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Gestão escolar e o processo de inclusão

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA

GESTÃO ESCOLAR E O PROCESSO DE INCLUSÃO

Ijuí, RS 2017

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2 LIZIANI CAVALHEIRO PINTO DA SILVA

GESTÃO ESCOLAR E O PROCESSO DE INCLUSÃO

Trabalho de conclusão de Curso apresentado a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI - Departamento de Humanidades e Educação no curso de Pedagogia como requisito parcial a obtenção do grau de Licencianda em Pedagogia.

Orientadora: Prof.ª Marta Estela Borgmann

Ijuí, RS

2017

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RESUMO

O presente estudo está voltado para a Gestão Escolar e o processo de inclusão das crianças com necessidades educacionais especiais em escolas de ensino regular. Objetiva conhecer e analisar questões relacionadas à organização interna das instituições públicas e privadas, refletindo seus papéis inclusivos no espaço escolar, buscando conhecer as reais funções da gestão como mediadora do processo de inclusão, tendo em vista a grande diversidade de sujeitos. Isso nos faz refletir sobre as práticas e ações pedagógicas, na concepção de escola para todos e na integração destes sujeitos enquanto pertencentes de um mesmo espaço e ambiente socioeducativo, bem como do papel da escola na constituição do sujeito. Traz à tona questionamentos e indagações sobre a Gestão Participativa, e como esta, se organiza no processo de inclusão de alunos com necessidades especiais. O estudo acontece através de estudos bibliográficos e pesquisa de campo, em escolas de ensino da rede pública e privada entrevistando coordenadores pedagógicos. Utilizei autores que discutem a inclusão como escola para todos, como: MANTOAN (2009; 2006), FREIRE (1996); LÜCK (2008; 2010; 2011) estarão fundamentando esta pesquisa e deram suporte às reflexões e análises. Contextualizando essa realidade escolar pesquisada estaremos analisando o cenário que se apresenta nas instituições e a demanda emergente desta qualificação do ensino.

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ABSTRACT

The present study is focused on school management and the process of inclusion of children with special educational needs, within a regular school and has as its central theme the inclusion. We propose to know and analyze questions related to the internal organization of public and private institutions, reflecting their inclusive roles in the school space, seeking to know the real functions of management as mediator of this inclusion, considering the great diversity of subjects within the school. Which makes us reflect on pedagogical practices and actions, thinking about the conception of school for all and the integration of these subjects as participants in the same space, of the same socio-educational environment, also makes us think about the role of school in the constitution of the subject. It raises questions and inquiries about Participatory Management, and how it is organized in the process of including students with special needs and whether this inclusion actually happens. I intend with this research to clarify doubts and concerns regarding the inclusive management and to bring pertinent notes to this subject of great relevance for my academic formation. Some authors such as: MANTOAN (2009; 2006), FREIRE (1996); LÜCK (2008; 2010; 2011) will be grounding this research and supporting the reflections and analyzes. The study takes place through bibliographic studies and field research, in public and private schools. Contextualizing this researched school reality we will be analyzing the scenario that presents itself in the institutions, and the emergent demand of this qualification of the teaching.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, quero agradecer à Deus pela oportunidade que me deu de uma formação no Ensino Superior.

Agradeço ao meu marido Luiz Carlos da Silva, pois, sem o apoio dele em todas as horas eu não teria êxito nessa caminhada.

Aos meus filhos Angel, Anthony, Arthur e Luiz Augusto, por entenderem a minha ausência nas noites em que ia para a universidade.

Agradeço à minha mãe Tereza, que sempre teve uma palavra de incentivo para me dar e por suas orações, durante esta trajetória.

Às minhas colegas Ana Paula Kappke, Silvane Diesel e Elisa Bastos, com quem me identifiquei desde os primeiros dias do curso, verdadeiras amigas.

Agradeço pelo apoio das minhas irmãs e irmãos, em especial, à Lilia Pinto Teichmman e meu cunhado Jorge StumpfTeichmman, que contribuíram muito para a realização deste sonho.

Agradeço aos professores, que além de transmitir seus conhecimentos e suas experiências, serviram de inspiração.

Enfim, agradeço a todas as pessoas que fizeram parte dessa etapa decisiva da minha vida.

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Dedico este trabalho, à minha família, pelo total apoio nesta caminhada. Em especial para meu esposo, que sempre me apoiou em todos os momentos.

Também dedico este trabalho às famílias que têm filhos com necessidades especiais e que acreditam na escola como agente transformador.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...07

1 A ESCOLA E A INCLUSÃO...09

2 GESTÃO ESCOLAR E O PROCESSO DE INCLUSÃO...16

3-ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS...21

CONSIDERAÇÕES FINAIS...26

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...29

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INTRODUÇÃO

Esta pesquisa surgiu de indagações e dúvidas com as quais me deparei no decorrer do curso de Pedagogia, a partir de debates em sala de aula realizados em conjunto com colegas e professores. Principalmente de uma prática vivenciada durante o ensino médio (1994), ao estagiar como auxiliar nos anos iniciais, onde havia três crianças com necessidades especiais em uma turma de primeiro ano. Durante este estágio, minha função era acompanhar exclusivamente estas crianças, enquanto a professora fazia seu papel com os demais alunos, deixando de lado estes educandos que ali estavam para serem incluídos – talvez em razão de não apresentarem rendimento semelhante aos demais; ou talvez porque a professora acreditasse que destinando maior atenção aos alunos com deficiência atrasaria seu plano de aula; ou, ainda, por não confiar no potencial da criança com necessidades especiais. Portanto, desde então, ao remeter a este assunto – inclusão – defronto-me com todos estes apontamentos.

No decorrer do meu ensino superior, vários questionamentos me inquietam ao me referir à inclusão de crianças com deficiência no ensino regular. Em um debate com colegas, cheguei a defender a ideia de que a inclusão, de fato, não estava acontecendo na escola pública, por presenciar momentos em que colegas de trabalho se mostraram assombrados com a possibilidade de crianças com necessidades especiais inseridas no ensino regular, sem saber se estavam preparadas para acolhê-las juntamente com os demais. Questionavam-se e explicitavam uma preocupação de como promoveriam a integração destes sujeitos e suas peculiaridades, sem expor as suas limitações diante dos seus pares, também de como superar esse desafio como professor, e explorar no aluno com deficiência o seu potencial.

