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: MIN. JOAQUIM BARBOSA

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Academic year: 2021

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RELATOR : MIN. JOAQUIM BARBOSA

AUTOR(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA

Decisão: A presente Ação Cautelar teve origem em pedido formulado pelo Procurador-Geral da República, incidentalmente ao Inquérito 2245, posteriormente autuado como Ação Penal 470, com o objetivo de impedir que, durante as investigações e o processamento da ação penal, viesse a ocorrer o levantamento de ativos financeiros e a venda de imóveis, móveis e semoventes pertencentes ao patrimônio de Marcos Valério Fernandes de Souza, Renilda Maria Santiago Fernandes de Souza (esposa de Marcos Valério cujo nome foi por ele utilizado para compor o quadro social de empresas usadas na prática de delitos), Rogério Tolentino, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz e das pessoas jurídicas integradas pelos réus, o que poderia frustrar o objeto final da ação penal em caso de condenação.

Por meio da decisão proferida às fls. 54/63, acolhi em parte o pedido para determinar o arresto de bens imóveis de propriedade de Marcos Valério Fernandes de Souza e Renilda Maria S. Fernandes de Souza, o sequestro dos bens móveis e semoventes arrolados no anexo II da petição apresentada pelo PGR, bem como a indisponibilidade de todos os recursos financeiros, de qualquer natureza, existentes em contas das empresas DNA COMUNICAÇÃO LTDA, SMP&B COMUNIC. LTDA., SMP&B SÃO PAULO COMUNIC. LTDA., STAR ALLIANCE PARTICIPAÇÕES LTDA. e GRAFFITI PARTICIP. LTDA.

Em 22/06/2006, após examinar o pedido de reconsideração feito pelo PGR, determinei a constrição dos bens registrados em nome de Ramon Hollerbach, Cristiano Paz, Rogério L. Tolentino e das empresas Solimões Publicidade, 2S Participações Ltda., Tolentino & Melo Assessoria Empresarial S/C e Muti Action Entretenimentos Ltda. (fls. 3421/3425).

Determinada a constrição, vieram aos autos as seguintes informações:

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Participações - bloqueada desde 09/11/2005; SMP&B São Paulo Star Alliance Participações são ex-correntistas e DNA Propaganda, sem saldo na data da restrição (fl. 186);

2. Banco Itaú: somente a SMP&B São Paulo Propaganda tem conta-corrente, que não apresenta saldo (fl. 187);

3. Banco Mercantil do Brasil: informou que somente a SMP&B São Paulo Comunicação tem conta-corrente, e que foi bloqueada o valor de R$ 330,56 aplicado no MB Automatic, valor correspondente a 22,5387394 cotas (fl. 189);

4. Justiça Federal de lª instância: esclareceu que deixou de expedir mandado de sequestro para o Banco Itaú, uma vez que a agência está localizada em São Paulo; quanto ao imóvel elencado no item I do anexo II, informou não constar onde estava registrado (fl. 259);

5. Termo de Depositário fiel subscrito por Marcos Valério, relativo ao sequestro dos seguintes bens: Pajero Sport cor prata ano 2003/2003; Pajero Sport SE preto NF 0017562; cavalo saltador de nome Leika; cavalo saltador de nome Provan; cavalo saltador de nome Gyim Fiss; cavalo saltador de nome Clith V; Toyota Fielder ano 2004/2005 RENAVAN 114811; Pajero HPE 3.2 ano 2004/2005 RENAVAN 211731; Land Rover Free Lander ano 2004/2004 RENAVAN 218311; Pajero SPORT ano 2004/2005 RENAVAN 211725; cavalo saltador de nome Petra Z; cavalo saltador de nome Kalypsa; cavalo saltador de nome Grafiboy; cavalo saltador de nome Uskas; cavalo saltador de nome Quartzo; cavalo saltador de nome Instai; cavalo saltador de nome Lando; cavalo saltador de nome Boule; cavalo saltador de nome Álamo, tendo o depositário feito a ressalva registrada no verso da fl. 275, no sentido de que parte dos bens não estariam sob sua posse (fls. 296/312);

6. Banco Alfa: bloqueio da importância de R$ 1.914.000,00 na conta da empresa 2S Participações Ltda., valor que Renilda Maria S. F. de Souza retirou de outra aplicação em seu nome e transferiu para essa conta empresarial em 21.09.2005 (fl. 313) e o valor de R$ 3.872.399,10 (fl. 344 e fl. 1744);

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315/317) e Ações tipo PN, de titularidade de Cristiano Mello Paz, que totalizam o saldo de R$ 421,20;

8. Banco do Brasil: bloqueio de R$ 823.708,54 em uma conta corrente e R$ 27.781,24 que estava em uma aplicação financeira fundo BB RF LP, ambos em nome de Renilda Souza (fls. 318/324); bloqueio das ações de Cristiano de Mello (Telemar Norte Leste); bloqueio das ações em nome de Ramon Hollerbach Cardoso (Tele Norte Leste Participações S/A e Contax Participações S/A (fls. 4977/4978);

9. BankBoston: bloqueados os seguintes valores: R$ 1.288,70; R$ 460,92; R$ 1.883,767,24; R$ 99,92; R$1328,29, R$ 292.573,78; R$ 14.280,26; R$ 1.506.202,45); R$ 4.218,50; R$ 175.978,25, R$ 1,76, todas aplicações em nome de Renilda de Souza (fls. 327/334);

