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White Paper - Impacto Econômico da Copa de 2014 no Brasil 1

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Introdução

A Casual Auditores Independentes, empresa de

auditoria especializada em entidades desportivas estuda as informações financeiras dos clubes de futebol do Brasil desde o exercício de 2003 e há anos faz análises e projeções sobre o mercado brasileiro de futebol. Além do Brasil, a sua Divisão Esporte Negócio é responsável por estudos sobre a realidade da gestão dos clubes e Ligas de futebol da Europa, Ligas e franquias norte-americanas, investimento em arenas multiuso, maximização do ativo estádio e sobre o impacto econômico de mega-eventos esportivos.

O White Paper – Impacto econômico da Copa de 2014 no Brasil tem como objetivo apresentar análises sobre o tema. Esse é a primeira de uma série de estudos sobre a realização da Copa de 2014 que a Casual Auditores irá publicar.

Quando Joseph Blatter, presidente da FIFA, anunciou em outubro de 2007, que o Brasil seria sede do Mundial de 2014, uma nova perspectiva macro-econômica surgiu para o país, já que a realização de diferentes mega-eventos como a Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, nas últimas duas décadas, demonstram o potencial econômico, infra-estrutural e social para o país anfitrião da oportunidade recebida.

Com a escolha por parte da FIFA das 12 cidades que receberão os 64 jogos do Mundial em 2014, uma nova fase se inicia.

Com a definição das cidades, o Comitê Organizador, setor público em suas esferas federal, estadual e municipal, setor privado e mercado do futebol poderão desenvolver o projeto estratégico 2009-2016.

A Copa do Mundo ou Jogos Olímpicos geram benefícios tangíveis para o país, que englobam os investimentos em infra-estrutura nas cidades, construção e reforma de equipamentos esportivos, geração de empregos, receitas diretas com a população e turistas estrangeiros, despesas das delegações e jornalistas do mundo inteiro, arrecadação de impostos e o efeito multiplicador dos recursos na economia, impactando a cadeia produtiva em diferentes setores.

Já os benefícios intangíveis do mega-evento, são consequência direta de sua ampla cobertura de mídia e faz com que agregue valores extremamente positivos para o país, que afetam sua imagem positiva no exterior, interesse de turistas e investidores. A audiência televisiva acumulada global atualmente de um mega-evento é de 30 bilhões de espectadores em todas as partes do planeta.

Além da incrível cobertura de mídia, a realização do evento gera impactos tangíveis, para diferentes players, de diferentes setores.

A FIFA, por exemplo, gerou para a Copa de 2006, US$ 2,9 bilhões, em receitas com direitos de transmissão, cotas de patrocínios, comercialização de ingressos, camarotes corporativos e vendas de produtos licenciados. A Copa de 2014, além do impacto econômico para o Brasil, pode se transformar em um verdadeiro alavancador financeiro do futebol brasileiro, similar ao ocorrido na Alemanha, que viu seu futebol ser um dos setores mais beneficiados com a Copa de 2006.

Atualmente o mercado brasileiro de clubes de futebol vem apresentando profunda evolução em suas receitas e os recursos gerados com bilheteria pelos clubes brasileiros atingiram R$ 130 milhões em 2007 em todas as competições disputadas, segundo análise da Casual Auditores.

Novos projetos mercadológicos realizados pelos clubes brasileiros demonstram que as receitas em 2008 devem se elevar com a venda de entradas para seus jogos e com o início dos projetos na reforma e construção de estádios há uma oportunidade clara de amplo desenvolvimento das receitas dos clubes brasileiros como um todo e em particular com

matchday. Esse conceito de dia do jogo engloba

os recursos gerados com venda de ingressos e também outros gastos do torcedor com diferentes produtos e serviços dentro dos estádios, que devem se converter em unidades de consumo e entretenimento para o torcedor de diferentes classes sociais.

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Impacto econômico de um mega-evento esportivo

A importância para o país-sede de um

mega-evento esportivo como Copa do Mundo e Jogos Olímpicos pode ser identificada pela abrangência de seu projeto, que inclui grandes investimentos e tem como perspectiva a multiplicação em termos econômicos, financeiros e sociais do montante investido, os recursos e diferentes benefícios gerados direta ou indiretamente pelo evento.

No caso do Mundial de futebol, o evento tem uma dimensão nacional, que para o Brasil pode ser considerada continental.

