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Academic year: 2021

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APRESENTAÇÃO

CASA DA PEDRA: LOCAL DE

ENCONTRO DAS

GEOCIÊNCIAS

Por Ismar Carvalho

PROJETO PALEO JR:

INCENTIVANDO SONHOS E

FOMENTANDO O FUTURO DA

PALEONTOLOGIA BRASILEIRA

Por Dimila Mothé & Alline Rotti

COMEMORAÇÃO DO DIA

DO PALEONTÓLOGO - RJ

Por Elaine Machado

DIÁRIO DE UM

PALEONTÓLOGO

Nº 16, jan-mar de 2017

ISSN 2318-7298

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Paleonotícias On-line nº 16 Jan-Mar de 2017

ISSN 2318-7298

Rio de Janeiro

Núcleo RJ/ES

Sociedade Brasileira de Paleontologia Biênio 2015-2017

Corpo Editorial Valéria Gallo

UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro Alexander Kellner

Museu Nacional- Universidade Federal do Rio de Janeiro Luzia Antonioli

UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro André Pinheiro

FFP/UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro Taissa Rodrigues

UFES - Universidade Federal do Espírito Santo Elaine Machado

Museu Nacional- Universidade Federal do Rio de Janeiro Edição e Diagramação

Márcia A. dos Reis Polck

DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral Com colaboração de:

Rafael Costa da Silva CPRM- Serviço Geológico do Brasil E-mail: nucleo.sbp.rjes@gmail.com

SUMÁRIO

EXPEDIENTE

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APRESENTAÇÃO

CASA DA PEDRA: LOCAL DE

ENCONTRO DAS

GEOCIÊNCIAS

Por Ismar Carvalho

PROJETO PALEO JR:

INCENTIVANDO SONHOS E

FOMENTANDO UM FUTURO

DA PALEONTOLOGIA

BRASILEIRA

Por Dimila Mothé & Alline Rotti

Machado

COMEMORAÇÃO DO DIA

DO PALEONTÓLOGO - RJ

Por Elaine Machado

DIÁRIO DE UM

PALEONTÓLOGO

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NÚCLEO SBP RJ/ES NÚCLEO SBP RJ/ES No Brasil: X Simpósio Sul-Brasileiro de Geologia 04 a 07 de Junho de 2017 Curitiba - PR https://www.10ssbg.org/

XXV EBRAM e III Simpósio Latino -Americano de Jovens Taxonomistas 19 a 23 de Junho de 2017 Mossoró - RN http://ebram2017.ufersa.edu.br/ XXV Congresso Brasileiro de Paleontologia 17 a 21 de Julho de 2017 Ribeirão Preto - SP http://www.sbpbrasil.org/cbp2017/pt

XV Simpósio de Geologia do Centro-Oeste

03 a 06 de Setembro de 2017 Goiania - GO

http://www.15sgco.com.br/p/principal.html

IV Simpósio Brasileiro de Patrimônio Geológico e II Encontro

Luso-Brasileiro de Patrimônio Geomorfológico e Geoconservação 09 a 14 de Outubro de 2017 Ponta Grossa - PR https://www.4sbpg.com/ Geosudeste 28 a 31 de Outubro de 2017 Diamantina - MG http://geosudeste.com.br/ No Exterior:

77th Annual Meeting of the Society of Vertebrate Paleontology 23 a 26 de Agosto de 2017 Calgary, Canadá http://vertpaleo.org/Annual-Meeting/Annual-Meeting-home.aspx

EVENTOS

APRESENTAÇÃO

Por Valéria Gallo

UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Queridos colegas paleontólogos,

Saindo do forno a 16ª edição do Boletim Paleonotícias Online.

Neste número, o Prof. Dr. Ismar Carvalho (Instituto de Geociências/UFRJ) apresenta-nos em detalhes a “Casa da Pedra”, um polo de referência do Instituto de Geociências da UFRJ em Inhumas, município de Santana do Cariri, Estado do Ceará. Este espaço vem proporcionando um excelente apoio logístico para estudantes e pesquisadores de um modo geral, bem como se tornou um espaço de convivência e aproximação com a população da cidade. É indiscutível a importância da região para a Paleontologia do Brasil, do ponto de vista científico, mas também econômico e turístico, o que fortalecerá ainda mais as questões relacionadas à Geoconservação.

