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Responsabilidade ambiental e os instrumentos administrativos e jurídicos de proteção ao meio ambiente

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NÉTHALI CAROLINE DALL’ALBA

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL E OS INSTRUMENTOS ADMINISTRATIVOS E JURÍDICOS DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE

SANTA ROSA (RS) 2012

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NÉTHALI CAROLINE DALL’ALBA

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL E OS INSTRUMENTOS ADMINISTRATIVOS E JURÍDICOS DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE

Monografia final do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Monografia.

UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DCJS – Departamento de Estudos Jurídicos e Sociais.

Orientador (a): Dr. Daniel Rubens Cenci

SANTA ROSA (RS) 2012

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Dedico este trabalho a minha família e em especial aos meus pais que sempre me apoiaram, a todos que de uma forma ou outra me auxiliaram e ampararam-me durante estes anos da minha caminhada acadêmica.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, acima de tudo, pela vida, força e coragem.

Aos meus familiares, por sempre me incentivarem ao estudo e em reconhecimento ao amor e dedicação oferecidos em toda minha vida.

A UNIJUI, pelo comprometimento com a minha formação.

A meu orientador pela sua dedicação e disponibilidade.

Aos colegas e amigos que me acompanharam nessa longa caminhada, sempre me apoiando.

A todos que colaboraram de uma maneira ou outra durante a trajetória de construção deste trabalho, meu muito obrigada!

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“O resultado de uma ação pela qual o homem expressa o seu comportamento, em face desse dever ou obrigação – responsabilidade.”

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RESUMO

O homem sempre buscou na natureza os bens necessários para a sua sobrevivência e para o desenvolvimento das sociedades. As intervenções humanas no meio ambiente revelaram-se marcantes. Inicialmente, buscou garantir a sobrevivência, mas posteriormente, utilizou-se da natureza como meio de reafirmar seu domínio sobre as demais espécies, usando da biodiversidade para auferir condições mais cômodas em sua vida. O presente trabalho de pesquisa monográfica, aborda a tutela administrativa e civil, enfatizando a importância do estudo prévio de impacto ambiental e seus respectivos efeitos, identificando alguns instrumentos de proteção do meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Palavras-Chave: Tutela administrativa. Tutela Civil. Responsabilidade jurídica.

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ABSTRACT

Man has always sought in the nature of goods necessary for their survival and the development of societies. Human interventions in the environment proved remarkable. Initially, we sought to ensure survival, but later was used nature as a means to reassert their dominance over other species, using biodiversity to derive conditions more comfortable in your life. The present research monograph addresses the civil and administrative supervision, emphasizing the importance of prior environmental impact study and their effects, identifying some of the protection instruments ecologically balanced environment.

Keywords: Administrative tutelage. Civil tutelage. Juridical responsibility.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO... 10

1 TUTELA ADMINISTRATIVA DO AMBIENTE ... 12

1.1 Fundamentos da tutela administrativa do ambiente... 13

1.2 A responsabilidade administrativa ambiental ... 15

1.3 As infrações administrativas ao meio ambiente ... 17

1.4 O processo administrativo ambiental... 21

2 TUTELA CIVIL DO AMBIENTE... 24

2.1 A responsabilidade civil ambiental ... 25

2.2 Princípios básicos da responsabilidade civil ambiental ... 27

2.3 Pressupostos da responsabilidade civil por dano ambiental ... 30

CONCLUSÃO ... ... 32

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INTRODUÇÃO

A questão da degradação ambiental é um tema atual, polêmico e mundialmente debatido. Com o aumento da preocupação com as causas e demandas ambientais, tanto a doutrina, quanto a jurisprudência e o legislador, constataram que a os limites da responsabilização com fundamento na teoria da culpa não ofereciam proteção suficiente e adequada às vitimas de dano ambiental.

Isso porque a natureza desse tipo de dano, atinge, via de regra, uma pluralidade de vítimas (desamparadas pelos institutos do direito processual clássico, que só ensejavam a composição do dano individualmente sofrido), bem como diante da dificuldade de prova da culpa do agente poluidor, quase sempre coberto por aparente legalidade materializada em atos do Poder Público, como licenças e autorizações.

Tem este trabalho, o objetivo de detectar as diversas formas possíveis de Responsabilização no Direito Ambiental. Sem desprezar outras searas, concentra-se, todavia, os estudos nas esferas das Responsabilidades Administrativa e Civil, antecipando o que se pretende diagnosticar, que é a necessidade de se escrever um novo capítulo no Direito Pátrio.

O que nos move neste estudo é o entendimento de que se faz necessário uma releitura urgente no Direito Contemporâneo, seja nas esferas Civil e Administrativa, para que se possa instrumentalizar a força coercitiva do direito enquanto tutela do meio ambiente, atribuindo-lhe mecanismos de controle no intuito de conter esta imensurável depredação praticada contra o meio ambiente, que se não for afastada em tempo hábil, seguramente deixara sequelas por várias gerações, acabando talvez por erradicar a vida do planeta Terra.

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Existem possibilidades de se frear esta destruição do meio, vês que, a prima facie, após uma análise das legislações vigentes, dentre elas a Lei 9.605/88, e principalmente pela leitura da Constituição Federal de 1988, que inovou em muitos aspectos, se detectam a incorporação de normas como as insertas nos arts. 173, § 5º e 225, §3º, que consagram a responsabilidade ambiental nosso ordenamento positivado.

A estruturação do presente trabalho pretende retratar a Responsabilidade Ambiental nas suas formas variadas, atentando para a real possibilidade da aplicação de sanções e da reparação do dano, como mecanismo regulador, vislumbrando assim, um controle social na esfera ambiental.

O trabalho está estruturado em dois capítulos, sendo que no primeiro é realizada uma abordagem da proteção jurídica e da existência de instrumentos que a administração pública pode lançar mão, como forma de exercer sua responsabilidade administrativa no que respeita a proteção do meio ambiente.