10. Cartórios de registro de imóveis: apartamento 503, bloco B do Edifício Gemini Residencial, matrícula 59160; imóvel em nome de filhos de Marcos Valério Fernandes de Souza - lote 01 do quarteirão 15, do bairro do Castelo, matrícula 8669, no qual ele consta como beneficiário de usufruto vitalício; imóvel em nome de Marcos Valério - lote 29, do quarteirão 15, do bairro do Castelo, matrícula 8697 – este não foi arrestado; imóvel em nome de filhos de Marcos Valério Fernandes de Souza - lote 28 do quarteirão 15, do bairro do Castelo, matrícula 8696, com garantia de usufruto; escritura pública de compra e venda que tem como vendedor de Ramon Hollerbach Cardoso: prédio da Avenida Augusto de Lima, números 1130, 1134 e I 134-A; Escritura Pública de compra e venda que tem como comprador Ramon Hollerbach Cardoso: sala 1108 do Edifício Levindo Lopes, situado na Rua Levindo Lopes, n. 333; Escritura Pública de compra e venda que tem como comprador Ramon Hollerbach Cardoso: lote n. I, da quadra 120, do Bairro Santa Amélia, ex-Bairro Atlântico, Belo Horizonte; Escritura Pública de compra em venda que tem como comprador DNA Propaganda Ltda: lotes n. 1, 2 e 3 da quadra 17 da 58ª Seção Urbana de Belo Horizonte; apartamento 405 do Edifício Champagnat Residence Service, sito à rua Santa Rita Durão, n. 1000; escritura Pública de doação (1998) que faz Cristiano de Mello Paz e sua esposa para os seus filhos: imóvel rural, no lugar denominado

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"Maracujá", distrito de Amarantina, Município de Ouro Preto/MG; Escritura Pública de compra e venda (1997) que tem Cristiano de Mello Paz como Vendedor: Imóvel desmembrado do imóvel anterior; Escritura Pública de compra e venda (1996) que tem como vendedor Cristiano de Mello Paz: primeiro imóvel citado; Procuração outorgada pelos filhos de Cristiano de Mello Paz a Rogério Lanza para receber escritura pública definitiva de compra e venda do imóvel rural denominado "Sítio São Sebastião", na localidade denominada "Coelhos", Distrito de Amarantina, Ouro Preto/MG, matrícula 7002, livro 2-2; Procuração outorgada pelos filhos de Cristiano de Mello Paz a Rogério Lanza para receber escritura de doação da área remanescente do imóvel rural, no lugar denominado Maracujá, Distrito de Amarantina, Ouro Preto/MG; Imóvel em nome de Rogério Lanza Tolentino: Matrícula 67052, apartamento 1602 - duplex, de cobertura, no 15° e 16° andar, do Edifício Oilson Eulálio; Imóvel em nome de Cristiano de Mello Paz: Apartamento 501, sito no 6° andar do Edifício Salvador Dali; Imóvel em nome de Maria Consuelo Cabaleiro Rodrigues Cardoso, esposa de Ramon Hollerbach Cardoso: Sala 506, 5° andar do Edifício Paola; Escritura Pública de Compra e Venda que tem como outorgante vendedor Cristiano de Mello Paz: Sala 1003 do Edifício Work Center, sito à Avenida Afonso Pena, n. 3111; Escritura Pública de compra e venda que tem como outorgado comprador Marcos Valério Fernandes de Souza - vaga de garagem n° 51; e fração ideal de 0,000734 dos lotes n. 2-A, 3-A, 5-A e 7-A, da quadra n° 61-A, da ex-colônia Afonso Pena; Escritura Pública de compra e venda que tem como outorgado comprador Marcos Valério Fernandes de Souza - Sala n° 1704, do Edifício Ouro Negro, à Rua Barão de Macaúbas, n° 460 e fração ideal de 0,000734 dos lotes n 2-A, 3-A, 5-A e 7- A, da quadra n° 61-A, da ex-colônia Afonso Pena; Escritura de compra e venda que tem como outorgante vendedor Ramon Hollerbach Cardoso: sala 1702, do Edifício Clovis Bevilacqua, na Avenida Augusto de Lima, n° 1.646, matricula n. 14938, livro 2, do Cartório do 7° Oficio de Registro de Imóveis; Escritura Pública de doação feita por Marcos Valério e Renilda para seus filhos: Lote de n. I, da quadra n 15, do Bairro do Castelo, matrícula 8669, do 3° Oficio de

