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Apostila Did_geral 2015

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE PAULISTA

Didática Geral

LIVRO TEXTO

Prof. Ms. Mario Destro Monteiro 29/3/2011

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SUMÁRIO

SOBRE OS AUTORES... 4

APRESENTAÇÃO... 6

OBJETIVOS DA DISCIPLINA...6

INTRODUÇÃO... 8

1. A DIDÁTICA E SEU CONTEXTO...10

1.1. EDUCAÇÃO...10 1.2. PEDAGOGIA...14 1.3. DIDÁTICA...15 1.4. A INSTRUÇÃO E O ENSINO...15 1.5. APRENDIZAGEM...17 1.6. CURRÍCULO ESCOLAR...18 RESUMO... 20

2. A FILOSOFIA, A SOCIOLOGIA E A PSICOLOGIA NA EDUCAÇÃO...22

2.1. A FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO...23

2.2. A SOCIOLOGIA NA EDUCAÇÃO...25

2.3. A PSICOLOGIA NA EDUCAÇÃO...31

RESUMO... 33

3. A DIDÁTICA COMO TEORIA E TÉCNICA DA INSTRUÇÃO E DO ENSINO: COMO A HISTÓRIA AJUDA NA COMPREENSÃO DO HOJE...36

4. AS TENDÊNCIAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS...42

PEDAGOGIA LIBERAL...44

4.1. PEDAGOGIA LIBERAL TRADICIONAL...45

4.2. PEDAGOGIA LIBERAL RENOVADA PROGRESSIVISTA...46

4.3. PEDAGOGIA LIBERAL RENOVADA NÃO-DIRETIVA...48

4.4. PEDAGOGIA LIBERAL TECNICISTA...49

PEDAGOGIA PROGRESSISTA...52

4.5. PEDAGOGIA PROGRESSISTA LIBERTADORA...53

4.6. PEDAGOGIA PROGRESSISTA LIBERTÁRIA...55

4.7. PEDAGOGIA PROGRESSISTA CRÍTICO-SOCIAL DOS CONTEÚDOS...57

RESUMO... 61

EXERCÍCIOS:... 63

FAÇA A CORRESPONDÊNCIA ENTRE OS PARES QUE SE COMPLEMENTAM COLOCANDO A LETRA CORRESPONDENTE À ABORDAGEM EM QUESTÃO...63

RESOLUÇÃO DOS EXERCÍCIOS:...65

AS RESPOSTAS ESTÃO CLASSIFICADAS NESTA ORDEM:...65

(D) PEDAGOGIA LIBERAL TECNICISTA...65

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5.1. OS OBJETIVOS...66

5.2. OS CONTEÚDOS...71

5.3. OS MÉTODOS DE ENSINO...74

6. OS RECURSOS E A AVALIAÇÃO DO ENSINO...85

6.1. OS DIFERENTES RECURSOS...85

6.2. A QUESTÃO DA AVALIAÇÃO...89

7. O PLANEJAMENTO ESCOLAR...99

7.1. O PLANEJAMENTO EM SEUS VÁRIOS NÍVEIS...100

7.2. PLANEJAMENTO ESCOLAR...100

7.3. PLANEJAMENTO CURRICULAR...101

7.4. PLANEJAMENTO DIDÁTICO OU DE ENSINO...101

7.5. PLANEJAMENTO DE CURSO...102

7.6. PLANEJAMENTO DE UNIDADE DIDÁTICA...103

7.7. O PLANO DE AULA...103

8. O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM: UMA DISCUSSÃO GERAL...109

8.1. A RELAÇÃO PROFESSOR – ALUNO E O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM...109

8.2. A QUESTÃO DO DIÁLOGO...111

8.3. A DISCIPLINA E A INDISCIPLINA...112

8.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS...115

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Sobre os Autores

Professor Mário Destro Monteiro nasceu em São Paulo, onde vive e

trabalha atualmente. Possui graduação em Educação Física e Técnicas Desportivas - Faculdades Integradas de Guarulhos e mestrado em Educação: Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Atualmente é Professor Adjunto da Universidade Paulista e Coordenador de Estágios em Educação nesta Instituição. Tem experiência na área Educacional, com ênfase em Didática e Psicologia Escolar, atuando principalmente nos seguintes temas: Didática Geral e Específica, Psicologia Educacional, Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, Educação Física Escolar, Prática de Ensino, Recreação e Estrutura e Funcionamento do Ensino. Desde 2005 trabalha na Universidade Paulista lecionando as disciplinas ligadas à educação e à psicologia educacional, seu campo de interesse. Está ligado aos estudos da Didática, da Psicologia e da Educação, lecionando, produzindo materiais e pesquisas a mais de 10 anos, principalmente às questões envolvendo a aplicação desses tópicos na relação professor-aluno nas escolas, a forma como trabalhar com os alunos produtivamente e respeitosamente, a compreensão sobre as necessidades de cada fase cujas quais os alunos possam estar inseridos, a resolução de problemas de relacionamento em sala de aula, indisciplina, motivação, etc.

Professor Wanderlei Sergio da Silva, formado em Geografia pela

Universidade de São Paulo – USP, Mestre em Ciências (Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo – USP e Doutor em Geociências e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP. Trabalhou durante 15 (quinze) anos no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT, em pesquisas relacionadas com as geociências e o meio ambiente. Após seu desligamento do IPT, atuou como consultor em trabalhos relacionados com meio ambiente durante 6 anos. No total, atuou em cerca de 100 projetos de pesquisa, muitos deles como coordenador de equipe. A partir de 2001 ingressou na Universidade Paulista – UNIP, onde lecionou disciplinas relacionadas com geografia, meio ambiente e planejamento no curso de Turismo, bem como as disciplinas

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didático-pedagógicas no curso de Psicologia (Licenciatura), sendo ambos os cursos presenciais. Atualmente é Professor Titular da UNIP, atuando como membro da Coordenadoria de Estágios em Educação, órgão da universidade responsável pela orientação das disciplinas didático-pedagógicas de todos os cursos de licenciatura, e como professor na UNIP Interativa, nos cursos de Letras e Matemática, responsável pelas disciplinas relacionadas com a Prática de Ensino, Didática Geral, Estrutura e Funcionamento da Educação Básica e Planejamento e Políticas Públicas da Educação. É autor de 5 (cinco) livros e 13 (treze) trabalhos de congresso, e foi entrevistado em programas de rádio e TV sobre a temática ambiental.

Professora Ana Paula Mendietta José, formada em Turismo pela

Universidade Ibero Americana de São Paulo – UNIBERO, Mestranda em Educação pela Universidade Cidade de São Paulo – UNICID. Em 2001 ingressou na UNIBERO e na Universidade Paulista – UNIP, onde lecionou disciplinas relacionadas com o turismo, responsável pela implantação da Agência Experimental na UNIBERO, lecionava disciplinas como Técnicas em Agências de Viagens, Planejamento Turístico. Durante 05 anos foi responsável pelo projeto de Recreação, um evento social comunitário que acontece semestralmente na Universidade Paulista, com crianças de creches, orfanatos e até asilos.

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APRESENTAÇÃO

Esta disciplina pretende proporcionar a capacidade de análise da relação entre o homem e a sociedade dentro de um contexto cultural, social e econômico, buscando por meio desses conhecimentos uma concepção de Educação. Ao estudar a trajetória histórica e cultural de formação da Didática como ciência da Educação, teremos como pano de fundo as diferentes concepções de educação e ensino. Pretende-se que a análise das diferentes perspectivas do processo de ensino e aprendizagem seja passível de ser compreendida, enfocando: concepções de homem, de mundo, de conhecimento, de professor-aluno, de ensino-aprendizagem, análise do contexto da instituição escolar, seu espaço político, sua estrutura e sua dinâmica de funcionamento.

