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JOAN SCOTT E JUDITH BUTLER NA HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA

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JOAN SCOTT E JUDITH BUTLER NA HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA

Resumo

Joan Scott e Judith Butler produziram pesquisas voltadas a resolver as questões entre o feminismo, a militância, os anseios em produzir uma ciência que fosse capaz de se posicionar fora do sistema de dominação masculina. Contribuíram para uma renovação epistemológica nas ciências humanas. No caso do campo historiográfico, suas obras ocasionaram importante transformação nos modos de se escrever a história. A História das Mulheres e das Relações de Gênero praticada no Brasil se utilizou sistematicamente da categoria gênero. Assim como da crítica ao sistema sexo/gênero. Apresentamos as recomendações de Rachel Soihet, Joana Maria Pedro, Carla Bassanezi Pinsky e Tania Navarro Swain como interlocutoras do pensamento de Scott e Butler na historiografia nacional.

Introdução

A presente pesquisa aborda as contribuições das obras de Joan Scott e Judith Butler, uma historiadora e uma filósofa, estadunidenses. Militantes e teóricas do feminismo elaboraram uma epistemologia própria, transformaram as ciências humanas, como consequência a história. 1 Butler e Scott tiveram valiosa contribuição teórica, a “categoria gênero” e a “distinção entre sexo/gênero”, respectivamente. De antemão fica evidenciado aqui que o debate entre essas duas autoras, seguem caminhos teóricos opostos, que se complementam. Ambas são importantes para a constituição do campo de estudos sobre as mulheres, nas ciências humanas, fundamentais com contribuições conceituais para a consolidação dessa epistemologia, 2 primeiro nos EUA, em seguida, com ressonância

1“Nos dias atuais, é crescente o número de pessoas que incorporam em suas análises as diferenças de gênero para observar os impactos dos acontecimentos sobre homens e mulheres, a forma como a fonte é constituída, os dados que podem ser coletados e a maneira como se vai criticar a fonte. Historiadores de fama internacional, como Eric Hobsbawn e Roger Chartier, além de outros, vêm afirmando que a Revolução das mulheres foi um dos grandes acontecimentos do século XX, e que a dominação de gênero permeia as relações”. Em: PEDRO, Joana Maria. Relações de gênero como categorial transversal na historiografia contemporânea. IN: Topoi. V.12, N.22., 2011. p. 270-283. p. 270.

2A categoria gênero tem profunda importância epistemológica, pois sua aplicação quase sempre está vinculada a chamada virada linguística ou ciência pós-moderna, sua recepção foi polêmica entre os historiadores mais

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mundial. 3 Pode-se dizer que se trata da “categoria gênero” como um propulsor epistemológico para uma heterotopia da escrita da história das mulheres.

Estudar as transformações na escrita da história no Brasil passa obrigatoriamente pelas mudanças na historiografia francesa4. Também se destaca o movimento historiográfico, denominado de Nova História Cultural5 .Este percurso alargou o campo de análise histórica, Dentre as contribuições para este debate podemos apontar a crise de paradigmas modernos, como a crítica à neutralidade e objetividade da ciência, à universalidade do sujeito, a crença nas narrativas totalizadoras e a constituição dos saberes modernos com seus regimes de verdades, renovação que tem como preconizadora a obra de Michel Foucault. 6 Que

peculiarmente, não pode ser caracterizada nem como marxista nem ligada à escola dos

Annales. Foucault parte da história, para evidenciar os discursos, as práticas discursivas, a

loucura, a punição, a sexualidade, o que se disse ou praticou em determinadas épocas, sobre essas temáticas.

Os impactos na historiografia a partir de Foucault possibilitaram uma ampliação dos estudos historiográficos, voltados para uma história das mulheres, campo de pesquisa que ganha fôlego e passa a ser enquadrado, como uma área significativa do saber. A considerável colaboração de Foucault para a história das mulheres surgiu duma aliança forjada na necessidade de elaboração de uma nova maneira de problematizar a história, onde fosse possível produzir estudos sobre as “mulheres”, de forma atenta às armadilhas da compreensão das mulheres enquanto sujeito universal.