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Registro de Imóveis (fls. 612/628); Escritura de compra e venda em nome de Ramon Hollerbach Cardoso (vendedor) e Rogério Lanza Tolentino (comprador): matrícula 15813, do Cartório do 2° Oficio de Registro de Imóveis; Escritura de Compra e Venda que tem Ramon Hollerbach como comprador: matrícula 15834, do Cartório do 2° Oficio de Registro de Imóveis; Escritura de dação de imóvel (SMP &B Publicidade); Escritura de Compra e Venda que tem como comprador Rogério Lanza Tolentino: matrícula 67042, do Cartório do 4° Oficio de Registro de Imóveis; Escritura de compra e Venda que tem como vendedor Rogério Lanza Tolentino, matrícula 15813, do Cartório do 2° Oficio de Registro de Imóveis; Escritura de compra e venda que tem como comprador Ramon Hollerbach: matrícula 12652, do Cartório do 2° Oficio de Registro de Imóveis; Escritura de compra e venda que tem como Rogério Lanza como comprador: matrícula 67052, do Cartório do 4° Oficio de Registro de Imóveis; Escritura de compra e venda em nome dos filhos de Marcos Valério, com direito a usufruto - Lote 06, do quarteirão n° 146, do bairro Bandeirantes-Pampulha, matricula n. 27.271, do cartório do 6° oficio de registro de imóveis de Belo Horizonte/MG (fls. 651/652); Escritura de compra e venda em nome dos filhos de Marcos Valério, com direito a usufruto - Lote 05, do quarteirão n. 146, do bairro Bandeirantes-Pampulha, matrícula n. 22.681, do cartório do 6° oficio de registro de imóveis de Belo Horizonte/MG (fls. 653/654); Escritura de compra e venda em nome dos filhos de Marcos Valério, com direito a usufruto - Lote 14, do quarteirão n. 146, do bairro Bandeirantes-Pampulha, matrícula n. 24.824, do cartório do 6° oficio de registro de imóveis de Belo Horizonte/MG (fls. 655/656); Escritura de compra e venda em nome dos filhos de Marcos Valério, com direito a usufruto - Lote 09, do quarteirão n° 166, do bairro Bandeirantes-Pampulha, matricula n. 27.501, do cartório do 6° oficio de registro de imóveis de Belo Horizonte/MG (fls. 657/658); Escritura de compra e venda em nome dos filhos de Marcos Valério, com direito a usufruto - Lote 15, do quarteirão n. 146, do bairro Bandeirantes-Pampulha, matricula n° 27.275, do cartório do 6° oficio de registro de imóveis de Belo Horizonte/MG (fls. 659/660); Escritura de doação que tem

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como doador Rogério Lanza: matrícula 67042, do Cartório do 4° Oficio de Registro de Imóveis; Procurações em nome da SMP&B Comunicação; Procuração em nome de Renilda para Marcos Valério - gestão dos negócios da outorgante na empresa SMP&B Comunicação (fls. 630/721); escritura de Compra e Venda que tem como vendedor Rogério Lanza e como comprador Ramon Hollerbach: matrícula n. 11014, do Cartório do 5° Oficio de Registro de Imóveis; matrícula 12653, do Cartório do 2° Oficio de Registro de Imóveis(fls. 724/727); Imóvel em nome de Ramon Hollerbach Cardoso, matrícula 6504 (fls. 804/805); Imóvel em nome da filha de Marcos Valério Fernandes de Souza - Nathalia Santiago de Souza, tendo como usufrutuários Marcos Valério e Renilda Santiago - Vitalício - Matrícula 65770 (fl. 820 e verso; 4154) e Matrícula 65844 (fl. 821 e verso; 4155); Imóvel em nome de Marcos Valério Fernandes de Souza e sua esposa Renilda, Matrícula 13.696, do livro 02; Matrícula 6.798 consta hipoteca que tem como devedora SMP&B Propaganda Ltda. (fls. 847/864); Imóveis em nome dos filhos de Marcos Valério Fernandes de Souza (Nathalia Santiago de Souza e outros), tendo como usufrutuários Marcos Valério e Renilda Santiago - Vitalício - Matrículas 21.973, 22.681, 23.248, 23.249, 24.681, 24.824, 27.271, 27.272, 27.273, 27.427, 27.527 (fls. 903/948); Escritura Pública de Distrato (troca do imóvel); Escritura Pública de compra e venda de bem imóvel com pacto adjeto de hipoteca que tem como comprador Cristiano de Mello Paz: matrícula 70100, do 5° Oficio de Registro de Imóveis. (fls. 1409/1413); Imóvel em nome Rogério Lanza Tolentino, matrícula 3156 (fls. 1551/1552); Imóvel em nome de Ramon Hollerbach Cardoso, matrícula 12.652; Imóvel em nome de Maria Consuelo Cabaleiro Rodrigues Cardoso, esposa de Ramon Hollerbach Cardoso, matrícula 12.653; Imóvel em nome de Maria Consuelo Cabaleiro Rodrigues Cardoso, esposa de Ramon Hollerbach Cardoso, matrícula 15.834 (fls. 1599/1604); Imóvel em nome de Rogério Lanza Tolentino: apartamento 503, bloco "B", do Edifício Gemini, Residencial, na Rua Vila Rica, n. 775, matrícula 59160, livro 2, do 3° Oficio de Registro de Imóveis de Belo Horizonte (fl. 1750); imóvel em nome de Cristiano de Mello Paz, matrícula 48540, do livro 02, do Cartório do 5° Oficio de Registro de

