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2. Focos de Incêndio

2.2. Tipos de ignição

A ignição pode ser definida como o “aparecimento da primeira chama, após a absorção da energia de ativação pelo material combustível” (ANPC).

A ignição pode acontecer através da primeira ignição, do reacendimento, da projeção ou da reativação.

Entende-se como primeira ignição o início do incêndio, isto é, a primeira chama que aparece num determinado local e que origina o incêndio. A ignição acontece após a absorção da energia de ativação pelo material combustível (ANPC). A temperatura influencia a ignição pois se for elevada e o ar quente e seco os combustíveis secam mais depressa facilitando a ignição. A precipitação e a humidade têm influência porque a presença de água dificulta a ignição (Oliveira, 2006).

Após o incêndio ser considerado extinto pode acontecer um reacendimento, ou seja, o incêndio pode reacender e continuar a queimar o material combustível restante, sendo encarado como parte integrante do incêndio principal (Carvalho e Lopes 2001).

Para a ANPC o reacendimento é entendido como o “conjunto de decisões e ações após a catástrofe, destinadas a restabelecer as condições de vida existentes anteriormente à afetação da comunidade” incluindo ao mesmo tempo “a implementação das mudanças necessárias à redução dos riscos”.

A projeção acontece quando há ignição noutro local provocado pelo incêndio principal. Isto acontece quando materiais incandescentes são projetados ou se deslocam para outros pontos (Lourenço et al., 2006). Durante um incêndio pode ocorrer o transporte aerodinâmico de partículas incandescentes que, se aterrarem num leito de combustível com boas condições de inflamabilidade, podem dar origem a novos focos de incêndio, provocando novas ignições. O aparecimento destes novos focos de incêndio dá-se frequentemente quando os meios de combate estão concentrados num determinado local em torno de um incêndio florestal e se não forem rapidamente combatidos podem dar origem a grandes frentes que podem até ser de dimensão superior às que lhes deram origem (Almeida, 2011).

1 A maioria dos autores usa indiscriminadamente os termos ignição e deflagração. A ignição é entendida

como o aparecimento da primeira chama, após a absorção da energia de ativação pelo material combustível (ANPC) e a deflagração é a combustão ativa com chama, ruído mais ou menos intenso e grande desenvolvimento de calor (www.infopédia.pt).

40 Quando a intensidade de uma linha aumenta no período de um incêndio antes deste ter sido considerado extinto pelo Comandante das Operações de Socorro diz-se que há reativação (ANPC).

De forma a garantir que não aconteça a reativação do incêndio deve ser eliminada toda a combustão viva e ser isolado o material que ainda se encontre em combustão lenta, a esta ação dá-se o nome de fase de rescaldo (Fot. 5). São utilizados para este fim prioritariamente ferramentas manuais, tratores agrícolas e máquinas de rasto (Comando Nacional de Operações de Socorro, 2012).

Fot. 5 – Fase de rescaldo de um incêndio na freguesia de Valongo

Fonte: Autoria própria

O tipo de ignição também pode ser definido pela sua causa. Deste modo a ignição pode ser do tipo natural se tiver causas naturais ou humana se tiver origem em causas humanas.

A ignição natural é originada por relâmpagos durante as trovoadas e estima-se que representa 5% das ocorrências em Portugal. A ignição humana tem origem na ação do homem através do uso do fogo, de acidentes, de causas estruturais e do incendiarismo e representa em Portugal 95% das ocorrências (AgroPortal).

Se uma ignição acontece no período da noite é considerada uma ignição noturna e se ocorre no período do dia é uma ignição diurna. Segundo Almeida (2012) nos

41 últimos dez anos a percentagem média de ocorrências noturnas em Portugal foi superior no norte do país e no ano 2012 a tendência manteve-se.

Existem vários tipos de dispositivos e técnicas utilizados nas ignições como o lançamento de foguetes, as bombas, as fogueiras, a queima de lixo, os cigarros deitados para o chão, o fogo posto associado a conflitos de caça e vida selvagem. Segundo Bento-Gonçalves (2006) existem padrões regionais nas causas negligentes de ignição de incêndios. Enquanto nos distritos do norte o lançamento de foguetes é um problema, no distrito de Faro predominam as fogueiras e no distrito de Portalegre sobressaem as operações de apicultura. Nos distritos de Viana do Castelo, Braga, Vila Real e Bragança o fogo posto associado a conflitos de caça e vida selvagem tem um peso significativo nas causas intencionais.

Quadro VI – Conceitos e definições relacionados com o Tipo de Ignição

Conceito Definição Fonte

Ignição

Aparecimento da primeira chama, após a absorção da energia de ativação pelo material combustível.

Autoridade Nacional de Protecção Civil

Deflagração

Combustão ativa com chama, ruído mais ou menos intenso e grande desenvolvimento de calor

www.infopédia.pt

Primeira ignição

Início do incêndio, isto é, a primeira chama que aparece num determinado local e que origina o incêndio.

Reacendimento

Conjunto de decisões e acções após a catástrofe, destinadas a restabelecer as condições de vida existentes anteriormente à afectação da comunidade. Em simultâneo inclui a implementação das mudanças necessárias à redução dos riscos.

Autoridade Nacional de Protecção Civil

Projeção

Acontece quando há ignição noutro local provocado pelo incêndio principal. Isto acontece quando materiais incandescentes são projetados ou se deslocam para outros pontos.

Lourenço et al., 2006

42 perímetro de um incêndio, durante as

operações e antes deste ser considerado extinto, pelo Comandante das Operações de Socorro.

Protecção Civil

Ignição natural Originada por relâmpagos durante as

trovoadas. AgroPortal

Ignição humana

Tem origem na ação do homem através do uso do fogo, de acidentes, de causas estruturais e do incendiarismo

AgroPortal

Ignição noturna Ignição que acontece no período da noite Ignição diurna Ignição que acontece no período do dia

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