Antes disso as narrativas históricas evidenciavam a presença de mulheres ou a existência do universo feminino 7 apenas de forma marginal. Foi à busca de criar um modo de

tradicionais, que viam nessas vertentes epistemológicas como uma forma de niilismo intelectual. Cf. CARDOSO, Ciro Flamarion. História e paradigmas rivais. In: CARODO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo.

Domínios da História. Ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997. p.39.

3 Apenas recentemente a produção historiográfica francesa passou a utilizar a categoria gênero com mais incidência. Inclusive no início foi acusada de anglicanismo. A instituição francesa de estudos históricos, por muito tempo, foi considerada um ofício de homens, que escreveram uma história para homens, considerada universal, uma “história assexuada”, até a característica sexual do “ser masculino ficava apagada”. Cf. PEDRO, op. cit., 2011.

4 Desde a década de 1970, vem se configurando numa transformação identificada com as alterações historiográficas na França, com a chamada terceira geração dos Annales. Grupo formado em 1929 em torno da revista Annales d’histoire économique et sociale. Cf. DOSSE, F. A história em migalhas. Bauru: Edusc, 2003. 5 CHARTIER, op.cit.,1990.

6 O´BRIEN, P. A História da cultura de Michel Foucault. In HUNT, L. (Org.). A Nova história cultural. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

7RAGO, M. As mulheres na Historiografia Brasileira. In: SILVA, Zélia Lopes (Org.). Cultura em Debate. São Paulo: UNESP, 1995 p.81.

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se escrever a história, contrapondo a história escrita pelos homens, na qual as mulheres reconheciam sua história através de representações dos homens, maioria dominante nesse campo do saber. A história das mulheres e sua consolidação como campo epistemológico andou em conjunto com a epistemologia feminista. 8 Considerando que a epistemologia define um campo conceitual9 e uma forma de produção do conhecimento científico, define a forma como determinamos a relação sujeito – objeto do conhecimento e o próprio conceito de conhecimento como verdade que trabalhamos na ciência. Portanto, o feminismo, preconiza um modelo alternativo de produção do conhecimento, reconhecendo que as mulheres possuem uma experiência histórica diferente das experiências masculinas. 10

A história das mulheres, passou a estabelecer as categorias homem e mulher, como relacionais e construídas historicamente11. Joan Scott12 preconiza a utilidade da

categoria gênero para a historiografia e sua função de ruptura com a naturalização universal e

8 “A pesquisa feminista recente por vezes contribuiu para essa reavaliação do poder das mulheres em sua vontade de superar o discurso miserabilista da opressão, de subverter o ponto de vista da dominação, ela procurou mostrar a presença, a ação das mulheres, a plenitude dos seus papéis, e mesmo a coerência de sua cultura e a existência de seus poderes” Cf. PERROT, Michelle. Os excluídos da história: operários, mulheres e prisioneiros. Trad. Denise Bottman. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. pp. 169-170.

9 No caso da construção de uma ciência voltada para estudar as mulheres, independente da ciência misógina, esses “conceitos são ferramentas fundamentais para percebermos analiticamente as manifestações e os pequenos movimentos que explodem molecularmente, e que podem tomar importantes dimensões, desde que sejam potencializados.” Cf. RAGO, M. A aventura de contar-se: Foucault e a escrita de si de Ivone Gebara. In:

Seminário Michel Foucault – UNESP Marília,2010.

10RAGO, Margareth. Epistemologia Feminista, Gênero e História. In: PEDRO, Joana; GROSSI, Miriam. (Orgs.) Masculino, Feminino, Plural. Florianópolis: Editora Mulheres, 1998. “O feminismo criou modo específico de

existência muito mais integrado e humanizado, já que desfez oposições binárias como a que hierarquiza razão

emoção, inventou eticamente, e tem operado no sentido de renovar e reatualizar o imaginário político e cultural de nossa época [...] a questão crítica do sujeito e da produção de subjetividade na contemporaneidade, perguntando pelos modos de constituição de si propostos pelo feminismo”. Cf.: RAGO, Margareth. Feminismo e

Subjetividade em Tempos Pós-Modernos. 2004. Disponível em: http://historiacultural.mpbnet.com.br/feminismo/Feminismo_e_subjetividade.pdf. Acesso: 21/01/2017.