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Imóveis (fls. 1941/1944); Escritura de Compra e Venda que tem como comprador Rogério Lanza Tolentino, matrícula 16737, do 10° Oficial de Registro de Imóveis de São Paulo (fls. 3203/3206); 10° Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo. Imóvel em nome de Rogério Lanza Tolentino, matrícula 16737: apartamento n. 11, do edifício Elza, sito à Rua João Moura, n° 2347, no 39° subdistrito, Vila Madalena. (fls. 3373/3374); imóvel em nome de Ramon Hollerbach, matrículas n°s 12652, 15834, 12653, Cartório do 2º Ofício de Registro de Imóveis de Belo Horizonte/MG (fls. 4068/4073); imóvel rural denominado Sítio São Sebastião, distrito de Amarantina, Ouro Preto/MG, matricula 7002, Livro 2-Z em nome dos filhos de Cristiano de Mello Paz (fl. 4140); Imóvel em nome da filha de Marcos Valério Fernandes de Souza- Nathalia Santiago de Souza, tendo como usufrutuários Marcos Valério e Renilda Santiago - Vitalício - Matrícula 65844 (fl. 821 e verso); Escritura pública de confissão de dívida e garantia hipotecária: Devedor hipotecante Cristiano de Mello Paz. Objeto: apartamento n° 1502, e suas respectivas vagas de garagem nas 09, 10, 11 e box-B4, e as vagas de garagem extras nas 71, 83 e 84 do Edifício Terrazzo da Vinci, situado na Rua Espírito Santo, n. 2182, bairro de Lourdes, Apartamento n° 1802, matrícula n. 70.100, do serviço registral do 5º Oficio de Belo Horizonte/MG; Escritura Pública de compra e venda do imóvel supra e uma vaga de garagem (fl. 4224; 4228; 4230/4232, 4485/4488, 4489); Escritura Pública de dação em pagamento: outorgante Marcos Valério (fls. 4226/4227); Imóvel em nome de DNA Propaganda Ltda., Apartamento n. 405 do Edifício Portinari Residence Service, à Rua Santa Rita Durão n. 1000, matrícula 56538 (fls. 4286/4288); Imóvel em nome de Renilda Santiago. Lote de terreno de n° 03 da quadra n° 04, Brumadinho/MG, matrícula n. 13696 (fl. 4371); imóvel em nome de Rogério Lanza Tolentino - Objeto: apartamento n° 503, bloco B, do Edifício Gemini Residencial, na Rua Vila Rica, n° 775, Belo Horizonte/MG, matrícula 59.160, livro 02, do 3° Oficial de Belo Horizonte/MG (fl. 4643); Mandado de Arresto: Lotes 05, 06, 07, 08, 09,10, 11, 12, 13, 14 e 15, na quadra 146, Av. Antônio Francisco Lisboa, Bairro Bandeirantes e o lote 09 na quadra 166, no bairro Bandeirantes Pampulha

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(fl. 4919); cotas de propriedade de Ramon Hollerbach Cardoso e Rogério Lanza Tolentino no Minas Tênis Clube (Cristiano de Mello paz transferiu suas cotas a terceiros); Imóveis constituídos pelos lotes de números 05, 06, 07, 08, 09, l0, 11, 12, 13, 14 e 15 da quadra 146, Av. Antonio Francisco Lisboa do Bairro Bandeirantes - Pampulha e pelo lote de número 09 da quadra 166 do Bairro Bandeirantes - Pampulha, Belo Horizonte/MG, matriculas 27271, 22681 e outras matrículas (Cartório do 6° Ofício do Registro de Imóveis da Comarca de Belo Horizonte/MG - fl. 4949; 4952); cotas de propriedade de Rogério Lanza Tolentino no Pampulha Iate Clube (fls. 4957/4958); DETRAN/MG noticia o registro do impedimento judicial nos prontuários dos veículos de placas GQW-5931, GYZ-1851, GZK-2626, registrados em nome de Ramon Hollerbach Cardoso e veículos de placas GWR-4065, GZT-1178 e GZT-4065, registrados em nome de Cristiano de Mello Paz e Maria Tereza Chaves de Mello Paz, também o veículo de placa HAY-5315 registrado em nome de Raphael Soares Tolentino;

11. Junta Comercial do Estado de Minas Gerais: procedeu a anotação no prontuário das empresas SMP&B, Graffiti Participações Ltda., Solimões Publicidade Ltda, Multi Action Entretenimentos Ltda. (fl. 4604) e Estratégica Marketing e Promoção Ltda. da indisponibilidade de todas as cotas pertencentes a Marcos Valério Fernandes de Souza (fl. 763 e 956); MG5 Participações Ltda. (90 cotas), SMP&B Comunicação Ltda. (9.999), Solimões Publicidade Ltda. (660 cotas) e Graffiti Participações Ltda. (150 cotas) da indisponibilidade daquelas cotas (fl. 4.979);

12. Banco Bradesco: Contas em nome de: SMP&B Comunicação Ltda. (agência 3437-1, c/c 712829-0); São Paulo Comunicação Ltda. (agência 0464-2, c/c 82954-4; agência 1322, c/c 40883-2) - sem saldo disponível (fl. 878);

13. Termo de depositário fiel dos lotes 06, 07, 08, 09, 10, 11, 12, 13, 14 e 15, na quadra 146, Av. Antônio Francisco Lisboa, Bairro Bandeirantes e lote 09 da quadra 166, do Bairro Bandeirantes, Pampulha - Depositário Marcos Valério Fernandes de Souza (fls. 4.973/4.974); e

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Cardoso o montante de 2.056 ações ordinárias escriturais e 2.058 ações preferenciais escriturais de emissão da empresa Embratel Participações S/A (fl. 4976).

O requerido Marcos Valério de Sousa interpôs Agravo regimental contra a decisão que decretou o arresto e sequestro dos bens (fls. 4.048/4.051). O Plenário desta Corte negou provimento ao agravo regimental (fls. 4.646/4.660).