A metodologia utilizada no presente trabalho foi pesquisa de campo, embasada em material bibliográfico. Utilizei-me de questionários para a coleta de dados, e entrevistas dirigidas aos gestores da instituição. Assim, os procedimentos adotados para atingir os objetivos esperados foram: entrevista

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pré-estruturada, análise dos dados coletados e interpretação das entrevistas. A pesquisa bibliográfica permeou todo este estudo como instrumento de fundamentação teórica, buscando aproximar a prática educativa com a teoria.

Assim, no primeiro capítulo destaco o papel que a escola exerce na sociedade, e a necessidade da mesma de se adequar frente às novas leis que permeiam a Educação Inclusiva, levando em consideração a diversidade existente nas escolas, como entidade receptiva e acolhedora e de fundamental importância na constituição dos sujeitos.

Em decorrência disso, o segundo capítulo faz referência à Gestão Escolar e o processo de inclusão, trazendo para reflexão o contexto da escola e sua organização como instituição de ensino diante de todas as mudanças educacionais que emergem para a conscientização, tanto da escola quanto da sociedade de buscar novas alternativas e novos paradigmas que promovam e adotem práticas inclusivas.

No terceiro capítulo, apresento a pesquisa de campo desenvolvida em duas escolas, uma da rede pública e outra da rede privada, fazendo reflexões e apontamentos que se referem à Gestão de cada uma delas, perpassando pelos processos pedagógicos referentes à inclusão de crianças com necessidades especiais, dialogando nas diferentes perspectivas das referidas instituições.

E, finalmente, apresento as considerações finais, discutindo e analisando os dados coletados e o resultado dos questionamentos, sempre buscando estabelecer um paralelo entre a literatura utilizada para o embasamento teórico do presente trabalho e a pesquisa de campo realizada.

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1. A ESCOLA E A INCLUSÃO

A escola é um lugar de transformação, mudança, formação humana. É uma instituição social onde estão presentes as diferenças e pluralidades, que fazem dela um lugar necessário para a construção da sociedade e o meio. A escola exerce um importante papel na sociedade, pois é no ambiente escolar que se preparam os sujeitos para se inserir nela, sendo este um lugar em que as crianças e jovens são constantemente avaliados e medidos pela sua capacidade intelectual e cognitiva.

Segundo Mariano Fernández Enguita (1989), a escola apresenta um conjunto peculiar de critérios de distribuição das recompensas, sejam elas positivas ou negativas, a qual prioriza principalmente o rendimento do aluno, não somente cognitivo, mas como ser social. Tarefas padronizadas são atribuídas a todos os alunos em função de um suposto modelo geral, e se algum não se mostra capaz, e fica abaixo do exigido, não existe estratégia compensatória, nem revisão da norma de rendimento, mas exclusão ou certificação de “fracasso” daquele que falhou.

Destacando que na escola o que conta não são as possibilidades do aluno, mas, sobretudo, as exigências da instituição e os resultados obtidos por este, sendo a principal recompensa as notas e os títulos escolares, distribuídas de forma diferenciadora em resposta a pequenas diferenças no desempenho dos alunos. Desta forma, a escola cria e molda estereótipos conforme a exigência da sociedade, muitas vezes sem dar alternativas para o sujeito, tendo este que se adequar e adaptar-se no meio para se desenvolver em todos os aspectos e ter êxito como cidadão.

Desse ponto de vista, Enguita (1989) ressalta que nos deparamos com a constatação de que uma origem social adequada é a causa tanto de uma boa educação quanto de um bom destino social. Sendo assim, todo aquele que consegue uma boa educação, consegue mais adiante uma boa posição social, havendo uma relação causa e efeito.

Evidenciando o que ocorre na realidade, é que a escola produz essas diferenças. E ao produzir estas diferenças com o público que a frequenta faz com que os resultados sejam sempre os mesmos, modelos estereotipados de alunos,

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deixando de lado a diversidade de sujeitos que ali estão inseridos, bem como a multiculturalidade que se apresenta em seu cotidiano, sem levar em conta o sujeito como ser único, desrespeitando sua especificidade, seu ritmo e tempo para aprender, e deixando muitas vezes seus interesses e escolhas de lado. Ignora-se o potencial de cada um; ao mesmo tempo, a escola não exerce seu verdadeiro papel de formar o cidadão crítico e emancipado, pois deixa de desenvolver no aluno a valorização de uma postura ativa e criativa, sem criar no indivíduo uma consciência, para que ele seja capaz de realizar suas próprias escolhas e que ele tem liberdade para fazê-las e se responsabilizar por tais escolhas.

Para que isso aconteça, as mudanças têm de ocorrer dentro da escola e fora dela, com a transformação de conceitos e paradigmas ultrapassados, com a inovação do ensino. De acordo com Maria Teresa Eglér Mantoan (2009):

Recriar o modelo educativo refere-se primeiramente ao que ensinamos aos nossos alunos e a como ensinamos para que eles cresçam e se desenvolvam, sendo seres éticos, justos e revolucionários, pessoas que têm de reverter uma situação que não conseguimos resolver inteiramente: mudar o mundo e torna-lo mais humano. Recriar esse modetorna-lo tem a ver com o que entendemos como qualidade de ensino. (MANTOAN, 2009, p. 60)

São estes os princípios de uma escola de qualidade, de uma escola que se almeja, com referenciais éticos e morais, a qual prioriza a formação do sujeito que ali está: uma escola de ensino de qualidade.

