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O IMPERIALISMO E A CONFERÊNCIA DE BERLIM CAROLINE DOS SANTOS GUEDES JULIA PASSOS DE MELLO LUAIA RODRIGUES

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Academic year: 2021

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O IMPERIALISMO E A CONFERÊNCIA DE

BERLIM

CAROLINE DOS SANTOS GUEDES

JULIA PASSOS DE MELLO

LUAIA RODRIGUES

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http://maisvestibular.blogspot.com/2009/01/mapas.html - 15/10/10 ás 18: 20

Usando como base a análise marxista de Eric Hobsbawn em seu livro “A Era dos Impérios”, o século XIX se caracteriza por dois movimentos paralelos : o aumento demográfico ea diminuição geográfica, com as distancias se reduzindo e o mundo se tornando cada vez mais global. O período entre 1880 e 1914pode ser entendido como o século do imperialismo, ou seja, isso significa dizer que nesse período, o mundo foi dividido entre as principais potencias imperialistas: EUA, Inglaterra, França, Bélgica, Rússia, Japão, Holanda e Alemanha.

No século XVIII, apesar de já existirem diferenças perceptíveis entre as regiões do globo, estas ainda não pareciam intransponíveis, pelo menos no campo econômico. No século XIX, a diferença entre regiões ricas e pobres começou a se acelerar de maneira astronômica para o período.

“Mas no século XIX, a defasagem entre países ocidentais, base da revolução econômica que estava transformando o mundo, e os demais se ampliou, primeiro devagar e depois cada vez mais rápido. Ao redor de 1880 (segundo o mesmo calculo), a renda per capita do mundo “desenvolvido” era cerca do dobro da do Terceiro Mundo (...) O PNB (produto nacional bruto)

per capita já era mais do dobro que o do Terceiro Mundo em 1830 ; em 1913, cerca de sete

vezes maior.”

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O principal fator “responsável” por essa diferença, e pela dominação imposta pelos “desenvolvidos” está no desenvolvimento tecnológico. A inferioridade tecnológica armamentista tornava os países além de mais pobres, em facilmente vencidos.

O imperialismo possuiu diversos aspectos além do econômico, porém, aqui será priorizado seu aspecto político-econômico. Visto isso, entenderemos o imperialismo como formador de uma economia global, e como criador de uma cadeia de dependência entre as nações.

Toda essa globalização econômica é decorrente do desenvolvimento capitalista. O capitalismo é um sistema econômico universalizante, que não reconhece fronteiras e precisa agir sem interferências do Estado. – “O capitalismo, além de internacional na

pratica, era internacionalista na teoria.” (Hobsbawn, Eric. Página 66)

A necessidade de crescimento econômico fez com que os países desenvolvidos se tornassem rivais. O controle das colônias, e como conseqüência, o controle das matérias-primas, mão-de-obra e de qualquer outra riqueza que pudesse ser extraída da região, fez com que o primeiro mundo estivesse em constante disputa imperialista.

Analise, por exemplo, o quadro abaixo que explicita, percentualmente, os territórios, em diferentes partes do mundo sob controle imperialista através de possessões

Hobsbawn, Eric. A Era dos Impérios. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. 6ª edição.

Outro ponto a ser observado, reside no fato de que, devido à busca recorrente pelo aumento produtivo, se viu nesse período uma convergência, como nunca vista, entre economia e política, com os Estados defendendo diretamente os interesses das

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grandes empresas. Apesar de ainda existir uma crença na manutenção da economia livre, cada vez mais se desvaloriza a teoria da livre-concorrência e da economia autônoma, decorrente da “mão-invisível” de Adam Smith.

Para Lênin, o Imperialismo é uma fase do capitalismo que exigia a divisão territorial do mundo, criando áreas de influencia diretas ou indiretas das principais potencias capitalistas.