Sobreveio resposta do 6° Ofício do Registro de Imóveis de Belo Horizonte/MG, com a informação de que não cumpriu o mandado de arresto por faltarem alguns requisitos (fls. 4.954/4.955);

Indeferi o pedido de levantamento de sequestro formulado às fls. 4387/4398 pela defesa de Rogério Lanza Tolentino (decisão de fls. 5.086/5.089). Foi expedida e cumprida carta de ordem para citação (fl. 5.098-5.100 e 5.339-5.375).

O PGR requereu (fls. 5.269/5.273) algumas medidas judiciais que considerou necessárias ao cumprimento integral da decisão liminar. As diligências foram deferidas por meio da decisão de fls. 5.410/5.414.

Às fls. 6.203/6.204, o PGR requereu:

“[...] remessa de cópia integral da PG/STF nº 64379/2008, da

presente petição, de cópia do pedido de bloqueio de bens formulado na Ação Cautelar nº 1011, de cópia da decisão proferida por Vossa Excelência deferindo o bloqueio na Ação Cautelar nº 1011 e dos Relatórios de Pesquisa nº (s) 21/22/2009 (Aidê Fernandes de Souza e VDS Comércio e Representações Ltda.), que seguem em anexo, para a Procuradoria da República no Estado de Minas Gerais, a fim de que apure criminalmente os fatos aqui mencionados”.

Às fls. 6.299/6.305, nova manifestação do PGR, na qual, dentre outros temas, requereu o cumprimento da decisão que determinou o arresto da loja comercial nº 152, térreo, Ed. REX, situada na Rua Benedito Valadares; bem assim a remessa dos documentos de fls. 6.230/6.262, fls. 5.473/5.475 e outras peças à PRR/MG para apuração de eventuais crimes consumados

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por meio das condutas noticiadas na certidão de fl. 6.237 e no ofício nº 1200/2008 expedido pelo 10º Oficial de Registro de Imóveis da Comarca de São Paulo.

O requerido Rogério Lanza Tolentino voltou a requerer, às fls. 6307/6311, o levantamento do “sequestro de seus bens uma vez que inexistem motivos a justificar a sua manutenção”. Reiterou esse pedido às fls. 6.364/6.365; 6.393/6.394. O pleito foi indeferido à fl. 6398.

Às fls. 6.361/6.362, Raphael Soares Tolentino requereu o levantamento do sequestro sobre o veículo Ford Eco Sport, cor prata, ano 2003, placa HAY 5315, ao fundamento de que: “referido veículo, desde

06/09/2005, pertence [ao requerente], conforme documento em anexo,

Certificado de Registro nº 6229858090 e COD. RENAVAM nº 805262423”. Rejeitei o pedido de venda antecipada dos cavalos apreendidos (fl. 6.391), formulado pela defesa de MARCOS VALÉRIO.

Em 05/10/2011, o requerido Rogério Lanza Tolentino reiterou pedido de levantamento do sequestro. Igualmente, Raphael Soares Tolentino, em 05/10/2011 e 21/10/2011, reiterou o pedido de liberação do veículo Ford Eco Sport, ano 2003, placa HAY 5315, às fls. 6.403 e 6.409.

Às fls. 6.412/6.413, Rogério Lanza Tolentino requereu a revogação da decisão que determinou a indisponibilidade das cotas sociais dos clubes Pampulha Iate Clube e Minas Tenis Clube, ao fundamento de que “não representam nenhuma segurança patrimonial para os fins de garantir eventual ressarcimento do erário[...]”. Em seguida, às fls. 6.418, informou que foi excluído do quadro social pela diretoria do Pampulha Iate Clube (30/03/2012), em razão do inadimplemento das contribuições.

Em 23/1/2013, o PGR requereu o leilão judicial das cotas sociais dos clubes Pampulha Iate Clube e do Minas Tênis Clube, bem como reiterou o parecer de fls. 6.299/6.305, quanto ao pedido feito por Raphael Soares Tolentino (fls. 6.422/6.423).

Ouvido em 21/03/2013, o requerido Rogério Tolentino sustentou que o comprovante de propriedade do veículo Ford Eco Sport, placa HAY 5315, já está nos autos. Alegou, também, que não haveria fundamento jurídico para a manutenção do sequestro, já que foi “[...] apenado por 6

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anos e 2 meses por corrupção ativa exclusivamente com relação aos agentes políticos do PP e lavagem de dinheiro, considerado apenas o empréstimo tomado junto ao BMG.”

Em 17/10/2013, mais uma vez, Rogério Lanza Tolentino pleiteou a liberação dos seus bens, além de reiterar a alegação de que está comprovada a propriedade do veículo Ford Eco Sport, pertencente a Raphael Tolentino; que a cota do Pampulha Iate Clube não é mais de sua titularidade por ter sido excluído do rol de associados; e que cota do Minas Tenis Clube está com as mensalidades pagas e vem sendo utilizada. Por fim, nessa mesma peça, informa que “além da cota do Minas Tenis Clube e do veículo acima mencionado, o requerente teve o arresto de um único imóvel, que a teor da lei é impenhorável, por se tratar de moradia familiar”. (fls.6454/6457).

Em 11/04/2014, por meio da petição 16688/2014, o PGR manifestou-se pelo indeferimento do pedido de desbloqueio dos bens de Rogério Lanza Tolentino, e reiterou as petições de fls. 6299/6305 e 6422/6423, caso ainda não tenham sido atendidas.

É o relatório. Decido.

Primeiramente, anoto que compete ao STF executar seus acórdãos penais condenatórios, portanto, cumpre-lhe dar plena efetividade a todos os comandos emanados de suas decisões.