Quando falamos de ensino de qualidade, temos que considerar que cada sujeito é um ser único, com suas especificidades e que provém de uma cultura, possuindo uma bagagem de conhecimentos prévios, sendo o papel da escola o de respeitar este como ele é. Paulo Freire (1996) faz referência ao professor que resiste em respeitar a “leitura de mundo” com que o educando chega à escola, obviamente condicionada por sua cultura de classe e revelada em sua linguagem, também de classe

Considera, ainda, que o educador que respeita a leitura de mundo do educando, reconhece a historicidade do saber, o caráter histórico da curiosidade,

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desta forma, recusando a arrogância cientificista, assume a humildade crítica, própria da posição verdadeiramente científica (FREIRE, 1996).

A educação de qualidade é uma busca constante das diferentes instituições de ensino, e para que esse cenário se torne realidade são necessárias ações que sustentem o trabalho em equipe. As organizações precisam cada vez mais de profissionais responsáveis, dinâmicos, éticos e inteligentes, com habilidades para coordenar grupos de trabalho, resolver problemas e tomar decisões nos espaços coletivos.

Em se tratando do espaço da escola, profissionais com perfil ou características de acordo com as citadas, são buscados no campo educacional para fortalecerem ações e práticas educativas em uma educação que almeja constantemente a qualidade.

Desenvolver um trabalho pautado na gestão democrática também é outro grande desafio norteador dos gestores, pois, saber ouvir as diferentes vozes da escola perpassa pela gestão democrática e garante aos gestores aproximação da comunidade escolar.

De acordo com Heloísa Lück (2010), a proposição da democratização da escola aponta para o estabelecimento de um sistema de relacionamento e de tomada de decisão em que todos tenham a possibilidade de participar e contribuir a partir de seu potencial que, por essa participação, se expande, criando um empoderamento pessoal de todos em conjunto e da instituição.

A escola deve, portanto, assumir explicitamente o compromisso de educar os seus alunos dentro dos princípios democráticos. Ela precisa ser um espaço de práticas sociais em que os alunos não só entrem em contato com valores determinados, mas também aprendam a estabelecer hierarquia entre valores, ampliem sua capacidade de julgamento e realizem escolhas conscientes, adquirindo habilidades de posicionar-se em situações de conflito.

No mesmo sentido, Mantoan (2009) ensina que uma escola se distingue por um ensino de qualidade, capaz de formar pessoas nos padrões requeridos por uma sociedade mais evoluída e humanitária, quando consegue aproximar os alunos entre si, tratar disciplinas como meios de conhecer melhor o mundo e as pessoas que nos rodeiam e ter como parcerias famílias e a comunidade na elaboração e cumprimento do projeto escolar.

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Nesse cenário, o ensino de qualidade se define por condições de trabalho pedagógico que implicam formação de redes de saberes e de relações, que se enredam por caminhos imprevisíveis para chegar ao conhecimento. Observa-se que existe ensino de qualidade quando as ações educativas se pautam por solidariedade, colaboração e compartilhamento do processo educativo com todos os que estão direta ou indiretamente nele envolvidos.

A autora ainda ressalta que a aprendizagem, nessas circunstâncias, é centrada, ora destacando o lógico, o intuitivo, o sensorial, ora os aspectos social e afetivo dos alunos. Em suas práticas e métodos pedagógicos predomina a experimentação, a criação, a descoberta, a coautoria do conhecimento. Vale o que os alunos são capazes de aprender hoje,o que podemos lhes oferecer de melhor para que se desenvolvam em um ambiente rico e verdadeiramente estimulador de suas potencialidades. Dessa forma, Mantoan considera que:

(...) as escolas de qualidade são espaços educativos deconstrução de personalidades humanas autônomas, críticas, nos quais as crianças aprendem a ser pessoas. Nesses ambientes educativos ensina-se os alunos a valorizar a diferença, pela convivência com seus pares, pelo ensino ministrado nas salas de aula, pelo clima socioafetivo das relações estabelecidas em toda a comunidade escolar – sem tensões, competição deforma solidária e participativa. Escolas assim concebidas não excluem nenhum aluno de suas classes, de seus programas, de suas salas, das atividades e do convívio escolar mais amplo. São contextos educacionais em que todos os alunos têm possibilidade de aprender, frequentando uma mesma e única turma. (MANTOAN, 2009, p.61)

Sendo assim, a Inclusão vai acontecer por meio da integração, pois se o sujeito não se sentir parte desse meio, não vai haver inclusão, da mesma forma, a interação e a participação, vindo a ser um mero espectador caso isto não aconteça. E para que exista verdadeiramente a inclusão, tem de haver o diálogo entre os professores e gestores, e pensar o aluno relacionando o seu desenvolvimento integral, eliminando preconceitos e paradigmas ultrapassados. Também é importante que a escola promova uma estrutura adequada, acessível e disponibilize recursos, enfim, tudo o que o professor necessita para exercer sua função com o apoio da comunidade e da família. Nesta perspectiva, Mantoan(2006) considera que a inclusão também se legitima porque a escola,

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para muitos alunos, é o único espaço de acesso aos conhecimentos. É o lugar que vai lhes proporcionar condições de se desenvolverem e se tornarem cidadãos, com uma identidade sociocultural que lhes conferirá oportunidades de ser e de viver dignamente:

Incluir é necessário, primordialmente, para melhorar as condições da escola, de modo que nela possam formar gerações mais preparadas para viver a vida em sua plenitude, com liberdade, sem preconceitos, sem barreiras. Não podemos contemporizar soluções, mesmo que o preço a pagar seja bem alto, pois nunca será comparável ao valor do resgate de uma vida escolar marginalizada, de uma evasão, de uma crianç;a estigmatizada sem motivos. (MANTOAN, 2006, p.36)

São várias as razões que circundam a inclusão escolar, conforme fundamenta Mantoan (2006), e uma das razões de ser da inclusão é para que a educação se atualize, para que os professores aperfeiçoem suas práticas e para que escolas públicas e particulares se obriguem a um esforço de modernização e reestruturação de suas condições atuais, afim de responder às necessidades de cada um de seus alunos em suas especificidades, sem cair nas malhas da educação especial e de suas modalidades de exclusão.