No segundo capítulo, realiza-se uma abordagem da responsabilidade civil em relação ao meio ambiente, bem como uma retomada dos princípios que fundamentam a proteção ambiental no âmbito civil, seus instrumentos protetivos e as possibilidades de efetivação.

Por derradeiro, agrega-se algumas considerações gerais pertinentes ao tema, tanto do ponto de vista das ideias centrais desenvolvidas ao longo do trabalho, quanto as dúvidas que emergiram deste estudo.

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A Responsabilidade Administrativa, a prima facie, é a que resulta da infringência de norma da administração estabelecida em lei, regulamentos ou até mesmo por força contratual, impondo um ônus ao contratado para com qualquer órgão público. É independente das demais responsabilidades, e é pessoal, mas a sanção nem sempre é de execução personalíssima, caso em que pode transmitir-se aos sucessores do contratado, quer sejam pessoas físicas ou jurídicas, como ocorre com as multas e encargos tributários.

A própria administração é quem aplica as sanções pertinentes que vão de uma simples advertência à multas, interdição de atividades, até a suspensão provisória do trabalho, conforme o estatuto da classe, que desenvolve-se por meio de um processo interno, facultando ao acusado defender-se.

São várias as formas de defesa do meio ambiente, desde a atividade de fiscalização administrativa, com aplicações de sanções pecuniárias, passando pelo inquérito civil, pela ação penal pública, ação civil pública, pela ação popular e outras.

É de se observar sobre o tema que, no que pertine à regra jurídica, disse Pontes de Miranda (1998, p. 74), que é a técnica que possui direito, “mero processo social de adaptação”, para chamar para si o fato de que antes não lhe importava e, portanto, “só a incidência da regra jurídica é que determina a entrada do suporte fático no mundo jurídico”. Afirmou ele ainda que existem três planos diferentes no mundo jurídico, consistindo estes em: “existência”, em que estão presentes os fatos jurídicos e não apenas suportes fáticos; “validade” quando se observa ato humano válido, ou não – nulo ou anulável -; e, “eficácia”, em que “se irradiam” os efeitos dos fatos jurídicos, tais como: direitos, deveres; pretensões, obrigações; ações e exceções.

No que se trata de gestão e política da tutela administrativa, assim entende Édis Milaré (2009, p. 297):

O meio ambiente, como “patrimônio da coletividade”, deve ser preservado, administrado e incrementado em favor de todos os cidadãos que integram a sociedade nacional brasileira. Este escopo transcendental (que é o fim) requer instrumentos adequados, como os diferentes recursos de gestão,

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métodos apropriados e outros (que são meios), para que seja preenchido o objetivo social. Os atores são, como já se sabe, o Poder Público e a sociedade, esta, por intermédio dos seus segmentos organizados. Mas, para todos os efeitos, a incumbência é uma só, geral, compartilhada e inarredável, identificada com a própria razão de ser da sociedade: zelar por si mesma, pelos objetivos maiores e pelo seu patrimônio. Depreende-se então, que para ações organizadas e eficazes, são requeridos o fim, os meios e os agentes – além de outros fatores, naturalmente.

Se tratando de tutela, tem fundamento no art. 225, § 3º da CF, que estabelece:

As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais, e administrativas, independentemente das obrigações de reparar os danos causados. O Poder Público, através de seus agentes, pode aplicar infrações administrativas contra o infrator que descumpre as normas legais ou regulamentares, visando desse modo, proteger o meio ambiente e evitar a sua degradação.

Observa-se que se está sob a ótica de método positivista, e este, no entender de Noberto Bobbio (2003, p. 54), “é pura e simplesmente o método cientifico e, portanto, é necessário adota-lo se quer fazer ciência jurídica ou teoria do direito”.

Marcos Bernardes de Mello (2003, p. 88) resume que:

No plano da existência são elevados em conta todos os fatos jurídicos, sejam eles lícitos ou ilícitos, válidos ou nulos, e ineficazes, que no plano da validade, no entanto, somente passam os atos jurídicos stricto sensu e os negócios jurídicos, por serem sujeitos à análise de sua validade; e no plano da eficácia, por fim, podem produzir efeitos todos os fatos jurídicos lato sensu – inclusive os anuláveis, ilícitos e os nulos. (estes, quando a lei lhes atribui, expressamente, qualquer efeito).

A tutela administrativa ambiental tem por base alguns dispositivos aplicáveis da referida Lei 9.605/1998, do Dec. 6.514/2008, que dispõe sobre as infrações e sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.

1.1 Fundamentos da tutela administrativa do ambiente

Ao tratar-se da tutela administrativa do ambiente muitas vezes entende-se, mesmo implícito, que o Direito normatiza a Administração Pública, dando-lhe suporte legal e estabelecendo os seus limites no contexto dos direitos e deveres concernentes ao bem da

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mais objetividade e eficácia. Direito e Administração não se excluem e não se esgotam nessa relação: complementam-se. E não há razão suficiente para se temer o Direito Ambiental.

Seguindo tendência universal, a Carta brasileira erigiu o meio ambiente à categoria de um daqueles valores ideais da ordem social, dedicando-lhe, a par de uma constelação de regras esparsas, um capitulo próprio que, definitivamente, institucionalizou o direito ao ambiente sadio como um direito fundamental do individuo e da coletividade.

Com efeito, no Capítulo VI do Título VIII, dirigido à Ordem Social, a Constituição define o meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito de todos, dando-lhe a natureza de bem uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, e impondo a co-responsabilidade dos cidadãos e do Poder Público por sua defesa e preservação.

Dentre os mecanismos capazes de conjurar o dano ambiental, proclamou, no art. 225, § 3°, que “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas e jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.”

