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CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

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CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

EMENTA: MÉDICA BRASILEIRA NATURALIZADA AMERICANA

PODERÁ TER O SEU REGISTRO EFETUADO NO COMPETENTE CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA, DESDE QUE LEGALMENTE HABILITADA NO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO POR DIPLOMA EXPEDIDO PELAS FACULDADES DE MEDICINA OFICIAIS OU RECONHECIDAS DO PAÍS E DEVIDAMENTE REGISTRADO NO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA, BEM COMO DEVERÁ ESTAR HABILITADA A TRABALHAR NO PAÍS MEDIANTE O VISTO TEMPORÁRIO OU PERMANENTE, CONFORME AS PECULIARIDADES DE CADA CASO.

PARECER Nº 232/96 do Setor Jurídico PROTOCOLO CFM Nº 4913/96

ORIGEM: CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA INTERESSADO: DR. A. DE P. C. - PRESIDENTE

Aprovado em Reunião de Diretoria do dia 19/12/1996.

PARECER

01. O Conselho Regional de Medicina encaminha

expediente-consulta ao Conselho Federal de Medicina, questionando o abaixo transcrito:

“Como deve proceder o CRM na seguinte situação: médica brasileira, formada por Universidade Federal emigrou para os Estados Unidos, e lá naturalizou-se americana. Desejando exercer a medicina no Brasil, pode o CRM efetuar o seu registro, já que a mesma não é mais cidadã brasileira?”

02. Este Setor Jurídico foi instado a pronunciar-se acerca do

acima suscitado.

03. Reza o Regulamento a que se refere a Lei 3.268 de 30 de

setembro de 1957, em seu capítulo primeiro, sobre a “Inscrição”, verbis:

“Art. 1º - Os médicos legalmente habilitados ao exercício da profissão em virtude de diplomas que lhes forem conferidos pelas Faculdades de Medicina Oficiais ou reconhecidas no país só poderão desempenhá-lo efetivamente depois de inscreverem-se nos Conselhos Regionais de Medicina que jurisdicionarem a área de sua atividade profissional.

Parágrafo único - A obrigatoriedade da inscrição a que se refere o presente artigo abrange todos os profissionais militantes, sem distinção de cargos ou funções públicas. Art. 2º - O pedido de inscrição do médico deverá ser dirigido ao Presidente do competente Conselho Regional de Medicina, com declaração de:

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a) nome por extenso; b) nacionalidade; c) estado civil; d) data e lugar do nascimento; e) filiação; f) Faculdade de Medicina pela qual se formou, sendo obrigatório o reconhecimento de firma do requerente.

§ 1º - O requerimento de inscrição deverá ser acompanhado da seguinte documentação: a) original ou fotocópia autenticada do diploma de formatura devidamente registrado no Ministério de Educação e Cultura; b) prova de quitação com o serviço militar ( se for varão); c) prova de habilitação eleitoral; d) prova de quitação do imposto sindical; e) declaração de cargos particulares ou das funções públicas de natureza médica que o requerente tenha exercido antes do presente Regulamento; f) prova de revalidação do diploma de formatura, de conformidade com a legislação em vigor, quando o requerente, brasileiro ou não, se tiver formado por Faculdade de Medicina estrangeira; g) prova de registro no Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia. ...

§ 3º - Além dos documentos específicos nos parágrafos anteriores, os Conselhos Regionais de Medicina poderão exigir dos requerentes ainda outros documentos que sejam julgados necessários para a complementação da inscrição. ...

...

Art. 5º - O pedido de inscrição do médico será denegado quando: a) O Conselho Regional de Medicina ou, em caso de recurso, o Conselho Federal de Medicina não julgarem hábil ou considerarem insuficiente o diploma apresentado pelo requerente; b) nas mesmas circunstâncias da alínea precedente, não se encontrarem em perfeita ordem os documentos complementares anexados pelo interessado; c) não tiver sido satisfeito o pagamento relativo à taxa de inscrição correspondente.

...” (grifo nosso)

04. Extrai-se, desde logo, que o requisito indispensável para que

se exerça a medicina no país, é a detenção pelo interessado, de diploma conferido por Faculdade de Medicina oficial ou reconhecida, e, quando formado por Faculdade de Medicina estrangeira, que o mesmo seja revalidado conforme a legislação em vigor.