Para que seja operada esta inclusão, na qual o grande desafio é tornar a escola numa escola de inclusão, não podemos esperar que esta se efetive meramente por leis ou modismos e ideais políticos; mas colocá-la em prática por processos que são ações, intenções e compromissos. O professor vai ter de promover métodos que resultem no diálogo entre os docentes, bem como eventos e a participação da comunidade e da família. Até porque este aluno, que está na escola com deficiência, muitas vezes não tem a continuidade deste trabalho que está sendo feito na escola em casa, por falta de comunicação entre a escola e a família. Acerca do assunto, temos disposição pela PNEE:

A criança como todo ser humano, é um sujeito social histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca. A criança tem na família, biológica ou não, um ponto de referências fundamental, apesar da multiplicidade de interações sociais que estabelece

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com outras instituições sociais.(BRASIL, MEC/ SEF/ DPE/ COEDI, 1994, p. 16-17).

Por isso se faz necessária a parceria entre escola e família para dar seguimento no que está sendo feito na instituição de ensino, devendo ambas estar sempre de acordo, para fins de que ocorra o acompanhamento da vida escolar do aluno. A colaboração dos pais se faz necessária para responder as dúvidas pertinentes à educação do filho, pois é na família que a criança tem um vínculo estabelecido, que lhe proporciona um ambiente de crescimento e desenvolvimento, notadamente aquelas com necessidades especiais, as quais requerem mais atenção e cuidados específicos.

Quando falamos em inclusão escolar, neste trabalho nos referimos aos estudantes com necessidades educacionais especiais, sendo o aluno com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades.

O conceito de necessidades especiais amplia o de deficiência, uma vez que se refere “a todas as crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua capacidade ou de suas dificuldades de aprendizagem” (Declaração de Salamanca,1994). O princípio fundamental da linha de ação da Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, realizado em Salamanca/Espanha, em 1994, é:

Que as escolas devem acolher todas as crianças, independente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Devem acolher crianças com deficiência e crianças bem-dotadas; crianças de populações distantes ou nômades; crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas desfavorecidos ou marginalizados (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p.8) Para o atendimento dos sujeitos público-alvo da educação especial conforme a Política Nacional de educação especial (2008) a escola deve oferecer o atendimento educacional especializado (AEE) em salas de recursos, que servem para a complementação e suplementação do ensino, geralmente no turno inverso ou contraturnos, podendo dispor, também, de educação itinerante,

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na qual, em grupos de professores especializados, se deslocam até a população mais carente e oferecem esta espécie de educação.

Conforme atribuições da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) no que se refere ao paradigma da inclusão, afirma que todos se beneficiam quando as escolas promovem respostas às diferenças individuais de estudantes, impulsionando os projetos de mudanças nas políticas públicas. A partir dos diversos movimentos que buscam repensar o espaço escolar e da identificação das diferentes formas de exclusão geracional, territorial, étnico racial, de gênero, dentre outras, a proposta de inclusão escolar começa a ser gestada.

Esta perspectiva conduz ao debate sobre os rumos da educação inclusiva, tornando-se fundamental para a construção da educação especial, e de políticas de formação, financiamento e gestão, necessárias para a transformação da estrutura educacional a fim de assegurar as condições de acesso, participação e aprendizagem de todos os estudantes, concebendo a escola como um espaço que reconhece e valoriza as diferenças.

Neste sentido, a escola inclusiva contrapõe a todo e qualquer tipo de discriminação, e nessa prospectiva a escola precisa rever todos os seus conceitos, em busca de uma educação que respeite a heterogeneidade. Essa tarefa não é nada fácil para uma instituição que se acostumou à padronização, que exclui de seu espaço forma de diversidade.

Assim sendo, a inclusão escolar é a possibilidade que se abre para o aperfeiçoamento da educação escolar para o benefício de todos os alunos, com ou sem necessidades educativas especiais. É uma nova ação que implica um esforço de modernização e de reestruturação das condições atuais da maioria das nossas escolas.

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2 GESTÃO ESCOLAR E O PROCESSO DE INCLUSÃO

A escola é uma instituição que tem função social de promover o desenvolvimento do sujeito, preparando-o como cidadão e na sua qualificação para o trabalho. Nesta perspectiva, compete à gestão escolar dar suporte e nortear o ensino-aprendizagem no âmbito escolar, podendo ser este um movimento construtivo e gerador de oportunidades para o educando que ali está inserido. Uma gestão escolar com práticas ativas que refletem na comunidade escolar, através da democracia, da participação e da autonomia de todos os envolvidos.

De acordo com Lück et al. (2008), o movimento pela gestão democrática em educação reconhece a necessidade de unir as mudanças estruturais e de procedimento com ênfase no aprimoramento escolar, por meio de um projeto pedagógico comprometido com a promoção da educação, em acordo com as necessidades de uma sociedade moderna e justa.

A abordagem participativa na gestão escolar demanda maior envolvimento de todos os interessados no processo decisório da escola, mobilizando-os, da mesma forma, nas múltiplas ações da gestão. Essa abordagem amplia, ao mesmo tempo, o acervo de habilidades e de experiências que podem ser aplicadas na gestão das escolas enriquecendo-as e aprimorando-as. A gestão participativa é fundamental para: a) melhorar a qualidade pedagógica do processo educacional das escolas; b) garantir ao currículo escolar maior sentido de realidade e atualidade; c) aumentar o profissionalismo dos professores; d) combater o isolamento físico, administrativo e profissional dos gestores e professores; e) motivar o apoio das comunidades escolar e local às escolas; e f) desenvolver objetivos comuns na comunidade escolar (LÜCK et al., 2008, p.18).

Vista deste prisma, a gestão democrática implica compartilhar o poder, descentralizando-o. Isto pode ser feito incentivando a participação e respeitando as pessoas e suas opiniões, onde os gestores devem criar um clima

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de confiança entre os vários segmentos da comunidade escolar e local, ajudando a desenvolver competências básicas necessárias à participação – como, por exemplo, saber ouvir, saber comunicar suas ideias.