11 “A distinção sexual tornava-se um instrumento analítico a ser utilizado da mesma forma que o eram as distinções de classe social ou raça. Nesta perspectiva, homens e mulheres tornavam-se o produto de um processo de aculturação, eles eram, por assim dizer, fabricados e não nasciam como se apresentavam socialmente. Diante do fechamento dos “Women’s Studies” desenvolvidos nas universidades americanas, parecia-lhe artificial e exagerado isolar o homem quando esta era tão importante quanto a mulher para a compreensão da dinâmica cultural de uma dada sociedade. Contra as práticas elípticas dos “Womens Studies”, esta abordagem contribuía para transformar a história das mulheres em história do gênero, ou em “Gender Studies”. A noção de uma história atrelada ao processo de definição do masculino e do feminino numa dada sociedade, em vez de uma história exclusivamente voltada para as mulheres foi imediatamente aceita”. Em: PRIORE, Mary Del. História das Mulheres: As Vozes do Silêncio. In: FREITAS, Marcos Cesar (Org.). Historiografia Brasileira em

perspectiva. 7ed. São Paulo: Contexto, 2014. Ver também TEDESCHI, Losandro Antônio. As mulheres e a história: uma introdução metodológica. Dourados: Editora UFGD, 2012, p. 16.

12SCOTT, Joan. Gênero, uma categoria útil de análise histórica. In: Educação e realidade, 1989. Disponível em:

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reconhece as diferenças entre homens e mulheres. Inclusive que “a relação entre os sexos não é, portanto, um fato natural, mas sim uma interação social construída e remodelada incessantemente, nas diferentes sociedades e períodos históricos” 13.

O aparecimento da categoria gênero14 no campo de pesquisa das ciências humanas emerge pela necessidade de negar o caráter biológico como único fator para definir15 “o que é homem” e “o que é mulher.” Portanto, o gênero é constituído por relações sociais baseadas nas diferenças percebidas entre os sexos, que se constitui no interior de relações de poder. Uma construção social e cultural das diferenças sexuais, mesmo assim, a categoria gênero,

trazia muito desconforto para todas nós pelo desconhecimento que a cercava [...] estávamos acostumadas principalmente às historiadoras e sociólogas, a lidar com conceitos acabados, como classe, informados por todo um sistema de pensamento extremamente articulado e, nesse contexto, o gênero aparecia solto, meio que caído do Norte para nos explicar a nós mesmas.16

A leitura da historiadora estadunidense Joan Scott 17 converteu-se em obrigatória para essa nova concepção de história que agrega tanto construção de saber quanto relação de poder em sua definição e instrumentalização de gênero. A categoria gênero na história e nas ciências sociais “deve ser compreendida como a história da construção social das categorias do masculino e feminino, por meio de discursos e práticas.” 18

13SAMARA, Eni de Mesquita. O discurso e a construção da identidade de gênero na América Latina. In: SAMARA, Eni de Mesquita; SOIHET, Rachel; MATOS, Maria Izilda S. de. Gênero em debate: trajetória e perspectiva na historiografia contemporânea. São Paulo: Edusc, 1997. p. 39.

14 A origem do conceito de gênero remete à Universidade Jonh Hopkins, no ano de 1955, quando o antropólogo Jonh Money, reformulou concepções teóricas anteriores da antropóloga Margaret Mead, sobre o comportamento de meninas e meninos. Sua intenção era produzir uma análise mais adequada para o hermafroditismo, dentro da psicologia médica, transferindo a identidade sexual baseada no biológico, para ser baseada em “papéis” de gênero. Para John Money é a educação que fabrica o homem e a mulher. Posteriormente o psiquiatra e psicanalista Robert Stoller persegue essa lógica em suas pesquisas na Universidade da Califórnia em Los Angeles, com foco especial em transsexualidade – e a questão dos homens que se sentem mulheres. A questão do gênero é identificado na época com o da sexualidade, assim como a homossexualidade. Quando em 1964, Robert Stoller fala de identidade de gênero, é para separar os transexuais dos homossexuais em termos de identidade de gênero ou orientação sexual, de acordo com o desejo do indivíduo. Esse fato tem importante marco na luta política dos homossexuais nos Estado unidos, pois suas a homofobia era uma das marcas do macarthismo. Cf. Fassin, Eric. L’empire du genre. L’histoire politique ambiguë d’un outil conceptuel,. In:

