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Focos de incêndio no Concelho de Valongo: contributo para a cartografia de áreas de risco

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Rui Miguel Fernandes Pereira

Focos de Incêndio no Concelho de Valongo.

Contributo para a cartografia de áreas de

risco

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Universidade do Minho

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janeiro de 2014

Dissertação de Mestrado

Geografia – Planeamento e Gestão do Território

Trabalho efetuado sob a orientação do

Professor Doutor António José Bento Gonçalves

Rui Miguel Fernandes Pereira

Focos de Incêndio no Concelho de Valongo.

Contributo para a cartografia de áreas de

risco

Universidade do Minho

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II

Agradecimentos

A elaboração deste trabalho contou com o apoio de várias pessoas a quem não poderia deixar de agradecer:

Ao professor António Bento Gonçalves por ter aceite o pedido para orientar esta investigação e pela disponibilidade demonstrada e ajuda prestada ao longo de todo o trabalho com sugestões que ajudaram no enriquecimento do texto e do conteúdo e por facilitar o contato com os técnicos e organismos necessários para a realização do estudo.

Ao Eng. José António Gonçalves, do Gabinete Técnico Florestal da Câmara Municipal de Valongo, pela disponibilidade em ajudar e pelo fornecimento dos dados que serviram de base para a realização deste trabalho.

Aos Bombeiros Voluntários de Lousada pelo acompanhamento durante o Exercício Distrital e Teste ao Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil de Valongo.

Aos colegas do mestrado, de uma forma especial ao Sérgio, ao Márcio, ao Jorge, ao Ricardo, à Catarina, à Rita e à Carolina, pela ajuda, pelo encorajamento e pela companhia durante o trabalho de campo e a redação do texto.

Aos meus pais, padrinhos e irmã pelo apoio e encorajamento durante a elaboração deste trabalho e todo o meu percurso académico.

A todos os que, acima referidos ou não, contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho, o meu muito obrigado por tudo.

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III

Resumo

Focos de Incêndio no Concelho de Valongo. Contributo para a cartografia de áreas de risco

Os incêndios florestais são um dos principais problemas socioeconómicos e ambientais que ocorrem em Portugal.

Com o trabalho desenvolvido pretendemos analisar a problemática dos incêndios florestais no concelho de Valongo, dando particular atenção aos focos de incêndio, tentando contribuir para a cartografia de áreas de risco deste concelho.

Começamos por descrever o “estado da arte” sobre os incêndios florestais, resultado da pesquisa bibliográfica realizada e, em seguida, analisamos a evolução temporal e repartição espacial dos incêndios florestais em Portugal Continental por distrito e, depois, nos concelhos pertencentes ao distrito do Porto.

No que diz respeito ao concelho de Valongo analisamos a distribuição espacial e evolução temporal dos incêndios florestais de forma a perceber em que locais eles são mais frequentes. Fizemos, também, uma análise às causas dos incêndios florestais para tentar perceber qual a origem deste tipo de fenómeno no concelho.

Relativamente aos focos de incêndio em Valongo entre 2008 e 2012 observamos em qual ano se registaram mais e, também, qual a freguesia que apresentou o maior número de focos em cada ano e no total dos cinco anos.

Com base nesta informação apresentamos uma proposta para a cartografia de áreas de risco onde identificamos a perigosidade de incêndios florestais e as áreas com prioridade de vigilância.

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IV

Abstract

Fire outbreaks in the county of Valongo. Contribution to the mapping of risk areas

Forest fires are a major socio-economic and environmental problem occurring in Portugal.

With this work we intend to analyze the problem of forest fires in Valongo, paying special attention to the fire outbreaks, trying to contribute to the mapping of risk areas.

We begin by describing the "state of the art" about the forest fires, the result of literature review, and then we analyzed the temporal evolution and spatial distribution of forest fires in Portugal districts and then in the municipalities belonging to the district of Porto.

In Valongo we analyze the spatial distribution and temporal evolution of forest fires in order to understand in which locations they are more frequent. Also we analyzed the causes of forest fires to try to understand the origin of this kind of phenomenon in Valongo.

Regarding fire outbreaks in Valongo between 2008 and 2012 we observed in which year there were more and also what parish that had the largest number of fire outbreaks in each year and the total of the five years.

Based on this information we proposed a mapping of risk areas identifying the danger of forest fire and the priority areas for surveillance.

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V

Índice

Índice de Figuras ... VII Índice de Fotografias ... VIII Índice de Quadros ... IX Introdução ... 1 Objetivos ... 2 Metodologia ... 3 Estrutura da tese... 5 1. Incêndios Florestais ... 6 1.1. Conceitos e Definições ... 6

1.1.1. Tipologia de Incêndios Florestais ... 15

1.2. Evolução temporal e repartição espacial do número de ocorrências de incêndios florestais e área ardida em Portugal Continental entre 2001 e 2010 ... 17

1.2.1. Evolução, por ano, do número de ocorrências e da área ardida em Portugal Continental entre 2001 e 2010... 17

1.2.2. Repartição por distrito do número de ocorrências, por ano, entre 2001 e 2010 ... 20

2. Focos de Incêndio ... 32

2.1. Causas de ignição ... 32

2.2. Tipos de ignição ... 39

3. Incêndios florestais em Valongo (2008-2012) ... 43

3.1. Distribuição espacial dos incêndios florestais ... 44

3.1.1. Os focos de incêndios ... 44

3.1.2. Análise espacial e temporal ... 45

3.1.2.1. A distribuição espacial ... 45

3.1.2.2. A evolução temporal ... 50

(9)

VI

3.1.2.4. Os reacendimentos ... 54

3.2. Causas dos incêndios florestais ... 57

4. Focos de incêndio e cartografia de áreas de risco em Valongo ... 62

4.1. Risco de incêndio ... 62

4.2. Delimitação de áreas de risco... 63

4.3. A importância dos focos de incêndio no risco de incêndio... 65

4.4. Cartografia de risco de incêndio no concelho de Valongo ... 66

Conclusão ... 70 Bibliografia ... 72 Obras citadas ... 72 Obras Consultadas ... 78 Fontes Cartográficas ... 80 Sites ... 80 Anexos ... 81

(10)

VII

Índice de Figuras

Fig. 1 – Tipos de propagação de incêndios florestais através dos combustíveis ... 15

Fig. 2 – Número de ocorrências e área ardida em Portugal no período de 2001 a 2010 18 Fig. 3 – Ocorrências por distrito entre 2001 e 2010 ... 22

Fig. 4 – Número de ocorrências nos concelhos do distrito do Porto entre 2001 e 2010 23 Fig. 5 – Área Florestal dos concelhos do distrito do Porto ... 25

Fig. 6 – Número de ocorrências nos concelhos do distrito do Porto em 2001 ... 27

Fig. 7 – Número de ocorrências nos concelhos do distrito do Porto em 2002 ... 27

Fig. 8 – Número de ocorrências nos concelhos do distrito do Porto em 2003 ... 27

Fig. 9 – Número de ocorrências nos concelhos do distrito do Porto em 2004 ... 27

Fig. 10 – Número de ocorrências nos concelhos do distrito do Porto em 2005 ... 29

Fig. 11 – Número de ocorrências nos concelhos do distrito do Porto em 2006 ... 29

Fig. 12 – Número de ocorrências nos concelhos do distrito do Porto em 2007 ... 29

Fig. 13 – Número de ocorrências nos concelhos do distrito do Porto em 2008 ... 29

Fig. 14 – Número de ocorrências nos concelhos do distrito do Porto em 2009 ... 31

Fig. 15 – Número de ocorrências nos concelhos do distrito do Porto em 2010 ... 31

Fig. 16 – Localização do concelho de Valongo... 43

Fig. 17 – Focos de incêndio e área ardida no concelho de Valongo entre 2008 e 2012 . 45 Fig. 18 – Focos de incêndio e área ardida no concelho de Valongo em 2008, 2009, 2010 e 2011 ... 48

Fig. 19 – Focos de incêndio e área ardida no concelho de Valongo em 2012 ... 49

Fig. 20 – Número de incêndios florestais por freguesia entre 2008 e 2012 ... 50

Fig. 21 – Área ardida por freguesia entre 2008 e 2012 ... 51

Fig. 22 – Focos de incêndio entre 2008 e 2010 e zonas de recorrência no concelho de Valongo ... 52