Este texto foi elaborado em uma perspectiva crítica, tentando deixar claro o posicionamento social que deve ser adotado para a formação de uma sociedade mais democrática e, por isso, mais justa e igualitária. Para isso, não podemos deixar de dizer que a consulta de outros materiais, principalmente os citados na bibliografia, se fazem extremamente necessário, como forma de criar um pensamento mais pluralizado e esclarecido sobre tudo que envolve a tarefa de ser professor.

OBJETIVOS DA DISCIPLINA

Os principais objetivos, em termos mais gerais desta disciplina são: formar educadores que posam atuar em qualquer das especialidades em que venham a licenciar; oferecer condições para a conscientização, por parte dos futuros educadores, da realidade educacional brasileira; proporcionar aos futuros educadores fundamentação teórica que os auxilie no seu preparo para uma ação educadora coerente com as necessidades da realidade em que atuarão; oferecer aos futuros educadores uma instrumentalização teórica que lhes possibilite uma ação educadora eficaz.

Para isso, primeiramente será preciso:

A. Compreender o objeto de estudo da Didática para possibilitar o embasamento teórico-prático das ações em sala de aula.

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B. Entender o contexto do processo ensino-aprendizagem para a construção de sua prática pedagógica.

C. Analisar contexto da instituição escolar e o papel do professor.

Dessa forma, a análise crítica da teoria deverá proporcionar condições de elevar a curiosidade e o interesse pela busca de aprofundamento teórico, capaz de formar um professor crítico, sensível às necessidades reais e nas condições oferecidas, engajado em um projeto de educação mais consistente, eficiente e eficaz e capaz de trabalhar de maneira didaticamente organizada.

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INTRODUÇÃO

Este texto foi elaborado com a intenção de tratar de maneira geral, porém sucinta, os assuntos que envolvem a Didática como ciência (teoria) e a prática do professor, buscando de maneira ‘didática’ a construção de um arcabouço teórico básico, que instigasse a curiosidade para uma busca mais aprofundada sobre tudo o que envolve a formação de um professor.

Longe de esgotar o tema, que foi construído por um longo percurso histórico, pretendemos contribuir para uma visão geral sobre o tema, de maneira a situar o futuro educador sobre toda a complexidade das tarefas docentes e, encorajá-lo para continuar suas pesquisas nesta temática, de forma a não se limitar a uma única visão, mas construí-la por várias fontes disponíveis que, com certeza, darão mais maturidade na construção teórico-prática da visão de professor.

Para o inicio do texto (capítulo 2), foi necessário definir tudo o que envolve a didática, explicando os principais conceitos de palavras que são essenciais para compreendê-la, como uma sub-área da Educação. É trabalhado os conceitos de educação, pedagogia, didática, instrução, ensino, aprendizagem e currículo escolar.

No capítulo seguinte (capítulo 3) desenvolvemos uma visão da relação entre a didática e as outras ciências, que por sua vez, são essenciais para a formação do educador, como formadoras da consciência crítica, sensível e pautada na realidade que a espécie nos coloca. Para isso, veremos como a filosofia, a sociologia e a psicologia se interrelacionam com a educação e a didática e como elas nos auxiliam na formação profissional como professores.

No próximo capítulo (capítulo 4) vemos um pouco da história da didática e na formação das tendências educacionais, para que o futuro professor possa formar sua própria visão pautado no que já existe em termos de métodos de ensino.

Após esta visão (no capítulo 5), veremos alguns componentes do planejamento, os objetivos, conteúdos e métodos de ensino. Veremos o que são, como devem ser trabalhados e sua estruturação, para que o professor possa organizar suas atividades de maneira séria e profissional.

No capítulo posterior (capítulo 6), veremos o restante dos componentes do planejamento, os recursos e a avaliação, fechando com aquilo que faltava para a visualização detalhada do que se utiliza para o aprimoramento das aulas e o que se faz para a verificação dos resultados obtidos.

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No item seguinte (capítulo 7), veremos o planejamento de maneira mais aprofundada, após ter conhecido seus principais componentes – objetivos, conteúdos, métodos, recursos e avaliação – visualizando também seus diversos níveis, desde o sistema educacional até o plano de aula, de maneira a compreender como todos essas modalidades de planejamento se articulam e fazem parte da realidade educacional.

Por último (capítulo 8), poderemos ver mais sobre tópicos essenciais do cotidiano docente, com a relação professor-aluno, o processo de ensino e aprendizagem, a questão do diálogo e sua importância na relação didático-pedagógica e a disciplina na sala de aula.

Esperamos ter contribuído com a sua aprendizagem, assim como esperamos que você tenha um grande sucesso na área educacional.

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1. A DIDÁTICA E SEU CONTEXTO

Para que se possa discutir a Didática, antes de tudo, se faz necessário explicitar outros termos e conceitos que são inerentes a ela, pois estão totalmente interligados e fazem parte da realidade de todo professor.

Tratam-se dos conceitos de Educação, de Pedagogia como ciência, da própria Didática e suas relações, do que significa o termo Ensino, o significado de Instrução, explicar sobre a Aprendizagem e outros fatores que a mesma depende e um pouco sobre o Currículo Escolar.

Todos esses conceitos fazem parte de uma realidade maior para aqueles que trabalham na área da Educação. Além disso, existe uma influência de um para com os outros, determinando a forma de se compreender o trabalho de professor e de instrumentalizar o posicionamento deste.

O trabalho nas escolas requer o domínio dessa gama de conceitos que possibilitam adotar uma postura educacional, escolher um jeito de pensar a educação dos alunos para que estes possam chegar a dominar tudo o que a sociedade exige que dominemos.

Entretanto, somente compreendendo esse mecanismo teórico é possível traçar uma Didática coerente com os nossos princípios e tornar concreto um trabalho organizado, eficiente e eficaz.

Para começarmos, vamos compreender melhor o conceito e discutirmos mais sobre o que significa Educação.

1.1. EDUCAÇÃO

EDUCAÇÃO? EDUCAÇÕES: APRENDER COM O ÍNDIO

CARLOS RODRIGUES BRANDÃO (1989)

Pergunto coisas ao buriti; e o que ele responde é a coragem minha. Buriti quer todo o azul, e não se aparta de sua água - carece de espelho. Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.

João Guimarães Rosa / Grande Sertão: Veredas Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para

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ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações. E já que pelo menos por isso sempre achamos que temos alguma coisa a dizer sobre a educação que nos invade a vida, por que não começar a pensar sobre ela com o que uns índios uma vez escreveram?

Há muitos anos nos Estados Unidos, Virgínia e Maryland assinaram um tratado de paz com os índios das Seis Nações. Ora, como as promessas e os símbolos da educação sempre foram muito adequados a momentos solenes como aquele, logo depois os seus governantes mandaram cartas aos índios para que enviassem alguns de seus jovens às escolas dos brancos. Os chefes responderam agradecendo e recusando. A carta acabou conhecida porque alguns anos mais tarde Benjamin Franklin adotou o costume de divulgá-la aqui e ali. Eis o trecho que nos interessa:

"... Nós estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nós e agradecemos de todo o coração. Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa idéia de educação não é a mesma que a nossa... Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltavam para nós, eles eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros. Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão oferecemos aos nobres senhores de Virgínia que nos enviem alguns dos seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos, deles, homens."