O Estado, para atingir as suas finalidades, deve organiza-se política e administrativamente, utilizando-se de leis, decretos ou normas inferiores para tal mister. No Brasil não foi criado um Ministério do Meio Ambiente, a exemplo da Itália. Nosso sistema evitou unificar toda a matéria ambiental, ao entendimento que tal unificação seria maléfica ao nosso Sistema. Entretanto, partiu-se para uma política nacional do meio ambiente, a qual tem por base a Lei 6.939/81, com a criação do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), o qual constitui-se pelos órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como pelas Fundações instituídas pelo Poder Público responsáveis pela melhoria da qualidade ambiental.

Nesse sentido, é o entendimento de Édis Milaré (2009, p. 301):

A tutela administrativa do ambiente, partindo de um sistema jurídico e de um corpo de instrumentos legais, conduzirá a ação do Poder Público e um

sistema de gestão ambiental, consoante estabelece o art. 225 da

Constituição, complementado pelos dispositivos das Constituições Estaduais e das Leis Orgânicas dos Municípios no que interessa ao meio ambiente. O

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poder Público, nas três esferas de entes federados, não poderá eximir-se desse princípio constitucional.

Nesse quadro de deveres constitucionais e infraconstitucionais, cremos oportuno enfatizar a palavra gestão, como forma racional e ampla de praticar a tutela administrativa do ambiente através de sistemas organizacionais que associem e integrem num amplo processo a Administração Pública e a sociedade organizada, conferindo ao mesmo processo a marca participativa e democrática que é preconizada por nossos textos legais mais recentes.

Faltava, para plena efetividade daquela norma constitucional programática, tratamento adequado das responsabilidades penal e administrativa, espaço este preenchido com a incorporação ao ordenamento jurídico da Lei 9.605, de 12.02.1998, que dispõe sobre as infrações e sansões penais administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.

1.2 A responsabilidade administrativa ambiental

A responsabilidade administrativa é objetiva, consoante ao artigo 14, § 1º da Lei 6.938/81, que resulta da infração às normas administrativas, sujeitando-se ao infrator a uma sanção de natureza, também, administrativa.

As sanções administrativas derivam sempre do poder de polícia exercido pela administração pública, sobre todas as atividades ou bens que afetem ou possam afetar a coletividade.

As normas administrativas são desenvolvidas pelos entes do Poder Público, Distrito Federal , Municípios, Estados e União, cada qual no exercício de suas competências.

Na responsabilidade administrativa, emprega-se a teoria objetiva, independe da intenção do agente para haver responsabilização. Então, exclui-se, como requisito necessário à culpabilidade para integração do tipo punível de caráter administrativo, visto que o infrator é obrigado ao dano causado ao meio ambiente, afetado por sua atividade independentemente de existência de culpa, conforme previsto na legislação a responsabilidade administrativa ambiental em seu Art. 2º, §10, do Decreto 3.179/99.

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proteger o meio ambiente. Foi o caso de uma ação de Santa Catarina em que mineradoras de carvão degradaram uma extensa área no sul do estado, sem intervenção do Governo. Com a decisão da Segunda Turma do STJ, as empresas e a União foram condenadas a investir na recuperação da área. Na avaliação do Ministério Público Federal (MPF), o custo seria de cerca de R$ 90 milhões.

A reparação dos danos ambientais é solidária, neste sentido qualquer um dos agressores poderá ser acionado de forma isolada visando à reparação dos danos do meio ambiente.

A responsabilidade solidária facilita a responsabilização, entretanto nem sempre é possível averiguar todos os responsáveis pelos danos ou a medida da responsabilidade de cada um, o que ocorre, por exemplo, nos pólos industriais, onde cada indústria contribui para a ocorrência do dano não sendo fácil atribuir a responsabilidade exata de cada empreendimento. Os danos causados ao meio ambiente poderão ser individuais ou coletivos, morais ou patrimoniais.

Em relação a responsabilidade administrativa, vale destacar o seguinte texto de Carla Pinheiro (2008, p. 90):

A responsabilização administrativa decorre da infração a normas dessa natureza e funda-se na capacidade do Poder Público de impor deveres à coletividade. Tal capacidade- poder da Administração Pública cabe à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, sempre obedecendo limites constitucionalmente estabelecidos. A efetivação dela dá-se, contexto ambiental, por meio do poder de polícia administrativo. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios dispõem de poder de polícia com relação à matéria ambiental, visto que lhes cabe o dever de proteger o meio ambiente. Essa proteção se dá mediante a restrição ao uso e gozo de bens, atividades e direitos em beneficio da qualidade de vida da coletividade, aplicando-se as sanções administrativas pertinentes, de acordo com cada caso concreto. As sanções possíveis são: advertência, multa simples, interdição da atividade, e suspensão de benefício, entre outras.

Cumpre ressaltar que as disposições da Lei n. 6.938/81 são gerais, e leis especiais podem também estabelecer sanções administrativas específicas. Como exemplo, temos a Lei n. 6.902/81 que em alguns de seus arts. prevê apreensão, pelo prazo de um a dois anos, de material proibido nas Estações Ecológicas, assim como a interdição das iniciativas irregulares,

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a apreensão de material e máquinas usadas nessas atividades e multa, no caso de infração ás normas disciplinares das Áreas de Proteção Ambiental. As legislações estaduais e municipais também podem prescrever sanções administrativas no que diz respeito à infração das suas normas. O procedimento para a aplicação das sanções administrativas inicia-se com a instauração do respectivo processo administrativo punitivo, com a observância do contraditório e do devido processo legal, sob pena de nulidade da punição imposta, de acordo com o art. 5, LV, da Constituição.

1.3 As infrações administrativas ao meio ambiente

Entende-se por infração administrativa ambiental: Art. 2° do Decreto 6.514/08 “toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente [...]”. Assim, a sanção de advertência poderá ser aplicada, mediante a lavratura de auto de infração, para as infrações administrativas de menor lesividade ao meio ambiente, garantidos a ampla defesa e o contraditório. (art. 5º da mesma lei).