Pelo PIB do país recentemente divulgado pelo IBGE, de R$ 2,9 trilhões em 2008 e pela perspectiva atual de seu futebol, a Copa no Brasil deve atrair valores extremamente positivos, impactar na melhora infra-estrutural nas cidades, incrementar o marketing turístico e valorizar o futebol, paixão número do país.

O planejamento do projeto para a realização do evento após a escolha das sub-sedes deve estar centrado em três fases: o pré-evento, o evento e o pós-evento.

Cada uma das fases do projeto têm prazos e metas alinhadas com o caderno de encargos da FIFA e devem ser geridas centrando seus objetivos estratégicos em três pré-requisitos:

Sucesso na organização em

termos financeiros e

esportivos, desde o projeto

inicial até a competição.

+

Transformação urbana e

infra-estrutural, com

impactos sociais,

turísticos e econômicos.

+

Legado de longo prazo para

o país anfitrião tanto em

termos econômicos como

esportivos e sociais.

As diferentes áreas que receberão investimentos para a realização da Copa de 2014 vão refletir na vida de milhões de cidadãos. Isso foi verificado em diferentes mega-eventos em todo o mudo, graças ao seu profundo impacto para o país em investimentos de infra-estrutura urbana das cidades.

Além do impacto nas cidades brasileiras, o investimento na reforma e construção dos 12 estádios para a Copa, resultarão em uma melhora dos recursos gerados para o mercado do futebol, que incluem as receitas com estádios, recursos de marketing, novos conteúdo de mídia e os mais variados gastos do torcedor.

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Esse amplo projeto plurianual de investimentos inclui obrigatoriamente os seguintes itens:

Infra-estrutura urbana

Ruas, parques, transporte público; Rodovias, ferrovias, aeroportos; Telecomunicação e outros serviços; Segurança para o turista e cidadãos; Hotéis e turismfacilities;

Investimento social e ambiental; Recursos Humanos.

Infra-estrutura esportiva

Estádios e Arenas;

Urbanização da região dos estádios; Transformação em pólo turístico, Unidade de consumo e entretenimento; Transporte público;

Ações sociais e educacionais; Gestão do Ativo Estádio. A realização da Copa do Mundo no Brasil

oferece ao país uma imensa gama de oportunidades de investimento, que podem transformar profundamente sua infra-estrutura e aquecer sua economia. O plano estratégico de investimentos para 2014 deve contemplar dentre muitas informações, como será executado o projeto, quais serão suas fontes de financiamento e onde serão aplicados os recursos.

O setor público e iniciativa privada devem participar com investimentos que contenham rigorosos índices de eficiência em diferentes áreas, esse foi um dos requisitos para a Copa do Mundo ter vindo para o Brasil. O evento pode se transformar em um marco, na história recente do Brasil e pode se converter em uma das melhores Copas do Mundo, em um mercado em crescimento e estratégico no futebol global.

A FIFA, embora cobre uma série de rigorosas exigências, por outro lado garante com recursos próprios a operação de seu evento. A entidade em seu budget 2007-2010 garantiu US$1,08 bilhão em investimentos diretamente relacionados à Copa de 2010 na África do Sul, que inclui além de despesas operacionais do evento, premiações para as Seleções, produção de TV, outros custos operacionais e custos para a proteção legal do evento.

O efeito multiplicador a ser gerado pelos investimentos realizados para a Copa de 2014 será conseqüência direta da visão estratégica na alocação dos recursos nos próximos anos, que implicará em uma profunda reformulação infra-estrutural das 12 cidades contempladas e em outras cidades que estejam também envolvidas no projeto.

Mesmo cidades que não sejam escolhidas podem se beneficiar com a construção de Centros de Treinamento e também como cidades contempladas com as atividades de marketing relacionadas ao evento, como as fans fests e fans zones, que reúnem milhares de pessoas em todas as cidades fora dos estádios e podem contemplar outras localidades além das sub-sedes.

O legado da Copa do Mundo para o país pode ser medido por meio de diferentes indicadores de desempenho que mensurarão os impactos estruturais, benefícios financeiros, e impactos diretos, indiretos e benefícios intangíveis que o evento vai proporcionar. A partir de 2010, quando a primeira Copa do Mundo na África se encerrar, o mundo se voltará para o país que revolucionou o futebol dentro de campo e receberá novamente uma Copa do Mundo, depois de décadas de espera.