A participação proporciona mudanças significativas na vida das pessoas, na medida em que elas passam a se interessar e se sentir responsáveis por tudo que representa interesse comum. Assumir responsabilidades, escolher e inventar novas formas de relações coletivas faz parte do processo de participação e trazem possibilidades de mudanças que atendam a interesses coletivos.

Conforme o Dicionário Aurélio (2009), o termo gestão significa gerir, administrar, governar, dirigir. Assim, a gestão democrática na escola, pode ser encarada como um processo consciente da busca pela superação de conflitos e desencontros, competência para buscar, propor e mediar novas alternativas e que as mesmas atendam aos interesses da comunidade escolar, compreensão de que a qualidade da escola dependerá da participação ativa de todos os membros, respeitando a individualidade de cada um e buscando nos conhecimentos individuais, novas fontes de enriquecer o trabalho coletivo. A democracia na escola não é algo que se encontra pronto e, portanto, deve ser construída no decorrer do processo escolar.Conforme Heloísa Lück:

A gestão democrática ocorre na medida em que as práticas escolares sejam orientadas por filosofia, valores, princípios e ideias consistentes, presentes na mente e no coração das pessoas, determinando o seu modo de ser e de fazer. (LÜCK, 2010, p. 41)

A gestão é um processo que ocorre sob determinada orientação política, constituída a partir da dinâmica das relações que se desenvolvem nos contextos institucionais interno e externo. Considerando que na gestão escolar, este processo acontece de forma democrática e participativa. Na definição da palavra democracia, se estabelece que este é um sistema de governo onde o poder de tomar importantes decisões políticas está com o povo, regime de governo que se caracteriza pela liberdade do ato eleitoral, pela divisão dos poderes e pelo controle da autoridade. Referindo-se à escola, este é um processo em

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construção que propõe uma escola de qualidade para todos, respeitando a sua diversidade. Sendo esta, uma junção de escola e sociedade, à qual prioriza a participação e construção de conselhos representativos. Nas perspectivas de uma gestão democrática escolar, esta redimensiona à uma gestão participativa, na qual, as decisões são tomadas por todos as pessoas que fazem parte da comunidade escolar, como: alunos, professores, pais, gestores, etc, sendo esta participação essencial para que a democracia aconteça.

O ato de participar só acontece, a partir do momento em que a comunidade escolar se sente envolvida com a escola e seus projetos, no momento em que o aluno identifica na escola a sua marca e se reconhece como parte daquele espaço que ajudou a construir. Daí vem a necessidade do sujeito de participar do processo social.

É característico do sujeito, o envolvimento no meio em que está inserido, e de grande relevância se fazer parte integrante do contexto histórico. Sendo, na gestão escolar democrática e participativa, este envolvimento da comunidade da escola, de suma importância, por fazerem parte direta ou indiretamente, das decisões no desenvolvimento da mesma. A participação no processo educacional caracteriza o diálogo com sendo de fundamental importância, mas considera esta, um processo lento e conflituoso, havendo a necessidade de conhecer os conflitos para poder intervir.

Os autores Apple e Beane (1997), referem-se à essencialidade da participação, como meio de democratização da escola, consideram indispensáveis algumas condições, destacando o livre fluxo das ideias para que as pessoas estejam sempre bem informadas, independe de sua popularidade; confiança na capacidade individual e coletiva das pessoas de resolver problemas; reflexão e análise crítica como práticas para avaliação de ideias, problemas e políticas; preocupação com o bem-estar dos outros, com o bem comum, com a dignidade e os direitos dos indivíduos e com as minorias; compreensão de que a democracia não é tanto um ideal a ser buscado, como um conjunto de valores a serem vividos e que devem regular nossa vida

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enquanto povo; e organização das instituições sociais voltadas à promoção e ampliação do modo de vida democrática.

A gestão da educação, segundo Bordignon e Gracindo (2000), é um processo político administrativo contextualizado. Sob uma orientação democrática, a participação das pessoas nos processos decisórios, tendo em vista a construção e o exercício da autonomia em um contexto de relações e interdependências.

Entendendo a escola como um espaço de constantes mudanças, faz-se necessário a atuação eficaz de uma gestão escolar, para dinamizar as situações pedagógicas que surgem no interior da escola, em razão disso, os gestores devem estar preparados para mudanças, desafios e enfrentamentos, ter capacidade para motivar a equipe.

No Projeto Político Pedagógico de uma escola, se faz referência à Gestão Democrática, na qual o objetivo primeiro deve ser o de criar condições para que professores promovam a aprendizagem dos educandos com sucesso, levando em consideração o currículo oculto da instituição, ou seja os conhecimentos prévios que a comunidade escolar trás para dentro da escola. Salientando que a Gestão Democrática da escola perpassa pelo coletivo de todos os segmentos escolares: alunos, pais, funcionários, professores, e a comunidade externa. Sendo assim, todos os espaços da escola, didático-pedagógico, funcional, ou administrativo financeiro, tem o mesmo valor nas tomadas de decisões, democraticamente. Também no PPP explicita as atribuições do Diretor, vice-diretor e da coordenação pedagógica.

Ainda é necessário salientar que os profissionais responsáveis pela gestão precisam ser competentes para estreitar e acima de tudo manter laços entre a escola e a família sabendo conduzir, construir e diferenciar o que é de responsabilidade de cada uma das unidades acima citadas. Precisa também entender que os órgãos colegiados da escola como o Conselho Escolar e o Círculo de Pais e Mestres - CPM são espaços indispensáveis de formação e que têm como característica envolver e, de certa forma, firmar uma espécie de

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compromisso e protagonismo entre pais, alunos, professores e direção. Mas, para além do que já fora dito, o gestor também precisa envolver-se com tarefas burocráticas, disciplinares e organizacionais.