Qualquer pessoa, ao tomar conhecimento de alguma infração ambiental, poderá apresentar representação à autoridades integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). Além disso, a autoridade ambiental, ao contrario, deverá promover imediatamente a apuração da infração ambiental sob pena de corresponsabilidade.

Vladimir e Gilberto Passos de Freitas (2006, p. 360), destaca que:

O estudioso deverá, sempre que se deparar com a imposição de uma sansão administrativa verificar se ela possui fundamentos na lei, seja ela federal, estadual ou municipal . Poderá acontecer que um artigo de lei seja genérico

e atribua à autoridade administrativa o poder de definir as hipóteses em que ocorrerá a infração. Aí é preciso fazer-se a distinção. A delegação pura e

simples à administração é vedada. Mas deixar ao Poder Executivo a especificação das hipóteses é possível , pois nem sempre se consegue, na lei, relacionar todas as situações passiveis de sanção. O que não se admite mesmo é que uma simples portaria ou resolução crie uma figura infracional e imponha multa.

A Lei 9.605/1998 também define infração administrativa, trata-se de um tipo infracional aberto, que possibilita ao Administrador agir com ampla discricionariedade, ao buscar a subsunção do caso concreto na tipificação legal adotada, para caracteriza-lo como

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de tipo é admitida inclusive na esfera penal, portanto, não pode haver dúvidas quanto a legalidade de sua utilização em matéria de infrações administrativas.

No mesmo sentido diz Flávio Dino de Castro e Costa: “A utilização de tipos abertos e de normas penais em branco constitui um mal necessário, para que seja possível assegurar maior efetividade à tutela penal ambiental. Ora, se pode ser sustentada a compatibilidade deste ponto de vista com ordem jurídica, em se tratando da seara penal, com muito mais razoabilidade tal pode ocorrer cuidando-se das infrações administrativas.”

O art. 72 da Lei nº 9.605/98, nos mostra de que forma serão punidas as infrações administrativas:

Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º:

I - advertência; II - multa simples; III - multa diária;

IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;

V - destruição ou inutilização do produto; VI - suspensão de venda e fabricação do produto; VII - embargo de obra ou atividade;

VIII - demolição de obra;

IX - suspensão parcial ou total de atividades; X – (VETADO)

XI - restritiva de direitos.

§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas.

§ 2º A advertência será aplicada pela inobservância das disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções previstas neste artigo.

§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo:

I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha;

II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha.

§ 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.

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§ 5º A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo.

§6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do caput obedecerão ao disposto no art. 25 desta Lei.

§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares.

§ 8º As sanções restritivas de direito são: I - suspensão de registro, licença ou autorização; II - cancelamento de registro, licença ou autorização; III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;

IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;

V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até três anos.

Para efetivar a conversão de multa simples em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental, generoso foi o Poder Público Federal, ao estabelecer com detalhamento a formalização do TC – Termos de Compromisso pelo Decreto 6.514/2008:

Art. 146. Havendo decisão favorável ao pedido de conversão de multa, as partes celebrarão termo de compromisso, que deverá conter as seguintes cláusulas obrigatórias:

I - nome, qualificação e endereço das partes compromissadas e dos respectivos representantes legais;

II - prazo de vigência do compromisso, que, em função da complexidade das obrigações nele fixadas, poderá variar entre o mínimo de noventa dias e o máximo de três anos, com possibilidade de prorrogação por igual período; III - descrição detalhada de seu objeto, valor do investimento previsto e cronograma físico de execução e de implantação das obras e serviços exigidos, com metas a serem atingidas;

IV - multa a ser aplicada em decorrência do não-cumprimento das obrigações nele pactuadas, que não poderá ser inferior ao valor da multa convertida, nem superior ao dobro desse valor; e

V - foro competente para dirimir litígios entre as partes.

§ 1º A assinatura do termo de compromisso implicará renúncia ao direito de recorrer administrativamente.

§ 2º A celebração do termo de compromisso não põe fim ao processo administrativo, devendo a autoridade competente monitorar e avaliar, no máximo a cada dois anos, se as obrigações assumidas estão sendo cumpridas.

§ 3º O termo de compromisso terá efeitos na esfera civil e administrativa. § 4º O descumprimento do termo de compromisso implica:

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e

II - na esfera civil, a imediata execução judicial das obrigações assumidas, tendo em vista seu caráter de título executivo extrajudicial.

§ 5º O termo de compromisso poderá conter cláusulas relativas às demais sanções aplicadas em decorrência do julgamento do auto de infração. § 6º A assinatura do termo de compromisso tratado neste artigo suspende a exigibilidade da multa aplicada.

Art. 147. Os termos de compromisso deverão ser publicados no diário oficial, mediante extrato.

Art. 148. A conversão da multa não poderá ser concedida novamente ao mesmo infrator durante o período de cinco anos, contados da data da assinatura do termo de compromisso.

As normas administrativas ambientais cujo sentido de aplicação não esta na ocorrência do dano, mas centrada na ideia de evitabilidade do dano. Somente a infração a norma administrativa já representa um risco de dano, por isso é possível aplicar sanções administrativas, que não estão conectadas com a ideia do dano administrativo, mas sim a infração da norma. Assim por exemplo caracterizada a falta de licença ambiental, configura uma infração a norma ambiental e possibilita a aplicação de sanção administrativa.