Em seguida, a Dra. Dimila Mothé e a graduanda Alline Rotti (ambas da UNIRIO) relatam a implementação do Projeto PaleoJr, pelo Laboratório de Mastozoologia da UNIRIO, sob a coordenação do Prof. Dr. Leonardo Avilla, com colaboração das duas pesquisadoras. O título do projeto já fala por si só: levar o fascinante mundo da Paleontologia aos pequenos, e quem sabe, futuros paleontólogos! Isto tudo realizado de forma lúdica, porém didática, com diversas atividades propostas pela competente equipe.

Ainda nesta edição, a Dra. Elaine Machado (Universidade Estácio de Sá/RJ e Museu Nacional/UFRJ) fala do nosso dia, o Dia do Paleontólogo, comemorado no dia 07 de março na Universidade Estácio de Sá (RJ), evento do qual foi uma das organizadoras. A tarde foi brindada com diversas e interessantes atividades, com destaque para a mesa redonda que abordou um tema não muito agradável, porém bastante atual, sobretudo no Rio de Janeiro: “A paleontologia em tempos de crise”. O debate contou com a participação do Dr. Alexander Kellner (Museu Nacional/UFRJ), Dra. Valéria Gallo (UERJ), Dr. Diogenes de Almeida Campos (DNPM/CPRM), Dr. André E. P. Pinheiro (UERJ) e Dra. Maria Antonieta Rodrigues (UERJ), que, ao final, apesar de todas as dificuldades enfrentadas, deixaram uma mensagem otimista.

Na coluna “Diário de um Paleontólogo”, o Dr. Rafael Costa da Silva (Serviço Geológico do Brasil/CPRM), faz um trocadilho com um dos extintos programas do CNPq e fala sobre a “Ciência com fronteiras”. Mais uma vez, o tema “crise” em um país para o qual, infelizmente, educação, ciência e tecnologia não são prioritárias.

Até a próxima edição!

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Por Ismar Carvalho

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

Se existe um local comum no imaginário dos paleontólogos, certamente passa pelo sertão do Nordeste brasileiro. A abundância de fósseis, a e x c e p c i o n a l q u a l i d a d e d o s a s p e c t o s preservacionais e a acessibilidade aos afloramentos fazem com que a Bacia do Araripe seja uma região privilegiada para o treinamento de novos paleontólogos e o desenvolvimento de pesquisas voltadas para o entendimento da diversidade da biota cretácica no contexto gondwânico.

Porém, em todo o entorno do Araripe, outras áreas sedimentares como as bacias do Rio do Peixe, as sucessões carbonáticas de Cedro e o embasamento da Província Borborema são excelentes elementos para a formação de geocientistas. Este foi o princípio que norteou o projeto do Instituto de Geociências da UFRJ em estabelecer uma área de acolhimento de seus alunos de graduação e pós-graduação e o desenvolvimento de atividades extensionistas no município de Santana do Cariri, Estado do Ceará.

CASA DA PEDRA: LOCAL DE

ENCONTRO DAS GEOCIÊNCIAS

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NÚCLEO SBP RJ/ES

Nosso projeto educacional tomou como base outras experiências já bem sucedidas como a Casa da Glória (antigo Instituto Eschwege, sob administração atual da UFMG) e o Nupem (UFRJ – Macaé) que mantém centros de acolhimento de estudantes e pesquisadores, possibilitando ações voltadas para a qualificação profissional. Nasceu assim, a Casa da Pedra, pólo de referência do Instituto de Geociências da UFRJ em Inhumas, Santana do Cariri. A proposta inicial consolidou-se através de uma parceria com a Prefeitura de Santana do Cariri, CNPq, FAPERJ, ANP-PRH e ABGP, com o apoio do Geopark Araripe (URCA) que viabilizaram a construção de um espaço voltado para a educação pela pedra. Trata-se de uma ação destinada principalmente para o cumprimento da função social de nossa universidade, como um espaço de reflexão para as questões das mudanças ambientais – climáticas globais, possibilidades de uso de energias alternativas como a eólica e a solar e uma área para a reflexão sobre a sustentabilidade.