L’Homme . V./3-4, n° 187-188. Éditions de l’ EHESS. 2008 p.375-392. Tradução minha

15Podemos retroceder esse debate à Freud que admitiu que o vocabulário que utilizava para definir “masculino” e “feminino” era impreciso e enganador, pois significam coisas diferentes para cada autor. Ainda assim, as considerações da psicanálise, foram de fundamental importância para a definição da categoria na forma como ela foi incorporada à história das mulheres. Com base nas interpretações de Lacan, estabeleceu-se que masculinidade e feminilidade devem ser encaradas como posições de sujeito, não necessariamente restritas a machos ou fêmeas biológicos. Cf. GONÇALVES, op.cit., 2006.;Ver também: SCOTT, op. cit., 1992.

16RAGO, op.cit. 1998, p. 89.

17 Nos referimos a obra: SCOTT, Joan: Gender: A Useful Category of Historical Analysis. In: The American Historical Review, V.91, Issue 5, Dec. 1986. pp. 1053-1075.

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Os feminismos, tendo sua pluralidade e dinamismo reconhecidos, penetraram as redes discursivas do século XX, desafiando os regimes de verdade que instituem o mundo e suas significações, tais como o corpo biológico (natural) e o papel social (cultural), suas análises ressaltaram os processos e mecanismos que transformam os corpos em feminino e masculino, interpelados pelas práticas de dominação, de assujeitamento ou de resistência. Os feminismos interrogam assim o social e suas instituições, iluminando a incontornável historicidade das relações humanas e dos sistemas de apreensão no mundo19. São dentro dessas perspectivas que temos a introdução de outra teórica e militante feminista que visa lidar com os problemas conceituais e teóricos metodológicos, rumo a uma ciência que permitisse liberar o corpo e as identidades de conceitos permanentes, inclusive a categoria gênero.

Judith Butler20, filósofa e militante feminista, indica para o aprisionamento coercitivo que se constitui nos conceitos “homem” e “mulher”, engessam os estudos sobre sexualidade. Para ela, tais abrangências conceituais excluem outros tipos de manifestações sexuais, como o caso dos gays e das lésbicas, travestis etc. o debate epistemológico levantado por Butler destina-se superar os problemas teóricos dentro dos estudos de gênero, engendra uma teoria feminista que pretende romper com a existência de um sujeito prévio a toda escolha possível. Isso acarreta uma ruptura com o binarismo homem/mulher, tem como premissa não compreender o gênero como algo fixado e sustentado num discurso universal, transcende a questão homem-mulher, para ela torna-se necessário um rompimento com o sistema da heterossexualidade compulsória. 21

Butler traz a vertente das pesquisas que envolvem, sexo/corpo/identidade, tenta liberar a sexualidade, inclusive dos saberes produzidos, são pesquisas que visam estudar as mulheres, a partir, da desnaturalização do sexo biológico permite a ruptura como pilares da divisão binária da sociedade, tão enraizada na sociedade, do ocidente. 22.

Desta forma, enquanto o gênero para Scott é um significado cultural assumido pelo corpo sexuado. Butler faz a distinção sexo/gênero que sugere uma descontinuidade

19SWAIN, Tania Navarro. A invenção do corpo feminino ou “a hora e a vez do nomadismo identitário”? In: Textos de História. Vol.8. N.1/2, 2000. pp. 47-84, p. 48.