Em segundo lugar, esclareço que a medida acautelatória adotada na presente ação foi requerida quando a apuração criminal ainda estava na fase inquisitorial. Fatos jurídicos supervenientes e extremamente relevantes, notadamente o acórdão condenatório transitado em julgado, devem ser considerados no momento da execução do julgado.

Por fim, é importante relembrar que as medidas assecuratórias propriamente ditas – sequestro e arresto - são tomadas, no curso do processo criminal, com a finalidade de garantir futura indenização à vítima, pagamento das despesas processuais ou penas pecuniárias e, ainda, para eliminar o proveito econômico obtido com a prática criminosa.

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da constatação de que o acórdão condenatório proferido na AP 470 já transitou em julgado, o que pressupõe a finalização da medida cautelar adotada nesta ação.

A matéria está disciplinada no artigo 133 do CPP, que estabelece:

Art.133 Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz, de ofício ou a requerimento do interessado, determinará a avaliação e a venda dos bens em leilão público.

Parágrafo Único. Do dinheiro apurado, será recolhido ao Tesouro Nacional o que não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé.

Assim sendo, com o advento do trânsito em julgado da condenação, cumpre ultimar a medida assecuratória, nos termos da legislação processual penal, pois é medida decorrente da condenação e, principalmente, que se caracteriza como única forma de efetivar a pena acessória de confisco imposta no título executivo judicial.

A propósito, colaciono a lição precisa de Guilherme de Souza Nucci [1]:

“[...] Trata-se de diligência a ser empreendida pelo juiz da

condenação, aquele que decretou o sequestro, pois é a sequência lógica adotada pela lei processual penal. O juiz da esfera cível nada tem a ver com a constrição, não lhe sendo cabível interferir na disposição dos bens. Note-se, ademais, que quando o Código quer referir-se ao juízo cível torna isso bem claro, como correu com o art. 143. Assim, o produto do crime e os proventos da infração penal irá à venda pública, ao final, caso deferida pelo juiz criminal [...]”.

Na situação em exame, o requerido Marcos Valério foi condenado pelos crimes de corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Rogério Tolentino foi condenado pela prática dos crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Cristiano Paz foi condenado pela prática dos crimes de corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro. Ramon Hollerbach foi condenado pela prática dos crimes de corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

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lavagem de capitais, esta Corte fixou, além das penas restritivas da liberdade e multa, com apoio no artigo 7º da Lei 9.613/1998 e artigo 91 do CP, a pena de confisco, nos seguintes termos:

“(1) a perda, em favor da União, dos bens, direitos e

valores objeto do crime, bem como do produto ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo condenado com a prática do fato criminoso, ressalvado, obviamente, o direito

das pessoas jurídicas de direito público ou privado lesadas [...]”.

Paralelamente, é importante destacar que a decisão que decretou as medidas de bloqueio e indisponibilidade dos bens transitou em julgado.

Consequentemente, todos bens sequestrados nesta ação cautelar foram abrangidos pela pena imposta no acórdão condenatório prolatado na AP 470 e, por isso, deverão ser avaliados e vendidos em leilão público.

Com efeito, não se pode permitir que, mesmo com a condenação pela prática dos delitos contra a Administração Pública, a administração da justiça e o sistema financeiro nacional, objeto da AP 470, com a consequente decretação da perda dos bens oriundos das vantagens obtidas com a prática desses crimes, o condenado venha a utilizar do produto do ilícito para o fim de pagar multa, como pretende o Requerido Marcos Valério, ou mesmo para a inserção do proveito econômico do ilícito em seu patrimônio, por outros meios.

Importante, nesse ponto, uma breve retrospectiva das intercorrências processuais que culminaram na apreensão e bloqueio de parcela dos bens adquiridos pelos requeridos, os quais têm ligação direta ou indireta com os crimes pelos quais foram condenados.

Ainda no curso do Inquérito Policial nº 2245, posteriormente convertido na AP 470, o PGR requereu o arresto e o sequestro dos bens do requerente Marcos Valério e daqueles registrados em nome de sua esposa Renilda Maria Santiago Fernandes de Souza. A medida foi requerida em 04/11/2005 e autuada como AC 1011-0 (fls.03-08 da AC 1011/2005).

Na mesma data, foi deferido, em parte, o pedido para determinar o arresto dos bens imóveis e o sequestro dos bens móveis, valores

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financeiros de qualquer natureza e semoventes existentes em nome do requerente e sua esposa (fls. 54/63 da AC 1011/2005), adquiridos em determinado período.

Em 05/02/2006, o PGR pleiteou a reconsideração da decisão referida para estender as medidas constritivas sobre os bens imóveis e móveis em nome de Rogério Lanza Tolentino, Cristiano de Mello Paz e Ramon Rollerbach Cardoso, bem como daqueles em nome dos filhos do apenado Marcos Valério, ora requerente (fls. 3427/3437 da AC 1011/2005).

Por sua vez, o requerente Marcos Valério, em 17/03/2006, sob o fundamento de que já estaria esgotado o prazo decadencial previsto nos artigos 131 do CPP, art. 2º do Dec-Lei 3240/41 e art. 4º, §1º da Lei 9.613/98, requereu o desbloqueio das contas correntes e o levantamento do sequestro e da hipoteca (fls. 2.557/2.560 da AC 1011/2005). Esse pedido foi rejeitado em 22/06/2006, por meio de decisão que declarou subsistentes os requisitos da medida cautelar e renovou a medida de bloqueio dos bens móveis, imóveis e ativos financeiros.

