AI-34D Instrumentação Industrial
Física
Mecânica dos Fluidos
Prof
aDaniele Toniolo Dias F. Rosa
http://paginapessoal.utfpr.edu.br/danieletdiasdanieletdias@utfpr.edu.br
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Tecnologia em Automação IndustrialSumário
• Dinâmica dos Fluidos
• Característica do Escoamento
• Linhas de corrente e equação da continuidade
dos fluidos
• Princípio de Bernoulli
• Aplicações
• Até agora, nosso estudo dos fluidos foi restrito a
fluidos em repouso (estática dos fluidos).
• Agora voltaremos a atenção para a dinâmica dos
fluidos, isto é, o estudo dos fluidos em movimento.
• Em vez de tentar estudar o movimento de cada
partícula do fluido em função do tempo,
descrevemos as propriedades do fluido como um
todo.
Característica do Escoamento
• O escoamento é dito constante ou laminar se cada
partícula do fluido seguir uma trajetória suave, de
modo que as trajetórias diferentes das partículas
nunca se cruzem.
• Assim no escoamento laminar, a velocidade do
fluido em qualquer ponto permanece constante no
tempo
• Acima de uma determinada velocidade crítica o escoamento do fluido torna-se turbulento.
• O escoamento turbulento é um escoamento irregular caracterizado por regiões de pequenos redemoinhos. • Por exemplo, o escoamento da água em um rio
torna-se turbulento nas regiões onde torna-se encontram rochas e outras obstruções, frequentemente formando
• O termo viscosidade geralmente é utilizado no
escoamento de fluidos para caracterizar o grau de atrito interno do fluido.
• Este atrito interno, ou força viscosa, está associado à resistência que duas camadas adjacentes do fluido opõem ao movimento relativo entre elas.
• Como a viscosidade representa uma força não
conservativa, parte da energia cinética de um fluido é convertida em energia interna quando camadas do fluido deslizam umas sobre as outras.
• Isso é similar ao mecanismo pelo qual um corpo que desliza em uma superfície horizontal áspera
experimenta uma transformação da energia cinética em energia interna.
• Devido a complexidade de um fluido real, consideraremos o comportamento de um fluido ideal e as seguintes
suposições:
• 1. Fluido não viscoso. O atrito interno é negligenciado. Um objeto que se move através do fluido não sofre força
viscosa.
• 2. Fluido incompressível. A densidade do fluido é considerada constante independente da pressão.
• 3. Escoamento laminar. Supomos que a velocidade do fluido em cada ponto permanece constante.
• 4. Escoamento irrotacional. No fluxo irrotacional, o fluido não tem momento angular em nenhum ponto. Se uma
pequena roda de pá colocada em qualquer lugar do fluido não girar sobre seu centro de massa da roda, então o fluxo é irrotacional.
• A trajetória percorrida por uma partícula de fluido em escoamento laminar é
chamada de linha de corrente.
• A velocidade da partícula é
sempre tangente à linha de corrente.
Linhas de corrente e a equação da
continuidade para fluidos
• Duas linhas de corrente não podem cruzar-se porque, se isso acontecesse, uma partícula poderia seguir uma ou outra trajetória no ponto de cruzamento e o
escoamento não seria laminar.
• Um conjunto de linhas de corrente, forma o que se chama tubo de corrente.
• As partículas não podem fluir para dentro ou para fora dos lados deste tubo, porque se isso acontecesse, as linhas de corrente se cruzariam.
• Considere um fluido ideal escoando através de um tubo de tamanho não uniforme como na Figura abaixo.
• As partículas no fluido movimentam-se ao longo das linhas de corrente no
escoamento laminar. Vamos
analisar a situação usando o modelo de sistema não
isolado em estado estacionário.
• Selecionamos em nosso sistema a região no tubo entre o ponto 1 e o ponto 2.
• Vamos supor que esta região está preenchida com fluido em todos os momentos.
• Imagine que o fluido se desloca uma distância x1 no ponto 1 e uma distância no x2 ponto 2, onde sai do sistema.
• O volume de fluido que entra no sistema no ponto 1 é A1x1 e o volume que sai no ponto 2 é A2x2.