Fig. 23 – Percentagem do tipo de causa de incêndio florestal no concelho de Valongo entre 2008 e 2012 ... 55

Fig. 24 – Número de reacendimentos por freguesia por ano entre 2008 e 2012 ... 55

Fig. 25 – Percentagem das causas de incêndio florestal não investigadas e investigadas conhecidas e desconhecidas (2008–2012) ... 57

Fig. 26 – Percentagem das causas de incêndio florestal não investigadas e investigadas conhecidas e desconhecidas por ano entre 2008 e 2012 ... 58

(11)

VIII Fig. 27 – Causas de incêndio florestal não investigadas e investigadas conhecidas e

desconhecidas por freguesia entre 2008 e 2012 ... 59

Fig. 28 – Percentagem de ignições investigadas e não investigadas por freguesia (2008– 2012) ... 60

Fig. 29 – Percentagem do tipo de causas de incêndio florestal investigadas por freguesia (2008–2012) ... 61

Fig. 30 – Mapa de perigosidade de incêndio florestal ... 67

Fig. 31 – Mapa de prioridade de vigilância ... 67

Fig. 32 – Uso e Ocupação do Solo ... 68

Índice de Fotografias

Fot. 1 – Incêndio florestal na Serra de Santa Justa em Valongo ... 8

Fot. 2 – Exercício de fogo controlado na freguesia de Valongo ... 11

Fot. 3 – Fogacho na freguesia de Valongo com área ardida inferior a 1 hectare ... 16

Fot. 4 – Incêndio em automóvel perto de um espaço florestal em Valongo ... 32

Fot. 5 – Fase de rescaldo de um incêndio na freguesia de Valongo ... 40

Fot. 6 – Incêndio em local com difícil acesso na Serra de Santa Justa em Valongo (exercício de fogo controlado) ... 46

Fot. 7 – Área ardida em local de difícil acesso na Serra de Santa Justa em Valongo .... 47

Fot. 8 – Serra de Santa Justa em Valongo ... 53

Fot. 9 – Reacendimento de um incêndio considerado extinto na freguesia de Valongo 54 Fot. 10 – Fogo perto de habitações na freguesia de Valongo no concelho de Valongo (exercício de fogo controlado) ... 69

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IX

Índice de Quadros

Quadro I – Conceitos e definições relacionados com Incêndio Florestal ... 11

Quadro II – Estatística anual do número de ocorrências e área ardida em Portugal no período de 2001 a 2010 ... 18

Quadro III – Estatística anual do número de ocorrências por Distrito em Portugal no período de 2001 a 2010 ... 20

Quadro IV – Área florestal, número de incêndios florestais e área ardida entre 2001 e 2010 nos concelhos do distrito do Porto ... 24

Quadro V – Codificação e definição das categorias das causas de incêndios florestais 34 Quadro VI – Conceitos e definições relacionados com o Tipo de Ignição ... 41

Quadro VII – Focos de incêndio nas freguesias do concelho de Valongo entre 2008 e 2012 ... 44

Quadro VIII – Área ardida (ha) com origem em reacendimentos ... 56

Quadro IX – Causas dos incêndios florestais (2008–2012) ... 57

(13)

1

Introdução

O presente trabalho aborda a temática dos incêndios florestais, considerados como sendo dos principais problemas socioeconómicos e ambientais que afetam Portugal.

A Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) define incêndio como uma “combustão livre, sem controlo, no espaço e no tempo” e como a “libertação simultânea de calor, luz e chama, gerada pela combustão de material inflamável, sem controlo no espaço e no tempo”.

Um incêndio florestal é um “incêndio que atinge uma área florestal” que é uma “área que se apresenta arborizada ou inculta” (Carvalho e Lopes, 2001).

Um incêndio pode ter origem em causas naturais e, também, humanas sendo, por isso, considerado um risco misto. Os incêndios com origem em causas naturais são provocados por relâmpagos durante as trovoadas, já os incêndios com causa humana são provocados pela ação do homem, podendo ser de forma voluntária ou involuntária.

Com a grande maioria dos incêndios a terem causas humanas é necessário uma melhor prevenção para que o número de incêndios e a extensão da área ardida não sejam demasiado elevados.

Esta prevenção pode ser feita através da limpeza dos espaços florestais por parte dos seus proprietários mas, também, evitando realizar atividades que incluam a utilização de materiais que podem provocar fogos, principalmente nos meses mais propícios à ocorrência de incêndios.

Neste trabalho faz-se, em primeiro lugar, uma análise da evolução temporal e repartição espacial dos incêndios florestais que ocorreram em Portugal Continental entre 2001 e 2010. Em seguida faz-se a mesma análise por distrito focando o distrito do Porto, onde se localiza o caso de estudo.

Por último analisa-se os incêndios florestais ocorridos no concelho de Valongo, que é o caso de estudo, entre os anos de 2008 e 2012, estudando a sua distribuição espacial, evolução temporal e as causas de ignição, tentando identificar as áreas de maior risco de ocorrência de incêndios, para facilitar a sua prevenção.

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2

Objetivos

Os incêndios florestais são um dos principais problemas ambientais e socioeconómicos que ocorrem em Portugal.

O risco de incêndio pode ser classificado como risco misto pois tem a sua origem em causas naturais e humanas, podendo o mesmo ser dividido em risco de deflagração e de propagação, estando o primeiro muito ligado à ação do Homem e o segundo mais condicionado pelas condições climáticas (Lourenço, 1996).

Deste modo é possível diminuir o risco de deflagração, sendo para isso necessário mudar as mentalidades das pessoas e alertá-las/educá-las para os problemas para o ambiente e para as próprias pessoas que os incêndios representam. Será também necessário haver uma maior prevenção e vigilância, sendo para isso fundamental conhecer com rigor a repartição espacial dos focos de incêndio, bem como a sua evolução ao longo dos tempos.

Assim, o principal objetivo deste trabalho será o de conhecer e cartografar a referida repartição espacial e evolução temporal dos focos de incêndio no concelho de Valongo, visando constituir uma ferramenta, em ambiente SIG, de apoio à prevenção e vigilância.

Para chegar a este objetivo principal, iremos começar por definir alguns conceitos relacionados com os incêndios florestais, tentando definir uma tipologia de foco de incêndio. Seguir-se-á o estudo da evolução temporal dos incêndios florestais e da sua repartição espacial, tentando perceber as causas que estão na sua origem.

Em relação ao concelho de Valongo será efetuada uma análise, com recurso a SIG’s, à distribuição dos incêndios florestais, estudando os focos de incêndio e fazendo uma análise espacial e temporal e tentando compreender a importância da recorrência e dos reacendimentos.

Em seguida tentar-se-á compreender as causas identificadas dos incêndios no concelho, procedendo-se à cartografia das áreas mais problemáticas, ou seja, onde os incêndios são mais recorrentes.

Por último faremos uma proposta de cartografia de perigosidade e de áreas prioritárias de vigilância de modo a perceber quais as zonas que necessitam de maiores cuidados.

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3

Metodologia

A elaboração desta investigação será, numa primeira fase, baseada em pesquisa bibliográfica em publicações e livros de alguns autores nacionais e internacionais, tais como Bento-Gonçalves, Luciano Lourenço, Wolfango Macedo, Sardinha, e em revistas como, por exemplo, International Journal of Wildlanfires e Territorium, confrontando as ideias desses mesmos autores com o objetivo de definir os conceitos relacionados com os incêndios florestais, compreender as variáveis, perceber as relações entre eles, de modo a obter um maior esclarecimento sobre o tema em estudo.

Para a realização do estudo será necessário fazer um levantamento de dados sobre os incêndios florestais à escala nacional e posteriormente, para o concelho de Valongo, que é o concelho onde será centrada a investigação. Estes dados serão obtidos através do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, da Autoridade Nacional de Protecção Civil e da Câmara Municipal de Valongo.

Depois do tratamento estatístico, utilizando-se o “Excel”, o tratamento cartográfico será realizado com recurso ao software ArcGis, com o objetivo de produzir cartografia temática variada.