05. Depreende-se também dos dispositivos supracitados, que o

médico poderá ser brasileiro ou não, consoante o art. 2º § 1º “f”, do Regulamento a que se refere a Lei 3.268/57, quando admite outra nacionalidade, além da brasileira, em caso de ter o requerente se formado em Faculdade de Medicina estrangeira. Dessume-se assim, Dessume-ser irrelevante a sua nacionalidade, não Dessume-sendo condição sine qua non para a efetivação do registro, a cidadania brasileira.

06. Observa-se in causu, que a médica interessada formou-se no

Brasil, por Universidade Federal, ou seja, a mesma é portadora de diploma expedido por Faculdade de Medicina oficial, como bem exigem os consectários legais.

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07. Entretanto, vale consignar que, em caso de aquisição de outra nacionalidade por naturalização voluntária, extingue-se o vínculo patrial. A sua condição jurídica no país equiparar-se-á à de um estrangeiro.

08. Em virtude de a médica fixar novamente o seu domicílio no

país, existem três possibilidades para que a mesma possa trabalhar, quais sejam:

a) readquirir a nacionalidade brasileira, através de conduta voluntária ativa e específica por parte da requerente para este fim, conforme lhe faculta o artigo 36 da Lei nº 818 de 18/09/49, o que será homologado através de decreto, passando a mesma a ser considerada brasileira naturalizada; ou

Caso opte por manter a naturalização americana, deverá: b) ser portadora de visto temporário, como preconiza a Lei 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro), artigos 13 e 15, concedido a estrangeiros na condição de profissionais sob o regime de contrato, devidamente visado pelo Ministério do Trabalho, ou a serviço do Governo brasileiro, e que satisfaça as exigências especiais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Imigração; ou

c) ser portadora de visto permanente, consoante o artigo 16 do mesmo supracitado diploma legal, o que não poderá ultrapassar o prazo de 5 anos, conforme o seu artigo 18.

09. Para melhor elucidar a diferenciação entre o visto temporário

e permanente e com o fito de dirimir dúvidas que porventura possam surgir, convém elaborar uma sintese do ora aduzido.

VISTO TEMPORÁRIO

10. Em remessa à Lei do Estatuto do Estrangeiro, temos que:

“Art. 13 - O visto temporário poderá ser concedido ao estrangeiro que pretenda vir ao Brasil:

I - em viagem cultural ou em missão de estudos; II - em viagem de negócios;

III - na condição de artista ou desportista; IV - na condição de estudante;

V - na condição de cientista, professor, técnico ou profissional de outra categoria, sob o regime de contrato ou a serviço do Governo brasileiro;

VI - na condição de correspondente de jornal, revista, rádio, televisão ou agência noticiosa estrangeira; e

VII - na condição de ministro de confissão religiosa ou membro de instituto de vida consagrada e de congregação ou ordem religiosa.

...

Art. 15 - Ao estrangeiroa referido nos ítens III ou V do artigo 13 só se concederá o visto se satisfazer as exigências especiais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Imigração e for parte em contrato de t rabalho, visado pelo Ministério do Trabalho, salvo no caso de comprovada prestação de serviço ao Governo brasileiro.

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Art. 99 - Ao estrangeiro titular de visto temporário e ao que se encontre no Brasil na condição do artigo 21, parágrafo 1º, é vedado estabelecer-se com firma individual, ou exercer cargo ou função de administrador, gerente ou diretor de sociedade comercial ou civil, bem como inscrever-se em entidade fiscalizadora do exercício de profissão regulamentada.

Parágrafo único - aos estrangeiros portadores do visto de que trata o inciso V do art. 13 é permitida a inscrição temporária em entidade fiscalizadora do exercício de profissão regulamentada”

Art. 100 - o estrangeiro admitido na condição de temporário, sob regime de contrato, só poderá exercer atividade junto à entidade pela qual foi contratado, na oportunidade da concessão do visto, salvo autorização expressa do Ministério da Justiça e ouvido o Ministério do Trabalho.