• Como o volume de um fluido incompressível é uma grandeza conservada, esses dois volumes devem ser iguais para que o sistema esteja em estado laminar. • Se isso não fosse verdade, o volume de fluido no
• Vamos dividir a equação anterior pelo intervalo de tempo durante o qual o fluido se move:
• No limite em que o intervalo de tempo diminui para zero, a razão entre a distância percorrida e o intervalo de tempo é a velocidade instantânea do fluido, que podemos escrever como:
• Esta expressão, chamada equação da continuidade para fluidos, diz que o produto da área de secção reta pela velocidade do fluido em todos os pontos ao longo do tubo é uma constante.
• Consequentemente, a velocidade é elevada onde o tubo é estreito e baixa onde o tubo é largo.
• O produto Av, que tem as dimensões do volume
pelo tempo, é chamado de vazão volumétrica ou fluxo volumar
• É por isso que um bico ou seu polegar sobre a
mangueira de jardim permitem que você projete a água mais
longe. Reduzindo a área através
da qual a água flui, você aumenta sua velocidade. Assim você
projeta a água da mangueira com uma velocidade inicial elevada e um maior alcance.
• Multiplicando a equação da continuidade pela
densidade, temos a taxa de escoamento de massa ou vazão mássica:
• Quando um fluido se move através de uma região na qual muda sua velocidade ou elevação acima da
superfície da Terra, sua pressão varia em função dessas mudanças.
• Em 1738, o físico suíço Daniel Bernoulli derivou pela primeira vez uma expressão que relaciona a pressão à velocidade e à altura do fluido.
• Vamos desenvolver uma representação matemática do princípio de Bernoulli, que mostra explicitamente a
dependência da pressão em relação à velocidade e à altura.
• Considere o escoamento de um fluido ideal através de um tubo não uniforme em um tempo t, como na
Figura abaixo.
• O sistema escolhido é a secção do fluido que
inicialmente está entre os pontos 1 e 2 e a Terra.
• Está sendo realizado um trabalho sobre o nosso
sistema pelo fluido externo que está em contato com as duas extremidades do fluido no sistema e,
consequentemente, estão mudando a energia cinética e gravitacional do sistema.
• Assim a equação da continuidade para a energia para o sistema nesta situação é
• Vamos calcular cada um dos termos desta equação. (2)
• Observe que os elementos do fluido com
comprimentos x1 e x2 da Figura representam a única mudança entre a situação inicial e a final.
• O fluido contido entre esses elementos não sofre nenhuma mudança em sua energia cinética ou potencial gravitacional.
• A diferença na energia cinética é aquela entre o elemento no ponto 2 e do ponto 1:
(3)
Em que m é a massa que entra numa extremidade e deixa a outra em um tempo t
• A mudança na energia potencial do sistema fluido-Terra é aquela associada com o movimento do elemento do fluido situado no ponto 1 até o local no ponto 2:
• Finalmente calculamos o trabalho realizado na seção do fluido. O fluido à esquerda do ponto 1 realiza trabalho positivo sobre nossa seção porque aplica uma força no mesmo sentido que o deslocamento.
• O fluido à direita do elemento no ponto 2 realiza trabalho negativo porque os vetores da força e do
deslocamento estão em sentidos opostos. O trabalho resultante sobre o sistema é:
• Substituímos a força pelo produto da pressão e da área de seção transversal do tubo:
• Finalmente reconhecemos o produto da área de seção transversal e do deslocamento como o volume dos
elementos do fluido:
• Usamos agora as equações 3, 4 e 5, substituindo em 2: (5)
• Dividindo cada termo pelo volume V, lembrando que
=m/V:
• Rearranjando os termos:
• Esta é a equação de Bernoulli aplicada a um fluido ideal.
• A equação de Bernoulli é frequentemente é expressa como:
• A eq. de Bernoulli diz que a soma da pressão P, da energia cinética por unidade de volume e da energia potencial gravitacional por unidade de volume tem o mesmo valor em todos os pontos ao longo de uma linha de corrente.