De tudo o que se discute hoje sobre a educação, algumas das questões entre as mais importantes estão escritas nesta carta de índios. Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é o seu único praticante.

Em mundos diversos a educação existe diferente: em pequenas sociedades tribais de povos caçadores, agricultores ou pastores nômades; em sociedades camponesas, em países desenvolvidos e industrializados; em mundos sociais sem classes, de classes, com este ou aquele tipo de conflito entre as suas classes; em tipos de sociedades e culturas sem Estado, com um Estado em formação ou com ele consolidado entre e sobre as pessoas.

Existe a educação de cada categoria de sujeitos de um povo; ela existe em cada povo, ou entre povos que se encontram. Existe entre povos que submetem e dominam outros povos, usando a educação como um recurso a mais de sua dominância. Da família à comunidade, a educação existe difusa em todos os mundos sociais, entre as incontáveis práticas dos mistérios do

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aprender; primeiro sem classes de alunos, sem livros e sem professores especialistas; mais adiante com escolas, salas, professores e métodos pedagógicos.

A educação pode existir livre e, entre todos, pode ser uma das maneiras que as pessoas criam para tornar comum, como saber, como idéia, como crença, aquilo que é comunitário como bem, como trabalho ou como vida. Ela pode existir imposta por um sistema centralizado de poder, que usa o saber e o controle sobre o saber como armas que reforçam a desigualdade entre os homens, na divisão dos bens, do trabalho, dos direitos e dos símbolos.

A educação é, como outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade. Formas de educação que produzem e praticam, para que elas reproduzam, entre todos os que ensinam-e-aprendem, o saber que atravessa as palavras da tribo, os códigos sociais de conduta, as regras do trabalho, os segredos da arte ou da religião, do artesanato ou da tecnologia que qualquer povo precisa para reinventar, todos os dias, a vida do grupo e a de cada um de seus sujeitos, através de trocas sem fim com a natureza e entre os homens, trocas que existem dentro do mundo social onde a própria educação habita, e desde onde ajuda a explicar - às vezes a ocultar, às vezes a inculcar - de geração em geração, a necessidade da existência de sua ordem.

Por isso mesmo - e os índios sabiam - a educação do colonizador, que contém o saber de seu modo de vida e ajuda a confirmar a aparente legalidade de seus atos de domínio, na verdade não serve para ser a educação do colonizado. Não serve e existe contra uma educação que ele, não obstante dominado, também possui como um dos seus recursos, em seu mundo, dentro de sua cultura.

Assim, quando são necessários guerreiros ou burocratas, a educação é um dos meios de que os homens lançam mão para criar guerreiros ou burocratas. Ela ajuda a pensar tipos de homens. Mais do que isso, ela ajuda a criá-los, através de passar de uns para os outros o saber que os constitui e legitima. Mais ainda, a educação participa do processo de produção de crenças e idéias, de qualificações e especialidades que envolvem as trocas de símbolos, bens e poderes que, em conjunto, constroem tipos de sociedades. E esta é a sua força.

No entanto, pensando às vezes que age por si próprio, livre e em nome de todos, o educador imagina que serve ao saber e a quem ensina, mas, na verdade, ele pode estar servindo a quem o constituiu professor, a fim de usá-lo, e ao seu trabalho, para os usos escusos que ocultam também na educação - nas suas agências, suas práticas e nas idéias que ela professa - interesses políticos impostos sobre ela e, através de seu exercício, à sociedade que habita. E esta é a sua fraqueza.

Aqui e ali será preciso voltar a estas idéias, e elas podem ser como que um roteiro daqui para frente. A Educação existe no imaginário das pessoas e na ideologia dos grupos sociais e, ali, sempre se espera, de dentro, ou sempre se

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diz para fora, que a sua missão é transformar sujeitos e mundos em alguma coisa melhor, de acordo com as imagens que se tem de uns e outros: "... e deles faremos homens". Mas, na prática, a mesma educação que ensina pode deseducar, e pode correr o risco de fazer o contrário do que pensa que faz, ou do que inventa que pode fazer: "... eles eram, portanto, totalmente inúteis"

Não há como falar sobre Educação sem citar esse texto do professor Brandão, que de uma maneira expressiva e bem humorada discute o que significa a Educação.

Como vimos nesse trecho, a Educação confunde-se com a cultura e a ela serve, pois tem sua formação com base em pessoas que se revestem de costumes, de uma moral e uma ética, de comportamentos estabelecidos, etc. onde são úteis em cada região particular.

Segundo Libâneo (1990), em sentido amplo, a Educação se dá simplesmente pelo sujeito existir socialmente, uma vez que ao conviver com a sociedade o indivíduo aprende e ensina, formando-a junto a outros membros dessa mesma sociedade. Esta ocorre em todos os campos, como na organização econômica, política, religiosa, dos costumes, etc. Já em sentido

estrito, ocorre em instituições específicas, escolares ou não, com a finalidade

clara de instrução e ensino, de maneira organizada, planejada, o que não ocorre em sentido amplo.

Portanto, a Educação está em tudo e presente em todos os momentos de cada um de nós e forma a personalidade do sujeito socialmente falando, uma vez que envolve o desenvolvimento do mesmo na sociedade em que vive. Ocorre de maneira intencional e sistemática nas escolas e organizações, como uma Educação Formal, que tem por fim explícito o ensino e a instrução (sentido estrito); e de maneira não intencional em todos os lugares, como uma Educação Informal (sentido amplo).

Desta forma dizemos que a Educação é, portanto, um fenômeno social, pois está em tudo que a sociedade abrange. É um processo social também, uma vez que é determinada por sua época, seu contexto histórico e social que a modela e a dirige por fazerem parte do contexto que rege a vida dos atores participantes da vida em sociedade.

Educação Formal = Intencional e sistemática. Ocorre nas escolas.

Educação Informal = ocorre de maneira não intencional e assistemática em todos os lugares.

A Educação atua na formação da personalidade socialmente construída.

“O trabalho docente é parte integrante do processo educativo mais global pelo qual os membros da sociedade são preparados para a participação na vida social. A educação – ou seja, a prática educativa – é um fenômeno social e universal, sendo uma atividade humana necessária à existência e

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funcionamento de todas as sociedades. Cada sociedade precisa cuidar da formação dos indivíduos, auxiliar no desenvolvimento de suas capacidades físicas e espirituais, prepará-los para a participação ativa e transformadora nas várias instâncias da vida social. Não há sociedade sem prática educativa nem prática educativa sem sociedade. A prática educativa não é apenas uma exigência da vida em sociedade, mas também o processo de prover os indivíduos dos conhecimentos e experiências culturais que os tornam aptos a atuar no meio social e a transformá-lo em função de necessidades econômicas, sociais e políticas da coletividade.”

(Libâneo, 1990)

1.2. PEDAGOGIA

A Pedagogia é a ciência que estuda a Educação. (Piletti, 2010) Se

como ciência ela estuda a Educação, podemos dizer que tudo que envolve a Educação como um fenômeno e um processo social deve ser estudado e compreendido pela Pedagogia, ou seja, o que se deve fazer para Educar as pessoas, o que pode ser ensinado, como deve ser ensinado, a quem deve ser ensinado, por quem será ensinado, etc.

