Ferrífero é a principal área produtora de ferro do país, que conta também com a produção em Carajás, no Pará, e no maciço de Urucum em Mato Grosso do Sul. O governo federal construiu em 1976 um porto especializado na exportação do minério de ferro extraído em Minas Gerais. Trata-se do porto de Tubarão, em Vitória, no Espírito Santo (cerca de 70% da produção é consumida pelos mercados internacionais, especialmente países europeus). A estrada de ferro Vitória  Minas dá o suporte necessário à realização do transporte deste minério.

A Serra dos Carajás, apresenta a maior reserva de minério de ferro do país e, seguramente, uma das maiores do mundo.

A província mineral de Carajás foi descoberta inicialmente por geólogos da Companhia Meridional de Mineração, uma subsidiária da USS  United States Steel,  ainda na década de 60. O Estado entrou no negócio através da Vale do Rio Doce, que se associou à empresa norte-americana.

Como o interesse da USS era a exploração do manganês, em virtude de suas estratégias mundiais de produção, e não do minério de ferro, houve desentendimentos com o governo brasileiro, o que culminou com a

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dissolução da sociedade, ficando a Vale com toda a administração do Projeto Ferro-Carajás.

Os investimentos superam 5 bilhões de dólares (grande parte conseguidos através de empréstimos) que se cristalizaram em importantes “fixos”, tais como a construção da ferrovia Carajás com 890 km ligando a área produtora ao porto de Itaqui (MA). O Estado investiu na construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, fundamental para o suporte energético do projeto, mas que se constituiu, irregularmente, num exemplo negativo de impacto ambiental na região, pela incapacidade do cumprimento do cronograma estipulado para as ações preservadoras direcionadas à fauna e à flora locais, antes do enchimento do vasto lago da usina hidroelétrica.

A presença de bauxita, minério de alumínio, despertou interesse do capital japonês. A Amazônia concentra aproximadamente 1/6 das reservas de bauxita do mundo.

O “Projeto Carajás” não se resume apenas ao extrativismo mineral. O Prof. Marcos de Carvalho e outros dizem:

“É antes de tudo um plano de desenvolvimento regional envolvendo, além da mineração, a extração florestal, a pecuária e a agricultura. As atividades agropecuárias estariam distribuídas ao longo da ferrovia CVRD e a tornaram na prática um corredor de exportação, gerando recursos anuais da ordem de US$ 7,7 bilhões. Isso justificaria os elevados custos da construção da infra-estrutura.

A implantação do projeto na sua totalidade custaria aproximadamente US$ 62 bilhões. Porém, ao que tudo indica, nem esse dinheiro está disponível no mercado internacional, nem o Brasil possui crédito para obtê-lo. O mais provável é que, sem a grandiosidade que o programa previa, sejam, atraídos capitais externos mais especialmente para projetos minerais”.

Manganês

Minério utilizado a fabricação do aço: entra na sua composição na proporção de 15 a 50 kg, com teor de 45%, para cada tonelada. Dependendo da quantidade de manganês, obtêm-se aços especiais de grande resistência mecânica para as mais diversas aplicações na indústria química: fabricação do vidro, baterias elétricas e pilhas eletrônicas.

O Brasil é o quarto maior produtor mundial do minério.

A maior parte da produção brasileira vem da Serra do Navio no Amapá. Ali uma empresa de capital norte- americano, a Bethlehem Steel, associara-se à ICOMI (Industria e Comercio de Mineiros) adequando-se à legislação, pois tinha recebido uma concessão de 50 anos para explorar o minério da região.

A empresa instalou a infra-estrutura para extração e escoamento da produção para os Estados Unidos, porque necessitava do manganês como matéria-prima para suas usinas.

Na primeira metade da década de 70, o alto custo do manganês no mercado internacional tornou viável a construção de uma usina de pelotização que, aumentando o grau de pureza do minério, melhorou os preços obtidos com a sua venda.

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A partir da crise de 1977-78, os preços e a produção começaram a cair e não mais se recuperaram.