20Consideramos com impacto para a história brasileira as obras: Butler, Judith. Gender Trouble. Feminism and the Subversion of Identity, New York . Routledge: 1990; Butler, Judith. Bodies that matter, On The Discoursive Limits of Sex, New York , Routledge.: 1993.

21 BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010. p.41.

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radical entre corpos sexuados e gêneros culturalmente construídos.23 O debate em torno dos conceitos de Butler direciona para uma nova ontologia, 24 uma crítica à própria noção de pessoa psicológica como coisa substantiva, na qual não são as diferenças que dão sentido, com sexo e o gênero sendo aparatos conceituais que devem ser lidos e interpretados como uma construção discursiva. A ruptura com os estudos das Relações de Gênero que se utiliza da categoria gênero de Scott pelo sistema “sexo/gênero” de Butler se concentram em se distanciarem do Gênero como se esta categoria funcionasse como um discurso que constrói o sexo. “O que nos interpela, aqui, é a construção dos corpos sexuados, tomando sua pesada materialidade nas expressões de gênero, sobretudo, na especificidade do feminino”.25 Os

estudos sobre gênero produziram grande impacto, que objetivaram construir uma historiografia menos misógina e heteronormativa.

Os usos da Categoria Gênero na Historiografia Brasileira

Na historiografia ampliaram-se e diversificaram-se, estudos sobre as mulheres e suas facetas sociais, tais como, organização familiar, sexualidade, movimentos sociais, política (contra condutas) e trabalho. Adquiriram notoriedade, abriram novos espaços, ampliaram ainda mais os temas e objetos, principalmente, após a apropriação da categoria gênero26. A presente pesquisa pretende se iniciar na caracterização de um campo27 da Historiografia Brasileira que se caracterizou como Estudos de Gênero, ou das Relações de

Gênero. Os estudos de História das Mulheres28 e de Gênero há algum tempo estão se

23BUTLER, op.cit., 2010. p.41.

24 O ser não está encerrado à sua forma biológica, nem nas representações produzidas pela sociedade. SWAIN, op. cit.,2000, p.47.

25SWAIN. op.cit., 2000 p. 62.

26Cf. MATOS, Maria Izilda S. de. Estudos de Gênero: percursos e possibilidades na historiografia contemporânea. In: Cadernos Pagu (11). 1998. p. 67-75.

27 “A emergência de um “campo intelectual” em diferentes disciplinas das ciências humanas, definido por privilegiar os estudos sobre mulheres, os estudos sobre as relações sociais de sexo ou de gênero (“gender”), é recente e devedora do surgimento dos movimentos sociais e feministas e de libertação das mulheres dos anos setenta.” Ver: MACHADO, Lia Zanotta. Campo intelectual e feminismo: Alteridade e subjetividade nos Estudos

de Gênero. Brasília: CNPq, 1994. p.2.

28 Nos anos 1970, sobretudo, a partir da segunda metade desta década, período importante para produção sobre estudos sobre as situações das mulheres no Brasil, tendo como espaço de discussão e publicação de pesquisas a “Fundação Carlos Chagas”, com o apoio da Fundação Ford, o local se caracterizou pela concentração de profissionais, constituiu-se em um importante núcleo aglutinador de pesquisadoras e feministas. Local de pesquisa notório por oferecer bolsas de pesquisa direcionadas em entender a situação da mulher no país, desde 1978 e “continua a existir até hoje, agora com o apoio da Fundação MacArthur, e dirigido desde há alguns anos

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preocupando em traçar a historiografia do desenvolvimento de seu campo de estudo e debatido amplamente os pontos de choque entre teoria e prática, entre a militância e a ciência, e seus impasses.