Tudo o que envolve a transformação da cultura social em forma de Educação é parte da Pedagogia, como por exemplo, a influência dos processos produtivos pertencentes à economia pode influenciar a vida social e a Educação como fenômeno da sociedade, como o desenvolvimento do sujeito pode interferir na maneira como o professor ensina e o aluno aprende, quais os conjuntos de conhecimentos devem ser passados e captados pelas pessoas, etc.

Como a Educação depende de muitas coisas, tudo isso de alguma forma, deve ser investigado pelas ciências pedagógicas.

Uma coisa que deve ser destacada é o termo utilizado costumeiramente pelos professores: processo pedagógico. Mas o que significa isso? Significa que ao atuarmos como professores, estaremos elaborando um processo que leva o sujeito a uma determinada Educação, de maneira processual. Portanto, ao educar estamos atuando pedagogicamente e tomando um determinado posicionamento educacional para determinados conhecimentos, capacidades, habilidades e outras importantes coisas que devem ser incorporadas pelos alunos.

Se falarmos em atuar pedagogicamente estamos dizendo que estaremos incumbidos de uma Educação para com nossos alunos.

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Segundo Libâneo (1990), a Didática é o principal ramo de estudo da Pedagogia. Aquele que investiga os fundamentos, as condições e as maneiras mais apropriadas de realizar a instrução e o ensino.

Quando estamos pensando em como devemos fazer para ensinar algo a uma pessoa nossa preocupação é com a Didática que deve ser utilizada. Entretanto, no que se refere aos professores, toda forma de ensinar reflete uma busca educativa, pedagógica e, desta maneira, pressupõe uma relação entre aquele que ensina, os conhecimentos em si, o sujeito que aprende e a sociedade que irá acolhê-lo.

A profissão professor é tão complexa justamente por isso, pois não basta ensinar uma simples habilidade, como a de escrever, por exemplo, para dizer que estamos educando. Se relacionarmos o ato de escrever com outras importantes habilidades, como ler, construir textos, organizar os pensamentos, etc., estaremos didaticamente estruturando um ensino de maneira mais condizente com as necessidades que a vida social solicita.

A maneira como deve ser ensinado algo reflete se irá facilitar ou não a aquisição do conhecimento do aluno. Como por exemplo, imagine você lecionando e explicando algo como a crise econômica a crianças da 5ª série e utilizando termos sofisticados e palavras que, talvez, grande parte da sala não compreenda. Acresça a isso o fato de não colocar nenhuma figura, não dar chance de uma interlocução por parte dos seus alunos (eles só escutam sua aula expositiva) e não trazê-los para mais próximos da realidade de acordo com os conhecimentos que eles já possuem. Didaticamente, poderíamos dizer que a aula seria, provavelmente, um verdadeiro fracasso, uma vez que os métodos de ensino não dariam conta de serem aprendidos adequadamente.

Por esta razão a Didática deve ser muito bem estruturada antes de se iniciar um trabalho que se julga educativo.

A Didática é o principal ramo da Pedagogia, preocupada em estudar os métodos e as formas mais apropriadas de se praticar a instrução e o ensino.

1.4. A INSTRUÇÃO E O ENSINO

Segundo Libâneo (1990), a instrução é ligada à formação intelectual e o desenvolvimento da capacidade de conhecer, de acordo com o domínio de certo nível de conhecimentos sistematizados pelo professor. O ensino, por sua vez, corresponde às ações, meios e condições para que se possa instruir e, desta forma, está ligado à instrução.

A instrução não está livre, mas ligada de maneira subordinada à Educação, uma vez que se volta ao desenvolvimento da personalidade do sujeito durante sua atuação nas escolas. Ao instruir, o professor desenvolve conhecimentos, habilidades e capacidades que se tornam reguladores da ação do sujeito no mundo, por isso acontece um processo pedagógico.

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Entretanto, apesar de interdependentes, podemos dizer que é possível educar sem instruir e instruir sem educar. Por exemplo, podemos dizer aos nossos alunos que não se deve jogar lixo nas ruas (como forma de instrução) e, no entanto, isso não ser praticado da maneira como foi instruída – instrução sem levar a educação – e ao contrário, podemos sair pegando lixo do chão junto com os alunos sem nada dizermos - educação sem instrução – podendo dar melhores resultados em termos educativos.

Assim, ao planejar as ações de ensino e instrução, devemos ter em mente objetivos propriamente educativos, pois o ensino é o principal meio que leva a uma educação (ainda que não seja a única via educativa por existir o sentido amplo desta).

“A instrução se refere ao processo e ao resultado da assimilação sólida de conhecimentos sistematizados e ao desenvolvimento de capacidades cognitivas. O núcleo da instrução são os conteúdos das matérias. O ensino consiste no planejamento, organização, direção e avaliação da atividade didática, concretizando as tarefas da instrução; o ensino inclui tanto o trabalho do professor (magistério) como a direção da atividade de estudo dos alunos. Tanto a instrução como o ensino se modificam em decorrência da sua necessária ligação com o desenvolvimento da sociedade e com as condições reais em que ocorre o trabalho docente. Nessa ligação é que a Didática se fundamenta para formular diretrizes orientadoras do processo de ensino.” (Libâneo, 1990)

É, portanto, pela instrução que o desenvolvimento dos alunos acontece, mas, tudo isso só é possível graças à estruturação Didática que o professor elege para cumprir com seu trabalho educativo. Tudo isso é guiado pela dinâmica da sociedade, uma vez que a necessidade da Educação é a adaptação social do sujeito e, as condições da sociedade mudam, de tempos em tempos, de acordo com todos os fatores que a influenciam.

Para instruir e ensinar o professor necessita de preparação, não apenas a que recebe em sua formação como Professor Licenciado, mas também aquela que é garantida pela busca constante do conhecimento que deve se submeter o professor. A leitura e o estudo são as principais armas de um bom educador, pois para se instruir é necessário possuir um bom nível de conhecimentos. Só assim será possível escolher qual a forma Didática de ensino que será adotada para se cumprir essa função e saber de que maneira isso será requisitado no contexto em que o aluno habita, com intenção pedagógica.

Dizemos que o sujeito é bem instruído quando o mesmo é capaz de demonstrar conhecimentos e habilidades suficientemente capazes de resolver os problemas que a vida social demanda. Mas, para isso, o processo de ensino

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deve possibilitar esse processo de abastecimento para acompanhar as condições de aprendizagem da pessoa do aluno.

A instrução é ligada à formação intelectual e o desenvolvimento da capacidade de conhecer. O ensino corresponde às ações, meios e condições para que se possa instruir e, desta forma, está ligado à instrução.

1.5. APRENDIZAGEM

Ouvi uma vez um professor1 dizer em seu intervalo de aula:

“Nossa, hoje eu dei uma excelente aula!”

Em contra partida perguntei desta maneira a ele:

“ Que bom! Mas, o que foi que os alunos aprenderam?”

Para minha surpresa, a resposta do professor foi a seguinte:

“Não estou falando dos alunos! Estou falando sobre a minha aula, foi muito boa!”

Com uma pitada de bom humor, essa história ilustra muito bem o posicionamento que possamos encontrar no professorado atualmente, que esquece, da mesma maneira que esse professor, o mais importante para um professor. Fazer com que o aluno APRENDA!

Segundo Schimitz citado por Piletti (2010), a aprendizagem é “um

processo de aquisição e assimilação, mais ou menos consciente, de novos padrões e novas formas de perceber, ser, pensar e agir.”

