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Direito Constitucional

Prof. Vladimir Ferreira Correia

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 2

1. Controle concentrado e abstrato:

§ Foi idealizado por Hans Kelsen em 1920. Este se opunha ao controle difuso, pois para ele atribuiria muito poder aos juízes, o que traria, por conseguinte, uma insegurança jurídica muito grande.

§ Segundo ele, o controle deve se concentrar em um único órgão: Corte Constitucional. Seria um órgão afastado e independente dos três poderes. Somente foi aplicada em 1929.

§ O Brasil adota o sistema jurisdicional misto. Sistema difuso e concentrado, ambos realizados pelo poder judiciário.

§ Controle concentrado é abstrato: É feito em face da lei em tese ou em face da lei

abstratamente considerada. Ou seja, quando um dos legitimados move uma ação de controle concentrado abstrato, essa tem por objeto atacar a lei, já que ela é supostamente

inconstitucional. É abstrato porque independe de direitos e interesses subjetivos, busca-se manter a higidez do ordenamento jurídico, que interessa a todos indistintamente. Instaura um processo objetivo, ou seja, é aquele que não tem partes, consequentemente busca o interesse coletivo e geral.

2. ADI- Ação direta de inconstitucionalidade:

§ Foi ela que inaugurou o controle concentrado e abstrato no Brasil, por meio da emenda constitucional nº 15 de 1965. Até 1965, só existia o controle difuso incidental ou difuso concentro. Naquela época, somente uma pessoa podia propor a ADIN, o Procurador-Geral da República. Com a CF/88, houve uma valorização excessiva do controle concentrado e

abstrato, que se mostra mais eficiente de diversas maneiras. Enquanto o controle concreto possui diversas dificuldades, como a insegurança jurídica e o efeito inter partes. O controle concentrado possui efeito geral, erga omnes, atingindo a todos. Desse modo, por ser mais benéfico, a CF ampliou significativamente o espectro do controle concentrado abstrato.

1.1 Legitimidade (ADI, ADC, ADPF, ADO):

o Art. 103, CF:

ü Presidente da República (legitimados gerais); ü Mesa da Câmara dos Deputados;

ü Mesa do Senado Federal; ü Procurador-Geral da República;

ü Partido político com representação no Congresso Nacional; ü Conselho Federal da OAB;

ü Governador de Estado;

ü Mesa de Assembleia Legislativa;

ü Confederação sindical e entidade de classe de âmbito nacional. o Presidente da República, Mesa da Câmara dos Deputados, Mesa do Senado

Federal, Procurador-Geral da República, partido político com representação no Congresso Nacional e Conselho Federal da OAB são legitimados gerais, ou seja, podem propor ADI em face de qualquer lei ou ato normativo.

o Os demais são legitimados restritos: só podem oferecer ADI se comprovarem a pertinência temática (o interesse do legitimado em oferecer ADI) em face de leis que atinjam com as suas atribuições.

o Presidente da República pode sancionar uma lei e depois interpor ADI.

o A mesa do Congresso não tem legitimidade para propor ADI, quem tem é a mesa da Câmara dos Deputados e a mesa do Senado Federal.

o O momento para aferir a legitimidade é a propositura.

o OAB é uma autarquia sui generis, por ser guardiã do ordenamento e da constituição.

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o Sindicato não tem legitimidade, é a confederação sindical, ou seja, a reunião de federações sindicais no âmbito nacional, pelo menos 3. Só pode oferecer ADI em face de leis que atinjam a categoria sindical que representa.

o Entidade de classe de âmbito nacional, somente a lei que violar interesses da classe que representa.

1.2 Objeto:

o Art. 102, I, a, CF:

ü Lei ou ato normativo federal e estadual (atos normativos primários, aqueles que derivam diretamente da Constituição).

Ø Não cabe em face de lei ou ato normativo municipal;

Ø Não cabe em face de normas pré-constitucionais (princípio da recepção de normas);

Ø Não cabe em face de normas revogadas.

Ø Não cabe em face de atos secundários (ato administrativo, decretos e regulamentos expedidos pelo Presidente e pelo governador);

Ø Não cabe em face de leis e atos de efeitos concretos. Contudo, o STF tem admitido atualmente, por causa da literalidade da CF, que não deve ser feita essa distinção. Ex: leis

orçamentárias;

Ø Não cabe em face de súmulas, porque elas têm um procedimento próprio de revisão e cancelamento; Ø Não cabe em face de normas constitucionais originárias.