Geralmente os documentos e PPPs escolares trazem no seu contexto quais as prioridades da escola e também o comprometimento da instituição com a educação e o ensino-aprendizagem. Os documentos evidenciam que a Gestão Escolar de uma escola é vista de uma forma ousada, com capacidade de análise e discernimento, buscando soluções para os desafios na comunidade escolar, no coletivo democrático, a participação ativa de todos os segmentos escolares, à qual precisa ser desenvolvida de forma democrática, dinâmica, criativa, sendo capaz de entender a demanda de exigências da escola e de oferecer condições para que o coletivo dê sustentabilidade e autonomia para a escola desenvolver o processo ensino-aprendizagem com segurança, permitindo a busca prazerosa do conhecimento, saber, operando mudanças significativas na sociedade, para que, o educando ou a comunidade escolar possa ocupar seu espaço de cidadão consciente crítico que luta pelos seus direitos e deveres no meio ao qual está inserido.

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3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Para fundamentar o trabalho de conclusão de curso, além de utilizar bases teóricas e pesquisas bibliográficas, realizei pesquisa de campo em duas escolas da rede do município de Ijuí, sendo uma da rede pública e outra da rede privada. Com o intuito de coletar dados que refletissem o processo de inclusão das escolas referenciadas, de modo que pudesse elucidar as práticas inclusivas nas instituições educativas.

Para desenvolver esta pesquisa de campo tive o apoio e a colaboração das coordenadoras pedagógicas das respectivas escolas, profissionais que foram de fundamental importância na realização da minha coleta de dados.

Como discorri neste trabalho, meu objetivo com esta pesquisa é refletir como as escolas de ensino regular, estão se organizando para acolher a criança com necessidades especiais.

A escola da rede privada em que realizei a minha pesquisa de campo, encontra-se situada no Centro da cidade de Ijuí/RS. À qual procura fortalecer a integração da Família e Escola que acontece de forma transparente, cordial e amiga, com uma excelente relação de parceria com as instituições de apoio e a comunidade escolar, tendo como diferencial: as relações, inovações e resultados. Esta instituição possui educação infantil, ensino fundamental e ensino médio.

Na entrevista, perguntei à coordenadora da escola privada, que aspectos podem ser ressaltados do projeto pedagógico e regimento escolar visando a constituição de uma política inclusiva e que concepção de inclusão a escola apresenta, enquanto gestão escolar.

A coordenadora salientou que, ao que se refere especificamente aos alunos com necessidades educacionais especiais, considera-se que é preciso enfatizar o potencial existente em cada educando, sem ficar atrelado apenas às dificuldades relacionadas à deficiência. Além disso, acredita-se que a

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escola e o papel do professor são centrais para o desenvolvimento da criança, na medida em que podem proporcionar novas formas de construção do conhecimento, superando os conceitos superiores, que resultam na interação social e escolar. Consta no Projeto Político Pedagógico da Escola:

Todo o processo de ensino e aprendizagem, seja ele direcionado aos portadores de necessidades educacionais especiais ou não, é mediado pelo educador e desafia e incentiva o educando que, por sua vez, tem o compromisso com a busca do saber e das descobertas. (PPP, p.32)

Consta no Regimento Escolar:

Art.1º[...] capacitando o aluno para responder aos desafios do mundo de maneira crítica, transformadora, responsável e consciente de sua cidadania. Nessa perspectiva a educação inclusiva passa, também, a integrar a proposta pedagógica do colégio, promovendo o atendimento aos alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.

Diante das novas propostas curriculares de inclusão, as escolas estão procurando meios de se adequar e incentivar mudanças na escola, nessa perspectiva, em relação a integração dos alunos com deficiência e com a comunidade escolar, a escola entrevistada tem como essência a vivencia de valores e a humanização, sendo bastante ressaltada e trabalhada em todos os setores.

O acolhimento faz parte da identidade da escola, sendo assim, compete a cada um, ter essa prática no seu dia-dia, através do exemplo de transmitir esta marca tão significativa. A partir daí o trabalho de respeito às diferenças, de aceitação, de sensibilização, de espírito colaborativo, entre outros. Ressalta que, apesar de ser um grande desafio, porque vivemos numa época imediatista, superficial, competitiva, onde as relações se estabelecem de forma virtual e isoladas, acredita-se que somos privilegiados por pautarmos nosso trabalho em valores, procurando legitimar o respeito e o amor ao próximo independente da situação, dificuldade ou necessidade que apresente.

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De forma prática e concreta a integração acontece no acolhimento, nas adaptações dos ambientes e dos trabalhos propostos para que possam se sentir inseridos/integrados e participem dentro das condições, possibilidades e capacidades próprias (peculiares).

As propostas e políticas de inclusão que estão sendo implantadas na escola, que estão refletindo as possibilidades de fortalecimento da inclusão, são através de formação continuada dos professores com o tema inclusão, participação de seminários e palestras com este tema, acompanhamento junto às famílias e professores, contato com os profissionais especializados nas diferentes áreas.

Em relação à esse novo contexto na escola, o professor está mais consciente do seu papel neste processo, buscando informações, pesquisando, estudando..., para estarem cada vez mais próximos dos alunos. Penso que a maior preparação ainda é a aceitação da diferença, do desafio de saber lidar com as limitações, dificuldades e deficiências. Ter um olhar sensível, atento e responsável. Neste sentido a escola procura, dentro do possível, pensar recursos, estratégias e maneiras mais acertadas e adequadas para cada situação, respeitando as individualidades e orientando a partir daí os respectivos professores. Em especial neste ano, a escola propôs formação continuada dos professores com o tema inclusão, oportunizando palestras com profissionais da área, estudo em grupos sobre o assunto e que serão socializados entre todos, através de seminários, permitindo assim, a troca de conhecimentos, indagações, discussões, podendo assim contribuir e oferecer subsídios para a melhor preparação do seu corpo docente.

Em relação a aprendizagem dos alunos com deficiência e a realização do trabalho pedagógico, considerando a monitoria, número de alunos em sala, e quanto a avaliação, a escola primeiramente solicita e/ou analisa o laudo e situação de cada aluno, para então pensar nas orientações específicas de cada caso, para ser observado pelos professores. De acordo com a exigência de cada dificuldade é encaminhado e avaliado o trabalho de acordo com a mesma. O número de alunos vai depender do nível de dificuldades encontradas

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em cada caso, podendo ou não haver acompanhamento individual (a ser combinado com a família).