Ao professor compete atuar diretamente no comportamento dos alunos, garantindo sua aprendizagem de maneira suportada, eficiente e eficaz. De nada adiantaria um sujeito passar tantos anos freqüentando uma escola não fosse o fato de seu comportamento, nos âmbitos da percepção, da sua essência, de seu pensamento e de seu agir, se modificarem para algo qualitativamente melhor de quando ingressou naquela escola.

Como vimos, a Educação atua na personalidade socialmente necessária aos indivíduos de cada cultura. Assim, o professor deve proporcionar um processo pedagógico planejado, de forma a colocar-se a instruir e ensinar de acordo com o estabelecido, modificando, assim, a aprendizagem e a capacidade de aprender de seus alunos.

Um professor que se colocasse a falar, explanar, explicar e conduzir suas palavras, desvinculado com as capacidades dos alunos, não estaria garantindo a aprendizagem deles. Seria como jogar seu tempo pela janela da sala de aula.

Deve haver uma sintonia entre aquele que ensina e o sujeito que aprende, pois o mais importante de tudo no processo escolar são as aprendizagens feitas pelos alunos que investiram seu tempo e dedicação em todo aquele processo de estudos.

1 Não será identificado o tal professor por uma questão de respeito a sua pessoa e ao profissional que o mesmo o é.

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O próprio professor aprende muito ao ouvir seus alunos, prestar atenção neles, se aproximar deles, se colocar a disposição e permitir a discussão, a discordância e o debate em sala de aula.

Ser sensível a realidade dos alunos é de fundamental importância para que se garanta um ambiente favorável à aprendizagem e o desenvolvimento de todos os envolvidos no processo educativo.

A principal função do professor é promover a aprendizagem do aluno. Não se pode dizer que ensinou se o aluno não aprender!

1.6. CURRÍCULO ESCOLAR

Segundo Piletti (2010), o currículo tem significado as matérias ensinadas na escola ou a programação de estudos. Atualmente, o termo tem sido utilizado em sentido mais amplo, para se referir à vida e a todo o programa da escola, inclusive as atividades extra-classe.

Assim, pensando sobre isso, podemos imaginar como todas as atividades que ocorrem na escola possuem uma função Didática e Pedagógica. Didática, pois se estruturam estrategicamente para dar condições de acontecerem de acordo com a melhor forma, para permitir melhor aproveitamento por parte dos alunos. Pedagógica, pois pretendem ser formativas da personalidade do aluno, preparando-o para sua vida social. As características aprendidas via currículo escolar serão úteis para a vida social e profissional do sujeito.

Geralmente, se recebemos um palestrante, costumamos perguntar qual o currículo dele, em sentido semelhante ao que acabamos de explicar, pois trata-se do conjunto de qualidades adquiridas por seu percurso de estudos, trabalho e qualificações. Na escola é muito próximo disso, uma vez que se trata de todas as atividades formativas as quais se submetem os alunos.

Cada experiência vivenciada no período escolar é extremamente importante para formar esse repertório de qualificações. Por isso, cabe aos professores uma preocupação Didática e Pedagógica que possibilite um aproveitamento satisfatório por parte dos alunos, promovendo aprendizagem e desenvolvimento, sempre respeitando as limitações e potencialidades destes, sem que se limite a participação imediata, mas a experiências que possam ser estendidas para fora da escola, uma vez que o trabalho lá dentro serve para a vida social do indivíduo fora das escolas.

É de extrema importância mencionar um conceito de currículo oculto e o que ele expressa na vida dos professores. Segundo Piletti (2010) trata-se da transmissão de valores, normas e comportamentos que são passados simplesmente pela interação professor-alunos.

É oculto, pois ao contrário do anterior perpassa muitas vezes a uma falta de compreensão do que o professor está ensinando ao conviver com os alunos. Sem que se possa perceber o professor mostra aos alunos suas

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valorizações, as normas que ele julga importante, os comportamentos que ele possui, etc. Não é raro vermos os alunos imitando comportamentos do professor ou reproduzindo frases que fazem menção a algum tipo de valorização que o mesmo possui, desta forma, oculto.

Por isso, todo o cuidado é pouco para os professores que são grandes exemplos para os alunos. Eles, os alunos, copiam boa parte do que o professor fala, faz e manifesta.

Todas as atividades da escola fazem parte do currículo oferecido. Por isso, ele deve ser estruturado didaticamente com todo o cuidado!

A proposta de organização do conhecimento, nos Parâmetros Curriculares Nacionais, está em consonância com o disposto no Artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases, que assim se pronuncia:

“Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.”

Os diferentes parágrafos desse artigo apresentam as diretrizes gerais para a organização dos currículos do ensino fundamental e médio:

 devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil;

 o ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos;

 a educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da educação básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos;

 o ensino da história do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e européia;

 na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir da quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição.

RESUMO

Não existe apenas uma educação, pois ela está ligada a uma cultura, a uma sociedade. A educação em sentido amplo abrange a vida social, onde se aprende e ensina o tempo todo. No sentido estrito acontece nas escolas, de maneira intencional e sistemática, auxiliando na formação da personalidade do sujeito.

A Pedagogia é a ciência que estuda a educação em toda a sua complexidade, tendo como suporte as outras ciências, que ajudam a entender

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o ser humano e a sociedade. Se a Pedagogia estuda a formação da sociedade, podemos dizer que utilizar o termo ação pedagógica é o mesmo que dizer que se está agindo para a educação social.

A Didática, por sua vez, é um sub-ramo da Pedagogia, que se ocupa dos fundamentos, as condições e as maneiras mais apropriadas de se realizar a instrução e o ensino. A instrução é a formação social, intelectual do sujeito e acontece por meio do ensino, que cuida da forma de se aplicar a instrução.

Costumamos utilizar o termo ensino-aprendizagem. Entretanto, deve-se ter o cuidado de observar se o ensino está resultando em aprendizagem, verificando se está acontecendo um processo de aquisição e assimilação de novos padrões e novas formas de perceber, ser, pensar e agir. A principal missão do professor é fazer com que o aluno aprenda.

Currículo escolar é todo o programa da escola, ligado a todas as atividades que os alunos vivenciam dentro dela. Currículo oculto, por outro lado, está ligado a aprendizagem dos alunos via relação comportamental com o professor.

Exercícios

1) O que é Educação em sentido amplo?

(a) É a vontade do indivíduo, a criação proporcionada. (b) Semelhante a moral e bons costumes.

(c) Os bons modos, adquiridos no contato com a família.

(d) É muito semelhante à cultura, pois é um fenômeno e um processo social.

(e) Surge do amor dos pais, pela dedicação em cuidar de seus filhos. 2) O que é Didática?

(a) É a incorporação dos dados da realidade nos esquemas disponíveis no sujeito, é o processo pelo qual as idéias, pessoas, costumes são incorporadas à atividade do sujeito.

(b) é o principal ramo de estudo da Pedagogia, preocupado em investigar os fundamentos, as condições e as maneiras mais apropriadas de realizar a instrução e o ensino.

(c) É a assimilação, nada mais é do que a motivação. (d) É o conhecimento adquirido nas escolas.

(e) É aquilo que faz com que elas se alternem mutuamente no processo de conhecimento e faz isso muito lentamente.

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(a) A instrução está ligada aos papéis que vem junto com alguns produtos que compramos, já o ensino é quando temos um professor para ensinar, para não termos de aprender sozinhos.

(b) A instrução é ligada à formação intelectual e o desenvolvimento da capacidade de conhecer. O ensino corresponde às ações, meios e condições para que se possa instruir.