Porque no Brasil adota-se a tese de que o constituinte originário é soberano, ilimitado. Outra, o STF foi criado pelo constituinte, logo, como ele poderia dizer que uma norma feita por ele é inválida?Isso seria subverter a lógica do sistema.

1.3 Procedimento:

o Lei nº 9868/99: ADI, ADC, ADO. o Lei nº 9882/99: ADPF.

o Um dos legitimados vai propor a petição inicial, que conterá o ato impugnado, o parâmetro violado. Legitimado restrito deverá comprovar pertinência temática. Partido político, confederação sindical e entidade de classe de âmbito nacional precisarão que um advogado assine a peça e juntar a procuração.

o Relator poderá deferir ou indeferir a inicial, por inépcia. Daí caberá agravo. o O órgão prolator da norma vai ser comunicado e deverá se manifestar em trinta

dias.

o Oitiva de duas pessoas: o AGU (Advogado-Geral da União) e o PGR (Procurador Geral da República), sucessivamente em 15 dias cada um.

Ø O papel da AGU será como defensor da norma, do ato

impugnado.Segundo o STF, será o curador da constitucionalidade do ato impugnado. Ele somente será dispensado se o Tribunal já tiver entendimento pela inconstitucionalidade da lei.

Ø O PGR proferirá parecer livre, seja pela constitucionalidade, seja pela inconstitucionalidade.

o Relator poderá determinar exames, vistorias, perícias, audiências públicas, ouvir especialistas.

o Art. 7º, § 2º: amicus curiae. O STF diz que é o colaborador informal, amigo da corte, de intervenção sui generis. Ajudará o STF do julgamento de certas demandas, de modo a corresponder aos anseios da sociedade. Não é a intervenção de terceiros típico do CPC, inclusive, porque a lei proíbe.

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Ø Amicus curiae pede para entrar no processo, o relator irá decidir em decisão irrecorrível.

Ø O amicus curiae poderá apresentar memoriais escritos e poderá fazer sustentação oral (15 minutos).

o Quórum de iniciação de julgamento: 2/3 ou oito ministros.

o Quórum para declarar inconstitucionalidade da lei: maioria absoluta ou 6 ministros.

o Medida cautelar na ADI tem por objeto suspender a lei enquanto se discute o processo.

Ø Requisitos: fummus bonni iuris e periculum in mora.

Ø Para conceder a cautelar decorre do voto da maioria absoluta dos ministros (6).

Ø Se o STF estiver no recesso, a cautelar é concedida pelo Presidente do Supremo.

o Não é cabível desistência da ação.

o Não cabe recurso em face da decisão na ADIN, salvo embargos de declaração. o Não cabe ação rescisória.

1.4 Efeitos da decisão:

o Efeitos gerais ou erga omnnes.

o Efeitos vinculantes: A decisão do STF vincula os demais órgãos do Judiciário e a Administração Pública. O Poder Legislativo, no entanto, não fica vinculado às decisões do STF (Princípio do Inconcebível fenômeno da fossilização

constitucional). Se ficar preso às decisões do STF, perderá a função de atualizar a constituição, esta ficará fossilizada.

o Efeitos retroativos: A inconstitucionalidade é um vício que ataca a lei em sua origem. Se a lei já nasce inconstitucional, não deve produzir efeitos. A decisão que declara sua inconstitucionalidade consequentemente desde sua origem. A declaração retroage ao nascimento da lei. É uma decisão declaratória, e, portanto, retroativa por natureza. Retroage e desconstitui todos os efeitos eventualmente produzidos pela lei. Regra: efeitos retroativos ou ex tunc.

Ø Na cautelar, os efeitos são ex nunc ou prospectivos. Apenas suspende daquele momento até o julgamento da ADI.

Ø Princípio da modulação temporal dos efeitos da decisão- Art. 27, da lei 9868/99: Por razões de segurança jurídica ou excepcional interesse público, o STF pode modular no tempo os efeitos da decisão,

escolhendo o momento a partir do qual a decisão produzirá efeitos. Para tal, é preciso o voto de 2/3 dos membros do STF ou 8 ministros. É possível modulação temporal também na medida cautelar.

3. ADC: Ação declaratória de constitucionalidade:

§ Emenda constitucional nº 3/93: Busca que o STF declare que a norma é constitucional, preservando-a. O principio de presunção da constitucionalidade das leis diz que as leis se presumem constitucionais até que sejam declaradas inconstitucionais pelo órgão competente. É uma presunção relativa.