Pronuncia-se a respeito Édis Milaré (2011, p. 1164):

Nada obstante, a terminologia utilizada pelo legislador, nominado como sansões todas as figuras que estão no art. 42, o Decreto regulamentador, com melhor técnica legislativa, chama aquelas constantes dos incisos IV a IX – por sua natureza mais acautelatória do que propriamente sancionatória -, de medidas administrativas (art. 101, caput), ou, como queiram, medidas administrativas preventivas. Nos dizeres do regulamento, ditas medidas “tem como objetivo prevenir ocorrência de novas infrações, resguardar a recuperação ambiental e garantir o resultado prático do processo administrativo” (art. 101, §1º). Neste sentido, tal qual uma medida de urgência do processo civil, só devem ser aplicadas em caráter excepcional, nos casos em que a sua procrastinação (periculum in mora) importar em iminente risco de agravamento do dano ambiental ou de graves riscos à saúde.

As sansões são impostas após o cumprimento de toda a liturgia do devido processo legal de apuração da infração, garantindo-se ao autuado o direito à ampla defesa e ao contraditório. (art. 70, § 4º da lei 9.506/98).

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1.4 O processo administrativo ambiental

No procedimento administrativo na questão sancionador têm-se duas fases: a fase apuratória e a fase executiva. No primeiro momento, verifica-se a ocorrência da infração ambiental, com a lavratura do auto de infração e termos correlatos, consistentes em Termo de Embargo e Interdição, Termo de Apreensão e Depósito, Termo de Destruição, Termo de Demolição, Termo de Doação e Termo de Soltura de Animais, conforme a natureza da infração. O processo será instaurado na unidade federativa do local da infração.

As disposições gerais do processo administrativo ambiental, devem ser registradas pela possibilidade de emprego de forma subsidiária a Lei 9.784/99 que dispõe dos procedimentos administração pública federal, bem como as disposições finais constantes dos Decretos 6.514/2008 e 6.686/2008:

Art. 149. Os órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA ficam obrigados a dar, trimestralmente, publicidade das sanções administrativas aplicadas com fundamento neste decreto:

Parágrafo único. Quando da publicação das listas, nos termos do caput, o órgão ambiental deverá, obrigatoriamente, informar se os processos estão julgados em definitivo ou encontram-se pendentes de julgamento ou recurso.

Art. 151. Os órgãos e entidades ambientais federais competentes estabelecerão, por meio de instrução normativa, os procedimentos administrativos complementares relativos à execução deste Decreto.

Posteriormente, é conferido ao autuado a possibilidade de apresentar suas razões de defesa, no prazo de 20 dias, contados da data em que tomou ciência da autuação.

Tal processo poderá se dar pessoalmente, caso o autuado esteja presente no momento da ação fiscalizatória, por representante, por carta registrada com aviso de recebimento ou ainda por publicação de edital, caso o autuado encontre-se em local incerto ou não for localizado em seu endereço.

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reconhecer, no caso concreto, o seu interesse em apurar ou não a responsabilidade administrativa do suposto infrator, respeitada a regra do art. 76 da Lei 9.605/1998.

Édis Milaré (2011, p.1212), esclarece ainda a respeito da competência para apuração da infração ambiental:

Na apuração de infrações administrativas, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, em regra, sua própria legislação nessa matéria, bem como, supletivamente, a legislação federal. Na matéria de competência para apuração de infrações, relevante mencionar que os arts. 18 a 21 da Lei 9.784, de 29.01.1999, tratam dos casos de impedimento e suspeição de agente ou autoridade pública, para atuar em processo administrativo. Isso porque “o julgador administrativo, muito embora possa ser concomitantemente o acusador, deve cuidar para o julgamento seja feito da forma mais imparcial possível, examinando com cuidado e isenção todas as provas produzidas.”

O processo administrativo para a apuração das agressões ao meio ambiente pode ser desencadeado por representação de qualquer do povo ou de ofício pela autoridade ambiental competente.

Qualquer pessoa, física ou jurídica, constatando infração ambiental, poderá dirigir representação às autoridades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente – Sisnama, bem como aos agentes das Capitanias dos Portos do Ministério da Marinha, para efeito do exercício do poder de polícia. (art. 70, § 2º, da Lei 9.605/1998)

Não se pode esquecer-se de referir a respeito da aplicação do princípio processo legal consideram Sérgio Ferraz e Adilson Abreu Dallari (p. 90-94):

O primeiro requisito para alguém possa exercitar o direito de defesa de maneira eficiente é saber do que está sendo acusado [...]. Além disso, no curso do processo é preciso assegurar o acesso aos autos, a possibilidade de apresentar razões e documentos, de produzir provas testemunhais ou periciais, se necessário, e, ao final, de conhecer os fundamentos e a motivação da decisão proferida. [...] A garantia constitucional do direito à ampla defesa exige que seja dada ao acusado [...] a possibilidade de apresentação de defesa prévia à decisão administrativa [...] para que possa ser conhecida e efetivamente considerada pela autoridade competente para decidir. O direito de defesa não se confunde com o direito de recorrer. [...] Nada que possa ser prestante para o concreto exercício de defesa, que a Constituição assegura seja ampla, pode ser negado. [...] O princípio do

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contraditório determina que a parte seja efetivamente ouvida e que seus argumentos sejam efetivamente considerados no julgamento.

Referente ao recurso no âmbito do processo administrativo, via de regra, não terá efeito suspensivo, salvo disposição legal em contrário.

No próximo capítulo trataremos da tutela civil que é o tipo de tutela exercida para prevenir o dano ao meio ambiente ou para recompor, ressarcir o meio ambiente ao seu estado anterior.

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A Responsabilidade Civil é a que se apura para que se possa exigir a reparação civil, uma forma de sanção imposta ao agente ou responsável pelo ato ilícito. O Código Civil Brasileiro impõe àquele que, por ação ou omissão, lesar direito de outrem, fica-lhe obrigado a reparar o dano.

A tutela civil é o tipo de tutela exercida para prevenir o dano ao meio ambiente ou para ressarcir, recompor o meio ambiente ao seu estado anterior. A tutela civil pressupõe a possibilidade de dano ou o dano ao meio ambiente, sendo necessário se pressupor o dano para a exigibilidade da tutela civil.