Para cartografar as ocorrências e a área ardida foi necessário associar os dados recolhidos aos mapas utilizando-se a ferramenta Join do ArcGis 9.3 que permite associar os atributos dos mapas com as tabelas Excel. Os mapas de perigosidade e de prioridade de vigilância foram feitos através do cálculo das variáveis através da função

Raster Calculator do ArcGis 9.3. De modo a atribuir valores às variáveis utilizadas no

cálculo foi necessário transformar os dados vetoriais em raster utilizando a ferramenta

Feature to Raster atribuindo-lhes depois o valor com a função Reclassify também do

ArcGis 9.3. Para identificar as áreas de prioridade de vigilância criamos uma nova

Shapefile com o ArcCatalog e em seguida desenhamos as áreas com a ferramenta Editor

do ArcMap do ArcGis 9.3.

O objetivo do tratamento desses dados será o de ajudar na compreensão das causas que estão na origem dos incêndios florestais no concelho e, também, dar uma contribuição para a realização da cartografia das áreas de risco.

O estudo será reforçado com idas ao campo, com o objetivo de obter um melhor conhecimento do local, e ainda com reuniões com responsáveis municipais pela Protecção Civil de forma a entender os procedimentos que estes tomam em caso de

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4 incêndio e a sua perceção sobre este risco no concelho de Valongo. Reunimos com o Sr. José António Gonçalves, técnico do Gabinete Florestal da Câmara Municipal de Valongo, que nos forneceu os dados relativos aos incêndios que utilizamos no estudo. Com a participação como observadores no Exercício Distrital e Teste ao Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil de Valongo realizado no dia 2 de março de 2013 tivemos a oportunidade de observar o trabalho e falar com vários bombeiros, ficando a conhecer melhor os procedimentos utilizados durante o combate aos incêndios.

Com base na informação recolhida será redigida a tese de mestrado tentando entender a repartição espacial e evolução temporal dos focos de incêndio no concelho de Valongo.

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5

Estrutura da tese

O presente trabalho está organizado em quatro partes, precedidas por uma introdução e seguidas por uma conclusão, bibliografia e documentos anexos.

Na primeira parte apresentamos o “estado da arte” expondo os vários conceitos e definições associados ao tema tratado, os incêndios florestais, resultantes da pesquisa bibliográfica realizada.

Em seguida analisamos os incêndios florestais em Portugal Continental através da evolução temporal e repartição por distrito das ocorrências e da área ardida entre 2001 e 2010. Após esta análise focamo-nos no distrito do Porto, ao qual pertence o concelho de Valongo, que é o caso de estudo, analisando, também, a evolução temporal e a distribuição espacial dos incêndios nos diferentes concelhos do distrito de modo a fazer uma comparação entre eles.

A segunda parte resulta, também, de pesquisa bibliográfica e nela apresentamos as diferentes causas de ignição e os seus tipos, relativos aos focos de incêndio.

Na terceira parte realizamos um estudo sobre os incêndios florestais no concelho de Valongo entre os anos 2008 e 2012. Em primeiro lugar focamo-nos na distribuição espacial dos incêndios florestais analisando os focos de incêndio e a sua distribuição espacial e evolução temporal, assim como a recorrência e os reacendimentos, com o objetivo de identificar os fatores e caraterísticas locais que propiciam a ocorrência dos incêndios. Em segundo lugar analisamos as causas identificadas e não identificadas de modo a perceber quais os fatores que têm maior importância na origem dos incêndios florestais.

A quarta parte será sobre os focos de incêndio e a cartografia de áreas de risco no concelho de Valongo. Começamos por definir o que é o risco de incêndio, em seguida explicamos como se delimitam as áreas de risco e qual a importância dos focos de incêndio nessa cartografia e por último apresentamos uma proposta para a cartografia de risco de incêndio no concelho de Valongo através dos mapas de perigosidade e de prioridade de vigilância.

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1. Incêndios Florestais

1.1. Conceitos e Definições

Bento-Gonçalves et al. (2012) refere que o fogo é um fenómeno global que afeta mais área na terra do que qualquer outra perturbação natural, ocorrendo em regiões tropicais, temperadas e boreais.

“O fogo é um fenómeno natural nos países mediterrâneos e é uma condição sine

qua non para a sucessão natural de algumas plantas estando mesmo algumas espécies

devidamente adaptadas ao fogo e que regeneram com maior intensidade após a passagem do mesmo” (Duarte, 2005).

Jonhson e Miyanishi (2001) definem o fogo como combustão gasosa de alta temperatura que pode ocorrer em ambiente aberto ou fechado. Em ambos os casos o calor é libertado e o fogo pode-se espalhar, independentemente do tipo de fogo. Os mesmos autores descrevem a chama como o elemento fundamental do fogo que produz o calor e a combustão de produtos como o CO2, H2O, CO e fumo por meio de reações químicas que ocorrem entre o combustível e o oxigénio.

Para Gimeno-García et. al (2013) o fogo representa um distúrbio para a paisagem que pode afetar a perda do solo ao reduzir a sua resistência à erosão e ao aumentar o escoamento.

Omi (2005) considera que o fogo pode ser muito benéfico para o ser humano se for usado corretamente, mesmo em espaços florestais. Para a maioria das pessoas os incêndios florestais são vistos como um fator de destruição pois matam as árvores, afastam os animais do local e podem provocar a perda de vidas humanas e bens. Deste modo os incêndios florestais podem ter resultados dramáticos e dispendiosos e tornam a área queimada visualmente desagradável mas, por outro lado, um incêndio florestal com baixa intensidade provoca poucos danos na copa das árvores podendo ser benéfico para a renovação da flora.

Lourenço et al. (2006) distingue fogo de incêndio defendendo que o fogo está sempre limitado, sob o nosso controlo, e o incêndio é uma combustão não limitada e descontrolada sem limite no tempo e no espaço. Assim os mesmos autores definem o fogo florestal como a “combustão controlada de materiais combustíveis existentes nas áreas florestais” como é o exemplo dos fogos controlados e das queimas rurais com o

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7 objetivo de reduzir o volume do combustível e o incêndio florestal como uma “combustão livre, não limitada no tempo e no espaço, dos materiais combustíveis existentes nas áreas florestais”.

Já num plano operacional, a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) entende que os incêndios florestais são considerados catástrofes naturais pelo facto de se desenvolverem na Natureza e pela possibilidade da ocorrência e das características de propagação dependerem fortemente de fatores naturais, mais do que por serem causados por fenómenos naturais. No entanto, os incêndios constituem-se como um risco misto pois tem origem em causas combinadas, ou seja, não são causados apenas por fatores naturais, podem ter origem também por intervenção humana.

A mesma entidade avalia os incêndios florestais como “das catástrofes naturais mais graves em Portugal, não só pela elevada frequência com que ocorrem e extensão que alcançam, como pelos efeitos destrutivos que causam. Para além dos prejuízos económicos e ambientais, podem constituir uma fonte de perigo para as populações e bens”. A ex-Direção Geral dos Recursos Florestais (2006) considerava este fenómeno o maior risco no setor florestal em Portugal.

Carvalho e Lopes (2001) definem incêndio florestal como um “incêndio que atinge uma área florestal” que é compreendida pelos autores como uma área que está arborizada ou inculta (Fot. 1).

Luciano Lourenço propôs denominar por dendrocaustologia a ciência que estuda os incêndios florestais (Bento-Gonçalves, 2007).

A ignição é entendida como o aparecimento da primeira chama após o material combustível ter absorvido a energia de ativação (ANPC) e é influenciada pela temperatura, precipitação e humidade pois, no caso da temperatura, se for elevada e o ar quente e seco os combustíveis secam mais depressa facilitando a ignição. A precipitação e a humidade têm influência porque a presença de água dificulta a ignição. (Oliveira, 2006). Segundo Grossel (2002) para ocorrer a ignição de uma mistura inflamável é necessário que a fonte de ignição tenha energia e duração suficiente para iniciar uma reação, a taxa de geração de calor pela reação deve exceder a taxa de perda de calor para permitir a propagação da reação, a concentração do gás ou vapor deve estar no intervalo de inflamabilidade e a energia da fonte de ignição deve estar acima da energia de ignição mínima do gás ou vapor.