Paralelamente, as jazidas começaram a dar sinais de esgotamento, provocando inclusive uma elevação nos custos de produção, já que o minério de alto teor encontrado no nível superficial já se havia esgotado. Diante desse quadro, a Bethlehem Steel retirou-se da sociedade, deixando seu controle nas mãos do sócio brasileiro, o empresário Augusto Trajano de Azevedo Antunes, do Grupo CAEMI.

Outra área importante é o Quadrilátero Ferrífero, onde, ao contrário da região anterior, a produção é totalmente voltada para o abastecimento das siderúrgicas nacionais, ali fortemente concentradas.

Além dessas, poderíamos citar ainda as reservas do Pará (região de Carajás) e do Maciço de Urucum, no Mato Grosso do Sul, próximo à fronteira com a Bolívia.

BAUXITA

Minério com largo emprego: desde a fabricação de utensílios domésticos até a indústria aeronáutica.

O Brasil possui uma das maiores reservas de bauxita do mundo. As principais jazidas encontram-se na Amazônia, no vale do rio Trombetas, no Pará (Oriximiná). Além da Região Norte, Minas Gerais produz bauxita nas localidades de Poços de Caldas e Mariana, cuja produção atende ao mercado consumidor das áreas industriais da Região Sudeste.

Nas regiões Norte e Nordeste foram desenvolvidos dois grandes projetos de exploração e beneficiamento da bauxita. ALBRÁS E ALUMAR. São investimentos japoneses e nacionais. A ALBRÀS está sob o controle das Aluminium Company Association (ALCOA) e da Billinton (Shell).

A energia elétrica de Tucuruí favoreceu a implantação de importantes projetos ligados à produção de alumínio no Norte (Albrás) e Nordeste (Alumar).

A produção de alumínio exige um grande consumo de energia, cerca de 30% do custo da produção. O processo de beneficiamento da bauxita requer a disponibilidade de energia barata. A construção de Tucuruí tornou-se, assim, imprescindível para atrair os investimentos estrangeiros.

Esses significativos investimentos feitos na produção de Alumínio no Brasil por grandes grupos multinacionais em associação com o Estado, representado pela Vale do Rio Doce, significam que o Brasil obtém maior valor agregado com os lingotes de alumínio do que obteria com a exportação da bauxita em estado bruto.

Apesar disso, toda essa operação está, em verdade, ligada à tendência atual da globalização econômica, ou seja, a transferência para países em diversos estágios de desenvolvimento, e que apresentam as condições necessárias, de etapas da produção industrial de menor valor agregado e que representem custos elevados com numerosa mão-de-obra, às vezes altamente poluentes, consumidoras de muita energia e que possuem baixo nível tecnológico.

O exemplo do Japão é típico. Extremamente carente de recursos minerais e energéticos, com mão-de- obra cada vez mais cara, esse país, após a crise do petróleo da década de 70, foi o que mais seriamente colocou em prática a estratégia descrita no parágrafo acima. Especialmente no tocante ao alumínio, o Japão praticamente zerou sua produção e passou a produzi-lo em países com fatores de produção mais favoráveis (especialmente no que se refere à energia) conforme o exemplo da Albrás. Aliás, se formos observar a composição acionária da NALCO (a empresa nipônica que detém 49% da Albrás em associação com a Vale), veremos que ela é constituída por um grande número de indústrias usuárias de alumínio da Terra do Sol Nascente.

ESTANHO

Extraído da cassiterita, oferece boa resistência à corrosão e desempenha o papel de “liga” na produção de folhas-de-flandres (chapas finas de aço).

A produção brasileira vem aumentado sua participação no mercado internacional.

O principal produtor é o Estado de Rondônia. A recuperação da hidrovia Madeira  Amazonas e a manutenção da rodovia BR 364 são fundamentais para dar competitividade ao produto junto ao de concorrentes com a Malásia, Tailândia, Indonésia e Bolívia.

O atual Estado de Roraima apresenta uma considerável reserva de cassiterita, localizada, em certos casos, em áreas pertencentes aos índios, o que dificulta a exploração em face da atual legislação que trata da demarcação, do uso e da propriedade das terras indígenas no Brasil.