• Quando o fluido está em repouso, v1=v2=0 e a eq. (6) torna-se:
(7)
que concorda com a Eq. 5 da aula anterior
• ESCOAMENTO DE UM FLUIDO INCOMPRESSÍVEL Como parte de um sistema de lubrificação para máquinas
pesadas, um óleo de densidade igual a 850 kg/m3 é
bombeado através de um tubo cilíndrico de 8,0 cm de
diâmetro a uma taxa de 9,5 litros por segundo. (a) Qual é a velocidade do óleo? Qual é a vazão mássica? (b) Se o
diâmetro do tubo for reduzido a 4,0 cm, quais serão os novos valores para a velocidade e vazão volumétrica? Considere o óleo incompressível.
Aplicações
3 3
• SOLUÇÃO
• IDENTIFICAR: o dado fundamental é que o fluido é incompressível, então podemos usar a ideia da
equação da continuidade para relacionar a vazão mássica, a vazão volumétrica, a área do tubo de escoamento e a velocidade do escoamento.
• PREPARAR: usamos a definição da vazão volumétrica (Av=dV/dt), para encontrar a velocidade v1 na seção de 8,0 cm de diâmetro. A vazão mássica é o produto da densidade e da vazão volumétrica. A equação da
continuidade para escoamento incompressível,
Equação (1), permite-nos encontrar a velocidade v2 na
• EXECUTAR: (a) a vazão volumétrica dV/dt é igual ao
produto A1v1, onde A1 é a área da seção reta do tubo de diâmetro de 8,0 cm e raio 4,0 cm. Assim,
• A vazão mássica é dV/dt = (850 kg/m3)(9,5 x 10-3 m3/s)
=8,1 kg/s.
• (b) Como o óleo é incompressível, a vazão volumétrica apresenta o mesmo valor em ambas as seções do tubo. Pela Equação (1),
• AVALIAR: a segunda seção do tubo tem a metade do
diâmetro e um quarto da área de seção reta da primeira. Logo, a velocidade deve ser quatro vezes maior na segunda seção, o que é exatamente o que o nosso resultado mostra (v2 = 4v1).
• PRESSÃO DA ÁGUA EM UMA CASA A água entra em uma casa através de um tubo com diâmetro interno de 2,0 cm, com uma pressão absoluta igual a 4,0 x 105 Pa
(cerca de 4 atm). Um tubo com diâmetro interno de 1,0 cm conduz ao banheiro do segundo andar a 5,0 m de altura. Sabendo que no tubo de entrada a velocidade é igual a 1,5 m/s, ache a velocidade do escoamento, a
pressão e a vazão volumétrica no banheiro. • SOLUÇÃO
• IDENTIFICAR: estamos supondo que a água escoe a uma taxa constante. O tubo tem um diâmetro relativamente
grande, então é razoável desprezar o atrito interno. A água é bastante incompressível, portanto a equação de Bernoulli pode ser aplicada com uma boa aproximação.
• PREPARAR: os pontos 1 e 2 devem ser colocados no tubo de entrada e no banheiro, respectivamente. O problema fornece a velocidade v1 e a pressão P1 no tubo de entrada,
e os diâmetros do tubo nos pontos 1 e 2 (por
meio dos quais calculamos as áreas A1 e A2). Fazemos
Y1 = 0 (na entrada) e
Y2= 5,0 m (no banheiro). As duas primeiras
variáveis que precisamos encontrar são a
velocidade v2 e a pressão P2.
• Como temos mais de uma incógnita, usamos tanto a equação de Bernoulli quanto a equação da
continuidade para um fluido incompressível. Assim que encontrarmos v2, podemos calcular a vazão volumétrica v2A2 no ponto 2.
• EXECUTAR: encontramos a velocidade v2 no banheiro usando a equação da continuidade, Equação (1):
• Conhecemos P1 e v1 e podemos achar P2 pela equação de Bemoulli:
• A vazão volumétrica é
• AVALIAR: esta é uma vazão volumétrica razoável para uma torneira de banheiro ou chuveiro. Note que,
quando a torneira está fechada, tanto v1 quanto v2 são zero, o termo 1/2(v22-v
12) se anula e a pressão P2 sobe
• VELOCIDADE DE EFLUXO A Figura mostra um tanque de
armazenamento de gasolina com uma seção reta de área A1 cheio até uma altura h. O espaço entre a gasolina e a parte superior do recipiente
está a uma pressão Po, e a
gasolina flui para fora através de um pequeno tubo de
área A2. Deduza expressões
para a velocidade de
escoamento no tubo e para a vazão volumétrica.