(c) A instrução é ligada a todas as situações que precisamos pedir maiores informações, pois somente com elas estaremos instruídos. O ensino é aquilo que fazem os pais, nos primeiros anos de vida de seus filhos.

(d) A instrução é um manual inventando por algum sujeito que o elabora, na perspectiva de favorecer o uso de determinados aparelhos eletrônicos. O ensino é semelhante à educação, pois ensinar é o mesmo que educar.

(e) Instrução é o mesmo que comando, pois quando se instrui alguém você o comanda. O ensino é ação de proporcionar a alguém uma capacidade elementar de pensamento e linguagem.

Resolução dos Exercícios

1) A Educação confunde-se com a cultura e a ela serve, pois tem sua formação com base em pessoas que se revestem de costumes, de uma moral e uma ética, de comportamentos estabelecidos, etc. onde são úteis em cada região particular.

Resposta correta:

(d) É muito semelhante à cultura, pois é um fenômeno e um processo social.

2) Segundo Libâneo (1990), a Didática é o principal ramo de estudo da Pedagogia. Aquele que investiga os fundamentos, as condições e as maneiras mais apropriadas de realizar a instrução e o ensino.

Resposta correta:

(b) é o principal ramo de estudo da Pedagogia, preocupado em investigar os fundamentos, as condições e as maneiras mais apropriadas de realizar a instrução e o ensino.

3) Segundo Libâneo (1990), a instrução é ligada à formação intelectual e o desenvolvimento da capacidade de conhecer, de acordo com o domínio de certo nível de conhecimentos sistematizados pelo professor. O ensino, por sua vez, corresponde às ações, meios e condições para que se possa instruir e, desta forma, está ligado à instrução.

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Resposta correta:

(b) A instrução é ligada à formação intelectual e o desenvolvimento da capacidade de conhecer. O ensino corresponde às ações, meios e condições para que se possa instruir.

2. A FILOSOFIA, A SOCIOLOGIA E A PSICOLOGIA NA EDUCAÇÃO

“Ao estudar a educação nos seus aspectos sociais, políticos, econômicos, psicológicos, para descrever e explicar o fenômeno educativo, a Pedagogia recorre à contribuição de outras ciências como a Filosofia, a História, a Sociologia, a Psicologia, a Economia. Esses estudos acabam por convergir na Didática, uma vez que esta reúne em seu campo de conhecimentos objetivos e modos de ação pedagógica na escola. Além disso, sendo a educação uma prática social que acontece numa grande variedade de instituições e atividades humanas (na família, na escola, no trabalho, nas igrejas, nas organizações políticas e sindicais, nos meios de comunicação de massa etc.), podemos falar de uma pedagogia familiar, de uma pedagogia política etc. e, também, de uma pedagogia escolar. Nesse caso constituem-se disciplinas propriamente pedagógicas tais como a Teoria da Educação, Teoria da Escola, Organização Escolar, destacando-se a Didática como Teoria do Ensino. (Libâneo, 1990)

Para que a Pedagogia possa estudar e compreender a Educação esta precisa recorrer a outras ciências. As ciências, em geral, estudam sistematicamente algo que seja interessante para os seres humanos, para a vida de outros seres, para os ambientes que habitamos e tudo que possa ser de alguma forma relevante para nós.

Um médico estuda outras ciências, como é o caso da biologia, da física, da química, da farmacologia, da psicologia, etc. Ele assim o faz, pois seria praticamente impossível atender seus pacientes sem conhecimentos dessas áreas todas que possibilitam conhecer melhor os seres humanos em todas essas dimensões. Conhecimentos essenciais a quem precisa compreender como tudo está interligado de maneira complexa e interdependente.

As inúmeras pesquisas científicas que são produzidas pelo mundo em diversas áreas se multiplicam, muitas novas áreas são criadas para dar conta de tentar captar um pouco do que o mundo tem para oferecer. Muitos recortes da realidade são criados com um rótulo de uma nova ciência. Ao se criar a Pedagogia, por exemplo, o recorte se vincula a investigar apenas e, ao mesmo,

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totalmente, o que envolve o fenômeno educativo na vida das pessoas, da sociedade em geral. Para isso, quase sempre se precisa de outros conhecimentos que se vinculam com os objetos de estudo dessa ciência. Como por exemplo: para se educar alguém é necessário saber o que é exatamente a Educação, o que é a cultura, como são os homens e como se organizam socialmente, como se comportam, como deveriam se comportar, quais conhecimentos são importantes para a espécie humana, como o homem

se desenvolve e como aprende, etc.

Mas, por que tantas perguntas? Vejamos como a Filosofia pode nos ajudar mais sobre isso.

2.1. A FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO

Segundo Lorieri e Rios (2004), a Filosofia busca a compreensão, que diz respeito ao sentido, ao significado, ao valor. Ela se apresenta como uma maneira de pensar que tem um conteúdo próprio: os aspectos fundamentais da realidade e da existência humana. Eles dizem que a forma do pensamento filosófico pode ser expressa como uma forma de pensar reflexiva, crítica, profunda, metódica e abrangente que busca contextualizar, ou colocar em unidades referenciais significativas mais amplas, os aspectos importantes ou fundamentais da realidade e da existência humana.

Com um esforço de reflexão desse texto, é importante imaginar o quão interligado isso está com a Educação, uma vez que não refletir, questionar, analisar e tentar compreender mais detalhadamente a Educação pode incorrer a um ativismo precipitado, daquele que passa a fazer sem compreender o que faz, o que acontece, etc.

A Filosofia, interligada com a Educação, questiona a mesma para que se chegue a um nível de compreensão mais preciso e seguro antes de se colocar a executá-la nas escolas.

Vejamos alguns importantes questionamentos e análises decorrentes do caráter filosófico inserido na educação.

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 A qual tipo de vida ela conduziria?

 Que tipo de homem e de mundo estamos buscando?

 Que ações pedagógicas seriam capazes de levar aos seres humanos um comportamento melhor e mais útil a sociedade?  Que posicionamento as pessoas da escola devem ter uns para

com os outros?

 Quais seriam as qualidades importantes em uma pessoa para que seja ensinado nas escolas? Seria possível ensinar essas qualidades? Como?

São apenas alguns questionamentos que a Filosofia nos ajuda a levantar para que se possa trabalhar melhor e mais consciente de suas responsabilidades.

Convido o leitor a refletir sobre esses questionamentos indo para além do que aqui está escrito, uma vez que se trata apenas de um estímulo a capacidade crítica e vivencial do futuro professor que está estudando com esse material.

Imaginar o que seria um homem ideal é um importante exercício para que possamos organizar didaticamente as ações necessárias para se chegar a esse homem ideal. Talvez traçar qualidades, comportamentos, características, que possam ser valorizadas pela sociedade e capazes de municiar suficientemente bem o sujeito que delas precisar para trabalhar, viver socialmente, ser feliz e produzir cultura.

Mas, e a sociedade, como funciona? Qual a maneira como devemos enxergá-la como educadores? Reproduzindo tudo que já se faz até hoje ou transformando o mundo para algo diferente?

Vamos ver o que a Sociologia, aplicada a Educação, pode contribuir para tentar responder a estas questões, assim como enxergar possibilidades educativas em uma perspectiva mais interessante para o professor, para os alunos e para o mundo.

SAIBA MAIS

Pense sobre as perguntas acima e FILOSOFANDO, tente responder essas questões com hipóteses que possam satisfazer a você como educador.