A escola da rede pública municipal, na qual realizei minha pesquisa de campo, está situada em um bairro da cidade de Ijuí/RS. Frequentam esta escola, um total de 223 alunos, destes 153 no turno vespertino. A escola desenvolve o projeto “convivendo e aprendendo com as diferenças”, projeto este que faz referência ao processo de inclusão e à diversidade de sujeitos inseridos dentro do ambiente escolar.

Em continuidade com minha pesquisa de campo, perguntei à coordenadora da escola pública, que aspectos podem ser ressaltados do projeto pedagógico e regimento escolar visando a constituição de uma política inclusiva e que concepção de inclusão a escola apresenta, enquanto gestão escolar. A coordenadora destacou a organização e aplicação do plano específico, contemplando adaptações curriculares voltadas às capacidades e necessidades do aluno incluído.

A escola pública entrevistada apresenta na sua concepção de inclusão que, incluir significa acolher, fazer com que o aluno se sinta valorizado. Procurando ressaltar as conquistas do aluno, como expressar-se oralmente, localizar-se dentro do seu contexto social, subir e descer escadas sem auxílio, colocar ou tirar o calçado sozinho, bem como outras atividades que incluem na escola e na sociedade. Também paralelo à isso a educação formal que em certos casos avança ou retrocede, mas sempre tentando, sem jamais desistir.

Perante às novas propostas curriculares de inclusão, a escola está procurando meios de se adequar e incentivar mudanças como instituição. Nessa perspectiva, em relação a integração dos alunos com deficiência e a comunidade escolar é realizado por meio de conversas nas turmas sobre a importância de respeitar uns aos outros, e de ajudar o colega quando necessário, assistir vídeos sobre inclusão, atividades em grupos, reuniões com as famílias, troca de sala para alunos com mobilidade reduzida, adaptação nos banheiros.

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Neste sentido, as propostas e políticas de inclusão que estão sendo implantadas na escola, estão refletindo as possibilidades de fortalecimento da inclusão, procurando fortalecer o mesmo direito de estar na escola como os demais alunos, desafiando-os a desenvolver as suas potencialidades e habilidades que possui, isso diariamente.

Em relação a este novo contexto escolar e a preparação do professor, aos poucos eles estão aceitando esse novo desafio, que é de trabalhar com o aluno incluído; não é tarefa fácil, mas estamos evoluindo a cada ano, pois percebe-se que há envolvimento por parte de todos e estão abertos a sugestões.

Em relação a aprendizagem dos alunos com deficiência e a realização do trabalho pedagógico, considerando a monitoria, número de alunos em sala, e quanto a avaliação, a escola não dispõe de monitores, o professor é que dá conta desses alunos com atividades diferenciadas e/ou adaptadas, dentre estas, jogos como suporte, materiais concretos, elaboração de conceitos (de forma simplificada), trabalhos em grupos...

A avaliação se dá através de conteúdos reduzidos, com imagens, questões objetivas, a professora faz a leitura e o aluno assinala. A cada final do trimestre ou semestre dependendo do ano que o aluno se encontra, ele recebe um parecer descritivo.

A partir das entrevistas realizadas, pode-se observar o comprometimento da escola, enquanto gestão, no processo de inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais. Percebo que a escola da rede privada está bastante envolvida, buscando aprimoramentos nesta área, através de formações em educação especial, envolvendo todos os professores. Também busca estar em constante parceria com as famílias dos alunos e manter um estreitamento nas relações, para que, assim como o aluno, a família também se sinta acolhida pela escola, e como salienta a entrevistada, é de fundamental importância enfatizar o potencial existente em cada educando, sem ficar atrelado apenas às dificuldades relacionadas à deficiência.

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Em relação à escola pública, existe o envolvimento da escola, enquanto gestão, no que se refere ao processo de inclusão, evidenciado no projeto da escola, “Convivendo e aprendendo com as diferenças”, mas percebi que acontece de forma superficial. Pois os profissionais da escola ainda estão internalizando esta demanda, desta forma, deixam transparecer a falta de preparação frente a este desafio, na sua postura como professor e profissional.

Para além disso, estão sendo promovidas formações de professores da rede pública, pela secretaria de educação do município de Ijuí (Smed), na área de educação especial, sendo esta, a ideia de juntar todos os professores que atuam nas escolas municipais para a formação continuada.

Com esta pesquisa consegui estabelecer a importância do trabalho do professor conjuntamente com a gestão escolar, no que se refere à educação de crianças com necessidades especiais educacionais, pois é a gestão da escola que dará suporte para o profissional em sala de aula, bem como a aproximação com as famílias, de forma que se envolvam na vida escolar dos filhos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A estratégia para alcançar os objetivos deu-se por meio de uma pesquisa de campo, embasada em pesquisa bibliográfica. Elaborei um questionário para coleta de dados, sendo a entrevista dirigida à gestão de duas escolas, uma pública e outra privada, do município de Ijuí/RS, com o intuito de saber como as escolas do município estão se organizando para acolher essa nova demanda e como está acontecendo esta caminhada.

As experiencias presenciadas durante os estágios em escolas desde o ensino médio e superior, foram determinantes na minha busca para entender o processo de inclusão. Bem como o apoio dos professores do curso de Pedagogia, que sempre se empenharam para elucidar minhas dúvidas e rever meus conceitos. Desta forma, este trabalho de conclusão de curso serviu para minha reflexão sobre o processo de inclusão nas escolas de ensino regular, e para agregar conhecimentos, no âmbito escolar e na formação de sujeitos. Conhecimentos nos quais levarei para toda a vida e futura Pedagoga.

Considero que a escola deve se adequar para receber todas as crianças, levando em conta a importância de inseri-las no meio social, no contexto escolar e conviver com outros, sendo ela com necessidades especiais ou não, à qual oportunizará práticas e vivências que contribuirão na sua formação como sujeito. É direito de toda criança, estar inserida no contexto escolar, direito este defendido pela constituição brasileira, a qual garante a educação para todos, para se constituir cidadão.