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Fot. 1 – Incêndio florestal na Serra de Santa Justa em Valongo

Fonte: Autoria própria

Lourenço (1988, citado em Bento-Gonçalves, 2006) refere que “as causas da deflagração são variadas, mas só alguns fogos progridem e se transformam em grandes incêndios florestais”. A eclosão desses incêndios é possibilitada pelas condições da temperatura e humidade.

O risco de deflagração, segundo Lourenço (1996), está sempre presente representando um perigo latente. A conjugação de alguns fatores de natureza física e humana é que aumenta ou diminui o grau de risco. O mesmo autor (2003, citado em Bento-Gonçalves, 2006) defende que este risco apenas se refere à possibilidade de ocorrer incêndio, não implica que isso aconteça.

Carvalho e Lopes (2001) consideram que uma ocorrência é um “incêndio, queimada ou falso alarme que origina a mobilização de meios dos bombeiros”.

O risco de incêndio florestal pode ocorrer por fatores físicos ou humanos segundo Lourenço e Bento-Gonçalves (1999). Os fatores físicos que contribuem para o risco são o clima, o relevo e as formações vegetais. Por fatores humanos os autores consideram a acumulação de combustível resultante do abandono das explorações agrícolas e florestais e da criação de gado, assim como a densidade e envelhecimento da população. Macedo e Sardinha (1983) defendem que o risco de incêndio abrange todos os fatores que afetam a ignição e a combustão, o comportamento dos fogos e os danos

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9 que eles possam causar. Lourenço (1992) definiu os estados de alerta do risco em cinco categorias: baixo, moderado, alto, muito alto e extremo, dizendo como as organizações responsáveis devem proceder em cada nível de risco. Mais tarde, em 2004, o mesmo autor propôs medidas gerais de prevenção para cada nível de risco sendo estes reduzido, moderado, elevado, muito elevado e máximo.

Para Macedo e Sardinha (1987, citado em Bento-Gonçalves, 2006) o risco de incêndio pode ser entendido como o risco de ignição compreendido como a existência de causas humanas, sejam acidentais ou voluntárias, ou naturais que provoquem a ignição que corresponde ao “aparecimento da primeira chama após a absorção da energia de ativação pelo material combustível” (ANPC).

O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) define como período crítico o “período durante o qual vigoram medidas e ações especiais de prevenção contra incêndios florestais, por força de circunstâncias meteorológicas excecionais.”

A intensidade do fogo foi definida por Úbeda (1998, citado em Bento-Gonçalves

et al., 2011) como a temperatura máxima registada num certo ponto e o tempo que a

temperatura se mantém num certo ponto, expressa em °C/s. Segundo Bento-Gonçalves (2006) a intensidade do fogo “depende da energia contida nos combustíveis, da massa de combustível consumida e da taxa de propagação do fogo” podendo ser avaliada em função da largura da frente de fogo. Esta influencia a mortalidade das espécies e o seu aumento faz com que mais áreas estejam sujeitas à invasão de novas espécies.

Para Fernandes, Botelho e Loureiro (2002) a severidade do fogo é o regime térmico sub-superficial que é originado pelo fogo, influenciando os seus efeitos no solo e nas plantas. Esta está relacionada diretamente com o grau de aquecimento e o consumo da manta morta e com o consumo de material lenhoso. Segundo Pereira et. al (2012) o impacto do fogo é analisado pela severidade, na ausência de dados. Deste modo, a severidade do fogo representa uma medida indireta do efeito do fogo no ecossistema, pois durante os incêndios há dificuldade no recolhimento dos dados.

A combustibilidade é definida por Fernandes (2000, revisto em 2004) como “a magnitude de comportamento do fogo associada a uma determinada formação vegetal, e exprime-se qualitativamente de acordo com critérios relacionados com as possibilidades e meios requeridos para suprimir um incêndio que ocorra num determinado cenário meteorológico”.

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10 Quando acontece o reativamento de um incêndio após estar considerado extinto dá-se o nome de reacendimento. Este é encarado como parte integrante do incêndio principal (Carvalho e Lopes 2001).

Segundo a ANPC o reacendimento corresponde ao “conjunto de decisões e ações após a catástrofe, destinadas a restabelecer as condições de vida existentes anteriormente à afetação da comunidade” podendo ao mesmo tempo incluir “a implementação das mudanças necessárias à redução dos riscos”. A reativação è entendida pela mesma entidade como o “aumento de intensidade de uma linha no período de um incêndio, durante as operações e antes deste ser considerado extinto, pelo Comandante das Operações de Socorro”.

Ferreira-Leite (2010) considera que a recorrência é entendida como a ocorrência sistemática de incêndios numa dada área.

O fogo controlado (Fot. 2) pode ser definido, segundo a ANPC, como a ferramenta de gestão de espaços florestais utilizando o fogo em condições, normas e procedimentos que pretendam satisfazer os objetivos específicos e quantificáveis. Este tipo de uso do fogo deve ser executado sob a responsabilidade de um técnico credenciado e segundo os termos da legislação vigente. Para Fernandes, Botelho e Loureiro (2002) o fogo controlado ou prescrito é a aplicação deliberada e exata do fogo em determinadas condições ambientais que permita satisfazer objetivos de gestão específicos e bem formulados. Mierauskas e Pereira (2013) referem que o fogo controlado é usado para reduzir a acumulação do combustível e evitar e reduzir a probabilidade da ocorrência de incêndios. Alcañiz et. al (2012) defende que o fogo controlado pode ser uma alternativa para reduzir a acumulação de combustível e reduzir o risco de incêndio. Martín e Lapelé (2012) referem que os benefícios ecológicos dos efeitos do fogo não são contemplados usualmente mas muitos países começam a introduzir políticas preventivas e práticas que incluem o fogo. Defendem, ainda, que as práticas de fogo controlado permitem aos processos ecológicos tornarem-se uma ferramenta valiosa e efetiva na remoção dos combustíveis acumulados.

Para a ANPC o rescaldo corresponde à “operação técnica que visa a extinção do incêndio”. Também é considerado rescaldo quando as cinzas de um incêndio recente ainda contêm brasas, a ação de deitar água sobre as cinzas para que o incêndio se reinicie, a última fase de uma operação de controlo de incêndio quando os últimos focos

(23)

11 se extinguem e ainda a última fase de uma operação de controlo efetuada em qualquer acidente.

Fot. 2 – Exercício de fogo controlado na freguesia de Valongo

Fonte: Autoria própria

Quadro I – Conceitos e definições relacionados com Incêndio Florestal

Conceito Definição Fonte

Chama

Elemento fundamental do fogo que produz o calor e a combustão de produtos como o CO2, H2O, CO e fumo por meio de reações químicas que ocorrem entre o combustível e o oxigénio.

Jonhson e Miyanishi (2001)

Combustibilidade

Magnitude de comportamento do fogo associada a uma determinada formação vegetal. Exprime-se qualitativamente de acordo com critérios relacionados com as possibilidades e meios requeridos para suprimir um incêndio que ocorra num determinado cenário meteorológico.

Fernandes (2000, revisto em 2004)

Deflagração Combustão ativa com chama, ruído mais ou

(24)

12 calor.

Dendrocaustologia

Ciência que se ocupa das múltiplas facetas de que se reveste o estudo dos incêndios

florestais.

Bento-Gonçalves (2007)

Foco Ponto para onde converge ou de onde se

propaga algo. www.infopedia.pt

Fogacho Incêndio cuja área é inferior a 1 hectare. Autoridade Nacional de Protecção Civil

Fogo

Combustão caracterizada por emissão de calor acompanhada de fumo, chamas ou de ambos. Incêndio cuja área é inferior a 1 hectare.

Autoridade Nacional de Protecção Civil

Fogo Controlado

Ferramenta de gestão de espaços florestais que consiste no uso do fogo sob condições, normas e procedimentos conducentes à satisfação de objectivos específicos e quantificáveis e que é executada sob a responsabilidade de técnico credenciado, segundo os termos da legislação vigente.