• SOLUÇÃO
• IDENTIFICAR: podemos considerar o volume inteiro do líquido que flui como um único tubo de escoamento com atrito interno desprezível. Podemos, portanto, aplicar o princípio de Bemoulli.
• PREPARAR: os pontos 1 e 2 na Figura estão na superfície da gasolina e no tubo de saída,
respectivamente. No ponto 1, a pressão é Po, e no
ponto 2 é a pressão atmosférica, Patm. Fazemos Y = 0 no
tubo de saída, de modo que Y1= h e Y2= 0. Como A1 é
muito maior do que A2, a superfície superior da
gasolina escoará muito lentamente, e podemos encarar
v1 praticamente igual a zero. Encontramos a variável
• EXECUTAR: aplicamos a equação de Bemoulli aos pontos 1 e 2:
• Usando v1=0 obtemos:
• AVALIAR: a velocidade v2, algumas vezes chamada de
velocidade de efluxo, depende da altura do nível h do líquido
no tanque e da diferença de pressão (Po - Patm). Se o tanque
estivesse aberto para a atmosfera em sua parte superior, não existiria excesso de pressão: Po= Patm e Po - Patm = 0. Nesse
caso,
• ou seja, a velocidade de efluxo de uma abertura situada a uma distância h abaixo da superfície superior do líquido é a
mesma velocidade que teria um corpo caindo livremente de
uma altura h.
• Esse resultado é conhecido como teorema de Torricelli. Ele vale também para uma abertura lateral na parede do
recipiente situada uma distância h abaixo da superfície superior do líquido. Nesse caso, a vazão volumétrica é
• o MEDIDOR DE VENTURI A Figura mostra um medidor
de Venturi, usado para medir a velocidade de
escoamento em um tubo. A parte estreita do tubo
denomina-se garganta. Deduza uma expressão para a velocidade de escoamento v1 em termos das áreas das
seções retas A1 e A2 e da diferença de altura h entre os
níveis dos líquidos nos dois tubos
• SOLUÇÃO
• IDENTIFICAR: o escoamento é estacionário, e supomos que o fluido seja incompressível e que seu atrito
interno seja desprezível. Podemos, portanto, aplicar a equação de Bernoulli.
• PREPARAR: aplicamos a equação de Bernoulli à parte larga do tubo (ponto 1) e à parte estreita (ponto 2). A diferença de altura entre os dois tubos verticais nos dá a diferença de pressão entre os pontos 1 e 2.
• EXECUTAR: os dois pontos estão na mesma coordenada vertical y1 = y2), então aplicamos a Equação (6):
• Pela equação da continuidade, v2 = (A1/A2)v1,
Substituindo esse valor na equação e reagrupando, obtemos
• Conforme o que vimos na aula anterior, a diferença de
pressão P1 - P2 é também igual a gh, onde h é a diferença de altura entre os níveis dos líquidos nos dois tubos.
Combinando esse resultado com a equação anterior e explicitando v1 obtemos
• AVALIAR: como A
1é maior do que A
2, v
2é maior do
que v
1e a pressão P
2na garganta é menor do que
P
1. Uma força resultante orientada da esquerda
para a direita acelera o fluido quando ele entra na
garganta, e uma força resultante orientada da
direita para a esquerda freia o fluido depois que ele
sai.
• Bibliografia:
1. TIPLER, Paul Allen; MOSCA, Gene. Física para
cientistas e engenheiros. Rio de Janerio: LTC, vol 1.
2. SERWAY, Raymond A., JR JEWETT John W.
Princípios de física. São Paulo: Thomson, vol 2.
4. HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl.
Fundamentos de física. Rio de Janeiro, RJ: LTC, vol 2.
5. CHAVES, Alaor. Física Básica: Gravitação, Fluidos,
Ondas, Termodinâmica. Rio de Janeiro: LTC.