Assim, esta proposta, inserida num contexto bastante complexo, tem por objetivo criar apoio logístico na região e, ao mesmo tempo, proporcionar uma aproximação com a população através de um espaço de convivência. Com isso, os alunos da UFRJ poderão vivenciar e conhecer

Nº 16, Jan-Mar de 2017

um novo ambiente, distinto de sua realidade, conciliando pesquisa científica, trabalho social e incentivo à geoconservação.

Este espaço está fundamentado sob três pilares - espaço, tempo e cultura - e, através dele, é possível perceber a importância da pedra para a economia, o turismo e a identidade de um povo. Assim, a geoconservação tem destaque. O local é repleto de identidade territorial e esta se mescla com a população que ali vive, possibilitando experiências educacionais únicas, abrangendo tanto o entendimento das transformações ambientais e da diversidade da vida no transcorrer do tempo geológico, como a construção de uma cidadania crítica, voltada para o entendimento da própria identidade brasileira.

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Foto de André Pinheiro

A Casa da Pedra tem também grande relevância social para a vida de alunos, professores e moradores do Cariri. O conhecimento construído por essa experiência poderá ser usado como um instrumento para que cada um dos atores envolvidos pense o seu estar no mundo e sua relação com o patrimônio natural da região. O saber, enquanto bem socialmente produzido, é vital para a inserção social de cada cidadão, permitindo atuar sobre a realidade de forma crítica e construtiva.

Um dos pontos centrais deste projeto é que seu cunho pedagógico integre diferentes segmentos sociais através da conscientização do significado cultural, econômico, ambiental e social deste patrimônio, ajudando a divulgar a área, seu potencial e as atividades que ali podem ser desenvolvidas. A Pedra Cariri faz parte da vida da população da região e seu conhecimento sobre ela deve ser valorizado. Por isso, a concretização desse espaço compreende também um projeto sócio educacional, visando à apropriação desse conjunto de bens de valor geológico e paleontológico pela comunidade local, através de atividades de extensão que permitam construir uma perspectiva sustentável em relação a esse patrimônio.

A Casa da Pedra é um instrumento educativo de grande importância social para o ensino nas áreas de conhecimento envolvidas e para popularização da ciência entre o público em geral. A construção de fortes elos entre a comunidade, pesquisadores, professores e alunos permite que todos se sintam como co-responsáveis por essa riqueza, atuando no fortalecimento de identidades coletivas e da cidadania.

No momento trabalhamos para a ampliação de nossas ações, sendo que brevemente teremos a instalação de uma base meteorológica para a medição de materiais particulados na atmosfera – o que possibilitará também o treinamento de meteorologistas e a coleta de dados inéditos sobre a qualidade do ar numa área de sertão.

O espaço encontra-se aberto a toda a comunidade, e até o momento disponibilizamos o local para a UFPe, UFC, UFPi, UFCa, Geopark Araripe (URCA). A Casa da Pedra, conta com 13 apartamentos, com possibilidade de ocupação total de 60 leitos, além de uma casa principal com cozinha, banheiros e um redário. Sejam todos bem-vindos e acolhidos neste projeto que consideramos como um bem comum de todos os que acreditam na educação e no desenvolvimento da pesquisa científica em nosso país.