Em 22/06/2006, o pedido de reconsideração feito pelo PGR foi acolhido em parte, para incluir na constrição os bens registrados em nome de Ramon Rollerbach, Cristiano Paz, Rogério L. Tolentino e das empresas Solimões Publicidade, 2S Participações Ltda., Tolentino & Melo Assessoria Empresarial S/C e Muti Action Entretenimentos Ltda. (fls. 3.421/3.425).

Em 07/08/2006, o apenado Marcos Valério, ora requerente, interpôs agravo regimental contra a decisão de fls. 3421/3425 apenas quanto “[...] a parcela que ordenou o sequestro de bens registrados e adquirido em nome de seus filhos menores [...]” (fls. 4.048/4.051).

O plenário desta Corte negou provimento ao agravo regimental, considerando que “[...] havia indício da ‘possível utilização de seus nomes com o intuito de fraude ao Erário’, uma vez que os bens foram adquiridos durante

o período em que supostamente foram praticados os crimes imputados ao recorrente no Inquérito 2.245 [...]”.

Naquela oportunidade, o Ministro Carlos Ayres Britto (fl. 4.657) lembrou que eram aplicáveis à hipótese os artigos 126 e 127 do CPP, que

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tratam do sequestro.

Em 07 de abril de 2008, proferi nova decisão, dessa feita para indeferir o pedido de desbloqueio da conta-corrente em nome da esposa do requerente e, no mesmo ato, determinar a ampliação das medidas constritivas.

Reitero, aqui, que os requeridos, em momento algum, recorreram da integralidade da decisão cautelar; tampouco fizeram uso do instrumento processual adequado para a comprovação da origem lícita dos bens, conforme dispõe o artigo 130, I do CPP, quando proclama que “o sequestro somente pode ser embargado pelo acusado, sob o fundamento de não terem os bens sido adquiridos com os proventos da infração.”

Está claro, pois, pela narração dos fatos ocorridos na presente ação cautelar, que o objetivo da medida constritiva consistiu em tornar indisponíveis os bens adquiridos no período suspeito, bem como bloquear o levantamento dos valores existentes nas contas das empresas envolvidas nos crimes apurados na AP 470. Ao final, com a condenação dos requeridos pelos crimes de lavagem e contra a administração pública (corrupção e peculato), e, sobretudo com a aplicação da pena de perdimento dos bens, a medida adequada para cumprimento integral do julgado é determinar a venda dos bens adquiridos após 2003, com a destinação dos valores aos cofres públicos federais.

Dos pedidos feitos pelo requerido Rogério Tolentino

O requerido Rogério Tolentino afirma que a rejeição da denúncia quanto ao crime de peculato e a absolvição pelo crime de quadrilha ensejariam o levantamento do sequestro.

Não assiste razão à defesa.

A absolvição do requerido Rogério Lanza Tolentino quanto a alguns crimes não elimina a pena acessória que lhe foi aplicada, no acórdão condenatório prolatado na AP 470, pela prática do crime de lavagem de dinheiro, que envolveu o montante de R$ 10 milhões de reais, com repasse de dinheiro em espécie a parlamentares, por meio de mecanismos de lavagem de dinheiro (com auxílio, inclusive, da corretora Bônus Banval).

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Aliás, note-se que, conforme consta da Carta de Ordem n. 2008.38.00.011427-7 e do Ofício n. 1200/2008, o requerido Rogério Lanza Tolentino alienou dois imóveis alguns anos após a decisão que deferiu a medida cautelar, aproveitando-se da demora na inscrição do ato no Cartório de Registro de imóveis. Assim, segundo o condenado Rogério Tolentino, restaram em seu nome, apenas, um imóvel, um veículo (que afirma ser do filho) e uma cota social do Minas Clube.

Sobre o imóvel que teve a penhora efetivada, o requerido Rogério Tolentino, depois de ter vendido os demais, alega que se trata de bem impenhorável por ser destinado a sua moradia. No entanto, ainda que se desconsiderasse que foi o próprio condenado quem, com sua ação, procurou provocar a situação de impenhorabilidade, não há qualquer legitimidade no pedido, pois a própria Lei 8.009/1990 estabelece em seu art. 3º, inciso VI, que a impenhorabilidade do bem de família não é oponível em processo de execução de sentença penal condenatória, que visa a efetivar a pena de perdimento de bens.

No que se refere ao veículo Ford Eco Sport, placa HAY 5315, com efeito, como defendeu o PGR, Raphael Tolentino, filho do requerido e advogando em causa própria, deveria ter demonstrado a aquisição do veículo a título oneroso e, ainda, a sua boa-fé (CPP, art. 130, II).

Não é o que ocorreu.

O Certificado de Registro do veículo, fl. 6431, registra data anterior à da decisão que determinou o sequestro (proferida em 22/6/2006). A defesa alega que o veículo apreendido pertenceria ao filho do Requerente “desde 06/09/2005”. No entanto, os fatos criminosos que resultaram na condenação do Requerido Rogério Tolentino vinham sendo apurados desde junho de 2005. Portanto, não há como se presumir a boa-fé.