As análises e reflexões que construí a partir das bibliografias estudadas e da pesquisa de campo realizada, foram importantes para constatar que as instituições de ensino estão num processo de reestruturação, também de evolução, direcionando seus colaboradores para atentar novas buscas e novos saberes, através de parcerias com a secretaria de educação, por meio de formação continuada, estudos, palestras, investindo no profissional que irá trabalhar na sala de aula.

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Nesta pesquisa evidenciei o importante papel que exerce a gestão escolar de uma instituição, podendo esta, se pautar numa gestão democrática que visa compartilhar o poder, descentralizando-o. Proporcionando, assim, a participação da comunidade escolar nas decisões que se referem ao andamento da escola, desta forma, conquistando sua própria autonomia

Também cabe à gestão escolar, dar suporte e nortear o ensino-aprendizagem no espaço escolar. Lançar desafios à equipe, provocar e instigar o trabalho do professor, para que se sinta motivado profissionalmente. Quando falo em suporte, é dar o amparo necessário para o professor que está em sala de aula, tendo este, aluno com necessidades educacionais especiais ou não.

Devo considerar nesta análise, sim, que não só as crianças com deficiência precisam de uma atenção mais eficaz, como também, o filho de pais alcoólatras; o aluno com déficit de aprendizagem; o aluno subnutrido; o aluno que é membro de grupos minoritários, como índios, ciganos e os oriundos de assentamento de terra; o aluno que necessita de atendimento em sala hospitalar, pois estes também necessitam de um olhar atento do professor e da escola, e que a inclusão da criança com necessidades educacionais especais só acontece através da integração, na qual a criança interage e participa e se sente parte deste contexto.

Nas minhas constatações percebi que a escola, tanto pública, como a privada, do município de Ijuí/RS, estão buscando alternativas e se aprimorando, na perspectiva de integrar a todos sem distinção, se adequando frente às leis de subsídio trazidas pelas Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, buscando proporcionar aos alunos ambiente favorável para a construção do aprendizado. Por meio de formação de professores, especialização na área, e adequação de espaços para receber o educando com necessidades especiais educacionais.

Nesta perspectiva acredito na reestruturação do ensino escolar e na idealização de uma escola que ofereça igualdade nas oportunidades para todos os que a frequentam, internalizando nestes a importância de reconhecer

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as diferenças e respeitá-las no meio social, pois só assim, promoveremos os novos paradigmas sociais que almejamos.

"Inclusão é sair das escolas dos diferentes e promover a escola das diferenças"(Mantoan)

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APPLE, Michael W.; BEANE, James. Escolas democráticas. São Paulo: Cortez, 1997

BORDIGNON, Genuíno; GRACINDO, Regina Vinhaes. Gestão da educação: o município e a escola. In: FERREIRA, NauraSyriaCarapeto; AGUIAR, Márcia Ângela da S. (Org.). Gestão da educação: impasses, perspectivas e compromissos. São Paulo: Cortez, 2000. p.147-176

BRASIL, MEC/ SEF/ DPE/ COEDI. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial. Brasília, Secretaria de Educação Especial, 1994

_______Estatuto da criança e do adolescente: Lei Federal n8069/90. ENGUITA, M. A face oculta da escola. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio: o minidicionário da língua portuguesa dicionário/Aurélio Buarque de Holanda Ferreira; coordenação de edição Marina Baird Ferreira; equipe de lexicografia Margarida dos Anjos. – 7. Ed.- Curitiba: Ed. Positivo; 2008.

FREIRE, Paulo, – Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa/ Paulo Freire. – São Paulo: Paz e Terra, 1996.—(coleção literatura) LÜCK, Heloísa, [et al.]. A escola Participativa: o trabalho do gestor escolar. 5ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. 159 p.

LÜCK, Heloísa. Concepções e processos democráticos de gestão educacional/Heloísa Lück. 5.ed.- Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. pag. 58 Série: Cadernos de Gestão

MANTOAN, Maria Teresa Eglér- Inclusão Escolar: O que é? Por que? Como fazer?/ Maria Teresa EglérMantoan, 2. Ed. -São Paulo: Moderna, 2006.- (cotidiano escolar: ação docente)

MANTOAN, Maria Teresa Eglér – O Desafio das Diferenças nas Escolas. / Maria Teresa EglérMantoan, (organizadora). 2. ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. MATURANA, Humberto. Emoções e linguagem na educação e na política. Belo Horizonte. Editora UFMG,1998

SECADI http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=203:secadi

UNESCO. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: CORDE, 1994.

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APÊNDICE - Questões Norteadoras para a Entrevista

UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA

As questões a seguir fazem parte do roteiro de entrevistas que será realizada pela aluna Liziani Cavalheiro Pinto da Silva para realização do trabalho de conclusão de curso, com orientação da professora Marta Estela Borgmann. Declaramos que a identidade dos entrevistados será mantida em sigilo, bem como suas respostas mantidas na íntegra. Agradecemos sua participação e ressaltamos a importância do mesmo para a formação de professores na área da Pedagogia.

ROTEIRO DE ENTREVISTA

1- Enquanto Gestão escolar que aspectos podem ser ressaltados do projeto pedagógico e regimento escolar visando a constituição de uma política inclusiva.

2- Que concepção de inclusão a escola apresenta.

3- Para incentivar mudanças na escola o que é realizado em relação a integração dos alunos com deficiência com a comunidade escolar.

4- Que proposta e política de inclusão estão sendo implantadas na escola que estão refletindo as possibilidades de fortalecimento da inclusão?

5- O professor está preparado para este novo contexto e o que a escola faz para auxiliá-lo?

6- Em relação a aprendizagem dos alunos com deficiência como é realizado o trabalho pedagógico em relação a monitoria, número de alunos em sala, avaliação...

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O que mais gostaria de ressaltar sobre a inclusão de alunos com deficiência na escola regular.

Referências

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