P a r a m a i o r e s i n f o r m a ç õ e s :

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NÚCLEO SBP RJ/ES

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Exposição: “Ferro: moldando a natureza” trabalho de reflexão sobre a sustentabilidade do artista Luciano Andrade

Curso de treinamento de professores da rede pública em parceria com a URCA

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Por Dimila Mothé & Alline Rotti

UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

O primeiro passo foi dado por Eduardo, um menino de cinco anos muito apaixonado por Jurassic Park e paleontologia, e por sua mãe, que contactou o Núcleo RJ/ES com um pedido inegável: uma conversa entre um paleontólogo do Rio de Janeiro e Eduardo, que tinha muitas perguntas sobre a paleontologia e os dinossauros! Frente a um pedido tão sincero, como não mostrar um pouquinho da Paleontologia para uma criança tão interessada? Assim, elaborou-se o Projeto Paleo Jr, dirigido pelo Laboratório de Mastozoologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, coordenado pelo Dr. Leonardo Avilla, com colaboração da Dra. Dimila Mothé, e graduanda Alline Rotti.

Apesar do curto tempo entre o primeiro contato e o grande dia, organizou-se uma série de atividades sobre Paleontologia voltada para crianças em torno de cinco anos de idade. Contou-se com a colaboração dos alunos do Laboratório de Mastozoologia na organização e produção das atividades (que envolveu planejamento e execução de pesquisa, trabalho artesanal, montagem da programação, confecção de uniformes e dos “kits paleontólogo”), do paleoartista equatoriano Pablo Lara, criador do logotipo desse projeto (uma ilustração de um filhote do mastodonte Notiomastodon platensis com uma lupa e chapéu de paleontólogo), além do suporte da FAPERJ através da bolsa "Cientista do Nosso Estado”.

Projeto PaleoJr:

incentivando sonhos e fomentando o futuro da Paleontologia Brasileira

Foto Sandra de Souza

O Projeto PaleoJr teve como objetivo apresentar, em uma linguagem lúdica e didática, o que faz um paleontólogo (ou como um dos Paleontólogos Jr se intitula: “Opólogo”), apresentando conceitos comuns aos estudos de organismos fósseis para as crianças participantes, tais como tempo geológico, fossilização e extinção. Foram conduzidas diversas atividades, como apresentação do tempo geológico, feita por uma enorme linha do tempo interativa (cerca de 40m de linha do tempo, onde os participantes caminhavam “sobre o tempo” aprendendo sobre vulcões, o início da vida na Terra, os primeiros animais, os amados dinossauros, os mamíferos da Era do Gelo, chegando aos dias modernos), o que são os fósseis e como eles se formam (que incluiu um grande quebra-cabeças sobre o processo de fossilização), o que um paleontólogo faz (momento em que cada participante ganhou um "kit paleontólogo”, com bolsa, pá, pincel e

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NÚCLEO SBP RJ/ES

peneira), e o grand finale: a caça aos fósseis (em uma piscina de areia lavada com os “fósseis” - modelados a partir de esqueletos em mdf e porcelana fria - prontos para serem descobertos)!

Não é preciso dizer que encontrar o seu primeiro dinossauro (mesmo que réplica) foi o ápice do dia para as crianças participantes do Projeto PaleoJr, Eduardo e Caio, que ficaram extasiados com a experiência! Além disso, foi um momento extremamente gratificante e comovente para o Laboratório de Mastozoologia, colaborar com o aprendizado de crianças de cinco anos, tão interessadas no conteúdo apresentado, sabendo até diferenciar um dinossauro herbívoro de um carnívoro pela anatomia (pegada e forma dos membros)!

Visto o sucesso desta experiência piloto, a proposta agora em diante é dar prosseguimento ao Projeto, aprimorando as atividades e as expandindo para outras faixas etárias, como forma de incentivar o conhecimento e a paixão dos futuros paleontólogos brasileiros!

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Por Elaine Machado

Universidade Estácio de Sá/RJ e Museu Nacional/UFRJ

No dia 07 de março comemoramos o dia do paleontólogo na Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro. A primeira vez que este evento foi realizado em uma instituição privada. O evento teve a partição total de 86 pessoas, contamos com um público variado, desde alunos recém ingressados na graduação, passando por alunos que já fazem estágio na área, até mesmo pesquisadores renomados.

