Serviço e Disciplina de Clínica Médica Serviço e Disciplina de Clínica Médica
Sessão Clínica
Sessão Clínica –– 10/09/201810/09/2018 Auditório Honor de Lemos Sobral
Auditório Honor de Lemos Sobral-- Hospital Escola Álvaro AlvimHospital Escola Álvaro Alvim Orientador:
Orientador: Prof. Prof. Alcino Alcino HauajiHauaji JacóJacó Relatora:
Relatora: DrªDrª. . Maria Fernanda Maria Fernanda Fernandes Duarte Costa(R2Fernandes Duarte Costa(R2)) Debatedor: Dr. Thiago
Caso clínico
Caso clínico
Identificação: Paciente feminina, 61 anos, branca, solteira, procedente
de Cabo Frio - RJ.
Queixa Principal: “Tosse”
HDA: Paciente neuropata com severa limitação cognitivo-motora. De
ANAMNESE
HDA: Paciente neuropata com severa limitação cognitivo-motora. De
acordo com familiares (irmãos) com quem vive e recebe cuidados, o quadro atual teve início em Dezembro de 2017 com dificuldade respiratória e tosse escasssa, com pouca expectoração, sem apresentar febre. Procurou atendimento, sendo prescritos antibióticos e mucolíticos. Como este quadro não apresentava melhora significativa, foi internada em Cabo Frio, onde recebeu medicamentos e realizou TC de tórax. Teve alta hospitalar novamente com quadro indefinido. Com persistência de dispneia e tosse, procurou pneumologista em Campos.
HPP: Fez uso de diversos medicamentos para o aparelho respiratório.
Em uso regular de óleo mineral e outros laxativos para quadro de constipação crônica de difícil resolução.
História familiar: Nada digno de nota.
História social: Nega etilismo e tabagismo. Nega alteração no ambiente
ANAMNESE
História social: Nega etilismo e tabagismo. Nega alteração no ambiente
EXAME FÍSICO
Ao exame físico: Regular estado geral, pouco interativa, orientada,
normocorada, hidratada, anictérica, acianótica e eupneica em repouso.
ACV: RCR 2T, BNF
AR: MV presente bilateralmente, ausculta prejudicada pela dificuldade
de cooperação da paciente de cooperação da paciente
Abdome: Atípico, peristalse presente, flácido, depressível, indolor à
palpação, sem massas ou visceromegalias.
EXAMES COMPLEMENTARES
Exames Laboratoriais: Leucograma sem desvio para esquerda,
bioquímica normal.
Endoscopia Digestiva Alta: Esofagite e gastrite moderadas.
Diante da incapacidade cognitiva e motora da paciente, foi sugerida
internação hospitalar para a investigação diagnóstica. Foram solicitados exames complementares.
CASO CLÍNICO
Discutir...Hipóteses diagnósticas
Discussão Clínica
TOSSE
INFECÇÃO DE VIAS AEREAS SUPERIORES
ASMA
BRONQUIECTASIA
TUBERCULOSE
CANCER DE PULMÃO
Discussão Clínica
A tosse pode ser classificada com base na duração:
• A tosse aguda existe por menos de três semanas e é mais comumente causada por uma infecção aguda do trato
respiratório. Outras considerações incluem uma exacerbação aguda de doença pulmonar crônica subjacente, pneumonia e embolia pulmonar.
subjacente, pneumonia e embolia pulmonar.
• A tosse presente há mais de três semanas é subaguda.
• A tosse presente por mais de oito semanas é definida como crônica.
Discussão Clínica
Voltando ao caso clínico...
Neuropatia cognitivo-motora
Lentificação do TGI
DRGE Tosse
Discussão Clínica
Qual das principais causas neurológicas/ ou miopáticas
poderiam estar envolvidas?
-
Esclerose Múltipla;
-
Doença de Parkinson;
-
Acidentes vasculares encefálicos;
-
Traumatismo crânio encefálico e raquimedular;
-
Tumores, ou abscessos do SNC;
Das miopatias...
-
Miastenias gravis;
-
Miopatias inflamatórias;
* Afastar distúrbios eletrolíticos por uso de laxantes; e
causas endocrinológicas;
Hipótese Diagnóstica
A favor
:- História disfunção cognitiva e motora - Relato de constipação intestinal
- Prevalência no sexo feminino - Envolvimento do TGI
Evolução com fadiga da musculatura respiratória
- Evolução com fadiga da musculatura respiratória - Levando a DRGE e causando a tosse
Contra:
- Por ser uma “bagunça neurológica”, assim não há nenhum achado
característico da doença
Hipótese Diagnóstica
DOENÇA DE PARKINSON
Incide e geralmente em maiores de 55 anos;
Degeneração da substância negra mesencefálica ->
Redução da dopamina -> hiperatividade do corpo estriado (inibido pela dopamina) -> excesso de acetilcolina->
inibição do córtex pré-motor -> diminuição da atividade inibição do córtex pré-motor -> diminuição da atividade motora.
Quadro clínico: Bradicinesia, rigidez, tremor, instabilidade postural;
Além da desordem do sistema motor, pode ser incluído manifestações neuropsiquiátricas.