Autoridade Nacional de Protecção Civil

Ignição

Aparecimento da primeira chama, após a absorção da energia de ativação pelo material combustível.

Autoridade Nacional de Protecção Civil

Imputável

Indivíduo, sem limitações de entendimento e/ou mental, que possui a capacidade de entender o fato como íllicito e agir de acordo com este entendimento.

http://www.dicionario informal.com.br

Incêndio

Combustão livre, sem controlo, no espaço e no tempo.

Libertação simultânea de calor, luz e chama, gerada pela combustão de material inflamável, sem controlo no espaço e no tempo.

Autoridade Nacional de Protecção Civil

Inimputável

É inimputável quem, por força de uma

anomalia psíquica, for incapaz, no momento da prática do facto, de avaliar a ilicitude deste ou

Artigo 20.º do Decreto-Lei nº48/95 de 15 de Março do Código Penal

(25)

13 de se determinar de acordo com essa avaliação.

Intensidade

Temperatura máxima registada num certo ponto e o tempo que a temperatura se mantém num certo ponto, expressa em °C/s

Úbeda (1998, citado em Bento-Gonçalves et al., 2011)

Ocorrência Incêndio, queimada ou falso alarme que origina a mobilização de meios de socorro.

Autoridade Nacional de Protecção Civil

Projeção

Durante um incêndio pode ocorrer o transporte aerodinâmico de partículas incandescentes que, se aterrarem num leito de combustível com boas condições de inflamabilidade, podem dar origem a novos focos de incêndio, provocando novas ignições.

Almeida (2011)

Reacendimento

Conjunto de decisões e acções após a catástrofe, destinadas a restabelecer as condições de vida existentes anteriormente à afectação da comunidade. Em simultâneo inclui a implementação das mudanças necessárias à redução dos riscos.

Autoridade Nacional de Protecção Civil

Reativação

Aumento de intensidade de uma linha no perímetro de um incêndio, durante as operações e antes deste ser considerado extinto, pelo Comandante das Operações de Socorro.

Autoridade Nacional de Protecção Civil

Recorrência Ocorrência sistemática de incêndios numa dada

área. Ferreira-Leite (2010)

Rescaldo

(1). Operação técnica que visa a extinção do incêndio.

(2). Cinzas de um incêndio recente ainda contêm brasas.

(3). Ação de deitar água sobre as cinzas, para que o incêndio não se reinicie.

(4). Última fase de uma operação de controlo de incêndios, quando se extinguem os últimos

Autoridade Nacional de Protecção Civil

(26)

14 focos.

(5). Última fase de uma operação de controlo de qualquer acidente.

Severidade

Regime térmico sub-superficial que o é originado pelo fogo, influenciando os seus efeitos no solo e nas plantas. Esta está relacionada diretamente com o grau de aquecimento e o consumo da manta morta e com o consumo de material lenhoso.

Fernandes, Botelho e Loureiro (2002)

(27)

15

1.1.1. Tipologia de Incêndios Florestais

Existem várias tipologias de incêndio florestal, centrando-nos nós, neste capítulo em duas: segundo a propagação e segundo a dimensão.

Os incêndios propagam-se através dos combustíveis florestais de vários modos. Lourenço et al. (2006) agrupou os incêndios em quatro grandes grupos, em função da sua propagação, sendo estes os incêndios de superfície, de copas, subterrâneo e de projeção (Fig.1).

É considerado um incêndio de superfície se as chamas se propagam junto ao solo e apenas queimarem os combustíveis à superfície como arbustos, folhada e a parte superior da manta morta. Se as chamas atingirem as camadas mais altas do combustível, as copas das árvores, e se propagam através destas considera-se um incêndio de copas. Um incêndio subterrâneo acontece quando este se propaga através das raízes ou na manta morta inferior. Este tipo de propagação acontece geralmente com combustão sem chamas. Por último o incêndio de projeção que se propaga pela projeção ou deslocamento de materiais incandescentes.

Fig. 1 – Tipos de propagação de incêndios florestais através dos combustíveis

Fonte: Manual de Combate a Incêndios Florestais para Equipas de Primeira Intervenção

(28)

16 Os incêndios florestais podem ser classificados segundo a dimensão da área ardida. Em Portugal, segundo o ICNF, por razões meramente estatísticas, se a área total ardida for inferior a 1 ha é considerado um fogacho (Fot. 3) e se a área ardida for igual ou superior a 500 ha considera-se que é um grande incêndio. Considera-se incêndio quando a área ardida é maior do que 1 e menor que 500 ha. Até ao ano 2013 considerava-se grande incêndio se a área ardida fosse superior a 100 ha, mas com a

Resolução da Assembleia da República n.º 35/2013, de 19 de março. D.R. n.º 55, Série I

passou a considerar-se grande incêndio apenas se a área ardida for superior a 500 ha. Segundo Ferreira-Leite et al. (2013) entre 2003 e 2012 aconteceram 31 incêndios com dimensão superior a 5000 ha em Portugal Continental tendo 12 deles atingido uma área superior a 10000 ha.

Fot. 3 – Fogacho na freguesia de Valongo com área ardida inferior a 1 hectare

(29)

17

1.2. Evolução temporal e repartição espacial do número de

ocorrências de incêndios florestais e área ardida em

Portugal Continental entre 2001 e 2010

1.2.1.

Evolução, por ano, do número de ocorrências e da área ardida em Portugal Continental entre 2001 e 2010

O território português é muito propício à ocorrência de incêndios devido, quer às suas caraterísticas edafo-climáticas, quer topográficas, quer ainda socioeconómicas. O clima é temperado com influência mediterrânea tendo, por isso, verões quentes e secos e invernos amenos e húmidos. A topografia apresenta áreas muito acidentadas com vegetação normalmente perenifólia (folha persistente) que são resistentes à secura e têm caraterísticas pirófitas (que se adaptam a incêndios periódicos). As mudanças demográficas e socioeconómicas verificadas nas últimas quatro a cinco décadas reforçaram a suscetibilidade à ocorrência de incêndios em Portugal (Ricardo, 2010).

Deste modo o número de ocorrências é, todos os anos, elevado assim como a área ardida.

Entre 2001 e 2010 apenas num ano (2008) o número total de ocorrências foi inferior a 20.000 chegando a atingir as 35.824 ocorrências em 2005. A área ardida no espaço florestal situou-se entre os 17.564,3ha (2008) e os 425.839,1ha (2003).

Como se pode verificar no Quadro II não foi no ano com maior número de ocorrências que a área ardida foi maior, isto porque em 2003, apesar de ter havido menos incêndios do que em outros anos, estes foram de maior dimensão queimando uma área superior à área ardida em outros anos.

O número de ocorrências situou-se entre as 20316 (2007) e as 26947 (2001), como se pode observar no gráfico da figura 3, exceto o ano de 2005 em que o número de ocorrências chegou às 35.824 e o ano de 2008 em que este número se fixou nas 14.930 ocorrências.

A área ardida apenas em quatro anos (2006-2009) foi inferior a 100.000 ha sendo o ano 2008 o que apresentou menor área ardida com 17.564,8 ha. Nesta década houveram dois picos, em 2003 a área ardida chegou aos 425.839,1 ha e em 2005 arderam 339.088,9 ha.

(30)

18

Quadro II – Estatística anual do número de ocorrências e área ardida em Portugal no período de 2001 a 2010

Ano

Nº ocorrências Área Ardida (ha)

Fogachos Incêndios Total Povoamento Mato Espaço Florestal (Povoamento + Mato) 2001 20.049 6.898 26.947 45.616,7 66.695,2 112.311,9 2002 20.055 6.521 26.576 65.164,5 59.454,6 124.619,1 2003 20.896 5.323 26.219 286.055,5 139.783,6 425.839,1 2004 17.096 5.069 22.165 56.271,5 73.836,3 130.107,8 2005 27.632 8.192 35.824 213.921,3 125.167,6 339.088,9 2006 16.945 3.499 20.444 36.320,3 39.738,0 76.058,3 2007 16.639 3.677 20.316 9.828,8 22.766,4 32.595,2 2008 12.339 2.591 14.930 5.461,3 12.103,4 17.564,8 2009 20.274 5.862 26.136 24.097,4 63.323,4 87.420,8 2010 18.056 3.970 22.026 46.079,5 87.011,3 133.090,7 Fonte: ICNF

Verifica-se na figura 2 que foi no ano onde se registou menor número de ocorrências que a área ardida foi menor.