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OURO

É um metal precioso encontrado em várias partes do mundo em rochas ígneas e em aluvião. É um mineral inalterável sob a ação de intempéries climáticas.

Sua utilização se concentra na produção de objetos de adorno e moedas; serve também como lastro em operações financeiras.

Calcula-se que a sua produção em números eficazes gire em torno de 24 toneladas, das quais 15 toneladas provêm dos garimpos e o restante das empresas mineradoras.

Morro Velho, em Minas Gerais, é a mina aurífera mais antiga em atividade no Brasil, onde o mineral é explorado, há mais de 150 anos. Calcula-se que foram produzidas cerca de 300 toneladas de ouro. Hoje, a mina pertence à Anglo-Americana, da África do Sul.

As principais reservas de ouro encontram-se em Mara Rosa (GO), Diamantina e Paracatu (MG) e Jacobina (BA).

O Brasil está situado entre os cinco maiores produtores de ouro no mundo. (As estatísticas são, no entanto, precárias e nada confiáveis e geralmente opta-se por subtrair os números da produção).

Como visto, o aspecto clandestino dos nossos garimpos dificulta a contabilização da produção de ouro e cria vários outros problemas como:

A utilização maciça de mercúrio, elemento químico aglutinador do ouro disperso pelo garimpo, que tem deixado marcas de depredação ambiental na Amazônia e demais regiões.

O Mercúrio é um metal cumulativo de forte teor tóxico. Uma vez ingerido indiretamente (como o peixe) pela população ribeirinha, o metal não é expelido pelo organismo humano, ocorrendo o envenenamento que se processa lentamente.

Os conflitos que ocorrem nas áreas de extrativismo mineral entre mineradores, garimpeiros e indígenas.

O “empresário garimpeiro”, dono dos meios de produção (máquinas, equipamentos etc.), é o que mais se beneficia, pois, atuando à margem de qualquer regulamentação, se apropria do trabalho produzido por uma mão- de-obra barata, numerosa e legalmente desprotegida.

O caso mais notificado sobre a extração do ouro foi o de Serra Pelada, no Pará. Embora os terrenos pertencessem por direito à CVRD, a fiscalização encontrou um forte obstáculo: 50 mil garimpeiros se dirigiram para este novo “Eldorado”. O ritmo frenético da exploração deixou como conseqüência uma verdadeira cratera, onde os acidentes de trabalho com óbitos aumentaram sensivelmente. Desejosos de continuar suas atividades, os garimpeiros exigiram a terraplanagem por parte do governo. Os trabalhadores ocuparam a ponte rodoferroviária sobre o rio Tocantins para pressionarem os órgãos federais a concretizarem sua solicitações. O conflito só foi resolvido com a intervenção do Governo Federal.

Quem domina a extração de ouro no Brasil?

OS REIS DO OURO*

EMPRESA SÓCIOS PRODUÇÃO (KG)

Vale do Rio Doce Estatal 13.506

Min. Morro Velho Anglo American/Bozano Simonsen 12.385

Rio Paracatu Mineração RTZ/TVX/Montana 5.257

Mineração São Bento Gemco/Grupo Amira 3.100

Mineração Novo Astro TVX / Degussa / Cia de Mineração

do Amapá 2.484

* Maiores mineradoras do Brasil 1994

As reservas oficiais de ouro do Brasil somam 800 toneladas, mas se estima que no subsolo do país haja 30 mil toneladas. Um cálculo grosseiro a partir do valor do grama no mercado (US$ 12), indica que as reservas chegam a US$ 360 bilhões  mais de três vezes a dívida externa brasileira.

Enquanto o custo de produção da onça (31,1 gramas) sai por US$ 150 a US$ 300, no máximo, o ouro é negociado no exterior a US$ 383 a onça,  sendo que, no mês passado, estava a US$ 400. Só assim, o negócio já é bom. Em operações futuras fica ainda melhor: com juros embutidos, o preço pode chegar a US$ 420.