Hipótese Diagnóstica
A favor:
- Comprometimento cognitivo e motor; - Idade
- Comprometimento da musculatura respiratória e TGI
Contra:
Contra:
- Falta um exame físico neurológico detalhado; mostrando sintomas extrapiramidais
Hipótese Diagnóstica
POLIMIOSITE
Infiltrados de células inflamatórias e necrose de fibras musculares
Mulheres são mais acometidas
Quadro clínico: Fraqueza muscular proximal e simétrica, de caráter insidioso
A Favor: A Favor:
- Acometimento motor
- Pode apresentar manifestações pulmonares
- A polimiosite pode comprometer a musculatura esquelética do terço proximal do esôfago, gerando disfagia, podendo levar até uma broncoaspiração
Contra:
Condução do caso
Afastar causas primárias de tosse;
DRGE é a terceira causa mais comum de tosse
persistente;
Investigar causa neurológica através de um exame
físico detalhado;
Dosagem sérica de enzimas musculares;
Eletroneuromiografia;
Condução do caso
Solicitar exames de imagem:
-
RX de tórax e abdome;
-
Esofagografia Baritada e esofagomanometria;
-
RM de crânio, de coluna cervical e torácica alta;
Exame do líquor;
TC DE TÓRAX
TC DE TÓRAX
Densidade negativa (entre -150 e -30 UH) Gordura intrapulmonar
TC DE TÓRAX
TC DE TÓRAX
COMMON CAUSES:
• acute respiratory distress syndrome (ARDS) • bacterial pneumonia
• acute interstitial pneumonia: ARDS of unknown aetiology
• pulmonary alveolar proteinosis (PAP): rare, but the great majority of
patients with PAP demonstrate crazy paving LESS COMMON CAUSES:
• drug-induced pneumonitis, radiation pneumonitis, pulmonary haemorrhage
/ diffuse pulmonary haemorrhage, Goodpasture syndrome, chronic eosinophilic pneumonia, usual interstitial pneumonia (UIP) with superimposed diffuse alveolar damage, pulmonary oedema, pulmonary infections, mycoplasma pneumonia, obstructive pneumonia, tuberculosis, Pneumocystis jirovecii pneumonia, cryptogenic organising pneumonia (COP, formerly BOOP), mucinous bronchioloalveolar carcinoma, sarcoidosis, especially alveolar sarcoidosis , lipoid pneumonia, pulmonary veno-occlusive disease
BRONCOSCOPIA
• Com paciente internada, sob anestesia geral, submeteu-se a
introdução do broncoscópio através do TOT.
• Vias aéreas superiores sem anormalidades.
• Traqueia inferior e carina normais. Brônquios principais • Traqueia inferior e carina normais. Brônquios principais
normais.
• Introdução do broncoscópio através do brônquio principal
LAVADO BRONCOALVEOLAR
• Realizado lavado brônquico e lavado broncoalveolar. • Bacterioscopia pelo método do GRAM: negativa
• Não foram encontradas bactérias no esfregaço. • Não foram encontradas bactérias no esfregaço.
• Presença de estruturas leveduriformes e alguns
polimorfonucleados.
LAVADO BRONCOALVEOLAR
LAVADO BRONCOALVEOLAR
DIAGNÓSTICO FINAL
PNEUMONIA LIPOÍDICA
• História de exposição ao óleo mineral• Achados radiológicos compatíveis
PNEUMONIA LIPOÍDICA
• Incomum e pouco diagnosticada• Aspiração de partículas oleosas (óleo mineral como laxativo
oral, óleo de fígado de bacalhau, óleo de gergelim)
• Substâncias oleosas não depuradas
• Substâncias oleosas não depuradas
pelo pulmão inibem o reflexo de tosse e a função do epitélio muco-ciliar, facilitando a broncoaspiração
• Fatores de risco: idade avançada, doenças gastrintestinais,
psiquiátricas e neurológicas que alteram deglutição ou reflexo da tosse
PNEUMONIA LIPOÍDICA
• Óleo mineral inerte fagocitado pelos macrófagos, preenche
os alvéolos, formando granulomas localizados e fibrose pulmonar
• Apresentação clínica inespecífica, varia de acordo com a
exposição, quantidade e qualidade do material aspirado
• Diagnóstico baseado na história de exposição, achados
radiológicos, lavado broncoalveolar ou exame de escarro, biópsia
• Tratamento: prevenção de futuras exposições e antibióticos
REFERÊNCIAS
Bartlett, JG. Aspiration pneumonia in adults. Jul 2018. UpToDate.
MARCHIORI, Edson et al . Pneumonia lipoídica em adultos: aspectos na tomografia
computadorizada de alta resolução. Radiol Bras, São Paulo , v. 40, n. 5, p. 315-319, Oct. 2007 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-39842007000500007&lng=en&nrm=iso>. access
on 09 Sept. 2018. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-39842007000500007. on 09 Sept. 2018. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-39842007000500007.
Marsico, GA. Almeida, AL. Venturini, GC et al. Pneumonia lipoídica. Pulmão RJ,