Art. 132 - Fica o Ministério da Justiça autorizado a instituir modelo único de cédula de identidade para estrangeiro, portador de visto temporário ou permanente, a qual terá validade em todo território nacional e substituirá as carteiras de identidade em vigor.

Parágrafo único - enquanto não for criada a cédula de que trata este artigo, continuarão válidas:

I - as carteira de identidade emitidas com base no artigo 135 do Decreto nº 3.010 de 20 de agosto de 1938, bem como as certidões de que trata o § 2º do artigo 149 do mesmo Decreto; e

II - as emitidas e as que o sejam com base no Decreto-Lei nº 670, de 3 de julho de 1969, e nos artigos 57, § 1º, e 60, § 2º, do Decreto 66.689, de 11 de junho de 1970.”(grifo e negrito nossos)

OBS: Os modelos das cédulas de identidade para estrangeiro temporário ou permanente, bem como o contido no Decreto nº 3010/38 estão em anexo ao presente parecer.

11. Ante ao exposto, vislumbra-se que, para o estrangeiro,

portador de visto temporário laborar no país, no caso em exame a médica naturalizada americana, deverá preencher os requisitos abaixo aduzidos:

a) Ser possuidora de cédula de identidade de estrangeiro portador de visto temporário; b) Na data de concessão do visto, já deveria estar a médica contratada, devendo existir portanto, o liame contratual entabulado entre a mesma e a empresa contratante;

c) O nome da empresa contratante deverá constar na carteira ou certidão expedida pelo CRM;

d) A inscrição concedida pelo CRM terá caráter temporário, e vigorará apenas pelo período equivalente ao visto. Assim, cessando o visto, cessará imediatamente a inscrição;

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e) Todos os demais documentos exigidos pelo Regulamento a que se refere a Lei nº 3.268/57, exceto aqueles que não puderem ser exigidos dos estrangeiros, a exemplo, as obrigações eleitorais.

VISTO PERMANENTE

12. Consubstancia a Lei do Estatuto do Estrangeiro, as diretrizes

da concessão e demais disposições do visto permanente, em termos:

Art. 16 - O visto permanente poderá ser concedido ao estrangeiro que pretenda se fixar definitivamente no Brasil. Parágrafo único - A imigração objetivará, primordialmente, propiciar mão-de-obra especializada aos vários setores da economia nacional, visando à Política Nacional de Desenvolvimento em todos os seus aspectos e, em especial, ao aumento da produtividade, à assimilação de tecnologia e à captação de recursos para setores específicos.” (grifo e negrito nossos)

...

Art. 18 - A concessão do visto permanente poderá ficar condicionada, por prazo não superior a cinco anos, ao exercício de atividade certa e à fixação em região determinada do território nacional.

...

Art. 101 - o estrangeiro admitido na forma do artigo 18, ou do artigo 37, parágrafo único, para o desempenho de atividade profissional certa, e a fixação em região determinada, não poderá, dentro do prazo quelhe for fixado na oportunidade da concessão ou da transformação do visto, mudar de domicílio nem de atividade profissional, ou exercê-la fora daquela região, salvo em caso excepcional, mediante autorização prévia do Ministério da Justiça, ouvido o Ministério do Trabalho, quando necessário.”(grifo e negrito nossos)

13. Neste sentido, para o estrangeiro portador de visto

permanente trabalhar no Brasil, no caso a requerente, deverá preencher os requisitos abaixo aduzidos:

a) Ser possuidora de cédula de identidade para estrangeiro portador de visto permanente;

b) A inscrição concedida pelo CRM terá validade equivalente ao visto permanente. Tem-se esta itelecção em analogia ao disposto no parágrafo único do artigo 99 da Lei do Estatuto do Estrangeiro, posto que este não poderá exceder 5 anos de duração;

c) O domicílio do requerente deverá constar da carteira ou certidão expedida pelo CRM, bem como a ressalva contida no supracitado artigo 101 da Lei 6.815/80.

d) Apresentar todos os demais documentos exigidos pelo Regulamento a que se refere a Lei 3268/57, exceto aqueles que não se aplicam aos estrangeiros.