De janeiro a dezembro de 1993  os últimos dados disponíveis no DNPM  foram negociados na BM&F 17.142.707 contratos referentes a ouro, num volume de negócios de US$ 25,7 milhões. Esse volume foi 6% menor

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que em 92 e deve ter caído ainda mais no ano passado. Isso significa que o mercado de ouro acabou? Com a palavra, Maron, do DNPM:

O mercado não acabou. A verdade é que o setor com movimento mais intenso é o financeiro e muda-se muito rapidamente de uma aplicação para outra. E, quando os juros nos Estados Unidos caem, aumenta a demanda por ouro no mercado americano. O valor do metal é ditado pelas bolsas de Nova York e Londres.

O curioso no mercado mundial é que em apenas 3% dos contratos há entrega efetiva no metal. A maioria (97%) é liquidada pelo pagamento de diferenças em dinheiro. Se o investidor compra o ouro no mercados futuro por US$ 14 o grama e no vencimento do contrato, o metal está a US$ 13, ele apenas paga a diferença de US$ 1  em dinheiro.

SAL MARINHO

A extração de sal marinho no Brasil concentra-se ao longo do litoral, cujas condições climáticas e topográficas favorecem a obtenção do produto.

O Estado do Ceará ocupa o terceiro lugar na produção de sal, embora represente uma parcela pequena sobre o total.

O Estado do Rio de Janeiro é o segundo com aproximadamente 9% do total produzido no país.

O Rio Grande do Norte ocupa uma posição privilegiada, quase 90% do sal produzido no Brasil tem sua origem neste parque salineiro  Mossoró, Macau e Areia Branca.

As salinas do Rio Grande do Norte foram mecanizadas, provocando desemprego em massa e a interrupção da migração do sertão para o litoral no seu período de maior produção. As condições de trabalho, no entanto, continuaram precárias: doenças de pele, cegueira (devido à excessiva exposição à radiação ultravioleta), mãos e pés “rachados” (que, por vezes, sangram) são alguns exemplos.

O Estado construiu o porto-ilha Termisa (Terminal Salineiro do Rio Grande do Norte), facilitando o escoamento da produção. Este terminal dispõe de uma ilha artificial para estocagem do sal, com um cais adjacente para descarga do produto. O terminal salineiro de Areia Branca, aliado à mecanização das salinas e à organização dos portos, deu ao Brasil condições concretas de se tornar exportador de sal.

OUTROS MINERAIS (METÁLICOS E NÃO-METÁLICOS)

Minerais Informações Maiores produtores

Chumbo

O principal mineral é a galena. O chumbo possui várias aplicações: tubos de cabos elétricos, placas de baterias, munições, isolante de raios X etc. A Bahia produz 80% do total

No Brasil: BA, PR, SP.

No mundo: EUA, ex-URSS, Austrália e Canadá. O Brasil é importador.

Cobre

Seu principal mineral é a calcopirita. O cobre é usado como liga (bronze e latas) em condutores elétricos (fios) etc. A principal área produtora é Caraíba (BA)

No Brasil: BA e RS.

No mundo: EUA, ex-URSS, China, Zâmbia. O Brasil é importador.

Níquel

Seu principal mineral é a garnierita. O níquel é usado como liga com ferro, em aços especiais e na niquelagem. Niquelândia (GO) é a principal área produtora, com 80% do total.

No Brasil: GO, MG.

No mundo: Canadá, ex-URSS, Nova Caledônia, Austrália. O Brasil é importador.

Zinco É mais utilizado como revestimento (galvanização) e como liga e chapas.

No Brasil: MG, BA.

No mundo: Canadá, URSS, Austrália.

Urânio

O Brasil possui grandes jazidas em Poços de Caldas (MG), Itatiaia (CE), Goiás, Paraná e Roraima.

No Brasil: MG.

No mundo: Canadá, EUA, África do Sul.

Calcário Muito importante na siderurgia, na construção civil

(cimento) e na agricultura (corretivo do solo) No Brasil: MG, SP.

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Referências

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