No Direito Ambiental concentra-se uma esfera de proteção com mecanismos para inibir a ocorrência de danos ao meio ambiente. A atividade preventiva do meio ambiente, neste aspecto o Direito Ambiental trabalha com a ideia de Risco do Dano, a ideia do dano abstrato, por isto mecanismos para evitar-se o dano.

Édis Milaré (2011, p. 1248) diz ainda:

Imaginou-se, no início da preocupação com o meio ambiente, que seria possível resolver os problemas relacionados com o dano a ele infligido nos limites estreitos da teoria da culpa. Mas, rapidamente, a doutrina, a jurisprudência e o legislador perceberam que as regras clássicas de responsabilidade, contidas na legislação civil de então, não ofereceriam proteção suficiente e adequada às vítimas do dano ambiental, relegando-as, no mais das vezes, ao completo desamparo. Primeiro, pela natureza difusa deste, atingindo, via de regra, uma pluralidade de vítimas, totalmente desamparadas pelos institutos ortodoxos do Direito Processual clássico, que só ensejavam a composição do dano individualmente sofrido. Segundo, pela dificuldade de prova da culpa do agente poluidor, quase sempre coberto por aparente legalidade materializada em atos do Poder Público, como licenças e autorizações. Terceiro, porque no regime jurídico do Código Civil, então aplicável, admitiam-se as clássicas excludentes de responsabilização, como, por exemplo, caso fortuito e força maior, Daí a necessidade da busca de instrumentos legais mais eficazes, aptos a sanar a insuficiência das regras clássicas perante a novidade da abordagem jurídica do dano ambiental.

A atividade prevalente é a de prevenção, mas surgindo o dano surge a necessidade de reparação pela esfera civil. A reparação do dano ambiental é a tutela principal na esfera civil. Cabendo enfatizar os princípios da responsabilidade civil, que se propõe a resolver o problema da reparação ambiental. No momento em que a prevenção falha surge o dano

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ambiental, o evento danoso ao meio ambiente. Pode-se aplicar, portanto a tutela civil ao fato causador do dano ambiental. Na tutela civil do meio ambiente, a ideia presente é a de reparação, não mas a de prevenção.

O dano ambiental, não definido em lei, representa uma modificação que piore o estado ou lesão ao bem ambiental, este integrado por elemento imaterial e material, que definido constitucionalmente como o meio ambiente ecologicamente equilibrado. A reparação do dano ambiental se opera de forma, preliminarmente acontece à recomposição natural do meio ambiente, também chamada reparação “in natura”, sendo esta a prevalecer em meio ambiente, no entanto quando esta não for possível, caberá a reparação pela indenização, pelo ressarcimento de pecúnia, quando não possível o retorno ao” status quo”, estado anterior ao dano.

2.1 A responsabilidade civil ambiental

Com as transformações ocorridas pela revolução industrial e o início da civilização moderna, houve a necessidade de adaptação do objeto da responsabilidade civil das relações advindas das inovações tecnológicas e do saber científico, ou seja, ampliou-se às pessoas passíveis de responsabilização e também aumentou as possíveis vítimas do dano. Por isso, foi necessário que o alicerce teórico da responsabilidade civil passasse da culpa a responsabilidade civil subjetiva, para a ideia do risco das atividades, à responsabilidade civil objetiva.

A responsabilidade no campo civil é concretizada no pagamento de condenação em dinheiro e em cumprimento da obrigação de fazer ou de não fazer. Normalmente, manifesta-se na aplicação desse dinheiro em atividade ou obra de prevenção ou de reparação do prejuízo.

Ao tratar-se da responsabilidade objetiva José de Aguiar Dias (1979, p. 78 e 79), ressalta: “situação desejável é do equilíbrio, onde impere a conciliação entre os direitos do homem e seus deveres para com seus semelhantes. O conflito de interesse não é permanente, como ele ocorre, então, sem nenhuma dúvida, o que há de prevalecer é o interesse da coletividade.”

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Ainda no âmbito da responsabilidade objetiva diz Paulo Afonso Leme Machado (2005, p. 335):

A responsabilidade objetiva ambiental significa que quem danificar o ambiente tem o dever jurídico de repará-lo. Presente, pois o binômio dano/reparação. Não se pergunta a razão da degradação para que haja o dever de indenizar e/ou reparar. A responsabilidade sem culpa tem incidência na indenização ou na reparação dos “danos causados ao meio ambiente e aos terceiros afetados por sua atividade” (art. 14, § 1º, da Lei 6.938/81). Não interessa que tipo de obra ou atividade seja exercida pelo que degrada, pois não há necessidade de que ela apresente risco ou seja perigosa. Procura-se quem foi atingidos e, se for o meio ambiente e o homem, inicia-se o processo lógico-jurídico da imputação civil objetiva ambiental. Só depois é que se entrará na fase do estabelecimento do nexo de causalidade entre ação ou omissão e o dano. É contra o Direito enriquecer-se ou ter lucro à causa da degradação do meio ambiente.

A CF/88 consagrou a incidência da responsabilidade objetiva do poluidor no que se refere as atividades nucleares e minerarias, o mesmo ocorrendo com a constitucionalização da responsabilidade objetiva do Estado, inclusive e com mais razão ainda em matéria ambiental.

Destacam-se os seguintes artigos:

Art. 21. Compete à União:

XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:

d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preimpondo-servá- lo para as presentes e futuras gerações.

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§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

Fator este que fortaleceu a materialização do princípio do poluidor-pagador, fazendo recair sobre o autor do dano o ônus decorrente dos custos sociais da atividade.

Já a responsabilidade baseada na regra da culpa no Direito comum, o princípio clássico que caracteriza a responsabilidade extracontratual é o da responsabilidade subjetiva ou aquiliana, fundada na culpa ou no dolo do agente causador do dano.