Em 2001 o número total de ocorrências foi 26.947 das quais 6.898 correspondem a incêndios sendo as restantes 20.049 ocorrências, fogachos, ou seja, incêndios com área inferior a 1 ha. Neste ano a área ardida em espaço florestal foi 112.311,9 ha englobando a área de povoamento (45.616,7 ha) e a área de mato (66.695,2 ha). 0 100.000 200.000 300.000 400.000 500.000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 h a 0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 40.000 N º O co rr ê n cia s

Área Ardida (ha) Nº ocorrências

Fig. 2 – Número de ocorrências e área ardida em Portugal no período de 2001 a 2010

(31)

19 No ano seguinte houve uma diminuição de 1,38% do número de ocorrências mas a área ardida registou um aumento de 10,96%. Em 2002 foram registadas 26.576 ocorrências e a área ardida foi de 124.619,1 ha.

O ano de 2003 foi o mais problemático da década no que respeita a incêndios pois apesar de apresentar um número de ocorrências inferior aos dois anos anteriores a área ardida foi bastante superior tendo ardido 425.839,1 ha em 26.219 ocorrências registadas sendo este o ano com maior área ardida da década.

No ano 2004 o número de ocorrências teve uma diminuição de 15,46% em relação ao ano anterior e a área ardida diminuiu 69,45%. O número de ocorrências passou das 26.219 registadas em 2003 para 22.165, havendo menos 4054 ocorrências em 2004. A área ardida apresentou um decréscimo bastante significativo de 295.731,3 ha, passando dos 425.839,1 ha em 2003 para os 130.107,8 ha em 2004.

Em 2005 voltou a registar-se um grande aumento nos incêndios e na área ardida, o número de ocorrências aumentou 61,62% e a área ardida teve um aumento de 160,62%. Este foi o ano com maior número de ocorrências na última década (35.824) mas mesmo assim a área ardida foi inferior ao ano 2003 ficando, assim, no segundo lugar com um total de 339.088,9 ha.

Nos três anos seguintes aconteceu uma diminuição progressiva das ocorrências e da área ardida registando-se em 2008 uma área ardida de 17.564,8 ha e 14.930 ocorrências fazendo deste o ano com os valores mais baixos da década. Foi entre 2005 e 2006 que se observou o maior decréscimo. Em 2006 foram registadas menos 15.380 ocorrências e menos 263.030,6 ha de área ardida do que no ano anterior ficando com 20.444 ocorrências e com 76.058,3 ha de área ardida. No ano seguinte (2007) o numero de ocorrências voltou a descer ainda que ligeiramente pois houveram apenas menos 128 ocorrências. A área ardida também diminuiu, tendo ardido menos 43.463,1 ha. Deste modo em 2007 registou-se 32.595,2 ha de área ardida total. No ano de 2008 aconteceram menos 5.386 ocorrências do que no ano anterior fazendo deste o ano com o número de ocorrências mais baixo da década (14.930 ocorrências). A área ardida também diminuiu bastante registando-se neste ano menos 15.030,4 ha do que em 2007 sendo, também, o menor valor entre os dez anos analisados (17.564,8 ha).

Até 2010 a área ardida aumentou significativamente tendo ardido 87.420.8 ha em 2009 (mais 69,856 ha do que em 2008) e 133.090,7 ha em 2010 (aumento de 45.669,9 ha em relação a 2009). Ainda assim o número de ocorrências foi superior em

(32)

20 2009 com 26.136 contra 22.026 em 2010. Em 2009 houveram mais 11.206 ocorrências do que em 2008 e mais 4.110 do que em 2010.

1.2.2.

Repartição por distrito do número de ocorrências, por ano, entre 2001 e 2010

Analisando as ocorrências por distrito entre os anos de 2001 e 2010 (Quadro III) notamos que é no distrito do Porto onde se regista o maior número com 54.998 ocorrências no total, seguido do distrito de Braga que apresenta mais de 31.993 ocorrências.

Nesta análise vamos dar maior importância ao distrito do Porto pois o caso de estudo é o concelho de Valongo, concelho do distrito do Porto.

Quadro III – Estatística anual do número de ocorrências por Distrito em Portugal no período de 2001 a 2010 DISTRITO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TOTAL Aveiro 1.936 2.141 1.579 1.952 4.498 1.501 1.763 1.128 2.028 2.527 21.053 Beja 120 103 112 104 114 82 110 87 79 63 974 Braga 4.081 3.816 4.376 2.987 4.824 2.842 2.557 1.097 3.042 2.371 31.993 Bragança 1.339 852 633 725 828 430 837 726 1.030 504 7.904 Castelo Branco 569 644 594 435 768 479 360 560 443 299 5.151 Coimbra 706 627 507 471 989 653 530 593 638 552 6.266 Évora 53 76 68 47 52 154 111 98 60 80 799 Faro 192 248 217 240 345 726 621 514 601 327 4.031 Guarda 1.070 1.164 1.168 815 1.358 729 823 894 1.117 664 9.802 Leiria 836 840 847 685 1.299 645 672 656 517 418 7.415 Lisboa 2.429 2.354 2.399 2.474 2.564 1.863 2.215 1.622 1.265 1.504 20.689 Portalegre 89 75 102 71 111 118 107 74 86 60 893 Porto 5.823 5.976 7.715 4.598 7.628 4.590 3.489 2.353 6.819 6.007 54.998 Santarém 839 905 1.009 798 1.101 747 593 528 465 346 7.331 Setúbal 628 757 659 689 675 1.106 1.023 908 743 698 7.886 Viana do Castelo 1.636 1.933 910 1.516 2.249 1.041 1.182 587 1.877 2.104 15.035 Vila Real 2.286 2.213 1.343 1.516 2.503 1.185 1.315 1.072 2.677 1.343 17.453 Viseu 2.315 1.852 1.981 2.042 3.918 1.553 2.008 1.433 2.649 2.159 21.910 Fonte: ICNF

Entre 2001 e 2010 o distrito do Porto apresenta, em todos os anos, o maior número de ocorrências registadas, sempre superiores a 2.000 por ano.

O ano em que se registaram menos ocorrências, no distrito do Porto, foi em 2008 com 2.353 coincidindo com o ano com o menor número de ocorrências a nível

(33)

21 nacional. No ano 2003 houve 7.715 ocorrências sendo o ano que apresenta o maior número seguido de perto pelas 7.628 ocorrências do ano 2005, que foi o ano com maior número de ocorrências em Portugal durante a década analisada.

Ao analisar o mapa relativo às ocorrências por distrito, entre 2001 e 2010, de Portugal Continental (Fig. 3) podemos concluir que é no norte litoral onde se encontram os distritos com maior número de ocorrências registadas. À exceção de Lisboa, todos os distritos com mais de 10.000 ocorrências, se situam nessa região.

Os distritos do interior sul são os que apresentam números mais baixos com Portalegre, Évora, Beja e Faro abaixo das 5.000 ocorrências.

Esta realidade pode dever-se à população e ao uso do solo uma vez que os distritos do norte litoral e de Lisboa têm mais população e por isso há maior probabilidade de ocorrerem incêndios já que a maior parte deles tem origem em ações humanas. O uso do solo contribui pois nos distritos com maior área florestal é provável que ocorram mais incêndios florestais.

(34)

22

Fig. 3 – Ocorrências por distrito entre 2001 e 2010

(35)

23 No que respeita ao distrito do Porto, analisando as ocorrências por concelho (Fig. 4), podemos destacar dois deles, Paredes e Penafiel. São estes dois concelhos que apresentam maior número de ocorrências, com mais de 5.000 entre 2001 e 2010.

Entre as 4.000 e as 5.000 ocorrências registadas encontram-se quatro concelhos, sendo eles Gondomar, Marco de Canavezes, Santo Tirso e Vila Nova de Gaia. Sete concelhos (Amarante, Baião, Felgueiras, Lousada, Maia, Paços de Ferreira e Vila do Conde) apresentam entre 2.000 e 4.000 ocorrências e três concelhos (Matosinhos, Trofa e Valongo) entre 1.000 e 2.000.