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A Alemanha para a realização da Copa de 2006 investiu cerca de € 7,1 bilhões em infra-estrutura urbana e construção e reformas de estádios, sendo que o valor despendido para os equipamentos esportivos foi responsável por 21% do total e a FIFA e o Comitê Organizador foram responsáveis por outros US$ 1,2 bilhão para a operação do evento. O país, graças ao evento, colheu grandes benefícios como uma melhora substancial na infra-estrutura nas cidades, melhora no transporte público, infra-estrutura turística, aumento do interesse pelo país globalmente para investidores e turistas e resgate da identidade e orgulho da população alemã.

Durante o evento o país recebeu cerca de 1 milhão de turistas estrangeiros, que injetaram cerca de € 1,2 bilhão em sua economia, o que contribuiu com 0,07% de acréscimo no PIB alemão em 2006. O turismo sem dúvida é estratégico para a multiplicação dos investimentos, pois além de refletir em muitos outros setores, produz um efeito positivo de longo prazo no aumento do fluxo de turistas para o país. A África do Sul espera gerar milhares de novos postos de trabalho temporários e permanentes no país, graças à Copa do Mundo e cerca de 20% desse total, em novos postos de trabalho no setor turístico.

A projeção é que o país africano receba cerca de 400 mil turistas estrangeiros durante o evento e que após a realização do Mundial, a economia sul-africana receba novos US$ 1,5 bilhão por ano pela visita de novos turistas no país.

Entre todos os mega-eventos realizados nas últimas duas décadas, um em especial é constantemente citado como emblemático, os Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992, por conta da utilização do mega-evento como catalisador de investimentos para a transformação urbana da capital da Catalunha.

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O projeto bem-sucedido de Barcelona somente foi atingindo graças ao equilíbrio entre suas fontes de financiamento e pela visão estratégica em seus investimentos em áreas degradas da cidade e na melhora da qualidade de vida para seus cidadãos.

A cidade renasceu e os Jogos Olímpicos foram a melhor forma de apresentar essas mudanças para o mundo. A exposição global dessa transformação urbana fez com que a presença de turistas estrangeiros na cidade antes, durante e principalmente depois do evento se elevasse consideravelmente.

O impacto midíatico dessa reformulação urbana foi o alavancador da cidade a partir de 1992. Segundo estudo da UAB, em 2001 Barcelona era 6ª principal cidade da Europa (1990 11ª) e o desembarque de turistas estrangeiros cresceu 80%, já em 1994 em relação a 1990.

Um ator importante da cidade que se beneficiou consideravelmente dos Jogos foi o FC Barcelona, que viu o público de seu museu passar de cerca de 200 mil visitantes em 1991, para cerca de 1 milhão de visitantes em 1998. Atualmente o clube recebe 1,4 milhão de visitantes e tem um dos museus mais visitados da Espanha, em parte graças ao ônibus turístico, tradicional em diferentes cidades pelo mundo, que desembarque várias horas do dia, 365 dias por ano no Camp Nou. O total investido para a execução do projeto Barcelona92 atingiu €12,47 bilhões, em valores de 2000, no período compreendido entre 1986 e 1993 e o projeto estratégico também contemplava os períodos 1993-2004 e 2004-2010.

Do montante investido no plano estratégico de investimentos, cerca de 78%, foram destinados à melhoria nas ruas, rodovias, transporte público, remodelação de áreas

degradas, praias, porto, parques, praças, rede hoteleira, telecomunicações, construção de novos escritórios e residências.

Os recursos para a construção dos equipamentos esportivos consumiram 8% do total e a operação e organização dos Jogos outros 14%.

O impacto econômico total gerado pelos Jogos Olímpicos de 1992, em valores acumulados entre 1986-1993, foi de € 34,62 bilhões, em valores de 2000, representados pelos investimentos realizados, impacto direto e indireto na economia.

Barcelona tornou-se um case, por ter se transformado em um dos destinos mais procurados da Europa, por seus impactos urbanísticos e por apresentar um efeito multiplicador de € 2,77 para cada € 1,00 investido.

Fontes de financiamento – Olimpíada de Barcelona 92 – Valores Acumulados - 1986-1993 Em € bilhões – Valores em 2000

-2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0

Setor Público Iniciativa Privada COI e Fundo Olímpico Espanhol

Total

40% 40%

20%

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Legado da Copa do Mundo para o mercado do futebol

A realização da Copa de 2014 no Brasil pode gerar profundos impactos

econômicos, infra-estruturais e sociais para o país, fazendo com que a oportunidade concedida se converta em grandes investimentos que possibilitem um legado de longo prazo para o país. Além disso, o mega-evento pode revolucionar o mercado brasileiro de futebol, tanto pelo investimento em novos estádios, quanto pela valorização do produto futebol, possibilitando que nosso mercado seja um dos maiores beneficiados do Mundial de 2014.