O artigo A emergência da pesquisa da História das mulheres e das Relações de Gênero 29 escrito pelas historiadoras Rachel Soihet e Joana Maria Pedro que apontam para as obras pioneiras30 que se utilizaram da categoria de análise mulheres, reforçando as origens desse campo de estudos, mas enfocando a importância do impacto da categoria gênero e da obra de Joan Scott que em 1990 foi publicada no Brasil, pela Revista Educação e Realidade, a tradução do artigo: “Gênero: uma categoria útil de análise histórica”. Para reforçarem a importância que esse artigo teve para a historiografia brasileira, Pedro e Soihet, afirmam que “esse tem sido, certamente, um dos mais citados, nas discussões que pretendem abordar a categoria gênero nas análises da pesquisa histórica”.31

A historiadora Joana Maira Pedro escreveu sobre a como foi valoroso a apropriação da categoria gênero de acordo como os preceitos teóricos de Joan Scott para a história, pois alertou para a maneira como os sexos se relacionavam nas divisões de tarefas e comportamentos, através do tempo. A história em si servia como uma das construtoras da diferença sexual. A história, neste caso, é uma narrativa sobre o sexo masculino, e constrói o gênero ao definir que somente, os homens são os atores e sujeitos da história. 32 Portanto, o que Scott propõe, é um novo modelo de escrever a história, ao teorizar sobre a categoria gênero, ela intentava vislumbrar e modificar as desigualdades entre homens e mulheres. A categoria gênero tinha como função servir como categoria de análise sobre como o gênero e suas hierarquias eram construídas, legitimadas e postas em funcionamento. 33

Scott em sua trajetória profissional estava ligada a história social, entretanto, a categoria gênero, em sua instrumentalização dentro dos parâmetros da história social, ainda

para o tema da saúde reprodutiva”. CORRÊA, Mariza. Do feminismo aos estudos de gênero no Brasil: um exemplo pessoal. In: Cadernos Pagu. N.16. 2001. pp. 13-30. p.18

29 SOIHET, Rachel.; PEDRO, Joana Maria. A emergência da pesquisa da História das Mulheres e das Relações de Gênero. In: Revista Brasileira de História. V.27. N. 54. São Paulo, 2007. p.281-300.

30 DIAS, Maria Odila Leite da Silva. Quotidiano e poder em São Paulo no século XIX. São Paulo: Brasiliense, 1984; RAGO, Luzia Margareth. Do cabaré ao lar: a utopia da cidade disciplinar, Brasil 1890 – 1930. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985; LEITE, Miriam Moreira (Org.). A condição feminina no Rio de Janeiro, século XIX: antologia de textos de viajantes estrangeiros. São Paulo: Hucitec Rio de Janeiro: Fundação Nacional Pró-Memória, 1984.

31 SOIHET; PEDRO, op.cit., 2007.

32 PEDRO, Joana Maria. Traduzindo o debate: o uso da categoria gênero na pesquisa histórica. História 2005, vol.24, N.1, p.77-98. p.87.

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enfrentou dificuldades em libertar as mulheres e o próprio gênero das amarras das estruturas econômicas da sociedade, de certa forma, acabou por dar crédito às teorias universalizantes, mesmo ao propor uma oposição a isso. As mulheres eram estudas dentro das pesquisas de história social, como um acessório, um “subtema”, dentro da História Social. 34 A historiadora

Carla Bassanezi Pinsky outra historiadora interlocutora do pensamento de Joan Scott no Brasil. Os fatores apontados acima conduzem a historiadora estadunidense a desconsiderar a História Social e encontrar no pós-estruturalismo o radicalismo epistemológico necessário para se tratar das mulheres como sujeitos históricos e fortalecer o gênero como categoria analítica. 35

A historiadora estadunidense preferiu uma solução para a encruzilhada que se encontrava o campo de estudos “história das mulheres.” Para ela esse modelo de escrita sobre o passado das mulheres se encontrava defasado, pois se encontrava engessado como um campo de estudos da história social, o que impossibilitava a “história das mulheres” de compreenderem de fato as diferenças entre homens e mulheres, indo além, sua crítica apontava as dificuldades de se compreender outros grupos marginalizados, como os gays por exemplo. Seguimos Meyerowitz36 que demonstra como Scott ao oferecer uma abordagem diferente para repensar a escrita da história, a historiadora estadunidense, produz uma operação historiográfica nos termos de Certeau37, para dar a capacidade para que sejam analisadas e percebidas as diferenças sexuais como construções discursivas e não historicamente naturais. Esse movimento possibilita um alargamento do foco para a compreensão da construção das mulheres e o campo da história do gênero para perceber essa construção, relacionada com a relação dos homens e das mulheres através de relações de poder mediadas, por leis, impérios, colônias, etc.