Imagine a criação de um mundo ideal e se pergunte como seria possível a Educação, como fenômeno e processo social, ser capaz de construir esse mundo.

Imagine e discuta com alguém quais qualidades as pessoas deveriam ter para que pudessem ser felizes e fazer um mundo melhor, não apenas para ela mesma, mas para todas as pessoas.

Por último, pense na diferença entre uma postura crítica e, no extremo oposto, uma postura conformista e acomodada. Pense também entre a diferença entre ser crítico e ser o que as pessoas chamariam de chato, ou pessimista.

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2.2. A SOCIOLOGIA NA EDUCAÇÃO

Sendo a Filosofia uma ciência questionadora e crítica, ela serve de base para uma postura mais interessante, daqueles que não se deixam levar pelas primeira impressões. Graças a ela, como primórdio da ciência, vieram todas as outras importantes contribuições científicas que permitem vislumbrar um mundo de possibilidades e uma busca incessante por respostas.

A Sociologia emana dessa Filosofia, questionando fatos da vida social que permitem aos homens assumir dadas posturas socialmente. A Política, a Cultura, os Costumes, a Economia, etc. tudo isso provém de uma organização social e, a Sociologia como ciência, busca encontrar uma compreensão mais profunda sobre como tudo isso acontece, como se manifesta e a que conseqüências.

Vejamos o que diz Libâneo (1990) sobre a Sociologia da Educação:

“A Sociologia da Educação estuda a educação como processo social e ajuda os professores a reconhecerem as relações entre o trabalho docente e a sociedade. Ensina a ver a realidade social no seu movimento, a partir da dependência mútua entre seus elementos constitutivos, para determinar os nexos constitutivos da realidade educacional. A par disso, estuda a escola como ‘fenômeno sociológico’, isto é, uma organização social que tem a estrutura interna de funcionamento interligada ao mesmo tempo com outras organizações sociais (conselho de pais, associações de bairros, sindicatos, partidos políticos, etc.). A própria sala de aula é um ambiente social que forma, junto com a escola como um todo, o ambiente global da atividade docente organizado para cumprir os objetivos de ensino.”(Libâneo, 1990)

Como vimos, a Sociologia da Educação se preocupa mais especificamente como as pessoas socialmente se organizam e como a Educação se envolve com esse fator. É necessário um ambiente de criticidade, que garanta uma compreensão mais aprofundada do fenômeno que envolve a vida social, as condições de trabalho, as divisões de classe, a ideologia, etc.

Esses conceitos são muito importantes para se ultrapassar o senso comum e se aproximar da ciência, uma vez que durante muito tempo a Educação teve vinculada à interesses ideológicos de uma minoria pertencente as elites da sociedade.

Pela influencia de grandes teorias sociológicas temos noções de que a busca de uma sociedade democrática, que defenda os interesses de toda a população e não apenas parte dela se faz imprescindível.

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2.2.1. A VISÃO SOCIOLÓGICA SOBRE A DEMOCRATIZAÇÃO DO ENSINO

Segundo Libâneo (1990), a educação é socialmente determinada, pois os fins e exigências sociais, políticas e ideológicas guiam todo o processo de funcionamento da sociedade, determinando valores, normas e particularidades da estrutura social, da qual a educação está subordinada. Isso, pois desde o início da existência da espécie humana, os homens vivem em grupos e a vida de um está sempre vinculada e na dependência da vida de outros. Por exemplo, a nossa organização atual no Brasil funciona com a existência de um Estado que governa e, dele depende todo o futuro da nação. As ações do governo provocam um efeito cascata, influenciando no preço dos alimentos, no aumento ou diminuição dos impostos, na oferta de empregos, na qualidade de vida das pessoas, na criminalidade, etc. Essa forma de organização, a divisão em classes sociais e o capitalismo que hoje rege praticamente o mundo todo vão configurando as ações práticas e concretas dos homens.

Libâneo (1990) explica que desde quando os homens passaram a viver socialmente começaram a travar relações de reciprocidade diante da necessidade de organizar seu trabalho em conjunto e garantirem sua sobrevivência. Essas relações se transformaram, criando novas necessidades, novas maneiras de organizar o trabalho de todos, conforme sexo, idade, ocupações, de maneira que existisse uma distribuição das atividades entre todos envolvidos nesse processo.

O tempo e os interesses de uma parte da população se encarregaram de manifestar as relações de desigualdade econômicas e de classe. Para os primitivos, as relações davam igual aproveitamento do trabalho em comum. Contudo, nos momentos seguintes da história da sociedade cada vez mais aumentavam a distribuição desigual do trabalho e do aproveitamento que se tirava deste. A divisão do trabalho fazia com que os indivíduos se rotulassem em sua ocupação da atividade produtiva. Vejamos as etapas descritas por Libâneo (1990):

 Sociedade Escravista: os meios do trabalho e o próprio trabalhador (escravo) eram propriedade dos donos da terra.

 Sociedade Feudal: os servos trabalhavam gratuitamente para os donos da terra ou lhe pagavam tributos.

 Sociedade Capitalista: Existe uma divisão entre os proprietários privados dos meios de produção (empresas, maquinas, bancos, instrumentos de trabalho, etc.) e os que vendem sua força de trabalho para seu próprio sustento, vivendo de um salário.

Assim se configurou a história da organização do trabalho até a formação atual da sociedade capitalista, fortemente marcada pela divisão de

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classes, onde os capitalistas e os trabalhadores ocupam lugares opostos e antagônicos no processo produtivo. Os proprietários tirando seus lucros da exploração da classe trabalhadora – sendo esta a maioria da população – e tal classe trabalhadora é obrigada a submeter a isso, uma vez que precisam de alguma fonte de renda, mas seus salários mal chegam a cobrir todas as suas necessidades vitais.

Mas, o que isso tem a ver com a Educação? TUDO! Uma vez que a alienação econômica dos meios e produtos do trabalho dos trabalhadores, que é ao mesmo tempo uma alienação intelectual, determina uma desigualdade social, determinando não apenas as condições materiais de vida e de trabalho dos indivíduos, mas também o acesso a cultura mental, à educação.

O poder alcançado pelo detentor do capital influencia toda uma forma de fomento a manutenção desse sistema, fazendo com que todos os agentes da vida social reproduzam esse modelo de vida. A ausência de outra maneira de organização social provoca no capitalismo tudo o que este precisa para se manter. O desemprego, por exemplo, é um excelente mecanismo para fazer com que o trabalhador implore por um emprego qualquer, vendendo sua força de trabalho por qualquer compensação financeira, por necessidade.

Foi notória a divisão entre a escola dos ricos, que por poderem pagar os melhores professores os ensinavam a pensar, a serem críticos e criativos para continuar detendo os meios de acumulação de capital e as escolas dos pobres, que davam ênfase no trabalho manual, como maneira de formar para o trabalho, para a exploração, e não para que aprendessem a pensar, questionar, pois assim estragariam todo o esquema da elite pedindo melhores salários, melhores condições de trabalho, etc.