O investimento a ser realizado e como os clubes de futebol do Brasil se posicionarão nesse novo ambiente, pode transformar o mega-evento em um importante alavancador do principal esporte do país, graças ao investimento realizado no oferecimento de uma infra-estrutura de consumo, entretenimento e relacionamento com o público que frequenta os estádios e também pelo aquecimento da demanda dos clubes de futebol em patrocínios, ações de marketing, venda de produtos, contratos televisivos e novos conteúdos de mídia.

Impacto da Copa de 2006 para o futebol alemão

A Copa de 2006 na Alemanha tornou-se um case no mercado global

de futebol, pois além dos diferentes benefícios gerados pelo evento para o país, o investimento de €1,5 bilhão na reforma e construção dos estádios alemães e o grande interesse pelo futebol do país, tanto internamente como em termos globais, foram os principais

benefícios gerados pela Copa do Mundo para o mercado alemão de futebol. Após o mega-evento a Bundesliga tornou-se a segunda colocada em geração de receitas entre as Ligas de 1ª divisão da Europa e antes do evento era a quarta força econômica do Velho Continente.

Fontes de financiamento – Estádios alemães para a Copa de 2006 Em € milhões

-200 400 600 800 1.000 1.200 1.400 1.600

Iniciativa Privada Setor Público Total 62%

38%

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Entre as temporadas 2003-04 e 2006-07 as receitas geradas pelos 36 clubes alemães participantes da primeira e segunda divisão da Bundesliga cresceram 37% e atingiram € 1,75 bilhão, sendo que os clubes da primeira divisão foram responsáveis por 83% do total. Os 18 times participantes da Bundesliga nesses quatro anos apresentaram um crescimento em suas receitas totais de 37% enquanto que os 18 clubes da Bundesliga 2, registraram um evolução de 57% nos negócios gerados no período.

Os novos estádios e o ambiente econômico no futebol alemão até a Copa de 2006 e um ano após a competição mostrou-se extremamente aquecido. Um dado que comprova o excelente momento do futebol alemão graças ao evento foi a receita consolidada apresentada pelos grandes clubes da Alemanha, já que na temporada 2006-07 Bayern de Munique, Schalke 04, Borussia Dortmund, Weder Bremen e Hamburgo geraram € 652,6 milhões em receitas consolidadas, uma evolução de 35% em relação a temporada 2003-04.

Os 36 clubes alemães apresentaram desde o final da temporada 2002-2003, uma profunda melhora em suas receitas com direitos de TV, seus estádios, contratos de patrocínio e vendas de produtos com a marca dos clubes. A Copa do Mundo foi diretamente responsável para o futebol alemão melhorar consideravelmente seu ambiente de negócios, pelo consumo dentro dos estádios, ampliação do interesse de patrocinadores e pelo maior envolvimento dos torcedores no consumo de produtos dos times.

As novas receitas com os estádios foram os maiores responsáveis pela evolução econômica do futebol alemão, já que as receitas com matchday dos 36 clubes atingiram € 365 milhões em 2007, evolução de 66% em relação à temporada 2002-2003. Essa evolução representa em média cerca de € 29 milhões novos gerados a cada ano, nos últimos cinco exercícios. Após a Copa do Mundo, o mercado alemão se beneficiou ainda de um excelente contrato televisivo, que em 2007 gerou € 580 milhões para os 36 clubes de primeira e segunda divisão.

Evolução das Receitas com Estádios Futebol Alemão – 36 clubes - Em € milhões

-50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 350,0 400,0 2002-2003 2003-2004 2004-2005 2005-2006 2006-2007 7% 20% 21% 7% Fonte: Bundesliga

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O futebol da Alemanha apresentou mudanças significativas graças aos estádios novos e um eficiente ambiente de negócios em torno dos jogos e das marcas dos clubes. O investimento em stadia facilities resultou em novas oportunidades de serviços para o torcedor comum, novos camarotes corporativos nos estádios e também o aquecimento dos negócios em torno dos clubes.