14. Temos então que, tanto o visto temporário quanto o

permanente podem ser utilizados para os estrangeiros que pretendem trabalhar no país, diferindo-se apenas quanto à sua condição de permanência.

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15. Também convém ressaltar que se a requisitante permanecer na condição de naturalizada americana, e for portadora de visto permanente, deverá a mesma obedecer os mandamentos emanados da Consolidação das Leis do Trabalho, aplicadas aos estrangeiros.

16. Estes mandamento preconizam que nenhuma empresa

poderá admitir a seu serviço empregado estrangeiro, sem que este exiba a carteira de identidade de estrangeiro, devidamente anotada, consoante o art. 359 da CLT, ou, enquanto não for expedida esta carteira, valerá, a título precário, como documento hábil, uma certidão, passada pelo serviço competente do Registro de Estrangeiros, provando que requereu sua permanência no país, como estabelece o artigo 366 do mesmo estatuto legal.

17. Nesta seara, sugere este Setor Jurídico que, o Conselho

Regional de Medicina, no uso das atribuições que lhes são conferidas pelo § 3º do artigo 2º do mencionado Regulamento, exija como documento necessário, a autorização legal para que a mesma desempenhe sua função profissional no país, ou seja, a cédula de identidade para estrangeiro portador de visto temporário ou permanente (artigo 132 da Lei 6.815/80), ou, na falta deste, a certidão passada pelo competente Registro de Estrangeiro provando que requereu sua permanência(art. 366 da CLT); ou, caso tenha optado pela reaquisição da nacionalidade brasileira, que apresente o decreto respectivo.

CONCLUSÃO

18. Assim, a priori, em consonância com o disposto no

Regulamento a que se refere a Lei 3.268/57, poderá o CRM conceder a pleiteada inscrição, posto que: (a) a falta da cidadania brasileira não obstaculiza a inscrição nos Conselhos Regionais; (b) a condição básica para que seja efetuado o referido registro é a detenção por parte da interessada de diploma expedido por Faculdade de Medicina oficial ou reconhecida no país e o devido registro do diploma no Ministério da Educação e Cultura; e (c) a médica requerente formou-se em Faculdade Federal no Brasil. Ressalte-se que o seu diploma deverá estar registrado.

19. Entretanto, em procedendo uma análise mais minudente da

matéria e visando uma atuação mais prudente do CRM, bem assim observando o princípio da finalidade e as prerrogativas que lhe são inerentes, tais como zelar pelo perfeito desempenho ético da medicina e pelo prestígio e bom conceito da profissão, cumpre avaliar aspectos alheios àqueles perfilados no Regulamento a que se refere a Lei 3268/57, posto que, são de extrema relevância para o exercício profissional, quais sejam, a sua condição de permanência no país e a consequente autorização para que a mesma possa aqui laborar.

20. Posto isto, configurada a situação de permanência da médica

no país, o CRM deverá atender as exigências legais peculiares ao caso em que a mesma se enquadrar (reaquisição da nacionalidade, visto temporário ou visto permanente), as quais já foram elencadas em capítulo anterior deste parecer.

21. Finalmente, com base nestes parâmetros, deverá o CREMAL

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É o que nos parece, s.m.j.

Brasília-DF, 13 de novembro de 1996.

Claudia Guimarães Pena Assessora Jurídica

Par491396.medica naturalizada

Art. 135 do Decreto nº 3010 de 20 de agosto de 1938

“Fica instituída a carteira de identidade para estrangeiro, a qual será expedida pelo Instituto de Identificação do Distrito Federal, e repartições congêneres nos Estados (modelo n. 19) e terá o valor da carteira de identidade ordinária”

Art. 149 do Decreto nº 3010 de 20 de agosto de 1938

“Os estrangeiros atualmente residentes em localidades no interiror do país, onde não seja criado o Serviço de Registro de Estrangeiros, farão o seu registro na polícia local. ...

§ 2º A autoridade policial fornecerá ex officio, no ato do registro uma certidão que constituirá prova de sua permanência legal no país.

...”

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Doglas Cesar Lucas: Possui graduação em Direito pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ (1998), mestrado em Direito pela Universidade