“Então, o fato maior do século XIX é a criação de uma economia global única, que atinge progressivamente as mais remotas paragens do mundo, uma rede cada vez mais densa de transações econômicas, comunicações e movimentos de bens, dinheiro e pessoas ligando os países desenvolvidos entre si e ao mundo não desenvolvido.”

(Hobsbawn, Eric. A Era dos Impérios. Página 95)

Conferência de Berlim

No inverno entre 1884 e 1885, após a unificação alemã, o Chanceler Bismarck convidou os principais líderes de 14 países a participarem de uma conferência na capital do II Reich- a Conferência de Berlim. Esta reunia chefes de Estado de grandes potências européias e Estados menores, e tinha como objetivo chegar a um acordo sobre a

ocupação da África- acordos de comércio, navegação e limites no Congo e na África Ocidental- evitando choques imperialistas, o que conduziria a um conflito europeu de grande porte.

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http://www.infoescola.com/ - 15/10/10 ás18:40

O Japão não participou da conferência por ser considerado atrasado, apesar da sua modernização, diferente dos Estados Unidos que estavam na conferência

interessados nos assuntos sobre comércio e navegação. A Rússia se encontrava na conferência- mesmo que seus interesses na África não fossem muitos, estava por apoio à França contra a Inglaterra.

A Questão central, no entanto, foi à relação entre Inglaterra e França na qual Bismarck estaria na posição benéfica de intermediário.

Há uma discussão historiografica sobre os interesses de Bismark em promover a conferência de Berlim, se o mesmo é obter a soberania na África para a Alemanha ou proteger as feitorias instaladas na costa que ainda não se encontram ocupadas por outras potências.

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Conferência de Berlim sobre África. La question du Congo. Gravura, E. A. Tilly In L'Illustration, Paris 1884, p. 388. JE. 86 V. In: http://www.bnportugal.pt/ - 15/ 10/10 ás 17: 55

Temos como estudantes, aprendido que a Conferência de Berlim traçou o mapa da África, ou seja, que uma das consequências dessa reunião foi a divisão da África entre os participantes. A palavra partilha pressupõe a divisão de algo entre as partes interessadas. No contexto do imperialismo, para haver uma real partilha, necessitaria que as potências estrangeiras presentes acordassem que determinado país africano estaria sob a soberania, seja parcial ou total, de alguma delas. No caso da existência de tal repartição, esta necessariamente deve estar presente na Ata Geral da Conferência de Berlim, que foi redigida em 26 de fevereiro de 1885. O objetivo desse trabalho é desmistificar que houve a divisão da África a partir da análise da mesma.

A ata é um resumo do que foi discutido e acertado em uma reunião, como foi a conferencia de Berlim, e nela estão as cláusulas que os participantes se comprometem a cumprir. A ata da Conferência de Berlim possui os capítulos discutidos e adotados na sessão, que são divididos em sete:

1° - Declaração referente à liberdade de comércio na bacia do Congo, suas embocaduras e regiões circunvizinhas, e disposições conexas.

2° - Declaração concernente ao tráfico dos escravos.

3° - Declaração referente à neutralidade dos territórios compreendidos na bacia convencional do Congo.

4° - Ata de navegação do Congo. 5° - Ata de navegação do Níger.

Formatado: Português

(Brasil)

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(Brasil)

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6° - Declaração referente às condições essenciais a serem preenchidas para que ocupações novas nas costas do continente africano sejam consideradas como efetivas.

7° - Disposições gerais.

Ao examinar os pontos discutidos na conferência, percebe-se que o principal objetivo dela é impossibilitar futuros desentendimentos através da regulamentação das disputas e regrar seus interesses, que nesse momento é o livre comércio. A maioria das potências via a conferência como alternativa para preservar o livre intercâmbio que estava sendo ameaçado, gerando diversos conflitos entre as potências envolvidas. Um dos acordos da reunião, por exemplo, era que os comerciantes nas bacias e seus principais rios navegáveis, mesmo em território inimigo, eram livres.