Em último lugar estão os concelhos do Porto e da Póvoa de Varzim com menos de 1.000 ocorrências registadas entre 2001 e 2010.

Fig. 4 – Número de ocorrências nos concelhos do distrito do Porto entre 2001 e 2010

Fonte: ICNF

A diferença no número de ocorrências de incêndios florestais deve-se, em parte, à área florestal de cada concelho, pois concelhos com maior área florestal estão mais sujeitos à ocorrência de incêndios florestais do que os concelhos com pouca área florestal.

(36)

24 Como se verifica na figura 5 e no quadro IV, Amarante é o concelho com maior área florestal, com mais de 10000 ha, não sendo ainda assim o concelho com maior número de ocorrências. Paredes e Penafiel, que são os concelhos com maior número de ocorrências entre 2001 e 2010, têm entre 5000 e 10000 ha de área florestal. Apesar de não serem os concelhos com maior área florestal, esta é superior à maioria dos outros concelhos sendo por isso normal que apresentem maior número de ocorrências de incêndios florestais.

O Porto, por outro lado, é o concelho com menor área florestal, tendo apenas 25 ha de floresta, o que ajuda a perceber o porquê de ser o concelho com menor número de ocorrências em todo o distrito.

Quadro IV – Área florestal, número de incêndios florestais e área ardida entre 2001 e 2010 nos concelhos do distrito do Porto

Concelho Área Florestal (ha) Nº de Incêndios Florestais Área Ardida (ha)

Amarante 11765 3684 8872,422 Baião 4063 2095 10588,38 Felgueiras 3272 3809 2324,038 Gondomar 5738 4646 5728,343 Lousada 2703 2776 2030,444 Maia 1769 2188 919,5893 Marco de Canaveses 6149 4373 11056,27 Matosinhos 552 1131 311,4509 Paços de Ferreira 1697 3565 1565,936 Paredes 5749 6673 7447,5 Penafiel 7800 5443 11685,28 Porto 25 1 0,1 Póvoa de Varzim 1529 763 663,5439 Santo Tirso 4881 4090 5464,872 Trofa 3031 1107 1903,557 Valongo 2535 1650 3799,186 Vila do Conde 4137 2075 933,2805

Vila Nova de Gaia 4497 4929 1828,4

(37)

25

Fig. 5 – Área Florestal dos concelhos do distrito do Porto

Fonte: ICNF

No ano de 2001 o concelho de Paredes foi o que se destacou com o maior número de ocorrências, mais de 600, como se pode ver na figura 6. Seguiram-se os concelhos de Gondomar, Paços de Ferreira, Penafiel, Santo Tirso e Vila Nova de Gaia entre 400 e 600 ocorrências. Com mais de 200 e menos de 400 ocorrências ficaram os concelhos de Amarante, Felgueiras, Lousada, Maia e Marco de Canaveses.

No concelho de Valongo foram registadas entre 100 e 200 ocorrências assim como Baião, Matosinhos e Vila do Conde. Os restantes concelhos (Porto, Póvoa de Varzim e Trofa) tiveram menos de 100 ocorrências registadas em 2001.

O ano seguinte não foi muito diferente pois o número de ocorrências nos concelhos foi praticamente igual como se pode verificar na figura 7.

Penafiel juntou-se a Paredes sendo estes dois concelhos onde aconteceram mais ocorrências. Nos concelhos de Amarante, Marco de Canaveses, Santo Tirso, Gondomar e Vila Nova de Gaia registaram-se entre 400 a 600 ocorrências e em Maia, Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras entre 200 e 400 ocorrências.

O concelho de Valongo manteve-se entre as 100 e as 200 ocorrências registadas, assim como os concelhos de Baião, Matosinhos e Vila do Conde.

(38)

26 Os concelhos do Porto, Póvoa de Varzim e Trofa mantiveram-se em 2002 abaixo das 100 ocorrências registadas.

O ano de 2003 foi o ano com mais ocorrências no distrito do Porto e, por isso, o número de ocorrências aumentou em praticamente todos os concelhos (Fig. 8).

Nesse ano foram registadas mais de 600 ocorrências em cinco concelhos, Paredes (que ultrapassou as 1000 ocorrências), Penafiel, Paços de Ferreira, Gondomar e Vila Nova de Gaia. Seis concelhos tiveram entre 400 e 600 ocorrências.

O concelho de Valongo teve entre 200 e 400 ocorrências, ao contrário dos dois anos anteriores em que este número se manteve abaixo das 200 ocorrências.

Porto e Póvoa de Varzim mantiveram-se, como nos anos anteriores, abaixo das 100 ocorrências.

Em 2004 (Fig. 9), com um número de ocorrências no distrito do Porto consideravelmente inferior ao do ano anterior, em quase todos os concelhos se registaram menos ocorrências. Paredes foi o concelho com o maior número de ocorrências com apenas 484. Felgueiras, Marco de Canaveses e Penafiel também tiveram mais de 400 ocorrências. Quatro concelhos (Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim e Trofa) tiveram menos de 100 ocorrências nesse ano.

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27

Fig. 6 – Número de ocorrências nos concelhos do distrito do Porto em 2001 Fonte: ICNF

Fig. 7 – Número de ocorrências nos concelhos do distrito do Porto em 2002 Fonte: ICNF

Fig. 8 – Número de ocorrências nos concelhos do distrito do Porto em 2003 Fonte: ICNF

Fig. 9 – Número de ocorrências nos concelhos do distrito do Porto em 2004 Fonte: ICNF

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28 O ano de 2005 foi, como 2004, um ano com um número elevado de ocorrências no distrito do Porto, por isso mais de metade dos concelhos tiveram mais de 400 ocorrências registadas, como se pode observar na figura 10. Paredes foi mais uma vez o concelho com maior número de ocorrências com mais de 1000.

Apenas os concelhos de Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim e Trofa tiveram menos de 200 ocorrências com o concelho do Porto a ser o único com menos de 100 registos.

No concelho de Valongo foram registadas 223 ocorrências ficando, assim, fora do grupo dos concelhos com número de ocorrências superior a 400.

Em 2006 (Fig. 11) o número de ocorrências no distrito do Porto voltou a descer significativamente ficando todos os concelhos abaixo das 600 ocorrências.

Vila Nova de Gaia e Paredes foram os distritos onde se registaram mais ocorrências com 576 e 563 ocorrências respetivamente.

Neste ano três concelhos tiveram menos de 100 ocorrências, Porto, Trofa e Valongo.

No ano 2007 o número de ocorrências voltou a descer no total do distrito e todos os concelhos tiveram menos de 400 ocorrências, como se pode verificar na figura 12.

Neste ano foi, como no anterior, no concelho de Vila Nova de Gaia onde houveram mais ocorrências com 380 seguido de perto pelos concelhos de Gondomar (371 ocorrências) e Penafiel (367).

Valongo foi dos concelhos com menor número de ocorrências, com menos de 100, assim como Porto, Póvoa de Varzim e Trofa.

Em 2008 o número de ocorrências foi o mais baixo registado no distrito do Porto entre 2001 e 2010. Deste modo todos os concelhos apresentaram valores inferiores a 300 ocorrências.

Gondomar foi o concelho que teve o maior número de ocorrências com 283. Logo a baixo ficaram os concelhos de Paredes, Penafiel e Vila Nova de Gaia que tiveram entre 200 e 250 ocorrências (Fig. 13).

Com menos de 100 ocorrências registadas ficaram seis concelhos, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Trofa, Matosinhos, Maia e Porto.

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29

Fig. 10 – Número de ocorrências nos concelhos do distrito do Porto em 2005 Fonte: ICNF

Fig. 11 – Número de ocorrências nos concelhos do distrito do Porto em 2006 Fonte: ICNF

Fig. 12 – Número de ocorrências nos concelhos do distrito do Porto em 2007 Fonte: ICNF

Fig. 13 – Número de ocorrências nos concelhos do distrito do Porto em 2008 Fonte: ICNF

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30 No ano 2009 o número de ocorrências foi bastante superior ao do ano anterior no distrito do Porto tendo a maioria dos concelhos registado um número de ocorrências acima de 400 como se pode verificar na figura 14.