Apesar da inquestionável influência que a categoria gênero desenvolveu na historiografia dos Estados Unidos, ela foi fonte de profundos debates. Embora prometesse expandir o domínio da influência feminista, a categoria gênero sofreu muitas críticas. Ao abraçar o pós-estruturalismo e sua consequente ênfase na linguagem como marca da diferença

34PINSKY, Carla Bassanezi. Estudos de Gênero e História Social. In: Estudos Feministas 17(1). Florianópolis, 2009. pp. 159-189. p. 167.

35Idem.

36MEYEROWITZ, Joane. A history of “ Gender”. In: The American Historical Review. Vol. 113, N. 5. Oxford University Press / American Historical Association. 2008. pp. 1346-1356 http:www.jstor.org/stable/30223445. acesso: 21-01-2017. p.1348.

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entre os sexos, provocaram uma série de debates pontuais, entre historiadores (as) das mulheres proeminentes. 38 Tal debate sobre os usos da categoria gênero foi levantado pela própria Joan Scott em 2012. 39 A utilidade do termo gênero foi e é ainda hoje lugar de debates e polêmicas. Essa falta de precisão gera debates políticos, disputas politicas que induzem a incerteza sobre a categoria gênero e ampliam a proliferação de seus significados. Essa luta política tem importância, pois gênero tem uma relação com nosso olhar sobre nós mesmos e é a forma como vemos os significados de macho/fêmea, masculino/feminino. Os estudos de gênero devem pugnar pela criticidade destes significados e expor suas contradições e instabilidades como se manifestam na existência daqueles que estudamos.

A crítica feminista prosseguiu se inclinou sobre os quadros de pensamento que ordenam as categorias sexo/gênero na produção do saber e os efeitos de poder assim como são engendrados, construídos. A historiadora Tania Navarro Swain.40 assinala a importância como às obras de Judith Butler41 se inserem determinantemente para a crítica do sexo biológico e as táticas e estratégias que definem a hierarquia dos sexos. “A análise compreende, desta maneira, não somente a construção social dos gêneros, mas igualmente a instituição cultural do sexo biológico e da sexualidade como base do humano, diferença fundadora dos seres”.42 Nesse ponto é que as obras de Joan Scott e Judith Butler e suas abordagens teóricas se diferenciam. Esse debate ocorre dentro dos círculos acadêmicos brasileiros, Carla Bassanezzi Pinsky, prescreve a pouca importância dos conceitos de Judith Butler, para a consolidação dos estudos das relações de gênero e suas relações com a história social. 43 Porém, Tania Navarro Swain reforça a importância dos conceitos da filosofa estadunidense para a crítica da determinação do sexo biológico, considerando um avanço, por renovar ontologicamente o

38 Judith Bennett, por exemplo, preocupou-se que "o estudo escocês sobre o gênero ignore as mulheres", evitou o julgamento com a "realidade material" e "intelectualizava e minimizava a desigualdade dos sexos. Da mesma forma, Linda Gordon suspeitava que um "foco no gênero como diferença em si" como "um tipo de paradigma para todas as outras divisões" substituiu o "gênero como um sistema de dominação" e, assim, substituiu uma visão pluralista de "múltiplas diferenças" para o estudo de "diferenciais de poder". Joan Hoff foi mais longe. Ela acusou historiadores de gênero pós-estruturalistas, sobretudo Scott em particular, de niilismo, presentismo, ofuscação, elitismo, obediência ao patriarcado, etnocentrismo, irrelevância e possivelmente racismo”. Scott foi acusada por algumas teóricas feministas inclusive de apagar a categoria mulher e de a categoria gênero como categoria pós-moderna da paralisia. (paralitic x analitic, um trocadilho na língua inglesa). Cf. MEYEROWITZ, op.cit. 2008. Tradução minha.

39SCOTT, Joan. Os usos e abusos do gênero. In: Projeto História N. 45. São Paulo: 2012. pp.327-351.