O futebol alemão, nesses últimos cinco anos apresentou uma evolução significativa dos gastos do público em seus estádios e os torcedores dos 18 times da 1ª divisão da Bundesliga nesse período têm consumido cada vez mais recursos em compra de ingressos e outros serviços dentro dos estádios, reflexo direto da melhora da infra-estrutura para o torcedor que frequenta os jogos de seus clubes. Evolução do perfil do gasto do torcedor nos estádios alemães

Bundesliga – 18 times – Em % 0% 20% 40% 60% 80% 100% 2002-2003 2003-2004 2004-2005 2005-2006 2006-2007

Gasto médio com ingressos Gasto médio com outros serviços

Fonte: Análise Casual Auditores

Essa melhora na infra-estrutura refletiu positivamente no gasto médio do torcedor que compra ingressos para os jogos da Bundesliga, que cresceu 43%. Já o volume de recursos despendidos por esses torcedores além da compra das entradas cresceu cerca de 200% entre 2002-03 e 2006-07.

Esse resultado comprova que além do aumento do público em seus estádios e dos preços dos ingressos, os clubes alemães conseguiram ampliar a participação dos gastos dos torcedores em novos serviços dentro das Arenas, que a cada ano tornam-se mais importantes para as receitas de matchday dos clubes da primeira divisão alemã.

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Copa de 2014 e o futebol brasileiro

A realização da Copa de 2014 no Brasil pode

se transformar em um propulsor para a mudança no panorama atual do futebol brasileiro, já que novos estádios e um aquecimento da demanda interna pelas marcas dos clubes, pode revolucionar o mercado doméstico de futebol e essa revolução pode ser iniciada pela nova estrutura a ser criada para o maior evento do futebol mundial, dentro de pouco mais de seis anos.

Um dado que comprova o potencial mercadológico do futebol brasileiro é a pesquisa realizada em setembro de 2007 pelo Ibope Mídia, que identificou que 20% dos homens brasileiros praticam futebol regularmente, 50% deles assistem frequentemente futebol pela TV, mas somente 7% assistiram algum jogo no estádio naquele ano.

Segundo análise da Casual Auditores entre 2003 e 2007 os clubes com as maiores receitas do Brasil foram responsáveis por cerca de 80% de todos os recursos gerados pelo mercado brasileiro de clubes de futebol, que atingiu R$ 1,6 bilhão em 2007. Esse valor representa uma evolução média de aproximadamente R$ 160 milhões de recursos novos gerados a cada ano nos últimos cinco anos.

As transferências dos atletas e os contratos televisivos foram as principais fontes de receitas dos clubes brasileiros que juntos em média foram responsáveis por quase 60% dos recursos gerados nesse período.

As receitas com bilheteria representam muito pouco do negócio total dos clubes, entretanto vem apresentando uma evolução constante entre 2003 e 2007, com uma taxa média de crescimento anual de cerca de 27% ao ano. O mercado brasileiro de clubes de futebol gerou cerca de R$ 130 milhões em 2007 com vendas de ingressos para seus jogos e os 21 clubes com maiores receitas do país foram responsáveis por cerca de 83% do total. Entre 2004 e 2007 o % de Ocupação dos jogos desses 21 clubes durante o Campeonato Brasileiro apresentou uma substancial melhora, passando de 19% dos lugares ocupados em 2004 para o melhor índice já apresentado até agora por essa amostra, que foi de 36% de ocupação em 2007, uma evolução de 89,5 pontos percentuais.

Em 2008 a perspectiva é positiva, pois segundo dados publicados pela CBF, a Série A apresentou uma melhora em suas receitas mesmo com a redução de 2% no público presente nos jogos dos clubes.

O mercado brasileiro tem para os próximos anos um potencial enorme de geração de receitas e quando a Seleção Brasileira entrar em campo na Copa de 2014, se todos os clubes brasileiros utilizarem, dentro de sua realidade atual, um modelo adaptado às modernas técnicas de marketing de satisfação do cliente, envolvimento com o torcedor através de pontos de contato e uma plataforma de entretenimento para torcedor -cliente, o mercado brasileiro de clubes de futebol poderá apresentar seus jogos com 100% de ocupação.

Caso todos os lugares estivessem ocupados em 2007 pelos 21 clubes com maiores receitas do Brasil, a média de público no Campeonato Brasileiro passaria dos 16,5 mil torcedores por jogo em 2007 para 45 mil torcedores por partida, posicionando o Brasil como o principal mercado em atração de público nos estádios do futebol global.