A regra continua a viger na medida em que o dever de ressarcimento pela prática de atos ilícitos decorre da culpa lato sensu, que pressupõe aferição da vontade do autor, enquadrando-a nos parâmetros do dolo (consciência e vontade livre de praticar o ato) ou da culpa “stricto sensu” (violação do dever de cuidado, atenção e diligência com que todos devem se pautar na vida em sociedade).

O comportamento do infrator será censurado ou reprovado quando, ante circunstâncias concretas do caso, entender-se que ele poderia ou deveria ter agido de modo diferente. Portanto, o ato ilícito, para fins de responsabilização civil qualifica-se pela culpa. Não havendo culpa, não há, em regra, qualquer responsabilidade reparatória.

2.2 Princípios da responsabilidade civil ambiental

A responsabilidade civil trabalha em cima de três princípios básicos, são eles: os princípios da prevenção e da precaução, o princípio do poluidor-pagador e o princípio da reparação integralmente.

Os objetivos do Direito Ambiental são fundamentalmente preventivos

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Sobre o princípio da prevenção e da precaução diz Édis Milaré (2011, p. 1250 e 1251):

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deixados de lado, mesmo na aplicação dos institutos das responsabilidades civil e administrativa. Assim por exemplo os legitimados para ajuizamento de ação civil pública não estão obrigados a aguardar a consumação do dano ambiental para agir; ao contrário, o remédio processual pode e deve ser usado para coibir práticas que apresentem mera potencialidade de dano, obrigando os responsáveis por essas atividades a ajustarem-se às normas técnicas aplicáveis, de modo, a mitigar o risco a elas inerentes. Do mesmo modo, quando houver descumprimento das regras jurídicas tutelares do patrimônio ambiental, os órgãos integrantes do SISNAMA podem aplicar sanções administrativas independentemente da ocorrência efetiva de lesão, uma vez que, por óbvio, a inobservância de tais normas eleva significativamente o risco envolvido no desenvolvimento da atividade.

Enquanto a reparação e a repressão cuidam do dano já causado, a prevenção e a precaução, atem-se ao momento anterior: o do mero risco. Neste caso a ação é inibitória. Na reparação, remédio ressarcitório.

No que diz respeito ao princípio da precaução, salienta Jõao Marcos Adede y Castro (2006, p.32):

De modo proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza cientifica não deve ser utilizada com a razão para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.

Não obstante a natureza de cada um, em tratando-se de princípios basilares do Direito Ambiental, não podem ser deixados de lado, mesmo na aplicação de institutos das responsabilidades civil e administrativa.

Assim, por exemplo, aqueles que tem legitimidade para o ajuizamento de ACP não estão obrigados a aguardar a consumação do dano ambiental para agir; ao contrário , o remédio processual pode e deve ser usado para coibir práticas que apresentem mera potencialidade de dano, obrigando os responsáveis por essas atividades a ajustarem-se às normas técnicas aplicáveis, de modo a mitigar o risco a ela inerentes.

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O princípio que constitui o fundamento primário da responsabilidade civil em matéria ambiental é o princípio do poluidor-pagador. Explica Cristiane Derani (2008, p. 143, 147 e 149):

[...] pelo princípio do poluidor-pagador, arca o causador da poluição com os custos necessários à diminuição, eliminação ou neutralização deste dano. (...) O custo a ser imputado ao poluidor não está exclusivamente vinculado à imediata reparação do dano. O verdadeiro custo está numa atuação preventiva, consistente no preenchimento da norma de proteção ambiental. O causador pode ser obrigado pelo Estado a mudar o seu comportamento ou adotar medidas de diminuição da atividade danosa. Dentro do objetivo estatal de melhora do ambiente deve, então, participar ativamente o particular. [...] Esse princípio é um meio de que se vale tanto o aplicador da legislação, especialmente na formação de políticas públicas, como o legislador, na elaboração de textos destinados a uma proteção mais eficiente dos recursos naturais.

Sua origem nada mais é que um princípio de equidade, existente desde o Direito Romano: aquele que lucra com uma atividade deve responder pelo risco ou pelas desvantagens dela resultantes.

Também a opinião de Jõao Marcos Adede y Castro (2006, p.33) a respeito do princípio do poluidor-pagador:

Tendo em vista que o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo decorrente da poluição, as autoridades nacionais devem procurar promover a internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, levando na devida conta o interesse público, sem distorcer o comércio e os investimentos internacionais.

De acordo com a melhor doutrina, “o princípio da responsabilidade objetiva é o da equidade, para que se imponha o dever de reparação do dano e não somente porque existe responsabilidade. Assim, assume o agente todos os riscos de sua atividade, pondo-se fim, em tese, à pratica inadmissível da socialização do prejuízo e da privatização do lucro”.

Esse princípio além de exigir a recomposição do dano possui, em última análise, efeito preventivo, pois coíbe a prática de condutas lesivas ao ambiente.

O dano ambiental mede-se por sua por sua extensão, impondo a reparação integral, a teor do que estabelecem os arts. 14, §1°, da Lei 6.938/81 e 225, §3°, da CF, os

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Patryck Ayala (2010, p. 134, 223 e 224) ressaltam com precisão que:

A Constituição Federal, especialmente em seu art. 225, § 3º, recepcionou a Lei 6.938/81 e deixou intacta a responsabilização objetiva do causador do dano ambiental. Acrescenta-se que o legislador constituinte não limitou a obrigação de reparar o dano, o que conduz à reparação integral. (...) O dano deve ser reparado integralmente, o mais aproximadamente possível, pela necessidade de uma compensação ampla da lesão sofrida. (...) O agente é obrigado a reparar todo o dano, sob pena de redundar ao mesmo um dever-agir preventivo, como meio de se eximir da reparabilidade integral do eventual dano causado. (...)A eventual aniquilação da capacidade econômica do agente não contradiz o princípio da reparação integral.