Ademais, não há qualquer documento que demonstre que a transferência foi onerosa – como, por exemplo, indicações da forma de pagamento, data da transferência (DUT), relação de bens na declaração do imposto de renda, etc. Com efeito, ainda que se considere o único documento apresentado como prova da propriedade (CRV), isso não é bastante para a liberação pretendida, pois o artigo 130, II do CPP, por

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razões óbvias, exige que a transação tenha sida a título oneroso. Aquilo que se recebeu sem ônus e relacionado como produto do ilícito deve ser sequestrado. Noutras palavras, não escapa da pena de confisco penal aqueles bens que foram objeto de doação aos filhos.

Acerca das cotas do clube Minas Tênis Clube, regularmente sequestrada, nada há a impedir seu leilão e a destinação dos valores aos cofres públicos, uma vez que o requerido em destaque não conseguiu afastar a presunção de que adquirida com parte do proveito do delito.

Destaco, aqui, trecho do parecer do PGR, fl. 6482:

“[...] vale recobrar que o crime de lavagem de dinheiro pelo qual Rogério Lanza foi condenado teve origem, entre outros, em crimes contra a Administração Pública, destacando-se o peculato relacionado aos valores do Visanet.

Os recursos do Visanet também foram utilizados para adquirir CDB que serviu de garantia para empréstimo fraudulento entre o BMG e a sociedade Rogério Lanza Tolentino Associados, sendo parte dos valores oriundo dessa operação empregada na corrupção de parlamentares do Partido Progressista [...]”.

Quanto à cota do clube Pampulha, o requerido Rogério Tolentino informou que foi excluído do quadro social em razão da inadimplência das mensalidades. Esse fato, por si só, não basta para levantar o sequestro sobre o bem. É preciso verificar as circunstâncias dessa exclusão e, ainda, sobre a previsão estatutária quanto a eventual indenização das cotas adquiridas.

Dos pedidos do PGR

Quanto ao requerimento do PGR, feito às fls. 6.299/6.305 e reiterado às fls. 6.483/6.484, no sentido de arrestar o apartamento situado no Ed. Elza, Vila Madalena/SP (vendido em 04/06/2007) e a loja comercial n. 152, Ed. REX, Ponte Nova/MG (vendido em 09/04/2008), são necessárias algumas considerações.

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requerido depois da decisão que determinou a constrição, mas antes do registro no CRI. Assim, terceiros adquiriram os imóveis antes de aperfeiçoada a medida cautelar, como exige o artigo 128 do CPP.

Dessa forma, sem essa providência, não é possível presumir que os adquirentes estavam imbuídos de má-fé, situação que tornou ineficaz a medida cautelar. Resta, pois, apenas o bloqueio do produto das alienações, o que deverá ser requerido junto ao juízo delegatário da execução da pena de perdimento, após as diligências necessárias à sua localização.

Com efeito, a exigência do artigo 128 do CPP não é inócua. Trata-se de medida necessária à proteção de eventuais terceiros de boa-fé e, igualmente, para preservar a presunção de veracidade de que gozam os registros públicos.

De fato, nesse diapasão, lembro que o artigo 7º da Lei 9.613/98, estabelece como um dos efeitos da condenação pelo crime de lavagem a “perda, em favor da União [...] de todos os bens, direito e valores relacionados, direta ou indiretamente, à prática dos crimes previstos nesta lei, inclusive aqueles utilizados para presta a fiança, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro

de boa-fé” (redação dada pela Lei 12.683/2012).

Essa pena, como afirmei anteriormente, foi expressamente aplicada aos requeridos no acórdão condenatório da AP 470; e, tanto no dispositivo do acórdão condenatório quanto na norma citada há ressalva do direito de terceiros de boa-fé.

Assim sendo, sem observância do devido processo legal, respeitados o contraditório e ampla defesa, não mais é possível efetivar o sequestro sobre esses dois imóveis. Caberá ao MPF ou AGU, se assim entenderem, buscar a desconstituição do ato jurídico (compra e venda) ou diligenciar no sentido de localizar o produto dessas alienações.

Do exposto, determino a expedição de Carta de Ordem para as Seções Judiciárias de Belo Horizonte, Salvador e São Paulo para que providenciem a avaliação e a venda em leilão dos bens imóveis situados nos respectivos estados, desde que adquiridos após 2003, e tenham sido sequestrados. Ficam delegados os poderes para decidir todos os pedidos

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e incidentes eventualmente existentes.

A Seção Judiciária de Belo Horizonte ficará responsável pela conversão em renda, a favor da União, dos valores existentes em depósitos bancários, bem assim pela avaliação e leilão dos móveis/semoventes.

Indefiro os pedidos feitos pelo requerido Rogério Lanza Tolentino, ressaltando que no tocante à cota social do clube Pampulha caberá ao juízo delegatário analisar e decidir sobre a eventual subsistência de direito de cunho pecuniário após a sua exclusão do quadro social.

Indefiro o pedido de levantamento feito por Raphael Lanza Tolentino.

Defiro os pedidos constantes dos itens 25 e 30 da manifestação do PGR de fls. 6299/6305. Extraiam-se as cópias requeridas e proceda-se à remessa.

Comunique-se à AGU.

Publique-se. Intime-se. Cumpra-se. Brasília, de 10 de junho de 2014.

Ministro Joaquim Barbosa Relator

Documento assinado digitalmente

[1] Nucci, Guilherme de Souza. Código de Processo penal comentado. 12.ed rev.,atual.e ampl.-São Paulo:Editora Revista dos Tribunais, 2013.

Referências

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