Na última temporada esses clubes levaram para seus jogos no Campeonato Brasileiro 6,5 milhões de torcedores e caso maximizassem a ocupação de seus estádios e trabalhassem com 100% de ocupação atingiriam o incrível número de 17 milhões de torcedores, o maior entre todas as Ligas do futebol mundial.

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A Copa de 2014, através da construção/ reforma de novos estádios pode resultar em um crescimento acentuado do mercado brasileiro, pois além dos estádios para o mega-evento, outros clubes podem buscar seus projetos alternativos de reformulação de seus espaços esportivos.

Com esse ambiente, o futebol brasileiro pode se desenvolver muito em termos de stadia faciilities, que representa o oferecimento de uma infra-estrutura de consumo, entretenimento e relacionamento com o público que frequenta os jogos dos clubes.

Potencial do Mercado de Estádios no Brasil Projeção Casual Auditores – 2008-2014

Em R$ Milhões

Receita Matchday % de Ocupação Estádios

40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% -50 100 150 200 250 300 350 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 110%

Em um novo contexto de ofertas de serviços com qualidade e diferenciadas para o torcedor e se já em 2008 tivessem iniciado esse processo, o mercado brasileiro poderia passar dos atuais um terço de ocupação de seus jogos, para uma evolução constante de seu índice até atingir 50% em 2009 e chegar a próximo de 100% de ocupação no ano da Copa do Mundo.

A projeção da Casual Auditores sobre como os clubes podem ampliar a ocupação dos estádios no Campeonato Brasileiro, demonstra que esse índice pode atingir 80% de ocupação em 2012 e próximo de 100% em 2014. Para isso ocorrer, a média de público dos clubes de 2008 para 2014 teria que se ampliar em 173% e o ticket médio do gasto do torcedor crescer 66%.

Essa projeção é absolutamente factível, considerando que nesse período o país será sede do maior evento do futebol mundial. Caso todos os clubes, cada um em sua realidade, instituam por meio de técnicas de marketing uma exploração comercial eficiente de seus estádios, ampliando o público presente em seus jogos de forma contínua e aumentando o gasto médio do torcedor, essa projeção pode se realizar. Com essa profunda mudança em seu cenário e com um trabalho de marketing criativo e agressivo, o mercado brasileiro de clubes de futebol pode encerrar 2014 produzindo R$ 330 milhões com seus estádios, valor que pode ser ainda maior, pois a análise foi realizada considerando as condições atuais do mercado, que devem melhorar sensivelmente nos próximos anos.

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Conclusão

A Copa de 2014 pode se transformar em um grande catalisador de investimentos para o país em infra-estrutura urbana, melhora da qualidade de vida nas cidades, ampliação do mercado turístico, utilização de novos projetos sociais/ esportivos em comunidades carentes e também como o mega-evento pode alavancar o mercado brasileiro de futebol.

A atual crise global gera dúvidas sobre o total de investimento disponível e como se dará a alocação dos recursos para investir em infra-estrutura, mas por outro lado em 2014 o Brasil já tem o compromisso de receber o evento.

Assim o projeto estratégico para a Copa de 2014 deve contemplar um equilíbrio em suas fontes de financiamento e ter uma gestão eficiente de longo prazo na alocação dos recursos em diferentes áreas.

Os projetos a serem apresentados para os investidores interessados em estádios, por exemplo, devem ser centrados na geração de receitas do espaço esportivo como uma unidade de entretenimento, com experiências de consumo memoráveis para o torcedor e patrocinadores.

Os clubes de futebol, contemplados ou não pelos estádios nas cidades-sede devem criar um modelo de negócio extremamente atrativo, através do impacto que a realização

do Mundial vai causar em seus negócios e nos serviços oferecidos.

Se os clubes brasileiros conseguirem instituir, por meio de estratégias de marketing específicas para a exploração comercial de seus estádios, o mercado pré-Copa pode se preparar para o ciclo de investimentos que virá.

E a definição das cidades que receberão os jogos da Copa de 2014 servirá de “pontapé inicial” em 2009, para que o país construa uma perspectiva altamente positiva para o mercado do futebol, graças ao investimento para a construção e reforma de estádios e também pela ampliação de interesse midiático e mercadológico pelo futebol brasileiro.

Para mais informações sobre o White Paper Amir Somoggi

Especialista em marketing e gestão de clubes de futebol Casual Auditores Independentes S/S

amir.somoggi@casualauditores.com.br 11 9749-2233

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