Em Paredes, Penafiel e Marco de Canaveses registaram-se mais de 600 ocorrências sendo os concelhos com número de ocorrências mais elevado. Apenas cinco concelhos tiveram menos de 200 ocorrências nesse ano entre eles o concelho de Valongo onde foram registadas 170 ocorrências.

No ano seguinte (2010) o número de ocorrências no distrito do Porto teve uma ligeira descida e, por isso, apenas oito concelhos tiveram mais de 400 ocorrências (Fig. 15).

Os concelhos de Paredes e Penafiel foram os que tiveram maior número de ocorrências com mais de 600. Porto e Matosinhos tiveram menos de 100 ocorrências e foram, por isso, os concelhos com número mais baixo.

O concelho de Valongo, juntamente com Paços de Ferreira, Lousada, Baião e Vila do Conde, teve entre 200 e 400 ocorrências registadas nesse ano.

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Fig. 14 – Número de ocorrências nos concelhos do distrito do Porto em 2009

Fonte: ICNF

Fig. 15 – Número de ocorrências nos concelhos do distrito do Porto em 2010

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32

2. Focos de Incêndio

2.1. Causas de ignição

O ICNF divide as causas de ignição em cinco grandes categorias, mais uma de causas indeterminadas, como se verifica no Quadro V, que são o uso do fogo, causas acidentais, causas estruturais, incendiarismo, causas naturais e causas indeterminadas.

Nas causas por uso do fogo incluem-se a queima de lixo, as queimadas, o lançamento de foguetes, as fogueiras, os fumadores que lançam as pontas incandescentes para o solo, o uso de fogo por apicultores e as chaminés que dispersão faúlhas ou outros materiais incandescentes.

Como causas acidentais são contabilizadas as ignições provocadas pelos transportes e comunicações (como por exemplo os incêndios provocados pelas linhas elétricas, tubos de escape, acidentes de viação), pela maquinaria e equipamentos de uso específico nas atividades agrícolas ou por outras causas menos comuns como a utilização de explosivos em usos civis, disparos de caçadores, exercícios militares (Fot. 4).

Fot. 4 – Incêndio em automóvel perto de um espaço florestal em Valongo

(45)

33 As causas estruturais englobam a caça e vida selvagem, ou seja, causas com origem em comportamentos e atitudes reativas aos condicionamentos dos sistemas de gestão agroflorestais, o uso do solo, que é entendido como as causas com origem em conflitos relacionados com o uso do solo, a defesa contra incêndios cujo incêndio tem origem na atividade de deteção, proteção e combate aos incêndios florestais, e ainda outras causas estruturais.

O incendiarismo divide-se em causas inimputáveis e imputáveis. As causas inimputáveis são situações em que há ausência de dolo como é o caso das brincadeiras de crianças que dão origem a ignições, da irresponsabilidade de menores ou da piromania. As causas imputáveis são consideradas situações de dolo como é o exemplo do fogo posto com o intuito de desviar as atenções, provocação aos meios de combate, conflitos entre vizinhos, vinganças ou vandalismo.

Como causas naturais o ICNF considera as descargas elétricas com origem em trovoadas.

Por fim as causas indeterminadas em que há ausência de elementos objetivos suficientes para a determinação da causa. Isto pode resultar da indeterminação da prova material, da indeterminação da prova pessoal ou da indeterminação por lacuna na informação ou ainda pela não investigação das causas.

Para Galante (2005) as causas de ignição dos incêndios florestais podem ser naturais, negligentes, intencionais ou desconhecidas. Uma ignição é considerada como causa natural quando resulta de descargas elétricas provocadas pela trovoada. As causas são negligentes quando a ignição ocorre devido ao comportamento negligente do uso do fogo, como é frequente acontecer como o uso do fogo para a agricultura ou pastorícia. As ignições por causas negligentes podem ocorrer também associadas a brincadeiras de crianças, queima de lixos, lançamento de foguetes, cigarros, entre outros. Quando por detrás da ignição existe uma motivação para o ato o fogo é encarado como “fogo-posto” sendo a causa considerada intencional. As causas desconhecidas podem resultar da falta de investigação do incêndio ou da impossibilidade da sua determinação por falta de provas materiais ou pessoais.

Lourenço et al. (2012) utilizou a classificação do ICNF como referência, agrupando as causas em seis categorias, sendo elas o uso do fogo (inclui os incêndios provocados pela queima de lixo, queimadas, lançamento de foguetes, fogueiras, fumar, apicultura e chaminés), causas acidentais (engloba os transportes e comunicações e a maquinaria e equipamentos entre outras causas), causas estruturais (compreende os

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34 incêndios causados pela caça e vida selvagem, uso do solo, defesa contra incêndios e ainda outras causas), incendiarismo (inclui as causas inimputáveis e imputáveis), causas naturais (onde se consideram apenas os incêndios provocados por raios) e causas indeterminadas. Embora não seja mencionado pelo ICNF, o reacendimento foi considerado pelos autores como elemento secundário.

Segundo a Proposta Técnica para o Plano Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios (PNDFCI), realizada entre 2004 e 2005, mais de 97% das ignições em Portugal eram de origem humana, podendo tratar-se de ignorância, incompetência, negligência, dolo ou crime preconcebido. Este valor traduz “a existência de conflitos e tensões sociais e económicas nos territórios agroflorestais associados ao ordenamento do território e as suas políticas e o incorreto uso do fogo”.

Quadro V – Codificação e definição das categorias das causas de incêndios florestais

CODIFICAÇÃO E DEFINIÇÃO DAS CATEGORIAS DAS CAUSAS

A classificação da causalidade dos incêndios florestais assume uma estrutura hierárquica de três níveis, identificando-se cada causa específica com três algarismos:

primeiro algarismo – identifica uma das seis categorias de causas.

segundo algarismo – descrimina as causas do nível anterior, identificando-as em grupos e descriminando atividades específicas.

terceiro algarismo – divide em subgrupos as atividades e descrimina comportamentos e atitudes específicas.

1 USO DO FOGO

11 Queima de lixo Destruição de lixos pelo fogo.

111 Autárquica Uso do fogo com origem em lixeiras autárquicas, com ou sem intervenção humana na fase de ignição.

112 Indústria Uso do fogo para destruição de resíduos industriais.

113 Comércio Uso do fogo para destruição de lixos provenientes de atividades comerciais, como por exemplo resíduos de feirantes, etc. 114 Atividades

clandestinas

Queima de lixos e entulhos acumulados em locais não permitidos. Por vezes, a queima nem é provocada pelo responsável pela acumulação do material.

115 Núcleos habitacionais permanentes

Queima de lixos resultantes da atividade doméstica (releixo). 116 Núcleos habitacionais

temporários associados ao recreio

Destruição de lixos por queima com origem em de zonas

temporariamente frequentadas, como por exemplo parques de lazer, parques de merendas, campismo, etc.

12 Queimadas Queima pelo fogo de combustíveis agrícolas e florestais.

121 Limpeza do solo agrícola

Queima de combustíveis agrícolas de forma extensiva, como é o caso do restolho, panasco, etc..

122 Limpeza do solo florestal

Queima de combustíveis florestais empilhados ou de forma extensiva, como restos de cortes e preparação de terrenos.

123 Limpeza de áreas urbanizadas

Queima de combustíveis empilhados ou de forma extensiva, para limpeza de áreas urbanas e urbanizáveis.

124 Borralheiras Queima de restos da agricultura e matos confinantes, após corte e ajuntamento.

125 Renovação de pastagens

Queima periódica de matos e herbáceas com o objetivo de melhorar as qualidades forrageiras das pastagens naturais.

Imagem

Fot. 1 – Incêndio florestal na Serra de Santa Justa em Valongo
Fot. 2 – Exercício de fogo controlado na freguesia de Valongo
Fig. 1 – Tipos de propagação de incêndios florestais através dos combustíveis
Fot. 3 – Fogacho na freguesia de Valongo com área ardida inferior a 1 hectare
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Referências

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