“Querendo regular num espírito de boa compreensão mútua as condições mais favoráveis ao desenvolvimento do comércio e da civilização em certas regiões da África, e assegurar a todos os povos as vantagens da livre navegação sobre os dois principais rios africanos que se lançam no Oceano Atlântico; desejosos, por outro lado, de prevenir os mal-entendidos e as contestações que poderiam originar, no futuro, as novas tomadas de posse nas costas da África (...)”.

Na conferência acorda-se que as potências devem assegurar que nos territórios ocupados por elas deva existir uma autoridade capaz de fazer respeitar os direitos, como a liberdade de comércio e de trânsito.

“As Potências (...) obrigação de assegurar, nos territórios ocupados por elas (...) de fazer respeitar os direitos adquiridos, a liberdade do comércio e do trânsito nas condições em que for estipulada”.

(artigo 35).

Portanto, estavam mais interessados que as potências que dominavam determinadas áreas africanas, como a costa, respeitassem as liberdades que foram combinadas na conferência, do que determinar qual parte da África pertenceria à determinada potência.

O único capítulo referente à ocupação efetiva possui apenas dois artigos concernente a de novas posessões, onde esta deve ser feita através de uma notificação do seu interesse aos demais participantes da Conferência.

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“A Potência que de agora em diante tomar posse de um território (...) fará acompanhar a Ata respectiva de uma notificação dirigida ás outras Potências signatárias da presente Ata, a fim de lhes dar os meios de fazer valer, se for oportuno, suas reclamações”.

(artigo 34).

Em nenhum dos artigos da reunião, indica uma partilha a qual faz parte do nosso imaginário, seus termos não nos autorizam a falar que houve uma divisão na Conferência de Berlim. A conferência facilitaria uma eventual discussão sobre a divisão, e as potências sabiam que a partilha era inevitável, porém não foi nesse momento que ela ocorreu. A conferência de Berlim deve ser entendida como um capítulo de um longo processo de conquista e controle colonial da África pelas potências européias.

Filmografia:

A REVOLTA DO SUDÃO – Mostra a luta de populações mulçumanas contra tropas britânicas no Sudão. – Nathan Juran – Romance/ 85 min

AS MONTANHAS DA LUA – É a história de dois exploradores ingleses empenhados em descobrir as nascentes do Rio Nilo. – Bob Rafelson – Aventura/ 136 min – EUA - 1990

ALVORADA SANGRENTA – Trata da conquista inglesa da África do Sul. – Douglas Hickox – 113 min – EUA/ África do Sul - 1979

BREAKER MORANT – Conta o drama de um soldado que se recusou a cumprir ordens durante a Guerra dos Bôeres. – Bruce Beresford – Drama/ 107 min - 1980

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ZULU – Mostra a luta entre tropas inglesas e populações nativas durante a Partilha da África. – Cy Endfield – Ação/ Drama/ 138 min – EUA - 1964

Bibliografia:

Bittencourt, Marcelo. Partilha, resistência e colonialismo. In: Introdução à história da África e da cultura afro-brasileira/ coodernação de Beluce Belucci , Rio de JAneiro:

UCAM< CEAA< CCBB 2003.

Brunschwig, Henri. A Partilha da África Negra São Paulo: Perspectiva, 2006. 2º Edição.

Conrad, Joseph. O coração da Treva. São Paulo: Brasiliense, 1984.

De Decca, E. O colonialismo como glória do império. In: Reis Daniel; Ferreira, J. e Zenha Celeste (orgs) História do século XX. Rio de Janeiro, Record, 2003, 2° edição Facina, Adriana e De Castro, Ricardo. As resistências dos povos à partilha do mundo. Hobsbawn, Eric. A Era dos Impérios. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. 6ª edição. Kennedy, Paul. Ascensão e queda das grandes potências: Transformação econômica e

conflito militar de 1500 a 2000. Rio de Janeiro: Campus, 1991.

Referências

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