A tarde foi bem produtiva, tendo iniciado com apresentações de poemas geológicos pelo grupo GEOTALES (UNIRIO). Posteriormente tivemos uma mesa redonda intitulada “A paleontologia em tempos de crise”, contando com a participação dos pesquisadores Dr. Alexander Kellner (Museu Nacional/UFRJ), Dra. Valéria Gallo (UERJ), Dr. Diogenes de Almeida Campos (DNPM/CPRM), Dr. André E. P. Pinheiro (UERJ) e Dra. Maria Antonieta Rodrigues (UERJ). Entre os temas debatidos, os principais foram: o estado da UERJ, dificuldades em recebimento de verbas para projetos, e apoio à reativação das visitas ao parque paleontológico de Itaboraí.

Comemoração do

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Tivemos também a palestra da Dra. Geise S. A. Zerfass (PETROBRAS) sobre os microfósseis na indústria do petróleo. A Dra. Elaine B. Machado (Estácio/ Museu Nacional) também apresentou as novas formas de comunicação e divulgação na paleontologia. Encerrando as apresentações, o paleoartista Paulo Márcio Esper abordou o tema da infografia com uma visão para a biologia e paleontologia. Ao final, um jantar de comemoração foi realizado, onde além de celebrar o dia, os pesquisadores puderam discutir suas experiências organizando eventos.

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NÚCLEO SBP RJ/ES

Este evento foi de grande importância para os alunos de graduação, que tiveram a oportunidade de entrar em contato com pesquisadores da área, e aprender um pouco mais. Além disto, os pesquisadores de diversas instituições puderam desfrutar de um tarde de palestras e discussões sobre temas atuais que afetam as pesquisas.

Agradeço a participação de todos os presentes no evento, e novamente parabenizo a todos os paleontólogos e futuros paleontólogos pelo nosso dia.

Comissão Organizadora

Dia do Paleontólogo – RJ - 2017

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DIÁRIO DE UM PALEONTÓLOGO

Ciência com fronteiras

Por Rafael Costa da Silva

Serviço Geológico do Brasil – CPRM

Vivemos em tempos estranhos. Nunca gostei muito de novelas televisivas, não pelas atuações medianas ou enredos enfadonhos, mas por falta de paciência em seguir assiduamente os capítulos. Da mesma forma, tenho tentado em vão seguir a nada enfadonha política brasileira e cada vez mais me parece que os capítulos mais importantes ainda estão fora das manchetes. Sem querer adentrar nestas questões, um fato é inegável: sobrou pouco dinheiro para a ciência, e ao que tudo indica esse será o cenário dos próximos anos. Isso é novidade para os que adentraram ao mundo da Paleontologia nos últimos dez ou quinze anos, mas de uma certa forma é um deja vu para os que se formaram em décadas anteriores.

Fiz faculdade no final da década de 90, quando o orçamento destinado à pesquisa e educação era precário. Lembro de professores que ficaram anos sem reajuste nos salários, da raridade de bolsas e da inexistência de concursos. No cenário atual, em que vemos a desesperadora situação da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, nos perguntamos onde isso vai chegar.

Dizem que a história é cíclica, mas ela não se repete da mesma forma. Nem o melhor cientista político poderia prever como estará o Brasil nos próximos meses ou anos. Da mesma forma, é imprevisível o impacto que a crise atual produzirá na ciência, em especial nas áreas mais dependentes de tecnologia. Como será que vamos lidar com cortes de recursos e ao mesmo tempo manter a qualidade da pesquisa científica?

Nos acostumamos a viver com uma tecnologia impensável há apenas duas décadas, e muitos não conseguem sair de casa sem o celular (já eu sou tão arcaico que ainda jogo campo minado no smartphone). Isso também vale para a forma como fazemos ciência atualmente, e resultados incríveis tem sido alcançados em Paleontologia com a popularização de equipamentos e técnicas antes inacessíveis. Microscópios eletrônicos de varredura, que até pouco tempo eram objetos misteriosos, tem se tornado corriqueiros em diversas áreas de pesquisa. Hoje é possível estudar o interior de fósseis, até mesmo sem tirá-los da rocha, com tomógrafos dos mais variados tipos, que possibilitam construir modelos digitais tridimensionais, que por sua vez podem ser reconstruídos em impressoras 3D, ufa! No campo, tablets e computadores integrados a sistemas de localização de alta precisão permitem saber em tempo real onde estamos sobre uma foto de satélite ou mapa geológico. Afloramentos inteiros podem ser digitalizados com complexos sistemas