40 SWAIN, Tania Navarro. Feminismo e lesbianismo: A identidade em questão. In: Cadernos Pagu. N.12. 1999. p.109-120. p. 115-116.

41BUTLER, op.cit.,1990.; BUTLER, op. cit., 1993. 42PINSKY, op.cit., 2009.

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feminismo e sua forma de analisar as questões referentes ao corpo, subjetividade e o gênero. A desnaturalização do sexo biológico permite a queda dos bastiões mais sólidos da divisão binária da sociedade, indicando o caráter construído de toda evidencia social, inclusive a categoria gênero. 44

Porém para a filósofa estadunidense e para a historiadora Tania Navarro Swain, o papel feminino e seu corpo podem adotar uma “identidade nômade,” no processo de construção de “mim” fora das representações sociais. 45 Portanto, consideram que a categoria

gênero, mais prende do que liberta, pois, consiste numa representação social de gênero, que não rompe com a heterossexualidade compulsória e o assujeitamento do “ser mulher” ante as antigas instituições ocidentais, que sempre reservam um papel específico para as mulheres, sejam eles advindos do pecado original, aos dias atuais, que rebaixam e negativam as potências do ser feminino. 46

Conclusão

A produção historiográfica brasileira que trata das relações de gênero, ganhou força nas ultimas décadas e suas principais historiadoras, alcançaram um forte destaque na historiografia do Brasil e do mundo. Atualmente, prosperam os estudos que integram as diferenças de gênero e as repercussões dos acontecimentos sobre as mulheres e também sobre os homens47, “a forma como a fonte é constituída, os dados que podem ser coletados e a maneira como se vai criticar a fonte”.48 O que comprava que a apropriação do pensamento de

Butler e Scott, ocasionou uma renovação na historiografia brasileira. Mas como e onde e de que maneira ocorreu essa renovação? Foi mesmo uma renovação? A historiadora, Joana Maria Pedro iniciou as repostas a essas perguntas no artigo, Relações de gênero como

44SWAIN, op.cit., 1999.

45Idem.

46 Swain justifica e enquadra o porquê de se estudar a categoria gênero a partir da perspectiva de Butler, pois se a prática ou a preferencia sexual constrói um ser social – lésbica – a prática heterossexual constrói a fêmea, igualmente um ser social cuja naturalização torna inquestionável o biológico. Mas o leque de práticas que compõem esta categoria – a sexualidade – tem suas polaridades enfatizadas segundo a importância que recebem da rede de sentidos na qual estão inseridas, o que Butler chama de matrizes de inteligibilidade. Cf. Idem. p.110. 47 Na historiografia brasileira temos em destaque as obras: MATOS, Maria Izilda Santos de. Por uma história das sensibilidades: em foco - a masculinidade. In: História: Questões & Debates, ano 18, n.34, 2001., p. 45-63ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. Nordestino: uma invenção do falo – uma história do gênero

masculino (Nordeste – 1920/1940). Maceió: Edições Catavento, 2003. 48PEDRO, op.cit.. 2011. p. 270-283.

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categoria transversal na historiografia contemporânea,49 destaca que a historiografia brasileira apesar de seu crescimento ainda patina no assunto gênero e que tal intercorrência não ocorreu nas ciências vizinhas da história, como a sociologia e a antropologia.

Isto não significa reduzir os debates intelectuais a condição de confrontos de poder entre escolas, entre disciplinas ou entre tradições nacionais, temos que ponderar que tal análise não consente, a quem a faz, escapar às determinações do campo em que se encontra. Trata-se do dever de pensar as divergências surgidas no mundo acadêmico ou as transformações conceituais dentro das disciplinas acadêmicas, situando-as em seus espaços sociais.50 A historiografia brasileira deve muito de sua renovação ao movimento das mulheres

como cientistas, construtoras de um aparato conceitual, capaz de renovar a epistemologia da história, que produziu um território próprio, dentro do campo do saber historiográfico e se consolidou e ampliou-se significativamente nas décadas de 1989 e 2010.

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Referências

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