§ Requisitos para proposição: Em face de ato normativo sobre o qual pare uma controvérsia judicial relevante, gerando insegurança jurídica.

3.1 Legitimidade:

o Os mesmos legitimados do art. 103, CF.

3.2 Objeto:

o Art. 102, I, a, CF:

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3.3 Procedimento:

o Petição inicial irá trazer argumentos defendendo a constitucionalidade da lei, tem que juntar os julgados controversos.

o Procedimento igual ao da Ação Direta de Inconstitucionalidade (Lei nº 9868/99), exceto quanto:

Ø Na ADC, não é indispensável a oitiva do AGU, ou seja, se o STF quiser, o relator pode comunicar o AGU mesmo assim.

Ø Cautelar na ADC: serve para manter a constitucionalidade da lei até o julgamento final; e para suspender os processos em que se discute a constitucionalidade da lei por até 180 dias.

3.4 Efeitos:

o Efeito geral/ erga omnes; o Efeito vinculante;

o Efeitos retroativos: É constitucional desde seu nascimento. Entendimento do STF: Quando o STF julga procedência do ADC é a mesma coisa que julgar improcedência de uma ADI. O contrário, julgar improcedente a ADC é mesma coisa que julgar procedente ADI. São ações idênticas com sinal trocado.

4. ADPF: Arguição de descumprimento de preceito fundamental:

§ Criada pelo constituinte de 1988, tem por função resguardar os preceitos fundamentais da constituição brasileira eventualmente violados por atos normativos. Sua criação se deu por motivo peculiar, o de atacar as leis e atos normativos que não podem ser objeto de ADI. § Princípio da subsidiariedade: É uma ação subsidiária à ADI. Somente pode ingressar com a

ADPF quando não couber ADI.

§ Lei nº 9882/99: A ADPF serve para sanar lesão a preceito fundamental quando não houver outro meio cabível. STF afirma que a ADPF deve ser interpretada sob a ordem constitucional global, só não cabe ADPF se couber outra ação de controle concentrado abstrato. A existência de uma ação ordinária ou de um recurso extraordinário não afasta a ADPF.

§ O parâmetro da ADPF são somente os preceitos fundamentais. Não há a priori, um conceito de preceito fundamental. Essa análise é feita de cada caso.

4.1 Legitimidade:

o Os mesmos legitimados do art. 103, CF.

4.2 Objeto:

o Atos que não podem ser objeto de ADI: Leis e atos municipais, normas pré-constitucionais, atos secundários e atos administrativos, atos de natureza privados; súmula nem normas originárias cabem.

4.3 Procedimento:

o Lei 9882/99: Semelhante à lei 9868/99.

o Cautelar serve tanto para suspender o ato impugnado quanto também para suspender os processos em curso em que se discute esse ato. Durante o recesso, a cautelar da ADPF é concedida pelo relator.

4.4 Efeitos:

o Os mesmos.

5. ADO: Ação direta de inconstitucionalidade por omissão:

§ Serve para sanar a inconstitucionalidade por omissão. Quando temos as normas de eficácia limitada tida como norma não autoaplicável, precisa de leis e atos para implementá-la. Se o poder público não elabora esses atos para implementar essas normas, essa inércia configura a chamada inconstitucionalidade por omissão.

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§ Omissão pode ser total: Não há nenhuma lei e nenhum ato e a norma não é implementada de forma alguma.

§ Omissão parcial: Ocorre quando até existe a lei ou o ato, mas esta não implementa satisfatoriamente a Constituição. Ex: salário mínimo.

5.1 Legitimidade:

o Os mesmos legitimados do artigo 103, CF. Se a inércia se deve a um legitimado, este não pode propor a ação.

5.2 Objeto:

o Ou a omissão, no caso da omissão total ou a lei, no caso da omissão parcial.

5.3 Procedimento:

o O mesmo da ADI.

o Lei 98/99: Cabe cautelar na ADO. Se a omissão é parcial, para suspender a lei incompleta, se a omissão é total, para suspender os processos em que se discute a omissão.

5.4 Efeitos da decisão:

o Se o órgão omisso é o Legislativo, o STF constitui em mora o legislador e pronto.

o Se a omissão é imputável à Administração Pública, o STF pode dar um prazo de 30 dias para sanar a omissão, cumprindo a decisão. Se não cumprir, a depender da função, pode responder por crime de responsabilidade ou crime de

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