O Brasil adotou a teoria da reparação integral do dano ambiental o que significa que a lesão causada ao meio ambiente há de ser recuperada em sua integridade e qualquer norma jurídica que disponha em sentido contrário ou que pretenda limitar o montante indenizatório a um teto máximo será inconstitucional. Por isso mesmo, quando não for possível a reparação do dano, ainda será devida a indenização pecuniária correspondente, a ser revertida para os Fundos de Defesa dos Direitos Difusos, previstos na Lei 7.347/85.

2.3 Pressupostos da responsabilidade civil por dano ambiental

No regime de responsabilidade objetiva, fundada na teoria do risco da atividade, para que se possa pleitear a reparação do dano, basta a demonstração do evento danoso e do nexo de causalidade com a fonte poluidora.

Para Jõao Marcos Adede y Castro (2006, p.30), referente a responsabilidade dos Estados:

Os Estados devem desenvolver legislação nacional relativa a responsabilidade e indenização das vítimas de poluição e outros danos ambientais. Os Estados devem, ainda, cooperar de forma expedita e determinada para o desenvolvimento de normas de direito internacional ambiental relativas a responsabilidade e indenização por efeitos adversos de danos ambientais causados, e áreas fora de sua jurisdição, por atividades dentro de sua jurisdição ou sob seu controle.

A ação, da qual a teoria da culpa faz depender a responsabilidade pelo resultado, é substituída, aqui, pela assunção do risco em provocá-lo.

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O legislador pátrio, com a edição da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente - Lei n. 6.938/81 – criou, em seu artigo 14, § 1º, o regime da responsabilidade civil objetiva pelos danos causados ao meio ambiente. Dessa forma, é suficiente a existência da ação lesiva, do dano e do nexo com a fonte poluidora ou degradadora para atribuição do dever de reparação.

Art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:

I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em casos de reincidência específica, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios.

II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público;

III - à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;

IV - à suspensão de sua atividade.

§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.

Não é imprescindível que seja evidenciada a prática de um ato ilícito, basta que se demonstre a existência do dano para o qual exercício de uma atividade perigosa exerceu uma influência causal decisiva. Comprovada a lesão ambiental, torna-se indispensável que se estabeleça uma relação de causa e efeito entre o comportamento do agente e o dano dele advindo.

Ressaltando que, mesmo lícita a conduta do agente, tal fator torna-se irrelevante se dessa atividade resultar algum dano ao meio ambiente. Nada mais é do que uma consequência advinda da teoria do risco da atividade ou da empresa, segundo a qual cabe o dever de indenizar àquele que exerce atividade perigosa, consubstanciando ônus de sua atividade o dever de reparar os danos por ela causados.

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CONCLUSÃO

Certamente é tempo de se repensar o sistema civil e administrativo tradicional, especialmente no que tange ao Direito Ambiental, adaptando aos novos ditames das normas, como forma de assegurar um futuro as próximas gerações que terão que conviver com o passivo ambiental.

A realidade é que em todo o mundo as legislações se preocupam com o fato de que muitas vezes inclusive na maioria delas, serem as pessoas jurídicas um instrumento que facilita as atividades criminosas, por isso, devem ser responsabilizadas não só civil e administrativamente, como também na esfera penal. A doutrina internacional já vem avançando em ritmo acelerado, dentre ela a inglesa, a holandesa e americana, estabelecendo que se é a pessoa jurídica capaz de contratar, consequentemente tem também capacidade para criminosamente, descumprir o contratado.

Como podemos observar, a partir de tudo o que se abordou neste trabalho, nossas constatações apontam para a verificação de que o tema da culpabilidade não pode ser dissociado da responsabilidade administrativa e civil.

A evolução das teorias sobre responsabilidade civil, a construção da responsabilidade objetiva, que tem por foco a vítima, em contraponto à subjetiva, cujo alvo é o autor do fato. Nesse viés, por óbvio, não se pode encontrar extensão à responsabilidade administrativa pelo simples fato de que, por ser de cunho pedagógico, visará sempre o autor da transgressão.

De qualquer sorte o tema aqui enfocado é complexo e atual, a linha mestra adotada pela Carta Magna, em sede ambiental, prestigia o princípio da responsabilidade,

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através do qual qualquer conduta ou atividade considerada lesiva ao meio ambiente sujeitará o infrator, pessoa física ou jurídica, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

De toda sorte o tema tratado neste trabalho, como já se afirmou, é complexo e alberga variadas posições, emanadas das mais respeitáveis correntes doutrinárias, não tendo este ensaio a veleidade de esgotá-lo, mas, ao contrário, adicionar uma pitada de tempero objetivando suscitar o sempre salutar e necessário debate.

A questão da preservação do meio ambiente tem recebido atenções maiores do que as recebidas no passado, porém não tem sido o suficiente para reverter o quadro de degradação e destruição do patrimônio ambiental. Os princípios do Direito Ambiental apresentados, englobam ensinamentos de suma importância para a sociedade como um todo, devendo ser amplamente divulgados e postos em prática.

As ações em prol da defesa do meio ambiente devem ter eminentemente caráter preventivo, visando evitar a ocorrência de danos, em virtude de sua difícil reparação.

A reparação dos danos ao meio ambiente apresenta uma série de óbices ao alcance dos resultados a que se propõe, a maioria deles passíveis de redução ou eliminação, através de modificações que poderiam ser introduzidas na legislação pertinente.

A responsabilidade civil objetiva por danos ambientais é um instituto essencial para a eficaz tutela do meio ambiente, e como tal deve ser implementada sempre que houver essa possibilidade. Os operadores do Direito devem estar plenamente conscientes da importância de seu trabalho no contexto da mobilização social para a proteção dos recursos naturais, da qualidade de vida e da própria vida.

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