laser ou com câmeras fotográficas digitais

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NÚCLEO SBP RJ/ES

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Toda essa tecnologia tem um custo, não só na aquisição como na manutenção, e isso constitui a base de muitos projetos de pesquisa. Tudo bem que, como brasileiros, estamos acostumados a trabalhar com restrições orçamentárias, mas talvez a escala atual seja de uma magnitude que afete esse desenvolvimento tecnológico. Sendo objetivo, o que realmente p r e c i s a m o s p a ra f a z e r o m í n i m o e m Paleontologia?

William Smith (1769-1839) mapeou a Inglaterra inteira basicamente com uma bússola e um martelo (e possivelmente uma caderneta, lápis e um lanchinho pro almoço). Por incrível que pareça, uma parte enorme do nosso trabalho ainda é feita com mais ou menos isso. Os itens mais essenciais como coletar fósseis, levantar seções, tirar medidas e anotar características básicas são feitos com instrumentos simples. O básico da preparação e estudo de fósseis também demanda pouca tecnologia, com exceção talvez ao uso de microscópios, essenciais em determinadas áreas.

Claro que o acesso a técnicas modernas permite chegar a resultados muito mais avançados, ou mais rapidamente, mas é i m p o r t a n t e p a r a q u e m t r a b a l h a c o m Paleontologia dominar as técnicas mais básicas da área sem depender totalmente de elementos tecnológicos. Por mais que a tecnologia avance, um martelo sempre será mais barato que um tomógrafo.

Obviamente, não podemos nos comparar a William Smith em todos os aspectos. Hoje atuamos com uma carga conceitual complexa,

atendendo a necessidades completamente diferentes. O conhecimento é a ferramenta mais importante que temos, através da qual vamos embasar e desenvolver todo o nosso estudo, e essa ferramenta mudou muito desde então.

A questão pode parecer meio óbvia, mas o fato que já vi alunos desenvolvendo projetos altamente dependentes de tecnologia sem ter p a s s a d o a d e q u a d a m e n t e , o u m e s m o minimamente, pelo aprendizado básico de Paleontologia. Me preocupa pensar o que farão quando estiverem por conta própria, sem os recursos dos orientadores, no duro ambiente do mercado de trabalho.

Há também um outro lado da história. Em todo o mundo, ciência é feita com grandes somas de dinheiro, embora nunca tão grandes quanto os pesquisadores desejariam. Nós, brasileiros, acabamos nos acostumando a fazer as coisas sem os recursos adequados, sempre dando jeitinho em tudo, fazendo gambiarras aqui e ali. Com isso, nossos gestores percebem que podemos fazer muita coisa sem recursos e não se preocupam em liberar mais. É um círculo vicioso.

Um exemplo claro foi a recente extinção do programa Ciência sem Fronteiras, que apesar de todos os problemas permitia aos nossos estudantes ao menos um vislumbre da realidade fora do país. Ao invés de resolver os problemas e aprimorar o programa, resolveu-se cortá-lo por inteiro. Esse é o problema de um país que vê educação e ciência como um custo e não como investimento.

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Núcleo RJ/ES

Sociedade Brasileira de Paleontologia Biênio 2015-2017

Presidente

Valéria Gallo

UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro Vice-presidente

Alexander Kellner

Museu Nacional - Universidade Federal do Rio de Janeiro

1ª Secretária

Luzia Antonioli

UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro 2º Secretário

André Pinheiro

FFP/UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

1ª Tesoureira

Taissa Rodrigues

UFES - Universidade Federal do Espírito Santo 2ª Tesoureira

Elaine Machado

Museu Nacional - Universidade Federal do Rio de Janeiro

Diretora de Publicações

Márcia A. dos Reis Polck

DNPM - Departamento Nacional de Produção Foto de Dimila Mothé

Exposição: “Ferro: moldando a natureza”

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