Libâneo (1990) destaca as idéias, valores e práticas apresentados pela minoria dominante como se fossem representativos dos interesses de todas as classes sociais, o que se conhece pelo nome de ideologia. Ele cita os seguintes discursos como exemplo da inculcação da verdade que eles queriam que os trabalhadores acreditassem. Segue alguns dos discursos:

 “O governo sempre faz o possível; as pessoas é que não colaboram”;

 “Os professores não têm que se preocupar com política, o que devem fazer é cumprir sua obrigação na escola”;

 “Nossa sociedade é democrática porque dá oportunidades iguais a todos. Se a pessoa não tem um bom emprego ou não consegue estudar é porque tem limitações individuais”;

 “As crianças repetem de ano porque não se esforçam; tudo na vida depende do esforço pessoal”;

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Essas frases mostram idéias e valores que não são muito reais. É como se o governo estivesse acima dos conflitos entre as classes sociais e das desigualdades, fazendo com que parecesse ser um problema de incompetência das pessoas, e que a escolarização pudesse reduzir as diferenças sociais porque dá oportunidades iguais a todos, o que sabemos não ser verdade. Assim, essas meias verdades escondem os conflitos sociais e tentam passar uma idéia positiva das coisas. Pessoas ingênuas acabam assumindo essas crenças, valores e práticas como se fizessem parte da normalidade da vida e acabam acreditando que a sociedade é boa, os indivíduos é que destoam.

É dentro desse jogo de relações sociais que a escola se insere, que os professores trabalham e que os alunos se desenvolvem. No trabalho do professor está presente interesses dos mais diversos, sociais, políticos, econômicos, culturais; isso precisa ser bem compreendido pelo professor! Precisa ser compreendido também que tudo isso não é imutável, estabelecidas para sempre. As relações sociais são dinâmicas e passíveis de transformações pelos indivíduos pertencentes à sociedade.

Por esse motivo, o reconhecimento do papel político do docente implica a luta pela modificação dessas relações de poder. Para quem lida com a educação tendo em vista a formação de um ser humano, é imprescindível que desenvolva a capacidade de descobrir as relações sociais implicadas em cada acontecimento, em cada situação da vida real e da sua profissão, em cada matéria que ensina e seu próprio discurso, nos meios de comunicação de massa, nas relações das pessoas cotidianamente e no trabalho.

Conforme Libâneo (1990):

“O campo específico de atuação profissional e política do professor é a escola, à qual cabem tarefas de assegurar aos alunos um sólido domínio de conhecimentos e habilidades, o desenvolvimento de suas capacidades intelectuais, de pensamento independente, crítico e criativo. Tais tarefas representam uma significativa contribuição para a transformação de cidadãos ativos, criativos e críticos, capazes de participar nas lutas pela transformação social. Podemos dizer que, quanto mais a minoria dominante refina os meios de difusão da ideologia burguesa, tanto mais a educação escolar adquire importância, principalmente para as classes trabalhadoras.

Preparar crianças e jovens para a participação ativa na vida social é o objetivo mais imediato da escola pública. Esse objetivo é atingido pela instrução e ensino, as tarefas básicas do trabalho do professor. A instrução permite a conquista do domínio dos conhecimentos sistematizados e a promoção do desenvolvimento das capacidades intelectuais dos alunos. O ensino, mais ligado ao que corresponde às ações indispensáveis para se

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realizar a instrução sendo a atividade conjunta do professor e dos alunos, cuja qual transcorre o processo de transmissão e assimilação ativa de conhecimentos, habilidades e hábitos, tendo em vista a instrução e educação. A Didática e as metodologias específicas das disciplinas, com uso dos conhecimentos pedagógicos e técnico-científicos, são disciplinas que dão condições à ação docente em situações de vida real cujas quais se realizam o ensino.

Libâneo (1990) diz que, em relação ao tipo de escola que deveríamos ter para o exercício da docência, para uma sociedade melhor, a escolarização básica constitui um instrumento indispensável para se construir uma sociedade mais democrática. Precisamos dar a todos uma formação que permita o domínio da parcela de conhecimentos culturalmente acumulados e um entendimento crítico da realidade. O professor deverá, através do estudo das matérias escolares e do domínio dos métodos pelos quais desenvolvem suas capacidades de conhecimento e formam habilidades para elaborar independentemente os conhecimentos, para que os alunos possam expressar de forma elaborada os conhecimentos que correspondem aos interesses majoritários da sociedade e inserir-se ativamente nas lutas sociais para transformação da sociedade.

Entretanto, inúmeros problemas surgem para isso: o poder público ainda deixa a desejar no cumprimento da manutenção do ensino obrigatório e gratuito, os recursos parecem ser insuficientes e mal gastos, muitas escolas funcionam precariamente por falta de recursos materiais e didáticos, os professores são mal remunerados e os alunos não possuem muitos recursos que os ajudariam e muito na missão de aprender e se desenvolver. Muitos ainda apontam para o grande número de reprovações nas escolas e, decorrentes disso, a desistência (evasão escolar). Muitos dizem que a função educativa é a de adaptarmos os alunos para a vida social. Nesse caso estaríamos oferecendo uma educação ajustadora e não transformadora, que fizesse com que os alunos apenas se ajustassem as condições de vida oferecidas, adversas ou não. Quando um aluno não consegue aprender e se desenvolver ele costuma abandonar a escola. Isso é o que podemos chamar de fracasso escolar. Além disso, dentro da própria escola existem diferenças no modo de conduzir o processo de ensino conforme a origem social dos alunos, geralmente discriminando os mais pobres, que se conseguem persistir e ficar na escola, recebem uma educação e um preparo muito abaixo dos demais.

Contudo, se ficarmos presos a esta falta de condições e utilizarmos como desculpa para nada fazermos, isso tudo nunca mudaria. Acreditamos que deverá ser feito exatamente o oposto, ao invés de se acomodar, devemos lutar para um trabalho que tenha condições de formar pessoas aptas pela luta social que pretenda reverter essas desigualdades e exija melhores condições de vida, de trabalho de estudos, etc.

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Para se garantir uma escolarização capaz de lutar pela democratização da sociedade, segundo Libâneo (1990) é necessária a atuação em duas frentes: a política e a pedagógica. A política tem caráter pedagógico, pois visa formar para a sociedade e para o envolvimento dos educadores nos movimentos sociais e sindicais, nas lutas organizadas em defesa da escola unitária, democrática e gratuita; a pedagógica tem caráter político, pois parte de representar interesses estratégicos de toda uma população e não apenas a elite.

A escola deve ser unitária porque deve garantir uma base comum de conhecimentos sólidos e consistentes a toda a população nacional, de um saber sistematizado que dê condições de uma compreensão mais ampla por parte do aluno a fim de elaborá-los criticamente em função dos interesses da população majoritária, igualmente, sem discriminar por classe, cor de pele, poder aquisitivo, etc.

A escola pública deve ser democrática, garantindo a todos o acesso e a permanência, por no mínimo até o final da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio), proporcionando um ensino de qualidade que leve em conta as características específicas dos alunos que atualmente a freqüentam. Trazendo democracia inclusive nos mecanismos de gestão interna envolvendo a participação de todos no poder decisório dos rumos da escola.

Deve ser gratuita, pois é o que garante a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/962.

Para finalizar, é importante ser dito que deve haver um compromisso social e ético por parte dos professores que nada mais é do que seu permanente empenho na instrução e educação dos seus alunos, dirigindo o ensino e as atividades de estudo de modo que estes dominem os

2 Do Direito à Educação e do Dever de Educar

Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;

II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;

III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino;

IV - atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a cinco anos de idade; V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;

VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;

VII - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola;

VIII - atendimento ao educando, no ensino fundamental público, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde;

IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.

X – vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino fundamental mais próxima de sua residência a toda criança a partir do dia em que completar 3 anos de idade. (Redação dada pela Lei nº 11.700, de 2008).

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